quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Pensamento Ocidental e o Taoísmo. 2008



O Pensamento Ocidental e o Taoísmo

“Se alguém sabe como cessar os pensamentos, então há concentração; concentrando-se se pode ‘chegar à tranqüilidade’; por meio da tranqüilidade, pode-se obter a paz; com a paz se alcança a sabedoria; e com a sabedoria pode-se ter o Tao”. Lao-Tsé

1. DEFINIÇÃO DE TAO

O Tao não pode ser definido. E se for definido não é o Tao. O que isto significa? Significa que o Tao está acima e além da compreensão humana comum. A linguagem não possui palavras nem símbolos que o definam. É mais ou menos o que acontece quando queremos definir Deus. Podemos dizer que Deus é isso, aquilo, mas sempre será uma definição incompleta, pois não temos condições de penetrar na intimidade do Criador. Ele também não é uma religião. Em realidade, Tao quer dizer como; como as coisas acontecem, como elas funcionam. É o princípio único que está subjacente a todos os acontecimentos.

2. ORIGEM DA PALAVRA

A palavra Tao vem do livro de Lao-Tsé, intitulado, o Tao Te Ching. Este livro, constituído de 81 versos ou lições, surgiu há 2.600. E tudo isto começou quando ele, funcionário em uma corte depravada e corrupta, resolveu abandonar o país em busca de lugares mais serenos, onde pudesse repousar sua cabeça cansada. Consta que Lao-Tsé, ao deixar o país com as roupas do corpo e montado no lombo de um boi, dirigiu-se à fronteira. Lá chegando, encontrou um guarda que o reconheceu e pediu que este lhe ensinasse tudo o que sabia. Lao-Tsé aceitou a tarefa e em uma só noite escreveu o pequeno livro. Diz-se que Lao-Tsé estava mais do que inspirado, ele estava iluminado.

3. O TAO É UMA ORDEM UNIVERSAL

Ordem aqui tem um sentido de Lei. Só que não é uma Lei comum. É uma Lei de cuja origem não se tem notícia, mas que vem funcionando antes que o mundo fosse mundo, ou que o Universo fosse Universo. Ela não é uma lei natural física como, por exemplo, a Lei da Gravidade, presente em todo o Universo. No entanto, a gravidade não se aplica a certas coisas mais sutis, como por exemplo, o pensamento. Não temos conhecimento de uma balança que marque o peso de uma idéia. Uma Ordem tem outra conotação: ela se aplica a tudo o que existe, gente, animais, pensamentos e estrelas. Ninguém a pode desconhecer, porque ela está acima de qualquer coisa. Ela não manda, nem os outros a obedecem. Uma Ordem não é uma Lei. Por ser universal, ela deve ser aplicada em qualquer lugar do Universo. Por isso, é também cósmica.

4. A ARTE OCIDENTAL E A ARTE CHINESA

A arte ocidental, como outros aspectos de nossa cultura, inclinou-se para os mecanismos do sistema econômico materialista, em que a eficácia e o funcionamento prevalecem sobre a beleza e a qualidade. Ela não pode desempenhar a função social que é tornar consciente o subconsciente, abrir as portas à percepção.

A arte chinesa inclinou-se para a sondagem dos mistérios da mente. Quase toda a pintura chinesa é paisagista. Não há retratos, porque não se fomenta a personalidade. No ocidente, a arte, concentrando-se mais no homem, busca a sua personalidade, a sua individualidade.

5. CAUSALIDADE E SINCRONICIDADE

Para explicar os fenômenos da natureza, a cultura ocidental aceita o principio de causalidade; a cultura chinesa, o princípio da sincronicidade.

Sincronicidade significa que existe uma correspondência entre os estados simultâneos dos sistemas dos fenômenos. A conexão dos fenômenos não é de causa e efeito, mas de homologia entre os fenômenos que ocorrem ao mesmo tempo. Para eles não há dualidade.

A destruição é construção;

A construção é destruição.

Não há destruição e construção:

Ambas são só um e o mesmo.

6. DIALÉTICA HEGELIANA

Hegel conhecia o I Ching e o Tao Te Ching. Ele dava aula sobre as matérias contidas nesses livros. A dialética hegeliana é a tradução ocidental da concepção chinesa de evolução pela ação dos opostos. Ying-yang, masculino e feminino e bem e mal não são dualidades – coisas separadas – mas polaridades ou estados extremos de uma mesma coisa, como as pontas de um bastão.

7. PRESSUPOSTOS ACERCA DO HOMEM

No ocidente há o pressuposto de que o homem é mal. Por isso a frase: “Homo homini lupus”, que traduzido quer dizer: “O homem é lobo do próprio homem”. O confucionismo, por exemplo, parte da tese de que o homem é bom. Quando as relações humanas se constroem pensando que o homem é mal, o homem acaba o sendo. Ashley Montagu disse que na natureza são mais importantes e numerosas as relações de simbiose e cooperação do que as de depredação.

8. O MAR E A MONTANHA

O mar propicia uma atitude argumentativa; a montanha; uma atitude de contemplação.

Os filósofos gregos construíram as suas academias junto ao Mar Mediterrâneo; o taoísmo foi sempre situado nas montanhas.

9. BUSCA DA VERDADE

A filosofia ocidental pergunta o que é a verdade; o taoísmo, o modo de atuar.

Para buscar a verdade, a nossa filosofia observa, argumenta, analisa e deduz, quer dizer, atua para conhecer. O taoísmo conhece para atuar e não chega ao conhecimento por uma ação prévia, mas sim por uma não-ação. Se observar e argumentar são as ferramentas da filosofia ocidental, a naturalidade e a espontaneidade são os meios de atuar dos taoístas.

Esta atitude está contida nos dois conceitos básicos do taoísmo, que são: Wu-wei = nada fazer e Tzu-jan = nada conhecer. A não-ação criativa do wu-wei é a pura naturalidade. O não conhecer do tzu-jan é a pura espontaneidade.

Resumindo:

Wu-wei quer dizer: 1) seguir a linha da menor resistência; 2) esperar o momento do retorno.

Tzu-jan quer dizer: 1) a mente em branco ou não mente; 2) o reflexo.

10. A METÁFORA DA ÁGUA E O REPOUSO DO SÁBIO

O repouso do sábio não é o que o mundo chama de inação. Seu repouso é o resultado de sua atividade mental: toda a criação não poderia alterar seu equilíbrio; daí o seu repouso. Quando a água está quieta, é como um espelho, dá precisão ao nível e o filósofo a toma como modelo. E se água deriva a sua lucidez de sua quietude, quanto mais as faculdades da mente. A mente do sábio, por estar em repouso, deve espelhar o universo, espéculo de toda a criação. Repouso, tranqüilidade, quietude, naturalidade são os níveis do universo, a perfeição última do Tao.

