segunda-feira, 21 de julho de 2014

As contribuições da Psicomotricidade na Educação Infantil

As contribuições da Psicomotricidade na Educação Infantil

Andreza Santiago Gottgtroy de Araujo
Graduada em Pedagogia (FABEL)
Eduardo Rodrigues da Silva
Mestre em Educação Física e Cultura (UGF)

Introdução

Este estudo tem por foco de investigação a importância da Psicomotricidade na Educação Infantil, como meio de auxiliar o desenvolvimento das crianças, por meio das experiências motoras, cognitivas e socioafetivas indispensáveis à formação.
Há várias definições em torno do que seja a Psicomotricidade, desde o seu surgimento, quando seguia uma vertente teórica, depois prática, até chegar ao meio-termo entre as duas. Contudo, podemos dizer que a Psicomotricidade tem como objeto de estudo o movimento humano, reunindo as áreas pedagógicas e de saúde.
A Psicomotricidade envolve toda ação realizada pelo indivíduo; é a integração entre o psiquismo e a motricidade, buscando um desenvolvimento global, focando os aspectos afetivos, motores e cognitivos, levando o indivíduo à tomada de consciência do seu corpo por meio do movimento.
Este estudo pontua também algumas fases fundamentais dentro do processo de desenvolvimento motor infantil de grande relevância, com o intuito de auxiliar pedagogos e professores, para que entendam os conceitos da Psicomotricidade e sua importância no processo de aprendizagem das crianças na Educação Infantil.
Le Boulch (1985, p. 221) observa que “75% do desenvolvimento psicomotor ocorrem na fase pré-escolar, e o bom funcionamento dessa área facilitará o processo de aprendizagem futura”.
Portanto, é importante que o professor da Educação Infantil tenha consciência de que a criança atua no mundo por meio do movimento; daí a importância de o professor conhecer o desenvolvimento motor e suas fases, para que seja capaz de propor atividades fundamentadas nos conceitos da psicomotricidade, criando currículos e projetos em que as crianças utilizem o corpo como meio para explorar, criar, brincar, imaginar, sentir e aprender.
Num ambiente altamente favorável, o nosso menino ou menina pode encontrar possibilidade de retirar o máximo proveito de suas potencialidades inatas. Num ambiente diferente e hostil, apenas algumas dessas potencialidades básicas poderão exprimir-se (GESELL, 2003, p. 42).
O processo educativo não deve basear-se somente em teorias, mas também na força das relações afetivas; quando as crianças vivem em um ambiente que as compreende, elas se tornam mais autoconfiantes. Dessa forma, a qualidade na relação entre professor e aluno é fundamental no processo pedagógico.
Há algum tempo, as crianças experimentavam de maneira espontânea, por meio do brincar diário, atividades motoras suficientes para que adquirissem habilidades motoras mais complexas. Os verbos brincar, aprender e crescer eram indissociáveis.
A infância hoje é bem diferente; algumas mudanças aconteceram; a urbanização, a necessidade de segurança e o avanço tecnológico são fatores que diminuíram os espaços e a liberdade para que as crianças pudessem simplesmente brincar.
É nesse momento que a escola deve ser a grande aliada, não somente para garantir um futuro profissional brilhante para essas crianças como também, do mesmo modo, ajudando-as se tornar indivíduos autônomos, criativos e críticos.

O problema

Diante das diversas dificuldades com que nos deparamos nas nossas atividades diárias na condição de educadores, por vezes acabamos rotulando nossos alunos como desatentos, desmotivados, indisciplinados ou incapazes de desempenhar atividades mais complexas, não considerando que muitas dificuldades estão atribuídas as práticas psicomotoras que deixaram de ser trabalhadas durante a Educação Infantil.
A criança deve viver o seu corpo através de uma motricidade não condicionada, em que os grandes grupos musculares participem e preparem os pequenos músculos, responsáveis por tarefas mais precisas e ajustadas. Antes de pegar num lápis, a criança já deve ter, em termos históricos, uma grande utilização da sua mão em contato com inúmeros objetos (FONSECA, 1993, p. 89).
As descobertas e as aprendizagens das crianças na fase pré-escolar ocorrem por sua vivência corporal, pela exploração do ambiente e da manipulação dos objetos. As práticas quase sempre inadequadas ou insuficientes de atividades psicomotoras importantes para o processo de aprendizagem é consequência da falta de conhecimento do professor da Educação Infantil. A formação inicial desse professor não o qualifica o suficiente para a fundamentação psicomotora e, com isso, não têm conhecimentos suficientes para propiciar às crianças atividades adequadas ao bom desenvolvimento psicomotor.
Contudo, as atividades precisam ser planejadas, o que demanda reflexão, pois a associação de exercícios puramente analíticos, que exigem além da fase de desenvolvimento daquele grupo, corre o risco de inibir as crianças menos desenvolvidas.
Nessa perspectiva, é necessário que os professores da Educação Infantil tenham uma formação inicial consistente e acompanhada de permanentes atualizações; a Psicomotricidade é uma delas.
O objetivo deste estudo é suscitar questionamentos, debates e reflexões acerca da importância da Psicomotricidade no currículo da Educação Infantil, como proposta de atuação para professores, pedagogos e demais profissionais da área de Educação. Com a finalidade de facilitar o entendimento dos conceitos teóricos, buscando enfatizar as contribuições positivas, pontuamos alguns aspectos básicos da Psicomotricidade, como equilíbrio, lateralidade e esquema corporal, de grande relevância no processo de aprendizagem das crianças.
Cabe ressaltar a importância do professor para assumir o papel de facilitador, permitindo à criança situações e estímulos cada vez mais variados, com experiências concretas e vividas com o corpo inteiro, trazendo a Psicomotricidade sob um olhar pedagógico e preventivo.
Este estudo se propõe a desenvolver o pensamento crítico e reflexivo quanto à importância da Psicomotricidade no contexto escolar, em especial durante a Educação Infantil, por meio da relação próxima entre o desenvolvimento psicomotor e as aquisições básicas para as aprendizagens escolares.
Como pedagogos conscientes da utilidade da Psicomotricidade na escola, temos como dever orientar e conscientizar os professores e demais profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem de que a educação pelo movimento é uma peça fundamental na área pedagógica.
Este estudo foi desenvolvido a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores que abordaram o assunto. Foram consultadas referências bibliográficas das áreas de Psicomotricidade, Pedagogia e Educação Física, tendo como público-alvo o professor da Educação Infantil, pois pensamos que todos os professores deveriam ter acesso aos conhecimentos psicomotores, a fim de propiciar que as crianças realizem experiências com o corpo indispensáveis ao desenvolvimento mental e social.
Durante a idade pré-escolar, deverão ser identificados problemas de desenvolvimento que possam comprometer a aprendizagem escolar, bem como desenvolver aptidões pré-escolares necessárias. Durante a idade escolar, as atitudes dos educadores, a aplicação de seus métodos e a invenção de novos instrumentos deveriam ser estudadas em termos interdisciplinares (FONSECA, 2008, p. 534).
Baseada nisso, dá-se a necessidade de cuidar integralmente da criança que adentra a escola, dando possibilidades e condições motoras, cognitivas e socioafetivas.

