AS MAIORES DIFICULDADES ENCONTRADAS NA ESCOLA
Segundo Emília Ferreiro “O método de aprendizagem para a leitura e escrita não ocorre só na fase escolar, mas começa muito antes da escolarização”.
A escrita pode se dividir em etapas de acordo com a idade gráfica, segundo as características especiais pela escala : GRAFOMOTORA:
1. Etapas das GARATUJAS
Vai desde antes do 5 anos até os 7 anos basicamente. É a etapa da aquisição de coordenação suficiente para escrever e copiar palavras.
2. Etapa do GRAFISMO LÚDICO
Nesta etapa, a criança já consegue escrever algumas sentenças de sua invenção, sem copiar.
3. Etapa de EXPRESSÃO ABSTRATA
Acriança quando atinge esta etapa começa a escrever num estilo próprio e individualizado.
DISTÚRBIOS ARTICULATÓRIOS
1. – Distúrbio Articulatório – A criança de mais de seis anos que não consegue pronunciar as consoantes, pode apresentar um problema de articulação, que tem características como: OMISSÃO, SUBSTITUIÇÃO, DISTORÇÃO ou ACRÉSCIMO DE SONS NAS PALAVRAS.
1.1 – OMISSÃO: BO - A em vez de BOLA
1.2 – SUBSTITUIÇÃO: CAQUECA por CANECA
1.3 - DISTORÇAO: CARDERNERTA em vez de CADERNETA/ DIFICULIDADE por DIFICULDADE.
1.4 – ACRÉSCIMO: PREDRA em vez de PEDRA.
DISTÚRBIO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
2. – Distúrbio de Aquisição da Linguagem: Algumas pessoas pensam que as crianças que começam a falar mais tarde serão pouco inteligente, isso é pouco verdadeiro. A criança pode ter sua fala atrasada por vários motivos, às vezes transitórios. Quando o atraso na fala ultrapassar os quatro anos, podemos dizer que essa criança apresenta um “distúrbio de aquisição da linguagem”.
3. – Dislexia ou Distúrbio da Leitura e Escrita: A dislexia é um distúrbio dos indivíduos em lidar com símbolos, letras ou números, ou seja, são perturbações da linguagem escrita e da leitura, que não permitem a criança um bom desempenho escolar. As principais dificuldades apresentadas pelas crianças dislexas são:
• Demoram a falar;
• Fazer laços nos sapatos;
• Reconhecer as horas;
• Pegar e chutar uma bola.
• Trocas e supressão de letras semelhantes na escrita;
• Dificuldades de espaço-temporal (consciência do corpo no espaço)
• Dificuldade de lateralidade esquerda/direita;
• Os grafismos são defeituosos, mal traçados e dificuldade de escrever na linha, letra ilegível;
• A leitura é ruim, com trocas e supressões;
• Ler lentamente e as palavras aparecem entre cortadas;
• As frases são lidas sem sentido.
RECONHECIMENTO:
Trocas de letras na escrita com traçados semelhantes como:
p–b d-b u-n s-z
Confusões de letras devido a não compreensão dos sons:
c-g p-b f-v ch-j t-d
(cato – gato) (pato - bato) (faca - vaca) (chá - já) (tata - data)
4. - DISTÚRBIO DE ESCRITA
4.1 – DISGRAFIA: é um distúrbio da escrita por dificuldades na codificação e/ou execução motora dos símbolos gráficos. Portanto, as dificuldades que a criança tem de passar para a escrita o estímulo visual da palavra. Ex.: visualiza uma MESA (objeto), porém, consegue escrever a palavra.
FATORES MAL DESENVOLVIDOS QUE VÃO INTERFERIR NO TRAÇADO LEVANDO A DISGRAFIA:
1. Estruturação do esquema corporal;
2. Organização espaço-temporal;
3. Ritmo;
4. Percepção;
5. Dominância Lateral.
VOCÊ SABE QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DE UM DISGRÁFICO?
- Traçado Aberto, quando a letra não está completa em sua forma de escrever;
- Rasuras é a tentativa constante de anular o que escreve;
- Traçado não coordenado, quando as letras são de tamanhos variados: umas grandes outras pequenas;
- Desorientação espacial, a criança escreve “subindo ou descendo o morro”;
- Traçado ininteligível, quando não se consegue entender o que escreveu;
- Escrita espelhada, a escrita é produzida de forma contrária, que só consegue entender o que está escrito, se colocarmos o espelho ao lado da palavra;
- Letra decalcada, ao produzir o texto escrito aparece com sombra, na folha de baixo da que está escrevendo;
- Traçado leve, a produção escrita é quase imperceptível, devido a clareza da letra escrita;
- Traçado inverso, quando as letras são escritas de trás para frente.
4.2 – DISORTOGRAFIA: é a incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras.
6. DISLALIA – ERROS DE PRONÚNCIA
Segundo Pedro Bloch, dislalia “é um defeito de pronúncia que pode apresentar-se em várias modalidades”.
