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terça-feira, 12 de março de 2013
Venezuela após a morte de Hugo Chávez Javier Rupérez - Embaixador da Espanha
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NATURALISMO PEDAGÓGICO NO EMÍLIO DE ROUSSEAU
Profa. Dra. Janete de Aguirre Bervique
Docente do Curso de Psicologia FASU / ACEG – Garça, SP
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RESUMO
O objetivo básico deste estudo é mostrar como Jean-Jacques ROUSSEAU (séc. XVIII) constrói sua teoria naturalista de educação, tendo em vista o processo de desenvolvimento da criança e do adolescente, incluindo três estágios, em consonância com o papel da Natureza em oposição à sociedade, nesse paradigma educacional.
PALAVRAS-CHAVE: Natureza, sociedade, criança e adolescente, estágios, educação.
ABSTRACT
The main objective of this study is to show how Jean-Jacques ROUSSEAU (18th century) builds his naturalist theory of education, considering the development process of the child and the adolescent including three stages and giving legitimacy to the role of the Nature against the society in this educacional paradigm.
KEY-WORDS: Nature, society, child and adolescent, stages, education.
INTRODUÇÃO
O século XVIII teve como um de seus pontos marcantes o aparecimento do Naturalismo Pedagógico, concepção educativa que vê na natureza o fim e o método de ensino; a natureza é, pois, considerada como realidade suprema, da qual emanam toda a lei e toda a ciência. O líder desse movimento foi ROUSSEAU (1), que propôs a fé na natureza, em substituição à lei da razão.
O século anterior fora dominado pelo racionalismo, pelo intelectualismo, pela idéia desenvolvida no Renascimento de que a educação consiste no domínio de livros e de formas. Esse sentido formalista dominará, também, a religião e a moral, mas toda essa erudição não conseguira melhorar o homem, moralmente.
ROUSSEAU, que fora amigo de DIDEROT, CONDILLAC e D’ALEMBERT (enciclopedista), partilhando de seus ideais e aspirações, rompeu com eles ao perceber, de repente, que o progresso das ciências e das artes contribuíra para corromper os costumes, que a faculdade de raciocínio dos intelectuais era cínica e egoísta e que não era possível basear a virtude apenas na razão. Voltou-se, como antes fizera DESCARTES, contra todas as formas de opressão: a educação formalista, que abrangia o ensino intelectual; a família que se assentava no interesse e não no amor; e a civilização que provocava a decadência da moral, tornando os homens fingidos e maus (2). ROUSSEAU achava que esse estado de vida era “não natural”, isto é, considerava a civilização como “um erro colossal e a sociedade a fonte de todo o mal” (3); entretanto, acreditava que nem tudo estava perdido, porque o homem, sendo capaz de perfeição, através de educação adequada à sua natureza, poderia reformar a sociedade.
A mentalidade da época estava obsecada por um amor exagerado à natureza. Havia já alguns anos que as descobertas no campo científico e as viagens de descobrimento conduziam os homens a uma nova concepção de si mesmos, da vida e da natureza, e a se interessarem pelo “homem natural”; isto é, o homem em sua vida originária, pura, não contaminado pelos artificialismos da civilização.
ROUSSEAU, levado pelo sentimento e pela simpatia pelo povo, revoltou-se contra a lei da razão, que impunha limitações ao aperfeiçoamento humano, e propôs o “novo evangelho da fé na natureza, no homem do povo e na capacidade do homem de realizar sue próprio bem na vida” (4); seu objetivo era a reabilitação do gênero humano, que só seria possível através da educação. E para expor a educação desejável à consecução desse elevado objetivo, escreveu Emílio, que, segundo suas próprias palavras, é “um tratado filosófico sobre o princípio de que o homem é naturalmente bom e é dedicado à procura da maneira pela qual se possa impedir que se torne mau” (5).
O livro consta de cinco partes e narra a vida de Emílio do nascimento ao casamento, apresentando uma grande riqueza de detalhes e aspectos. O presente estudo ater-se-á ao esquema pedagógico proposto pelo autor, norteado pelo seu lema “Volvamos à Natureza”.
O século anterior fora dominado pelo racionalismo, pelo intelectualismo, pela idéia desenvolvida no Renascimento de que a educação consiste no domínio de livros e de formas. Esse sentido formalista dominará, também, a religião e a moral, mas toda essa erudição não conseguira melhorar o homem, moralmente.
ROUSSEAU, que fora amigo de DIDEROT, CONDILLAC e D’ALEMBERT (enciclopedista), partilhando de seus ideais e aspirações, rompeu com eles ao perceber, de repente, que o progresso das ciências e das artes contribuíra para corromper os costumes, que a faculdade de raciocínio dos intelectuais era cínica e egoísta e que não era possível basear a virtude apenas na razão. Voltou-se, como antes fizera DESCARTES, contra todas as formas de opressão: a educação formalista, que abrangia o ensino intelectual; a família que se assentava no interesse e não no amor; e a civilização que provocava a decadência da moral, tornando os homens fingidos e maus (2). ROUSSEAU achava que esse estado de vida era “não natural”, isto é, considerava a civilização como “um erro colossal e a sociedade a fonte de todo o mal” (3); entretanto, acreditava que nem tudo estava perdido, porque o homem, sendo capaz de perfeição, através de educação adequada à sua natureza, poderia reformar a sociedade.
A mentalidade da época estava obsecada por um amor exagerado à natureza. Havia já alguns anos que as descobertas no campo científico e as viagens de descobrimento conduziam os homens a uma nova concepção de si mesmos, da vida e da natureza, e a se interessarem pelo “homem natural”; isto é, o homem em sua vida originária, pura, não contaminado pelos artificialismos da civilização.