A Educação Infantil

A Educação Infantil no Brasil não é preocupação muito antiga; durante muito tempo o papel das escolas que atendiam crianças de 0 a 5 anos era de caráter apenas assistencialista; hoje quebramos o paradigma de que nessa faixa etária elas vão à escola somente para “brincar”. E entendemos que a função de brincar é também um processo educativo para novas descobertas cognitivas e de importância na relação que a criança estabelece com os objetos e com os grupos.
O atendimento institucional à criança no Brasil e no mundo mostra, ao longo de sua história, concepções diferentes sobre sua finalidade social e formadora. A criança é um indivíduo dotado de capacidades e que necessita de um ambiente favorável, estável, acolhedor e construtivo para se desenvolver. Como nem sempre a vivência familiar favorece esses elementos, é dever da escola oportunizá-las nas melhores condições possíveis.
A partir da Constituição Federal de 1988, a Educação Infantil em creches e pré-escolas passou a ser, do ponto de vista legal, dever do Estado e direito da criança (Art. 208, inciso IV). Com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), o MEC, a fim de orientar as escolas, elaborou em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, volume 3, p. 23). Nele está:
Nesse processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.
Entendendo a importância da pré-escola como etapa anterior ao Ensino Fundamental de grande relevância no desenvolvimento da criança e para as aquisições de aprendizagens futuras, a LDB, por meio da Lei nº 12.796, de 2013, alterou o seu Art. 6º, obrigando pais e responsáveis a matricular a criança na Educação Básica a partir dos quatro anos de idade.
Nesses novos tempos, o desafio é estimular a criança na Educação Infantil sem perder a ludicidade, levando à criança atividades adequadas e prazerosas, respeitando sempre as características individuais. A Educação Infantil tem como propósito o desenvolvimento integral da criança, numa linguagem que consente que as crianças ajam sobre o físico. Por isso, é de extrema importância a abordagem da Psicomotricidade nessa etapa do desenvolvimento infantil, possibilitando que ela compreenda o seu corpo e as maneiras de se expressar por meio dele, localizando-se no tempo e no espaço.
Segundo Freire (1989, p. 20),
o significado, nessa primeira fase da vida, depende, mais que em qualquer outra, da ação corporal. Entre os sinais gráficos de uma língua escrita e o mundo concreto, existe um mediador, às vezes esquecido, que é a ação corporal.
Atualmente, é bastante comum nas pré-escolas brasileiras a “preparação para a prontidão”, que seria um treinamento, antecipação, aceleração ou preparação para o 1º ano do Ensino Fundamental. Kramer (2007, p. 25) afirma:
Por não levarem em consideração os determinantes sociológicos e antropológicos do processo educacional e por terem uma concepção da criança apenas como “futuro adulto” é que tais estratégias se voltam apenas à preparação.
Nessa perspectiva, muitas escolas de Educação Infantil não dão a devida importância para a estruturação do desenvolvimento psicomotor, que é a base determinante para a aquisição das novas aprendizagens dentro e fora da escola.

A Psicomotricidade e o desenvolvimento infantil

Desde a Antiguidade o corpo humano é valorizado. É possível perceber no pensamento da cultura grega o culto ao esplendor físico, retratado principalmente nas suas obras de arte e esculturas existentes até os dias atuais nos templos da Grécia. A história conta que, por longo tempo, o ser humano foi entendido de forma fragmentada, separando o corpo e a alma; esse dualismo sempre foi motivo de estudo.
Ao longo dos tempos, vários pensamentos românticos tentaram explicar essa relação entre corpo e mente; porém, a partir de alguns pensamentos mais radicais, no século XIX o termo Psicomotricidade apareceu pela primeira vez num discurso médico, mais especificamente neurológico, para nomear as zonas do córtex cerebral situadas além das regiões motoras.
A história do saber da Psicomotricidade representa já um século de esforço de ação e de pensamento; a sua cientificidade, na era da cibernética e da informática, vai-nos permitir certamente ir mais longe da descrição das relações mútuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Essa intimidade filogenética e ontogenética representa o triunfo evolutivo da espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas psicomotoras (FONSECA, 1988, p. 99).
Considerado o Pai da Psicomotricidade, Dupré, neuropsiquiatra francês, em 1909 foi uma figura de grande importância para o âmbito psicomotor, já que afirmou a independência da debilidade motora com um possível correlato neurológico. Depois desvincula e estabelece as diferenças entre elas, constatando que é possível ter dificuldades motoras sem alterações intelectuais e vice-versa.
Em 1947, Julian Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine a concepção de debilidade motora, considerando-a uma síndrome com suas particularidades próprias, e delimita com nitidez os transtornos psicomotores que hesitam entre o neurológico e o psiquiátrico. Nesse momento, a influência da Neuropsiquiatria é determinante. O corpo é apenas um instrumento, uma ferramenta de trabalho para o reeducador que se propõe a consertá-lo, visando corrigir distúrbios e preencher lacunas de desenvolvimento das crianças excepcionais.
A Psicomotricidade passa a ser entendida como uma ciência que estuda o indivíduo em função de seus movimentos, sua realização, seus aspectos motores, afetivos, cognitivos, resultados da relação do sujeito com o seu meio social.
Como se pode notar, a Psicomotricidade tem o objetivo de enxergar o ser humano em sua totalidade, nunca separando o corpo (sinestésico), o sujeito (relacional) e a afetividade; sendo assim, ela busca, por meio da ação motora, estabelecer o equilíbrio desse ser, dando lhe possibilidades de encontrar seu espaço e de se identificar com o meio do qual faz parte (GONÇALVES, 2011, p. 21).
No Brasil, a Psciomotricidade desenvolveu-se pela vertente da Educação Física e, até os anos 1980, a Psicomotricidade na escola ocupava-se apenas dos problemas e das dificuldades ligadas às estruturas psicomotoras de base, como andar, saltar, correr, observar equilíbrio, lateralidade e noção espaço-corporal, entre outros. Nos dias atuais, os educadores e outros profissionais que atuam na escola devem procurar especializar-se em atender a demanda que as crianças trazem para o ambiente escolar, a fim de transformar o conceito de reeducação para o de educação em sua definição mais ampla. A partir dessas novas contribuições, a Psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo suas próprias especificidades.
Segundo a etimologia, a palavra Psicomotricidade é formada por dois termos de diferentes: a palavra psyché, traduzida por “alma”, e a palavra latina motorius, traduzida por “que tem movimento”. Diversos autores e estudiosos da Psicomotricidade registram definições a respeito dessa ciência e, dentro da perspectiva deste estudo, destacamos a definição dada pela Sociedade Brasileira de Psicomotricidade:
A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo o estudo do homem através do seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, em que o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade e sua socialização.
É pelo seu corpo que a criança vai descobrir o mundo, explorar situações, experimentar sensações, expressando-se, percebendo-se e percebendo o que as cerca. Por meio da interiorização das sensações, à medida que a criança se desenvolve e quanto mais o meio oferecer condições, ela vai ampliando suas percepções e controlando seu corpo.
É por meio do movimento que a criança explora o mundo exterior e é por essas experiências concretas que são construídas as noções básicas para o desenvolvimento intelectual. Por isso, a importância de que a criança viva o concreto; é a partir dessa exploração que ela desenvolve a consciência de si e do mundo externo.
Desde os primeiros dias de vida a criança se desenvolve de forma contínua, e é pelo movimento que a criança estabelece as primeiras formas de linguagem. Entendemos que, para que ocorra um desenvolvimento global e harmonioso da criança, o professor deverá estar habilitado e é de relevante importância que ele entenda os conceitos da Psicomotricidade, as bases psicomotoras e suas aplicabilidades no processo de aprendizagem; é importante estimular o toque, a percepção do próprio corpo, pular, correr, subir, descer, andar descalço, perceber as diferentes texturas, manipular objetos de diferentes tamanhos, permitido uma união entre a psique e o corpo. O professor deve permitir que os alunos experimentem o mundo ao seu redor sem interferir o tempo todo com métodos e resultados. Porém observar, sem bases teóricas, as crianças brincando significa deixar escapar a essência do ato.
É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos e é manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém essa descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples atividade corporal indiferenciada.
A Psicomotricidade não é exclusiva de um método, de uma “escola” ou de uma “corrente” de pensamento, nem constitui uma técnica, um processo, mas visa fins educativos pelo emprego do movimento humano (AJURIAGUERRA, apud FONSECA, 1988, p. 332).
Durante as duas últimas décadas, algumas mudanças aconteceram na vida cotidiana do homem moderno, talvez porque os espaços tenham se reduzido devido à urbanização, à necessidade de segurança, à modernização tecnológica, levando as crianças a interagir mais com as máquinas do que com outras crianças. Essas modificações têm afetado principalmente as relações familiares e as crianças, que vem sofrendo com sedentarismo precoce. Outro fator de grande relevância é a iniciação escolar cada vez mais cedo, o que torna a instituição escolar responsável por grande parte da estimulação motora, emocional, cognitiva e social, tornando-se um espaço importante para que as crianças possam experimentar novas vivências.
Porém, independente de quais fatores foram responsáveis, o que não muda é o fato de que, para crescer e aprender, a criança precisa conhecer o seu meio e vivê-lo concretamente. É pelo conhecimento do seu corpo, da exploração de objetos, das relações afetivas que a criança terá subsídios cognitivos, motores e afetivos para suportar a sucessão de informações a que será exposta durante seu crescimento.