“Se nada em seu interior está rígido

As coisas exteriores se abrirão por si mesmas

Em movimento, assim como a água;

Quando quieto, como um espelho.

Responde como um eco”.

OBSERVAÇÃO: Chuang-tzu está para Lao-Tsé como Paulo está para Cristo.

BIBLIOGRAFIA

RACIONERO, Luis. Textos de Estetica Taoista. Madrid: Alianza, 1983.

REFLEXÃO

O Tao é nome que se dá aos ensinamentos veiculados por Lao-Tsé, há 2.600 anos, na China, no livro o Tao-Te-Ching. De acordo com o seu autor, o Tao não pode ser definido, apenas conhecido, pela mesma razão com que não podemos definir Deus. O livro foi escrito numa única noite, como resposta ao homem da fronteira, que lhe pediu para ensinar tudo o que sabia da vida. Diz-se que quando Lao-Tsé escreveu o livro ele estava mais do que inspirado, ele estava iluminado. Ao longo de todo esse tempo, esse livro foi traduzido para várias línguas, servindo de subsídio para muitas filosofias e religiões.

Os ocidentais têm muita dificuldade de compreender o modo de atuar dos orientais. É que nossa cultura foi formada à beira do mar (Mar Mediterrâneo), em que imperava a racionalidade dos gregos, tais como Sócrates, Platão e Aristóteles. Assim, para os ocidentais a busca da verdade deve passar necessariamente pela argumentação, pela análise e pela dedução. Os chineses não têm essa preocupação; o conhecimento da verdade vem pela intuição, pelo não-atuar, por deixar a realidade se mostrar.

No que tange à arte, o mundo ocidental reteve as partes da eficácia e segue voltado para o valor monetário, ou seja, para a materialização dos arroubos do sentimento. Contudo a arte, na sua acepção mais acurada, é tornar consciente o que está no subconsciente. Nesse sentido, os chineses estão mais perto da verdadeira arte porque não evocam a personalidade e a individualidade como os ocidentais, mas radicalmente a paisagem, que é impessoal e mais próxima da natureza.

A metáfora da água é um dos símbolos mais ventilados no taoísmo. Enquanto nós, ocidentais, estamos à procura da erudição e da eficiência, os chineses se desenvolvem por meio do wu-wei (natureza) e do tzu-jan (espontaneidade). Eles não buscam o saber; isso é algo que emerge da situação, em virtude de uma não-ação, que não quer dizer inação. Por isso, o repouso do sábio assemelha-se à água. Quando a água está límpida e quieta, ela espelha melhor o seu conteúdo. Se estiver turva e agitada, não conseguimos ver mais nada. Do mesmo modo, o sábio precisa de repouso e tranqüilidade para espelhar toda a sua sabedoria.

Os chineses não confundem atividade com a agitação. O fato de uma pessoa ficar à beira do lago, sem nada fazer, não significa que esteja inativo. Ele pode simplesmente estar captando idéias, absorvendo forças e energias do cosmo, que lhes poderão ser úteis no momento aprazado. Para eles, basta que tomemos consciência do que se nos acontece aqui e agora, sem qualquer tipo de intervenção. As coisas simplesmente devem acontecer; o nosso trabalho consiste em observar, sem julgamento, e esperar a lei do retorno, pois a dualidade ou a separação não existe. As coisas formam um todo harmônico.

Em vista disso, não devemos nos preocupar com o fracasso e o sucesso. Eles não são dicotômicos; fazem parte da atividade humana. E, se assim pensarmos, iremos a qualquer lugar, sem medo do desconhecido.

São Paulo, janeiro de 2005

Fonte: http://www.ceismael.com.br/filosofia/filosofia007.htm

Programa "Viver é melhor" exibido pela Rede Boa Vontade de Comunicação.
Entrevista com o Sacerdote Taoísta Wagner Canalonga sobre as práticas e conhecimento milenar do Taoísmo.

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Sociedade Taoísta do Brasil - Taoísmo -



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O Tao da Física.

Sobre o Tao de Capra

Aureo H. Ogino, Gumercindo Lobato, Rodrigo R. Cuzinatto


Introdução

Austríaco de nascimento(1de fevereiro de 1939) e tendo obtido seu título de Doutor em Física pela Universidade de Viena em 1966, aos 27 anos, Frijof Capra é um dos nomes mais significativos na divulgação dos progressos da ciência, da filosofia e da ecologia em nossos dias, indo, porém, sua contribuição muito além da mera popularização dos avanços da ciência moderna. Seu nome está vinculado ao surgimento de uma nova maneira de entender a ciência como um dos veículos para a compreensão da realidade, sendo legado ao misticismo antigo a complementaridade dessa tarefa.

Embora reconheça a distinção entre as metodologias empregadas por cientistas e místicos, procura enfatizar que ambos chegam a conclusões harmônicas, um através da física moderna, o outro pelas religiões orientais: as partes componentes da natureza não podem ser consideradas como elementos independentes, que podem ser tomados sistemas isolados de forças externas (como se poderia supor da mecânica newtoniana). De fato, cada componente da realidade estaria em interação contínua com esta, recebendo influência do meio mas também atuando sobre ele, modificando a realidade (exemplo: o problema da medição em mecânica quântica - em um certo sentido, a medição do elétron altera sua natureza).

A noção de intergração pode ser identificada com o que Capra classifica de ecologia profunda, reconhecer a interdependência fundamental de todos os fenômenos e o perfeito entrosamento dos indivíduos e das sociedades nos processos cíclicos da natureza. É essa percepção que, segundo Fritjof Capra, permeava o mundo a época do lançamento de O Tao da Física, e que pode ter tornado seu livro um best seller.

A Obra

O Tao da Física Um Paralelo entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental

Em um verão de 1969, Capra estava sentado em frente ao mar, numa praia da Califórnia, observando as ondas e refletindo sobre os vários movimentos rítmicos da natureza: as ondas, as batidas do coração e o ritmo da respiração associando-os ao que ele sabia, intelectualmente, sobre a "estrutura" física da matéria, que é composta de moléculas e átomos em constante vibração... A união disso tudo, somado aos seus estudos e vivências de tantos anos em Física, juntamente com a visão paradisíaca da praia em que estava, acabou por estimular em Capra, subtamente, aquilo que os psicólogos transpessoais, especialmente Abraham Maslow, chamam de peak experiences, ou experiências culminantes, que são "estalos" intuitivos, ou, consoante a os americanos, insights de súbita compreensão intuitiva sobre algo que se percebe e que está além do nível convencional de racionalização linear. Segundo as palavras do próprio Capra:

"Neste momento, subitamente, apercebi-me intensamente do ambiente que me cercava: este se afigurava a mim como se participasse, em seus vários níveis ritmicos, de uma gigantesca dança cósmica. Eu sabia, como físico, que a areia, as rochas, a água e o ar ao meu redor eram constituídos de moléculas e átomos em vibração constante (...). Tudo isso me era familiar em razão de minha pesquisa com a Física de alta energia; mas até aquele momento, porém, tudo isso me chegara apenas através de gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Mas, sentando na praia, senti que minhas experiências anteriores subitamente adquiriam vida. Assim, eu "vi" (...) pulsações rítmicas em que partículas eram criadas e destruídas (...) Nesse momento compreendi que tudo isso se tratava daquilo que os hindus, simbolicamente, chamam de A Dança de Shiva (...)".

