sábado, 8 de junho de 2013

Licenciatura em Ciências: Partículas Elementares



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Licenciatura em Ciências - O Elétron, TVUNIVESP



Programa produzido para o Curso de Licenciatura em Ciências da USP / Univesp TV. Mostra como a Ciência avançou no conhecimento do elétron e de seus atributos: massa, carga e spin

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Winnicott - Principais Conceitos


Winnicott - Principais Conceitos

 Escrito por: Joviane Moura

Para Winnicott a criança nasce indefesa. É um ser desintegrado, que percebe de maneira desorganizada os diferentes estímulos provenientes do exterior. O bebê nasce também com uma tendência para o desenvolvimento. A tarefa da mãe é oferecer um suporte adequado para que as condições inatas alcancem um desenvolvimento ótimo.

Fonte: http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos#ixzz2Vd2Po0pI
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Holding

Para Winnicott a sustentação ou holding protege contra a afronta fisiológica. O holding deve levar em consideração a sensibilidade epidérmica da criança – tato, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade às quedas – assim como o fato de que a criança desconhece a existência de tudo o que não seja ela própria. Inclui toda a rotina de cuidados ao longo do dia e da noite. A sustentação compreende, em especial, o fato físico de sustentar a criança nos braços, e que constitui uma forma de amar. A mãe funciona como um ego auxiliar.
Winnicott propõe que, durante os últimos meses de gestação e primeiras semanas posteriores ao parto, produz-se na mãe um estado psicológico especial, ao qual chamou de “preocupação materna primaria”. A mãe adquire graças a esta sensibilização, uma capacidade particular para se identificar com as necessidades do bebê.
HoldingO holding feito pela mãe é o fator que decide a passagem do estado de não-integração, que caracteriza o recém-nascido, para a integração posterior. O vínculo entre a mãe e o bebê assentará as bases para o desenvolvimento saudável das capacidades inatas do indivíduo.

Self Verdadeiro e Falso Self

O ser humano, para Winnicott, nasce como um conjunto desorganizado de pulsões, instintos, capacidades perceptivas e motoras que conforme progride o desenvolvimento vão se integrando, até alcançar uma imagem unificada de si e do mundo externo. (Bleicmar e Bleicmar, 1992).
O papel da mãe é prover o bebê de um ego auxiliar que lhe permita integrar suas sensações corporais, os estímulos ambientais e suas capacidades motoras nascentes.
Quando a mãe não fornece a proteção necessária ao frágil ego do recém-nascido; a criança perceberá esta falha ambiental como uma ameaça à sua continuidade existencial, a qual, por sua vez, provocará nela a vivência subjetiva de que todas as suas percepções e atividades motoras são apenas uma resposta diante do perigo a que se vê exposta. Pouco a pouco, procura substituir a proteção que lhe falta por um “fabricada” por ela. O sujeito vai se envolvendo em uma casca, às custas da qual cresce e se desenvolve o self. O individuo vai se desenvolvendo como uma extensão da casca, como uma extensão do meio atacante.
Winnicott diz que a “mãe boa” é a que responde a onipotência do lactante e, de certo modo, dá-lhe sentido. O self verdadeiro começa a adquirir vida, através da força que a mãe, ao cumprir as expressões da onipotência infantil, dá ao ego débil da criança. A mãe que “não é boa” é incapaz de cumprir a onipotência da criança, pelo que repentinamente deixa de responder ao gesto da mesma, em seu lugar coloca o seu próprio gesto, cujo sentido depende da submissão ou acatamento do mesmo por parte da criança. Esta submissão constitui a primeira fase do self falso e é própria da incapacidade materna para interpretar as necessidades da criança.
Nos casos mais próximos da saúde, o self falso age como uma defesa do verdadeiro, a quem protege sem substituir. Nos casos mais graves, o self falso substitui o real e o indivíduo. Winnicott diz que na saúde o self falso se encontra representado por toda a organização da atitude social cortês e bem educada. Produziu-se um aumento da capacidade do individuo para renunciar a onipotência e ao processo primário, em geral, ganhando assim um lugar na sociedade que jamais se pode conseguir manter mediante unicamente o self verdadeiro. O falso self, especialmente quando se encontra no extremo mais patológico da escala, é acompanhado geralmente por uma sensação subjetiva de vazio, futilidade e irrealidade. 

