Modelagem Matemática: Como Promover Uma Aprendizagem Significativa Através Do Processo Avaliativo
Autor: Camila Peres
O ensino regular está sendo alvo de grandes questionamentos, já que há defasagens no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que, o vínculo professor-aluno e de todo o corpo técnico da escola não representa o verdadeiro sentido da Educação. Aos poucos, essa prática desvinculada da produção de conhecimento vem sendo ‘abolida’, pois hoje há mecanismos para ver as práticas educacionais com outros olhos.
Detendo-se a Matemática, tem-se a Modelagem como uma alternativa para reverter esse quadro de descontextualização do ensino. A Modelagem Matemática, de acordo com Biembengut (1997) é um mecanismo (modelo) que integra a Matemática com a realidade, sendo essa duplicidade indissociável. E essa junção, segundo Bassaneli (2002), se dá através da transformação dos problemas do cotidiano do aluno para uma linguagem Matemática, interpretando e analisando os dados propostos para resolvê-los. Mas, é relevante ressaltar que essa prática é um tanto ‘difícil’ de ser introduzida no ambiente escolar, já que é uma proposta que vem de encontro com o processo educacional até então conhecido (ensino tradicional).
Essa dificuldade é ‘justificada’ por vários aspectos, em suma, tem-se a falta de tempo dos professores; falta de informação sobre o assunto; falta de entusiasmo e incentivo; e um dos problemas mais comuns é a ‘obrigação’ de cumprir o conteúdo.
Esses pontos, não deixam de ter fundamentos, mas é preciso refletir sobre o verdadeiro sentido de ensinar e aprender. Será que ensinar é somente o repassar de qualquer maneira um conteúdo, apenas para cumprir um programa pré-estabelecido? Será que esse repasse de informações está preocupado com a aprendizagem dos alunos? É em cima desses, e de tantos outros questionamentos, que se deve, enquanto educador, refletir e pensar o que é mais produtivo, para com isso, buscar respostas possíveis e reformular o ensino às necessidades de todo corpo discente. Isso se torna possível quando há planejamento (organização) e estímulo para a validade de uma aprendizagem continuada, essa que tem como ponto de partida o resgate da cidadania dos alunos.
Esse resgate vem de uma forma ou de outra repensar sobre as práticas avaliativas. Visto que, tem-se ainda uma avaliação (normativa) taxativa; comparativa e classificatória. Avaliação essa, que não respeita a individualidade de cada aluno.
Visando essa ‘reformulação’ da avaliação, apresenta-se três tipos de avaliações que quando relacionadas e trabalhadas em conjunto “cumpri” com a verdadeira finalidade educacional. Sendo elas: Avaliação Diagnóstica Inicial, que assim como a avaliação Criterial, procura saber a situação de cada aluno para poder adaptá-lo as suas necessidades (Ballester, 2003). A Avaliação Formativa tem por finalidade possibilitar o acompanhamento do processo educativo, o que o texto denomina de planilha de acompanhamento. Ela não classifica nem seleciona o aluno, mas focaliza-o para o desenvolvimento contínuo de suas capacidades.
A Avaliação Somativa tem o papel de controlar o processo educacional, ou seja, Ballester (2003) afirma ser necessário observar os resultados obtidos ao final do processo de ensino aprendizagem. Essa observação não deve de nenhuma forma, separar e segregar o ensino, ou seja, isolar os que sabem dos que ainda não sabem. Essa segregação é um problema quando ao final de um ensino renovador e aquela sensação de ‘dever cumprido’ leva-se em consideração uma nota, como se o professor, por ter ministrado uma ‘boa’ aula, o resultado certamente será positivo, e se não o for, então o problema é do aluno. Essa não é a realidade! O educador deve está preparado a reconhecer e ter flexibilidade para assumir e refletir sobre os erros, não dos alunos apenas.
É em virtude disso que as três avaliações acima citadas devem ser trabalhadas em conjunto, pois se não for levada em consideração, a Avaliação Somativa irá, de certa forma, agir de maneira excludente. Esses métodos avaliativos, juntamente com a Modelagem Matemática, vêm para suprir a necessidade de uma educação de qualidade. Mas isso só será possível quando as práticas docentes passarem a ser bem mais do que uma reprodução de conteúdo. Quando a educação sair desse ‘vício’ de ensino descontextualizado; sem reflexão e construção do conhecimento. E acima de tudo, quando uma NOTA deixar de ser a detentora do aprendizado.
Por essas e tantas outras lacunas educacionais é que se busca, num campo atual, alcançar a meta da Educação que seria formar profissionais que estejam preocupados em “resgatar” a cidadania dos alunos, gerando uma aprendizagem significativa de maneira a explorar assuntos que de fato contribuirão como uma ferramenta imprescindível no ensino.
A atividade matemática escolar não é ‘olhar para as coisas prontas e definidas’, mas a construção do conhecimento pelo aluno, que se servirá dele para compreender e transformar sua realidade. (PCN - 1997; pag. 19).
Logo, é preciso com que os professores sintam-se incomodados e instigados a mudanças, tanto de conduta, quanto aos atos, relação com os alunos e valorização de sua inteligência, para assim, haver uma educação comprometida com o adequado aprendizado dos alunos. Essa formação é indispensável para o sucesso da educação, já que ela precisa ser ‘resgatada’ desse vício de ensino descontextualizado, sem reflexão e construção do conhecimento.
Bibliografia:
7° Congresso Norte/Nordeste de Educação em Ciências e Matemática (Trabalhos completos e resumos).
- Avaliação Criterial/ Avaliação Normativa. In: “Pensar avaliação, melhorar a aprendizagem”/ IIE. Lisboa: IIE, 1994.
- MACHADO, Arthur; OLIVEIRA, Adilson. A Modelagem com caminho para “fazer Matemática” na sala de aula. UFPA/NPADC/CEJUP. 2005. Belém-Pa.
- Parametros Curriculares Nacionais. Matemática. Volume 3. MEC/SEF. Brasília. 1997.
- SOARES, Narciso; OLIVEIRA, Adilson. A Modelagem na Prática de Ensino de Matemática: uma alternativa de ensino e aprendizagem. UFPA/NPADC/CEJUP. 2005.Belém-Pa.
Perfil do Autor
Graduando do curso de Matemática pela Universidade do Estado do Pará
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