"Eu passara por um longo treinamento em Física teórica e pesquisara durante vários anos. Ao mesmo tempo, tornara-me interessado no misticismo oriental e começara a ver paralelos entre este e a Física moderna. Sentia-me particularmente atraído pelos desconcertantes aspectos do Zen que me lembravam os enigmas da Física Quântica (...)".

Fritjof Capra in O Tao da Física (com adaptações dos autores da página), Prefácio.

Hoje em dia, 30 anos depois desta experiência, os paralelos entre ciência moderna - a grande semelhança na forma de ver e entender o mundo que advém da exploração da física subatômica, em especial a Mecânica Quântica, e da Teoria da Relatividade de Einstein - e as várias tradições místicas, quer do oriente, quer do ocidente, já é questão muito debatida e quase lugar comum e é reconhecida por inúmeras pessoas, especialmente em cientistas e escritores como Mário Schenberg, David Bohm, B. D. Josephson, Pierre Weil, Stanislav Grof e muitos outros. O próprio Carl Sagan, geralmente tão cético e explicitamente arredio a estes assuntos, em sua obra prima, Cosmos, se detém, em um de seus capítulos, entre estes paralelos. Mas, antes de Capra, poucas pessoas haviam percebido estes paralelos, ainda que entre os poucos se encontrassem nomes de peso como Niles Bohr e Werner Heisenberg. Capra sabia disso, e, por causa desta experiência por que passara em 69, ele se decidiu - na verdade, se arriscou - a escrever um livro que demonstrasse esses extraordinários paralelos. Foi daí que nasceu, em 1975, O Tao da Física.

O subtítulo desta primeira obra de Capra explicita a que ela veio. O autor explica as teorias da física atômica e subatômica, a teoria da relatividade e astrofísica e relata a visão de mundo que emerge destas teorias para as tradições místicas orientais do Hinduísmo, Budismo, Taoísmo, do Zem e do I Ching.

O paralelo entre as concepções dos físicos e dos místicos efetiva-se quando são levantadas as semelhanças entre elas, não obstantes suas abordagens diferentes. Assinala-se de início que seus métodos são inteiramente empíricos. Os físicos derivam seu conhecimento de experimentos; os místicos de insights na meditação. Ambas são observações e, em ambos os campos, essas observações são reconhecidas como a fonte única de conhecimento. O objeto de observação é, naturalmente, muito diferente nos dois casos. O místico olha para dentro e explora sua consciência em vários níveis, o que inclui o corpo como a manifestação física da mente. Quando somos sadios, não sentimos quaisquer partes isoladas no nosso corpo, mas estamos cônscios de que se trata de um todo integrado. De modo semelhante, o místico está cônscio da totalidade do cosmo, que é experimentado como uma extensão de seu corpo.

Em contraste com o místico, o físico inicia a sua pesquisa penetrando na natureza essencial das coisas pelo estudo do mundo material. À medida em que penetra em reinos cada vez mais profundos da matéria, torna-se cônscio da unidade essencial de todas as coisas e eventos. Mais do que isso, aprendeu igualmente que ele e sua consciência também são partes integrantes dessa unidade. Assim, o místico e o físico chegam à mesma conclusão: um, a partir do reino interior; o outro, do mundo exterior. A harmonia entre suas visões confirma a antiga sabedoria indiana, segundo a qual Brahman, a realidade última externa, é idêntica a Atman, a realidade interior.

Outra semelhança entre os caminhos (Tao) do físico e do místico está no fato de que suas observações tem lugar em reinos inacessíveis aos sentidos comuns. Na física moderna, trata-se do reino atômico e subatômico; no misticismo, os estados são não usuais de consciência nos quais o mundo sensível é transcendido.

Uma vez aceitos esses paralelos poderíamos nos perguntar se toda a ciência moderna, com sua tecnologia e aplicações, pode ser reduzida à sabedoria oriental antiga, ou seja, se os físicos deveriam abandonar o método científico e começar a meditar. A resposta mais razoável a este questionamento é um "não". Em sua descrição do mundo, os místicos utilizam conceitos derivados de experiências meditativas de múltiplos estados de consciência, conceitos esses inadequados a uma descrição científica dos fenômenos macroscópicos. A visão de mundo não é vantajosa para a construção de máquinas, nem para o confronto com problemas técnicos existentes num mundo povoado. A posição mais tolerante seria considerar ciência e o misticismo como faculdades complementares da mente humana, de suas faculdades racionais e intuitivas. O físico moderno experimenta o mundo através de um extrema especialização da mente racional; o místico, através de uma extrema especialização da mente intuitiva. Na ótica da sabedoria chinesa, a ciência poderia ser interpretada como Yang, racional, masculina e agressiva, que possui seu complemento no misticismo oriental, o Yin, intuitivo, feminino e pacífico. A complementaridade, e só ela, levaria a um sentimento de compreensão cósmica, da natureza e do próprio indivíduo como entidades em constante inter-relação.

A Unidade de Todas as Coisas

Embora as tradições espirituais do mundo difiram em muitos detalhes, suas visões de mundo são essencialmente as mesmas. Um hindu e um taoista podem enfatizar aspectos diversos da mesma experiência; um cristão e um muçulmano podem interpretar suas experiências de modos diferentes, não obstante os elementos básicos da visão do mundo desenvolvida em todas essas tradições são os mesmos.

A característica mais importante da visão oriental, e também a essência dessa visão, é a consciência da unidade e da inter-relação de todas as coisas e eventos, a experiência de todos os fenômenos do mundo como manifestação de uma unidade básica. Essa realidade é denominada Brahman no hinduismo, Dharmakaya no budismo, Tao no taoísmo, recebendo dos zen-budistas o nome de Talhata, ou Quididade.

