quarta-feira, 20 de maio de 2015

Enfim, um diagnóstico lúcido sobre o desastre do ensino público fundamental e médio no Brasil. Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!


Enfim, um diagnóstico lúcido sobre o desastre do ensino público fundamental e médio no Brasil. Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!

O governo divulgou na semana passada o resultado do Ideb, que avalia o ensino fundamental e médio. Comentei o desastre aqui em alguns posts. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no entanto, comemorou. Compreendo.
A presidente Dilma Rousseff, como sabem, está prestes a endossar uma lei verdadeiramente criminosa aprovada pelo Congresso: a reserva de 50% das vagas das universidades federais para alunos egressos da escola pública, segundo a cor da pele dos estudantes. Pesquisa recente demonstra que nada menos de 4% dos universitários brasileiros são semialfabetizados, e escandalosos 38% não são plenamente alfabetizados. É a tragédia da escola pública fundamental e média se alastrando célere no terceiro grau. Sancionada a lei — Dilma e Mercadante a aprovam —, a universidade pública estará condenada a funcionar como curso supletivo, destinado a suprir as deficiências do ensino nas etapas anteriores. Pior: diminuirá enormemente a pressão em favor da melhoria da escola pública.
Muito bem! As Páginas Amarelas de VEJA desta semana trazem uma entrevista com João Batista Araújo de Oliveira, especialista em educação que põe os pontos no “is”. Voltarei a este assunto (espero que Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello não abusem excessivamente da nossa paciência) para discutir por que, afinal de contas, o Brasil tem feito tudo errado nessa área. Destaco algumas frases de Oliveira:

Qualidade do professor:
“Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor.”
Palavrório pedagógico
“As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de ‘proposta político-pedagógica’, seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves.”
Programa de ensino
“É preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar?”
Premiar e punir
“É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia.”
Pedagogos demais, gestores de menos“O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores.”
Idiotia deslumbrada
“Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa.”
Enem
Ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância.”
Tablets nas escolas
Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. (…) Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.”
Verba para educação
“Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no de­sempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resul­tado.”
Educação em 2021
Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente.”
Leiam trechos da entrevista. A íntegra está na revista. Por Nathalia Goulart:Há décadas governos estaduais, municipais e federal se vangloriam de suas escolas-modelo, unidades que recebem toda a atenção da administração de plantão e que, por isso, se destacam dos demais colégios públicos pela excelência. Os governantes deveriam, na verdade, se envergonhar da situação, afirma o educador João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, ONG dedicada à educação. O argumento do especialista é simples: “As escolas-modelo são exceções. A regra, como sabemos, são as demais escolas do Brasil”. Para incentivar governos a corrigir a distorção. Oliveira criou, em parceria com a Gávea Investimentos e a Fundação Lemann, o Prêmio Prefeito Nota 10, que vai dar 200 mil reais a administradores municipais cuja rede de ensino fundamental obtenha a melhor avaliação na Prova Brasil, exame federal que mede a qualidade do ensino público no ciclo básico. Escola-modelo, portanto, não conta. “Não adianta o prefeito falar que tem duas escolas excepcionais se as demais não acompanham esse nível. Queremos premiar o conjunto.” Confira a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.
O MEC divulgou nesta semana os resultados da Prova Brasil, que mostra o nível de aprendizado das crianças no ciclo fundamental das escolas públicas. Como o senhor avalia os resultados?Eles foram divulgados com grande fanfarra, mas não há nenhuma justificativa para isso. Se você analisa a questão no tempo, percebe que existe estagnação. Há um ponto fora da curva, os resultados divulgados em 2010. Mas eles não foram corroborados neste novo exame, e já esperávamos isso. Estamos onde estávamos em 1995. Há uma melhora bem pequena nos anos iniciais da escola, e pouquíssima variação nas séries finais e no ensino médio. Os gastos em educação aumentaram — e muito — e foram criados muitos programas, mas isso não tem consistência suficiente para melhorar a qualidade do ensino. Então, temos duas hipóteses para a estagnação: ou os programas criados são bons, mas não foram bem executados, ou são desnecessários e não trouxeram benefício algum.
Especialistas, entre os quais o senhor, pregam que uma reforma educacional eficaz se faz com receitas consagradas — ou seja, sem invencionices. Quais são os ingredientes para o avanço?O primeiro é uma política para atrair pessoas de bom nível ao magistério. Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor. O segundo ingrediente é a gestão do sistema. Uma boa gestão produz equidade: todas as escolas de uma mesma rede funcionam segundo o mesmo padrão. Hoje, unidades de uma mesma rede estadual ou municipal apresentam desempenhos díspares. O terceiro é a existência de um programa de ensino estruturado, que falta ao Brasil. As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de “proposta político-pedagógica”, seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves. Os governos de todos os níveis abriram mão de manter uma proposta de ensino, detalhando o que os alunos devem aprender em cada série. O quarto ingrediente é um sistema de avaliação que possa medir a evolução do aprendizado. Para isso, porém, é preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar? De posse de bons profissionais, gestão, programa de ensino e métodos de avaliação, acrescenta-se o último ingrediente, um sistema de premiação e punição. Algumas redes começam a pensar em um sistema de premiação, mas não adianta só dar incentivo. É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia. Nada acontece com professor, diretor, secretário de Educação, prefeito ou governador quando eles falham.
(…)
Por que é tão difícil levar a qualidade das escolas-modelo para toda a rede de ensino?Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa. Na volta ao Brasil, ele quer pintar todas as escolas daquela cor. Depois, ele vai à Franca, onde vê um livro que julga importante e decide introduzi-lo nas escolas daqui… Em vez de olharmos o que os sistemas de ensino daqueles países têm em comum, olhamos exatamente para o que há de diferente neles, como se isso fosse a bala de prata da educação. Por isso gestão é tão importante: é preciso focar o DNA da escola e deixar de lado o que é periférico. O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores. Não conheço uma Secretaria de Educação no Brasil que tenha um especialista em demografia, que saiba quantas crianças vão nascer nos próximos anos e, portanto, quantas escolas precisam ser abertas ou fechadas.
Há alguns meses, o MEC anunciou a aquisição de milhares de tablets para professores. O senhor vê isso com bons olhos?É mais confete. O bom professor vai se beneficiar; o mau, não. E nem o benefício ao bom professor justifica o custo. Quando a tecnologia está atrelada ao professor, ele, o ser humano, vai ser sempre o fator limitante. Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. Não estou dizendo que a tecnologia seja ruim. Ela tem potencial, desde que seja usada no contexto apropriado. Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.
A sensação generalizada é que o ensino público nacional é um desastre. É uma visão errada?É uma visão correta. Sobretudo para as crianças pobres, que teriam na escola a única chance de ascensão social. A escola é um desastre quando analisada pela ótica das avaliações internacionais, e um desastre também do ponto de vista pessoal, individual. A única chance que um cidadão tem de melhorar de vida no Brasil é’ por meio da educação de qualidade. E ela não tem qualidade para a maioria das pessoas. O número de jovens que chegam ao ensino médio é baixíssimo, e, entre estes, a evasão é uma calamidade. E o governo é incapaz de entender que há um modelo errado ali, que penaliza jovens justamente quando eles atravessam uma fase de afirmação.
O Enem foi criado como ferramenta de avaliação e aprimoramento do ensino médio. Porém, vem sofrendo mudanças para atender a outro fim: a seleção de estudantes para universidades públicas. Qual a avaliação do senhor a respeito?
Ninguém consegue servir a dois senhores. O Enem nasceu com um formato, mas transformou-se em outra coisa. Ele nasceu para ser uma prova de avaliação das competências dos jovens, mas não deu certo. Em seguida, tentou-se vender a ideia de que é uma prova seletiva, um vestibular barato. E ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância. A ideia de ter uma forma simplificada de ingresso à universidade é bem-vinda, mas isso não serve para todos os estudantes do ensino médio.
(…)
Tramita no Congresso o Plano Nacional de Educação, que prevê aumentar o porcentual do PIB destinado à área de 5% para 10%. A falta de dinheiro é a razão de crianças não saberem ler ou operar conceitos fundamentais de matemática?O país deve investir em educação, mas colocar dinheiro na equação atual é jo­gá-lo fora. O problema mais importante é a gestão. Não adianta pôr mais dinhei­ro no sistema atual porque ele vai ser malgasto. É como pagar dois professo­res que não sabem ensinar: melhor é pagar somente um bom mestre. Temos problemas estruturais muito graves: se eles não forem resolvidos, não haverá financiamento que baste. Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no de­sempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resul­tado. A equação é mais complexa. Além disso, 10% é uma cifra descabida do ponto de vista da macroeconomia.
O país estabeleceu metas para o ensino básico até 2021. Como estará o Brasil, do ponto de vista da educação, às véspe­ras do bicentenário da Independência?Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente. Não se muda a educação, estabelecendo metas, mas a partir de ins­tituições. Não há milagre. Uma vez que não existe investimento nas políticas corretas, não há por que achar que tere­mos uma situação melhor no futuro.
Por Reinaldo Azevedo



