domingo, 7 de setembro de 2008

Tragetória Histórica da Didática.


Amélia Domingues de Castro

Doutora em Educação pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - FFLCH, da Universidade de São Paulo - USP; Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas - Unicamp. Publicação: Série Idéias n. 11. São Paulo: FDE, 1991 Páginas: 15-25
Retirado de:
www.crmariocovas.sp.gov.br/amb

Houve Um Tempo de Didática Difusa

Como adjetivo - didático, didática - o termo é conhecido desde a Grécia antiga, com significação muito semelhante à atual, ou seja, indicando que o objeto ou a ação qualificada dizia respeito a ensino: poesia didática, por exemplo. No lar e na escola, procedimentos assim qualificados -didáticos - tiveram lugar e são relatados na história da Educação. Como objeto de reflexão de filósofos e pensadores, participam da história das idéias pedagógicas.
A situação didática, pois, foi vivida e pensada antes de ser objeto de sistematização e de constituir referencial do discurso ordenado de uma das disciplinas do campo pedagógico, a Didática.

Na longa fase que se poderia chamar de didática difusa, ensinava-se intuitivamente e/ou seguindo-se a prática vigente. De alguns professores conhecemos os procedimentos, podendo-se dizer que havia uma didática implícita em Sócrates quando perguntava aos discípulos: "pode-se ensinar a virtude?" ou na lectio e na disputatio medievais. Mas o traçado de uma linha imaginária em torno de eventos que caracterizam o ensino é fato do início dos tempos modernos, e revela uma tentativa de distinguir um campo de estudos autônomo.

Século XVII: surgimento da Didática

A inauguração de um campo de estudos com esse nome tem uma característica que vai ser reencontrada na vida histórica da Didática: surge de uma crise e constitui um marco revolucionário e doutrinário no campo da Educação. Da nova disciplina espera-se reformas da Humanidade, já que deveria orientar educadores e destes, por sua vez, dependeria a formação das novas gerações. Justifica-se, assim, as muitas esperanças nela depositadas, acompanhadas, infelizmente, de outras tantas frustrações.

Constata-se que a delimitação da Didática constituiu a primeira tentativa que se conhece de agrupar os conhecimentos pedagógicos, atribuindo-lhes uma situação superior à da mera prática costumeira, do uso ou do mito. A Didática surge graças á ação de dois educadores, RATÍQUIO e COMÊNIO, ambos provenientes da Europa Central, que atuaram em países nos quais se havia instalado a Reforma Protestante.

Essa etapa da gênese da Didática a faz servir, com ardor, á causa da Reforma Protestante, e esse fato marca seu caráter revolucionário, de luta contra o tipo de ensino da Igreja Católica Medieval. Doutrinariamente, seu vínculo é com o preparo para a vida eterna e, em nome dela, com a natureza como "nosso estado primitivo e fundamental ao qual devemos regressar como princípio”( Comênio).

Conheçam Seus Alunos - diz Rousseau

As instituições dos didatas parecem ter-se estiolado no decurso do tempo e a História da Educação consigna apenas iniciativas esparsas até o final do século XVIII. ROUSSEAU é o autor da segunda grande revolução didática. Não é um sistematizador da Educação, mas sua obra dá origem, de modo marcante, a um novo conceito de infância.
A prática das idéias de ROUSSEAU foi empreendida, entre outros, por PESTALOZZI, que em seus escritos e atuação dá dimensões sociais ã problemática educacional. O aspecto metodológico da Didática encontra-se, sobretudo, em princípios, e não em regras, transportando-se o foco de atenção às condições para o desenvolvimento harmônico do aluno. A valorização da infância está carregada de conseqüências para a pesquisa e a ação pedagógicas, mas estas vão ainda aguardar mais de um século para concretizar-se.

Inflexão Metodológica Herbartiana, no Século XIX

Na primeira metade do século XIX, João Frederico HERBART (1776-1841) deseja ser o criador de uma Pedagogia Científica, fortemente influenciada por seus conhecimentos de Filosofia e da Psicologia da época. Situa-se no plano didático ao defender a idéia da "Educação pela Instrução", bem como pela relevância do aspecto metodológico em sua obra. 0 método dos passos formais" celebrizou o autor, que o considerava próprio a toda e qualquer situação de ensino.
HERBART tem o mérito de tornar a Pedagogia o "ponto central de um círculo de investigação próprio. Observe-se que os fundamentos de suas propostas, e estas mesmas, vieram a merecer críticas dos precursores da Escola Nova cujas idéias começam a propagar-se ao final do século XIX.

Um Intervalo na Trajetória Histórica: comentário sobre o duplo aspecto da Didática

Da original proposta didática do século XVII, duas linhas se destacam e estarão daí em diante em conflito. De um lado fica a linha metodológica, que, fundamentada no que se conhecia sobre a natureza no século XVII ou sobre a Psicologia no começo do sécu XIX, acentua o aspecto externo e objetivo do processo de ensinar, embora o faça em nome do sujeito (criança, aluno, aprendiz) que se pretende ensinar de modo eficiente. A linha oposta parte do sujeito, de seus anseios e necessidades, acentuando o perene interno do educando.
A Didática do século XIX oscila entre esses dois modos de interpretar a relação didática: ênfase no sujeito - que seria induzido, talvez "seduzido" a aprender pelo caminho com curiosidade e motivação - ou ênfase no método, como caminho que conduz do não-saber ao saber, caminho formal descoberto pela razão humana.

Quanto à relação entre Didática e Sociedade ocorre o seguinte: no século XVII, a constituição dos estados nacionais e a modernidade valorizam o ensino e desejam aumentar seu rendimento. O método é interpretado como uma defesa dos interesses da criança, que é peça importante de uma nova sociedade, a sociedade reformada dos principados germânicos. Já o final do século XVIII é a época revolucionária, em que o feudalismo e a monarquia absoluta receberam seu golpe mortal.
No entanto, estamos já no caminho do que se convencionou chamar o Estado representativo, seja na forma de monarquia constitucional (Inglaterra e França pós-revolução) ou na de república, na Europa e América dos séculos XIX e XX. O pressuposto é a igualdade entre os homens e a Educação política do povo, só conseguida se houver uma Educação liberal. Quanto aos Estados socialistas que se vão desenvolver a partir do primeiro quarto do século XX, a sua própria necessidade de reorganização política impunha um esforço de Educação, mas desconfiava dos rumos escolanovistas, que se anunciam.

A Escola Nova

Não é coincidência que a era do liberalismo e do capitalismo, da industrialização e urbanização tenha exigido novos rumos á Educação. Na burguesia dominante e enriquecida, a Escola Nova vai encontrar ressonância, com seus ideais de liberdade e atividade. É preciso considerar, no entanto, que já se iniciam as novas doutrinas socialistas que ao final do século vão ser progressivamente dominadas pelo marxismo. Na prática, o século assiste ao despontar dos poderes públicos com relação á escola popular, aos debates entre a escola laica e a confessional e ás lutas entre orientações católicas e protestantes, em países atingidos pela Reforma.
A lenta descoberta da natureza da criança que a Psicologia do final do século XIX começa a desvendar sustenta uma atenção maior, nos aspectos interno e subjetivo do processo didático. Numa relação que só pode ser plenamente compreendida como de reciprocidade, uma nova onda de pensamento e ação faz o pêndulo oscilar para o lado do sujeito da Educação.

O movimento doutrinário, ideológico, caracteriza-se por sua denominação mais comum: Escola Nova, também Renovada, Ativa ou Progressista, conforme as vertentes de sua atuação. Contrapõe-se, pois, a concepções consideradas antigas, tradicionais, voltadas para o passado.
Na Europa como nos Estados Unidos, pode-se arrolar tendências diferentes: a psicopedagogia com CLAPARÈDE, FERRIÈRE, BOVET; a medicina pedagógica com MONTESSORI e DECROLY ou a sociopedagogia de FREINET, DEWEY, KERSCHENSTEINER e COUSINET. A base psicológica é predominantemente funcionalista, mas afastando-se tanto do pragmatismo americano quanto das influências do associacionismo; no entanto, os fundamentos sociológicos divergem, indo da linha social-democrata à socialista.

