Escrito por Francis Lauer
| 16 Maio 2014
Artigos -
Globalismo
O leitor médio é porcamente ludibriado pela mídia nacional e global que trata de ocultar as informações sobre a verdadeira China.
Elogiar
o “modelo chinês” é elogiar o regime mais monstruoso, genocida e
desumano de toda a história da humanidade – tanto no seu passado quanto
no seu presente.
Duas visitantes tiram fotografias de uma banheira de ouro na Feira dos Milionários
em Xangai, China.
Com as seguintes palavras o Ion Mihai Pacepa descreve a realidade da nomenklatura (“a elite”) comunista:
“(...) Para a população romena normal, a palavra nomenklatura significa a elite, a superestrutura social reconhecível por seus privilégios.
As pessoas da nomenklatura não viajam de ônibus ou de carros. Eles
utilizam carros do governo. A cor e o modelo do carro indicam a
graduação do seu dono na hierarquia: quanto mais escuro, mais alta é a
sua posição (…) Os integrantes da nomenklatura não vivem em apartamentos
construídos no regime comunista. Tal como eu recebi, eles recebem
villas nacionalizadas ou apartamentos de luxo que anteriormente
pertenciam aos capitalistas (…) Durante o verão, as pessoas da
nomenklatura não são vistas nas lotadas e suadas praias públicas de
Bucareste. Eles vão a balneários em áreas especiais ou passam o fim de
semana numa villa em Snagov, um resort há 40 km de Bucareste. Os
integrantes da nomenklatura não passam suas férias aglomerados como
sardinhas nas colônias em estilo soviético. Eles possuem as suas
próprias casas de férias. Quanto mais escuro o automóvel, mais próxima à
casa de férias fica da casa de veraneio de Ceausescu (…) Eles não ficam
numa fila ao relento defronte uma policlínica de modelo soviético, onde
o tratamento é gratuito, mas você é mal tratado desde o porteiro e onde
não é possível gastar mais que 15 minutos com um doutor que tem de
atender pelo menos 30 pacientes no seu turno de oito horas. Eles não têm
de ir a hospitais normais, onde duas pessoas têm de dividir o mesmo
leito. Eles possuem hospitais luxuosos no estilo ocidental dos hospitais
Hellias, que foram construídos como uma fundação privada na época antes
do comunismo (...) Quantos hospitais só seus a Rainha da Inglaterra
tem? (…) Nenhum. Este é o número. O Camarada [Ceausescu] tem um hospital
só para si. E médicos que tratam exclusivamente dele e da família dele.
(...)”
(Red Horizons. Pg. 171-172 e 419)
Peço
ao leitor a gentileza de ler a notícia abaixo. Ela, por si só, é
imensamente interessante. Ao término dela farei alguns comentários sobre
o que essa movimentação oculta e sobre o inevitável colapso do sistema
chinês.
Uma avalanche de milionários chineses invade a Austrália
Laura Millan Lombraña
Tradução: Francis Lauer
Uma
iniciativa do governo australiano de conceder residência permanente a
multimilionários estrangeiros fez disparar a presença de chineses
endinheirados no país. A chegada deles catapultou os preços do mercado
imobiliário assim como a demanda por produtos de luxo e por atividades
nos megacassinos na Austrália.
O
visto para investidores significativos (SIV na sigla em inglês) permite
que qualquer cidadão estrangeiro obtenha uma permissão para residência
permanente na Austrália caso invista 5 milhões de dólares australianos
(10 milhões de reais) no país durante quatro anos e que permaneça no
país, no mínimo, cem dias a cada ano.
Desde
a introdução dessa medida, em novembro de 2012, o governo recebeu um
total de 981 solicitações, 92% das quais oriundas de cidadãos chineses.
Em dezembro havia sido concedidos 88 vistos, o que equivale a um
investimento total de, no mínimo, 440 milhões de dólares australianos
(907 milhões de reais). Os dados do Departamento de Imigração mostram
que as solicitações de vistos em espera de aprovação equivalem a
aproximadamente 3 bilhões e 500 milhões de dólares (9 bilhões e 100
milhões de reais).
“Os
multimilionários chineses estão começando a olhar para fora, em busca
de economias estáveis para investir seu dinheiro e onde também exista
uma excelente qualidade de vida e um bom sistema educacional para seus
filhos”, explica Mark Wright, sócio da Deloitte Austrália e especialista
em fluxos migratórios.
