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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Civilizações Antigas 7. China Antiga.


A Antiga China.
Entre as grandes civilizações antigas, não podemos deixar de citar a China. Um dos mais antigos centros de organização humana, a China aparece desde cedo na história das civilizações humanas. Possivelmente a mais de um milhão de anos atrás, a China já era habitada pelos Homo Erectus. A mais famosa evidência desse fato é o chamado “Homem de Pequim”, datado entre 250.000-400.000 anos atrás. Acredita-se que os Homo Sapiens povoaram a China aproximadamente 65000 anos atrás. Evidências arqueológicas indicam que por volta de 6000 a.C., se estabelecia uma cultura agrícola de grãos na região. Com a agricultura, foi possível o desenvolvimento da população, assim como da organização social e política da região. No período neolítico (5000-4000 a.C.), o vale Huang He se estabeleceu como centro cultural e político da China, onde os primeiros vilarejos surgiram. A civilização chinesa foi também uma das poucas a inventar a escrita de forma independente (por volta de 2000 a.C.), assim como os egípcios, os sumérios, os ários na Índia e os Maias na América. Entretanto, não havia ainda uma organização centralizada de poder. Este processo ocorreu a partir de sucessivas dinastias até se estabelecer o primeiro grande estado centralizado da China em 221 a.C., com a dinastia Qin. Estabelecer a história da China Antiga é uma tarefa complicada, pois as narrativas e os registros feitos que buscam descrever os eventos ocorridos séculos antes pelo povo chinês diferem em alguns pontos das evidências arqueológicas. Amanhã, veremos um pouco sobre a narrativa política da Antiga China.

As Dinastias ChinesasA partir da obra “Registros do Historiador”, escrito entre 109 e 91 a.C. por Sima Qian, temos uma descrição sistemática da história chinesa, desde o mítico Imperador Amarelo até a época do próprio Sima Qian. Segundo ele, a Dinastia Xia (entre 2070 a.C. a 1600 a.C.) é a primeira dinastia na história tradicional chinesa. Sima Qian descreve que os lendários “Três Augustos” e os “Cinco Imperadores” são antecessores da dinastia Xia, que posteriormente foi sucedida pela Dinastia Shang. A partir dos achados arqueológicos, procura-se separar a narrativa mítica dos fatos acerca da existência da dinastia Xia. Até recentemente, muitos historiadores consideravam que a Dinastia Xia era uma lenda e por isso não era dado credito à sua existência. A partir de vestígios encontrados em um sítio arqueológico localizado em Erlitou, na província de Henan, em 1959, muitos arqueólogos chineses identificaram esta cultura Erlitou como correspondente a Dinastia Xia. Entretanto, a maioria dos arqueólogos ocidentais continua não convencida da conexão entre a cultura Erlitou e a dinastia. Apesar da polêmica, é possível afirmar que o período do tempo relativo a Dinastia Xia marca a passagem técnica das culturas neolíticas para a civilização tradicional chinesa encontrada na Dinastia Shang. Considerada como a primeira dinastia historicamente aceita, a Dinastia Shang se estabeleceu no período de 1600-1046 a.C ao longo do rio Huang He, que desemboca no Mar Amarelo, onde está localizada hoje a capital da China, Beijing. Os registros escritos mais antigos sobre China remetem a esta dinastia, encontrados na forma de gravações divinas feitas em ossos de animais (também chamados de ossos oraculares). Ao fim do segundo milênio a.C., a Dinastia Zhou surge na região do Vale do Rio Amarelo, sobrepujando a Dinastia Shang,. É a partir da Dinastia Zhou que surge o conceito de “Mandato dos Céus” para legitimar o poder. Durante o conhecido “Período de Primavera e Outono”, a partir de 800 a.C., muitos estados se tornaram independentes e a partir de guerras contínuas, o estado Zhou foi destituído como centro imperial e o poder tornou-se descentralizado. A partir dessas mudanças, a China era formada por centenas de estados. É neste período que importantes escolas de pensamento surgiram, como o Confucionismo e o Taoísmo, forma de respostas às mudanças políticas. Por volta do século V a.C., sete Estados se destacam, entrando em conflito em busca do poder, dando origem ao “Período dos Estados Combatentes”. Em 214 a.C., estes estados foram novamente unificados pelo autoproclamado “Primeiro Imperador” Qin Shi Huangdi, estabelecendo a nova Dinastia Qin e formando o primeiro Grande Estado Chinês centralizado.