Objeto transicional

O objeto transicional representa a primeira posse “não-ego” da criança, têm um caráter de intermediação entre o seu mundo interno e externo.
Em Winnicott o conceito de objeto ou fenômeno transicional recebe três usos diferentes: um processo evolutivo, como etapa do desenvolvimento; vinculada às angústias de separação e às defesas contra elas; representando um espaço dentro da mente do indivíduo. Ele propõe ainda que em determinadas condições, o fenômeno ou objeto transicional pode ter uma evolução patológica, ou mesmo se associar a certas condições anormais.
objeto transicional é algo que não está definitivamente nem dentro nem fora da criança; servirá para que o sujeito possa experimentar com essas situações, e para ir demarcando seus próprios limites mentais em relação ao externo e ao interno. Bleichmar e Bleichmar (1992) dizem que o objeto transicional está situado em uma zona intermediária, na qual a criança se exercita na experimentação com objetos, mesmo que estejam fora, sente como parte de si mesma.
Para explicar a constituição do objeto transicional, Winnicott remonta ao primeiro vínculo da criança com o mundo externo, a relação com o seio materno. No princípio, a criança tem uma ilusão de onipotência, vivenciando o seio como sendo parte do seu próprio corpo. Mas, uma vez alcançada esta onipotência ilusória, a mãe deve idealmente, ir desiludindo a criança, pouco a pouco, fazendo com que o bebê adquira a noção de que o seio é uma “possessão”, no sentido de um objeto, mas que não é ele (“pertence-me, mas não sou eu”).
Objeto Transicionalobjeto transicional ocupa para um lugar que Winnicott chama de ilusão. Ao contrario do seio, que não está disponível constantemente, o objeto transicional é conservado pela criança. Ela é quem decide a distância entre ela e tal objeto. Como os fenômenos transacionais “representam” a mãe é essencial que ela seja vivenciado como um objeto bom. Bleichmar e Bleichamar (1992) relatam que, quando dentro da criança, o objeto materno está danificado, é pouco provável que ela recorra, de maneira constante, a um fenômeno transicional.
Winnicott aponta algumas características que são comuns aos objetos transicionais: a criança afirma uma série de direitos sobre o objeto; o objeto é afetuosamente ninado e excitadamente amado e mutilado; deve sobreviver ao ódio, ao amor, e à agressão. É muito importante que o objeto sobreviva à agressão, possibilitando a criança neutraliza-la, dando-lhe, posteriormente, um fim construtivo, ao notar que esta não destrói os objetos.
A ligação e o afastamento do objeto transicional deixa em cada sujeito uma marca: fica na mente do indivíduo um espaço que, assim como o objeto transicional, é intermediário entre o interno e o externo. É nesse espaço que se produz muitas das atividades criativas do homem, como as artes, a musica, etc. que “representam” o mundo interno para o exterior e, em certo sentido, “representa” a realidade para si mesmo.

Desenvolvimento psíquico

Winnicott propõe que a maturação emocional se dê em três etapas sucessivas: a da integração e personalização, a da adaptação à realidade e a de pré-inquietude ou crueldade primitiva.