Estimulação psicomotora

O primeiro objeto que a criança percebe é o próprio corpo. É pelas sensações, mobilizações e deslocamento que se dá este conhecimento. Alves (2012) fala da importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento da inteligência, da afetividade, das relações sociais na vida do indivíduo e que elas determinam suas capacidades futuras.
O gesto é o primeiro instrumento social de compreensão e expressão da criança. Ações como apontar, evocar, apanhar começam a substituir o choro; a criança gesticula para exprimir situações e ações que ainda não consegue verbalizar, constituindo um importante modo de comunicação que antecede o vocabulário fonético. “Antes da linguagem, as ações motoras é que determinam as ações mentais” (GONÇALVES, 2011, p. 28).
A estimulação motora põe a criança em contato com o objeto, com o meio e com ela mesma, criando uma comunicação corporal cheia de significados. O que diferencia a estimulação motora de uma atividade motora é a intenção de provocar aprimoramento do esquema corporal, ou seja, a criança é estimulada a organizar habilidades diferentes das já experimentadas. É fundamental facilitar a interação da criança com o mundo dos objetos, por meio da experiência concreta e do brincar; a aprendizagem torna-se mais do que um processo acomodativo, para uma aprendizagem mais contextualizada e repleta de significados.
À medida que se colocam maneiras diferentes e novas para executar o movimento anteriormente conhecido, a criança se vê desorganizada e todo um sistema cerebral é ativado, buscando na cognição, na emoção e no aparato motor uma forma de perceber, decodificar, planificar e executar o novo movimento (GONÇALVES, 2011, p. 30).
Por isso, é importante colocar a criança em situação na qual será preciso que ela busque novas situações para conseguir um resultado desejado, mais ela colocará seu cérebro em funcionamento, o que, além de contribuir para o desenvolvimento cognitivo, será importante para sua organização motora, sua autonomia e a criatividade.

Aspectos do desenvolvimento motor

Equilíbrio

O movimento depende de uma atitude; a coordenação do movimento necessita de um bom equilíbrio, que é um dos sentidos mais importantes do corpo humano. O tônus é o que assegura e controla a musculatura para a maioria dos movimentos e atividade postural.
Na medida em que a criança cresce, o equilíbrio torna-se cada vez mais fundamental para a sustentação do corpo.
A equilibração pode ser estática ou dinâmica; Alves (2012) define como:
  • Equilíbrio estático: movimentos não locomotores, como ficar em pé, apenas com a ponta dos pés tocando o solo;
  • Equilíbrio dinâmico: movimentos locomotores, como o andar em marcha normal sobre uma linha pré-delimitada.
Uma das principais características do equilíbrio e domínio postural é a capacidade de locomoção. É importante que a escola estimule as habilidades e destrezas motoras para desenvolver os movimentos mais complexos, como andar, correr, saltar, girar, agarrar, ter relações sexuais e outros movimentos.
É pelo equilíbrio que a criança começa a se movimentar, e a partir desse momento passa a explorar os objetos e a interagir com tudo ao seu redor, propiciando a sua verticalidade.
A postura bípede deve submeter-se às leis do equilíbrio; para isso, inumeráveis reflexos posturais de origem filogenética devem intervir assim que o deslocamento e a flutuação do centro de gravidade se observam, exatamente para provocar mudanças posturais corretivas, desencadeadas pela ação dos receptores labirínticos, visuais e somaestésicos (FONSECA, 2004, p. 67).
A criança que possui equilíbrio adequado desempenha suas atividades com menor esforço e desgaste, garantindo uma movimentação harmônica e coordenada.

Lateralidade

A lateralidade está relacionada à predominância de um hemisfério cerebral sobre o outro. Quando ocorre a dominância do hemisfério esquerdo sobre o direito, temos o individuo destro; quando ocorre a dominância do hemisfério direito sobre o esquerdo, temos o individuo canhoto ou sinistro; quando não existe predomínio claro e se usa discretamente os dois lados, temos o ambidestro (ALVES, 2012). Embora seja legítimo afirmar que haja cooperação dos lados dos dois hemisférios na formação da inteligência Jean Marie Tasset (apud ALVES, 2012, p. 72) define “a lateralidade como apreensão da ideia de direita e esquerda, dizendo que esse conhecimento deve ser automatizado o mais cedo possível, enfatizando que a automatização da lateralização é necessária e indispensável”.
O conhecimento do próprio corpo é de grande importância nas relações do indivíduo com o mundo exterior, e não depende exclusivamente do desenvolvimento cognitivo, mas também das percepções, das sensações visuais, táteis, sinestésicas e da contribuição da linguagem.
A lateralidade é examinada a partir dos órgãos pares, como pés, mãos, olhos e ouvidos e por meio de gestos do dia a dia. Não devemos definir a lateralidade como sendo apenas o conhecimento esquerda e direita, mas sim toda a percepção do seu eixo corporal.
Todas as noções espaciais básicas, como as de em cima – embaixo, por cima–por baixo, frente–trás, dentro–fora, antes–depois, esquerda–direita etc., que são noções relativas, estão estruturalmente dependentes da noção de lateralidade, do binômio corpo–cérebro, dos nossos membros, dos nossos sentidos e dos nossos hemisférios, binômio psicomotor entendido como centro autogeométrico de orientação (AJURIAGUERRA, apud FONSECA, 2008, p. 242).
É de fundamental importância que as crianças experimentem atividades que utilizem ambos os lados do corpo, favorecendo um desenvolvimento eficiente dos movimentos. Quando a criança chega a determinada fase escolar, entre os 6 e 8 anos, é habitual que já tenha noção de direita e esquerda e dos dois lados do corpo, ou seja, que seja capaz de perceber que direita e esquerda não dependem apenas uma da outra, mas também da posição do outro e do seu deslocamento.
Porém, crianças mais velhas por vezes possuem problemas de aprendizagem oriundos dessa debilidade motora, precisando de treinamento específico da lateralidade para prevenir ou eliminar sintomas como palavras fora de ordem e escrita espelhada, entre outros, reduzindo as possibilidades de adquirir a dislexia.
Reafirmando o que diz Alves (2012): “quando as alterações psicomotoras de ordem geral se manifestam, interferem nas tarefas escolares, refletindo-se mais diretamente na escrita”.
É aconselhável que o professor não empregue os termos esquerda e direita antes que a lateralização esteja bem definida.

Esquema corporal

Para Alves (2012), “o corpo é, portanto, o ponto de referência que o ser humano possui para conhecer e interagir com o mundo”. Partindo desse conceito, o desenvolvimento cognitivo se constrói a partir da relação da criança com o meio, onde ela começa ampliar suas percepções e interiorizar as sensações já experimentadas; é fundamental que ela tenha conhecimento adequado do seu corpo.
O esquema corporal é a consciência que a criança passa a ter sobre o próprio corpo, das partes que o compõem e das possibilidades desse corpo, tanto em movimento como em posição estática.
Para a elaboração do esquema corporal é relevante que a criança vivencie estímulos sensoriais que as possibilite discriminar as partes do próprio corpo e as funções que elas desempenham.
A criança passa por níveis de desenvolvimento e experiências dia a dia, desde o seu nascimento. Inicialmente suas explorações sensoriais vêm por meio da boca, depois do tato e mais tarde ela descobre os pés. A integração do tronco acontece quando a criança começa a se locomover; nesse momento ocorre a configuração total.
Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou o fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas partes, esse corpo termina por ser investido de significações, de sentido e de valores muito particulares e absolutamente pessoais (VAYER, 1984, p. 30).
Esses valores a que Vayer se refere serão de fundamental importância para a formação do esquema corporal e da imagem corporal, que é a impressão que se tem de si mesmo.
Portanto, durante a Educação Infantil é interessante desenvolver atividades que permitam à criança a tomada de consciência do seu próprio corpo, a possibilidade de ele tomar várias posições diferentes, ter capacidade de nomear e apontar as partes do corpo, movimentar-se de todas as maneiras e descrever os movimentos, representar graficamente o corpo, identificar sensações e dominar a linguagem corporal.