ROUSSEAU, levado pelo sentimento e pela simpatia pelo povo, revoltou-se contra a lei da razão, que impunha limitações ao aperfeiçoamento humano, e propôs o “novo evangelho da fé na natureza, no homem do povo e na capacidade do homem de realizar sue próprio bem na vida” (4); seu objetivo era a reabilitação do gênero humano, que só seria possível através da educação. E para expor a educação desejável à consecução desse elevado objetivo, escreveu Emílio, que, segundo suas próprias palavras, é “um tratado filosófico sobre o princípio de que o homem é naturalmente bom e é dedicado à procura da maneira pela qual se possa impedir que se torne mau” (5).
O livro consta de cinco partes e narra a vida de Emílio do nascimento ao casamento, apresentando uma grande riqueza de detalhes e aspectos. O presente estudo ater-se-á ao esquema pedagógico proposto pelo autor, norteado pelo seu lema “Volvamos à Natureza”.
O IDEAL DA EDUCAÇÃO ROUSSEANIANA E AS FASES DA EDUCAÇÃO
Em primeiro lugar, é preciso distinguir três sentidos na palavra natureza, segundo ROUSSEAU, “Há a natureza física exterior; a natureza do homem e ou natureza enquanto compreendida como essência” (6). É a natureza, nos três sentidos, a responsável pela redenção do homem e salvação da sociedade. Para ROUSSEAU, a natureza é, também, a vida originária pura, livre dos convencionalismos, em que o homem se apresenta como é, apenas com suas qualidades inatas, e que a educação antiga, estritamente formalista, deturpava quando procurava desenvolver.
Para expor sua doutrina de salvação da sociedade e redenção do homem, ROUSSEAU precisava de um discípulo e, então, idealiza Emílio, um menino rico, sadio, robusto, órfão (ou entregue pelos pais a um preceptor, porque eles só poderiam educar o filho dentro da ordem vigente, justamente o que se queria evitar), de inteligência comum e que, bem orientado por Jean-Jacques, iria promover a reforma da sociedade. ROUSSEAU orientou a educação de Emílio no sentido de fazê-lo, antes de tudo, um homem.
“Na ordem natural, sendo os homens todos iguais, sua vocação comum é o estado de homem; e quem quer que seja bem educado para esse, não pode desempenhar-se mal dos que com esse se relacionam. Que se destine meu aluno à carreira militar, à eclesiástica ou a advocacia, pouco me importa. Antes da vocação dos pais, a natureza chama-o para a vida humana. Viver é o ofício que lhe quero ensinar. Saindo das minhas mãos, ele não será, concordo, nem magistrado, nem soldado, nem padre, será primeiramente um homem” (7).
“Homens, sejais humanos, é o vosso primeiro dever” (8).
Esse estado ideal não poderá ser atingido, entretanto, se Emílio ficar exposto às más influências da sociedade corrupta, pois, vivendo no meio do vício, não haverá possibilidade de seu coração conservar-se puro. Impossível levá-lo da bondade natural à prática da virtude, se ficar exposto à maldade adquirida pelos homens no contacto com a coletividade injusta, dominada pelo intelectualismo, pela política e pela moral convencionais. Além disso, não há liberdade verdadeira na sociedade; ela SÓ existe na natureza (9).
“O homem civil nasce, vive e morre na escravidão; ao nascer, envolvem-no em um cueiro, ao morrer, encerram-no em um caixão; enquanto conserva sua figura humana está acorrentado a nossas instituições” (10).
Para evitar o cercear da liberdade humana, que anula qualquer tentativa de desenvolvimento harmonioso do homem, pois faz com se desintegrem e degenerem suas tendências primitivamente boas, faz-se necessário separar o discípulo da sociedade e fazer da natureza sua única educadora e mestra. Recomenda a vida em contacto com a natureza, pois, observando a vida dos animais, livre e natural, concluiu que se fosse dada ao homem a oportunidade de uma vida mais conforme a natureza, estaria, do mesmo modo que os animais, livre de muitos males.
Segundo a doutrina rousseauniana, há três fontes de educação: a natureza, os homens e as coisas. A educação da natureza consiste no desenvolvimento interno das faculdades e dos órgãos -- a educação vem de dentro para fora; a educação dos homens consiste em ensinar o uso desse desenvolvimento; e a educação das coisas é o ganho da própria experiência sobre os objetos que afetam cada indivíduo. As três educações são necessárias para levar à perfeição; mas, como a educação dos homens depende de nós, a das coisas depende em parte e a da natureza é independente, o preceptor tem a obrigação de orientar as duas primeiras para esta última (11). Observa-se que há nessa concepção de educação geral uma profunda diferença da educação da época, cujo objetivo era amoldar a criança, sem qualquer consideração pela sua natureza e sem lhe deixar o mínimo de liberdade.
ROUSSEAU considera impossível formar o homem e o cidadão ao mesmo tempo, porque as instituições formais da sociedade são incompatíveis com a natureza e o cidadão é um indivíduo artificial. Por isso, Emílio será educado para ser homem e não cidadão, para viver na humanidade e não nesta ou naquela sociedade. Ou, em outras palavras, Emílio será um homem natural preparado para viver em estado social (12). Depois de ser educado de maneira correta pela natureza, Emílio será levado a viver em sociedade, para receber dela o que lhe faltar e para agir no sentido de restaurá-la.
Essa educação será feita por etapas, obedecendo ao desenvolvimento natural de Emílio, pois, a natureza não dá saltos, mas procede degrau por degrau.
Educação Natural até aos 12 anos
Para que a educação de Emílio se processe de modo adequado, ele terá um preceptor, preferentemente jovem, sábio, desinteressado pela riqueza, alegre e livre de compromissos, porque deverá acompanhar seu discípulo até a idade de 25 anos, sem abandoná-lo jamais: morar juntos, dormir e comer juntos, passear e aprender lado a lado, a fim de se criarem laços afetivos entre ambos, pois a afeição é condição indispensável para haver educação verdadeira, justamente o contrário do que se dava na época.
