domingo, 8 de outubro de 2023

Mentiras sobre ser Professor da educação básica e professor universitário

MEC institui nova modalidade de doutorado profissional


Em portaria publicada na última sexta-feira, 24, no Diário Oficial da União (DOU), o Ministério da Educação instituiu, no âmbito da pós-graduação stricto sensu, as modalidades de mestrado e doutorado profissional. A novidade é o doutorado, que até então não existia no Sistema Nacional de Pós-Graduação. O mestrado profissional teve início na década de 1990 e, atualmente, possui 718 cursos em funcionamento.

De acordo com a portaria, as modalidades têm como objetivos capacitar profissionais qualificados para o exercício da prática profissional avançada e transformadora de procedimentos, visando atender demandas sociais, organizacionais ou profissionais e do mercado de trabalho; transferir conhecimento para a sociedade, atendendo demandas específicas e de arranjos produtivos com vistas ao desenvolvimento nacional, regional ou local; promover a articulação integrada da formação profissional com entidades demandantes de naturezas diversas, visando melhorar a eficácia e a eficiência das organizações públicas e privadas por meio da solução de problemas e geração e aplicação de processos de inovação apropriados; e, ainda, contribuir para agregar competitividade e aumentar a produtividade em empresas, organizações públicas e privadas.

Os títulos de mestres e doutores obtidos nos cursos profissionais avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), reconhecidos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologados pelo MEC terão validade nacional. A Capes terá o prazo de 180 dias para regulamentar e disciplinar, por meio de portaria, a oferta, a avaliação e o acompanhamento dos programas de mestrado e doutorado profissional.

Histórico – Em artigo publicado na Revista Brasileira de Pós-Graduação (RBPG) nº 4, de julho de 2005, está o relato da constituição, no ano de 1995, de uma comissão que elaborou documento dando origem a uma proposta da Diretoria Colegiada ao Conselho Superior da Capes, que recebeu o título de Programa de Flexibilização do Modelo de Pós-Graduação Senso Estrito em Nível de Mestrado e resultou na Portaria nº 47/95.

Os documentos enfatizavam a importância de implementar programas dirigidos à formação profissional, propondo a implantação, pela Capes, de procedimentos adequados à avaliação e ao acompanhamento dessa nova modalidade de mestrados no contexto da pós-graduação, preservando os níveis de qualidade alcançados pelo sistema.

Três anos depois, a Portaria nº 80/98 reorganizou e trouxe orientações mais detalhadas quanto aos requisitos e condições de enquadramento das propostas de mestrado profissional, incluindo avanços no entendimento em relação à legislação precedente. As regulamentações foram aperfeiçoadas e novas normas sobre o mestrado profissional foram publicadas. A portaria atual revoga a de nº 17/2009, que regulamentava os mestrados profissionais até então.

Confira a íntegra da Portaria n° 389/2017.

Assessoria de Comunicação Social, com informações da Capes

sábado, 7 de outubro de 2023

Como você é HIPNOTIZADO pela linguagem jornalística? #signo #referente (Olavo de Carvalho)



"Na discussão política, e em geral na linguagem jornalística, o uso de significados sem referentes é um hábito auto-hipnótico com que o emissor da mensagem persuade a si mesmo, e ao seu público, de que está dizendo alguma coisa quando não está dizendo absolutamente nada. Se ele faz isso por ignorância ou malícia é indiferente, pois a malícia não passa de uma ignorância fingida ou planejada." Olavo de Carvalho, no artigo "Vocabulário Psicótico". "Se você não domina a linguagem, não domina a hierarquia dos conceitos, qual é o aparato de que você dispõe para você apreender um fenômeno complexo e inacessível aos sentidos que é a existência de uma ordem social?" "A linguagem científica é a manipulação pragmática de certos atos e procedimentos comuns a uma comunidade de ofício; não é um conjunto de nomes de coisas; e não é uma descrição do universo objetivo." Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (Campinas, 29 de abril de 1947 – Richmond, 24 de janeiro de 2022) foi um filósofo brasileiro de expressiva influência, considerado um representante do conservadorismo no Brasil. Assine o Curso On-line de Filosofia do Prof. Olavo de Carvalho (COF): https://lp.seminariodefilosofia.org/ Aula 348 (00:14:49) Fontes (imagens/textos/prints): • https://olavodecarvalho.org/vocabular...https://www.imdb.com/title/tt5932728/https://olavodecarvalho.org/tag/lingu...https://web.facebook.com/carvalho.olavo/ #signo #referente #gramática • Signo: sinal que indica uma idéia, uma intenção, e a representa na esfera mental. • Significado: conjunto de signos que expressa a intenção subjetiva contida no signo. • Referente: objeto, a coisa, o elemento do mundo real a que o significado/signo se referem.