Considerações

Os objetivos deste estudo eram apresentar essencialmente a importância da Psicomotricidade na Educação Infantil e o quanto esses conhecimentos são indispensáveis na formação do professor, pois a falta deles dificulta as ações educativas em prol de um desenvolvimento integrado entre o corpo, a mente e o social.
A sociedade e a escola “tradicional” não podem continuar a ser passivas, sentadas, fechadas, acríticas, competitivas, autoritárias, traumatizantes, servis ou segregacionistas. De fato, a saúde e a educação, seus agentes, métodos e instrumentos, precisam ser inovados e reconstruídos à luz de uma investigação psicopedagógica, interdisciplinar, que impeça o fosso ente a prática e a teoria, entre a ação e o pensamento (FONSECA, 2008, p. 534).
A escola, hoje em dia, é um importante agente motivador do desenvolvimento infantil; quando integramos a Psicomotricidade às atividades escolares, temos como resultado os benefícios da motricidade, do autoconhecimento e a ajuda na vivência em grupo, pois por meio das atividades psicomotoras e dos jogos as crianças precisam aceitar regras, e, quando começam a ter essa compreensão, mais facilmente aceitarão as regras da vida social.
Verificou-se, por este estudo, a necessidade de que o professor se conscientize de que a Psicomotricidade pode agregar experiências sensoriais, motoras, afetivas e sociais repletas de significados. Usando a empatia ao traçar seu trabalho psicomotor, pois é preciso nos colocar no lugar daquelas crianças, passamos a tratá-las como se fossem nossos aqueles corpos.
Sabemos que não há desenvolvimento igual ao outro; como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem, precisamos promover atividades psicomotoras adequadas às necessidades individuais e às etapas do desenvolvimento infantil.
Para entender de maneira prática a necessidade de incluir atividades motoras nas práticas educativas, tome-se o exemplo de uma pessoa que não teve sua lateralidade bem desenvolvida; normalmente ela terá dificuldades para aprender a ler e a escrever (uma vez que a leitura e a escrita realizam-se da esquerda para a direita) e ainda confundir letras simétricas (b/d, p/q) ou até mesmo em efetuar cálculos matemáticos, entre outros.
Diante dessas considerações, percebemos que é de extrema importância refletir sobre nossas práticas, além de analisar e recriar nossas metodologias de ensino. É preciso oportunizar as possibilidades para as crianças da Educação Infantil, pois o aprender deve estar cercado de intenções, motivações e desejos de se comunicar com o seu meio.

Referências

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. Código de Ética do Psicomotricista.Disponível em <www.psicomotricidade.com.br/etica.htm>. Acesso em 03 jun.2013.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 12 maio 2013.
BRASIL. RCNEI – Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil – volume 3. Brasil, 1998. p.15-40.
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade, psicologia e pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade, perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004.
FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
FONSECA, Vitor da. Da filogênese à ontogênese da motricidade. Porto Alegre: Artmed, 1988.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física.São Paulo: Scipione, 1989.
GESELL, Arnold. A criança dos 0 aos 5 anos. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GONÇALVES, Fátima. Do andar ao escrever: um caminho psicomotor. São Paulo: Cultural RBL, 2011.
LOVISARO, Martha. Psicomotricidade aplicada à escola: guia prático de prevenção das dificuldades de aprendizagem. 2ª ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
KRAMER, Sonia (org.). Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a Educação Infantil. 14ª. ed. São Paulo: Ática, 2007.
LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
MOLCHO, Samy. A linguagem corporal da criança. 4ª ed. São Paulo: Gente, 2007.
VAYER, P. O equilíbrio corporal – uma abordagem dinâmica dos problemas da atitude e do comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.