No Final do Século, a Didática Oscila Entre Diferentes Paradigmas

“Um paradigma (ou um conjunto de paradigmas) é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma.” (Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas)

Qual o paradigma compartilhado, quanto á Didática? Como é que a comunidade educacional interpreta esse paradigma?

Considero que a dificuldade de responder a essas questões encontra-se no fato de que não há um paradigma, mas talvez paradigmas em conflito. E atrevo-me a dizer que boa parte dessa situação se deve a uma espécie de contaminação entre a Didática disciplina - e o conteúdo dos cursos. Explicando melhor, o continente didático acolhe diferentes conteúdos, em termos de tendências doutrinárias ou teóricas. Ou seja, algumas obras ou cursos privilegiam determinadas inflexões-sociológicas, psicológicas, filosóficas -, mas nem sempre as mesmas. Interpretam o Ensino de muitos modos. Há diferenças entre posições teóricas e diretrizes metodológicas ou tecnológicas. E condena-se o continente por seu conteúdo.
Tomar consciência que a Didática hoje oscila entre diferentes paradigmas pode ser algo muito auspicioso para a comunidade pedagógica. Na verdade ela nunca foi monolítica: é o que prova a própria necessidade de adjetivação adotada tantas vezes: Didática renovada, ativa, nova, tradicional, experimental, psicológica, sociológica, filosófica, moderna, geral, especial etc.
Pois é certo que a Didática têm uma determinada contribuição ao campo educacional, que nenhuma outra disciplina poderá cumprir. E nem a teoria social ou a econômica, nem a cibernética ou a tecnologia do ensino, nem a psicologia aplicada à Educação atingem o seu núcleo central: o Ensino.
Esse núcleo, que tantas vezes ficou obscurecido pelo conceito de Método, algo que deveria ser entregue, "presenteado" ao professor, e outras pela relevância do sujeito-aluno, unilateralmente e individualmente, sem que se pudesse discernir a dialética professor - aluno ( no singular, como no plural) que deve nortear as pesquisas sobre o processo.
É como decorrência desse conceito nuclear que se situam as inquietações da Didática atual. É esse conceito que é objeto de controvérsias teóricas, que às vezes levam a disputa ao campo interdisciplinar do "currículo", como que exigindo da Didática que proceda ã sua invasão, já que o conteúdo do ensino - o "o quê" se ensina - tanto pode ser problema didático quanto curricular. Outras vezes leva a outro campo inter-relacionado, o da Psicologia do Desenvolvimento ou Aprendizagem, já que o êxito do processo de Ensino, aquilo mesmo que justifica tentá-lo, é a Aprendizagem. E, conforme a Teoria, surge todo o problema do desenvolvimento intelectual, afetivo, moral, social, igualmente interdisciplinar.
Mais um problema de limites, e crucial, está nas outras questões: por que ensinar? e para quê? E chegamos aos limites da Filosofia da Educação, da Sociologia, da Política, pelo menos.
Dei esses exemplos para mostrar que o inter-relacionamento da Didática com outras áreas do conhecimento é intenso e constante, o que de modo algum prejudica sua autonomia, mas, ao contrário, vem enriquecê-la. Há alguns anos, visualizei a situação didática como um tronco de cone no qual uma secção menor (a) refletindo o plano da relação humana, vivido na situação didática típica; uma secção intermediária (b) destacando o aspecto técnico do ensino; e a mais ampla (c), que chamei de região cultural, na qual se decidem objetivos e conteúdos. Mas a situação repousa sobre bases que abrangem todos os aspectos da sociedade.

Qual a Situação Atual da Didática?

Chegou o momento de procurar responder às questões iniciais, que giram em torno do objeto de estudos e da delimitação do campo da Didática, de sua autonomia e relacionamento com outras áreas de conhecimento e reflexão.
Conseguindo-se apontar o núcleo dos estudos didáticos, ou seja, o Ensino, como intenção de produzir aprendizagem e sem delimitação da natureza do resultado possível (conhecimento físico, social, artístico, atitudes morais ou intelectuais, por exemplo), e de desenvolver a capacidade de aprender e compreender, é fácil entender que suas fronteiras devem sei fluidas. E que essa fluidez é qualidade e não defeito, pois permite sua aproximação com conhecimentos psicológicos, sociológicos, políticos, antropológicos, filosóficos ou outros.
Mas, afinal, será mesmo a Didática apenas uma orientação para a prática, uma espécie de receituário do bom ensino? Esse é um dos mais discutidos problemas da disciplina. Se assim fosse não valeria a atenção de tantos, embora possa até chegar lá, como qualquer disciplina que comporta aplicações práticas. Mas a teorização em Didática é quase uma fatalidade: em todas as discussões há, explícita ou implicitamente, uma tomada de posição teórica. Disse um eminente pensador, há muitos anos, que o pedagogo quase nunca foi o filósofo de sua pedagogia ... Assim é a Didática, que, como vimos, se aproxima de outras teorias, em sua necessidade de explicar as relações entre os eventos que estuda, pois a função da teoria é a explicação.
A Didática deve conviver com essa dupla feição, teórica e prática. Como a Medicina. E uma prática muito especial, pela responsabilidade social que a envolve, já que tem uma grande impregnação social. Mas são diferentes a elaboração de um rol de prescrições e o traçado de conjecturas, de proposições com diferentes graus de probabilidade, de hipóteses conduzidas pela teoria. Pois os caminhos didáticos, ao contrário do que julgam alguns tecnodidatas, são amplos e diferenciados e não estritos e exclusivos.

Considerações Finais

O panorama do final do século XX não é simples. A Didática está impregnada de todas as inquietações da época e, entre as muitas frentes de pesquisa e exploração, ora requer auxílio da psicologia profunda de origem freudiana, ora recorre às correntes neomarxistas. A oscilação entre uma tendência psicológica que acentua a relevância da compreensão da inteligência humana e sua construção e outra que se apóia na visão sociológica das relações escola-sociedade, parece dominar o conteúdo da disciplina. Esta, em conseqüência, vai-se familiarizar com teorias de origem epistemológica e social, sem perder, no entanto, seu compromisso com a prática do ensino.
Nos programas de Didática, essa fermentação ideológica nem sempre consegue um resultado harmônico: os novos temas ainda não tiveram função aglutinadora e vêem-se programações enviesadas com exclusividade, de um lado ou de outro. Não se entenda, entretanto, que defendo a possibilidade de uma "Didática Marxista" ou "Didática Sociológica" ou "Didática Cognitivista(11) ou qualquer outra adjetivação que indique um ponto de vista exclusivo sobre seu campo de estudos.
Pois ocorre que, por constituir-se a Didática numa disciplina que pode ser desmembrada em vários planos (exemplifiquei com os planos humano, técnico e cultural), vê-se que, em cada um deles, contribuições de áreas diferentes se tornam úteis e mesmo necessárias.
Sua dupla dimensão (vertical e horizontal) e o ciclo didático sempre recomeçado, por outro lado, vinculam-na diretamente á prática e esta, em sua complexidade, exige recursos e técnicas, cuja eficiência é objeto de pesquisa e experimentação. Mas não existem duas Didáticas, uma teórica e outra prática: são duas faces da mesma moeda, e, como elas, interdependentes.

Um esclarecimento final, sobre o conceito foco da Didática: o Ensino. Revela uma intenção: a de produzir aprendizagem; é palavra-ação, palavra-ordem, palavra-prospectiva, palavra que revela um resultado desejado. Mas, depois de PIAGET, não se pode mais entender o ensino como a simples apropriação de um conteúdo: uma informação, um conhecimento ou uma atitude, por exemplo. O ato assimilador, essência da aprendizagem legítima, correspondente ao ensino que merece esse nome, terá como subproduto (sub ou super?) alguma mobilização da inteligência redundando em progresso cognitivo, em capacidade ampliada para conhecer ( ou aprender).
É desse fenômeno que trata a Didática: do ensino que implica desenvolvimento, melhoria. E mais: não se limita o bom ensino ao avanço cognitivo intelectual, mas envolverá igualmente progressos na afetividade, moralidade ou sociabilidade, por condições que são do desenvolvimento humano integral.
Quero, ainda, deixar claro que, do meu ponto de vista, a Didática, como disciplina e campo de estudos, parece acelerar o progresso no sentido de uma autoconsciência de sua identidade - encontrada em seu núcleo central - e de sua necessária interdisciplinaridade. Conseguir plenamente a autonomia, sem prejudicar suas fecundas relações com disciplinas afins, é um projeto que, a meu ver, depende tanto de um esforço teórico e reflexivo, quanto de um avanço no campo experimental.