A palavra-gatilho – SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA


A palavra-gatilho

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 8 de junho de 2012

No artigo anterior, mencionei alguns termos da “língua de pau” que domina hoje o debate público no Brasil, inclusive e sobretudo entre intelectuais que teriam como obrigação primeira analisar a linguagem usual, libertando-a do poder hipnótico dos chavões e restaurando o trânsito normal entre língua, percepção e realidade.

Mas estou longe de pensar que os chavões são inúteis. Para o demagogo e charlatão, eles servem para despertar na platéia, por força do mero automatismo semântico decorrente do uso repetitivo, as emoções e reações desejadas. Para o estudioso, são a pedra-de-toque para distinguir entre o discurso da demagogia e o discurso do conhecimento. Sem essa distinção, qualquer análise científica da sociedade e da política seria impossível.

A linguagem dos chavões caracteriza-se por três traços inconfundíveis:

1) Aposta no efeito emocional imediato das palavras, contornando o exame dos objetos e experiências correspondentes.

2) Procura dar a impressão de que as palavras são um traslado direto da realidade, escamoteando a história de como seus significados presentes se formaram pelo uso repetido, expressão de preferências e escolhas humanas. Confundindo propositadamente palavras e coisas, o agente político dissimula sua própria ação e induz a platéia a crer que decide livremente com base numa visão direta da realidade.

3) Confere a autoridade de verdades absolutas a afirmações que, na melhor das hipóteses, têm uma validade relativa.

Um exemplo é o uso que os nazistas faziam do termo “raça”. É um conceito complexo e ambíguo, onde se misturam elementos de anatomia, de antropologia física, de genética, de etnologia, de geografia humana, de política e até de religião. A eficácia do termo na propaganda dependia precisamente de que esses elementos permanecessem mesclados e indistintos, formando uma síntese confusa capaz de evocar um sentimento de identidade grupal. Eis por que a Gestapo mandou apreender o livro de Eric Voegelin, História da Idéia de Raça (1933), um estudo científico sem qualquer apelo político: para funcionar como símbolo motivador da união nacional, o termo tinha de aparecer como a tradução imediata de uma realidade visível, não como aquilo que realmente era – o produto histórico de uma longa acumulação de pressupostos altamente questionáveis.

Do mesmo modo, o termo “fascismo”, que cientificamente compreendido se aplica com bastante propriedade a muitos governos esquerdistas do Terceiro Mundo (v. A. James Gregor, The Ideology of Fascism, 1969, e Interpretations of Fascism, 1997), é usado pela esquerda como rótulo infamante para denegrir idéias tão estranhas ao fascismo como a liberdade de mercado, o anti-abortismo ou o ódio popular ao Mensalão. Certa vez, num debate, ouvi um ilustre professor da USP exclamar “Liberalismo é fascismo!” Gentilmente pedi que a criatura citasse um exemplo – unzinho só – de governo fascista que não praticasse um rígido controle estatal da economia. Não veio nenhum, é claro. A palavra “fascismo”, na boca do distinto, não era o signo de uma idéia ou coisa: era uma palavra-gatilho, fabricada para despertar reações automáticas.