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sábado, 19 de julho de 2014

O Lúdico no Auxilio do Ensino da Matemática: Uma Proposta Possível


O Lúdico no Auxilio do Ensino da Matemática: Uma Proposta Possível
RESUMO
O aspecto lúdico é uma característica fundamental do ser humano, por isso, podemos dizer que o desenvolvimento da criança está intimamente relacionado com a ação de jogar. O trabalho com jogos na escola apresenta-se como possibilidade de investigação, pelo aluno, sobre o modo como se dá o seu próprio processo de construção de conceitos matemáticos.
No âmbito da educação matemática, ao se propor um trabalho com jogos, visa-se também, desmistificar a matemática enquanto uma disciplina maçante, difícil, que envolve somente a memorização. Neste artigo, propõe-se expor reflexões acerca do trabalho com jogos na escola, partindo das experiências pedagógicas vivenciadas no período de prática de ensino. O foco da preocupação tem sido a matemática e o jogo apresentando-se como grande aliado.
Palavras-chave: Ludicidade. Educação Matemática. Aprendizagem
1 INTRODUÇÃO
O ensino da Matemática esteve por muito tempo, vinculado a simples memorização de regras e fórmulas. Dessa maneira, seu estudo, muitas vezes considerado desmotivador, foi adquirindo uma forma pouco apreciada por estudantes.
No entanto, sabe-se da importância da Matemática para a vida humana, suas regras fazem parte do cotidiano de todos e quanto mais a conhecemos, mais percebemos sua extrema relevância para as mais diversas funções exercidas pela sociedade.
Por esta razão, foi preciso buscar novas formas para que o educando tivesse a oportunidade de compreender a Matemática como elemento indispensável em sua vida e vivenciá-la de forma prazerosa e significativa. Para tal, encontramos o jogo como um excelente recurso utilizado como facilitador de aprendizagem.
Desde muito cedo, o jogo é de fundamental importância na vida da criança, pois, quando brinca, a criança explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, construindo, desse modo, a compreensão da realidade na qual está inserida. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades.
Por serem considerados meios de compreender e intervir nos processos cognitivos das crianças, os jogos de regras merecem uma atenção especial. Eles possuem um conjunto de regras, um objetivo a ser atingido e um resultado dependente das ações utilizadas durante o jogo. O objetivo constitui um desafio ao pensamento do aluno, fazendo com que ele busque ou construa meios para atingir um resultado favorável, que ao ser alcançado, proporciona o desenvolvimento cognitivo.
A partir de uma prática pedagógica, vivenciada, este artigo foi elaborado, visando comprovar que por meio da utilização de jogos, as crianças podem melhorar seus desempenhos nas aulas de matemática, desenvolvendo também o raciocínio, habilidades motoras, cognitivas e sócio-afetivas.
2 A RELAÇÃO ENTRE A MATEMÁTICA E O JOGO
Atualmente, existe uma grande preocupação por parte de profissionais envolvidos em Educação, no sentido de insistir na idéia de que a prática pedagógica precisa valorizar as tarefas que promovam o desenvolvimento do pensamento matemático dos alunos. Neste sentido, também se pretende valorizar a prática onde as situações de aprendizagem sejam variadas, com aulas diversificadas. Há uma urgente necessidade de que a Matemática seja trabalhada dentro do contexto de vida dos alunos.
É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e desenvolve níveis diferentes da sua experiência pessoal e social. (ANTUNES, 1998, p. 36).
Desta forma, o trabalho com jogos pode estimular a curiosidade dos alunos para saber a origem dos assuntos que estudam. Cria ainda oportunidade de entrar em contato com idéias de outros colegas e de propor um conflito cognitivo que os façam evoluir em suas hipóteses de aprendizagem.
Ao analisar a História da Matemática, é possível perceber que esta ciência foi constituída pelo homem através dos tempos e que, sendo desenvolvida por meio de jogos, torna-se um poderoso instrumento didático para possibilitar que os alunos raciocinem e desenvolvam operações mentais criativas.
Sendo assim, não faltam argumentos que reforcem as potencialidades pedagógicas da utilização de jogos matemáticos como um excelente recurso didático.
Para Piaget (1989, p.5), “Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter seu equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, criar, jogar e inventa”.
De inicio, é importante explicar que foi utilizada a palavra jogo para referir-se ao “brincar”. Vocabulário predominante da Língua Portuguesa quando se trata de atividade lúdica infantil. A palavra “jogo” se origina do vocábulo latino ”ludus”, que significa diversão, brincadeira. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades.
2.1 O JOGO COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM
Aqui se pretende enfatizar a importância dos jogos na Educação Infantil e Séries Iniciais, como forma de facilitar a aprendizagem da matemática, desenvolvendo a originalidade, a criatividade dos alunos, enriquecendo seu conhecimento.
O jogo pode ser concluído no processo escolar de uma forma estimulante, resgatando o brincar e abrindo espaço para a expressão livre e envolvendo a criança num mundo cheio de fantasia.
Através dos jogos, as crianças desenvolvem o seu raciocínio e constroem o seu conhecimento de forma descontraída. Desta forma, dando uma contribuição e incentivo com significados também para o processo de aprendizagem da matemática.
A criança não é atraída por algum jogo por forças externas inerentes ao jogo e sim por uma força interna, pela chama acesa de sua evolução. É por esta chama que busca no meio exterior os jogos que lhe permitem satisfazer a necessidade imperiosa posta pelo seu crescimento. (ANTUNES, 2000, p.37).
Quando a criança entra num processo de construção de conhecimento, começa a despertar o faz-de-conta. A partir deste momento, vai trocar idéias e experiências, tornando-se um sujeito crítico e colocando-se em contato com as diferentes linguagens.
O jogo também proporciona uma melhor integração e um enriquecimento no vocabulário, adquirindo assim um hábito de aprender construtivamente e com uma visão ampla do mundo em sua volta.
Acredita-se que através do jogo, a criança constrói novos conhecimentos e facilita a sua socialização atingindo duas funções: lúdica e educativa. A atividade lúdica proporcionada pelos jogos deve ser o desencadeador de todo o processo de aprendizagem. O jogo na matemática desenvolve a imaginação e exige a tomada de iniciativas, desafiando a sua inteligência para encontrar soluções para os problemas.
No seu processo de desenvolvimento, a criança vai criando várias relações entre objetos e situações vivenciadas por ela e, sentindo a necessidade de solucionar um problema, de fazer uma reflexão, estabelece relações cada vez mais complexas que permitirão desenvolver noções matemáticas mais e mais sofisticadas. (SMOLE, 2000, p.63).
Nos jogos, os alunos são desafiados constantemente por problemas que lhes são estimulados a pensar rápido e a traçar inúmeras estratégias, para conseguir atingir seus objetivos.
A troca de opiniões que o jogo favorece, é de extrema importância para o desenvolvimento do pensamento mais lógico e coerente. Os alunos testam a lógica dos conhecimentos e são obrigados a organizar falas coerentes para se fazer entender pelos outros.
O jogo jamais pode surgir como um trabalho ou estar associado a alguma forma de sanção. Ao contrário, é essencial que o professor dele se utilize como ferramenta de combate à apatia e como instrumento de inserção e desafios grupais. O entusiasmo do professor e o preparo dos alunos para um momento especial a ser propiciado pelo jogo constitui um recurso insubstituível no estímulo para que o aluno queira jogar. (ANTUNES, 1998, p. 41).
Alguns professores acham que incluir jogos nos planejamentos é perda de tempo. A escola é lugar de trabalho, entendo como trabalho o ato de preencher inúmeros exercícios, sem considerar o interesse dos alunos por esse tipo de atividade.
Como se sabe que o uso do jogo contribui no processo ensino-aprendizagem, é certo que podem ser utilizados como recursos no cotidiano escolar nas aulas de matemática, permitindo ao professor desenvolver aulas criativas e permeadas de ricas experiências para o aluno. Possibilitando, desse modo, o aprender brincando, com mais prazer, maior significado e melhor resultado; são justificativas para a realização do presente artigo científico.
Enfim, os jogos, para serem utilizados no processo educacional, devem propor diversos tipos de atividades que possam ser praticadas em todas as matérias, de diversas maneiras, facilitando a aprendizagem, desenvolvendo a originalidade, a criatividade dos alunos, enriquecendo e vivenciando fatos.
2.2 A UTILIZAÇÃO DO JOGO COMO PRÁTICA EDUCATIVA
A partir do estudo realizado sobre a importância do jogo no ensino da Matemática, foi elaborado um projeto de ensino que serviu de base teórica para a realização das atividades propostas durante o estágio de prática de ensino.
O objetivo do projeto foi o de proporcionar às crianças um ambiente prazeroso, onde, por meio dos jogos, elas tivessem a oportunidade de compreender melhor a matemática, desenvolvendo o raciocínio, habilidades motoras cognitivas e sócio-afetivas. Durante a execução, constatou-se que os jogos lúdicos são um extraordinário instrumento de motivação, uma vez que transformam o conhecimento a ser assimilado em recurso de ludicidade e em sadia competitividade.
Os jogos lúdicos, além de motivadores contribuem seguramente para a criatividade, desinibição, coerente avaliação dos progressos da criança pelo professor, revisão dos conhecimentos adquiridos e, principalmente, favorecimento e fortalecimento da formação da personalidade do envolvido, na medida que o insere positivamente em um grupo de trabalho ou estudo.
De acordo com o RCNEI:
[...] para que as crianças possam exercer suas capacidades de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas voltadas às brincadeiras ou à aprendizagem que ocorrem por meio de uma intervenção direta. (BRASIL, 1998, p.27).
Daí a importância de inserir no cotidiano escolar, momentos de interação, divertimento e apropriação de novos conhecimentos por meio dos jogos. As crianças demonstraram ter um conhecimento lógico matemático adequado à idade. No entanto, a medida em que eram estimuladas as respostas foram cada vez mais positivas.
Com o desenvolvimento dos jogos propostos teve-se a oportunidade de constatar que, durante a realização deste tipo de atividade, a criança desenvolve a capacidade de observação do meio à sua volta, através de comparações de semelhanças e diferenças. Tudo isso permitindo a elaboração de certas estruturas: classificação, ordenação, estruturação de tempo e espaço, os primeiros elementos da lógica, através da resolução de problemas simples, buscando estratégias para vencer o jogo.
Teve-se uma grande preocupação para que cada criança tivesse seu próprio tempo para realizar a atividade, o que me fez compreender que a criança precisa ser respeitada, pois seu processo de aprendizagem é construído aos poucos, ela precisa do jogo e do objeto, bem como de espaço para que se sinta à vontade e segura.
A primeira relação da criança com a aprendizagem é justamente o fato de a criança aprender a brincar, o fato da brincadeira estar intimamente ligada à comunicação com outros indivíduos e ao contato com suas próprias emoções, o que favorece à criança, o desenvolvimento de sua auto-estima e a formação de vínculos. (DOHME, 1998, p. 163).
Percebe-se que professor que utiliza os jogos torna-se mais seguro, desenvolvendo também a sua criatividade, inovando suas aulas e criando outros jogos. Pois os jogos pedagógicos são excelentes recursos de que o professor poderá lançar mão no processo ensino-aprendizagem, porque contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual e social na criança.
O trabalho do professor, não consiste em resolver problemas e tomar decisões sozinho. Ele anima e mantém as redes de conversas e coordena ações. Sobretudo, ele tenta discernir, durante as atividades, as novas possibilidades que poderiam abrir-se à comunidade da classe, orientando e selecionando aquelas que não ponham em risco algumas de suas finalidades mais essenciais na busca por novos conhecimentos. (SMOLE, 2000, p.136).
Portanto, ao professor cabe o papel de mediador, orientando para que cada aluno tenha iniciativa em propor novas respostas para as situações-problema apresentadas.
Para Antunes (1998, p. 36),
O jogo ajuda o educando a construir suas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
As estratégias utilizadas durante o desenvolvimento do projeto, proporcionaram momentos de descontração e despertaram interesses dos alunos. O que novamente me fez constatar que brincando também se aprende, que o brincar pode desenvolver muitas habilidades e capacidades nos alunos.
Durante o jogo, fez-se presente a interação e pude constatar que a formação dos pequenos grupos foi facilitada em virtude das afinidades já estabelecidas entre eles.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda a realização de um trabalho de qualidade envolve fatores que passam por um bom planejamento, uma ação competente e eficaz e uma preocupação com coletas de resultados e avaliações.
Dentro do artigo apresentado, muito dos resultados aqui descritos podem ser sintetizados ao fato da comprovação que a educação de qualidade pode ser uma proposta possível.
Constatou-se que, ao utilizar-se de um recurso significativo dentro do contexto infantil, todo um processo de ensino e aprendizagem foi facilitado, não somente dentro da esfera do educando, mas também propiciou avanços na ação do educador, que teve a oportunidade de trabalhar com um grande aliado na prática educativa. Percebendo e comprovando quão maravilhoso é saber que uma boa intervenção, pode ser a única chance de um pequeno e frágil indivíduo compreender todo o processo matemático que está à sua volta.
Partindo do pensamento expresso neste documento, é que verifiquei que o professor tem mudado de concepção em relação à Matemática, assim como a concepção de ensino a que vinha sendo submetido. A concepção do aluno sujeito passivo, que repassa o conhecimento pronto, acabado, via memorização de regras, fórmulas e processos, se modifica para uma atitude de compreensão de que o aluno é, também, um construtor de conhecimentos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES. Celso. Jogos para estimulação das inteligências múltiplas. 11. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
Brasil. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Formação pessoal e social. Brasilia: MEC, volume 1, 2, 1998.
DOHME, V. D’ Ângelo: 32 idéias divertidas que auxiliam o aprendizado. São Paulo: Informal, 1998.
KISHIMOTO. Tizuko Morchida. Jogos Infantis: o jogo, a criança e a educação. 6. ed. Rio de Janeiro: vozes, 1993.
PIAGET, J. & INHELDER, B. A psicologia da criança. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1989.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trd. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes: A Construção do Raciocínio na Escola Natural.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
SANTA CATARINA, Secretaria do Estado da Educação e Desporto de. Proposta Curricular. Florianópolis: SED, 1997 e 1998.
SMOLE. Kátia Cristina Stocco. A matemática na educação infantil: a teoria das inteligências múltiplas na prática escolar. Porto Alegre: artmed, 2000.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
Autor: Daniela Maria Bernardes