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sábado, 16 de maio de 2015

Preensão do lápis,Coordenação visomotora e espacial,lateralidade e direcionalidade para Escrita


Preensão do lápis,Coordenação visomotora e espacial,lateralidade e direcionalidade para Escrita


Para que a criança adquira os mecanismos da escrita, além da necessidade de saber orientar-se no espaço(motricidade ampla), deve ter consciência de seus membro(esquema corporal e imagem corporal), da mobilização dos membros,independentemente, o braço em relação ao ombro, a mão em relação ao braço e ter a capacidade de individualizar os dedos (motricidade fina) para pegar o lápis ou a caneta e riscar, traçar,escrever, desenhar o que quiser.

Existem exercícios para minimizar essas dificuldades ou se necessário uma avaliação com profissional especializado Terapia Ocupacional.

O professor precisa iniciar com aqueles que visam exercitar os grandes músculos e,posteriormente, trabalhar com os pequenos músculos, seja na educação infantil,seja no ensino fundamental.

Preensão do lápis 

Dificuldades de preensão do lápis tornou mais evidente nos anos primários com o aumento da demanda da escrita, no entanto,algumas crianças podem desenvolver mais cedo pré-escola e outras podem apresentar um certa dificuldade motricidade fina.As crianças geralmente começam a se desenvolver aderência em torno da idade de dois anos.

ESCALA DE PREENSÃO DE LÁPIS E GIZ DE CERA EM ORDEM DESENVOLVIMENTO

1-PREENSÃO PRIMITIVA

Preensão Palmar supinada(o traçado é feito com movimentação de braço)em torno uma ano a uma ano e meio

Preensão com os dedos extendidos pronada(traçado é feito com movimentação de braço)o braço não fica apoiado na mesa.em torno uma ano e meio a dois anos

2-PREENSÃO DE TRANSIÇÃO

Preensão quatro dedos(movimentos de punho e dedos)e o antebraço apoia na mesa.em torno dois anos a três anos

3-PREENSÃO MADURA

Preensão tripé dinâmica(movimentos localizados 3 dedos(dedo médio,polegar e indicador)O antebraço fica apoiado na mesa.em torno três a quatro anos.


Alguns problemas podem ser observados pelos os professores ou profissionais da área da Terapia Ocupacional.
Lembre-se, preensão do lápis é um elemento importante para escrita.

Dificuldades de escrita pode causar baixa auto-estima,baixa motivação para o trabalho de classe e de casa, e frustração.Os problemas de escrita incluem:

-Lentidão de movimentos na realização de tarefas de escrita
-Pouca graduação na força na escrita Ex:quebra a ponta do lápis
-Pobre espaçamento e organização por escrito
-dificuldade no sentido correto da escrita e números
-Dor nos dedos, punho e antebraço
-Postura sentada inadequada para escrita
-rigidez no traçado –o aluno pressiona demasiado o lápis contra o papel;
-relaxamento gráfico –o aluno pressiona debilmente o lápis contra o papel;
-impulsividade e instabilidade no traçado(o aluno demonstra descontrole no gesto gráfico; o traçado é impulsivo com a escrita irregular e instável)
-lentidão no traçado –o aluno demonstra um traçado lento,tornando um grande esforço de aplicação e controle.
-Dificuldades relativas ao espaçamento
(o aluno deixa espaço irregular(pequeno ou grande demais)entre letras,palavras; não respeita margens.
-Dificuldades relativas à uniformidade
(o aluno escreve com letras grandes demais ou pequenas demais ou mistura ambas;mostra desproporção entre maiúsculas e minúsculas e entre as hastes;
-Dificuldades relativas à forma das letras,aos ligamentos e à inclinação –
o aluno apresenta deformação no traçado das letras
.

