segunda-feira, 18 de maio de 2020

Trinta anos depois, Collor pede perdão pelo confisco da poupança



Fábio Gonçalves·18 de Maio de 2020 às 16:33
Ex-presidente escreveu no Twitter: “Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”

Demorou só trinta anos que para que pesasse a consciência do ex-presidente Fernando Collor de Mello e ele viesse a público se desculpar pelos exageros do agourento Plano Brasil Novo.

Em 1990, antes de Maradona e Caniggia pregarem uma peça no escrete canarinho, o país viveu um dos seus mais profundos dramas político-econômicos. Entrávamos na década com o saldo da crise dos anos 70-80. A inflação, a praga daqueles dias, bateu nos estratosféricos 84,3% ao mês. O país vivia um estado permanente de pré-falência.
A fim de conter esse pandemônio, a nação elegeu o boa pinta Collor de Mello para capitanear este barco meio naufragado. E o homem, no dia seguinte da posse, a 16 de março, ao lado da ministra da Economia, sua prima Zélia Cardoso de Mello, causou tanto pânico e desespero quanto o crash de 1929. Neste dia, o governo anunciou o seu plano salvador, plano que incluía, dentre outras medidas de austeridade, o confisco por 18 meses de 80% débitos bancários que ultrapassassem os 50 mil cruzados novos.
Em miúdos, fulano de tal que tivesse no banco mais do que R$ 5 mil, nas cifras atuais, não poderia acessar a importância por um determinado espaço de tempo. Deste modo, o plano cujo fim era atingir especuladores do mercado financeiro, atingiu o cidadão de classe média, média-baixa, mesmo o pobre que estava há anos, quiçá a vida inteira, juntando aquela quantia para dar uma garibada na casa, para trocar o carro, pagar o estudo do filho, fazer uma viagem, ou, enfim, para ter uma mínima reserva de emergência. Da noite para o dia, todo aquele fruto do suor nacional estava retido nas mãos do governo
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Os relatos daqueles tempos são de amargar: infartos fulminantes, suicídios, falências, desolação, fúria. Para os brasileiros com mais de quarenta anos, esse episódio de nossa história causa arrepios, pesadelos.

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