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sábado, 30 de setembro de 2017
Stoner, James A. F. Administração 2. ed. Trad. José Ricardo Brandão Azevedo. Rio de Janeiro, Prentice-Hall, 1985. 464 p. Resenha
Revista de Administração de Empresas
Print version ISSN 0034-7590
Rev. adm. empres. vol.27 no.1 São Paulo Jan./Mar. 1987
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75901987000100012
RESENHA BIBLIOGRÁFICA
Maurício Serva
Professor extracarreira no Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da EAESP/FGV
Stoner, James A. F. Administração 2. ed. Trad. José Ricardo Brandão Azevedo. Rio de Janeiro, Prentice-Hall, 1985. 464 p.
No prefácio deste livro, James Stoner informa que estamos diante de "uma revisão da 1ª edição, que foi muito bem recebida por professores, alunos e administradores". Ressalta a importância crítica da administração em face dos problemas enfrentados pela sociedade, defendendo a posição de que tais problemas "exigem um tipo de solução em larga escala que só as empresas, os governos e outras organizações podem oferecer". Neste contexto, declara que o livro "descreve o procedimento adequado para administrar as pessoas e as atividades de sua organização, a fim de que sejam alcançados não apenas objetivos administrativos, mas também de ordem individual".
O texto encontra-se dividido em cinco partes compostas, ao todo, de 23 capítulos. Na parte 1, em três capítulos, são delineados o campo e as tarefas do administrador, quando são brevemente relatados os estudos de Katz sobre as habilidades administrativas, de Myntzberg a respeito dos papéis do administrador, e de Mahonei sobre a utilização do tempo; o autor define administração como "o processo de planejamento, organização, liderança e controle... para se atingir os objetivos estabelecidos" revelando assim uma inclinação nitidamente clássica. Em seguida, rapidamente (15 páginas) apresenta cinco abordagens teóricas da administração - clássica, comportamental, quantitativa, sistêmica e contingencial - encerrando com uma discussão sobre o ambiente externo das organizações e a responsabilidade social da empresa.
A parte 2, denominada Planejamento e Decisão, engloba cinco capítulos. No primeiro são expressos princípios elementares do planejamento estratégico, com base nas pesquisas de Steiner, Miner e Myntzberg; o capítulo 5 inicia-se com a afirmativa de que "examinaremos como tornar eficazes todos os tipos de planejamento". A administração por objetivos é enfocada com grande destaque pelo autor, sendo curiosa a relação feita entre APO e a teoria Y de McGregor: "os administradores e subordinados que seguem a teoria Y são uma combinação ideal para a APO"; cinco "passos-chave" para tornar a APO eficaz são recomendados. Mais três capítulos compõem esta parte; o de número 6 aborda algumas teorias de tomada de decisão com destaque para os estudos de Simon e Vroom; novas listas de recomendações são fornecidas em "Como aumentar a eficácia da solução de problemas administrativos"; o capítulo 7 descreve sinteticamente alguns instrumentos auxiliares de planejamento e decisão, como programação linear, modelos de filas, teoria dos jogos, simulação, gráfico de Gantt, PerteCPM; no capítulo final desta parte, o de número 8, alguns aspectos de administração operacional e produtividade são levemente abordados.
A parte 3 está desmembrada em Organização para estabilidade (caps. 9, 10, 11 e 12) e Organização para mudança (caps. 13,14 e 15). No primeiro conjunto, são apresentados os típicos clássicos da área: divisão do trabalho, departamentalização, coordenação, autoridade, descentralização, comissões; o item "Como tomar eficazes os grupos formais expressa uma série de regras baseadas nos autores Cyril O'Donnell e Jay Hall. O segundo conjunto trata de projetos organizacionais, desenvolvimento organizacional, conflitos e criatividade. Tais temas são discorridos com absoluta brevidade, recaindo a ênfase no trabalho de Blake e Mouton (grid gerencial), em métodos de administração de conflitos e métodos de estímulo à criatividade.
Liderança é o título da 4ª parte, contendo cinco capítulos. Nos dois primeiros são comentadas as principais teorias de motivação e liderança, respectivamente. Autores como Maslow, Herzberg, Likerte Fiedlere Hersey são citados. No capítulo 18, o tema é a comunicação; a abordagem é bem elementar, enfocando o processo, elementos e maneiras de superar as barreiras em comunicação. O capítulo 19 descreve as atividades - padrão da área específica de administração de recursos humanos - planejamento de recursos humanos, recrutamento, seleção, orientação e treinamento. No capítulo 20 - Carreiras na organização e desenvolvimento individual - o autor declara que "a ênfase é no processo futuro do leitor como administrador". Tópicos como primeiras experiências na organização, primeiros dilemas da carreira de um jovem administrador, estágios de evolução de carreiras são tratados, ficando a curiosidade maior por conta das "táticas da carreira", que vão desde "evite transformar-se em carta fora do baralho" até "encontre um padrinho"!
A 5º e última parte aborda a função de controle. O controle é definido e seu processo é descrito com base nos autores neoclássicos (Koontz e Newman). São relacionados os instrumentos de controle financeiro no capítulo 22. O último capítulo, denominado Como tornar eficaz o controle, examina o funcionamento dos sistemas de informação, principalmente aqueles operacionalizados por computadores.
Há ainda um apêndice de cinco páginas sobre administração internacional, que gira em torno de tópicos como o papel da empresa internacional e os administradores no âmbito internacional, qualidades necessárias e problemas enfrentados.
O exame mais acurado do conteúdo do livro revela que a pretensão de descrever o "procedimento adequado" para administrar as pessoas e as organizações, expressa no prefácio, dificilmente poderia ser realizada. É consenso entre os teóricos e praticantes da administração que tal grau de exatidão ainda está muito longe de ser atingido pela teoria administrativa. O excesso de teorias apresentadas sem a análise e o questionamento das mesmas evidenciou maior preocupação em reunir grande quantidade de estudos já publicados do que de formular reais propostas de avanço teórico-metodológico no campo da administração. A declarada opção do autor pela abordagem clássica da administração - que o conduz, inclusive, a estruturar o livro segundo a visão tradicional das funções do administrador: planejamento, organização, liderança e controle - acaba por limitar bastante o âmbito da análise e do questionamento da administração como prática social. Além disso, o caráter extremamente normativo do texto não se coaduna com a natureza ambígua da maioria dos problemas reais enfrentados pelos administradores.
Por sua natureza compilatória e excelente organização didática, podemos recomendá-lo para utilização em cursos de introdução à administração para alunos pertencentes a outros campos de estudo, principalmente. O livro é muito bem ilustrado; traz 28 casos; cada capítulo é precedido de uma lista de objetivos de aprendizado e sucedido por um resumo e lista de perguntas. Infelizmente, o guia de estudos, o livro de exercício e o manual de recursos do professor com 100 modelos de transparência, só se encontram disponíveis na edição americana.
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