Deveria ser evidente à primeira vista que os termos usados no debate político e cultural raramente denotam coisas, objetos do mundo exterior, mas sim um amálgama de conjeturas, expectativas e preferências humanas; que, portanto, nenhum deles tem qualquer significado além do feixe de contradições e dificuldades que encerra, através das quais, e só através das quais, chegam a designar algo do mundo real. Você pode saber o que é um gato simplesmente olhando para um gato, mas “democracia”, “liberdade”, “direitos humanos”, “igualdade”, “reacionário”, “preconceito”, “discriminação”, “extremismo” etc. são entidades que só existem na confrontação dialética de idéias, valores e atitudes. Quem quer que use essas palavras dando a impressão de que refletem realidades imediatas, improblemáticas, reconhecíveis à primeira vista, é um demagogo e charlatão. Aquele que assim escreve ou fala não quer despertar em você a consciência de como as coisas se passam, mas apenas uma reação emocional favorável à pessoa dele, ao partido dele, aos interesses dele. É um traficante de entorpecentes posando de intelectual e professor.

A freqüência com que as palavras-gatilho são usadas no debate nacional como símbolos de premissas autoprobantes, valores inquestionáveis e critérios infalíveis do certo e do errado já mostra que o mero conceito da atividade intelectual responsável desapareceu do horizonte mental das nossas “classes falantes”, sendo substituído por sua caricatura publicitária e demagógica.

Como chegamos a esse estado de coisas? Investigá-lo é trabalhoso, mas não substancialmente complicado. É só rastrear o processo da “ocupação de espaços” na mídia, no ensino e nas instituições de cultura, que foi, pelo uso obsessivamente repetitivo de chavões, uniformizando a linguagem dos debates públicos e imantando de valores positivos ou negativos, atraentes ou repulsivos, um certo repertório de palavras que então passaram a ser utilizadas como gatilhos de reações automatizadas, uniformes, completamente predizíveis.

Se você é treinado para ter sempre as mesmas reações diante das mesmas palavras, acaba enxergando somente o que é capaz de dizer, e dificilmente consegue pensar diferente do que os donos do vocabulário o mandaram pensar. Esse foi um dos principais mecanismos pelos quais a festiva “democratização” do Brasil acabou extinguindo, na prática, a possibilidade de qualquer debate substantivo sobre o que quer que seja.




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Som da Liberdade e Grand Turismo indicação de filmes e séries # 21 (feito com Spreaker)



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Mentalidade revolucionária por João Maria andarilho utópico. (feito com Spreaker)




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Dharma e Karma por Jagad Iswara Dasa adhikari (feito com Spreaker)

Comentários políticos e culturais feitos pelo filósofo brasileiro Olavo de Carvalho. Ano de 2006, 11 de dezembro.




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Rússia, China e a masculinidade no @submundointelectual - PHVox Geopolítica e Formação

30 Ensinamentos de Olavo de Carvalho - Jornal do Empreendedor

Olavo de Carvalho

Trinta ensinamentos do filósofo Olavo de Carvalho para você começar a semana um pouco mais inteligente:

