A influência da família e da escola na formação da personalidade das crianças com comportamentos agressivos
A Agressividade é uma força instintiva que como outras são inatas em todos os seres humanos. Especialmente a criança, expressa tudo o que é mais essencial do ser humano, uma vez que ela ainda não completou o seu amadurecimento afetivo e intelectual, ou seja, ela ainda não possui recursos próprios para se relacionar com o mundo.
O presente estudo quer mostrar a importância da família e da escola na construção da personalidade de crianças que apresentas comportamentos agressivos, proporcionando assim a elas oportunidades de canalizar esta agressividade para um caminho melhor e mais produtivo.
A agressividade das crianças e adolescentes é um tema que preocupa e vêm preocupando cada vez mais os pais, educadores e sociedade em geral. A agressividade por sua vez é parte integrante do desenvolvimento social da criança e se faz necessária para a sobrevivência desde o nascimento.
À medida que a criança cresce modifica qualitativamente, onde passa da utilização da agressividade para suprir necessidades físicas a sua utilização apenas quando se sente ameaçado. Conforme a socialização vai acontecendo à agressividade da criança é sublimada através de atividades como esporte, músicas, arte, etc.
Sabe-se que a agressividade não é um traço de personalidade. Se a criança está agressiva, certamente ela está sendo influenciada pelo cotidiano familiar, e em menor escala, por fatores externos, como televisão, escola, amizades e etc.
Considera-se, no entanto que a agressividade é um impulso inato da pessoa humana, pois ela se mostra presente no início da vida. Segundo Machado, 1981:14), ressalta que desde os primeiros meses de vida de uma criança, já se pode identificar um comportamento agressivo relacionado com a raiva, que se manifesta sob forma de um choro forte.
Por volta dos três ou quatro anos, é bastante comum às crianças apresentarem condutas agressivas em relação aos adultos e as outras crianças, como bater, morder, dar chutes, etc. Nessa fase, pode-se dizer que a agressividade é essencialmente manipulativa, pois a criança agride os outros para alcançar determinados fins, como por exemplo, ganhar alguma coisa, defender-se, ou até mesmo chamar a atenção, e esta conduta é a forma que a criança encontra de controlar o ambiente, e a forma mais eficaz de satisfazer suas necessidades.
Durante a fase pré – escolar, entre cinco e seis anos, a criança começa a interagir com outras da mesma idade, é nesse período que a agressividade concebida na família pode-se manifestar como também a partir deste novo convívio a agressividade pode-se tornar presente na criança.
“além de controlar a agressividade, os grupos de convivência infantil e as pré-escolas podem também estimula-la. O comportamento agressivo muitas vezes não é notado por supervisores. (...) É interessante notar que as crianças tendem a imitar a agressividade de outras crianças em vez da agressividade do adulto: quando se pretende que a criança refine sua agressividade, é essencial que ela tenha a vivência de uma situação de grupo na qual há uma mistura apropriada de crianças” (TRIAN, 1997:48)
A agressividade evidentemente, não desaparece por completo com o passar do tempo, o que acontece é que as crianças aprendem com os adultos que existem outras formas de se defender ou de se conseguir o que deseja. Pode-se ser ensinado para as crianças que as mesmas não precisam bater ou morder os colegas para conseguir o que quer é preciso que ela aprenda a dividir, e isto deve ser ensinado em casa pelos pais e na escola pelos professores para que as mesmas aprendam algumas estratégias sociais que irão substituir tais condutas agressivas.
A família e a escola também podem influenciar os comportamentos agressivos das crianças.
Porém muitas vezes, as condutas agressivas tornam-se um padrão freqüente no comportamento das crianças e persiste com o tempo, podendo se transformar em um problema mais sério na adolescência e na vida adulta. A agressividade torna-se a forma preferencial da criança e do adolescente para resolver qualquer dificuldade.
Muitas condutas dos pais podem ser consideradas como influentes para o desenvolvimento de comportamentos agressivos nas crianças, uma dessas condutas é rejeitar a criança, deixando claro para a mesma que ela não é amada e que ninguém se importa com a mesma, outra conduta é a falta de limites, ou seja, os pais são permissivos demais, deixando assim que a criança faça tudo o que quer.
Segundo Selma Di Iulio, psicóloga, existe também o oposto que é tão nociva ou mais que a negligência de certos pais. É o caso de pais extremamente rígidos, exigentes e violentos. A criança que é criada com tapas e castigos o tempo todo, torna-se agressiva, em represália. Ela precisa não só de um ambiente sadio, mas também saber que é amada, ser criada por pais equilibrados emocionalmente e que não lhes dêem mensagens com um duplo significado. Um outro tipo de conduta dos pais que muitas vezes estimulam certos comportamentos agressivos nas crianças é quando seus pais principalmente os que têm filhos homens os ensinam a bater e brigar para resolverem seus conflitos.