Quando encaminhar para Terapia Ocupacional?
Nosso trabalho na área da Terapia Ocupacional avalia a criança em relação as dificuldades de tonicidade, movimentos de ombro, braço, punho e dedos ,movimentação pinça fina, habilidade manipulação ,destreza manual ,preensão lápis, uso da tesoura, contole postural, lateralidade, praxia viso-motora e praxia viso-espacial para a formação de uma escrita correta e fluente.

1- Distúrbios na coordenação visomotora
A coordenação visomotora está presente sempre que um movimento dos membros superiores ou inferiores ou de todo o corpo responde a um estímulo visual de forma adequada.

Ao traçar uma linha, por exemplo,a criança, ao mesmo tempo que segue,com os olhos, a ação de riscar, deve terem mira o alvo a atingir. Isso implica sempre ter atenção a algo imediatamente posterior à ação que está realizando no instante presente.

A criança com problemas de coordenação visomotora não consegue, por exemplo, traçar linhas com trajetórias predeterminadas,pois, apesar de todo o esforço,a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido.

Esses problemas repercutem negativamente nas aprendizagens, uma vez que para aprender e fixar a grafia é indispensável que a criança tenha conveniente coordenação olho/mão, da qual depende a destreza manual.Os esforços para focalização visual distraem a sua atenção e ela perde a continuidade do traçado das letras e suas associações.

2-Deficiência na organização espacial e temporal
Quando falamos em organização espacial e temporal nos referimos à orientação e à estrutura do espaço e do tempo:é o conhecimento e o domínio de direita/esquerda, frente/atrás/lado, alto/baixo, antes/depois/durante, ontem/hoje/amanhã, etc., que a criança deve ter desenvolvido para construir seu sistema de escrita. A criança com problemas de orientação e estruturação espacial, normalmente,apresenta dificuldades ao escrever,invertendo letras, combinações silábicas,sob o ponto de vista de localização,o que denota uma insuficiência da análise perceptiva dos diferentes elementos do grafismo. Ela não consegue,também, escrever obedecendo ao sentido correto de execução das letras, nem orientar-se no plano da folha, apresentando má utilização do papel e/ou escrevendo fora da linha. É natural, ainda,que encontre dificuldade na leitura e na compreensão de sentido de um texto, como decorrência da desorganização espacial e temporal.

3-Problemas de lateralidade e direcionalidade
Sabemos que os distúrbios de motricidade manifestam-se, principalmente,por meio dos gestos imprecisos,dos movimentos desordenados, da postura inadequada, da lentidão excessiva,etc. Entre as crianças com dificuldades motoras, muitas podem apresentar problemas relativos à lateralidade e que podem provocar ou ser provocados por perturbações do esquema corporal, pela má organização do espaço em relação ao próprio corpo.As perturbações da lateralidade podem apresentar-se de várias maneiras:

• lateralidade indefinida –caracteriza-se pela não-definição da dominância, em especial, da mão direita ou esquerda. Nesse caso, a criança vive uma permanente incerteza quanto ao uso das mãos, tornando-se, por isso,confusa e pouco eficiente no desempenho das atividades motoras. Uma dominância não claramente definida pode ser, também, causa de certas dificuldades,como, por exemplo, inversão de letras na leitura e/ou na escrita, confusão de letras de grafismos (traçados)parecidos, mas com orientação espacial diferente.O que conhecemos como escrita espelhada também pode ser decorrência da lateralidade indefinida.

• sinistrismo ou canhotismo – é a dominância do uso da mão esquerda.A eficiência da mão esquerda, nas crianças canhotas é inferior à da mãodireita nas destras, tanto pela velocidade quanto pela precisão, em geral. Podemosobservar que essas crianças,bem como as destras, podem apresentar,muitas vezes, problemas de orientação e estruturação espacial que tendem a acentuar-se com a idade, durante um certo período de seu desenvolvimento.Na verdade, um canhoto pode escrever com a mesma destreza e facilidadede um destro. Porém, para chegar aos mesmos resultados, a criança canhota deve percorrer uma série diferente de movimentos e de ajustamentos motores. Sua tendência natural e espontânea,no plano horizontal, é escrever da direita para a esquerda. É, pois,tarefa do professor auxiliá-la e incentivá-la para que ela possa,com a maior brevidade, encontrar seus padrões motores;

• lateralidade cruzada – caracteriza-se pela dominância da mão direita em conexão com o olho esquerdo, por exemplo, ou da mão esquerda com o olho direito. Esse tipo de lateralidade heterogênea – olho/mão – tem sido pesquisado por muitos estudiosos do tema, que, apesar dos esforços, têm chegado a conclusões divergentes.Vários autores levantam a hipótese de que a lateralidade cruzada poderia ser,em certos casos, causa de desequilíbrios motores e outras perturbações,que dificultariam o aprendizado e o desenvolvimento da leitura e da escrita. Há diferentes pesquisas sobre o assunto e não há conclusões definitivas a respeito.

• sinistrismo ou canhotismo contrariado – a dominância da mão esquerda contraposta ao uso forçado e imposto da mão direita pode comprometer a eficiência motora da criança, na orientação em relação ao próprio corpo e na estruturação espacial. Alguns autores admitem que, em determinados casos, a gagueira, por exemplo,seja conseqüência de sinistrismo contrariado e, no caso, aconselham que a criança volte a usar a mão dominante.


A letra cursiva exige maior esforço mental e físico da criança porque apresenta complexidade de movimentos.De preferência, o professor deve procurar realizar um atendimento individualizado,atento às dificuldades que poderão surgir, incentivando todos os alunos,para que se evitem sérios problemas posteriormente.