Creio que é tarefa para o século XXI.

Amélia Domingues de Castro

Publicação: Série Idéias n. 11. São Paulo: FDE, 1991 Páginas: 15-25


Fonte: http://www.centrorefeducacional.pro.br/trajddt.htm

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Os Dez não ditos...



...ou a Face escondida da Profissão Docente

Philippe Perrenoud
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Universidade de Genebra
1999

A imagem pública de uma profissão docente constitui um grande desafio tanto para profissionais quanto para as organizações que os formam ou os empregam. Essa imagem torna-a visível, situa-a em relação a outros : identifica tendências, pontos fortes, pontos fracos. Nenhuma corporação profissional pode ser indiferente à sua imagem pública na medida em que sua reputação depende disso ; logo, também o prestígio, o rendimento, o poder de seus membros dependem disso. A imagem tende, naturalmente, a defender e a ilustrar a profissão ; logo, fala do professor digno deste nome, da profissão tal como deveria ser. O Estado e os outros poderes organizadores da escola definem e controlam, por sua parte, excessivamente as competências, as condições de recrutamento, a formação inicial ou contínua dos professores que formam ou empregam. Então, a imagem pública do professor igualmente importa porque se confunde, em parte, com a defesa e ilustração da profissão docente, a pedido de outros interessados, que se queixam tradicionalmente de não serem apoiados suficientemente pelos responsáveis do sistema educativo. Nos momentos em que a imagem pública dos professores não é aduladora, os atores da escola fazem calar suas querelas internas e reconstituem calar suas querelas internas e reconstituem a união sagrada contra seus detratores, aqueles que denigrem ao mesmo tempo a profissão assim como as organizações que a mantêm.

Nenhum poder pode esperar dominar integralmente sua imagem pública. Mesmo os Estados totalitários, aqueles que controlam a imprensa e a opinião pública oficial, não podem impedir as pessoas de pensar e dizer baixinho o que pensam. Pode acontecer que a confrontação de imagens, umas mais positivas, outras mais negativas, favoreça um certo equilíbrio no espírito daqueles que procuram ver claro e dizem que a verdade se encontra sem dúvida entre os dois. A contradição, entretanto, não é uma garantia suficiente de lucidez. Ela evita simplesmente que uma imagem simplificadora e injusta domine a opinião.

O que importa, para formar os professores, para garantir o desenvolvimento dos sistemas educativos, as reformas de estrutura e de currículo, a luta contra o fracasso escolar, não são os julgamentos globalmente equilibrados sobre os docentes, sem dar razão nem a detratores nem a defensores incondicionais. Para construir um plano e dispositivos de formação, melhor seria proceder à análise paciente da complexidade da profissão, computando o que se diz publicamente, que contém uma parte de verdade, e concentrando-se também, e talvez em primeiro lugar, naquilo que se encontra no âmago das práticas pedagógicas, mas que não podem ser ditas publicamente.

Por que não podem ser ditas publicamente ? Por que os diversos aspectos das práticas e da profissão docente não encontrariam uma justa contrapartida nas imagens públicas ? A questão pode parecer trivial : cada organização não tem suas vítimas nas prateleiras ; cada corporação profissional não tem suas ovelhas negras ? Existem em todas as corporações constituídas, à margem, uma fração mínima de pessoas sem nenhuma possibilidade de defesa, que usurpam seu título e a confiança que se pode ter nelas. A corporação não pode reconhecer isso publicamente, salvo quando se constitui no único meio de se proteger do risco (ainda mais grave) de parecer cobrir o inaceitável.

A imagem pública que propõe uma corporação profissional de leigos médios é sempre mais rosa que a diversidade efetiva das práticas e dos profissionais. Colocam-se, de início, os leigos mais admiráveis por suas competências, seu devotamento, seu trabalho obstinado, sua justiça, seu espírito inovador. Minimizamos a parte daqueles que não têm as qualificações necessárias, que fazem o menos possível, que não respeitam as regras de ética ou que não renovam sua formação. Por que os professores seriam, a esse respeito, mais perfeitos do que os médicos, os policiais, os jornalistas ou os tabeliões ? E por que teriam interesse, mais que os outros, em reconhecer abertamente essa imperfeição ?

Seria muito interessante comparar a maneira pela qual diversas profissões tendem a ocultar ou minimizar sua parte dos fracassos ou das asneiras. Esse não é o nosso propósito. Eu não me interesso pela exceção, mas pela regra, no que constitui o âmago da profissão tal como a exercem os professores comuns, normalmente competentes e respeitáveis. Não se trata, pois, das exceções, qualquer que seja o seu número, mas da regra : o ensino parece-me uma profissão em que alguns componentes principais são ignorados ou largamente amenizados nas imagens públicas da profissão, e mesmo nas imagens internas.

Analisarei os não-ditos da profissão docente em dez quadros : o medo ; a sedução negada ; o poder vergonhoso ; a avaliação todo-poderosa ; o dilema da ordem ; a parte do fazer tudo ; a solidão ambígua ; o aborrecimento e a rotina ; a inconfessável distância ; a liberdade sem a responsabilidade. Explicarei, em seguida, as razões desses não-ditos, chamados a comédia da dominação e da racionalidade.

I. Os não-ditos

Por que os dez não-ditos ? O número deve-se mais ao prazer do jogo de palavras que à existência na realidade de dez dimensões escondidas da profissão docente, nenhuma a mais ou a menos. Acrescento que o inventário aqui proposto não tem uma lógica particular, nem pretende ser exaustivo. Não se fundamenta sobre certezas científicas, mas de preferência sobre um diálogo sem interrupção com os professores nos grupos de formação ou nos encontros de pesquisa em que eles falam sem exageros de seu coditiano.

O medo

Medo, eu, você quer rir ? Do que teria medo ? Sim, nos bairros marginalizados, há o medo de encontrar seu automóvel com os pneus furados, de ser pessoalmente agredido. Existe o medo, eventualmente, de não levar vantagem em classe. Mas são, ainda, situações marginais, mesmo se elas ocorrerem em um número crescente de estabelecimentos atacados pela crise urbana. Essas condições extremas podem parecer estranhas à essência da profissão docente. Eu creio, ao contrário, que elas revelam uma das raízes da relação e das práticas pedagógicas. Ensinar é principalmente :

  • pretender saber melhor que os alunos e melhor que as famílias - esta superioridade não existe sem falha, o que gera certas medidas repressivas antiquadas ;

  • fazer justiça ; logo, ser contestável e contestada em nome da eqüidade ;

  • exercer um poder e instituir uma lei ; logo, afrontar resistências abertas ou latentes que nem sempre temos certeza de resolver ;

  • sancionar certas condutas ; logo, correr o risco de cometer pequenos ou grandes erros judiciários ;

  • trabalhar com pessoas complexas, mesmo sem dominar tudo o que lhes fazemos, e por vezes lamentar isso ;

  • voltar-se freqüentemente a si mesmo, aos seus próprios limites, incertezas ou crises de identidade ;

  • ser exposto a cada dia ao olhar dos alunos e, através deles, aos dos familiares e, então, ser julgado sem miliares e, então, ser julgado sem poder sempre se explicar ;

  • ser, de vez em quando, desestabilizado por acontecimentos imprevisíveis e ser, de uma hora para outra, desnudado diante dos alunos ou de colegas ;

  • engajar-se, às vezes, a relações intersubjetivas de alto risco ;

  • ser julgado pelos colegas e pela hierarquia, freqüentemente sem indulgência, sobre uma base de fatos muito fragmentários ;

  • viver dilemas, casos de consciência dos quais ninguém está certo de sair orgulhoso de si mesmo.

