domingo, 8 de março de 2020

Os diferentes tipos de texto

Cada escritor tem sua especialidade, porém muitos acabam fazendo trabalhos eventuais em outros estilos literários. Contos e crônicas andam lado a lado, também sendo utilizados por quem geralmente escreve romance. Vez ou outra um autor se interessa em expressar-se com versos. Mas qual a diferença entre todos esses diferentes tipos de texto? Aqui pretendo explicar brevemente cada um deles, para que a diferença fique mais clara.
Note que algumas dessas definições podem ser um pouco controversas e eu encontrei várias ideias distintas durante a pesquisa, então algumas coisas aqui podem  parecer “erradas” aos olhos de alguns, mas é realmente apenas uma questão de ponto de vista (eu mesmo mudei alguns dos meus conceitos). Enfim, vamos ao que interessa.

Prosa / Verso

São técnicas mutuamente exclusivas bem conhecidas e identificáveis, que estão invariavelmente presentes em qualquer texto. Nos escritos em verso, cada sentença fica em uma linha, com a intenção de manter o ritmo e, às vezes, por motivos estéticos. Versos são usados geralmente em poesias e são a principal característica dos poemas.
prosa é o estilo tradicional de escrever as frases em sequência, formando parágrafos. Ela é usada em todos os gêneros de texto (também é possível escrever poesia em prosa).

Crônica

crônica é um texto curto (cerca de uma página) que conta um único caso, enfatizando mais a situação do que as personagens ou o ambiente. Diferencia-se do conto por ser mais curta e menos apegada às personagens, preocupando-se mais com a observação da situação e a moral que se pode tirar dela.
Marcações de livro

Conto

conto, geralmente, também é curto, possuindo de três a vinte páginas (mas nada impede de ser muito maior do que isso). Este possui um único drama, diferenciando-se nesse ponto dos romances e novelas. As personagens são desenvolvidas o suficiente para o entendimento da história, sendo geralmente poucas e marcantes. O cenário também é pequeno, frequentemente ocorrendo em um único ambiente.

Fábula / Apólogo / Parábola

São estilos de contos criados especificamente para expressar uma moral. As fábulas retratam animais, os apólogos usam objetos inanimados e as parábolas representam situações metafóricas envolvendo pessoas.

Novela

As novelas em geral são maiores do que os contos, porém menores do que os romances. Elas contam com um único ponto de vista, porém esta personagem é mais desenvolvida e possui uma história mais definida do que nos contos, mantendo o foco mais nos conflitos pessoais do que na esfera social. Enquanto um conto possui um único drama, a novela possui vários conflitos surgindo sequencialmente durante o enredo.

Romance

A forma mais conhecida para os livros de ficção são os romances. Este é composto de diversas tramas, com várias personagens e pontos de vistas diferentes. Embora o foco principal possa ser uma personagem, os romances em geral retratam uma mudança no ambiente social. Diferentemente das novelas, os romances são histórias fechadas e completas, dando uma margem menor a continuações.

Poema / Poesia

poesia é um estilo de texto que retrata as emoções, abusando de conceitos abstratos, metáforas e outras figuras de linguagem. Embora sejam geralmente escritas em verso, nada impede de que poesias sejam escritas em prosa.
Já o poema é sempre escrito em verso, tratando de coisas mais concretas, embora ainda evocando emoções e sentimentos. Existem poemas narrativos que podem superar os romances em comprimento, chamados estes de poemas épicos.

Matéria / Artigo / Ensaio / Tratado

Estes são gêneros de não-ficção que também valem a pena serem mencionados. Matéria é um texto jornalístico com a intenção de transmitir um fato de importância social. Artigo é uma publicação sobre um assunto específico, geralmente com base em resultados de uma pesquisa científica, apresentando a opinião do autor a respeito. Ensaio é um texto breve, expondo reflexões filosóficas pessoais a respeito de um tema, sem referências a outros materiais. Tratado é um texto mais formal e profundo do que um ensaio e mais preocupado em investigar ou expor os princípios sobre o assunto.

Conclusão

Existem outras variações mais específicas em determinados gêneros que, se eu fosse expor, tornaria o texto extenso demais, fugindo ao propósito inicial. Ainda, embora frequentemente os textos se encaixem em gêneros específicos, às vezes é difícil classificar, cabendo em mais de uma classificação. Vale a pena estudar estilos diferentes para renovar e abrir a mente, além de ser possível encontrar uma habilidade que talvez você nem soubesse que tinha.

13 thoughts on “Os diferentes tipos de texto

fonte http://georgemarques.com.br/escrevendo/os-tipos-de-texto

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SEM PRUDÊNCIA E SOFISTICAÇÃO




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Podcast. A importância da dança na educação infanto/juvenil.