Com base nestas informações, o professor poderá fazer um diagnóstico das possíveis dificuldades de seus alunos, fazendo o registro de suas observações e encaminhar para uma avaliação com um profissional da área da Terapia Ocupacional Infantil.


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Grafismo Infantil - Estágios do desenho segundo Lowenfeld e Luquet



Grafismo Infantil - Estágios do desenho segundo Lowenfeld e Luquet

Em nossa rotina na Educação Infantil trabalhar com desenhos não é novidade, alguma vez, com certeza já estudamos sobre isso. Porém é sempre importante voltarmos ao assunto para que possamos refletir se estamos ou não propiciando às crianças oportunidades de se expressarem e de criarem, respeitando-as em sua maneira específica de agir e pensar sobre o mundo.
O ato de desenhar não se trata apenas de um gesto mecânico ao acaso, cada movimento tem um significado simbólico, dessa forma o desenho infantil é alvo de vários estudos e de diversas áreas do conhecimento.
O desenho é para a criança um modo muito significativo e prazeroso de expressão e de representação e que transita entre o real e o imaginário. Desenhar e rabiscar são formas de comunicação e expressão desde os primórdios da humanidade, mas para a criança nem sempre o importante é atribuir significados aos seus rabiscos, pois quando descobre as propriedades do giz, do lápis e da tinta os explora e diverte-se com as novas descobertas, quando rabisca está desenvolvendo sua criatividade e ampliando sua capacidade de expressar-se. Com o passar do tempo, esses rabiscos e desenhos passam a ser feitos intencionalmente e a criança começa a usar o desenho para comunicar seus pensamentos, desejos, emoções, exteriorizar seus sentimentos e brincar com a realidade, seu desenho ganha simbologia e significação potencializando sua capacidade de criar. O primeiro desenho simbólico em sua maioria é o da figura humana.
Através do desenho as crianças brincam, experimentam ideias, emoções e pensamentos, representam o mundo a partir das relações que estabelecem com o outro e com o meio em que vivem.
As etapas e os estágios do desenho infantil definidos e estudados por Lowenfeld nos ajuda a compreender e observar o desenvolvimento da criança, embora ele mesmo afirma que não é fácil perceber a transição dessas etapas, além de não ocorrerem na mesma fase e da mesma maneira para todas as crianças.
Segundo ele, a primeira etapa é o " Estágio das Garatujas" que acontece por volta dos dois anos de idade. Nessa fase a criança rabisca sem intenção e sem controle de forma desordenada e que aos poucos vai percebendo seus movimentos e controlando e organizando mais seus traçados. Explora e experimenta os movimentos de seu corpo e o espaço.


Marcos - 4 anos
Estágio das Garatujas


Marcos - 4 anos
Estágio das Garatujas



A segunda etapa é o " Estágio Pré-Esquemático", inicia por volta dos quatro anos de idade até os sete aproximadamente. A criança adquire consciência da forma e começa a fazer tentativas de representar o real de maneira desordenada e desproporcional.


André Luiz - 4 anos
Estágio Pré-Esquemático


Alexia - 4 anos
Estágio Pré-Esquemático



A terceira etapa é o " Estágio Esquemático" e em sua maioria inicia-se aos sete anos e pode ir até os nove anos de idade. Nele a criança já desenvolveu o conceito de forma e seus desenhos são representativos, descritivos e organizados. É possível percebê-los dispostos em linha reta.


Alexia- 4 anos
Estágio Esquemático

Catherine - 4 anos
Estágio Esquemático
O " Estágio do Realismo", quarta e última etapa, inicia aos nove anos e se estende até os doze. Nele o desenho tem maior representação com o real embora ainda exista bastante simbologia. A autocrítica em seus desenho é bem maior.
Luquet foi um dos primeiros a estudar o grafismo infantil, para ele o desenho é a representação do modelo interno do objeto que a criança vê. Ele dividiu o desenho em quatro etapas.
A primeira denominou de " Realismo Fortuito" que se incia por volta dos dois anos de idade e se divide em duas fases: desenho involuntário e desenho voluntário. No primeiro a criança desenha linhas sem intenção ou significado, o faz pelo prazer do movimento e do que vê no papel. No segundo, a criança desenha sem intenção, mas enxerga em seus traçados semelhanças com objetos conhecidos, depois surge a intenção de desenhar mas a interpretação dos seus desenhos podem variar.

Miguel - 2 anos
Realismo Fortuito involuntário

Miguel - 2 anos e sete meses
Realismo Fortuito voluntário
"Vou desenhar uma minhoca e uma pedra"
A segunda etapa é chamada de " Realismo Falhado" ou " Incapacidade Sintética". Nela a criança desenha objetos sem ter relação entre eles, ou seja, os desenhos são independentes. Ela pode exagerar ou omitir partes. Essa falta de coordenação é percebida também em suas ações e pensamentos. Esse estágio começa por volta dos quatro anos e pode ir até os dez ou doze anos.



Bianca- 4 anos
Realismo Falhado

Felipe- 4 anos
Realismo Falhado
Exagero no desenho

Camily- 4 anos
Realismo Falhado
Omissão de partes no desenho
A terceira etapa é chamada de "Realismo Intelectual", e quando a criança representa objetos pelo seu conhecimento intelectual, ela reproduz objetos que vê e também os que estão ausentes. Dá transparência à alguns objetos desenhando o que está dentro do corpo ou de uma casa, por exemplo. Usam legendas e nessa etapa também conseguem representar distâncias, profundidade e posições organizando os objetos no espaço usando uma base de referência.


Maria Eduarda- 5 anos
Realismo Intelectual


Camilly- 4 anos
Realismo Intelectual
Transparência no desenho


Fabio- 5 anos
Realismo Intelectual
A quarta etapa é o " Realismo Visual" , nela a criança desenha e representa o que vê.
Vários pesquisadores estudaram, classificaram e analisaram o desenho infantil, entretanto não diferenciaram muito de Luquet e Lowenfeld, as fases e os estágios definidos não devem ser vistos de maneira rígida, devemos levar em conta as especificidades de cada criança e suas experiências vividas. Essas definições do desenho servem para que possamos compreendê-las e entender seu desenvolvimento, ou seja, esses estudos nos mostram que as crianças têm sua maneira própria de se expressar, de pensar, de registrar seus desejos, emoções, pensamentos. Cabe a nós educadores portanto, entendê-las e respeitá-las propiciando a elas oportunidades de expressão, criação e experimentação.