A unidade básica do universo não constitui a única característica central das experiências místicas; ela é, igualmente, uma das mais importantes revelações da Física Moderna. Essa unidade torna-se evidente no nível do átomo e cresce à medida que penetramos no âmbito das partículas subatômicas.

A teoria quântica se baseia na chamada interpretação de Copenhaguen e na teoria quântica desenvolvida por Bohr e Heisenberg no final da década de 20.

Na teoria quântica os sistemas observados são descritos em termos de probabilidades.

Também na teoria quântica somos levados a reconhecer a probabilidade como característica fundamental da realidade atômica que governa todos os processos, até mesmo a própria existência de toda a matéria.

As partículas subatômicas não existem em pontos definidos, em vez disso, apresentam tendências a existir. A figura de uma teia cósmica interligada que emerge da moderna Física atômica tem sido utilizada de forma extensiva no Oriente para expressar a experiência mística da natureza. Para os hindus, Brahman é o fio unificador da teia cósmica, o solo último de todo o ser,

“Aquele com que se acham entrelaçados: o Céu, a Terra, a Atmosfera”.

O Pensamento Chinês O confucionismo e o Taoismo

A idéia de padrões cíclicos do movimento Tao recebe uma estrutura precisa com a introdução dos opostos polares yin e yang. Eles são os dois pólos que estabelecem os limites para os ciclos de mudança.

O yang tendo alcançado o seu apogeu retrocede em favor do yin; o yin tendo alcançado o seu apogeu retrocede em favor do yang. Na concepção chinesa, todas as manifestações do Tao são geradas pela inter-relação dinâmica dessas duas forças.

O significado original das palavras yin e yang corresponde aos lados ensobreados e ensolarados de uma montanha, significado este que nos dá uma boa idéia acerca da relatividade dos dois eventos.

Aquilo que nos apresenta ora a escuridão, ora nos mostra a luz, é o Tao. O yang retorna ciclicamente ao seu início,o yang atinge o seu apogeu e cede lugar ao yin.

Todo esse pensamento e esses ensinamentos são elaborados no I Ching ou Livro das Mutações, um dos livros mais importantes da literatura mundial.

Onde podemos encontrar um paralelo com a filosofia ocidental? São o idealismo de Aristóteles e Platão e o materialismo de Demócrito e Epicuro.

Temos a Física clássica, de Newton e Galileu, materialista e a Física moderna, a mecânica quântica de Bohr e Heisenberg, a relatividade de Einstein, idealistas.

De uma certa forma, a física que chegou ao clímax materialista em fins do século passado, começou a se voltar para o lado idealista em parte do século vinte, e principalmente no seu fim.

O Tao e a Física Comentários Finais

O Tao da Física faz um paralelo entre a Física Moderna e o misticismo oriental. Esse paralelo leva a uma nova visão de mundo seja no contexto científico ou sociológico, onde a característica unilateral é a concepção da unidade e da coexistência e alternância de valores opostos.

Esse pensamento em física surge com a teoria da relatividade, enquanto que nas tradições místicas do oriente, a maior parte de seus conceitos imagens e mitos inclui o tempo e a mudança como elementos essenciais. Essa concepção é a parte integrante da visão da realidade que se torna à base das tecnologias, sistemas econômicos e instituições sociais. Daí a necessidade de dominar e de controlar o conhecimento científico para uma atitude de cooperação e não de violência na sociedade.

Links

Além do Cérebro, Holismo, Ecologia e Psicologia Transpessoal

Visão de mundo, paradigmas e comportamento humano

Grupo de Estudos do Pensamento Complexo

Entrevista com Fritjof Capra

Rumo à Ecologia Profunda

Fonte: http://www.ime.usp.br/~cesar/projects/lowtech/ep2/tao/tao.htm

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GENÉRICO (ge.né.ri.co). Palavra do dia.



Palavra do dia:

GENÉRICO (ge.né.ri.co)

A partir do próximo ano, o Brasil passará a produzir o genérico de um dos medicamentos que compõem o coquetel utilizado no tratamento de pacientes com AIDS, após ter quebrado a patente do mesmo no último ano.

A palavra "genérico" tem sua origem na junção da palavra “gênero” com o sufixo “ico”, e como adjetivo, refere-se, no caso acima, a um medicamente designado por seu princípio ativo, não por sua marca ou nome comercial. É comum utilizar a mesma palavra como um substantivo, para se referir a tais medicamentos.

>> Definição do dicionário Aulete Digital

GENÉRICO (ge.né.ri.co)

adjetivo.

1 Ref. a gênero

2 Que abrange várias coisas, sem especificar: Você precisa ser menos genérico em relação a esse assunto. [ Antôn.: específico.]

3 Que se expressa em termos vagos, imprecisos: Fez apenas um resumo genérico dos acontecimentos. [ Antôn.: detalhado, exato.]

4 Designado por seu princípio ativo, não por sua marca (diz-se de medicamento)

Substantivo masculino.

5 Esse medicamento: Prefere comprar genéricos, que são mais baratos.

[Formação: gênero + -ico]
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Medicamentos genéricos

Este material foi elaborado pela Fundação Procon – SP para ajudar você a esclarecer suas dúvidas sobre o que são medicamentos genéricos. Leia-o com atenção!

O que são medicamentos genéricos?

São medicamentos que contêm o mesmo princípio ativo, a mesma dosagem e forma farmacêutica, concentração e comportamento no organismo humano que seus respectivos medicamentos de referência. São comercializados somente com o nome do princípio ativo e apresentam-se no mercado como uma opção ao consumidor quanto aos preços.

O que é o princípio ativo?

É a principal substância química existente na fórmula do medicamento, responsável pelo seu efeito terapêutico. Por exemplo, o princípio ativo da Aspirina é o ácido acetilsalicílico.

O que são medicamentos de referência?

São aqueles cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente pelos laboratórios que os desenvolveram e registraram sua fórmula junto ao Ministério da Saúde. São medicamentos que compõem uma lista elaborada pela ANVISA, comercializados há bastante tempo no mercado e que se utilizam, em sua embalagem, de um nome comercial ou de uma marca conhecida eregistrada.

O que são medicamentos similares?

São aqueles que utilizam o mesmo princípio ativo dos de referência, apresentam a mesma concentração sem, no entanto, garantirem igual comportamento no organismo humano, por não terem passado por testes da laboratório. Atualmente, não podem ser mais comercializados com o nome do princípio ativo, devendo apresentar um nome fantasia.. Somente o médico pode autorizar a troca do medicamento de referência pelo similar.

Como identificar os medicamentos existentes no mercado brasileiro?