Wright
assegura que “os benefícios são óbvios: a maior parte desse capital
destina-se à compra da dívida do Governo australiano, pois é um
investimento seguro”. Os multimilionários chineses normalmente gastam o
restante em infraestrutura ou em propriedades imobiliárias.
A “explosão” no mercado imobiliário
A
Unique Estates é uma das agências que oferece oportunidades de
investimento em propriedades de alto padrão em Sidney. Uma de suas
agentes, Sally Taylor, afirma que o mercado vivenciou uma “explosão”
desde que os novos vistos passaram a vigorar.
“Os
compradores chineses agora são nossos principais clientes”, tantos
aqueles que compram ativos imobiliários para investir como aqueles que
adquirem residências de luxo para morar, afirma ela. Os investidores
chineses entraram com tanta força no mercado que “restam poucos projetos
disponíveis para investir e a oferta é muito limitada”.
O
mercado de casas de luxo também começou a sofrer uma saturação. “Há um
ano a demanda era de casas de quatro a seis milhões de dólares, porém,
hoje, o movimento está em torno das de oito a dez milhões de dólares e
começamos a ver alguma movimentação em residências de mais de vinte
milhões que não enxergávamos fazia anos”, explica Taylor à reportagem.
A
compra intensiva de propriedades por parte de investidores chineses é
um dos fatos que tem elevado o preço de residências na Austrália e,
sobretudo, em Sidney. Auxiliado também pela taxa de juros na mínima
histórica, o preço dos imóveis naquela cidade subiram 15% apenas em
2013, frente a um aumento médio de 9,8% no restante da Austrália,
segundo um estudo da RP Data.
Ao
passo que o país debate a respeito da existência de uma bolha
imobiliária que poderia estourar a qualquer momento, Taylor argumenta
que “os preços seguirão subindo por existir demanda suficiente por parte
do investidor chinês que os sustentem”.
Em
uma cidade que, pouco a pouco, passa a ser propriedade de chineses
milionários e onde nas lojas de produtos de luxo fala-se mais mandarim
do que inglês, é difícil perceber esses investidores especialmente
opacos que, além disso, viajam em jatinhos particulares e deslocam-se em
carros com motorista. Os testemunhos mais confiáveis são daqueles que
tratam diretamente com eles.
No 'The Star' – o maior cassino de Sidney – chá e camarotes
Lisa
Song administra uma casa de chá junto ao The Star, o maior cassino de
Sidney e o segundo maior da Austrália. À Lisa foi - “desesperada”,
recorda ela – uma pessoa encarregada de atender os clientes mais ricos
do cassino. “Os milionários chineses que iam ao cassino não bebiam o seu
chá”, explica essa jovem mãe que trabalhou no distrito financeiro da
cidade até juntar o suficiente para abrir a casa de chá.
Song
resolveu o problema importando “o chá mais exclusivo da China; que
cresce apenas em uma montanha e cujo preço por uma grama pode ir de um a
dez dólares”, explica enquanto acaricia carinhosamente a caixinha onde
guarda as folhas secas.
Dentro
do cassino de Sidney, faz-se evidente a presença de jogadores asiáticos
num labirinto de 1500 máquinas caça-níqueis e umas trinta mesas de
black jack. A última novidade, uma máquina luminosa chamada Duo Fu Duo
Cai, atrai dezenas de pessoas com traços asiáticos.
Porém, os multimilionários chineses se escondem na sala Sovereign.
Esse lugar exclusivo e zelosamente vigiado por agentes de segurança com
cara de poucos amigos abriga as mesas de jogo onde a aposta mínima gira
em torno de 25.000 a 75.000 dólares australianos (51.000 a 155.000
reais) e uma terceira mesa onde a aposta mínima oscila entre 100.000 e
500.000 dólares australianos (205.000 a 1.030.000 reais).
A
quantidade de conversíveis e limusines estacionados frente à porta do
cassino em qualquer um dos dias e a ida e vinda de mulheres asiáticas
com cabelo esplendoroso e compridas unhas avermelhadas não parecem
indicar outra coisa a não ser uma pujante prosperidade. E, não obstante,
o The Star encontra-se em plena decadência.
O
governo australiano confirmou em outubro de 2013 a concessão dos
terrenos de Barangaroo, em pleno distrito financeiro de Sidney e uma das
zonas mais cobiçadas da Austrália, ao magnata do jogo James Packer, o
qual anunciou um investimento de 1 bilhão e 300 milhões de dólares
australianos (2 bilhões e 700 milhões de reais) para a construção de um
complexo de hotéis e cassinos com uma torre de 70 andares de altura. O
novo cassino de Barangaroo admitirá apenas os assim chamados
“apostadores VIP”, ou seja, aqueles que são capazes de apostar um mínimo
de 10.000 dólares australianos (21.000 reais).