Na dislalia não existe nenhuma lesão neurológica. São apenas os órgãos articuladores que realizam mal a tarefa de produção de sons.
QUAIS SÃO OS DIFERENTES ERROS DE PRONÚNCIA?
1. DISLALIA POR OMISSÃO:
Ex.: omei o-a ola em opaabana (tomei coca-cola em Copacabana)
Ma-a-o (macaco)
2. DISLALIA POR TROCA:
Ex.: eu telo a boneca (eu quero a boneca)
Neste caso, as crianças substituem um som pelo outro (quero/telo)
3. DISLALIA POR ACRÉSCIMO:
Ex.: adevogado (advogado)
4. DISLALIA POR DISTORÇÃO
Se uma criança pronuncia “eu sou Susana”, deixando a língua entre os dentes, vamos ter o que chamamos de sigmatismo, ou seja, uma distorção dos sons do S e Z.
DISLALIAS TEMPORÁRIAS
Em alguns casos as crianças podem apresentar dislalias temporárias:
Quando a criança ganha um novo irmãozinho. Então, apesar de ser maior pode voltar temporariamente a utilizar padrões infantis da linguagem (mimo, dengo). Ex.: dedela, tatibitati...
Quando os chamados “dentes de leite” estão nascendo ou caindo, para nascer a dentição definitiva.
A dislalia não se trata de uma patologia fonoaudióloga grave, mas poderá se tornar um problema sério se persistir além da idade de aquisição normal da linguagem, sem que seja tomadas providências de terapia e compreensão dos pais e professores do que realmente se trata e se há ou não um tipo de problema pela frente.
Nos casos de dislalia em que a criança apresente evolução, pode prejudicar a aprendizagem futura da leitura/escrita, acarretando sérias conseqüências.
Do ponto de vista fonoaudiólogo, não podemos falar em dislalia patológica antes dos 6 anos de idade, uma vez que, o período de produção fonética se estende do nascimento, ou período pré-linguístico, até os 4 anos. Isso quer dizer que nessa idade o organismo está se maturando e as estruturas físicas e cognitivas estão se adaptando para produzir os sons fonológicos.
O período de aquisição das regras lingüísticas fonológicas se estende do começo do período lingüístico – 10 meses – até os 6 anos. Até esta idade o indivíduo está construindo o processo de identificação e ampliação das regras e das oposições fonológicas da língua materna, os traços dos fonemas, os elementos da fala – como a pausa e acentuação tônica.
Mas o educador e/ou os pais ao observar alguma situação problema, não deve esperar que a criança complete os 6 anos para encaminha-la a uma consulta com um fonoaudiólogo, se o problema for descoberto entre os 4 anos e meio até os 5 anos, o fonoaudiólogo poderá ajudar a criança estimulando e apoiando-a nesta fase de dificuldades.
METODOLOGIAS E FUNDAMENTOS DA LÍNGUA PORTUGUESA
PRINCIPIOS ELEMENTARES DA FONÉTICA E DA FONOLOGIA
Texto produzido a partir da leitura do livro: CAVALIERE, Ricardo. Pontos essenciais em fonética e fonologia. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
1. Fonética e Fonologia
Na literatura lingüística contemporânea existe uma constante busca para a distinção entre os termos Fonética e Fonologia. Em tese, cabe à
Fonética estudar e descrever os sons da linguagem humana;
Fonologia, também denominada Fonêmica pela corrente de estudos norte-americanos, cumpre o estudo dos fonemas, assim entendidos como unidades fonológicas distintivas e abstratas.
Ao pronunciar a palavra tatu, por exemplo, o fonema inicial /t/ pode articular-se mediante contato da língua com os dentes superiores ou com os alvéolos.
Também podemos articular o /t/ com maior ou menor explosão expiratória, resultando a emissão de um /t/ plosivo ou /t/ oclusivo.
Tatu – tanto – tampa
Essas diferenças são articulatórias e resultam em percepções acústicas distintas, ou seja, o som resultante de cada articulação não é exatamente igual, mas semelhante distinção não tem qualquer valor significativo para o falante do português. Em todos os casos, seja com /t/ plosivo dental ou /t/ oclusivo alveolar, o falante julgará estar ouvindo o mesmo som.
A irrelevância dessas variações se deve ao fato de que não tem valor distintivo no quadro geral dos fonemas portugueses, isto é, seja qual for a pronúncia do /t/ acima descrita, para a comunidade de falantes ela se relaciona a uma mesma imagem acústica dotada de valor funcional no sistema fonológico da língua.
Ex: Imaginemos, por analogia, que uma pessoa necessite de uma caneta esferográfica para escrever um texto. Poderá servir-se, para tanto, de um conjunto variado de canetas, que se distinguem materialmente por serem mais longas, outras mais macias, ou mesmo mais arredondadas. São, pois, canetas distintas do ponto de vista material. Do ponto de vista funcional, entretanto, todas cumprem o mesmo papel, razão por que são entendidas como um único ser em nível mais elevado de abstração. Suas diferenças materiais apresentam-se, assim, irrelevantes aos olhos do escritor.