http://pedagogiaaopedaletra.com/o-ludico-no-auxilio-do-ensino-da-matematica-uma-proposta-possivel/

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sexta-feira, 18 de julho de 2014

O LÚDICO COMO MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL




O LÚDICO COMO MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Marlene Maria da Silva
Prof. Bruno Barreto
Centro universitário Leonardo da Vinci-UNIASSELVI
Pedagogia (6191/6) Trabalho de Graduação
27/11/2010
2 INTRODUÇÃO
Os jogos são educativos, sendo assim, requerem um plano de ação que permita a aprendizagem de conceitos matemáticos e culturais de uma maneira geral. Já que os jogos em sala de aula são importantes, devemos ocupar um horário dentro de nosso planejamento, de modo a permitir que o professor possa explorar todo o potencial dos jogos, processos de solução, registros e discussões sobre possíveis caminhos que poderão surgir. Os jogos podem ser utilizados pra introduzir, amadurecer conteúdos e preparar o aluno para aprofundar os itens já trabalhados. Devem ser escolhidos e preparados com cuidado para levar o estudante a adquirir conceitos matemáticos de importância. Devemos utilizá-los não como instrumentos recreativos na aprendizagem, mas como facilitadores, colaborando para trabalhar os bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos matemáticos. Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Devemos escolher jogos que estimulem a resolução de problemas, principalmente quando o conteúdo a ser estudado for abstrato, difícil e desvinculado da prática diária, não nos esquecendo de respeitar as condições de cada comunidade e o querer de cada aluno. Essas atividades não devem ser muito fáceis nem muito difíceis e ser testadas antes de sua aplicação, a fim de enriquecer as experiências através de propostas de novas atividades, propiciando mais de uma situação.


3 DESENVOLVIMENTO
A matemática dos sonhos da maioria dos professores se tornará realidade no momento que existirem dentre outros fatores salas apropriadas para realizar uma aula diferente, materiais adequados, professores preparados, motivados e atualizados que levem para a sala de aula materiais novos, atrativos e principalmente que trabalhem através da realidade de seus educandos. O jogo é um processo que auxilia a evolução da criança, utiliza a análise, a observação, a atenção, a imaginação, o vocabulário, a linguagem e outras capacidades próprias do ser humano. Por meio dos jogos as crianças passam a compreender e a utilizar regras que serão empregadas no processo de ensino-aprendizagem. Por meio do concreto, a criança adquire noções de proporções, como grande, pequeno, maior, menor, alto, baixo, comprido, curto, etc. Colocar as crianças em ordem crescente e decrescente, dos mesmos tamanhos, mais altos e os mais baixos. Medir as crianças, medir a sala, encher balões. O professor não deve impor o conteúdo, pois a aprendizagem se faz por meio da manipulação de diversos tipos de materiais. É importante o uso de jogos no processo de ensino e aprendizagem, pois o mesmo é considerado um instrumento auxiliar do processo educativo do ser humano. As atividades lúdicas são essenciais, é nelas que ocorrem as experiências inteligentes e reflexivas, e a partir disso se produz o conhecimento. Os jogos para os educandos são fundamentais para desenvolverem diferentes condutas e também a aprendizagem de diversos tipos de conhecimentos. Podemos, então, definir os jogos como experiências e liberdade de criação no qual as crianças expressam suas emoções, sensações e pensamentos sobre o mundo e também um espaço de interação consigo e com os outros. Através do brinquedo, o brincar e o jogar demonstram então as concepções e representações que as crianças têm do mundo que as cercam. Dentro deste contexto os jogos matemáticos são atividades importantes para o desenvolvimento das crianças, pois através do jogo as mesmas pensam e reorganizam as situações que vivenciam em seu cotidiano. Jogo tem vários objetivos dentre eles por desenvolver habilidades sensório-motor e a assimilação do conteúdo em sala de aula, o professor deve, inclusive aproveitar a realidade que cerca o educando para facilitar sua aprendizagem no dia a dia. Se o professor trabalhar os conteúdos escolares através de jogos matemáticos, então os alunos assimilarão com maior facilidade o que está sendo ensinado. Se o professor motivar os alunos em sala de aula, então os alunos desenvolverão as atividades com mais entusiasmo visando o conhecimento. A Matemática é, antes de tudo, um modo de pensar. Quanto mais cedo esse modo de pensar de raciocinar for trabalhado com as crianças, mais significativa será a aprendizagem dessa disciplina, principalmente se esta for trabalhada partindo de jogos e brincadeiras.
4 CONCLUSÃO

A participação em jogos de grupo também representa uma conquista cognitiva, emocional, moral e social. É importante o uso de jogos no processo de ensino e aprendizagem, pois o mesmo é considerado um instrumento auxiliar do processo educativo do ser humano. As atividades lúdicas são essenciais, é nelas que ocorrem as experiências inteligentes e reflexivas, e a partir disso se produz o conhecimento. Os jogos para as crianças são fundamentais para desenvolverem diferentes condutas e também a aprendizagem de diversos tipos de conhecimentos. Podemos, então, definir os jogos como experiências e liberdade de criação no qual as crianças expressam suas emoções, sensações e pensamentos sobre o mundo e também um espaço de interação consigo e com os outros. Percebe-se que os jogos matemáticos são essenciais para o processo de ensino e aprendizagem. É fundamental trabalhar a ludicidade com os educandos, pois aprendem de uma forma gostosa e prazerosa, resolvendo as situações-problema com mais facilidade. O jogo apresenta vários desafios através das atividades práticas para que os mesmos assimilem com maior facilidade estimulando-os a sua atenção e concentração. Por isso, usando jogos como quebra-cabeça, charadas, problemas curiosos, montagem de livros com peças geométricas, faziam com que seus alunos desenvolvessem habilidades de raciocínio, organização, atenção e concentração nas aulas de matemática e por conseqüência as aulas se tornam mais prazerosas, o aluno fica mais motivado para realizar as atividades propostas pelo professor sem falarmos de que as aulas são mais gostosas e atrativas.