1- O tempo é a substância da vida humana. O dinheiro que se perde, ganha-se de novo. O tempo, nunca.
2- Um homem maduro é aquele em cuja alma todos os sentimentos e emoções – ternura, ódio, esperança, pressa, indiferença, todos eles – são balizados pela consciência da morte.
3- Não prostitua a sua personalidade em troca da aceitação pelo grupo. É um preço muito alto a ser pago.
4- O mistério da existência não é dado a qualquer um, mas para aquele que dá tudo e mais alguma coisa em troca de obtê-lo.
5- O medo de enxergar o tamanho do mal já é sinal de submissão ao demônio.
6- Aquilo que é nobre e elevado só transparece a quem o ama.
7- Quando você vê um casal bonito e fica sinceramente feliz com a felicidade deles, é sinal que Deus o está ajudando de muito perto.
8- Deus perdoa os adúlteros, os mentirosos, os ladrões e até os assassinos, mas não perdoa quem não perdoa. Posso estar enganado, mas suspeito que no inferno há menos adúlteros do que cônjuges virtuosos que lhes negaram o perdão.
9- A mais perfeita forma de amizade somente é possível para aqueles que buscam a Verdade. Pessoas mundanas, por melhores que sejam, jamais conhecerão a dimensão espiritual de um verdadeiro amigo.
10- Se um pai conseguir educar uma criança até os cinco anos sem nunca fazê-la chorar, ela vai amá-lo, respeitá-lo, admirá-lo e obedecê-lo pelo resto da vida.
11- As pessoas que mais se angustiam na vida são aquelas que padecem de uma desesperadora falta de problemas.
12- O capital intelectual é o que define o destino das nações.
13- A paciência é o começo da coragem. E é mesmo. Se você não consegue sofrer calado, sem choramingar nem amaldiçoar o destino, muito menos vai conseguir agir certo quando surgir a oportunidade.
14- O amor é sobretudo um instinto de defender o ser amado contra a tristeza.
15- As portas do espírito só se abrem à perfeita sinceridade de propósitos.
16- Não há ingenuidade maior do que querer parecer esperto.
17- O que você quer ter sido quando morrer?
18- O Brasil só tem DOIS problemas: uma incultura MONSTRUOSA e a ânsia do brilho fácil.
19- Pare de propor soluções nacionais, seu filho da puta. Faça algo para se educar e educar as pessoas em torno.
20- Não existe caminho das pedras. O Brasil só pode ser melhorado cérebro por cérebro.
21- Já expliquei mil vezes: Não tenho nenhuma solução para os problemas nacionais, mas tenho algumas para você deixar de ser burro.
22- Estudar pouco e discutir muito é a desgraça do brasileiro.
23- À medida que vai se empoderando, o sujeito sai logo enfoderando todo mundo em torno.
24- O comodismo conservador é tão obsceno quanto o fanatismo esquerdista.
25- A moral burguesa só se preocupa com pequenos deslizes sexuais porque é covarde demais para enxergar os grandes crimes do satanismo universal.
26- Ser jovem é uma doença que o tempo cura.
27- Em grego, “idios” quer dizer “o mesmo”. “Idiotes”, de onde veio o nosso termo “idiota”, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pela sua própria pequenez.
28- Quanto ao politicamente correto: só crianças acreditam que mudando o nome de algo, ele passa a ser o que elas desejam.
29- O Brasil é o país em que famílias de bandidos mortos em conflito de facções nos presídios tem o direito a uma indenização do Estado e as vítimas destes mesmos criminosos da sociedade não faz jus a nada.
30- A vocação é algo para o qual você tem uma resistência específica. A minha resistência específica é a burrice humana.

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Os vídeos do Dr. Jordan B. Peterson já foram assistidos mais de 38 milhões de vezes no YouTube. Seu canal tem cerca de 700 mil seguidores, e pelo menos 7 mil pessoas doam mensalmente, através da plataforma Patreon, algo em torno de 65 mil dólares para que uma série especial de aulas possa continuar a ser transmitida. Nos últimos meses Peterson se tornou uma espécie de celebridade digital highbrow disposta a debater onde é chamada, e pregar, contra as modas do tempo, uma palavra de responsabilidade pessoal e sinceridade. Seu livro mais recente, 12 Rules for Life: An Antidote to Chaos, é o 5º livro mais vendido na Amazon na data de publicação deste texto.

Psicólogo clínico e professor da Universade de Toronto, Peterson ganhou notoriedade quando em 2016 publicou três vídeos criticando o projeto de lei federal Bill C-16, que incorporava ao Ato de Direitos Humanos e ao Código Criminal Canadense proteções à “identidade de gênero” e à “expressão de gênero”. Os detalhes das políticas relacionadas a legislações similares, argumentava o prof. Peterson, eram perigosamente vagos e mal-formulados. Ademais, vocalizava sua recusa a, por força de lei, utilizar os pronomes artificiais e “preferidos” por indivíduos transgêneros que julgam não se encaixar nas categorias tradicionais de gênero — embora expressasse sua disposição para usar “ele” ou “ela” de acordo com a maneira que uma pessoa se apresentasse.

Logo a militância organizada universitária realizou, via protesto, a divulgação (de que agora deve se arrepender) do homem, até então desconhecido do grande público. Esse modo de operação, aparentemente da mesma ineficiência trágica em todo canto, não nos é estranho. Também em 2016 vimos, na internet e nas nossas universidades, alunos grevistas interrompendo aulas com cartazes e palavras de ordem berradas. O que não testemunhamos aqui foi a emergência de uma figura articulada e disposta a dobrar a aposta do conflito.