Referência Bibliográfica


LOWENFELD, V.; BRITAIN, W. L. Desenvolvimento da Capacidade Criadora.São Paulo: Mestre Jou. 1977.

LUQUET, G. H. O Desenho Infantil. Porto: Editora do Minho, 1969.

PERONDI, D. Processo de alfabetização e desenvolvimento do grafismo infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2001

MOGNOL, L. T.; PILLOTO, S. S. D.; SILVA, M. K.,Grafismo Infantil: linguagem do desenho. UNIVILLE. 2004

fonte: http://rodadeinfancia.blogspot.com.br/2013/07/grafismo-infantil-estagios-do-desenho.html

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Mentalidade Revolucionária 3 Características básicas (Segundo Olavo de C...



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quinta-feira, 14 de maio de 2015

O QUE É PSICOPEDAGOGIA? Prof. João Beauclair



Resultado de imagem para O que é a Psicopedagogia ?
O QUE É PSICOPEDAGOGIA?
 
O QUE É PSICOPEDAGOGIA?

Prof. João Beauclair


Vivenciar Psicopedagogia é um estado de ser e estar sempre em formação, projetação e em processo de criação.

O que é psicopedagogia? De leigos a estudantes de psicopedagogia, muitos ainda questionam sobre a função do psicopedagogo nos diversos âmbitos: educação, saúde, ação social, clínica e institucional.

Para entender o que é Psicopedagogia, acredito ser importante ir além da simples junção dos conhecimentos oriundos da Psicologia e da Pedagogia, que ocorre com bastante freqüência no senso comum, isto porque, em sua própria denominação Psicopedagogia aparece “suas partes constitutivas – psicologia + pedagogia – e que oferece uma definição reducionista a seu respeito”, como nos ensina Julia Eugenia Gonçalves .

         Na realidade, a Psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas  com a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano. Enquanto área de conhecimento multidisciplinar,  interessa a Psicopedagogia compreender como ocorre os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento. Para tal, faz uso da integração e síntese de vários campos do conhecimento, tais com a Psicologia, a Psicanálise, a  Filosofia, a  Psicologia Transpessoal, a Pedagogia, a Neurologia, entre outros.



Por que a Psicopedagogia não tem seu papel claro na formação do/a Psicopedagogo/a?

Vivenciar  Psicopedagogia é um estado de ser  e estar sempre em formação, projetação e em processo de criação. Criação de sentidos para nossa própria trajetória enquanto aprendentes e ensinantes, enquanto seres viventes na complexa gama de relações que estabelecemos com o nosso tempo e espaço humano. Todas as nossas ações e produções, por serem humanas, estão sempre em processo de permanente abertura, colocadas num prisma próprio para novas interpretações e busca de significados e  sentidos, situadas num movimento incessante de desconstrução e de re-construção. Dizendo isso de uma outra forma, posso afirmar que, no nosso tempo de reconfiguração de paradigmas, os conceitos estão constantemente sendo revistos e ganhando novos significados; com a Psicopedagogia não podia ser diferente, visto que o pensar reflexivo sobre esta área do conhecimento se constitui uma das importantes tarefas a ser desempenhada por quem lhe tem como campo de ação, profissionalidade, dedicação e estudo. Mas será que realmente  a Psicopedagogia não tem seu papel claro na formação do/a Psicopedagogo/a? Ou isto é um mito que precisa ser reconsiderado?



Qual o papel do psicopedagogo nas áreas possíveis de atuação?

Sabendo que, na verdade, a Psicopedagogia é  um campo de atuação que, ao atuar de forma preventiva e terapêutica, posiciona-se para o compreender os processos do desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias áreas e estratégias pedagógicas objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis dificuldades e transtornos) , o papel essencial do psicopedagogo é o de ser mediador em todo esse movimento. Se for além da simples junção dos  conhecimentos da Psicologia e da Pedagogia, o psicopedagogo pode atuar em diferentes campos de ação, situando-se tanto na Saúde como na Educação, já que seu fazer visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana, que, afinal, ocorrem em todos os espaços e tempos sociais.



O modelo argentino da psicopedagogia no trabalho multidisciplinar em hospitais e escolas é institucionalizado. No Brasil apesar de se falar muito no trabalho multidisciplinar, pouco se vê desta atuação. Você acredita que somente com a regulamentação da profissão isto se  tornará uma realidade?

Talvez o trabalho multidisciplinar institucionalizado ainda não seja prática  comum nem mesmo em outros países, com raras exceções, evidentemente. O paradigma cartesiano-positivista ainda é o grande entrave a ser superado para que se possa pensar em um outro modo de fazer ciência e cuidar das pessoas. É necessário um processo longo, a ser vivenciado ainda por um bom tempo como desafio a ser superado. O modelo argentino de Psicopedagogia, com o trabalho multidisciplinar em hospitais e escolas também teve sua trajetória de luta, como em muitos momentos nos apontaram Jorge Visca e  Alícia Fernandéz. Realmente em nosso país, esta atuação ainda é restrita de fato. E um ponto essencial para tal é a regulamentação da profissão: esta questão é primordial para o avançar da profissionalidade do psicopedagogo. A meu ver, é um processo muito rico a ser vivido por todos nós psicopedagogos.



Ao falarmos de transdisciplinaridade na Psicopedagogia, pressupomos que a prática e o olhar psicopedagógico objetivem: aceitar um novo paradigma; ter preparação teórica adequada; possuir conhecimento prático suficiente; estar capacitado pedagogicamente e psicopedagogicamente; ser aberto e criativo; conhecer as novas tecnologias; atualizar-se permanentemente; entender e aceitar a diversidade discente. Em sua experiência acadêmica, isto é ensinado nos cursos de psicopedagogia?