Os Três Soberanos e os Cinco ImperadoresSegundo a história tradicional chinesa, no início dos tempos existiram três indivíduos lendários, reis-deuses que usaram seus poderes mágicos para melhorar a vida das pessoas e ensinaram ao povo chinês a arte da civilização. Dependendo do documento que os apresenta, os Três Soberanos são colocados sob diferentes identidades. O famoso livro “Registros do Imperador” de Sima Qian apresenta os seguintes nomes: O Deus Celestial, que governou por 18.000 anos; O Deus Terreno, que governou por 11.000 anos; O Deus Humano, que governou por 45.600 anos. Além deles, durante o período precedente a Dinastia Xia – entre 2850 a.C. a 2205 a.C. – existiram os Cinco Imperadores, líderes mitológicos da China. Devido a sua grande virtude, eles teriam vivido até idade extremamente avançada, e governaram durante um período de grande paz e prosperidade. Os Cinco Imperadores são lendários reis-sábios de moral perfeita. De acordo com Registros do Historiador, eles foram: Hunag Di – O Imperador Amarelo Zhuanxu Ku Yao Shun Entretanto, os Três Soberanos e os Cinco Imperadores três heróis culturais são considerados, pelos historiadores ocidentais, como lendas culturais apenas. Mesmo assim, um deles possui grande destaque no desenvolvimento da medicina tradicional chinesa: Huang Di. Amanhã veremos um pouco mais sobre este assunto. Acima, vemos as representações de Yao (esquerda) e Shun (direita).



Huang Di – O Imperador AmareloConhecido como o Imperador Amarelo, Huang Di é um dos “Cinco Imperadores”, lendários reis sábios e moralmente perfeitos que teriam governado a China no período anterior à Dinastia Xia. Huang Di teria sido o unificador da China e reinado de 2.690 A 2.590 a.C, aproximadamente. Atualmente, sua existência é questionável. O período de seu reinado precede a história escrita na China por mais de 1000 anos e, por isso, os contos de suas conquistas podem ser facilmente exagero. Durante o seu reinado Huang Di demonstrou especial interesse pela saúde e pela condição humana, questionando os seus ministros-médicos sobre a tradição médica da época. A ele está relacionado o mais importante clássico da medicina tradicional chinesa, o Huang Di Nei Jing, também conhecido como “Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo”. O mais antigo manuscrito preservado desta obra data de 720 a.C., no período Zhou, época marcada por grande florescimento cultural. Apesar de se atribuir sua autoria ao Imperador Amarelo, historiógrafos modernos geralmente consideram que seu conteúdo foi compilado por estudantes da época, pois até então, não havia registros históricos de sua passagem, apenas a tradição oral. O Huang Di Nei Jing é escrito na forma de diálogos, onde o Imperador Amarelo obtém informações de seu Ministro Chi Po a respeito de todas as questões ligadas à saúde; principalmente à arte de curar. O tratado é uma compilação em duas partes: - O Su Wen: (“Questões sobre a emergência da vida") expõe toda a doutrina, a fisiologia energética entre os zang fu, a teoria dos meridianos, as fases do diagnóstico e os estágios observáveis nas evoluções das doenças; maior ênfase na filosofia e princípios da medicina chinesa. - O Ling Shu ("Eixo dos espíritos"), que trata das condutas terapêuticas, dos preceitos práticos e modos de efetivar os tratamentos; mais focado em técnicas específicas de acupuntura, teoria dos meridianos e a descrição de varias agulhas de acupuntura. Considerado como primeiro registro escrito da Medicina Tradicional Chinesa e a primeira obra acadêmica medicinal da China, O “Huang Di Nei Jing” se apresenta como uma compilação sistemática dos conhecimentos acerca da Medicina Tradicional Chinesa e por isso, ainda hoje se mantém em uso e é considerado como um dos mais importantes livros da literatura médica chinesa. Na obra, o cérebro é descrito composto pela medula e é apontada sua ligação com os olhos. Entretanto, considera o coração “monarca de todas as estruturas” e sede da alma.
Fonte: http://fotolog.terra.com.br/fabianoscastro:2


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No Civilizações Antigas 8 falaremos sobre a Índia Antiga. Boa terça.



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