O termo metafísica surgiu quando Andrônico de Rodes, filósofo grego do século I a.C, organizou quatorze manuscritos de Aristóteles que tratavam das investigações das realidades que estão “além da física”. Andrônico deu à sua classificação o nome metafísica. Essa classificação ficou conhecida posteriormente como Metafísica de Aristóteles, uma das obras clássicas da filosofia antiga. O termo metaphisiké é composto pelos vocábulos gregos meta (além) e physiké (física), que indicam o estudo daquilo que está além da natureza, além dos sentidos, que se ocupa do eterno, do imutável, de Deus, da alma e do mundo (sim, mundo é também um conceito metafísico).
Platão e Aristóteles: os primeiros filósofos metafísicos
Segundo a tradição filosófica, Platão e Aristóteles foram os primeiros a especular sobre as coisas eternas e imutáveis que estariam além da existência física. Foram esses filósofos gregos que iniciaram os questionamentos que hoje conhecemos tradicionalmente como metafísica, apesar de nunca terem utilizado esse termo, criado mais tarde por Andrônico. Platão tentou demonstrar racionalmente a imortalidade da alma e Aristóteles desenvolveu uma argumentação para demonstrar a existência de Deus, que ele chamou de Motor Imóvel. Depois deles, outros filósofos tentaram demonstrar racionalmente a existência de Deus, como Santo Anselmo, São Tomás de Aquino e Descartes.
A crítica de Immanuel Kant à metafísica
A crítica à metafísica surgiu com Immanuel Kant, que demonstrou a impossibilidade da razão humana de conceber realidades além dos sentidos. Esse filósofo prussiano alertou para o fracasso da metafísica tradicional, uma vez que ela tenta se elevar acima da experiência, sendo que a razão humana não pode ir além da experiência.
Kant demonstrou, com argumentos muito fortes, que a nossa capacidade de conhecer se limita ao mundo sensível, sendo impossível ao homem conhecer o que está além do mundo físico. As realidades metafísicas, portanto, estriam acima de toda experiência humana possível. Deus e a alma humana seriam apenas ideias da razão para se referir à coisas que não podemos conhecer; são objetos da fé, mas não de uma ciência.
Apesar da crítica Kantiana, e do fracasso da metafísica em afirmar aquilo que está além dos sentidos, o próprio Kant admite que o homem tem um impulso natural para a metafísica, e afirmou que “mesmo que todas as ciências fossem tragadas pela barbárie, a metafísica sobreviveria”. Aristóteles também afirmou que “o homem quer por natureza conhecer”, e sobre a busca do homem pela filosofia primeira – assim Aristóteles chamava a metafísica – disse: “Todas as filosofias serão mais úteis que ela, mas nenhuma lhe será superior”.
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