A diferença está na embalagem. O medicamento genérico contém, em sua embalagem externa, logo abaixo do princípio ativo que o identifica, a frase "Medicamento Genérico – Lei 9.787/99". Além disto, de acordo com a Resolução nº 47, de 28/03/2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, os medicamentos genéricos devem apresentar, para facilitar a sua distinção dos demais, uma letra "G" e as palavras "Medicamento Genérico" em cor azul e colocadas sobre uma tarja amarela.

Os medicamentos genéricos fazem o mesmo efeito que os de referência?

Por serem medicamentos idênticos aos de referência, apresentam a mesma eficácia clínica, a mesma segurança e o mesmo comportamento em nosso organismo.

Quem garante os genéricos?

Somente após terem sido testados e aprovados por laboratórios habilitados junto à ANVISA, órgão do Ministério da Saúde, é que estes medicamentos recebem o registro de "genéricos" e podem ser comercializados com esta identificação.

Existe vantagem em se comprar medicamentos genéricos?

Por serem produzidos por diversos laboratórios os medicamentos genéricos são, em geral, mais baratos. Mas lembre-se: um mesmo "genérico", pode apresentar preços diferentes. Portanto, pesquise!

Atenção:

· Durante a consulta, solicite que seu médico prescreva, além do medicamento de referência, outras alternativas, como, por exemplo, o medicamento genérico correspondente.

· A prescrição do medicamento genérico somente é obrigatória nos atendimentos públicos (SUS).

· Se o seu médico não optar pelo genérico, deverá escrever esta observação na receita, de próprio punho, e de forma clara e legível.

· Caso ele não faça restrições à troca do medicamento de referência pelo genérico, saiba que, na farmácia, somente o farmacêutico responsável poderá fazer a substituição de um pelo outro. O balconista jamais poderá fazer a troca.

· A lista atualizada de genéricos aprovados pela ANVISA deve estar sempre à sua disposição nos balcões das farmácias.

Telefones úteis

· DISQUE MEDICAMENTOS - ANVISA - Ministério da Saúde - Orientações sobre medicamentos (ligação gratuita)

____________________________

Fontes: Fundação Procon-SP. http://www.procon.sp.gov.br/- disponível em 11/11/2005.

http://www.portaldoenvelhecimento.net/utilidade/utilidade11.htm

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Teorias da Aprendizagem.


Teorias da Aprendizagem

Existe uma infinidade de tipos diferentes de aprendizagem. O que diferencia uma aprendizagem de outra diz respeito ao modo como cada uma se manifesta e ao próprio processo como cada uma é adquirida. Uma aprendizagem é sempre uma aquisição, embora as explicações para essa aquisição sejam variadas e muitas delas até contraditórias.

O fenômeno da aprendizagem é sempre algo concreto, e acontece mesmo que ninguém tenha interesse em explicá-lo. A aprendizagem existe independentemente das diversas teorias que procuram entendê-la quer descrevendo suas características, quer propondo elementos para que possa vir a ser repetida.

As teorias da aprendizagem são elaboradas devido à insistência de pesquisadores que, observando fatos reais de aprendizagens, levantam suas hipóteses e procuram sua verificação para, então, enunciarem uma teoria que contribua para o progresso científico. Cabe aqui a lembrança de que a função da ciência, de modo geral, consiste em facilitar e melhorar a vida do homem.

Na maioria das vezes, as teorias da aprendizagem são estudadas de maneira fragmentada, ou seja, trabalhando-se ora um autor, ora outro, e nunca todos juntos de forma a permitir comparações entre uma teoria e outra. Visando auxiliar em tarefas dessa natureza, este texto pretende justamente abordar num mesmo documento os principais autores que representam os dois grandes grupos teóricos relativos à aprendizagem: o das teorias comportamentais e o das teorias cognitivas.

Na medida do possível, foram evitados termos técnicos que assustariam qualquer leitor mesmo da área da educação. Não há necessidade de aprofundar estudos acerca de como ocorre ou deixa de ocorrer qualquer aprendizagem, mas conhecer ao menos superficialmente os fundamentos teóricos de cada linha ajuda bastante qualquer profissional que desenvolva processos de ensino e aprendizagem nos dias de hoje, sobretudo devido à exigência constante de se ter que improvisar e alterar planos a todo instante, a fim de poder acompanhar as mudanças.

Segue abaixo um resumo das características de cada teoria da aprendizagem, destacando os pontos considerados relevantes pelos pesquisadores responsáveis por cada enunciado:

Teorias Comportamentais

1. Pavlov, 2. Skinner, 3. Bandura.

Teorias Cognitivas

1. Gestalt, 2. Jean Piaget, 3. Jerome Bruner,

4. Lev Vygotsky, 5. Howard Gardner.

Teorias Comportamentais

1. Ivan Pavlov (1849-1936)

Médico nascido na Rússia central, foi o descobridor dos comportamentos que são reflexos condicionados. Publicou em 1903 os resultados de estudos realizados no campo da fisiologia, com cães de laboratório, provando que o chamado fenômeno “reflexo condicionado” podia ser adquirido por experiência. Esse processo passou a ser designado “condicionamento”.

Ao estudar os cães, descobriu casualmente que certos sinais provocavam a salivação e a secreção estomacal no animal, reação esta que só deveria ocorrer quando houvesse ingestão de alimento. Teorizou que o comportamento estava condicionado a esses sinais que habitualmente precediam a chegada do alimento, levando o cão a antecipar seus reflexos alimentares.

Experimentalmente, fazendo soar uma campainha anunciando o alimento, Pavlov constatou que, em pouco tempo, o cão respondia com salivação, ao ouvir esse som. A campainha, então, passou a ser um estímulo e a provocar o reflexo da salivação, mesmo sem a presença da comida. Ficou constatado, também, que não se podia enganar o cão por muito tempo, pois a falta de comida fazia com que os sinais (o som da campainha) perdessem seu efeito.

Tendo avançado a idéia de que o reflexo condicionado poderia exercer um papel importante no comportamento humano e na educação, a descoberta de Pavlov não tardou a tornar-se base para uma nova corrente psicológica, o behaviorismo, fundado por John Watson, em 1913. A partir de então, a aprendizagem foi entendida como uma resposta obtida por estímulos condicionados, diferentemente das respostas naturais que o indivíduo viesse a apresentar.

Porém, apesar da relativa facilidade com que a aquisição da aprendizagem ocorre pelo condicionamento respondente, isto é, a instalação da resposta condicionada modificando o comportamento natural do indivíduo, a retenção é fraca (lembremos que não se podia enganar o cão por muito tempo). Assim, ao planejar cursos, treinamentos e demais processos de ensino e aprendizagem, não esqueçamos de questionar devidamente quais os resultados desejados: de curto ou longo prazo?