A tarefa do preceptor, entretanto, até que Emílio complete 12 anos, não será a de ensinar, mas de deixar que a natureza siga livremente seu curso; esta encarregar-se-á de proporcionar o desenvolvimento de suas potencialidades e de suas inclinações naturais, obedecendo a etapas que ela mesma determina. Nessa fase, a educação vem da natureza e o mestre limitar-se-á a estar atento para afastar obstáculos do caminho de Emílio e proporcionar condições favoráveis ao seu desenvolvimento espontâneo. Em resumo, em vez de dar preceitos, conduzirá Emílio no sentido de que os descubra por si, naturalmente, sem se valer da autoridade de mestre. Ainda, o preceptor não deve contrariar o discípulo; se ele quiser praticar um ato prejudicial, o preceptor deve esperar que ele seja castigado pela própria ação indesejável, pelas conseqüências desagradáveis que dela resultem, ou pela natureza (13).
ROUSSEAU propõe que a primeira educação seja negativa, porque nessa fase da vida muito perigosa, em que as experiências marcam o homem para sempre, é preciso “saber perder tempo para ganhá-lo” (14). A educação negativa, que se prolongará até os 12 anos, consiste em não ensinar a virtude ou a verdade, mas em preservar o coração do vício e o espírito do erro (15). O autor sustenta a tese de que a virtude não precisa ser ensinada muito cedo, pois a criança é naturalmente boa, como afirma na oração inicial de sua obra: “Tudo é certo em saindo das mãos do Autor das coisas...” (16). E em outra parte: “Não existe perversidade original no coração humano” (17).
Deve-se entender a concepção rousseauniana de educação negativa, não como uma ociosidade perniciosa, mas como o aproveitamento das ocasiões e do tempo para evitar que os vícios se implantem na criança, que ela adquira maus hábitos, ou conceitos e noções falsas. ROUSSEAU recomenda, ainda, que não se deve dar-lhe instrução nenhuma, pois ela não possuí razão para entende-la; deve-se, sim, proporcionar ocasiôes para que ela se desenvolva, naturalmente, exercitando sua vontade e dando condições físicas ao corpo, para que ele obedeça mais tarde, o comando da vontade.
A razão só aparecerá depois dos 12 anos e a “natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens” (18), pois “a infância tem maneiras de ver, de pensar, de sentir, que lhe são próprias” (19). Com isso, ROUSSEAU que dizer que a criança deve ser educada segundo sua idade, seus interesses e necessidades, em oposição ao que se praticava então, eis que a educação obedecia a programas e critérios fixos, completamente alheios às exigências próprias da infância (20). E essa, certamente, não é a fase em que ela deva receber lições verbais, nem ensinamentos morais, pois,lhe falta o uso da razão.
“...as mentiras da criança são todas obras de seus mestres, e querer ensinar-lhes a verdade não passa de ensinar-lhes a mentir” (21).
“Nós que damos a nossos alunos somente lições práticas e que preferimos que sejam bons a que sejam sábios, não exigimos deles a verdade de medo que a disfarcem, e nada lhes fazemos prometer que sejam tentados a não cumprir” (22).
Pergunta-se, então: de que maneira Emílio será educado? Através do exemplo, à semelhança das tribos selvagens, das primeiras civilizações, do mundo clássico e da vida familiar de hoje. ROUSSEAU intuiu, claramente, a importância do exemplo e da participação no processo educativo (23).
Em resumo, nessa fase da vida, o preceptor cuidará de que seu discípulo fortaleça o corpo através de exercícios, hábitos higiênicos e treine a acuidade sensorial pelo contacto íntimo com as forças e fenômenos da natureza, antes de querer que a criança pense; ela não conhecerá os livros e só aprenderá a ler se tiver vontade; sua aprendizagem será resultado de sua própria experiência.
“Suas idéias são limitadas mas nítidas, ele nada sabe de cor, mas sabe muito por experiências; se lê menos bem que outra criança em nossos livros, lê melhor no da natureza” (24).
Aos 12 anos, começa o despertar da razão e esse fato imprime um novo sentido à educação de Emílio.
Educação dos 12 anos aos 15 anos
A esta faixa etária ROUSSEAU denominou “Idade da Razão”, por ser o julgamento racional o seu traço característico. Através dele, a criança passa da “fase do mero sentimento animal para os mais altos sentimentos e faculdades da alma. Desses sentimentos surge a vida humana superior” (25).
É neste período que se inicia a verdadeira educação; agora, o preceptor deve interferir na natureza levando o aluno a trabalhar, a instruir-se, a educar-se, mas sempre por si mesmo, nunca obedecendo à autoridade dos outros; em caso contrário, estará fazendo uso da razão dos outros e não da sua própria razão (36).
Emílio dedicar-se-á a adquirir conhecimentos que, aliás, são poucos; aprenderá o que é útil, motivado pela sua curiosidade e pelos seus interesses naturais.
Isso não significa que, agora, Emílio poderá ler livros; o Robinson Crusoe, de Daniel DEFOE, será sua única leitura; a natureza continuará a ser a fonte de todo o conhecimento. A Geografia, a Astronomia, as Ciências Físicas, a Agricultura, as Artes e os Ofícios serão aprendidos, diretamente, da natureza, porque o propósito de ROUSSEAU,
“... não é dar-lhe a ciência e sim ensinar-lhe a adquirí-la se necessário, e fazer com que a estime exatamente pelo que vale e levá-lo a amar a verdade acima de tudo” (27).
Emílio não será um jovem instruído, mas capaz de instrução, porque terá, em primeiro lugar, o espírito bem formado; só terá conhecimento físico, isto é, aquele que pode ser observado concretamente, sem ser substituído pelos símbolos ou sinais; não aprenderá História, Metafísica, Moral, Gramática, nem tampouco entenderá sobre relações sociais. Só lhe interessam, por enquanto, as relações entre os homens e as coisas. Ao fim deste período de educação, Emílio é capaz de julgamento porque tem idéias, e está apto a aprender as relações sociais e morais entre os homens.
Educação dos 15 aos 20 anos
Assim se conclui a obra de ROUSSEAU: o resultado é um Emílio perfeito, sadio, bom, virtuoso e instruído, pronto para viver entre seus semelhantes e para reformar a sociedade.