Se não é ensinado, pelo menos vivenciado enquanto perspectiva, caminho a ser trilhado não resta a menor dúvida. Compreendo que o psicopedagogo é um pesquisador permanente, um sujeito que, a cada movimento, ação e conduta enquanto profissional, busca alternativas para os dilemas, tensões, limites que lhe surgem, vislumbrando sempre novas possibilidades.  E tudo é processo, movimento. Precisamos acreditar, cada vez mais, no ensinamento de nossa mestra Ivani Fazenda, que nos diz da importância da espera, da humildade, do conduzir-se com harmonia e perseverança em tudo o que se refere a mudanças de paradigmas. O cuidado maior, a meu ver, deve ser efetivamente, com a proliferação dos cursos de Psicopedagogia pelo Brasil sem as devidas orientações. A ABPp esforça-se, de modo contundente, em mostrar o quanto é necessário ter preparação teórica adequada e possuir conhecimento prático suficiente, além de sugerir caminhos para a organização curricular de cursos de especialização em Psicopedagogia. Na minha vivência, enquanto docente da área em diferentes cursos de formação em Psicopedagogia no país, observo o esforço imenso em fazer o melhor, pois afinal estar capacitado pedagogicamente e psicopedagogicamente, ser aberto e criativo, conhecer as novas tecnologias, atualizar-se permanentemente; entender e aceitar a diversidade discente são desafios imensos, para uma vida inteira. O essencial,  acredito, é o desejar fazer o melhor possível e neste desejar, realizar.



Em julho próximo, no Fórum da ABPp – Associação Brasileira de Psicopedagogia, você estará lançando o primeiro livro da Coleção “Olhar Psicopedagógico”, da Editora WAK, do Rio de Janeiro, com o tema “Psicopedagogia: trabalhando competências, criando Habilidades”. Por quê a escolha deste tema?

A Coleção Olhar Psicopedagógico é uma aposta na continuidade da produção acadêmica e no surgimento e divulgação de novos autores em Psicopedagogia no Brasil. Em São Paulo, no  ano passado, ao participar como conferencista convidado e docente de um curso  sobre a construção do olhar do Psicopedagogo no II Congresso Latino Americano de Psicopedagogia promovido pela ABPP, numa conversa informal, Alícia Fernandez me falou sobre como o Brasil, por sua diversidade e criatividade, pode e tem contribuído para a avançar do campo psicopedagógico. A escolha do tema talvez esteja vinculada a isso: nos meus processos de autoria de pensamento, também posso contribuir para o debate, posso elaborar outras possibilidades, evidenciar outros aspectos à reflexão. Ter competências e habilidades em nossos fazeres cotidianos, tanto nos espaços clínicos e/ou institucionais é questão primordial para nossa própria vivência e sobrevivência enquanto formadores e profissionais em Psicopedagogia.



Qual a importância em se debater este tema e quais são as competências e habilidades do psicopedagogo?

A importância em se debater este tema reside, a meu ver, na busca mesma do reconhecimento e da importância da atuação do psicopedagogo em nosso tempo presente.  O que está construído neste meu livro é um referencial, uma matriz de competências, vinculadas a habilidades básicas para o seu desenvolvimento. Aqui não me cabe, por questões de espaço e  lugar, ampliar e desenvolver todas elas, mas a primeira destas competências está voltada para a necessidade do psicopedagogo estabelecer elos de conexão com as principais articulações e correntes teóricas contemporâneas, propondo-se a busca permanente da teoria na construção de suas práticas profissionais, principalmente no que concerne aos pressupostos da transdisciplinaridade e da complexidade. E a última está vinculada ao vivenciar, efetivamente, em sua vida pessoal cotidiana a máxima de ser um eterno aprendiz, exercendo nesta vivência senso crítico, humildade, serenidade, escuta, espera, olhar atento, intuição e novas formas de compreensão da complexidade inerente aos diferentes aspectos da  realidade. Para cada competência – elas são sete, há uma proposta de três habilidades básicas, ou seja, no livro há uma matriz de competências com as habilidades básicas para cada uma delas. O continuar deste meu trabalho agora está na elaboração de estratégias facilitadoras deste movimento. Meu desejo é contribuir para o debate e abrir outras possibilidades de interlocução.  



Estamos sabendo que outros livros virão, poderia nos adiantar quais serão os temas?

Como coordenador da coleção, discuto com o Pedro, nosso editor da WAK, sobre os temas que acreditamos ser de fundamental importância atualmente no campo da Psicopedagogia no Brasil. O próximo volume, que dependendo de todo um processo que estamos vivendo agora, poderá também ser lançado no Fórum da ABPp em julho e contém artigos de diferentes autores que atuam em distintos estados brasileiros. É um volume intitulado Psicopedagogia: espaço de ação, construção de saberes, onde teremos artigos de Ieda Boechat, José Artur Bastos, Julia Eugenia Gonçalves, Dulce Consuelo, Elizabeth Borges, Adriana Schimidt e um texto de minha autoria com temas vinculados ao aprofundamento psicopedagógico. O terceiro volume, sobre Psicopedagogia Institucional e ainda sem título definido também já está sendo organizado, com artigos de Maria Irene Maluf, Simaia Sampaio, Geni Lima, Maria Taís de Melo, Márcia Siqueira de Andrade,  Julia Eugenia Gonçalves e um outro artigo meu onde relato sobre uma experiência de formação em Psicopedagogia Institucional vivenciada recentemente. O quarto volume, ainda sem autores efetivamente confirmados, ainda está em elaboração e em processo de seleção de artigos e tratará sobre o tema “dificuldades” em aprendizagem e as possibilidades de intervenção do psicopedagogo. É um trabalho muito gratificante e nossa contribuição pretende ser a melhor possível, afinal, é uma maneira de estarmos auxiliando no reconhecimento de nossa própria área de formação e atuação, que tanto nos estimula a irmos adiante em nossa trajetória enquanto aprendente e ensinantes.



Você participa de grupos de discussão através da Internet? Como tem sido sua experiência?