Entre o pânico irrepreensível do jovem professor jogado num colégio de má reputação de periferia e as pequenas angústias de um professor aguerrido instalado numa zona aprazível, não existe uma medida comum. A instituição, a formação, a experiência têm por função, senão dominar totalmente esses medos, pelo menos reduzi-los a proporções razoáveis, ou simplesmente fazê-los calarem-se. " A França tem medo ", afirmou um dia um jornalista na televisão ! Ele generalizava para melhor assinalar o aumento de um sentimento de insegurança urbana. Não era toda a França que tinha medo, assim como também não são todos os professores que tremem cada dia antes de ir para a classe. Seria, talvez, mais justo dizer que não é necessário muito para que o medo volte, para que a pacificação das relações sociais apareça de repente muito frágil, para que outro se torne ameaçador. Medos precisos ou angústias difusas, pequenas ou grandes, que atravessam a profissão docente, dessas não se fala ou nem se fala muito.

A sedução negada

Para instruir é preciso, de uma maneira ou de outra, captar a atenção e a boa vontade. Como os programas são, por vezes, áridos para os alunos que não são mais herdeiros e cuja relação com o saber é incerta, a melhor alternativa que resta ainda é seduzir, com a condição de nunca confessar que é, ao mesmo tempo, um poderoso motor e um verdadeiro prazer…

É considerado normal que os menores sejam protegidos e que a sedução permaneça na ordem do saber e da comunicação intelectual. Pode-se recorrer a outras metáforas ameaçadoras : presença, carisma, arte de captar o olhar e o espírito, senso de humor, talento pedagógico. No total, o saber é raramente dissociável da pessoa que o encarna e bem se sabe que um professor que passa bem torna agradáveis ensinamentos em si mesmos ingratos. Seduzir não é necessariamente se fazer amar e, logo, fazer amar aquilo que se ama. É, no mínimo, favorecer uma transferência, fazer amar os conteúdos : quem ama outra coisa, por exemplo, o ambiente, o jogo, o suspense, a competição, a solidariedade, a representação, a emoção, a surpresa.

Seduzir para ensinar ensinando choca-se contra um duplo tabu : de uma parte, tudo o que a palavra e a idéia evocam no registro do desejo e da culpabilidade ; de outra parte, a recusa de toda manipulação. A escola gostaria de acreditar que se aprende não pelos " belos olhos " do professor ou da professora, nem mesmo pelo jogo social que se organiza em torno do saber, mas pelo valor intrínseco deste último. Ficção respeitável, mas que lança um véu pudico sobre o que realmente faz funcionar para fisgar, atrair, embarcar todos aqueles que não caíram desde a infância no caldeirão do saber.

O poder vergonhoso

A sedução raramente é suficiente. Ela não opera sobre todos os alunos ou todos os grupos, ou não é suficientemente constante para garantir as condições adequadas de ensino e aprendizagem. Então, ser professor é também ameaçar e punir, exercer uma violência que, por ser simbólica, não é menos dolorosa que os castigos corporais. Ora, chamar a atenção, chamar a ordem, sancionar, ameaçar não é muito valorizado para um professor, não é a parte da sua profissão a que reivindica mais abertamente. Globalmente, o poder não é bem visto no mundo do ensino. Agora, coloque a palavra em um projeto pedagógico : em geral, vai-se encontrar alguém para dizer que esta palavra o aborrece. O poder é uma coisa ruim, uma coisa vergonhosa, um tabu absoluto em certos grupos, um fenômeno eufemístico na maioria das vezes.

Ensinar consiste também, e às vezes em primeiro lugar, em assumir uma relação de força, em exercer uma forte coação sobre alunos que não pediram nem para serem instruídos, nem para ouvir as lições, nem para fazer os exercícios escolares quase todos os dias de nove a quinze anos de suas vidas. A sociedade adulta não se preocupa com que os professores, aos quais delegou essa função ao mesmo tempo nobre e ingrata, se utilizem de forma exageradamente explícita de parte da violência, doce ou menos doce.

Os próprios professores não estão muito à vontade com o poder e preferem passar por gatos sobre brasas, desde que se trate de analisar o que passa sob este ângulo, tanto numa classe como numa equipe pedagógica. O único poder do qual se fala com segurança é aquele que pode ser denunciado porque estamos submetidos a ele. Pode-se, eventualmente, aceitar exercer a autoridade pedagógica como um mal necessário, uma condição de ensino e de igualdade. É mais difícil reconhecer que se pode desfrutar o poder, reconhecer que o desejo de ensinar não está muito distante do desejo de modelar o outro, de lhe traçar o caminho.

A avaliação todo-poderosa

Ranjard (1984) não dissocia a temática da avaliação da do poder. Ele se pergunta por que os professores se agarram a essa atribuição de notas, da qual cada um conhece hoje os limites - os vieses, o arbitrário, os aspectos destrutivos. Ranjard responde :

Eles defendem um prazer. Um prazer de má qualidade mas seguro, garantido, cotidiano. Um prazer que deve ser disfarçado para ser vivido sem culpabilidade. (...) Esse prazer, é o prazer do Poder com P maiúsculo. O professor é o senhor absoluto de suas notas. Ninguém no mundo, nem seu diretor, nem seu inspetor, nem mesmo seu ministro, não pode fazer nada sobre as notas que ele deu. Porque foi no âmago de sua consciência que ele as atribuiu. Com seu diploma, lhe foi reconhecida a competência de dar nota (ao que não falta um pouco de pimenta !). Sua consciência profissional é inatacável. Na sua função de avaliador, ele é todo o poderoso. E este domínio, é o poder sobre os alunos. (Ranjard, 1984, p.94)

Sem dúvida, não se deve generalizar : certos professores sofrem o martírio diante das contradições do seu papel. Pode-se, no entanto, retomar Rajard em um ponto : se a maioria dos professores desprezasse em profundidade as notas e outras classificações, o sistema não teria a força de impô-las ! Muitos encontram nisso, realmente, a parte que lhes cabe por diversas razões. Talvez, para alguns, seja a fórmula de Ranjard um prazer que vem dos infernos e não tem a coragem de olhar de frente ! Talvez seja simplesmente o único meio de pressão eficaz ; pelo menos no momento, o risco de fracasso é mobilizador. É também uma maneira de dividir a progressão do conhecimento, do saber, de regular o investimento e o ritmo do trabalho da classe (Chevallard, 1986). Ou ainda, a inconsciente repetição de esquemas autoritários vividos e suportados da infância até a formação, depois na instituição escolar…

No trabalho escolar, a avaliação pode representar um terço, ou seja 40-50% do tempo de presença em classe. No tempo de trabalho pessoal do professor, a preparação de provas e a correção de cópias pesam muito. No entanto, na identidade que estabelecem os professores, este componente da profissão é raramente colocado na frente. Faz parte daquelas coisas que precisam ser bem feitas, mas que não parecem muito gloriosas. Por quê ? Porque a distância é grande, por exemplo, entre quatro anos de estudos literários e a correção semanal de 25-30 dissertações de colegiais ; porque a avaliação é o componente menos agradável da prática, em que a injustiça ameaça, aflora ou brilha, em que o fracasso da escola se manifesta com o fracasso de alguns alunos (Perrenoud, 1993b).

O dilema da ordem

É impossível estar preparado para tudo que pode acontecer numa classe. No campo do saber, o professor pode encontrar-se nos limites daquilo que ele domina, pelo menos se ele cria situações didáticas de riscos. Na ordem das relações intersubjetivas e das dinâmicas de grupos, é absolutamente impossível prever tudo, salvo se for exercida uma repreensão feroz. Sintetizando, nos encontramos, então, diante de duas estratégias igualmente inconfessáveis. A primeira consiste em delimitar os conteúdos e as tarefas, as relações e as regras do jogo de tal modo que nenhum imprevisto possa acontecer :

A diretora insiste muito para que tenhamos uma maneira de trabalhar muito rigorosa, nunca com hesitação, com nenhum projeto que aborte… Por exemplo, durante um curso, que não seja permitido que um anjo passe, que não seja dado tempo para que um anjo passe, quatro ou cinco alunos que estão sobre a mesa… ou de pé sobre a cadeira ou de pé na classe. O barulho, a agitação ou a bagunça ou a desordem começam muito rápido, se um anjo passa. Eu, com a experiência que tenho, é preciso… quando o professor põe o pé na sua classe, é preciso que o seu curso seja muito rigorosamente estruturado, que ele saiba do primeiro até o último minuto aquilo que vai fazer. Se o curso termina cinco minutos antes do fim da hora, eu tenho sempre um jogo para os ocupar de maneira agradável, até o último minuto, porque se eles não estão ocupados até tocar o sinal do fim da aula, haverá desordem. Não se pode esperar que este tipo de aluno vá permanecer calmo e se a gente diz para eles : terminei minha aula, podem fazer o que quiserem nos cinco minutos restantes… Ah não ! eu jamais vi os alunos ficarem calmos cinco minutos se eles não estiverem ocupados pelo professor (fragmento de uma entrevista recolhida e relatada por Derouet, 1988).