Cabe ressaltar também que a agressividade é uma constante tanto no ambiente familiar quanto escolar e social.
As escolas muitas vezes contribuem para que aumente ainda mais os comportamentos agressivos nas crianças, muitos ambientes escolares estimulam a rivalidade e a competição podendo assim gerar nas crianças e adolescentes sentimentos de insegurança, ansiedade e dificuldades de integração com o grupo. Em conseqüência disso, condutas agressivas podem se tornar a única forma de resolver conflitos.
Grande número de pessoas que lidam com crianças que apresentam condutas agressivas são leigas quanto às atitudes a serem tomadas e assim não conseguem resolver estes problemas que cada dia aumenta mais.
É muito difícil e de suma importância lidar adequadamente com crianças agressivas, muitas vezes pais e profissionais não tem certeza se devem ou não se preocupar com o comportamento agressivo de uma criança. Embora não haja um padrão geral de desenvolvimento infantil cada criança se desenvolve num ritmo distinto e numa direção distinta, assim, sempre existe a tentação de pressupor que a criança vai sair da fase problemática naturalmente.
Para Machado (1981: 37), a importância de um processo de socialização adequado para que a agressividade da criança possa ser controlada e canalizada de acordo com os padrões socialmente aceitos em cada coletividade ou cultura. Não se trata, portanto, de reprimir a agressividade da criança, mas sim de sublimá-la por meio da sua transformação em atitudes construtivas.
Segundo Keila Gonçalves, psicóloga uma medida importante a ser tomada é a cumplicidade entre a família e a escola. Saber sobre o comportamento do seu filho fora de casa e informar a educadora sobre os problemas percebidos podem ser fundamentais. Muitas vezes, há uma melhora sensível quando a criança percebe que seus pais enxergaram o problema. Como se percebe, o afeto é o caminho mais tranqüilo e menos doloroso para arrancar a tensão dentro do seu filho. Basta saber usa-lo.
È muito importante lembrar, que sublimar de forma construtiva a agressividade é de suma importância para o bom desenvolvimento do indivíduo. A escola, em questão tem grande importância neste processo, e saber lidar com a agressividade tem sido um degrau importante para o desenvolvimento familiar, social e individual do ser humano.
Portanto, ao lidar com uma criança agressiva, examine suas intenções a todo o momento. Lembre-se, que você poderá ter certeza de que ocorrerão reações agressivas toda vez que ela perceber injustiça, incoerência ou parcialidade. Se você tiver pensado sobre suas próprias ações e sentir que está agindo verdadeiramente ns interesses dela, então, os episódios de agressividade reativa tendem a diminuir gradativamente.
Uma outra atitude que tanto pais quanto educadores devem tomar é lembrar que a criança precisa ser incentivada positivamente, isto é, elogiar a criança de forma que ela se sinta enaltecida por ter feito uma coisa boas, desta forma ela vai saber que as pessoas que convivem com ela se interessam pelo que ela faz.
Considerações finais sobre o estudo
É preciso enfatizar que tanto pais, como educadores são de grande importância para um processo sadio de desenvolvimento da criança. É preciso encarar a agressividade como,
“Uma questão inteiramente vital. Relacionada com a doença de um mundo em que o ódio floresce do berço ao túmulo. Há, como é natural, muito amor neste mundo. Se não fosse assim, poderíamos desesperar a humanidade. Cada pai e cada educador antes de sê-lo deve tomar conhecimento disso e tentar conscientizar-se da gravidade e complexidade do problema. Cada pai e cada educador deveria tentar descobrir, seriamente o amr em si próprio para poder tentar coibir esta agressividade” (Bolsanello, 1990:163)
Pode – se perceber que a agressividade é um fator participante no processo de crescimento do indivíduo, onde este se utiliza dele como forma de reagir frente ao mundo. Além da família, as atividades escolares têm grande influência neste processo, cabe a cada educador conduzir a criança de modo a evitar condutas agressivas, socialmente condenável, proporcionando oportunidades de exercer sua atividade agressiva sobre coisa ou mesmo pessoas, de maneira socialmente aceitas, sem que para isto a criança seja modelada limitando-a de expor sua criatividade e emoções.
Bibliografia
BOLSANELLO, Aurélio. Conselhos – Análise do Comportamento Humano em Psicologia. 18º ed. São Paulo: Brasileira S. A., 1990.
MACHADO, Dulce Vieira Marcondes. Meu filho é agressivo. São Paulo: Almed, 1981.
TRAIN, Alan. Ajudando a criança agressiva: como lidar com crianças difíceis. Campinas: Papirus, 1997.
WEISS, Donald H. Convivendo com gente difícil. São Paulo: Nobel, 1992.
Fonte deste texto: < http://salessesilva.zip.net/>