INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
*A Percepção*
A percepção visual
Selecção da informação:
É um estímulo eficaz. A informação pode chegar na mesma quantidade a dois pessoas mas a retenção da informação pode variar. Quando centramos a atenção num dado estímulo vamos secundarizar outros estímulos. Depende de onde centramos a nossa atenção. Isso vai fazer variar o limiar sensorial. Este consiste numa noção estatística. É o ponto em que 50% do estímulo é percepcionado pelo sujeito.
Também o nível de motivação influencia o limiar sensorial. Se estamos motivados para percepcionar algo, o limiar sensorial vai estar baixo.
Princípios de organização Gestaltica:
Leis gestalticas: a forma é uma organização que não se pode reduzir a uma justaposição dos elementos que a constituem.
Os 4 momentos do processo adaptativo:
a) Resulta de um encontro de várias formas de energia (vibrações; radiações) com receptores sensoriais mais ou menos especializados e sensíveis ao exterior. O receptor só capta a estimulação se estiver num intervalo que o nosso receptor puder receber. Tudo depende dos valores da energia.
Um estímulo eficaz:
a.1) apresenta os valores nos limites apropriados
a.2) dirige-se ao receptor adequado
a.3) variam de pessoa para pessoa e de espécie para espécie
Quando o estímulo eficaz atinge o receptor, a energia é transformada em estímulo nervoso.
b) Após a percepção, dá-se uma tomada de conhecimento da informação recolhida
c) É a fase final do ciclo. Decide que tipo de resposta deverá ser adoptada
d) O comportamento será uma sequência ordenada. Se assim for, falamos de comportamentos inteligentes (ex. de um comportamento não inteligente: a galinha vai contra a rede porque quer apanhar o milho que se encontra do outro lado)
Princípios gestalticos de organização:
Princípio da semelhança:
Elementos semelhantes são percebidos como pertencentes à mesma forma
Princípio da continuidade:
Elementos orientados na mesma direcção tendem a organizar-se na mesma forma
Princípio do sobreposicionismo
Ilusões, erros de perspectiva
Constância do tamanho:
O tamanho de um objecto permanece relativamente constante. Os nossos conhecimentos são muito importantes para a constância do tamanho. Percepcionamos o tamanho real a diferentes distâncias. Os factores sociais têm muita importância.
No domínio da percepção existe:
* percepção interpessoal ou intervisual (como é que achamos que os outros nos vêem, como vemos os outros…)
O olhar é uma questão muito importante em termos de psicanálise. Sentimo-nos incomodados quando somos olhados porque sentimos que nos olham para dentro.
*A Memória*
Estádios da Memória:
Input (introduzir na memória)
Save (manter)
Recover (recuperação do material)
Codificação e Armazenamento
Memória a curto e longo prazo
Existem coisas que nunca esquecemos e outras que nos saem facilmente da memória. A teoria da memória a curto prazo surgiu nos anos 60. Recebemos a informação que nos chega do meio e temos tendência para a armazenar. Possuímos sempre uma memória sensorial auditiva e visual. Esta informação armazenada, se não for alvo de atenção, passa para a memória a curto prazo. Para que entre no domínio da memória a longo prazo, terá de ser repetida várias vezes.
Armazém sensorial:
ATENÇÃO ----- memória a curto prazo ----- REPETIÇÃO ----- memória a longo prazo
A memória a curto prazo tem uma capacidade limitada. Este limite é definido por um conceito – Memory Span (capacidade de memória a curto prazo). Segundo Miller (1956), a recordação de uma parte da informação ajuda na recuperação da outra. O seu limite vai ser definido por 7 chunks +/- 2. Chunk – peça integrada de informação
Exemplo:
BAFDILTUN 27052793 | Apesar das letras não formarem, juntas, qualquer significado são passíveis de serem divididas em sílabas – chunks. Mais facilmente as decompomos do que os números |
O esquecimento deriva de dois tipos de interferência:
1. pró-activa (é influenciada por hábitos antigos. A aprendizagem é dificultada)
2. retro-activa, por exemplo as testemunhas oculares (a aprendizagem nova veio esquecer hábitos antigos)
O esquecimento deriva do apagamento do traço ou da interferência? Ambos os factores são importantes no esquecimento, quer a longo, quer a curto prazo. Não são diferentes. Este é um dos modelos de modal model.
Um dos argumentos que continuou a defender as memórias é o facto de, por um lado, existir um armazém com limites e outro com grande capacidade de memória, que é mais lento a registar a informação e, como tal, a recordá-las.
Neste modelo, a ideia é – antes da informação passar a longo prazo, passa pelo curto prazo. Não é fiável que toda a informação que esteja a curto prazo passe, necessariamente, a longo prazo. Por isso esta teoria vai sendo ultrapassada. Vai nascendo outra:
Os níveis de processamento
Quanto mais profundo é o processamento de informação, melhor é recuperado. Não é pelo facto de estarmos a repetir algo que a memória passa a longo prazo. Não existe uma estação a meio caminho da memória a longo prazo.
Mas então… como se justificam os limites sensoriais da nossa memória?