Integração e personalização

Para Winnicott as experiências iniciais ou diádicas são estruturantes do psiquismo, participam da organização da personalidade e dos sintomas. O bebê nasce em um estado de não integração. Onde os núcleos do ego estão dispersos e, para o bebê, estes núcleos estão incluídos em uma unidade que ele forma com o meio ambiente. A meta desta etapa é a integração dos núcleos do ego e a personalização – adquirir a sensação de que o corpo aloja o verdadeiro self. O objeto unificador do ego inicial não integrado da criança é a mãe e sua atenção (holding).
Na etapa inicial de desenvolvimento a questão primordial é a presença de uma mãe-ambiente confiável que se adapte às suas necessidades de maneira virtualmente perfeita. Gurfinkel (1999) lembra que Winnicott inclui entre as “necessidades do ego” tanto os cuidados físicos quanto os psíquicos. Nem a realização mecânica das tarefas físicas ligadas ao lidar com o bebê, e nem a resposta imediata às suas demandas pulsionais implicam a satisfação das necessidades do ego.
A integração é obtida a partir de duas séries de experiências: por um lado tem especial importância a sustentação exercida pela mãe, que “recolhe os pedacinhos do ego”, permitindo a criança que se sinta integrada dentro dela; por outro lado há um tipo de experiência que tende a reunir a personalidade em um todo, a partir de dentro (a atividade mental do bebê). Chega um período em que a criança, graças às experiências citadas, consegue reunir os núcleos do seu ego, adquirindo a noção de que ela é diferente do mundo que a rodeia. Esse momento de diferenciação entre “eu” e “não-eu” pode ser perigoso para o bebê, pois o exterior pode ser sentido como perseguidor e ameaçador. Essas ameaças são neutralizadas, dentro do desenvolvimento sadio, pela existência do cuidado amoroso por parte da mãe.
A personalização – definida por Winnicott como “o sentimento de que a de que a pessoa de alguém encontra-se no próprio corpo”. O autor propõe que o desenvolvimento normal levaria a alcançar um esquema corporal, chamando-o de unidade psique-soma. Gurfinkel (1999) diz que a psique e o soma – que formam o esquema corporal de todo indivíduo – interpenetram-se e desenvolvem-se em uma relação dialética, e apresentam o paradoxo da diversidade na unidade.
Para Winnicott mente e psique são conceitos diferentes; trata-se de registros relacionados, mas heterogêneos. A psique é a elaboração imaginativa das partes, sentimentos e funções somáticas e não se separa, nem se divide do soma. A mente, no desenvolvimento saudável, não é nada mais do que um caso particular do funcionamento do psicossoma, surgindo como uma especialidade a partir da parte psíquica do psicossoma.

Adaptação à realidade

Winnicott e uma CriançaA medida que o desenvolvimento progride, a criança tem um ego relativamente integrado, e com a sensação de que o núcleo do si-próprio habita o seu corpo. Ela e o mundo são duas coisas separadas. A etapa seguinte é conseguir alcançar uma adaptação à realidade.
Nessa etapa a mãe tem o papel de prover a criança com os elementos da realidade com que irá construir a imagem psíquica do mundo externo. A adaptação absoluta do meio ao bebê se torna adaptação relativa, através de um delicado processo gradual de falhas em pequenas doses.
Bleichmar e Bleichmar (1992) dizem que para Winnicott a fantasia precede a objetividade, e o seu enriquecimento com aspectos da realidade depende da ilusão criada pela mãe; tudo repousa no vínculo precoce da criança com sua mãe. Mas o acoplamento entre alucinação infantil e os elementos da realidade fornecidos pela mãe nunca poderá ser perfeito. No entanto, o lactante pode vivê-lo como quase ótimo, graças a uma parte de sua personalidade, que procura preencher o vazio entre alucinação e realidade – a mente.
Winnicott considera que a atividade mental da criança faz com que um meio ambiente suficiente se transforme em um perfeito, converte o relativo fracasso da adaptação em um sucesso adaptativo. O autor fala que o que libera a mãe de ser quase perfeita é a compreensão da criança.
A mente se desenvolve através da capacidade de compreender e compensar as falhas; é uma função do ambiente à medida que ele começa a falhar, Gurfinkel (1999) diz que é apenas à medida que o ambiente falha que ele começa a existir para o bebê enquanto realidade. Portanto, se no início, a tarefa da mãe é adaptar-se de maneira absoluta às necessidades do bebê, em seguida, será de fundamental importância que ela possa fornecer um fracasso gradual da adaptação para que a função mental do bebê se desenvolva satisfatoriamente. O resultado disto será a emergência da capacidade do próprio sujeito de cuidar de seu self, atingindo um estágio de dependência madura.
Quando p ambiente não proporciona os cuidados que o psicossoma considera como elementares, a mente se vê obrigada a uma hiperatividade, o pensamento do indivíduo começa a assumir o controle e a organizar o cuidado ao psique-soma, podendo ocasionar uma oposição entre mente e psicossoma, ocasionado um distanciamento do verdadeiro self. Em estado de saúde, a mente não usurpa as funções do meio, mas possibilita uma compreensão e eventual aproveitamento de sua falha relativa.