2. B.F.Skinner (1904-1990)

Nascido em Susquehanna, no estado norte-americano da Pensilvânia, cursou Psicologia em Harvard, onde tomou contato com o behaviorismo. Paralelamente à produção de livros, por vários anos dedicou-se a experiências com ratos e pombos.

O método que desenvolveu para observar os animais de laboratório e suas reações aos estímulos, levou-o a criar pequenos ambientes fechados que ficaram conhecidos como “caixas de Skinner”, posteriormente adotadas pela indústria farmacêutica. Quando nasceu sua filha, Skinner criou um berço climatizado, o que originou um boato de que a teria submetido a experiências semelhantes às que realizava em laboratório.

O “condicionamento operante”, sendo considerado o conceito-chave do pensamento de Skinner, foi acrescentado à noção de “reflexo condicionado” de Pavlov, pois ambos os conceitos se encontram essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. O reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual; o condicionamento operante é um mecanismo que “premia” uma determinada resposta de um indivíduo, até que ele se torne condicionado a associar a necessidade à ação.

Como exemplo, podemos citar o caso do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma alavanca levará ao recebimento de comida. Assim, a cada vez que quiser saciar sua fome, o rato tenderá a repetir o movimento de acionar a alavanca.

A diferença que existe entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante se evidencia no fato de que o primeiro diz respeito a um estímulo puramente externo (campainha que alguém aciona); e o segundo, a um hábito gerado por uma ação do indivíduo (a alavanca é acionada pelo próprio animal). No comportamento respondente (de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento operante (de Skinner), o ambiente é modificado, produzindo conseqüências que agem, de novo, sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura semelhante.

O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de novo comportamento – um processo que Skinner chamou de “modelagem”, cujo instrumento fundamental é o “reforço”, ou seja, a conseqüência de uma ação quando percebida por quem a pratica. Para o behaviorismo em geral, o reforço pode ser tanto positivo (uma recompensa), como negativo (ação que evita uma conseqüência indesejada). Segundo Skinner, “no condicionamento operante, um mecanismo é fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor, mais freqüente”.

No campo da educação, os processos de aprendizagem que utilizam os princípios teóricos de condicionamento operante, levam o aprendiz a ter pouca participação, não necessitando de uma motivação própria, sendo sempre manipulado por alguém que seleciona reforços para conseguir alguma aprendizagem. O professor deve estar consciente de que trata-se de uma aprendizagem dependente de alguém que vai manipular a escolha e o fornecimento de reforços (prêmios).

3. Albert Bandura (1925...)

Psicólogo nascido numa pequena cidade do Canadá, desenvolveu estudos sobre a aquisição da aprendizagem, realizando experimentos a partir dos princípios do condicionamento operante (de Skinner). Observou que o reforço não precisa ser necessariamente oferecido ao sujeito que emitiu a resposta, isto é, um reforço recebido por um determinado aluno numa classe, por exemplo, pode ter um efeito sobre os demais que passarão a imitá-lo, com o objetivo de também receberem o mesmo reforço.

Reforços deste tipo são chamados de vicariantes, acontecendo sobre um indivíduo separadamente, mas tendo o poder de ação sobre todos os outros. Essa forma de condicionamento social consiste num dos tipos de aprendizagem que mais vem sendo seguido ao longo da história da humanidade.

Autores como Neal Miller y John Dollard (1941) demonstraram que a imitação é, em grande parte, resultado de uma conduta aprendida. Aprende-se a aprender imitando outros (modelos). Bandura popularizou a teoria da aprendizagem social, evidenciando que o processo não se restringe ao ambiente escolar, como também envolve a todas as vivências sociais, uma vez que somos moldados pelo nosso pensamento, regras sociais e por tudo que aprendemos dos nossos modelos.

A aprendizagem imitativa ou vicarial consiste num dos processos de aquisição da aprendizagem social, acontecendo em grupos mais homogêneos, principalmente em sala de aula. Porém, a retenção não é muito grande, uma vez que esse tipo de aprendizagem continua sob a dependência de reforços que sejam apresentados a um determinado aluno, ou a alguém que ele possa imitar.

A transferência também costuma ser reduzida, pelo fato de que a ampliação do comportamento adquirido fica limitado e restrito a outras situações vicariantes. Mais uma vez, caberá ao professor ou treinador, conforme o contexto ou situação, optar ou não por fazer uso de práticas pedagógicas restritas a condicionamentos vicariantes ou de outros tipos.

Teorias Cognitivas

1. Gestalt

Gestalt é o nome genérico que engloba as teorias cognitivas que resultaram, principalmente, das pesquisas de Wertheimer (1880-1943), Kofka (1896-1941), Köhler (1887-1947) e Kurt Lewin (1890-1947). Trata-se de um movimento visando buscar respostas científicas para as indagações sobre o processo de conhecimento e, ao mesmo tempo, oferecer uma reação às teorias de condicionamento, analisando os efeitos da percepção.

A percepção, então, constitui o conceito básico da Gestalt, correspondendo à capacidade por meio da qual o indivíduo estrutura a realidade, criando uma configuração. Nas leis da Gestalt que descrevem e explicam os fenômenos da percepção e do aparecimento da estrutura, é muito freqüente a expressão insight, indicando o momento em que a percepção acontece e o todo se estrutura.

Também devemos destacar o estabelecimento de uma figura e de um fundo na realidade percebida. Na medida em que uma percepção é personalizada e acontece de forma bastante peculiar, observamos que, no todo, serão destacados pontos diferentes para cada sujeito.

A aplicabilidade da Gestalt na educação torna-se importante, à medida que recusa-se o exercício mecânico no processo de aprendizagem. Apenas as situações que ocasionam experiências ricas e variadas levam o indivíduo ao amadurecimento e à emergência do insight. Segundo as explicações da Gestalt, os três elementos primordiais da aprendizagem são: aquisição, retenção e transferência.

1) Aquisição: Ocorre exatamente por meio do insight, possibilitando o aparecimento da totalidade organizada. O aluno aprende a partir da emergência de uma estrutura que organiza o caos anterior que impossibilita a aprendizagem. A aprendizagem se efetua somente na medida em que se estabelece no campo das relações estruturadas.

2) Retenção: É observada pela permanência das estruturas emergentes na memória do aluno e na sua reutilização. Contudo, limita-se à contingência das próprias estruturas a determinadas situações.

3) Transferência: Seria insignificante, caso considerássemos cada momento estruturado isoladamente. Conforme a Teoria do Traço, o isolamento das estruturas fica, em parte, atenuado. A ligação existente entre as estruturas se dá por meio de um resíduo proveniente de uma estrutura que permite a conexão com o momento seguinte em que outra estrutura deverá emergir. Daí a não possibilidade de se considerar cada momento isolado, uma vez que existe comunicação entre as diversas estruturas anteriormente percebidas e organizadas e as novas situações a serem agora percebidas e organizadas.