Emílio é produto do trabalho conjugado da natureza e do preceptor. A natureza encarregou-se de formar o homem físico, o alicerce sólido e firme sobre o qual surgiria o homem moral, construído pelo mestre.
Tratando da educação de Emílio e inspirando-se na natureza como educadora, ROUSSEAU formulou muitas idéias educacionais que contribuíram grandemente para a renovação pedagógica, muitas das quais válidas até hoje:
- O paidocentrismo, isto é, a criança como centro do processo educativo; do seu conhecimento depende toda a educação. A criança deve ser vista como criança e não como um adulto em miniatura.
- A educação é um processo natural e progressivo, que dura toda a vida, devendo respeitar as características próprias de cada fase do desenvolvimento humano.
- A motivação é da máxima importância, eis que a moderna concepção de educação é a de que ela se processa de dentro para fora, sem imposições, tendo como ponto de partida os interesses e necessidades de cada fase da vida.
- A aprendizagem deve ser, tanto quanto possível, resultado da experiência direta e do contacto com a natureza; os métodos devem ser ativos e intuitivos, propiciando oportunidades para que o educando aprenda por si, pela própria experiência.
- A afeição entre educador e educando é condição da máxima importância para a eficiência da aprendizagem, pois diminuindo a distância entre ambos, facilita o diálogo.
- A educação é fator determinante de reformas sociais, pois criando novas necessidades, exije que sejam criadas as condições para que elas sejam satisfeitas.
Apesar de ROUSSEAU ter exagerado a importância da natureza como educadora, pois é impossível subtrair o homem do contacto social, não se pode deixar de reconhecer a validade de suas idéias inspiradas na mesma.
Concluindo, pode-se dizer que ROUSSEAU não conseguiu salvar o homem e reformar a sociedade de seu tempo; mas, salvou a criança dos séculos posteriores dos erros da educação antiga, abrindo-lhe perspectivas de ser educada de forma mais coerente e mais compatível com a sua natureza.
Foi o grito de alerta de ROUSSEAU que despertou os educadores da letargia em que se encontravam, motivando-os a aperfeiçoarem as teorias e métodos educacionais, substituindo o empirismo pelo tratamento científico da educação.
Emílio é produto do trabalho conjugado da natureza e do preceptor. A natureza encarregou-se de formar o homem físico, o alicerce sólido e firme sobre o qual surgiria o homem moral, construído pelo mestre.
Tratando da educação de Emílio e inspirando-se na natureza como educadora, ROUSSEAU formulou muitas idéias educacionais que contribuíram grandemente para a renovação pedagógica, muitas das quais válidas até hoje:
- O paidocentrismo, isto é, a criança como centro do processo educativo; do seu conhecimento depende toda a educação. A criança deve ser vista como criança e não como um adulto em miniatura.
- A educação é um processo natural e progressivo, que dura toda a vida, devendo respeitar as características próprias de cada fase do desenvolvimento humano.
- A motivação é da máxima importância, eis que a moderna concepção de educação é a de que ela se processa de dentro para fora, sem imposições, tendo como ponto de partida os interesses e necessidades de cada fase da vida.
- A aprendizagem deve ser, tanto quanto possível, resultado da experiência direta e do contacto com a natureza; os métodos devem ser ativos e intuitivos, propiciando oportunidades para que o educando aprenda por si, pela própria experiência.
- A afeição entre educador e educando é condição da máxima importância para a eficiência da aprendizagem, pois diminuindo a distância entre ambos, facilita o diálogo.
- A educação é fator determinante de reformas sociais, pois criando novas necessidades, exije que sejam criadas as condições para que elas sejam satisfeitas.
Apesar de ROUSSEAU ter exagerado a importância da natureza como educadora, pois é impossível subtrair o homem do contacto social, não se pode deixar de reconhecer a validade de suas idéias inspiradas na mesma.
Concluindo, pode-se dizer que ROUSSEAU não conseguiu salvar o homem e reformar a sociedade de seu tempo; mas, salvou a criança dos séculos posteriores dos erros da educação antiga, abrindo-lhe perspectivas de ser educada de forma mais coerente e mais compatível com a sua natureza.
Foi o grito de alerta de ROUSSEAU que despertou os educadores da letargia em que se encontravam, motivando-os a aperfeiçoarem as teorias e métodos educacionais, substituindo o empirismo pelo tratamento científico da educação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim se conclui a obra de ROUSSEAU: o resultado é um Emílio perfeito, sadio, bom, virtuoso e instruído, pronto para viver entre seus semelhantes e para reformar a sociedade.
Emílio é produto do trabalho conjugado da natureza e do preceptor. A natureza encarregou-se de formar o homem físico, o alicerce sólido e firme sobre o qual surgiria o homem moral, construído pelo mestre.
Tratando da educação de Emílio e inspirando-se na natureza como educadora, ROUSSEAU formulou muitas idéias educacionais que contribuíram grandemente para a renovação pedagógica, muitas das quais válidas até hoje:
- O paidocentrismo, isto é, a criança como centro do processo educativo; do seu conhecimento depende toda a educação. A criança deve ser vista como criança e não como um adulto em miniatura.
- A educação é um processo natural e progressivo, que dura toda a vida, devendo respeitar as características próprias de cada fase do desenvolvimento humano.
- A motivação é da máxima importância, eis que a moderna concepção de educação é a de que ela se processa de dentro para fora, sem imposições, tendo como ponto de partida os interesses e necessidades de cada fase da vida.
- A aprendizagem deve ser, tanto quanto possível, resultado da experiência direta e do contacto com a natureza; os métodos devem ser ativos e intuitivos, propiciando oportunidades para que o educando aprenda por si, pela própria experiência.
- A afeição entre educador e educando é condição da máxima importância para a eficiência da aprendizagem, pois diminuindo a distância entre ambos, facilita o diálogo.
- A educação é fator determinante de reformas sociais, pois criando novas necessidades, exije que sejam criadas as condições para que elas sejam satisfeitas.
