Por volta da década de 20 surgiram as primeiras preocupações como o currículo no Brasil, nesse período seguia-se os modelos adotados nos Estados Unidos, que era possível através de acordos bilaterais entre os dois governos dentro do programa de ajuda à América Latina.
A partir da década de 80 quando se inicia o processo de redemocratização do país, a hegemonia do referencial funcionalista norte-americano é abalada dando lugar às vertentes marxista no pensamento curricular brasileiro.
Daí para cá muitas questões foram surgindo acerca do currículo, a construção curricular brasileira se depara com várias ideologias e ganha espaço a abordagem crítica das obras do brasileiro Paulo Freire com sua Pedagogia do Oprimido, que busca a conscientização do oprimido sobre sua realidade social, tornando-o capaz de refletir sobre seu papel na sociedade.
Falar sobre currículo requer muito estudo e conhecimento, logo que é um campo vasto a ser explorado. Ele trata não somente do cronograma de conteúdos que serão trabalhados pelo corpo docente da escola, mas servirá também de instrumento para a propagação de cultura e transformação social.
Temos atualmente três níveis de currículo: oculto, real e prescrito.
O educador americano Philip Jackson, foi o primeiro a utilizar a expressão “currículo oculto”, em seu livro Life in Classrroms ao falar das características estruturais da sala de aula que contribuíam para o processo de socialização. Esta definição está diretamente ligada ao conhecimento de senso comum, adquirido espontaneamente através da convivência. O termo oculto faz referência aquele aprendizado que não está prescrito e mesmo sendo um importante meio de aprendizado não aparece no planejamento.
A imagem e o vídeo a seguir complementam a ideia desse tipo de conhecimento absorvido por meio de váriadas práticas, atitudes, comportamentos gestos, percepção que estão presentes no nosso meio de convívio social e claro também escolar.
(Criança vê, criança aprende)
Diferentemente do oculto, o currículo oficial é estruturado por diretrizes normativas prescritas institucionalmente, simplificando, é aquele que está no papel, ele determina os conteúdos a serem trabalhados nas diferentes disciplinas e servirá como uma base nacional comum da educação.
Após sua elaboração pelas diretrizes competentes, parte-se para aquilo que será realizado em sala de aula, o currículo real, onde todo o conteúdo será contextualizado. O ambiente escolar será o terreno fértil onde todo o planejamento curricular poderá ser experimentado. O professor poderá então constatar a reação do aluno frente ao que está sendo aprendido, norteando assim suas práticas para se adequar às diferentes situações sociais e culturais.
Sabemos que o currículo na teoria é diferente do que é vivenciado na prática pela maioria das escolas, diante disso, como o professor deve lidar com as diferentes situações cotidianas, tais como, bullyng, alunos especiais, os nativos digitais e o multiculturalismo?
Questões como essas nos faz repensar o currículo, assim como, nossas práticas pedagógicas. Vivemos um momento em que a educação tem passado por constantes transformações, enquanto o IDEB aponta o crescimento da qualidade da educação brasileira, rumo a média dos países desenvolvidos, sabemos que na prática não é bem assim, e que ainda temos muito a fazer. Às vezes me pergunto e agora pergunto aos colegas, por que o Brasil investe tanto em educação e tem resultados tão insatisfatórios, enquanto países também emergentes investem bem menos e têm resultados bem mais satisfatórios?
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