Não permito que um anjo passe ! Não pode acontecer a menor falha que desestabilize o sistema didático e a relação pedagógica. Com exceção das classes em que reina uma harmonia preestabelecida, em que os alunos são preparados de antemão para a causa do ensino, o controle social sem falha supõe uma violência simbólica considerável e um grande fechamento à vida para a diversidade de pessoas. Ninguém exporia com orgulho o fato de que aferrolhar tudo para não ser tomado de surpresa, nem correr o risco de perder o controle ou o poder.

Poderia ser adiantada voluntariamente a hipótese de que certos professores estão sempre do lado da radicalização ; outros estão do lado da improvisação com altos riscos, mas a maioria oscila entre essas duas posturas, conforme os momentos da semana ou do ano, os vôos, as partes do programa, o clima. Não é fácil uma imagem pública dar conta dessas oscilações sem correr o risco de parecer incompetente. As duas estratégias levam o professor a se sentir vulnerável : uma atitude tradicional, frontal, rígida, parece hoje voltar as costas às pedagogias do projeto e à diferenciação de ensino ; diremos que ela não leva em conta a realidade dos alunos, que fabrica o fracasso e a exclusão. Ao mesmo tempo, as famílias e a opinião pública persistem em esperar dos professores atitudes ortodoxas, uma planificação precisa de aprendizagem, uma autoridade sem falha. Como se fosse difícil aceitar a parte de desordem, de negociação, de oportunismo indissociável das pedagogias abertas (Perrenoud, 1994 a ; 1995 a).

A parte da bricolage

Fazer milagres com aquilo que está ao alcance da mão suscita admiração se falarmos de Robinson Crusoé ou de um faz-tudo genial. Os profissionais são, ao contrário, considerados pessoas que dispõem dos instrumentos adequados para cumprir sua tarefa. O que pensaríamos de um dentista ou de um cirurgião que procura, com um brilho de excitação no olhar, um instrumento que lhe permitiria realizar bem feito seu trabalho. Ele diz, ao contrário, à instrumentadora : Passe-me a pinça de Perkins nº 4. O professor não tem uma instrumentadora. No entanto, espera-se também que ele tenha ao alcance da mão, quase sempre, os meios de ensino e de avaliação que a ele convêm. Aqui também, duas estratégias se apresentam :

  • uma é se limitar a dar seus cursos utilizando os manuais padronizados, virando as páginas no texto do saber, realizando os exercícios previstos ; esta maneira de fazer convém para certas classes, mas provoca o fracasso entre muitas outras, porque o nível dos alunos e sua relação com o saber não corresponde ao que imaginaram os autores dos manuais que trabalham a partir de programas e de uma transposição didática satisfatória para o espírito, mas que trabalham ligados a um tema epistêmico abstrato mais do que às imposições da realidade, pela diversidade dos alunos, das condições de trabalho e de meio ambiente institucionais e sociais (Perrenoud, 1993c) ;

  • a outra estratégia, por sua vez imposta pela realidade das classes, é a de tornar mais leves os programas (Perrenoud, 1990) ; de utilizar de maneira pragmática, ou às vezes até oportunista, toda a sorte de meios de ensino. A coerência didática desses meios não é, então, a principal preocupação do professor, que está sobrecarregado com outras prioridades.

Colocar simplesmente o problema é correr o risco de parecer pouco criativo, funcionário conformista, franco atirador, desejoso de reinventar a roda para seu prazer… O verdadeiro profissional é aquele que reconhece os dilemas e aceita não poder responder simplesmente ou uma vez por todos. É também aceitar se expor ao julgamento crítico daqueles que consideram a dúvida uma fraqueza de caráter ou um sinal de incompetência…

A solidão ambígua

Profissão individualista, dizem. O professor pode fazer o que quer uma vez fechada a porta da sua classe. Será isso verdade e tão satisfatório quanto é dito ? Tanto não é uma maneira de se proteger quanto uma aspiração a uma total autonomia ? O professor faz o que quer tanto mais facilmente quanto quer, grosso modo, que a instituição e a sociedade lhe prescrevem.

A solidão da profissão docente aparece freqüentemente como escolhida e assumida condição de autonomia, de criatividade ou de eficácia. Essa representação é reforçada por aqueles que falam de seu ceticismo ou de suas reticências frente ao trabalho em equipe pedagógica e geralmente a qualquer forma um pouco intensiva de cooperação profissional. Como não ver que essas afirmações escondem também a refutação do confronto com os outros, o temor de ter de se engajar mais no trabalho, de ser levado a mudar sua prática sob a influência dos outros, o sentimento de que não será capaz de preservar sua identidade. Trabalhar junto, numa profissão humana, é, já disse, " partilhar sua parte da loucura " (Perrenoud, 1994 c). Fórmula certamente exagerada, se tomarmos loucura em sentido mais pleno, mas que enfatiza que a relação pedagógica e a gestão de classe engajam profundamente a pessoa do professor no que ele tem de mais íntimo, no que concerne à sua identidade, à sua maneira de ser no mundo, a seus valores e atitudes menos negociáveis ou justificáveis em nome da razão. Gostos e cores, dizemos, não se discutem. Resta admitir que numa prática profissional também existem gostos e cores !

O aborrecimento e a rotina

" Será que eu vou morrer em pé, diante de um quadro-negro, com um giz na mão ? " Essa frase de Huberman (1989) resume a interrogação que domina uma parte dos professores engajados depois de dez anos ou mais no ciclo da vida profissional. Durante os primeiros anos, o professor não se aborrece, ocupado demais em fazer " andar " as classes em que atua. Após alguns anos mais tranqüilos, pode, para apimentar um pouco a vida profissional, engajar-se num projeto da escola ou em alguma inovação. Também se cansa e chega o momento em que o aborrecimento espreita, em que não se tem mais energia e fé suficientes para remover montanhas.

É claro, alguns escapam às regularidades do ciclo de vida profissional e vivem uma aventura pedagógica a cada instante. Acontece que a condição de professor média condena a uma grande repetição. Sem dúvida, há rotina nas profissões, mesmo nas mais qualificadas. No momento, na quadragésima consulta insignificante da semana, mais de um médico se pergunta, sem dúvida, por que ele fez tantos anos de estudos para tratar de gripes e reumatismos. Ao menos terá cada semana um problema novo a resolver, que mobilizará toda sua sagacidade. Com os professores ocorre algo diferente ? Para que um problema inédito seja fonte de renovação e de gratificação, é preciso estar pronto para acolhê-lo e tratá-lo com curiosidade e seriedade. Numa classe, se o professor abrir bem os olhos, os desafios não faltam. Também é necessário relevá-los, que valha a pena. Ora, a estrutura - programas, horários, cursos segmentados, recortes disciplinares - leva antes a não provocar senão os problemas passíveis de educação. Um professor lúcido vive com um vago sentimento de remorso : ele sabe que a situação de certos alunos não é desesperadora, que bastaria… Ora, com 25-30 alunos, um programa longo, algumas horas espalhadas na semana para cada disciplina, outras classes para o professor secundário, outras tarefas para o professor primário, não dá para sonhar. A estrutura da profissão obriga os professores a se ocuparem de tudo um pouco e de nada a fundo. O professor é um trocador de pratos, tão ocupado em correr de um para o outro, que não pode se interessar longa e seriamente por cada um em particular.