Crueldade primitiva (fase de pré-inquietude)

Depois de a criança ter alcançado a diferenciação entre ela e o meio circundante e se adaptar em certa medida à realidade, pela absorção de pautas objetivas dela, que modificam suas fantasia, o último passo que deve dar é integrar em um todo as diferentes imagens que tem de sua mãe e do mundo.
Winnicott pensa que a criança pequena tem uma cota inata de agressividade, que se exprime em determinadas condutas auto-destrutivas. O bebê volta seu ódio sobre si mesmo para proteger o objeto externo; mas esta manobra não é suficiente e em sua fantasia a mãe pode ficar intensamente danificada. (Bleichmar e Bleichmar, 1992).
A mãe é, além do objeto que recebe, em certos momentos, a agressão da criança, é também aquela que cuida dela e a protege. Quando a criança exprime raiva e recebe amor, a criança confirma que a mãe sobreviveu e é um ser separado dela. O bebê adquire a noção de que suas próprias pulsões não são tão danosas e pode, pouco a pouco, aceitar a responsabilidade que possui sobre elas.
Bleichmar e Bleichmar (1992) dizem que simultaneamente a mãe que é agredida e a mãe que cuida vão se aproximando na mente do indivíduo, que assim adquire a capacidade de se preocupar com seu bem-estar, como objeto total. Isto constitui o grande sucesso que, que Winnicott identifica como a última das etapas do desenvolvimento emocional primitivo.

Gurfield, Décio. Psicanálise e Psicossoma: notas a partir do pensamento de Winnicott. In: Volich, R. M.; Ferraz, F. C.;
Arantes, M. A. de A. C. Psicossoma II – psicossomática psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.
Bleichmar, N. M. e Bleichmar, C. L. A Psicanálise depois de Freud: teoria e clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
Oliveira, C. A. Disponível em:
http://www.psicologia.org.br/internacional/winncar.htm. 17 de julho de 2008.
Santos, Eder Soares. A Teoria do Amadurecimento de D. W. Winnicott como Ciência Ôntica da Acontecência Humana – apresentação do projeto de doutorado. http://www.psicanaliseefilosofia.com.br/eder/doutorado.pdf. 17 de julho de 2008.


Fonte: http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/winnicott-principais-conceitos#ixzz2Vd2Hb4fd
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Em seu livro A Caixa Preta de Darwin o senhor descreve os sistemas de complexidade irredutível. O que são eles?


A caixa preta de Darwin

Michael J. Behe nasceu em 1952 e cresceu em Harrisburg, Pennsylvania. Bacharelou-se em Química, em 1974, pela Universidade Drexel, em Philadelphia. Fez pós-graduação em Bioquímica, na Universidade da Pennsylvania, e obteve seu doutorado em 1978, sendo o tema de sua tese a anemia falciforme. De 1978 a 1982 fez pós-doutorado sobre a estrutura do DNA, no National Institute of Health. Entre 1982 e 1985 foi professor assistente de Química no Queens College, na cidade de Nova Iorque. Em 1985 mudou-se para a Universidade Lehigh, onde atualmente é professor de Bioquímica. 

Em sua carreira profissional escreveu mais de 40 artigos técnicos e um livro, Darwin’s Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution(publicado no Brasil pela Jorge Zahar, com o título A Caixa Preta de Darwin), no qual argumenta que os sistemas vivos, em nível molecular, são melhor explicados como sendo o resultado de planejamento inteligente. Esse livro foi resenhado por mais de uma centena de periódicos, entre eles: The New York TimesNaturePhilosophy of Science Christianity Today. Atualmente, o Dr. Behe e sua esposa residem nas proximidades de Bethlehem, Pennsylvania, com seus oito filhos.

Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges, Behe fala sobre suas idéias e explica por que abraçou a teoria do Design Inteligente.

Em seu livro A Caixa Preta de Darwin o senhor descreve os sistemas de complexidade irredutível. O que são eles?