A aprendizagem por Gestalt pode ser exemplificada pela aprendizagem que um indivíduo faz do itinerário de sua casa à escola. “O sujeito não saberá dizer nem os nomes das ruas intermediárias, nem citar pontos do caminho, pois terá uma estrutura total que engloba o ponto de saída e o de chegada”.

2. Jean Piaget (1896-1980)

Biólogo nascido em Neuchâtel, Suiça, estudou o processo de construção do conhecimento e a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Centrou seus estudos no pensamento lógico-matemático.

Até o início do século XX, a criança era tratada como um adulto em miniatura, isto é, como se pensasse e raciocinasse da mesma maneira que os adultos. A maior parte da sociedade acreditava que qualquer diferença entre os processos cognitivos entre crianças e adultos era sobretudo de grau, ou seja, os adultos eram superiores mentalmente, da mesma forma que eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos básicos seriam os mesmos ao longo da vida.

A partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de outras crianças, Piaget concluiu que, em muitas questões cruciais, as crianças não pensam como os adultos, por lhes faltarem certas habilidades. Formulou a teoria do desenvolvimento cognitivo como uma teoria de etapas, já que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.

Os pressupostos básicos da teoria de Piaget são: o interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os fatores que interferem no desenvolvimento. É a teoria que mais vem oferecendo contribuições em diferentes ambientes de ensino e aprendizagem nos dias de hoje, principalmente na educação de adultos.

A criança é concebida como um ser dinâmico que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Tal interação com o ambiente a leva a construir estruturas mentais e adquirir maneiras de fazê-las funcionar.

O eixo central da teoria de Piaget consiste, portanto, na interação organismo-meio, sendo que essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida, sendo denominadas “invariáveis funcionais”. A adaptação ocorre através da assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação vão se modificando, configurando os estágios de desenvolvimento.

As “variáveis funcionais” são representadas pelas estruturas, esquemas e conteúdos. Estruturas são sistemas organizados regidos por leis de conservação, transformação e auto-regulação. Surgem da construção realizada pelo próprio sujeito e vão se tornando cada vez mais complexas, num processo de majoração contínua.

Esquemas são unidades de conhecimento geralmente construídas numa fase primária, quando a criança ainda não opera e, portanto, não consegue construir estruturas lógicas.

Conteúdos são dados da realidade ou da imaginação que se tornam os elementos do conhecimento. Naturalmente, estão sempre mudando.

Segundo a teoria de Piaget, a aprendizagem ocorre por um processo contínuo de construção de estruturas, obedecendo a uma seqüência fixa que pode ser observada na progressão dos períodos cognitivos, os quais são delimitados pelas capacidades mais recentemente construídas, tornando-se cada vez mais complexos em relação aos outros. Os períodos cognitivos são:

1) Sensório-Motor (± 0 a 2 anos)

2) Pré-Operacional (2 a 7/8 anos)

a) Simbólico (2 a 4/5 anos)

b) Intuitivo (4/5 a 7/8 anos)

3) Operacional Concreto (7/8 a 13 anos)

4) Operacional Formal (13/14 anos em diante)

O processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como a maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos, o que implica na formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões culturais e sociais) e equilibração (processo de auto-regulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido).

A teoria de Piaget, portanto, explica o conhecimento por meio da interação do sujeito com o meio ambiente físico e social, sendo a aprendizagem entendida como a própria adaptação obtida num processo de equilibração e desequilibração constantes. Na prática, trata-se de uma aprendizagem que o indivíduo busca segundo suas próprias capacidades que, por sua vez, são resultantes das estruturas já construídas.

As capacidades não são inatas, mas resultam da interação do sujeito com seu meio. Dessa forma, além da aprendizagem de conteúdos, o indivíduo também aprende a aprender.

Na aplicação da teoria à prática nos processos de ensino-aprendizagem, um dos pontos que necessita ser destacado refere-se à atuação do professor como agente desequilibrador, que proporciona condições para a existência da interação do sujeito. Dessa forma, em lugar de transmitir simplesmente um conhecimento, vai-se permitir que o aluno, em uma ação interiorizada (pensamento) ou em uma ação efetiva (de acordo com seu grau de desenvolvimento), compare, exclua, ordene, categorize, classifique, reformule, comprove, formule hipóteses etc.

A transferência de aprendizagem constitui um ponto alto na teoria de Piaget, pois a cada nova situação, o sujeito comparece munido de todas as suas aprendizagens anteriores. Ao contrário da linearidade que permitiria uma transferência ponto a ponto, apenas aproximando o novo ser aprendido de um elemento já existente, a cada nova aquisição, todas as estruturas e conteúdos já existentes se mobilizam no processo de equilibração.

Uma das implicações do pensamento piagetiano aplicado à aprendizagem diz respeito ao fato de que os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural. Cabe aqui um alerta aos leitores de textos para autodesenvolvimento de um modo geral, principalmente aqueles que apesar de a uma primeira vista alegarem estar utilizando um instrumento para crescimento pessoal, com freqüência apercebem-se estar trabalhando inutilmente apenas com foco no conteúdo.

3. Jerome Bruner (1915...)

Psicólogo nascido em New York, é um dos mais famosos discípulos de Piaget. Suas idéias são baseadas nos mesmos pressupostos da teoria piagetiana, mas com algumas variações e contribuições próprias, como a intuição e as categorias cognitivas.

Considera a intuição como uma capacidade fundamental de apreensão da realidade em todas as épocas da vida do sujeito, e não apenas um substituto do pensamento lógico, predominante no período anterior aos 7 anos. Segundo Bruner, a criança pode aprender qualquer coisa em qualquer momento, desde que esta coisa lhe seja apresentada de forma honesta.

As categorias cognitivas são grupos conceituais que aglutinam aprendizagens com elementos em comum e que permanentemente encontram-se à disposição para que novas aprendizagens venham a ser incorporadas. Assim, podemos entender a aprendizagem como sendo a categorização de algo novo, ou seja, a introdução de conteúdos que não existiam anteriormente, mas que se encaixam nas categorias.

Segundo a teoria de Bruner:

Aquisição: acontece principalmente pela intuição do sujeito em relação ao mundo que o rodeia.

§ Percepção: permite ao indivíduo captar informações e dados novos em geral.

§ Categorização: corresponde à inserção do novo em categorias já existentes (de forma semelhante à estruturação piagetiana).