Este pergunta é muito interessante. Sempre brinco em minhas palestras, cursos, conferências e oficinas que eu divido a minha trajetória enquanto aprendenteensinante  em dois momentos distintos: em a.C. e d.C. , ou seja, antes e depois do computador em minha vida, pois tal tecnologia me permitiu e ainda me permite ampliar perspectivas de aprendizagem e o que considero fascinante: as possibilidades de aproximação que temos com os que atuam e se interessam pelos temas que estudamos e dedicamos nossas pesquisas e leituras. Meu encontro com a Psicopedagogia se deu desta forma, através de um desses encontros: Julia Eugenia Gonçalves, atualmente presidente da Fundação Aprender, em Varginha, Minas Gerais, é moderadora de um grupo de discussão que eu participo faz anos e nossos intercâmbios sempre foram excelentes. Recentemente fui convidado pela Dr. Márcia Siqueira de Andrade, do Instituto de Psicopedagogia da UNISA, a participar de um outro grupo, o ILAPp, e novos intercâmbios estão sendo feitos, novas aproximações e contatos estão surgindo, inclusive com a possibilidade de termos, desta forma, novas idéias para outros volumes da Coleção Olhar Psicopedagógico e outros projetos em comum: é o que eu chamo sempre de aprendizagem colaborativa.  Também modero duas listas de discussão no yahoogrupos, onde troco e-mails com alunos, colegas de trabalho, divulgo eventos em educação, temas interessantes em Psicopedagogia, bibliografias, lançamentos de livros, indicação de sites, fóruns, congressos, enfim, estimulo outras pessoas a participarem desta rede fundamental ao nosso ser e estar no mundo, ampliando sempre nossos movimentos e exercendo nossas competências  e sensibilidades solidárias, como nos ensina Hugo Assmann e Jung Mo Sung. Isto sem falar no meu próprio site, www.profjoaoabeauclair.kit.net , onde divulgo minhas ações de consultoria e oficinas de formação em educação e psicopedagogia.



Faz-se Psicopedagogia nesta mídia interativa?

A Internet é efetivamente uma mídia interativa fabulosa e essencial ao nosso tempo presente. Talvez não possa afirmar definitivamente que se faz Psicopedagogia com esta mídia interativa de forma direta, mas que com certeza é  ferramenta de importância ímpar para  o seu desenvolvimento, isso é inegável. Mas, infelizmente, ainda há, por incrível que pareça resistência em relação ao seu uso com este objetivo. Mas, não tenhamos pressa, afinal, como nos ensina o poeta espanhol Antonio Machado, “caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar.”  Adelante!





Leia sinopse do livro "PSICOPEDAGOGIA - TRABALHANDO COMPETÊNCIAS, CRIANDO HABILIDADES" Autor:JOÃO BEAUCLAIR; Editora: WAK EDITORA entrando no endereço: http://www.psicopedagogia.com.br/lancamento/lancamento.shtml


Publicado originalmente no site www.psicopedagogia.com.br em 29/6/2004 16:57:00

Joao Beauclair
Enviado por Joao Beauclair em 24/09/2006
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Você deve citar a autoria de João Beauclair www.p


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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Parem de confundir educação com ensino. Eduquem-se. Assistam aos vídeos de Bruno Garschagen (exclusivo) e José Monir Nasser sobre a vida intelectual no Brasil




08/04/2014
 às 22:04 \ Cultura

Parem de confundir educação com ensino. Eduquem-se. Assistam aos vídeos de Bruno Garschagen (exclusivo) e José Monir Nasser sobre a vida intelectual no Brasil

Bruno Fashion Mondays Foto oficial 1Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Oxford (visiting student) e formado em Direito, o professor, podcaster e escritor capixaba Bruno Garschagen falou sobre as dificuldades e oportunidades relacionadas à vida intelectual no Brasil, em edição de 7 de abril do Fashion Mondays, uma série de palestras realizadas às segundas-feiras no São Conrado Fashion Mall, no Rio de Janeiro, com curadoria de Alexandre Borges, que entrou no fim para mediar as perguntas da plateia.
Bruno e Alexandre são agora meus colegas de editora Record – e seus livros, assim como o meu, estão previstos para 2015. Estive presente no Fashion Mall e filmei pelo celular a metade final da excelente palestra de Bruno, que compartilho aqui, com exclusividade. Assistam.

E já que ele falou da diferença entre educação e ensino, vamos a ela também.
Fashion Mondays Bruno Alexandre Pim Foto OficialEnquanto nas escolas brasileiras Walesca Popozuda vira uma “grande pensadora contemporânea” em questão de prova de filosofia do Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga, no Distrito Federal, e o professor de geografia do oitavo ano revela à turma do filho de Fernanda Torres no Rio de Janeiro que a palavra lucro vem de outra, logro, que quer dizer roubo, de modo que se um pipoqueiro emprega alguém ele se apropria do esforço alheio, o que é reprovável, nada melhor que ouvir um dos grandes mestres que o Brasil já teve, José Monir Nasser (morto aos 56 anos em março de 2013), colocar as coisas nos seus devidos lugares. Transcrevo este seu vídeo fundamental, com parte de sua palestra na ocasião do lançamento da edição brasileira do “Trivium“, da irmã Miriam Joseph (1898-1982), do qual ele escreveu oprefácio. Voltarei ao assunto em breve.