Sistemas de complexidade irredutível são aqueles que necessitam de partes múltiplas para funcionarem; se uma parte é removida, o sistema não funciona mais. 

Para Darwin e seus contemporâneos do século 19, a célula, por exemplo, era uma “caixa preta”. Era simplesmente muito pequena, e a ciência daquela época não dispunha de ferramentas para investigá-la. Os microscópios daquele tempo eram bem rudimentares e as pessoas podiam ver só os contornos da célula. Assim, muitos cientistas pensavam que a célula era bastante simples, como um pedacinho de gelatina microscópica. 

A partir daquela época, a ciência tem mostrado que a célula é um sistema extremamente complexo, que contém proteínas, ácidos nucléicos e diversos tipos de “máquinas miniaturizadas”. No meu livro eu examino várias dessas “máquinas” e argumento que a seleção natural darwiniana não pode tê-las produzido justamente por causa do problema da complexidade irredutível. 

Acredito que tais sistemas são melhor explicados como o resultado de um deliberado planejamento inteligente. E eu cheguei a essa conclusão por um tipo de argumento lógico indutivo: sempre que vemos tais sistemas no mundo real, no mundo macroscópico de nossa vida cotidiana, concluímos naturalmente que eles foram, de fato, projetados. Ninguém se depara com uma ratoeira e se pergunta se foi projetada ou não. 

Essa é uma das analogias usadas em seu livro. Explique melhor que relação o senhor estabelece entre uma ratoeira e os sistemas bioquímicos.

Certo. Suponhamos que queiramos fabricar uma ratoeira. Na garagem, podemos ter uma tábua de madeira velha (para a plataforma ou base), a mola de um velho relógio de corda, uma peça de metal (para servir como martelo) na forma de uma alavanca, uma agulha de cerzir para segurar a barra, e uma tampinha metálica de garrafa, que julgamos poder usar como trava. Essas peças, no entanto, não poderiam formar uma ratoeira funcional sem modificações excessivas e, enquanto elas estivessem sendo feitas, as partes não poderiam funcionar como ratoeira. Suas funções anteriores as teriam tornado impróprias para quase qualquer novo papel como parte de um sistema complexo. 

Assim, para que a ratoeira exista e funcione, é preciso que todas as suas partes funcionem perfeitamente, da mesma forma como deve ocorrer com os sistemas bioquímicos. Nada pode faltar e, por isso, não podem ter evoluído em etapas sucessivas.

Poderia mencionar alguns desses sistemas irredutivelmente complexos?

Os sistemas de complexidade biológica irredutível incluem o flagelo bacteriano, que é literalmente um motor externo que algumas bactérias usam para nadar: tem hélice, eixo acionador, motor, uma parte fixa, um mancal e outras partes mais. Outro exemplo é o sistema de transporte intracelular, que é um sistema de “rodovias”, “sinais de trânsito” e “vagões moleculares” que transportam carga por toda a célula.

Por contestar o paradigma evolutivo, seu livro tem causado bastante polêmica nos meios científicos. O senhor já previa isso? Quais foram os principais tipos de contestação?

Com certeza, eu previa que meu livro causaria controvérsia. Os darwinistas têm replicado dizendo, principalmente, que explicarão os sistemas moleculares no futuro, talvez dentro de dez ou vinte anos. Para dizer o mínimo, sou bastante cético quanto a essa pretensão.

A primeira reação da maioria dos críticos é dizer: “Isso é apenas criacionismo levemente disfarçado.” E em resenhas escritas por cientistas eles falam freqüentemente sobre os primeiros capítulos de Gênesis e do “Julgamento da Criação”, de Arkansas, nenhum dos quais eu menciono no livro. Assim, eles tentam condenar meu trabalho através do processo de associação. Eles também não vêem que há uma distinção entre chegar a uma conclusão simplesmente pela observação do mundo físico, como se espera que um cientista faça, e chegar a uma conclusão baseado na Bíblia ou em convicções religiosas. 

Que influência o livro de Michael Denton (Evolution: A Theory in Crisis) teve em sua mudança de pensamento em relação ao evolucionismo?