§ Retenção: acontece na medida em que o conteúdo intuído e incorporado a uma categoria, passa a fazer parte desta, ficando disponível para ser utilizado posteriormente. A organização da estrutura, também no sentido piagetiano, constitui outro fator de retenção.

§ Transferência: é realizada pela possibilidade de novas intuições provocadas pelas estruturas já existentes que, por sua vez, já resultaram de outras intuições num sistema altamente integrado.

Bruner difere de Piaget em relação à linguagem. Para ele, o pensamento da criança evolui com a linguagem e dela depende. Para Piaget, o desenvolvimento da linguagem acontece paralelamente ao do pensamento, caminha em paralelo com a lógica.

4. Lev Vygotsky (1896-1934)

Psicólogo contemporâneo de Piaget, nasceu e viveu na Rússia. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando nesse desenvolvimento o papel da linguagem e da aprendizagem. A questão central dessa teoria consiste na aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.

A mediação simbólica consiste no processo de interação que o próprio sujeito realiza com a ajuda de outras pessoas. A idéia de mediação pode ser entendida considerando-se que o homem, enquanto sujeito do conhecimento, não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe.

Vygotsky enfatiza, portanto, a construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, o conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito sobre a realidade, mas pela mediação feita por outros sujeitos. O “outro social” pode apresentar-se por meio de objetos, da organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.

O conceito de zona de desenvolvimento proximal corresponde ao intervalo entre a capacidade potencial de um indivíduo e a capacidade real por ele demonstrada. Em outras palavras, é a distância que existe entre o real e o potencial; define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação.

A passagem da capacidade potencial para a real exige a intervenção de uma outra pessoa. Podemos evidenciar a zona de desenvolvimento proximal, por exemplo, quando notamos que o aluno consegue fazer alguma coisa que antes não conseguia fazer sozinho, mas que agora consegue com a ajuda de outra pessoa. Essa idéia de que ele só sabe fazer com a ajuda de alguém não é verdadeira, uma vez que a aprendizagem vai se tornar real. O que hoje é proximal, amanhã será real.

A zona de desenvolvimento real corresponde ao nível das funções mentais da criança, que se estabelece como resultado de ciclos de desenvolvimento já completados. Se numa sala de aula, por exemplo, o professor disser para os alunos que “está chovendo”, podemos afirmar que esta frase diz respeito a um conhecimento que o professor tem e que todos os demais também têm. Todos têm certeza de que sabem que “está chovendo”. Portanto, dizer que “está chovendo” não acarretará aprendizagem e, conseqüentemente, não haverá desenvolvimento, pois para Vygotsky, “o indivíduo aprende para se desenvolver” (para Piaget, “o indivíduo se desenvolve para aprender”).

O raciocínio acima é fundamental para que o professor esteja sempre atento à importância de saber o que o aluno já sabe, a fim de evitar promover ações inúteis que só servirão para interferir negativamente no grau de motivação e interesse por parte de toda a classe. Isto serve também para treinamentos cuja metodologia se baseia na tal analogia de "ficar batendo sempre na mesma tecla".

Segundo Vygotsky, o processo de aquisição se faz, então, por meio da mediação simbólica, levando o sujeito a construir sua própria aprendizagem, sendo a linguagem e o pensamento elementos altamente significativos para que a construção ocorra. A retenção é explicada por sua vinculação total ao contexto histórico-sócio-cultural que confere a cada conteúdo uma significação profunda.

O indivíduo incorpora cada elemento da aprendizagem de uma forma complexa, pelo significado que deve ter, e não apenas pela aquisição construída. A transferência, por sua vez, sendo constante nessa teoria, ocorre principalmente através da mobilidade dos conteúdos já construídos na interação que o sujeito é chamado a realizar em seu meio sociocultural. No contexto total da vida do sujeito, cada elemento já aprendido encontra sempre significado, o que possibilita a ocorrência da transferência da aprendizagem.

5. Howard Gardner (1943...)

Psicólogo nascido na cidade de Scranton, ao nordeste da Pennsylvania, autor da teoria das inteligências múltiplas, é conhecido como o psicólogo que apresentou a cada indivíduo as suas possibilidades numa amplitude maior, relativa à multiplicidade de sua inteligência. De acordo com sua teoria, assim como são diversificadas as inteligências, a aprendizagem também será diversificada, sendo distribuída conforme requisitos especiais, para cada uma das sete modalidades de inteligência que descreveu.

Cada uma dessas formas de inteligência corresponde a uma capacidade que se encontra mais aguçada no indivíduo ou a uma habilidade mais bem desenvolvida pelo sujeito. A ocorrência mais evidenciada de determinada inteligência não significa a ausência das outras, e isto constitui um aspecto fundamental para a prática do professor, que deverá estar sempre atento às manifestações das capacidades dos alunos, a fim de melhor aproveitá-las durante o processo de aprendizagem.

Gardner concentrou seus estudos no desenvolvimento psicológico, devido à atração pela leitura de Jean Piaget e, ainda, pelos seus encontros com Jerome Bruner. Dessa maneira, contagiou-se pelo desenvolvimento cognitivo, demonstrando especial interesse na capacidade do simbologismo humano. As sete inteligências descritas por Gardner e suas principais características são:

a) Lingüística: maior facilidade no manejo das palavras; construção da aprendizagem por associações verbais.

b) Musical: facilidade de percepção e capacidade de discriminação de sons.

c) Lógica-Matemática: relativa às operações típicas do pensamento abstrato, é a forma de inteligência mais próxima da descrição de Piaget.

d) Espacial: capacidade de organização de si e do ambiente.

e) Corporal-Cinestésica: linguagem própria, sem palavras, mas que traduz as possibilidades do sujeito; forte poder de expressão.

f) Interpessoal: forma de inteligência mais voltada para a socialização; capacidades de liderança.

g) Intrapessoal: inteligência voltada para o autoconhecimento.

A aquisição da aprendizagem ocorre mediante a forma de inteligência mais adequada para cada um dos conteúdos a ser trabalhado num determinado momento. A retenção se explica pela validade do uso da inteligência mais adequada no processo de aquisição, o que sempre permitirá um domínio maior desse conteúdo específico. A transferência é realizada na medida em que as múltiplas inteligências se interligam, favorecendo o intercâmbio entre as possibilidades de aprendizagem.

Referências:

LINS, Maria Judith Sucupira da Costa. A aprendizagem. In: A aprendizagem e a tutoria. Rio de Janeiro: Senac, 2005.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

PIMENTA, Selma Garrido (Coord.). Pedagogia: ciência da educação. São Paulo: Cortez, 1996.

VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1984.

Fonte: http://paginas.terra.com.br/educacao/eadcamp/teorias.htm#Ivan%20Pavlov%20(1849-1936)

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