Apesar de ROUSSEAU ter exagerado a importância da natureza como educadora, pois é impossível subtrair o homem do contacto social, não se pode deixar de reconhecer a validade de suas idéias inspiradas na mesma.
Concluindo, pode-se dizer que ROUSSEAU não conseguiu salvar o homem e reformar a sociedade de seu tempo; mas, salvou a criança dos séculos posteriores dos erros da educação antiga, abrindo-lhe perspectivas de ser educada de forma mais coerente e mais compatível com a sua natureza.
Foi o grito de alerta de ROUSSEAU que despertou os educadores da letargia em que se encontravam, motivando-os a aperfeiçoarem as teorias e métodos educacionais, substituindo o empirismo pelo tratamento científico da educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E NOTAS DA AUTORA
(1) - Jean-Jacques ROUSSEAU (1712-1778) nasceu em Genebra. Espírito inquieto, passional, romântico, vagueou pela Itália, Inglaterra e França, onde morreu. Celebrizou-se como pensador, mas, durante sua vida de andanças, dedicou-se às mais diferentes atividades, até compositor de músicas e criado. Tornou-se conhecido com o ensaio Discurso Sobre as Ciências e as Artes; escreveu Nova Heloísa, romance epistolar; O Contrato Social, reflexões sobre a sociedade ideal, que serviu de inspiração à Revolução Francesa; Emílio, romance pedagógico, no qual apresenta os princípios da educação naturalista; Confissões e outras obras menores.
(2) - ROSSEAU expressou sua tríplice revolta em três obras que formam uma trilogia, já referidas na nota 1: Júlia ou a Nova Heloísa, que apresenta a família perfeita, o matrimônio baseado no amor puro; O Contrato Social, que mostra a cidade ideal, fundada na justiça; e Emílio ou Da Educação, em que apresenta a verdadeira educação, baseada na natureza, que poderia reformar a sociedade.
(3) – LARROYO, Francisco - História Geral da Pedagogia, v. II, trad. bras., São
Paulo, Mestre Jou, 1970, p. 532.
(4) – MONROE, Paul - História da Educação, trad. bras., 7. ed. São Paulo, Nacional,
1968, p. 252.
(5) – Apud PIRES, Herculano - Livros que Abalaram o Mundo, 2. ed. São Paulo,
Cultrix, 1965, p. 132.
(6) - BARROS, Roque Spencer Maciel de - Pesquisa e Planejamento, nº6, São
Paulo, Centro Regional de Pesquisas Educacionais “Prof. Queirós Filho”,
1963, p. 49.
(7) – ROUSSEAU, Jean-Jacques - Emílio ou da Educação, trad. bras., São Paulo,
Difusão Européia do Livro, 1968, p.15.
(8) - Id. ibid., p. 61.
(9) - Nota-se que há uma orientação, nitidamente, individualista na doutrina de
ROUSSEAU.
(10) - USSEAU, Jean-Jacques, op. cit., p. 17.
(11) - Id., ibid., p. 11.
(12) - “Emílio não é um selvagem a ser lançado no deserto, é um selvagem feito
para viver na cidade”. Id., ibid., p. 227.
(13) – Id., ibid ., p. 69.
(14) - Id., ibid., p. 79 e 142.
(15) - Jean-Jacques ROUSSEAU, op. cit., p. 80 e 227.
(16) - Id., ib., p. 9.
(17) - Id., ib., p. 78.
(18) - Id., ib., p. 75.
(19) - Id., loc. cit.
(20) - Id., ibid., p. 91.
(21) - Id., loc. cit.
(22) – PIRES, Herculano - op. cit., p. 140.
(23) - Id., loc. cit.
(24) - ROUSSEAU, Jean-Jacques - op. cit., p. 167.
(25) – EBY, Frederick - História da Educação Moderna, trad. bras., Porto Alegre,
Globo, 1962, p. 305 e 306.
(26) - ROUSSEAU, Jean-Jacques - op. cit., p. 230.
(27) - Id., loc. cit., p. 230.
(28) - Id., ibid., p. 262.
http://www.revista.inf.br/pedagogia04/pages/resenhas/estudo03.htm
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RESUMO DO LIVRO: REFLEXÕES SOBRE A ALFABETIZAÇÃO DE EMÍLIA FERREIRO
Emilia ferreiro em sua obra “Reflexões sobre a alfabetização”, faz uma análise sobre a alfabetização, fazendo-nos repensar a nossa prática escolar, na qual se baseia em experiências vivenciada por ela e por outros colaboradores.
Em um primeiro momento a autora aborda, a representação da Linguagem e o processo de alfabetização, enfatizando a importância dos dois pólos do processo de ensino-aprendizagem (quem ensina e quem aprende) e alerta para um terceiro item que deve ser levado em conta: a natureza do objeto de conhecimento envolvendo essa aprendizagem.
Seguindo sua análise a autora fala que a escrita pode ser considerada como sistema de representação da linguagem ou como código de trancrição gráfica das unidades sonoras, onde faz algumas considerações em que consiste essa diferença, na qual diz que na codificação tanto os elementos como as relações já estão predeterminadas, e no caso da criação de uma representação nem os elementos e nem as relações estão predeterminadas. A autora diz ainda que se a escrita e concebida como sistema de representação, sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma aprendizagem conceitual, mas se a escrita e concebida como código de transcrição, sua aprendizagem é concreta ,como a aquisição de uma técnica.