O livro de Michael Denton foi muito importante para o meu ponto de vista. Ele foi o primeiro cientista, dos que eu li, que questionava a evolução baseado estritamente na ciência. Era algo novo para mim e me mostrou que havia muitos problemas inexplicáveis no Darwinismo.

A partir de então, procurei por pesquisas que pudessem dizer como os sistemas bioquímicos foram gradualmente produzidos durante a evolução. Descobri rapidamente que tais documentos não existiam. Assim, com o passar do tempo, percebi que, de fato, esses sistemas só poderiam ser o resultado de um planejamento inteligente. 

Estive isolado durante algum tempo. Então li o livro Darwin on Trial, de Phillip Johnson, e gostei bastante. Vi num número da revista Science que havia uma resenha do livro de Johnson. Eu fiquei muito entusiasmado e pensei: “Isso é demais! Eles terão que discutir alguns desses assuntos, e verei o que eles têm a dizer sobre isso.” Mas quando li mais detidamente o texto, percebi que não era uma resenha, era simplesmente uma advertência dizendo: “Este livro é antievolucionista. Advirta seus estudantes, pois ele está confundindo o público.” Fiquei bastante desapontado, pois eles não discutiam o conteúdo do livro. Não era nem mesmo uma refutação. Pensei: não é assim que a ciência deve ser. 

Escrevi uma carta ao editor de Science, mostrando que eles deveriam discutir os assuntos envolvidos, e não apenas rejeitá-los. Science publicou minha carta, Johnson a viu e me escreveu. Foi assim que nós começamos a nos corresponder. Desde então tenho sido convidado a algumas reuniões nas quais ele está envolvido, e essa é a maneira como eu me envolvi nessa comunidade de pessoas interessadas no assunto Intelligent Design. 

No que seu livro difere de outros sobre evolucionismo?

O argumento a favor da evolução é melhor resumido no livro O Relojoeiro Cego, de Richard Dawkins. É uma leitura fascinante, e é interessante notar como Dawkins e Denton usam exemplos semelhantes, mas chegam a conclusões completamente diferentes. Denton usa uma analogia com o idioma inglês dizendo que frases são difíceis de se criar. Dawkins tem uma seção onde ele usa um computador para gerar uma frase, tentando mostrar com isso que a evolução é fácil. Eu percebi que esses livros discutiam o problema num nível muito básico, não apenas em relação à ciência, mas ao conhecimento em geral. Quer dizer, como você sabe algo? Como você apóia uma teoria com evidência? E quais extrapolações são legítimas? Em meu livro, procurei aprofundar a questão.

Por que, na sua opinião, movimentos como o Design Inteligente têm crescido tanto?

Porque o Design Inteligente incorpora o ceticismo que muitas pessoas têm acerca do Darwinismo, e desafia a evolução em seu próprio território, como uma teoria científica.

Como sua mudança de foco, no que concerne à evolução bioquímica, afetou sua forma de lecionar?

Não afetou muito minha forma de lecionar, exceto pelo fato de que eu mostro aos alunos a natureza intrincada dos sistemas bioquímicos e saliento que ninguém demonstrou como eles podem ser produzidos através de processos aleatórios.

No fim de 1980, a Universidade Lehigh decidiu desenvolver um programa de seminários para calouros. São cursos que têm o objetivo de fazer os novatos ficarem entusiasmados com a carreira que escolheram. Assim, a administração estava procurando voluntários que sugerissem cursos. Eu criei um curso que chamei de “Argumentos populares sobre evolução”, no qual lemos Denton e Dawkins. Esse curso tem sido muito popular entre os estudantes. A maioria deles entra para a universidade acreditando na teoria da evolução, mas muitos deles, quando terminam o curso, dizem que, embora ainda acreditem na evolução, agora vêem o assunto como muito mais complexo e problemático. Como professor é meu objetivo fazê-los pensar por si mesmos e não simplesmente confiar no que as pessoas dizem, como eu fiz uma vez. 

Pode-se aceitar a teoria do Design Inteligente como puramente científica, sem apelar para a religião?

Sim, o Design Inteligente pode ser uma teoria puramente científica, porque está totalmente baseada em evidência física – a estrutura de sistemas celulares. Não se baseia em argumentos filosóficos, teológicos ou bíblicos, mas em evidência física.