O sentimento de rotina não está, pois, ligado à pobreza de problemas ; ela provém de uma organização do trabalho que não permite realmente senão tratar dos problemas padronizados e condena-o a viver com os outros, habitado pelo vago, mas desagradável sentimento de que poderia fazer algo de bom se…

Inconfessável distância

A distância vai crescendo entre as normas dos especialistas e o que se pode fazer verdadeiramente numa classe normal. Quanto mais os conhecimentos científicos se desenvolvem sobre as situações de aprendizagem e de ensino, mais os professores são condenados a atuar tendo a consciência de sua ignorância. Ensinar a subtração ou a pontuação era, trinta anos atrás, um trabalho de bom senso pedagógico : o professor devia saber corretamente subtrair ou pontuar e ser capaz de explicar claramente as regras e técnicas elementares. Por que se tentou saber mais, além da curiosidade dos pesquisadores ? Porque essas operações aparentemente simples permanecem por longa duração e, por vezes, definitivamente vagas para uma parte dos alunos ! Para ensinar a subtração ou a pontuação àqueles que resistem a essas aprendizagens, é necessário compreender muito melhor o que se passa - ou não - no seu espírito, em que consistem exatamente as operações mentais visadas e como elas se constroem. A didática das disciplinas a esse respeito fez bastante progresso para que seja difícil conservar essa ingenuidade (Develay, 1991, 1995 ; Astolfi, 1992).

Nenhum profissional pretenderia estar a par de todos os desenvolvimentos de sua arte. Existe, necessariamente, uma distância entre a pesquisa e a prática. Mas, no campo didático e pedagógico, mudam-se os paradigmas, o cenário (Meirieu, 1989) ; já não é mais suficiente dominar os conteúdos e a comunicação pedagógica ; é preciso assimilar muito a psicologia cognitiva e a psicolingüística para saber, por exemplo, por quais operações se produz um texto escrito de tal ou tal tipo e como se consegue o seu domínio. Nós vivemos uma fase de crescimento da distância : uma parte das aquisições das ciências sociais e humanas são recentes e não foram integradas na bagagem dos professores em exercício, seja porque não estavam estabelecidas no momento de sua formação inicial, há dez, vinte ou trinta anos, seja porque esses aportes foram por longo tempo ignorados (ou seja, o são ainda !) pelos programas de formação inicial dos docentes.

Além do mais, as redefinições do papel profissional colocam uma parte dos docentes no caminho errado : suas razões de escolher esta profissão e suas competências não coincidem mais com as novas exigências. Trata-se, agora, de dialogar, ou seja, de negociar com os alunos, as famílias, as comunidades locais ; de desenvolver os projetos dos estabelecimentos ; de trabalhar em equipe pedagógica ; de cooperar com outros especialistas (psicólogos, assistentes sociais, médicos de prevenção, por exemplo). Tudo isso não fazia parte do contrato inicial. A partir de agora, visa-se a uma outra cultura profissional, a uma outra relação de mudança, a uma outra responsabilidade na escola (Gather Thurler, 1993 ; 1994 a e b).

Na hierarquia da sala de aula, a distância aumentou igualmente entre o que um docente médio sabe fazer e aquilo que se espera que ele saiba fazer. Por exemplo, construir seqüências didáticas rigorosas e situações de aprendizagem que atinjam o aluno na sua zona aproximada de desenvolvimento ; diferenciar sua ação pedagógica ; individualizar o percurso de sua formação ; praticar uma observação formativa ; desenvolver métodos ativos e atitudes cooperativas ; reforçar ou suscitar um projeto pessoal no aluno ; trabalhar sobre o valor do trabalho escolar, das situações, dos saberes ; fazer da classe uma sociedade multiétnica baseada na tolerância ; gerir a diversidade das culturas ou simplesmente das famílias (Huberman, 1988 ; Perrenoud, 1995 a).

Nesse movimento, como confessar tranqüilamente : não sabemos fazer ou não se está no ensino para isso ?

A liberdade sem a responsabilidade

Caracterizada por um estado de semiprofissionalização (Perrenoud, 1994 b, 1994 f), a profissão docente navega entre o respeito escrupuloso das determinações da instituição (horários, programas, modalidades de avaliação, métodos didáticos) e a busca da autonomia. A primeira postura libera a responsabilidade individual dos professores ; a segunda contenta-se freqüentemente com aquilo que chamei uma " autonomia de contrabando ", nas margens ou nos interstícios da instituição.

Os professores têm, em geral, dificuldade em explicar claramente a quem, na realidade, prestam contas. À sua hierarquia ? Pareceria que se inclinam diante da inspeção e do enquadramento. Aos seus alunos ? Eles seriam considerados ingênuos demagogos. Aos familiares dos alunos ? Pareceriam estar favorecendo os usuários da escola mais ativos ou mais elitizados. A seus colegas ? Quem acreditaria nele, tendo em vista o individualismo e o respeito mútuo dos grupos que predominam nos estabelecimentos. À sua própria consciência ? Sem dúvida, mas isso é suficiente ?

Do mesmo modo, fica bem difícil dar uma imagem nítida do tempo de trabalho dos professores fora das suas horas de classe. Para manter o status quo, dito de outra forma, a ausência de controle sobre seu tempo de preparação e de formação necessita de uma certa obscuridade.

Há um black-out, igualmente, quanto à maneira pela qual os professores cooperam com seus colegas, tratam os familiares dos alunos, negociam com os seus alunos, administram sua formação continuada. Sobre todos esses pontos, a imprecisão artística é globalmente protetora, a despeito dos preconceitos que não nos permitem desmentir formalmente. Não nos interessa se alguns professores trabalham menos que os outros ; se são intocáveis segundo o código penal ; se não atualizam seus conhecimentos didáticos ou científicos ; ou se têm uma interpretação oportunista dos programas. Cada uma dessas afirmações provocará virtuosos protestos ou categóricos desmentidos, mas sem dados precisos.

Sob esse ângulo, os professores não se empenham em se tornar visíveis porque, no estado presente da profissionalização da sua profissão, eles são tentados a jogar dos dois lados, de proteger sua liberdade sem se expor, em contrapartida, a uma verdadeira avaliação. Cada ator social sonha, é claro, em desfrutar uma liberdade total com uma impunidade total… E cada categoria profissional tem interesse em projetar uma cortina de fumaça. A tecida pelos professores é muito densa.

II. A comédia da dominação e da racionalidade

O exame desses não-ditos mereceria mais nuanças e precauções. Essas simplificações não fazem justiça na íntegra nem à diversidade das práticas, nem à das representações sociais da profissão. Creio, no entanto, que esse breve inventário é válido para uma parte importante da profissão e basta para colocar uma questão : se essas dimensões da profissão são regularmente caladas ou adocicadas, será por razões próprias de cada uma, ou existem mecanismos comuns ? Noto pelo menos um ponto em vermelho : o fechamento da profissão docente no mito da dominação e da racionalidade e, assim, na comédia que tenta enganar os outros (ou a si mesmo) que dominam constantemente a situação.

Quem reprovaria um comediante de ter medo do público, a um vendedor de procurar seduzir, a um chefe de amar o poder, a um magistrado de julgar, a um pianista de jazz de improvisar, a um inventor de fazer tudo, a um artista de fugir da pressão do grupo, a alguém da manutenção de se aborrecer, a um político de fazer mais ou menos, a um empregado qualquer de sonhar com uma liberdade remunerada e sem risco ? A opinião pública é feita por pessoas que também exercem profissões e sabem interiormente que não se pode ser sempre racional, rigoroso, eficaz, objetivo, etc. Nenhum dos não-ditos evocados se refere a atitudes incompreensíveis ou escandalosas. Tudo isso é não somente " muito humano ", mas é humano num sentido que nada tem de desprezível, de aviltante. A sociedade - espero - deixou de recusar aos meninos o direito de chorar e às meninas, o de subir em árvores. Por que não se teria como professor o direito de ter medo ? de desfrutar de uma forma de poder ? de improvisar ? de hesitar ? de ser ambivalente quanto às responsabilidades que se assume ? A profissão docente parece-me vítima de uma exigência excessiva de domínio, de racionalidade, de respeitabilidade.

Quem deve aprender o quê ? Para essa questão, não há uma resposta racional. Ao elitismo de uns opõe-se o igualitarismo de outros. Dispensar saberes é criar ou ampliar as desigualdades. É participar de um sistema de seleção cujos fundamentos nunca são consensuais, que participa da reprodução ou da mudança, da transmissão dos privilégios ou da redistribuição dos valores.