Em um segundo momento a autora aborda as concepções das crianças a respeito do sistema de escrita, onde deixa clara a importância das produções espontâneas, nas quais podem ser chamadas de garatujas. Segundo a autora a criança não aprende submetida à um ensino sistemático, mas sim a toda produção desenvolvida por ela , que pode representar um valiosíssimo documento que necessita ser interpretado para poder ser avaliado, dando ênfase não só nos aspectos gráficos mas sim nos aspectos construtivos.Ela ressalta ainda que a distinção entre desenhar e escrever e de fundamental importância, pois ao desenhar se está no domínio de icônico; sendo importante por reproduzirem a forma do objeto.Ao escrever se está fora do icônico, sendo assim as formas dos grafismos não reproduzem as formas dos objetos.Segundo ela as crianças de um certo momento dedicam um grande esforço intelectual na construção de formas diferenciadas entre as escritas, essas diferenças são inicialmente intrafigurais e consiste em atribuir uma significação a um texto escrito. Tais critérios se expressão pelo eixo quantitativo onde se atribui o mínimo de três letras para que a escrita diga algo.E sobre o eixo qualitativo, como a variação interna possa ser interpretada, ou seja, se o escrito tem o tempo todo à escrita não pode ser interpretado.O passo seguinte se caracteriza pela busca de diferenciações entre escritas para dizer “coisas diferentes”, começa assim a busca difícil e muito elaborada de modo de diferenciação, que resultam ser interfigurais. Neste sentido as crianças exploram critérios que lhes permitem, às vezes, variações sobre o eixo quantitativo, variando a quantidade de letras de uma escrita para outra, e às vezes o eixo qualitativo, variando o repertório de letras e até mesmo o posicionamento destas sem modificar a quantidade.
Ao passar por todo esse processo a criança começa por descobrir que as partes da escrita (suas letra) podem corresponder a outras tantas partes da palavra escrita (sílabas). Inicia-se então o período silábico, onde permite obter um critério geral para regular as variações na quantidade de letras que devem ser escritas, chegando até o período silábico-alfabético, que marca a transcrição entre os esquemas futuros em via der serem construídos.Neste período a criança descobre que uma letra não basta para representar uma sílaba e que a identidade do som não garante a identidade de letras e nem a identidade de letras à dos sons.
Dando sequência Emilia Ferreiro fala sobre a polêmica em relação aos métodos utilizados no processo de alfabetização: analítico, sintético, fônico versus global, deixando claro que nenhuma dessas discursões levou em conta as concepções das crianças sobre o sistema de escrita.Deste modo para ela os métodos não oferecem nada maias do que sugestões, incitações.Afirma ainda que o método não pode criar conhecimento, e que nenhuma prática pedagógica e neutra, todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem.A autora cita três dificuldades principais que precisam ser colocadas: a visão que um adulto já alfabetizado tem do sistema da escrita, a confusão entre desenhar e escrever letras e a redução do conhecimento do leitor ao conhecimento das letras e seu valor convencional.Pois, segundo ela, uma vez estabelecidas estas dificuldades conceituais iniciais, é possível analisar a prática docente em termos diferentes metodológicos. Conclui após dar ênfase em cada assunto acima citado, que um novo método não resolve os problemas, mas sim que é preciso reanalisar as práticas de introdução da língua escrita, tratando de ver os pressupostos subjacentes a ela.
Em seguida a autora fala sobre a compreensão do sistema de escrita onde afirma que a leitura e a escrita têm sido tradicionalmente consideradas como objeto de uma instrução sistemática, todavia através de pesquisas a autora possui uma outra visão. Para ela as atividades de interpretação e de produção da escrita começam antes da escolarização, a aprendizagem se insere em um sistema de concepções previamente elaboradas, e não pode ser reduzida a um conjunto de técnicas percptivo-motora.Diz ainda que a escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade e que existe um processo de aquisição da linguagem escrita que precede e excede os limites escolares.Através de dados colhidos em pesquisas a autora menciona alguns dados que determina aspectos de toda esta evolução como a construção original da criança e onde estas elaboram idéias próprias a respeito dos sinais de escrita, idéias estas que não podem ser atribuídas a influencia do meio ambiente. Volta a falar que em um primeiro momento a criança passa pelo conflito que a distinção em o que é uma figura e o que não é uma figura.Após esta fase começa um trabalho cognitivo em relação a um segundo conjunto, que é a quantidade mínima de caracteres, critério este que tem uma influencia decisiva em toda evolução.O critério seguinte se refere à variedade interna de caracteres,não basta um certo número de grafias convencionais para que se possa ler, e necessário que estes grafemas variem.
Dando seqüência fala das informações específicas do adulto, onde exclarece que existe uma série de concepções que não podem ser atribuídas a uma influência direta do meio, ao contrário existem conhecimentos específicos sobre a linguagem que só podem ser adquiridas através de outros informantes (leitores adultos ou crianças maiores), como, por exemplo, que é convencional escrevermos de cima para baixo, que utilizamos as maiúsculas para nomes próprios e depois de ponto.Afirma ainda que no caso dessa aprendizagem que, conforme a procedência social das crianças há maior variabilidade individual e maiores diferenças. A autora enfoca que a escola pode cumprir um papel importante no que se refere à aprendizagem, no entanto, este papel não deveria ser de dar inicialmente todas as chaves do sistema alfabético, mas sim criar condições para que a criança as descubra por si mesma.Sendo assim o professor deverá adaptar seu ponto de vista ao da criança, estando sempre alerta sobre o que deve ser levado em conta, como, por exemplo, menosprezar os conhecimentos das crianças ao trabalhar somente com base na escrita, cópia e sonorização dos grafemas que considerar teligível a produção da escrita.Emília Ferreiro diz ainda que apesar da escola ser uma instituição social para controlar o processo de aprendizagem e sendo assim a aprendizagem deve realizar-se na escola, a criança desde que nasce e construtora de conhecimento.No entanto para ela deve-se abandonar a idéia de que nosso modo de pensar é o único, fazendo-nos adotar o ponto de vista do sujeito em desenvolvimento.No caso da leitura e escrita a dificuldade de adotar o ponto de vista da criança foi tão grande a ponto de ignorar as suas produções escritas, que a pouco tempo eram consideradas meras garatujas.Todavia existe uma série de passos ordenados antes que a criança compreenda a natureza do sistema alfabético de escrita e que cada passo caracteriza-se por esquemas conceituais específicos, cujo desenvolvimento e transformação consistem em um principal objetivo de estudo.
