Ser professor demanda vocação, formação e paixão
Professores de educação fundamental, ensino médio ou universitário, eles são movidos pela paixão e dedicação
Em
homenagem ao Dia do Professor comemorado na próxima segunda-feira (15),
o Jornal Diário dá um destaque especial à profissão dando voz a eles,
os profissionais que são responsáveis pela formação de tantos outros e
que enfrentam inúmeros desafios para levar o conhecimento e o
aprendizado a seus alunos.
Professores
de educação fundamental, ensino médio ou universitário, eles são
movidos pela paixão e dedicação, se emocionam em ver a transformação
intelectual de seus alunos e não se importam em começar tudo de novo,
com uma nova turma trazendo a renovação dos desafios.
Os
nove anos de magistério de Mariana Andreolli Pereira, 29, foram de
muita dedicação e continua se esforçando para não perder o pique da
professora de alfabetização, área que atuou durante todo esse tempo.
Ela
enfatiza toda a responsabilidade atribuída ao professor nos dias atuais
e o quanto a tecnologia vem mudando aos poucos, gradativamente, a
maneira como um educador deve se comportar diante dos alunos.
“Hoje
o professor tem a responsabilidade de formar as crianças e dar a elas
grande parte das noções de cidadania e valores. E elas não aprendem os
conteúdos do mesmo jeito que há 10 ou 15 anos. A tecnologia está
presente na vida deles e também invadiu a nossa”, conta a professora de
ensino fundamental.
A
reciclagem, a constante atualização e principalmente a preocupação em
trazer algo diferente para as aulas fazem parte da vida desses
profissionais. São horas e até finais de semana inteiros em casa
preparando conteúdo para prender a atenção dos alunos e fazer acontecer a
transformação intelectual de cada um deles.
E
é da mutação que ocorre durante do ano letivo que a professora Mariana
fala com brilho nos olhos e a elege como maior prêmio e satisfação
profissional. “Ser professora é isso, é promover a transformação, a
evolução de cada aluno. E parece ser pouco tempo para acontecer esse
milagre, mas é uma mudança a olhos vistos”, explica com emoção.
O
caminho que a professora percorreu até chegar a lecionar em escolas de
ensino fundamental foi árduo e hoje ela vê como uma conquista. Fez Cefam
(Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério), logo
depois cursou Letras e com a exigência do governo federal resolveu
fazer pedagogia.
Depois de
oito anos atuando como professora de primeiro e segundo anos do ensino
fundamental, Mariana mudou de escola e dá aulas de reforço escolar, além
de desenvolver o projeto de recreio lúdico, que promove o aprendizado
das crianças através de brincadeiras realizadas no intervalo de aulas.
Pedagogia está em constante dinâmica
A
base do magistério, principalmente da educação fundamental é
constituída através da pedagogia. Formação que vem se transformando aos
poucos, assim como tantas outras profissões. Segundo a coordenadora do
curso de pedagogia da Unimar (Universidade de Marília) Rosalina Monteiro
Fonseca de Queiroz, além da atuação nas escolas, o pedagogo também é
bem vindo em secretarias municipais e estaduais de educação, meio
ambiente e cultura.
“Existem
trabalhos desenvolvidos em várias áreas com crianças que necessitam de
um especialista em comunicação com elas e o pedagogo tem a linguagem
específica para tal. Neste caso, o leque de opções para atuação é mais
amplo”, conta.
“A atual
conjuntura do mercado de trabalho da pedagogia era desconhecida nos
últimos 4 ou 5 anos, mas a perspectiva para áreas como a educação no
trânsito, sexualidade e tantas outras questões que precisamos incluir na
interdisciplinaridade. Mas a escola não pode carregar o piano sozinha e
precisa da ajuda dos pais dessas crianças para que juntos possamos
construir uma sociedade saudável, tanto emocional quanto mental”,
comenta Rosalina.
A
coordenadora destaca que os pais precisam estar envolvidos com a
educação dos filhos dentro da escola, criando uma co-participação também
na educação formal.