Durante
a apresentação do projeto, que incluirá hotéis de seis estrelas, 120
mesas de jogo e dez salões de jogo privativo, Packer tratou de recordar
aos investidores – chineses em sua maioria – que os benefícios estão
assegurados. O magnata do jogo calculou os impostos dos primeiros 15
anos de atividade em 1 bilhão de dólares australianos (2 bilhões e 100
milhões de reais) e relembrou outra cifra chave: 75% dos jogadores VIP
no mundo provêm da China.
A
brecha aberta pelas autoridades (australianas) desencadeou uma
avalanche de capital chinês na Austrália. Enquanto o país esforça-se
para abrir amplamente as portas ao gigante asiático, tudo indica que a
transição de Sidney para uma nova Macau ou uma nova Hong Kong, ou outra
Xangai, não fez nada mais do que começar.
(Fonte: http://www.elconfidencial.com/mundo/2014-04-22/ganar-la-residencia-a-golpe-de-chequera-un-alud-de-millonarios-chinos-toma-australia_113903/)
Ao
leitor desavisado esta notícia indicaria a pujança econômica do “modelo
chinês” e o seu bom sucesso na promoção de uma imensa e benéfica
prosperidade à população da China. Nada mais falso. Este tipo de
interpretação só ocorre pois o leitor médio é porcamente ludibriado pela
mídia nacional e global que trata
de ocultar as informações sobre a verdadeira China ao mesmo tempo em que
trata a China comunista com uma dignidade que é – de todo – indigna.
Elogiar o “modelo chinês” é elogiar o regime mais monstruoso, genocida e
desumano de toda a história da humanidade – tanto no seu passado quanto
no seu presente.
Um panorama da China real está disponível na entrevista dos Editores do jornal Epoch Times à Radio Vox
(1) onde ao longo de duas horas um cenário amplo, surpreendente,
realista e aterrador é descrito. Os editores do Epoch Times revelam, por
exemplo, que 27% dos milionários com mais de 18 milhões de dólares já
foram embora da China e que metade planejam sair do país. Entre os ricos
com mais de 1 milhão e 800 mil dólares, 60% já abandonaram o país (2). Mais
grave do que isso: 90% dos integrantes do Comitê Central do Partido
Comunista Chinês (“a elite da elite”) possui dupla cidadania ou já
enviou seus parentes para o exterior (3). Essas informações revelam que há por parte da nomenklatura
do regime comunista chinês uma percepção clara que o país está à beira
do total colapso da sua estrutura social, de um cataclismo ambiental sem
precedentes no mundo (4) e de uma acachapante falência econômica que
não tem como ser solucionada (5).
Estaríamos vendo os sinais prévios de uma nova Perestroika (“reestruturação”
ou mais vulgarmente “'queda' do regime comunista”)? As evidências
históricas, factuais e teóricas parecem indicar que sim. Em artigo
recente, o filósofo Roger Scruton fez uma reminiscência histórica condensada sobre o que se passou nos subterrâneos da “queda” da União Soviética. Disse ele:
“(...)
Por que razão, de forma súbita e sem nenhum aviso prévio verdadeiro, a
elite soviética abdicou do poder de mando e silenciosamente retirou-se
do governo? A resposta é simples: porque era do interesse deles fazer
tal coisa. (...) Ao longo de um período de setenta anos, a União
Soviética construiu um sistema de espionagem e um sistema bancário
subterrâneo que em essência conferiu à elite da KGB praticamente total
liberdade de movimento no continente Europeu, bem como um sistema de
finanças pessoais seguro. Já em 1989 os oficiais de alta patente (...) possuíam propriedades no Ocidente e já haviam transferido para suas contas em bancos suíços a sua parcela de bens furtados ao povo russo no decorrer de décadas.
Então eles perceberam que esse processo poderia ser completado sem
nenhum custo adicional. Através da privatização da economia soviética
para si próprios e, pela adoção de uma máscara de governo democrático, a
elite apartou-se do comunismo, ingressando no mundo das celebridades
(...)”
(Artigo: O modo errado de lidar com o presidente Putin, publicado no MSM)
O analista político Heitor de Paola aprofunda a questão (grifos do autor):
“(...)
As relações dos EUA com os países comunistas sempre se pautaram pela
oscilação entre enfrentamento e pacificação (...) Os soviéticos, e hoje
os chineses, estão preparados para mudar sua tática de acordo com estas mudanças, porém perseguindo os mesmos objetivos estratégicos.