Emilia ferreiro deixa clara a sua preocupação com o desenvolvimento da leitura-escrita tanto pelo lado teórico quanto pelo lado prático.Segundo ela o analfabetismo ainda hoje é um grave problema e cabe o sistema ser mais sensível aos problemas das crianças e mais eficientes para resolvê-los, se quisermos reverter esse quadro.Demonstra ainda sua atenção às crianças que tiveram possibilidades limitadas de estarem rodeadas por materiais escritos e de serem seus usuários.Em seguida a autora da exemplos de crianças que foram submetidas ao processo de ensino aprendizagem(escrita), mostrando os avanços ocorridos gradativamente durante todo processo. Em um primeiro momento a criança escreve tudo com o mesmo grafema repetindo-o várias vezes.Dois meses após já se pôde notar progressões, ela aprendeu a desenhar algumas letras, alterando caracteres em uma palavra escrevendo de modo mais convencional, apesar de não haver correspondência entre grafemas particulares e pauta sonora.Após mais dois meses a progressão foi ainda maior, pois ela havia ampliado seu repertório de letras, aprendeu que para palavras diferentes deve-se usar letras diferentes. Quase ao final do ano já era capaz de escrever seu nome pronunciando silabicamente para si mesma. Concluiu-se então que esta criança estava construindo um sistema silábico de escrita, tendo assim condições de relacionar a pauta sonora da palavra: uma letra para cada sílaba.
A segunda criança já começava a escola de 1º grau sabendo desenhar seis letras diferentes, onde usava este repertório para difernciar palavras. Após dois meses já apresentava a escrita silábica. Com mais dois meses essa criança já se encontrava no período de transcrição que denomina-se silábico-alfabetico. A autora esclarece que esta escrita e considerada tradicionalmente como omissão de letras, olhando pelo ponto de vista da escrita adulta, mas vista do sujeito em desenvolvimento, esse tipo de escrita é considerada “acréscimo de letras”. No entanto ao final do ano a criança já escrevia alfabeticamente.
Dando seqüência Emília Ferreiro relata uma pesquisa realizada por ela, com propósito de descrever o processo de aprendizagem que ocorre nas crianças fracassadas. Onde enfatiza a evolução das produções escritas feitas por elas. A pesquisa começou com 959 crianças e foi finalizada com 886 dessas mesmas crianças que foram submetidas a entrevistas individuais. Em cada entrevista foi proposta a criança quatro palavras dentro de um dado campo semântico com uma variação sistemática no número de sílabas.Pôde-se notar que 80% dessas crianças, no início do ano escolar, escreviam sem estabelecer qualquer correspondência entre pauta sonora da palavra e a representação escrita, nem correspondência qualitativa/quantitativa. Assim a autora segue sua análise sobre a pesquisa realizada utilizando uma tabela que da ênfase aos padrões evolutivos que a criança pecorre onde faz observações sobre os diferentes níveis de escrita, demonstrando quanto por cento das crianças entrevistadas se encaixam em cada nível.
Finalizando sua análise, Emília Ferreiro fala sobre o polêmico tema “deve-se ou não ensinar a ler e escrever na pré-escola?”, afirmando que esse é um problema mal colocado, por ser falso o pressuposto no qual se baseiam ambas posições antagônicas. A autora assegura que o problema foi colocado tendo por pressupostos serem os adultos que decidem quando essa aprendizagem deverá ser iniciada e quando decidido que esse processo de aprendizagem não iniciará antes do primeiro grau, as salas sofrem um processo de limpeza até que desapareça todo sistema de escrita.Sendo assim a escrita que está presente em meio social desaparece da sala de aula.Por outro lado quando se decide iniciar esta aprendizagem antes do primeiro grau, as salas de pré-escola assemelhar-se a do 1º ano, sendo pressuposto o mesmo em ambos os casos. A autora volta a falar, que a criança inicia sua aprendizagem de matemática, por exemplo, antes mesmo do contato escolar, quando decidem a ordenar vários objetos através de diversas participações ao meio social. No entanto não poderia ser diferente com o sistema de escrita, uma vez que este faz parte da realidade urbana, mantendo contato desde cedo informações das mais variadas procedências como: cartazes de rua, embalagens, livros, revistas, etc. Sendo assim a criança não entra na escola sem nenhum conhecimento sobre o sistema de leitura e escrita. Diz ainda que é necessário uma imaginação pedagógica para dar as crianças oportunidades ricas e variadas de interagir com a linguagem escrita.Finaliza dizendo que é necessário entender que a aprendizagem da linguagem escrita é muito mais que a aprendizagem de um código de transcrição: é a construção de um sistema de representação.
Autor: Ana Paula Martins Lopes Araújo
http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/reflexoes-sobre-alfabetizacao-emilia-ferreiro/
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segunda-feira, 11 de março de 2013
Direito dos professores rede particular de São Paulo. João Maria Andaril...
O mundo sem Hugo Chávez ESCRITO POR JORGE MONROY | 17 DEZEMBRO 2012 NOTÍCIAS FALTANTES - FORO DE SÃO PAULO
ESCRITO POR JORGE MONROY | 17 DEZEMBRO 2012
NOTÍCIAS FALTANTES - FORO DE SÃO PAULO
Chávez dedicou-se a armar as pessoas, a ensinar a ideologia terrorista, a fazer de seus sócios das FARC pessoas ricas e poderosas.
Sem Chávez, o acordo criminoso com as FARC perde valor monetário, pois deixarão de fluir muitos dos rios de dólares do petróleo, da cocaína e da mineração ilegal.
Quando nada parecia deter o descontrolado avanço do totalitarismo do século XXI, do nada tudo terminou, pois há algum tempo Chávez não está vivo realmente. Lembram de seus “Alô Presidente” de nove e dez horas em cadeia nacional? Lembram dele prepotente na praça pública de Caracas dizendo: “Exproprie-se!” e determinando as vidas dos que haviam trabalhado tantos anos, só com o estalar dos dedos? Lembram-no enviando batalhões à fronteira e ameaçando com os Sukoy? Eu lembro muito bem. Hoje, o homem está passando por uma dura prova pessoal, embora talvez não tão dura como a de Franklin Brito e não sou ninguém para julgar. O que certamente é evidente, é que o modelo que ele levava oxidando a engrenagem política venezuelana está a ponto de colapsar.