À Fonética tem-se atribuído o papel de estudar os nos da linguagem humana do ponto de vista material ou físico, descrevendo detalhadamente como eles são produzidos e quais são seus efeitos acústicos.
A Fonologia cuida do papel que tais sons desempenham no sistema de uma língua particular: se têm ou não valor distintivo em face de outros sons, se podem ocorrer em qualquer posição silábica ou estão restritos a da vizinhança fonêmica etc. Por esse motivo, não é plenamente correto falarmos de uma Fonética do português, do francês ou do italiano, porém de uma Fonologia do português, do francês etc., visto que o estudo dos sons da linguagem humana em seu aspecto físico independe dos sistemas fonológicos a que pertencem.
2. Fonologia sincrônia e diacrônia
O estudo das oposições clássicas com que Ferdinand de Saussure (SAUSSURE, 1945) desviou os rumos da Lingüistica no século XX – hoje conhecidas como dicotomias saussureanas – revela que o eminente mestre genebrino separou Lingüistica em dois campos opostos, segundo o sentido em que se estuda a língua. Se investigamos um estado de língua, descrevendo-o sobre o “eixo das simultaneidades”, temos Lingüistica sincrônica. Se, por outro lado, estudamos o processo de evolução e transformação de uma língua sobre o “eixo das sucessividades”, temos Lingüistica diacrônica. Para Saussure, como os sistemas são organismos cujos elementos pertencem necessariamente ao mesmo momento ou estado cronológico, o estudo do sistema lingüístico só pode ser sincrônico.
2. Fonologia e gramática
O significado científico da palavra gramática passou a ter um valor bastante restrito nos estudos lingüísticos do século XX, sobretudo após o surgimento de uma vertente da escola norte-americana que mais tarde veio a tornar-se conhecida como Gramática Gerativa. Em nível geral, podemos afirmar que, segundo essa escola, gramática é um conjunto finito de regras que gera um conjunto infinito de sentenças e seu estudo consiste na especificação precisa das estruturas sentenciais que ela pode produzir.
Sendo a Fonética e Fonologia áreas que se ocupam do sistema de sons que dão feição material às palavras da língua, decerto que também tais ciências situam-se fora do campo de interesse da descrição gramatical.
A gramática de uma língua resume-se a um conjunto de regras capazes de produzir sentenças válidas e infinitas; o léxico da língua fornece os elementos necessários, dotados de significação – valor semântico – e expressão - estrutura fônica -, os quais ocupam posições definidas nas regras gramaticais. Por tal motivo, a gramática, o léxico e o sistema de sons são áreas autônomas dentro do estudo mais amplo da língua a que pertencem.
As evidências desta distinção, ainda persistem pontos de intenso contato entre os níveis da gramática e do sistema de sons da língua, a ponto de um interferir na construção do outro. A combinação dos elementos pode resultar em diferentes sentenças, devido aos fatores prosódicos como a pausa:
Apresentamos como exemplo uma conhecida brincadeira gramatical da frase:
“Uma andorinha só não faz verão”, onde podemos trabalhar com a figura de linguagem homonímia entre verão – substantivo e verão - verbo.
A única distinção entre as sentenças está no padrão prosódico frasal, que pode atribuir pausa após o verbo fazer – expressa graficamente pela vírgula – e, consequentemente, alterar a estrutura sintática da sentença: “Uma andorinha só não faz, verão”.
Tentem lembrar outros contextos frasais, onde podemos utilizar as denominadas brincadeiras gramaticais:
Outra dependência entre sintaxe e prosódica: (Trata-se do estudo da entonação (ou entoação) e suas simples implicações no significado mais profundo da fala), parece estar nas estruturas da frase afirmativa e da interrogativa, em que a curva melódica é decisiva para distinguir uma da outra.
Nível agudo ...................................
Nível médio ...................................
Nível grave ...................................
Pediram-lhe que limpasse as vidraças.
Se pronunciada em uma inflexão interrogativa, teríamos:
Nível agudo ...................................
Nível médio ...................................
Nível grave ...................................
Pediram-lhe que limpasse as vidraças?
E na hipótese de uma frase exclamativa:
Nível agudo ...................................
Nível médio ...................................
Nível grave ...................................
Pediram-lhe que limpasse as vidraças!
Podemos estudar a produção da fala a partir do ponto de vista fisiológico e articulátório.
A fonética é uma ciência que apresenta métodos para a descrição, classificação e transcrição dos sons da fala, principalmente aqueles sons utilizados na linguagem humana. As principais áreas de interesse da fonética são:
Fonética articulatória – Compreende o estudo da produção da fala do ponto de vista fisiologia e articulatório.
Fonética auditiva – Compreende o estudo da percepção da fala.
Fonética acústica - Compreende o estudo das propriedades físicas dos sons da fala a partir de sua transmissão do falante ao ouvinte.
Fonética instrumental – Compreende o estudo das propriedades físicas da fala, levando em consideração o apoio de instrumentos laboratoriais.
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