Uma analogia que eu gosto de traçar é com a Física: muitos físicos estavam infelizes com a idéia do Big Bang porque parecia ter implicações teológicas óbvias. Todavia, os físicos a aceitaram como uma teoria científica legítima e trabalharam sobre ela. Eu vejo o Design Inteligente do mesmo modo: pode ter implicações religiosas mas é uma teoria científica clara baseada apenas em observações de sistemas bioquímicos, e nós deveríamos aceitá-la e trabalhar a partir dela.

O senhor fez diversas pesquisas em publicações de divulgação científica como o Journal of Molecular Evolution, em busca de explicações para os mecanismos da evolução biológica. O que concluiu?

As publicações científicas não apresentam detalhes, modelos testáveis, nem evidências experimentais mostrando que os processos darwinianos poderiam desenvolver sistemas de complexidade irredutível. Concluo que a evidência está faltando porque sistemas complexos não podem ser desenvolvidos por forças aleatórias.

Journal of Molecular Evolution tem aproximadamente 25 anos e publicou mais de mil artigos desde sua primeira edição. Essa revista publica muitos artigos sobre comparações de seqüências de moléculas de proteínas, DNA e outras, na tentativa de determinar uma ancestralidade comum. Assim, organismos que possuíssem seqüências semelhantes de aminoácidos em uma determinada proteína, por exemplo, seriam descendentes de um ancestral comum. Isso pode ser interessante, e pode ser uma questão legítima, mas comparar seqüências simplesmente não lhe diz nada sobre como essas complexas máquinas moleculares surgiram. Assim, durante os seus 25 anos de existência, oJournal of Molecular Evolution evitou completamente a questão de como esses sistemas extremamente complexos poderiam ter surgido. 

Lamentavelmente, a maioria dos cientistas ignora completamente a evolução no seu funcionamento, e aqueles que pensam no assunto simplesmente procuram por associações e não se preocupam com o Darwinismo em si. Extraordinariamente, isso tem muito pouco a ver com o trabalho cotidiano da ciência e serve basicamente como um suporte filosófico que, na minha opinião, está apenas inibindo a verdadeira pesquisa sobre como a vida se desenvolveu. 

Já que a ciência procura se caracterizar pela busca da verdade, por que é tão difícil, por exemplo, publicar um artigo com opinião discordante do evolucionismo?

Apesar da imagem popular, os cientistas são pessoas normais, com seus próprios preconceitos. Se alguém pretende desafiar uma crença profundamente defendida, pode esperar resistência.

Em entrevista concedida a uma revista brasileira de divulgação científica, a professora de história da ciência da Universidade da Flórida, Vassiliki Betty Smocovitis, disse, referindo-se aos criacionistas, que eles são “especialistas autoproclamados”, sem credenciais científicas. O que o senhor pensa a respeito?

Alguns criacionistas não têm credenciais, mas outros têm. Os que têm credenciais incontestáveis têm chamado a atenção para muitos problemas sérios no Darwinismo, os quais não se pode honestamente descartar.

O senhor vislumbra algum tipo de mudança de paradigma no futuro? Quem deverá mudar mais: a igreja ou a ciência?

A ciência muda à medida que mudam os dados, embora leve tempo. Acredito que a ciência acabará se voltando ao Design Inteligente, pois é nessa direção que os dados apontam. Ao contrário da ciência, a essência da religião não muda.

Vários cientistas, como o zoólogo adventista Dr. Ariel Roth, defendem uma integração entre fé e ciência. Como cientista cristão, o senhor acha possível conciliar a visão científica com a religiosa?

Acredito que por fim a ciência e a religião convergirão para a mesma verdade, pois só existe uma verdade.

O que a Teologia tem a oferecer à ciência na busca da verdade?

A Teologia pode mostrar à ciência que existe algo mais além da matéria e do movimento, que o mundo é mais complicado do que muitos cientistas crêem. A Teologia também pode salvaguardar a ciência do orgulho que acompanha a tentativa de explicar todas as coisas.

Entrevista originalmente publicada no livro Por Que Creio.


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Alexandre de Moraes pode será que pode ser PRESO por CRIME de TORTURA?

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