Por outro lado, a relação pedagógica não é um encontro puramente epistêmico em torno de um saber abstrato. Os atores não esquecem sua história no vestiário, suas necessidades, seus preconceitos, sua sensibilidade, as relações que se estabelecem entre eles e cujo saber pode ser o caminho ou o instrumento. O famoso triângulo didático lembra de forma útil que a relação pedagógica tem uma dimensão fundamentalmente epistemológica e que não se pode esperar que seja compreendida ao ser reduzida a uma relação intersubjetiva. Daí a esquecer que a pessoa e a sociedade investem em qualquer relação é um passo que não deve ser dado.

Com Cifali (1994), Imbert (1994) e outros, deve-se lembrar que o ensino é uma profissão do humano, uma profissão complexa, paradoxal, impossível. Profissão do humano porque passa por um encontro entre sujeitos : o outro, mesmo se ele está lá primeiramente para ensinar ou aprender é, em princípio, um outro que nós abordamos com esperanças e com medos que vêm de longe, de nossa cultura, de nossa infância. Profissão complexa, que está condenada a viver com contradições insuperáveis (Morin, 1977 ; Perrenoud, 1993 a). Profissão paradoxal : a intenção de instruir, de mudar o outro, não pode atingir seu objetivo senão aderindo a essa intenção e da qual faz em parte seu projeto. É isso que faz da educação uma praxis, que só se pode realizar colocando o outro em movimento. Ainda é um paradoxo, freqüentemente descrito, que se funda sobre uma forte dependência na conquista progressiva da autonomia, que é de trabalhar - enquanto professor - para se tornar inútil. Parodoxo também que faz de um agente do Estado um artesão independente e uma espécie de monarca reinando sobre sua pequena classe. Profissão impossível, enfim, segundo Freud (Cifali, 1986), porque as condições de seu exercício, conjugadas às resistências dos alunos, condenam-no regularmente a não atingir seu objetivo.

A moda das didáticas das disciplinas e sua concentração sobre os saberes têm provavelmente equilibrado os excessos de uma psicopedagogia estudada das relações e das aprendizagens sem conteúdo e alimentando as representações míticas do ensino como profissão do saber e da razão antes de tudo.

A quem interessa a recusa da complexidade ? Aos professores ? Quando acentuam a parte de racionalidade de sua profissão, eles confirmam, certamente, pertencer à esfera dos profissionais dos quais se inveja o domínio, fundado em profundos conhecimentos. Por essa simplificação se paga muito caro. Em relação à família e ao grande público, tal simplificação reforça o raciocínio que apontou Chevallard (1985). Os professores, diz ele, são como empregadas de casa : todos pensam que saberiam realizar seu trabalho, mas não vêem por que perder seu tempo dessa maneira, enquanto há tantas coisas mais interessantes para fazer na vida. Bem entendido, deve-se reconhecer que é necessário saber um pouco mais que os alunos e dispor de um certo bom senso pedagógico. Mas isso não está ao alcance de todo adulto instruído ? Se um bom número de pessoas pode hoje ainda pensar dessa forma, não será porque elas não percebem a complexidade de uma classe, das dinâmicas de grupo, das relações intersubjetivas, das relações do saber, dos contratos que se realizam e das desigualdades que entram em jogo ? Se os professores contassem mais abertamente do que sua vida cotidiana é feita e quais competências os mobilizam, talvez as famílias e o público fossem menos ingênuos ou indiferentes.

A lucidez sobre o exercício efetivo da profissão e as competências que ele exige não são, pois, um jogo acadêmico. Por um lado, tratar-se-ia de precisar, de tornar mais realista e menos racional a imagem da profissão que circula no interior das instituições de formação ; aquela que serve de base à transposição e ao contrato didático em formação inicial e contínua. Mas dificilmente podemos imaginar que perdure uma total distância entre a imagem pública da profissão e aquela que os profissionais oferecem de si mesmos, não fosse senão porque a orientação para o ensino e as primeiras imagens dessa profissão são largamente forjadas, num primeiro momento, através das imagens públicas. O realismo não poderia estar unicamente do lado dos formadores. Eles só poderão fazer seu trabalho partindo de uma imagem compartilhada pelos formados, os professores em seus lugares, os chefes dos estabelecimentos, a inspeção e, numa certa medida, a opinião pública e aqueles que querem tornar-se professores.

A imagem pública de uma profissão está, como toda representação social largamente compartilhada, condenada ao simplismo, à esquematização, à imagem de Épinal. O jogo não se proporia torná-la realista ao ponto de confundi-la. Para assumir a complexidade, é preciso ser um primitivo. Isso não impede um esforço de maior realismo. Uma semana de férias, uma vida de prof ou a instituição e quaisquer outros filmes ou programas de televisão têm, à sua maneira, feito mais para fazer conhecer a condição docente que os representantes dos sindicatos e dos ministros. Talvez não seja necessário mendigar, protestar, valorizar. Talvez, pelo menos, para aqueles que desejam compreender e são de boa fé, basta mostrar a realidade das práticas docentes. Em primeiro lugar, isso cabe aos próprios profissionais e às suas associações. Mas o esforço de dizer a verdade ficará sem efeito se a instituição não entrar no jogo. Ora, a instituição é também tentada pelo mito da racionalidade, enquanto não se pode compreender nada dos paradoxos do trabalho pedagógico sem apresentar as contradições dos sistemas democráticos e das administrações públicas. Sabemos que estão em jogo as verbas, a importância atribuída à eqüidade, às paixões que desencadeiam a seleção, o que torna tentador para todos fingir que existem mais certezas do que na realidade existem mais certezas do que na realidade existem. Esta atitude coloca a escola, e com ela os professores, numa expectativa irrealista e numa fuga curiosa para o futuro, muito aproximada do discurso dos dirigentes políticos sobre o desemprego : prometer para amanhã, contra toda realidade, os milagres que não podem ser realizados hoje…

Bibliografia

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Astolfi, J-P. L’école pour aprendre. Paris : ESF, 1992.

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Ranjard, P. Les enseignants persécutés. Paris : Robert Jauze, 1984.

Source originale :

http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_42.html

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© Philippe Perrenoud, Université de Genève

Fonte: http://www.centrorefeducacional.pro.br/perrenoud6.htm

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Matemática é D+ (Elaborando itinerários - 3ª série).




Na Escola Estadual Victor Civita (Guarulhos, SP), uma turma de 3ª série realiza uma atividade de elaboração de itinerários. A escola faz parte do projeto Matemática é D+.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/multimidia/pag_video/gal_video_285417.shtml

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Sugestões de atividades.

Neste site abaixo você encontra , muito material para se baixar e pronto para imprimir.
http://www.4shared.com/get/57618199/5bec3907/atividades_de_portugues_semana_11a_casa_do_avo.html


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Planos de aula. Pular corda.


Ensino Fundamental I
Educação Física
Atividades Rítmicas e Expressivas
Atividades Rítmicas e Expressivas

Seqüência Didática

Introdução
A intenção principal desta seqüência didática é promover a vivência das brincadeiras de pular corda e, por meio delas, abordar conteúdos relacionados ao Ritmo e a Expressão Corporal.

Essa seqüência de atividades se justifica também como uma interessante e divertida forma de cultivo e valorização da cultura lúdica tradicional de nosso país.

Também se mostra importante como forma de promover situações de ensino e aprendizagem ricas no sentido da construção de habilidades corporais básicas, no desenvolvimento de dinâmicas de produção em pequenos grupos e ainda como possibilidade de introduzir e desenvolver a idéia de diversificação e transformação de estruturas lúdicas convencionais.

Objetivos
Ao final da seqüência de atividades as crianças deverão ser capazes de:

- reconhecer a existência de elementos rítmicos e expressivos nas brincadeiras vivenciadas
- reconhecer a possibilidade de variações e adaptações nas regras originais de uma brincadeira
- realizar os movimentos básicos de saltar com um e dois pés, agachar, girar e equilibrar-se e suas relações com o ritmo em que esses movimentos são executados.
- projetar e construir seqüências de movimentos levando em conta os seus limites corporais e os dos colegas.