A enfermidade de Chávez chega, além disso, em um momento no qual as economias da América Latina começam a mostrar sinais de contágio e afetação das crises globais. A Venezuela, particularmente, passou a ser um Estado nitidamente importador. Na Venezuela tudo se paga com petróleo. Muitas das empresas produtivas foram fechadas, expropriadas ou quebradas pelo punho de ferro de Chávez, ou quem não lembra das imagens dos danos nos melhores hotéis do país? Quem não lembra, dias depois, os hotéis sem valises e com inquilinos permanentes? As políticas de Chávez acabaram com a pouca indústria que um país tradicionalmente dependente do petróleo tinha. Porém, vou inclusive mais além: depois de mais de 10 anos deboom petroleiro, a PDVSA apresenta saldos em vermelho, não pode conseguir empréstimos e a produção de petróleo está em um de seus históricos mais baixos.
A Venezuela, e os que tornaram o chavismo possível, recolherão tudo o que semearam durante anos: enquanto Chávez designa, em um novo ato de desprezo à democracia, a Nicolás Maduro como seu sucessor, Diosdado Cabello começa em silêncio a batalha pelo poder. Ambos irão querer se fazer com o botim petroleiro em meio de um grupo de pessoas sectárias, às quais se lhes lavou o cérebro por uma década inteira. A Venezuela, depois de Chávez, se dará conta de que o único que aglutinava o PSUV era ele e muitos grupos terminarão em aberta disputa entre si mesmos. Chávez dedicou-se a armar as pessoas, a ensinar a ideologia terrorista, a fazer de seus sócios das FARC pessoas ricas e poderosas. Sem dúvida, no dia depois de Chávez estes grupos sem uma cabeça no comando, ou talvez com várias, começarão sua carreira revolucionária do mesmo modo que Tirofijo ou o Mono Jojoy. E como Chávez semeou terror, seguramente as células organizadas das FARC criarão as FARV e tristemente terão que começar a entender a longa luta do povo colombiano contra o terrorismo.
No dia depois veremos Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Kirchner, entre outros governos da ALBA, fazendo todos os esforços para estabilizar a Venezuela ao redor de uma figura amigável que lhes garanta o mesmo fluxo de recursos que lhes garantia Chávez, mas quem fique a cargo já não terá o mesmo poder para fazê-lo e tampouco haverá muito dinheiro para dar. Sem dúvida alguma, a justiça poética se encarregará de que os outrora aliados da ALBA voltem-se contra a Venezuela. No dia depois de Chávez haverá muitos incêndios na Venezuela e em todos os outros países da ALBA. Sem dúvida, com a queda do tirano, mais de um país se verá em problemas internos e seguramente mais de um presidente terá que ir-se. Minha aposta pela primeira é Cristina Fernández de Kirchner.
Na Colômbia, o presidente que apostou tudo na sua aliança com Chávez e os beneficiários do socialismo do século XXI terá de novo que fazer aproximações com os que o elegeram, possivelmente com atitudes ensaiadas de fanfarronices contra as FARC, com as quais já havia feito conchavos há muito tempo. Porém, sem Chávez o bolo se reduz, pois com ele se vão as rotas da cocaína que com tanto prazer as FARC haviam recebido. Sem ele, a mordaça sobre Makled [1] cairá e o povo colombiano entenderá por quê Santos ajudou a silenciá-lo. Sem Chávez, o acordo criminoso com as FARC perde valor monetário, pois deixarão de fluir muitos dos rios de dólares do petróleo, da cocaína e da mineração ilegal. O acordo criminoso que Chávez, Santos e as FARC chamam de “paz” como modo de chantagem, valerá muito menos dinheiro e dará viradas ainda incompreendidas. É claro que Santos quer estabelecer um governo das FARC, mas para isso um Chávez vivo com uma ALBA flutuante são um imperativo. Sem estes, o governo de Timochenko, ao qual Santos aspira, não terá muito apoio internacional e lentamente transformarão a Colômbia em outra Cuba, isolada, sem nenhum valor.
No dia depois de Chávez, o G2 fará o possível para que a Venezuela continue sendo o corpo vivente ao redor do qual o regime parasita, porém já não haverá dinheiro e sem dúvida haverá quem, ante a ausência do ditador, comece a pôr paus na roda cubana. A crise econômica da ilha será insustentável e Fidel Castro passará os dias de sua velhice vendo como Raúl tem que fazer reformas de mercado soltando pouco a pouco o punho de ferro.
Este é o momento para que a oposição venezuelana tome as rédeas de si mesma e inicie a reconquista da democracia. Se não o fizerem por eles mesmos ou pela Venezuela, talvez pelos milhões de democratas no mundo que esperamos que o regime do terror chavista passe para sempre aos anais da história.
Nota da tradutora:
[1] Walid Makled, venezuelano de origem síria, foi considerado pelos Estados Unidos como “o mais significativo capo da droga do mundo”. Capturado em 18 de agosto de 2010 pelas autoridades colombianas com apoio do Estados Unidos, foi requerido em extradição por este país mas Santos entregou-o a Chávez, a quem havia classificado como o seu “mais novo melhor amigo”, uma semana depois de assumir o governo da Colômbia. Makled encontra-se confinado em uma cela do SEBIN (Serviço Bolivariano de Inteligência) incomunicável, e depois de sua deportação à Venezuela ninguém mais soube dele. Chávez temia sua extradição aos Estados Unidos porque lá Makled faria revelações que poderiam depor seu governo, uma vez que ele afirma ter documentos que comprovam estreitíssimas ligações entre ele e seus negócios com Chávez, militares de altas patentes que protegem as FARC, além do alto escalão do governo venezuelano. O irmão mais velho de Santos, Enrique Santos, é amigo das FARC de velha data e, provavelmente, também mantinha relações com Makled, daí não haver interesse em extraditá-lo aos Estados Unidos.
Tradução: Graça Salgueiro
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