Victor Antonio Martins via Behance
A controvérsia em torno da Bill C-16
Sob a lei federal contra a qual Peterson protestava em seus vídeos, agora aprovada pelo parlamento apesar da sua participação como testemunha no Senado, tornou-se ilegal a discriminação de gênero no Canadá. Grosso modo, a lei torna obrigatória a utilização de palavras que no nosso contexto equivaleria ao uso regulamentado dos problemáticos @s nos finais de adjetivos e substantivos. A esse respeito Peterson afirma ter uma objeção principal: seu discurso não será modulado por pessoas ideologicamente motivadas. Quando algum estudante lhe pergunta o que dá a ele a autoridade de determinar que pronomes usar para tratar outra pessoa, Peterson vira o jogo de autoridade verbal às vezes exasperado: “Por que eu tenho a autoridade para determinar o que eu mesmo digo? Que tipo de pergunta é essa?!”

Peterson observa com idêntica preocupação que a imprecisão do texto da lei permite o enquadramento de qualquer discordância contra esse mesmo grupo de pessoas como discurso de ódio passível de punição legal. Essa postura foi o suficiente para torná-lo alvo de uma série de protestos dentro e fora do campus, ameaçar seu cargo e chamar para ele a atenção de uma multidão de jovens antipáticos à agenda progressista do dia.

Seus críticos mais sensatos acusam-no de alimentar um clima de ódio e intolerância que deve ser ocasião de mais violência que a já sofrida pelos transgêneros. Outros chegam às vias de fato da difamação, retratando-o como um transfóbico incitador de agressões violentas a estudantes. A controvérsia provocada pelos vídeos fez com que a administração da Universidade de Toronto lhe enviasse duas cartas de advertência, observando de maneira contraditória que, embora seu direito à liberdade de expressão devesse ser respeitado, a recusa em utilizar os pronomes preferidos poderia ser tida como uma violação da legislação de direitos humanos.

Mas as ameaças contra as quais o professor tem precisado lutar nos últimos dezoito meses não lhe são de todo estranhas. Peterson estuda o autoritarismo e as estruturas narrativas que suportam o fenômeno da possessão ideológica há pelo menos 40 anos — seu agora clássico Maps of Meaning: The Architecture of Belief trata precisamente disso.

Contra o pós-modernismo, a política de identidade e o “neomarxismo”
Como outras figuras que se apresentam como antagonistas diretas da hegemonia discursiva das esquerdas na academia e na grande mídia (Shapiro e Buchanan vêm à mente), Peterson faz uma crítica em bloco ao pós-modernismo, que acredita ser uma transmutação tardia do marxismo, e à política de identidade, sua forma de manifestação mais recente no campo do embate legislativo e judicial. Em termos de abrangência e precisão conceitual, sua perspectiva não é tão diferente daquela de outros conservadores acostumados a tratar qualquer traço de progressismo como parte de um plano civilizacional abrangente, batizado, não sem alguma agressiva ingenuidade, de marxismo cultural. Diferentemente desses conservadores, no entanto, Peterson não dá sinais de acreditar em uma coordenação de forças progressistas com fins de criação de uma sociedade com novos valores.

O campo de ação escolhido por Peterson, ele explica em entrevista ao canal Rebel Wisdom, aparentado cultural do veículo de mídia de direita de Ezra Levant, a Rebel Media, é o filosófico, talvez o teológico, e não o político. Peterson acredita que a lei e as políticas que critica são sinais de uma crise, um esgarçamento profundo na sociedade ocidental, dentro do qual o problema dos pronomes de gênero aparece como uma pequena filigrana. Sua popularidade se deve ao fato de que ele teria colocado o dedo na ferida.

Peterson ataca de maneira focada o pós-modernismo no espírito do aforismo nietzscheano segundo o qual somos todos seguidores inconscientes de filósofos mortos. Derrotar em tantas arenas quanto possível o pós-modernismo é, para Peterson, tornar alunos e ouvintes discípulos conscientes de doutrinas outras, mais responsáveis e menos ingratas que a que tem feito o mundo caminhar na borda do abismo desde o fim da Segunda Guerra.