5 REFERÊCIAS

CERQUETTI-ABERANKE, FRANÇOISE. O ensino da matemática na educação infantil./Aberkane e Catherine Berdonneau; trad.Eunice Gruman-PortoAlegre:Artes Médias, 1997
KISHIMOTO, TIZUCO M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 4. Ed São Paulo: Cortez, 2000



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quinta-feira, 17 de julho de 2014

O livro “Matemática e Educação Infantil - Investigações e possibilidades de práticas pedagógicas”, organizado pelos professores Mercedes Carvalho e Marcelo Almeida Bairral


Livro aborda formação de professores de Matemática para educação infantil

Publicação é resultado do trabalho apresentado em reunião anual dos pesquisadores em educação
09 de Novembro de 2012
Livro aborda formação de professores de Matemática para educação infantil
Mercedes acredita que a saída melhorar o aprendizado é investir na formação de professores.
Lenilda Luna - jornalista
O livro “Matemática e Educação Infantil - Investigações e possibilidades de práticas pedagógicas”, organizado pelos professores Mercedes Carvalho e Marcelo Almeida Bairral, foi lançado na Ufal, no último 31 de outubro. A cerimônia ocorreu durante o Encontro sobre Educação Infantil de Alagoas, organizado pelo setor de Estudos da Educação Infantil do Centro de Educação (Cedu) da Ufal e pelo Fórum Alagoano em Defesa da Educação Infantil (Fadedi).
A obra é resultado do trabalho sobre Educação Matemática apresentado na 33ª reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), realizada em 2010. "Nesse ano o tema foi sobre o ensino da matemática na infância. Ao final das apresentações, juntamente com o professor Marcelo Bairral, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), iniciamos o trabalho de reunir as apresentações em um livro, considerando que há poucas publicações nessa área", informou Mercedes Carvalho, doutora em Educação Matemática e professora do Cedu e do Programa de Pós-Graduação em Educação, na linha de pesquisa Processos Educativos.
Na obra, a professora escreveu um capítulo sobre sistema de numeração decimal e resolução de problemas, com exemplos das atividades que a estudante Viviane Lima realizou, sob a orientação dela, no Trabalho de Conclusão de Curso. Mas a temática, de forma geral, é voltada para a formação de professores de educação infantil. "Na verdade, o nosso desafio começa pela formação dos futuros professores de matemática que na prática serão os professores dos futuros pedagogos, os que irão ensinar as primeiras noções matemáticas às crianças, desmistificando o ensino da matemática, tornando-o mais interessante por meio de atividades que permitam aos alunos aprender e fazer matemática", ressaltou a pesquisadora.
Mercedes explica que a publicação é uma coletânea de oito capítulos sobre a concepção de infância, escrito por Claudia Pimentel, doutora em Educação, com ênfase na formação de professores. Além das informações sobre a legislação que orienta a educação infantil no Brasil, os demais capítulos foram escritos por educadores matemáticos de diferentes universidades do país que desenvolvem pesquisa na área, trabalhando com os conteúdos de geometria, números, medida, aritmética e álgebra.
A matemática nas escolas
Para a educadora, a melhor forma de motivar as crianças a aprenderem matemática é orientando-as a resolver problemas. Mas ela ressalta que, apesar do ensino partir da realidade da criança, não pode se limitar a ela. "Não podemos transformar a matemática em uma disciplina em que, obrigatoriamente, todas as questões tenham que estar relacionada ao cotidiano do aluno, pois caso contrário, ficaremos restritos a meia dúzia de situações e empobreceremos o conhecimento matemático tão necessário para o desenvolvimento intelectual do aluno. Mas, certamente, na educação infantil os problemas envolvendo situações lúdicas são os mais adequados", destacou Mercedes.
Sobre o que mudou na escola, em relação ao ensino da Matemática, a pesquisadora declara que ainda é preciso avançar muito. "Existem algumas ações em escolas que buscam arejar o ensino da matemática, mas, infelizmente, as pesquisas em Educação Matemática, incluindo as que estão sendo desenvolvidas nos programas de Pós-graduação na Ufal, sinalizam que ainda temos um ensino pautado em memorização de fórmulas e que os problemas matemáticos se restringem à aplicação de fórmulas ou algoritmos", alertou a pesquisadora.
Mercedes destaca ainda que os dados das avaliações oficiais como Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Prova Brasil e Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) apontam que os alunos das escolas brasileiras sabem pouca matemática. "Essa deficiência no aprendizado da matemática é uma incoerência, pois temos no país centros de excelência como o Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), um dos mais respeitados centros de pesquisa em Matemática do mundo", destacou.
A saída, segundo a professora, é investir na formação de professores. "Sem bons professores de matemática não teremos matemáticos e sem matemáticos não temos desenvolvimento tecnológico. Cuidar dessa formação é um dos movimentos que os pesquisadores que compõem o livro ‘Matemática e Educação Infantil’ estão buscando realizar, mostrando que é possível trabalhar e aprender matemática desde a educação infantil", concluiu a pesquisadora Mercedes Carvalho.


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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Aprendizagem Matemática em Meio a Brincadeiras Infantis

  
Aprendizagem Matemática em Meio a Brincadeiras Infantis

Autor: Sidmara Pedroso Blaszak
Data: 27/04/2009
Resumo
Este artigo trata da importância do trabalho desenvolvido na escola de educação infantil voltado para a aprendizagem matemática das crianças relatando um projeto desenvolvido com crianças de 3 e 4 anos de idade.
Palavras-chave: Educação Infantil, Atividades Lúdicas, Jogos, Raciocínio Lógico-matemático
Para Kátia Smole (2003), uma "proposta de trabalho de matemática para a escola infantil deve encorajar a exploração de uma grande variedade de idéias matemáticas relativas a números, medidas, geometria e noções rudimentares de estatística, de forma que as crianças desenvolvam e conservem um prazer e uma curiosidade acerca da matemática. Uma proposta assim incorpora contextos do mundo real, as experiências e a linguagem natural da criança no desenvolvimento das noções matemáticas, sem, no entanto, esquecer que a escola deve fazer o aluno ir além do que parece saber, deve tentar compreender como ele pensa e fazer as interferências no sentido de levar cada aluno a ampliar progressivamente suas noções matemáticas (p.62)."
Enfatizamos a importância de se desenvolver atividades matemáticas na escola infantil, uma vez que estamos inseridos no universo dos números desde que nascemos e que as crianças são capazes de desenvolver noções matemáticas mesmo antes de entrar na escola. Consideramos o conhecimento que utilizam na sua vida como, por exemplo, seriação, classificação, contagem numérica, etc. Partindo deste referencial acreditamos que freqüentar uma classe de Educação Infantil significa, além da convivência entre pares, ter acesso a muitas oportunidades para a construção de novos conhecimentos, graças às ações que a criança exerce sobre o mundo real.
Trabalhamos neste projeto a matemática sem se preocupar com a representação dos números ou com o registro no papel. Permitindo à criança criar, explorar e inventar seu próprio modo de expressão e de relação com o mundo. Tudo o que temos que fazer é criar condições para que a matemática seja descoberta, oferecer estímulo e estar atentos às descobertas das crianças.
Existem muitas formas de trabalhar com a matemática na escola Infantil. Ela está presente na arte, na música, em histórias, na forma como organizo o meu pensamento, nas brincadeiras e jogos infantis, na hora de dividir porções de lanche, etc...é aí que são construídos conhecimentos matemáticos como tamanhos, distância, comprimento, cores e formas. Uma criança aprende muito de matemática, sem que o adulto precise ensiná-la. Descobrem coisas iguais e diferentes, organizam, classificam e criam conjuntos, estabelecem relações, observam os tamanhos das coisas, brincam com as formas, ocupam um espaço e assim, vivem e descobrem a matemática.
Proporcionamos um ambiente "matematizador" com brincadeiras, jogos e atividades lúdicas, interativas e desafiadoras, capaz de encorajar os alunos a propor soluções, explorar possibilidades, levantar hipóteses, desenvolver noções matemáticas e raciocínio.
"De fato enquanto brinca a criança pode ser incentivada a realizar contagens, comparar quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a brincadeira, perceber intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem dos conteúdos relacionados ao desenvolvimento do pensar aritmético. Por outro lado, brincar é uma oportunidade para perceber distancias, desenvolver noções de velocidade, duração, tempo, força, altura e fazer estimativas envolvendo todas essas grandezas."(Smole, Diniz e Cândido, 2000, pg. 16).
Algumas situações vivenciadas na sala de aula:
- Brincamos livremente com os blocos lógicos, fazendo o reconhecimento de suas características. Seriando-os e classificando-os quanto à cor, forma, tamanho e espessura. Propomos criar novas figuras agrupando as peças aleatoriamente. Através de algumas formas como, por exemplo, um circulo grande, um quadrado grande e cinco retângulos pequenos compor a forma da figura humana;
- Exploramos a modelagem em diferentes circunstancias. Utilizando argila e massa de modelar criando figuras e formas, seriando e classificando. Confeccionamos massa de pão, estudando as medidas e as quantidades de ingredientes necessários para fazê-la. Compomos um bonequinho com a forma humana decoramos com olhos, nariz e boca, colocamos numa forma e assamos. Confeccionamos massa de negrinhos também observando as quantidades dos ingredientes compondo as bolinhas estudando as formas, tamanhos e quantidades;
                                   