Profissão passou por mudanças nos últimos 15 anos
O
método de ensino aplicado e o conteúdo passado pelos professores
mudaram muito no decorrer dos últimos 15 anos. A professora de ensino
fundamental Solange Aparecida Resstel Ribeiro, 51, que tem 27 de
carreira, foi testemunha dessas mudanças e lamenta a inversão de papéis
que ocorreu na sociedade com o passar do tempo.
“Além
dos conteúdos técnicos que já tínhamos a responsabilidade de passar,
temos que ensinar valores às crianças, como justiça, lealdade e tantos
outros que deveriam vir de casa, da família. Essa mudança se deu com a
maior presença das mulheres no mercado de trabalho”, conta.
Essas
novas atribuições aos professores segue uma tendência mundial, mas que
também deve ser conciliada com a presença dos pais na escola. Solange
encoraja as mães que trabalham fora a se dedicarem à educação dos
filhos, à preocupação com o que eles fazem durante o dia na escola, como
foi o dia e ainda cobrar o cumprimento das tarefas escolares.
“É
cansativo. Muitas vezes é duro brigar com os filhos durante todo o
tempo livre que temos com eles e dói mais em nós do que neles, mas é
preciso. Estamos cuidando do futuro deles e de quem eles serão no
futuro”, explica a professora veterana.
Sobre
as vantagens de ser professora, Solange não inclui o salário, ou o
tempo livre, mas sim a gratificação de ver que mudou a vida de alguém
através do conhecimento e que esses conteúdos vão ajudar aquela criança a
se tornar um bom profissional quando adulto.
A
professora Solange fez Cefam, depois se formou pedagoga, trabalhou 14
anos na rede estadual e hoje é a professora mais experiente da Emef
Edmea Braz Rojo Sola, escola com maior pontuação no Ideb (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica) de 2011, com nota 7,5. Marília teve
média geral de 6,4.
Ela
também é um dos 140 finalistas nacionais do prêmio “Arte Cidadã” que vai
premiar com R$ 10 mil, o melhor projeto realizado em 2011 na área de
educação artística. Solange trabalhou com seus alunos as obras do
artista plástico mariliense Sérgio Doreto, além de ter promovido o
encontro das crianças com o artista que rendeu admiração e as levou a
conhecer melhor o mundo das artes.
A docência começa na vocação
A
educação de nível superir está baseada na busca constante do docente
pela qualificação intelectual e acadêmica. E segundo a professora
universitária, coordenadora adjunta do curso de Direito
do Univem (Centro Universitário Eurípides de Marília) Vivianne Rigoldi,
as facilidades tecnológicas de obtenção de informação estão produzindo
jovens alunos cada vez mais carentes de orientação. Mas a docência
começa na vocação, sem uma trajetória pré-definida, mas com caminhos
coincidentes de evolução profissional.
“Por
essas razões, mesmo após unir-me à coordenação do curso, nunca deixei
de buscar qualificação acadêmica, inclusive dentro da instituição, onde
pude concluir um segundo mestrado, em 2009”.
De forma geral, a professora que também coordena projetos de extensão universitária e também advoga na área do Direito
civil, vê a qualificação acadêmica e a experiência profissional na área
como pontos importantes para o êxito pedagógico por aproximarem teoria e
prática, cotidiano e crítica teórica.
Mas
a docência para Vivianne é também mais do que qualificação. “Os mais de
seis mil alunos para os quais lecionei nos últimos anos, mostraram-me
que o bom professor tem, além de conhecimento técnico, capacidade de
gerenciar e aproximar pessoas, capacidade de comunicar-se, relacionar-se
e motivar o aluno constantemente”.
A
sintonia interpessoal no elo alunoXprofessor deve ser grande e
desenvolver um bom relacionamento com os alunos, aceitando-os com afeto,
amizade e respeito mútuo é essencial.
“Para
mim, ser professora é otimismo e atitude de quem gosta de ensinar e de
aprender, disposição para interagir, orientar, evoluir. Todas essas
atitudes positivas são percebidas até mesmo de forma inconsciente pelos
alunos que ficam predispostos a reagir da mesma forma. O que facilita
sobremaneira a árdua tarefa docente”.
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