JOSEPH LEDOUX
A saúde mental depende da higiene emocional e, na grande maioria, os problemas mentais refletem o colapso da organização emocional. As emoções podem ter conseqüências tanto úteis quanto patológicas.” (LeDoux, 2001)
1.1 Breve biografia de Joseph LeDoux
Jospeh LeDoux é professor do Center for Neural Science da New York University. Pesquisador respeitado na área, já recebeu prêmios do National Institute of Mental Health, da National Science Foundation e da American Heart Association.
Joseph LeDoux (2001) em seu livro “O Cérebro Emocional” já nos traz valiosa contribuição logo no início do capítulo 1:
Naturalmente, em algum nível sabemos o que são as emoções e não precisamos de cientistas para nos falarem a respeito delas.
Todos já amamos, odiamos e sentimos medo, raiva e alegria. Mas o que é que reúne estados mentais como esses no pacote que costumamos chamar de ‘emoções’? O que torna esse pacote tão diferente dos outros pacotes mentais, para os quais não costumamos fazer uso da palavra ‘emoção’?
De que maneira as emoções influenciam todos outros aspectos da nova vida mental, moldando nossas percepções, lembranças, pensamentos e sonhos? Por que tantas vezes parece-nos impossível entender nossas emoções? Nós controlamos nossas emoções, ou são elas que nos controlam? As emoções são definidas geneticamente ou são transmitidas ao cérebro pelo meio ambiente? Animais (que não os seres humanos) têm emoções e, neste caso, todas as espécies de animais as possuem? Podemos ter reações e lembranças emocionais inconscientes? É possível apagar o quadro-negro emocional, ou as memórias emocionais são permanentes?” (LeDoux, 2001)
LeDoux considera as emoções funções biológicas do sistema nervoso e afirma que saber como as emoções são representadas no cérebro pode ajudar-nos a entendê-las.
Essa abordagem é inteiramente diferente de outra mais conhecida, segundo a qual as emoções são estudadas como estados psicológicos, independentemente dos mecanismos cerebrais subjacentes. A investigação psicológica tem sido extremamente valiosa, mas o enfoque que considera as emoções como uma função do cérebro é bem mais eficaz... O cérebro constitui uma fonte inestimável de variáveis passíveis de manipulação. Estudando a emoção através do cérebro, ampliamos enormemente as oportunidades de novas descobertas, muito superiores àquelas que podem ser realizadas pela experiência psicológica apenas.” (LeDoux, 2001)
LeDoux afirma que, via de regra, as reações emocionais são produzidas de maneira inconsciente e que Freud acertou em cheio ao descrever a consciência como a ponto do iceberg mental.
A emoção é um sentimento consciente. Precisamos conhecer não tanto o estado consciente de medo ou reações decorrentes, mas sim o sistema que detecta o perigo em primeiro lugar.
Sensação de medo e corações descompassados são uma conseqüência da atividade desse sistema, cuja situação é inconsciente – literalmente, antes mesmo de sabermos que de fato corremos perigo.
Finalmente, diz LeDoux, emoções em ação tornam-se poderosos fatores de motivação para futuras atitudes. São elas que definem o rumo de cada ação e dão partida nas realizações de longo prazo. Mas nossas emoções também podem nos trazer problemas.
LeDoux alerta que as emoções se voltam contra nós quando o medo se transforma em ansiedade, o desejo dá lugar à ganância, uma contrariedade converte-se em raiva e a raiva em ira, a amizade dá lugar à inveja e o amor à obsessão, ou o prazer se torna um vício.
1.2 A ciência cognitiva ignora o estudo das emoções
LeDoux enfatiza que quando voltamos nossa atenção para dentro, para nossas emoções, percebemos como elas são, ao mesmo tempo, óbvias e misteriosas. Constituem os estados mentais que mais conhecemos e cuja lembrança nos é mais clara. No entanto, às vezes não sabemos de onde provêm:
As emoções podem ir-se instalando lenta ou repentinamente, e suas causas podem ser evidentes ou obscuras. Nem sempre entendemos o que nos faz acordar com o pé esquerdo.
Podemos ser agradáveis ou detestáveis por razões diferentes daquelas às quais atribuímos nosso comportamento. Podemos reagir a um perigo antes mesmo de “sabermos” de que ele está a caminho. A beleza estética de uma pintura pode atrair-nos mesmo quando não entendemos conscientemente por que gostamos dela. Conquanto nossas emoções representem a essência de quem nós somos, ao que parece elas também têm seus próprios objetivos, os quais freqüentemente são colocados em prática sem nossa participação intencional.” (LeDoux, 2001)
É possível imaginar uma vida sem emoções? Nós estruturamos situações que possam nos oferecer prazer e alegria, e nos precavemos daquelas que poderão nos causar decepção, tristeza ou sofrimento.
“A compreensão científica das emoções seria excelente, pois poderia levar-nos a perceber como funcionam os aspectos mais pessoais e misteriosos da mente, e ao mesmo tempo iria ajudar-nos a entender o que pode dar errado quando essa esfera da vida mental sofre um colapso. Os cientistas não estão conseguindo chegar a um acordo quanto ao que sejam as emoções. Muitas carreiras científicas têm sido devotadas a, quando não devoradas pela, tarefa de fornecer uma explicação para as emoções. Infelizmente, talvez uma das coisas mais importantes que já se disse sobre a emoção é que todos sabem o que é, contanto que não lhes peçam para defini-la.” (LeDoux, 2001)
Conforme LeDoux a ciência cognitiva surgiu recentemente, em meados deste século, e costuma ser descrita como a “nova ciência da mente”.
Mas a ciência cognitiva aborda apenas um lado do cérebro, o que tem relação com o pensamento, o raciocínio e o intelecto. A emoção é excluída. E a mente não existe sem emoção. As criaturas tornam-se almas de gelo – frias, sem vida, desprovidas de desejos, temores, tristezas, sofrimentos ou prazeres.
Algumas tentativas de definir a ciência cognitiva caracteriza-se pela oposição à emoção, conforme explica Joseph LeDoux:
“Em The Mind’s New Science: A History of the Cognitive Revolution (A Nova Ciência da Mente: História da Revolução Cognitiva), Howard Gardner classifica a irrelevância de fatores emocionais ou afetivos como uma das cinco características que definem a ciência cognitiva. (grifo nosso) ...
Em seu importante manual de 1968, Cognitive Psychology (Psicologia Cognitiva), Ulric Neisser afirma que esse campo de estudo não se interessa pelos fatores dinâmicos (como as emoções) que motivam o comportamento.
Jerry Fodor, em The Language os Thought (A Linguagem do Pensamento), obra filosófica pioneira na ciência cognitiva, descreve as emoções como estados mentais externos à explicação cognitiva.
E Bárbara Von Eckardt, em seu livro intitulado What Is Cognitive Science? (O que é Ciência Cognitiva), sustenta que a maior parte dos cientistas cognitivos não considera o estudo das emoções relevante para esse ramo...” LeDoux (2001, p. 32)
LeDoux conclui manifestando seu desejo de impedir que a emoção seja devorada pelo monstro cognitivo provém da maneira como entende a organização das emoções no cérebro.
http://www.cursoseducacaoadistancia.com.br/teorias_aplicadas/cursos_a_distancia_%20joseph_ledoux.htm
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