- Utilizamos caixas de tamanhos e formatos diferentes com aberturas nas formas geométricas para colocar e tirar objetos explorando as diversas possibilidades. Fizemos um túnel utilizando uma caixa grande em formato retangular explorando possibilidades de atravessá-lo;
- Através da literatura "O ratinho e as cores" foi possível descobrir a formação de algumas cores e seus respectivos nomes;
- Confeccionamos dados com a representação de quantidades e cores, os quais foram instrumentos indispensáveis para contagem e observação de cores em brincadeiras com peças de jogos de encaixe;
                                         
- Propomos experiências com altura - Medimos a altura de nossos colegas identificando o maior e o menor, e comparamos entre si e com objetos presentes na sala de aula, através do olhar ou da utilização de instrumentos de medida, convencionais ou não. Com tiras de papel pardo representamos a altura de cada criança e compomos um gráfico de barras em ordem crescente;
                                     

Através destas atividades lúdicas, envolvendo jogos e brincadeiras, propiciamos trocas de informações, criamos situações que favoreceram o desenvolvimento da sociabilidade, da cooperação e do respeito mútuo entre os alunos, desenvolvendo também as noções de perto/longe, dentro/fora, pequeno/grande, grosso/fino, por baixo/por cima, na frente/atrás, cheio/vazio, maior/menor.
Notamos o crescimento diário de cada criança ao desenvolverem noções de tempo, quantidade, tamanho, classificação e comparação de formas, contagem identificação de algarismos, percepção espacial, entre outras.
Este tipo de abordagem, quando cuidadosamente preparada, se apresenta como um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático.
No seu processo de desenvolvimento, a criança vai criando várias relações entre objetos e situações vivenciadas por ela e, sentindo a necessidade de solucionar um problema, de fazer uma reflexão, estabelece relações cada vez mais complexas que lhe permitirão desenvolver noções matemáticas mais e mais sofisticadas. (Smole, 2003 p. 63).
Desde cedo as crianças devem ser acostumadas a ouvir uma linguagem matemática empregada em diferentes contextos para que possam fazer a sua própria construção de significado na interação com os colegas e adultos do seu meio A professora de educação infantil deve dar à criança oportunidade para observar tudo que a rodeia, contando, comparando, medindo, etc. Dessa iniciação dependerá muito seu interesse pela Matemática no decorrer de sua vida. Devemos então, como educadores incentivar a criança, no seu universo povoado de sentidos, dos seres mágicos, de risos, de travessuras, de imagens, curiosidades e números que irão auxiliar a criança na exploração e compreensão do mundo da matemática.
O papel do professor é de grande importância nesse processo, uma vez que, além de deixar a criança livre para manipular e experimentar os materiais, como também observar as reações decorrentes, deve, em seguida, propor à criança problemas reais a serem resolvidos, criando, assim, uma situação de aprendizagem significativa.
Referências
Cerqueti-Aberanke, Françoise; Berdonneau Catherine. O ensino da matemática na educação infantil; tradução Eunice Gruman. Porto alegre: Artes Médicas,1997.
Reis, Silvia Marina Guedes dos. A matemática no cotidiano infantil: Jogos e atividades com crianças de 3 a 6 anos para o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático. Campinas, SP. Papirus,2006.
SMOLE, Kátia. A matemática na educação infantil. a teoria as inteligências múltiplas na prática escolar  Porto Alegre: Artmed, 2003.
Smole, Kátia Stocco. Diniz Maria Ignez. Cândido, Patrícia. Brincadeiras matemáticas na educação infantil, vol 1. Porto Alegre: Artmed, 2000.





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terça-feira, 15 de julho de 2014

Significação e Contexto: Uma Introdução a Questões de Semântica e Pragmática. Série Didática – Pós-Graduação em Lingüística (UFSC). Vol. 1 – Semântica. Florianópolis, SC: Editora Insular Ltda. 110p. ISBN 85-85949-74-0. Resenha.





DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada

Print version ISSN 0102-4450

DELTA vol.15 n.2 São Paulo  1999

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44501999000200013 

NOTAS SOBRE LIVROS/BOOKNOTES
D MOURA, Heronides Maurílio de Melo (1999) Significação e Contexto: Uma Introdução a Questões de Semântica e Pragmática. Série Didática – Pós-Graduação em Lingüística (UFSC). Vol. 1 – Semântica. Florianópolis, SC: Editora Insular Ltda. 110p. ISBN 85-85949-74-0.

Este é, segundo promete a editora, o primeiro de uma série de livros introdutórios na área de Lingüística que tem por objetivo apresentar, de forma sucinta, as tendências recentes e atuais nas mais diversas subáreas da disciplina. O autor desse primeiro livro da série se propõe enfocar as "questões situadas na interface da semântica e da pragmática".
São dois os capítulos que compõem o livro. O capítulo 1 é intitulado "Pressuposição" e o Capítulo 2 tem como título "Contexto".
No primeiro capítulo, o conceito de pressuposto é esmiuçado, contrastando-o com o posto, em seguida, com o acarrretamento e, por fim, com a implicatura. Há uma pequena incursão também nas questões relativas ao uso de descrições definidas. O capítulo 2 apresenta conceitos como sentido e significado, intensão e extensão, anáfora etc. São também discutidos os problemas em torno de referência, principalmente aqueles que desafiam a "divisão do bolo" entre a semântica e pragmática.
O livro de Moura é muito útil para aqueles que querem adquirir noções básicas da semântica lingüística – uma área que carece de livros de fácil acesso. No entanto, apesar do subtítulo do livro prometer atenção igual às questões relativas à pragmática, tópicos centrais e historicamente proeminentes da pragmática, como a Teoria dos Atos de Fala e a Teoria da Conversação oriunda das reflexões de Paul Grice, revelam-se conspícuos pela sua ausência. Trata-se, portanto, de uma promessa não cumprida – assunto, este sim, de alçada claramente de ordem pragmática. Nomes como os de Austin, Searle, Grice deveriam constar da bibliografia de um livro introdutório sobre significação, já que o usuário de livros dessa natureza tende a recorrer à bibliografia como primeiro passo em direção a um maior aprofundamento num campo pouco conhecido. Em outras palavras, no caso de um livro introdutório, a bibliografia também serve como convite para pesquisa futura por conta própria.
O ponto forte do livro de Moura está na clareza e simplicidade com que trata de questões complexas no campo de semântica. O autor também destaca, com êxito, as dificuldades no que tange à demarcação da fronteira entre a semântica e a pragmática.
Por/by Kanavillil RAJAGOPALAN (Universidade Estadual de Campinas)


fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44501999000200013&script=sci_arttext

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