A Perestroika não passou de uma continuação da mesma estratégia que
desenvolve desde 1958. Como já disse anteriormente, o termo
reestruturação não se aplica à aparência de 'profundas' transformações no mundo comunista, mas exclusivamente da reestruturação da visão que o Ocidente tem do mundo comunista,
fazendo acreditar na dissolução da ideologia comunista (…) criar a
impressão de que a burocracia soviética estava se tornando mais
democrática e ocidentalizada (…) o que interessa é manter a Nova Classe no poder (...)”
(Livro: O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial, Cap. IX. Pg. 183-184. É Realizações.)
Ambas as referências indicam que está ligada à aparente dissolução de
um regime comunista: 1) o fluxo de pessoas e capitais para o exterior,
rumo a paraísos fiscais e refúgios capitalistas seguros; e 2) o
desenvolvimento de uma estratégia de longo prazo multifacetada que
engloba o uso de um estratagema de ocultação de uma velha ordem sob a
roupagem de uma “nova ordem”.
O ex-chefe de espionagem da Romênia Comunista, Ion Mihai Pacepa,
logo no prefácio da edição de 1990 do seu primeiro livro publicado em
1987, num tom lúgubre e admonitório afirma (tradução e grifo meus):
“(...) A destituição de Ceausescu fora, no entanto, o fim de um tirano, e não o fim do sistema que o alçou ao poder. Muitos dos líderes do governo atual são mencionados
[neste livro]. Na ausência da qualquer oposição organizada e de um
modelo democrático, a estrutura comunista de governo da Romênia
permanece essencialmente no mesmo lugar, apta a, talvez, com o tempo,
produzir outro Ceausescu. Tenhamos esperança que isto não aconteça, mas
se acontecer, tenhamos esperança que o Ocidente não cometa os mesmos
erros que cometeu com Ceausescu – erros que eu documento neste livro.”
(Red Horizons. Ed. Regnery Gateway)
Lamentavelmente, passados quase trinta anos, o Ocidente ainda não
aprendeu a lição. A crítica do filósofo Roger Scruton, a eleição do
Barack Hussein Obama (descrito pelo Dr. Alan Keyes com a frase: “O Obama é um comunista radical e ele irá destruir este país; ou nós o paramos ou os EUA deixarão de existir”)
e ainda o sucesso do Foro de São Paulo na América Latina, e também a
ampliação do abismo moral e espiritual do Ocidente são provas que os
erros mencionados pelo Pacepa continuam sendo cometidos impunemente.
O
que esperar da dissolução traumática e inimaginada de um regime
comunista que rege a vida de 20% da população mundial num espaço pouco
maior que o Brasil, um país que possui arsenal nuclear, mas cujos
recursos naturais (terra, ar e água) estão profundamente contaminados e
espoliados? O que esperar de uma “nova era” pautada por um estado súbito
de maior ou menor anomia de uma população que foi monstruosamente
apartada das suas raízes e valores culturais, espirituais e
tradicionais? Como a cristandade fará para responder a uma súbita
liberação de uma imensa demanda reprimida por mais cristianismo? Quais
serão os novos desafios que uma possível dissolução dos “últimos” (?)
bastiões de um comunismo antigo e ortodoxo (China e Coréia do Norte) irá
impor a conservadores e anti-comunistas? Estas são algumas das diversas
questões que o avanço do projeto revolucionário na China descortinará
em todo o mundo.
Dentro
de três anos iremos rememorar os 100 anos (um século!) da Revolução
Russa e da Aparição de Nossa Senhora em Fátima que a precedeu, um
momento repleto de significação e de certo modo propício para novos
grandes abalos na história humana.
Notas:
(1)
Um índice completo para a Entrevista da Radio Vox com os editores da
Epoch Times com todos os assuntos tratados pode ser encontrado aqui: http://bit.ly/1jO0Ef7.
(2) e (3) Imigração dos ricos da China (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 51:23) e 90% do Comitê Central do PCC tem duplo passaporte ou já enviou a família (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:30:53)
(4) Questão ambiental na China (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 34:00). Poluição atroz, fim dos recursos naturais baratos (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:19:20).
(5) Situação econômica (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:16:00). Mão de obra escrava. Beco sem saída do aspecto econômico (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:34:40).
Francis Lauer é tradutor e aluno do Seminário de Filosofia do prof. Olavo de Carvalho.
http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/15197-2014-05-16-21-12-07.html
Obrigado pela visita, volte sempre.