Memória do trabalho
Criou-se a ideia de memória do trabalho. Sistema que serve para manter e manipular temporariamente a informação.
Ex.: França, Chile, Peru, Brasil/ Checoslováquia, Afeganistão, Turquemenistão…
Os nomes maiores demoram mais tempo a ler e isso vai influenciar a memória. Anderson faz uma analogia engraçada entre o trabalho do Homem e o circo – temos um limite. Temos de trabalhar com um número limitado de itens.
A memória do trabalho varia de pessoa para pessoa. Para uns é mais fácil memorizar do que para outros.
Níveis de processamento:
Qual o melhor método para estudar?? A quantidade de estudo não é a única variável importante. O modo como processamos a informação é essencial (de um modo elaborado – enriquecer, envolver e relacionar as várias questões).
Processamento elaborado de textos:
- Examinar
- Questões
- Ler
- Reflectir
- Relatar
- Rever
Retenção e Recuperação
Esquecimento
Hipóteses – a memória desapareceu OU a memória está lá mas não conseguimos recuperá-la.
Ex.: decorar um lista de palavras e relembrá-las de seguida. Quanto maior for o tempo, maior será o esquecimento.
Curva de esquecimento: Existem coisas que parece que esquecemos muito facilmente mas existem outras que nos marcam verdadeiramente.
Memória Perspectiva:
Lembrar de fazer coisas. É apenas usada nessas alturas e é uma memória com muito pouca informação.
Memória Retrospectiva:
O que fizemos durante um encontro, o que dissemos, como estava o dia… tem muito mais informação.
Truques para memorizar: (Mnemónicas) localização – associação da ideia para conseguirmos recordar aquilo que queremos. Temos tendência para associar certas coisas.
Memória Explicita:
É aquilo que podemos recordar conscientemente.
Memória Implícita:
Mostramos possuir os conhecimentos sem ser de forma explícita. P.ex.: mexer no computador pressupõe conhecimentos básicos de informática
Recuperação com Inferência: Quando queremos recordar um facto particular e não o conseguimos, somos capazes de ir recordando coisas relacionadas com esse facto até o conseguirmos relembrar (através de inferências).
Por vezes as inferências induzem-nos em erro. Mas, geralmente, são úteis e importantes.
*Representações*
O modo como a informação é representada na nossa mente vai determinar o modo como processamos essa mesma informação.
As representações baseadas na percepção:
A memória para o material visual é maior do que a memória para a informação verbal. Uma experiência que demonstra isso mesmo está indicada na primeira página, imediatamente após a aula teórica correspondente a «representações» (contida no caderno de Introdução à Psicologia*). Há estudos que mostram que este material é processado por uma diferente parte do cérebro.
Imagens Mentais (ver Anderson):
Frequentemente ocorrem-nos imagens mentais e, portanto, presenciamos essa imagem. O ser humano opera sobre as imagens mentais.
Processos:
a) Rotação Mental – rodam a imagem mental. A quantidade de tempo necessária para fazer esta operação é função linear do número de graus que a imagem tem de rodar. Se fizer uma rotação completa vai demorar mais tempo para que esta se conclua.
b) Exploração da Imagem – Demora tempo até percorrermos mentalmente uma imagem. O tempo que demoramos a percorrer o espaço também é função da distância dos objectos*. Quando as pessoas operam sobre imagens mentais fazem um processo análogo.
c) Atributos Espaciais (tacto, etc.) e Visuais (cor, etc.) – São diferentes áreas do cérebro. As imagens mentais contêm ambos.
d) Estrutura Hierárquica das Imagens – Constituímos uma figura complexa. A prova disso é que na página de exemplos*, as pessoas são mais rápidas a concordar que a figura B está dentro da A, do que a C está dentro da A.
As imagens visuais organizam-se hierarquicamente em chunks organizados, dentro de partes de imagens ou chunks ainda maiores.
Os Modelos Mentais:
Forma de representarmos as informações. Esta teoria foi-se desenvolver no campo do dedutismo. Na nossa mente vamos espelhar aquilo que está a ser representado, a informação. Acaba por funcionar como uma forma de representação análoga.
*Conhecimentos*
Aos cognitivistas interessa saber como é que o ser humano organiza as informações de modo a conhecê-las. Existem diferentes tipos de conhecimento:
a) Conhecimento Explícito
b) Conhecimento Tácito
c) Conhecimento de Modelos
A – Conhecimento Explícito
Tipo de conhecimento linguístico. Todo o tipo de conhecimento do qual podemos expressar-nos verbalmente. Conhecimento teórico quando é intencionalmente activado.
B – Conhecimento Tácito
Tipo de conhecimento que nos permite interagir com o mundo. Grande parte destes conhecimentos é constituída por procedimentos opacos (formas de acção que requerem pouco controle ou domínio. É mais automático). Estes procedimentos opacos operam inconscientemente. Podemos é fazer um esforço para trazer à consciência e estabelecer uma aproximação descritiva disso. Está relacionada com o saber agir numa dada situação, viver a situação por dentro.