Eis a visão de Peterson sobre o pós-modernismo. Derrida, o trickster que encabeçou o movimento intelectual, descrevia a sociedade ocidental como falogocêntrica — dominada pelos homens, fundamentalmente opressiva, egoísta até o limite, e estruturada por um modo de recepção da realidade cheio de pressupostos linguísticos e metafísicos. A negação desses pressupostos acaba na conclusão de que a noção de uma essência — das coisas, das pessoas — é parte de uma subestrutura filosófica imposta pelas práticas da cultura dominante. Negados esses pressupostos, passa-se a ver que as identidades são construtos sociais, condicionadas pelos grupos e seus conflitos.

Peterson é do grupo de pensadores que julgam que o marxismo não pôde manter intacta, sobretudo depois da melhora significativa das condições de vida dos trabalhadores nas democracias corporativas ocidentais, a ideia de que a história se desdobra como confronto entre classes. Nos anos 1970 a fraqueza da explicação marxista teria ficado suficientemente evidente, de modo que foi necessário alterar as peças do seu jogo teórico: não mais ricos contra pobres, mas opressores contra oprimidos, e tudo divivido em tantas subpopulações — os negros, as mulheres, os vários gêneros, os imigrantes — que a narrativa poderia continuar estruturalmente a mesma, apenas com novos atores.

Para os pós-modernistas o mundo é um campo de guerra de grupos identitários, e a fala, fundamentalmente um instrumento de dominação. Só há luta por poder, pouco ou nenhum espaço para a comunicação e a busca conjunta por verdades. Se você está no grupo dos opressores, bem, também você é um opressor, e todas as suas ideias podem ser desconsideradas.


Os arquétipos e a arrumação do seu quarto
A alternativa intelectual que Peterson oferece ao pós-modernismo é interessante. Em um nível fundamental, imitamos outras pessoas, disserta o Dr. Peterson. Não imitamos só as pessoas ao nosso redor, mas, por transitividade, as pessoas que vieram antes das que estão ao nosso redor, e as que vieram ainda antes dessas, numa regressão de origem irrastreável. Reproduzimos padrões de comportamento ricos em informações e que nos são incompreensíveis, consequência da imitação coletiva através dos séculos, e esses padrões se tornam manifestos como figuras da imaginação.

Essas figuras da imaginação são destilações de padrões comportamentais, e, como destilações, têm um conteúdo inteiramente diferente das nossas personalidades individuais. São conteúdos transmitidos pela cultura, e por isso Peterson acredita que essas figuras podem revelar algo a respeito da própria estrutura da realidade. Junguiano, Peterson defende uma psicologia que começa pelo pressuposto de que os arranjos arquetípicos das crenças religiosas fundamentais não são patológicos, doentios ou enganadores, não são meios de proteção delirante contra o medo da morte, mas exatamente o contrário disso — histórias que nos permitiram prosseguir como pessoas corajosas em face do caos.

Da juventude que representa a maior parcela dos seus ouvintes e alunos o interesse foi provavelmente capturado pelos dois fortes da doutrina petersoniana: as categorias pré-existentes de percepções humanas — ou arquétipos — , explicadas por meio de vivissecções demoradas de histórias bíblicas e até de desenhos da Disney (O Rei Leão e Pinóquio são favoritos), e os antídotos contra o caos da vida extraídos desses arquétipos.

O Dr. Peterson se tornou uma espécie de terapeuta, guru e professor humanista de uma imensa quantidade de jovens, principalmente homens, por falar de responsabilidade, de histórias que moldaram a cultura e de maneiras como trazer aos próprios dias uma ordem que na medida do indivíduo corresponde a uma reconquista de força e dignidade.

No contexto dos memes e das referências leves, Peterson é frequentemente lembrado pela conclamação que mais repete: clean your room! [limpe seu quarto!] — comece a redenção do mundo e a fuga do caos pelo que está ao alcance imediato das suas mãos.

Recentemente Peterson lançou seu segundo livro, o já referido 12 Rules for Life: An Antidote to Chaos, no qual desenvolve uma lista de recomendações para uma vida significativa que postara no Quora anos atrás.

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