Conteúdos específicos
- Brincadeira de pular corda.
- Brincadeiras realizadas em pequenos grupos, sem finalidade competitiva e sem a divisão em equipes, quando a relação entre os desempenhos individuais compõe e viabiliza a vivência grupal.
- Habilidades motoras de saltar com um e dois pés, agachar, girar, e equilibrar-se.
- Capacidades físicas de velocidade e força.
- Ritmo e expressividade.

Ano
4º e 5º anos

Tempo Estimado
4 aulas de 40 minutos, subdivididos em 10 minutos para a roda de conversa inicial 25 minutos para a vivência das brincadeiras e 5 minutos para roda de conversa final.

Material Necessário

- Espaço físico plano e desimpedindo (sala de aula, quadra, pátio, rua, ou similar)
- Cordas individuais (1,5 metro)
- Cordas coletivas (6 metros)
- CD Player


Desenvolvimento das atividades

Em todas as aulas, inicie a atividade fazendo uma explicação das regras e da distribuição dos grupos pelo espaço físico, desenhando na lousa o posicionamento de cada um e os limites a serem utilizados durante as brincadeiras.
Esse desenho deve ser um diagrama simples, com as referências do espaço e a representação da posição que cada grupo de crianças vai ocupar durante a atividade.
Em todas as aulas realize uma roda de conversa no final para avaliar junto com as crianças os avanços conquistados e as dificuldades que foram enfrentadas durante a vivência das brincadeiras.
A seqüência didática está organizada em duas aulas com propostas de brincadeiras feitas por você e uma aula em que as crianças serão desafiadas a conceber brincadeiras.

Primeira aula
Pular corda, brincadeiras tradicionais

“Um homem bateu à sua porta...”
“Com que você pretende se casar...”
“Rei, capitão, soldado, ladrão...”
“Salada, saladinha...”

Existe uma enorme diversidade de brincadeiras de pular corda em nosso país. Essas sequências variam de região para região em relação aos gestos que compõem as seqüências e às músicas cantadas durante a realização.

No entanto, o princípio geral é basicamente o mesmo, ou seja, seqüências de movimentos realizados em torno de uma corda em movimento (principalmente saltos e giros), acompanhados de uma música cantada por todos.

Faça um levantamento com os alunos de todas as seqüências de pular corda que eles conhecem e confeccione uma lista com o nome das seqüências e a descrição dos movimentos de cada uma delas. Os alunos devem participar da confecção deste registro.

Ajude-os a se organizar em pequenos grupos de 5 elementos e distribua uma seqüência de pular corda para cada grupo realizar.

Percorra os grupos durante a atividade, observando se o ritmo de movimentação da corda é condizente com a capacidade de saltar dos participantes e oriente as crianças fazendo ajustes quando for necessário.

Segunda aula
Ritmo individual e em grupo

Distribua as cordas individuais e proponha para os alunos os seguintes desafios:
- Cada aluno deve saltar a corda individualmente, num ritmo lento, e contar qual o número de repetições de saltos que consegue realizar em seqüência, sem errar.
- Cada aluno deve fazer a mesma contagem, agora com a corda sendo batida num ritmo rápido.

É importante ressaltar que a definição de ritmo lento e rápido é realizada por critérios individuais de cada aluno.

Os resultados obtidos são anotados numa planilha, e podem ser utilizados posteriormente para avaliar a evolução da condição individual.

Em seguida, utilizando os mesmos sub-grupos da aula anterior, proponha que a corda seja batida por dois elementos e saltada pelos três outros componentes. Os dois extremos de ritmo (lento e rápido) devem ser estabelecidos pelo grupo, de forma a favorecer a eficiência da quantidade de saltos a ser conseguida por todos. Os batedores devem fazer um rodízio de função com os demais elementos do grupo, de forma que possam experimentar também o papel de saltadores.

Ao final, convide os alunos a refletir e a relatar suas experiências e ajustes necessários na vivência dos diversos ritmos propostos e comente o quanto existe de diversidade individual na determinação dos mesmos.

Terceira e quarta aulas
Corda musicada

Proponha aos alunos que, nos mesmos sub-grupos das aulas anteriores, inventem uma seqüência de saltos com a corda coletiva em movimento, utilizando uma trilha sonora escolhida por eles.
A escolha do ritmo da música a ser utilizada e a seqüência de saltos propostas serão o desafio de criação e execução de cada um dos grupos.
Como é provável que você tenha apenas um CD player, o tempo da aula deve ser distribuído de forma que todos os grupos tenham a oportunidade de conceber e ensaiar a execução de sua seqüência. Ao final das duas aulas, as apresentações podem ser exibidas para o grupo todo.

Enquanto um dos sub-grupos trabalha com o CD player, os outros podem usar o tempo para criar e ensaiar a sua seqüência, apenas cantando a música escolhida.

Avaliação

- Volte seu olhar para os aspectos relacionados com a inclusão de todos os jogadores na vivência das atividades e com a experimentação de todas as funções existentes dentro dos jogos propostos.
- Como essas brincadeiras são atividades de performance individual dentro de uma dinâmica coletiva, faça suas observações quanto ao desempenho e o ajuste rítmico dos jogadores individualmente ou dentro dos sub-grupos, não sendo necessário que a dinâmica do grupo todo seja interrompida para que alguma orientação seja feita.
- As observações devem ser focadas em torno das variações de ritmo e as relações deste elemento com as capacidades físicas individuais e destas, em contexto coletivo de brincadeira.

Marcelo Jabu: Professor de Educação Física

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/online/planosdeaula/ensino-fundamental1/PlanoAula_276924.shtml

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Indagações sobre Currículo. MEC.

A publicação Indagações sobre Currículo tem por objetivo promover a reflexão sobre as concepções de currículo e seus desdobramentos.

A elaboração do material obedeceu a uma metodologia democrática, participativa e contou com a contribuição de profissionais indicados pelo Consed, Undime e as diversas secretarias do MEC.

O documento também foi debatido em Seminário Nacional realizado em duas edições, no 2º semestre de 2006.

Professores do Ensino Fundamental, da Educação Infantil e Gestores constituem o público principal ao qual se dirige este documento. Mas todos estão convidados a conhecê-lo e debatê-lo.

Foram trabalhados cinco eixos organizadores:

Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=979

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Programa Ampliação do Ensino Fundamental para Nove Anos





Clique na imagem ou no destaque abaixo
Para ir ao texto que está na integra.


Orientações para a Inclusão da
Criança de Seis Anos de Idade








Ensino Fundamental de Nove Anos

Orientações Gerais.











Ensino Fundamental de
Nove Anos - 1º Relatório









Ensino Fundamental de
Nove Anos - 2º Relatório





Política de ampliação do ensino fundamental para nove anos: pela inclusão das crianças de seis anos de idade na educação obrigatória.

Prevista na Lei nº 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), e em uma das metas para o Ensino Fundamental no Plano Nacional de Educação (PNE), a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos foi discutida pela Secretaria de Básica (SEB/MEC) com as secretarias municipais e estaduais de educação a partir de 2003.

Com o objetivo de auxiliar os sistemas de ensino e o professor que atua nesta nova série da educação fundamental, o MEC publicou uma obra elaborada por especialistas em educação de crianças desta faixa etária intitulada: Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de Idade.

O documento é composto por nove capítulos:

  • A infância e sua singularidade;
  • A infância na escola e na vida: uma relação fundamental;
  • O brincar como um modo de ser e estar no mundo;
  • As diversas expressões e o desenvolvimento da criança na escola;
  • As crianças de seis anos e as áreas do conhecimento;
  • Letramento e alfabetização: pensando a prática pedagógica;
  • A organização do trabalho pedagógico: alfabetização e letramento como eixos organizadores;
  • Avaliação e aprendizagem na escola: a prática pedagógica como eixo da reflexão e
    Modalidades organizativas do trabalho pedagógico: uma possibilidade.

Legislação e normatizações sobre a matrícula das crianças aos seis anos de idade:

Clique e leia as respostas às perguntas freqüentes

Clique e leia os textos apresentados no Seminário de Alfabetização e Letramento


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Conversas sobre Didática,