C – Conhecimento de Modelos
Corresponde a um modelo específico que contém a contribuição dos outros dois conhecimentos. A forma mais típica de distinguir os conhecimentos é o Conhecimento Declarativo e o Conhecimento Procedimental.
Anderson
Representações do conhecimento baseado no significado: quando recordamos algo, é recordado o significado e poucos detalhes. O contrário de quando presenciamos.
A memória para informação visual é maior. Já somos capazes de reter informações visuais, mais do que na informação verbal. Mas mesmo assim temos tendência para interpretar as imagens.
Tipos de Organização dos Conhecimentos:
Várias hipóteses e todas elas são plausíveis
ANDERSON
Þ Redes proposicionais
Þ Redes semânticas
Þ Esquemas
STEVENSON
Þ Sistemas baseados na lógica
Þ Redes semânticas
Þ Produção de regras (conhecimentos procedimentais)
Þ Scripts
BRUNO B
Þ Modelos mentais
Þ Imagens mentais
Þ Representação subsimbólica
Þ Lógica formal
Þ Redes semânticas
Þ Produção de regras
Þ Scripts
Mais importante:
Þ Sistemas lógicos
Þ Redes semânticas
O propósito de Quilliaus – rede de ligações entre conceitos representados como nós (pontos fulcrais). A cada um desses nós estão associadas várias propriedades que têm uma estrutura hierárquica.
As pessoas demoram mais tempo a ver se uma frase é verdadeira ou falsa, conforme os nós (conceitos) que tem de percorrer nas redes semânticas. As propriedades que são verdadeiras para níveis semânticos superiores, também o são para categorias de nível inferior. Este modelo é um sistema mais baseado na lógica do que na investigação empírica.
Porque é que as pessoas, quando ouvem uma história e a recordam, omitem certos factos?
As pessoas reconstroem o que ouviram. Aquilo que recordamos é influenciado por aquilo que aprendemos.
CONCEITOS
Esquemas, Scripts – Conhecimentos gerais sobre certo tipo de acontecimento (ex.: ida ao restaurante). Sequência de acções paralelamente ordenadas e orientadas em direcção a um objectivo. Inclui certos papeis: empregado, cozinheiro… Inclui certos objectos: mesa, talheres, comida… Mas não inclui detalhes: decoração, conta… Os scripts dividem-se em subscripts/cenas (tradução brasileira = roteiro).
Pacotes de Organização da Memória (MOP)
São aglomerações generalizadas de eventos que vão denominar as cenas. São de nível superior aos scripts e mais flexíveis que estes últimos.
Pontos de Organização Temática (TOP)
Forma de organizarmos o conhecimento que ainda está menos ligado a qualquer conjunto específico. De ordem superior aos MOP.
Frame – caracterizam a nossa ideia de conceitos
Script – caracterizam os nossos movimentos típicos
*A Aprendizagem*
Principais escolas:
* Associacionismo: a aprendizagem é a resultante de conexões (associações) entre estímulos e respostas
* Cognitivismo: a aprendizagem é a resultante da reorganização cognitiva de percepções, novas relações, resolução de problemas e compreensão
ASSOCIACIONISMO – autores
Þ E. L. Thorndike
Þ I. Pavlov
Þ B. Skinner
COGNITIVISMO – autores
Þ M. Wertheimer
Þ W. Kohler
Þ J. Bruner
E. L. Thorndike
Animal intelligence
* A aprendizagem resulta de conexões entre estímulos e respostas, num processo de tentativa e erro.
Leis:
-
Lei da Prontidão
-
Lei do Exercício
-
Lei do Efeito: uma conexão é fortalecida se for seguida de satisfação (recompensa)
Ivan Pavlov
Reflexo condicionado – se um estímulo neutro é associado a um estímulo incondicionado, o estímulo neutro ganha a capacidade de desencadear a resposta (condicionamento clássico)
Principais fenómenos do condicionamento clássico:
* Generalização
* Extinção
Watson faria estas experiências com bebés
B. Skinner
Behaviour of Organisms, 1938
Þ A aprendizagem resulta da interacção com o meio
Þ Comportamentos respondentes e operantes
Þ Operante --- esforço --- frequência de resposta
Þ Lei: se a ocorrência de um operante é seguida de um reforço, aumenta a frequência desse operante particular
Experiências com ratos e pombos
Principais fenómenos do condicionamento operante:
· Generalização
· Discriminação
· Extinção
A ideia do reforço constante tende a extinguir-se
M. Wertheimer
Þ O todo (gestalt) é maior do que a soma das partes
Þ A aprendizagem resulta da apropriação cognitiva de uma matriz de significação
W. Kohler
A aprendizagem ocorre por apropriação significativa das condições do meio e gera-se pelo pensamento e insight
J. Bruner
Sublinha a ideia da criação de matrizes cognitivas em totalidades estruturantes
Leis:
Þ Motivação
Þ Estrutura ou conteúdos
Þ Sequência
Þ Reforço (informação retroactiva)
Por Tatiana SantosFonte: http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/psicologia/intrpsicolog_percepcao.htm
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