É um assunto tão importante, tão grande, tão extraordinariamente urgente que eu me sinto assim cumprindo uma espécie de obrigação pública ao fazê-lo. Quando você fica pensando como foi que nós esquecemos a educação, como é que nós a perdemos, e aí ficamos elegendo essas bobagens como educação… Quer dizer, esse conjunto de ideários modernos que se chama de educação é um pouco dessa autoilusão.
Quem foi compreender onde é que foi parar a educação foi o padre Ivan Illich (1926-2002). O que o padre Ivan Illich faz, na verdade, é propor o seguinte: “Para com esse negócio de escola. Escola nenhuma. A única coisa que interessa é que aqueles que querem aprender alguma coisa se encontrem com aqueles que querem ensinar alguma coisa. E isso que nós chamamos aí de educação não é educação de jeito nenhum, é alguma coisa próxima do conceito de Ensino.”
Então o que o padre faz, logo de cara, é destruir essa falsa equação entre educação e Ensino, como se essas coisas não tivessem nenhuma ligação uma com a outra. E de fato, se você prestar atenção, se você não destrói essa ligação, você não entende nada mesmo desse assunto. A pré-condição para entender o que está acontecendo e o que pode acontecer nos assuntos educacionais é nós destruirmos essa pseudoequação chamada Ensino = Educação.
Continua o padre Ivan Illich dizendo que isso que se chama de Ensino não tem nada a ver com educação porque ele é basicamente uma metodologia de distribuição de posições sociais. Não se imagina de fato que alguém vai aprender alguma coisa. É apenas um método pelo qual você distribui entre as pessoas privilégios que podem depois servir para fins de todos os tipos, mas sobretudo profissionais.
E agora vocês imaginam então a situação de alguém que está lidando com o departamento de pessoal de uma firma grande: ascensorista, por exemplo. Se você não estabelecer uma enorme quantidade de obstáculos de qualificação, você irá ter uma lista de pessoas para analisar o currículo que vai demorar uns cinco anos para você chegar no último. Então o que acontece? Essa turma de RH vai lá e põe assim no jornal: para ser ascensorista, tem que ter o segundo grau completo. Daqui a pouquinho tem que ter curso de administração de empresas, porque o único objetivo disso é reduzir a quantidade de pessoas candidatas àquele determinado curso [cargo].
Essencialmente é isso que nós temos que resolver com o Ensino moderno. O Ensino moderno é apenas um meio de você separar as pessoas com perspectivas diferentes de capacidade de obter emprego. E é por isso que todo debate de qualidade de Ensino é um debate vazio, porque no fundo, no fundo, esse assunto não tem nada a ver com educação, é apenas um assunto de “promoção social”, digamos assim entre aspas. Essa é a tese do padre Ivan Illich, de que nós nos enganamos profundamente ao imaginar o que tem aí no assunto Ensino.
E quando eu chamo de Ensino são esses rituais de natureza governamental, porque, mesmo quando é privado, obedece aos rituais estabelecidos pelo governo federal, ou o governo estadual, o governo municipal, enfim, o que for… Esse conjunto de rituais não tem nada a ver com educar alguém. Essa é a realidade que a gente precisa entender.
Então, por exemplo: há todo ano um debate sobre se deve ou não, como é que se diz?, aprovar automaticamente os alunos. A turma que acha que tem que aprovar automaticamente é composta fundamentalmente dos cínicos, que acham que é isso mesmo que eu estou descrevendo, e acham: “Ah, já que é uma coisa mesmo de faz-de-conta, qual é o problema de aprovar automaticamente então os alunos?” E o pessoal que acha que não deve aprovar automaticamente são os otimistas que acham que isso tem a ver com educação e ainda imaginam que possa haver alguma educação no sistema de Ensino. Eles só têm interesse em preencher papelzinho e lista de presença e isso e aquilo outro, então ele permite que um professor qualquer dê a aula que bem entender…
Olha, faz 20 anos que eu fui professor de tudo quanto é jeito: fui professor de inglês do segundo grau, fui professor de economia, sou professor de pós-graduação, faço tudo quanto é coisa. Nunca na minha história de professor apareceu alguém para discutir a aula que eu estava dando.
Mas o problema desses indivíduos é que eles precisam saber alguma coisa antes de ensinar aos outros e, se eles vieram do mundo do Ensino, provavelmente vieram já contaminados com os defeitos do próprio Ensino. O que nós temos aí é um caso perdido. O Ensino é completamente irrecuperável. Para conseguir um sujeito que saiba alguma coisa para dar aula é um investimento terrivelmente grande e só se pode fazer com uma pequena parcela dos professores e também a de fato uma pequena parcela de alunos que gostariam de empreendê-lo. Mas, fora isso, o resto se contenta com esse mise-en-scene, com essa espécie de farsa geral chamada Ensino, e que é mais ou menos…
A escola pública no Brasil, por exemplo, é um negócio que só existe para contestar a tese de que não existe nada, de que não existe mais. Há boas escolas aqui e acolá, mas a média é muito terrível. Você imagina que, depois de 8 anos, em que nós raptamos as crianças 5 horas por dia, durante 8 anos, gastamos um quarto do orçamento com isso, até por lei…
Todo mundo é burro? Ninguém sabe ler? Não parece a vocês haver alguma coisa terrivelmente errada nisso? A eficiência de um negócio desse é altamente ridícula. Nós não sabemos o que estamos fazendo. Mas a nossa rebelião vai até o ponto em que a gente entende que se trata simplesmente de Ensino, e não se trata de educação. E educação não pode existir nesta base em que ocorre o tal do Ensino brasileiro.
Pois se a gente não entende essa diferença de educação e Ensino, também nós não entendemos o que o Trivium quer nos mostrar. Porque o Trivium é de fato um instrumento de educação. Não só o Trivium, como o Quadrivium, aquilo que se chama de 7 Artes Liberais. A própria expressão 7 Artes Liberais quer nos dizer que – a parte liberal do título – quer nos dizer que há uma liberdade intrínseca nesse assunto, ou seja, esses conhecimentos que o Trivium e o Quadrivium permitem que nós tenhamos são conhecimentos livres, você os obtêm SE você bem entender.
E essa é a primeira condição para que haja alguma educação. A educação tem de ser necessariamente voluntária. Não pode ser de modo nenhum forçada por nenhuma espécie de método e é por isso que eu sempre digo para todo mundo que eu sou o professor mais feliz que se possa conceber, porque eu tenho 600 alunos voluntários. E é muito pouca gente capaz de ter a mesma quantidade de alunos voluntários.
Os meus alunos vêm todos porque querem. E isso é a garantia de que eu tenho realmente a possibilidade de educar alguém, porque eu estou de certo modo protegido por essa vontade, esse desejo, que é o que não existe no mundo do Ensino, porque o mundo do Ensino precisa fazer o ritual da presença. E o ritual da presença é esse ritual de que nós conhecemos os resultados aí.
Em suma:
Parem de confundir educação com ensino. Eduquem-se.
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil
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fonte; http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/04/08/parem-de-confundir-educacao-com-ensino-eduquem-se-assistam-aos-videos-de-bruno-garschagen-exclusivo-e-jose-monir-nasser-sobre-a-vida-intelectual-no-brasil/
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