Psicologia Moderna (Português) Capa Comum – 1 jan 1999
por Antonio Xavier Teles (Autor)

https://www.amazon.com.br/Psicologia-Moderna-Antonio-Xavier-Teles/dp/8508017723


Apoptose é uma forma de morte celular programada, ou "suicídio celular". É diferente de necrose, na qual as células morrem por causa de uma lesão. A apoptose é um processo ordenado, no qual o conteúdo da célula é compactado em pequenos pacotes de membrana para a "coleta de lixo" pelas células do sistema imunológico.

Conheça os efeitos da dança no cérebro

Publicado em: 26/04/2019 por: Assessoria de Imprensa SUPERA
No dia 29 de abril, é comemorado o Dia Internacional da Dança. A prática; além de proporcionar momentos divertidos de lazer e ser considerada uma atividade física prazerosa para todas as idades, também produz diversas reações no cérebro e garante benefícios para o corpo e mente, principalmente na memória e no aprendizado. Mas como isso acontece?... continua. https://metodosupera.com.br/conheca-os-efeitos-e-beneficios-da-danca-no-cerebro/

Os benefícios da dança para o corpo e para a mente

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Srila Prabhupada e o Vedanta

Srila Prabhupada e o Vedanta





Existem muitos comentários sobre o Vedanta-sutra. Na Índia especialmente o sistema é que qualquer pessoa que seja líder de uma instituição religiosa seja bem versada nos Vedanta-sutras, e espera-se que escreva comentários sobre o Vedanta-sutra, sem o quê não se é aceito como um acharya. Acharya significa alguém que conhece o propósito do conhecimento védico. Pratica-o pessoalmente além de ensinar a seus discípulos o sistema de conhecimento védico.
Há muitos acharyas, especialmente da vaisnava-sampradaya, subdividida em quatro sampradayas: ramanuja-sampradaya, madhvacarya sampradaya, vishnuswami-sampradaya, e nimbarka-sampradaya. Nossa sampradaya se chama gaudiya-sampradaya, ou os Vaisnavas que estão na sucessão discipular do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. A gaudiya-sampradaya na verdade pertence à madhva-sampradaya e a madhva-sampradaya por sua vez pertence à brahma-sampradaya.
Além destas quatro vaisnava-acharya-sampradayas, também há sampradayas não-Vaisnavas, especialmente a escola impersonalista liderada por Shankaracharya. Shankaracharya escreveu um comentário sobre o Vedanta-sutra, conhecido como Sariraka-bhasya, e em geral este Sariraka-bhasya feito por Shankaracharya é muito popular devido aos indianos atualmente estarem influenciados pelas atividades materialistas. Ainda assim os outros bhasyas diferentes, ou comentários, feitos pelos acharyas Vaisnavas, também estão disponíveis na gaudiya-sampradaya, especificamente liderada por Rupa Goswami.
No princípio não havia comentário sobre o Vedanta-sutra porque conforme o Srimad-Bhagavatam, diz-se que o comentário real sobre o Vedanta-sutra é o próprio Srimad-Bhagavatam, apresentado pelo autor, o próprio Sri Vyasadeva. Em nosso comentário inglês sobre o Srimad-Bhagavatam, Primeiro Canto, Capítulo Um, explicamos este fato de que o Srimad-Bhagavatam é o tipo certo de comentário ao Vedanta-sutra. Sendo assim, a gaudiya-sampradaya não se preocupou muito em apresentar seu comentário ao Vedanta-sutra.
Há uns 200 anos atrás havia uma conclusão no distrito de Golpa em Jaipur, na qual os acharyas ou seguidores das outras sampradayas desafiavam a gaudiya-vaisnava-sampradaya por não ter um comentário sobre o Vedanta-sutra. Naquela época Sri Visvanatha Chakravarti Thakura estava morando em Vrndavana, porém era velho demais, e quando os Gaudiya Vaisnavas se aproximaram dele para apresentar um comentário sobre o Vedanta-sutra, ele pediu a seu discípulo Sri Baladeva Vidyabhushana para escrever um comentário ao Vedanta-sutra. Como Vaisnavas em geral são muito humildes e submissos, Sri Baladeva Vidyabhushana se achou desqualificado para escrever um comentário autorizado sobre o Vedanta-sutra, portanto aproximou-se do Senhor Govinda no templo de Jaipur. Colocou-se diante do Senhor Govinda para receber sua permissão e autoridade para começar a escrever um comentário sobre o Vedanta-sutra, e Govinda assegurou-lhe que poderia fazê-lo. Com esta inspiração ele escreveu o comentário ao Vedanta-sutra conhecido como Govinda-bhasya. Este Govinda-bhasya é muito autorizado e aceito por todas vaisnava-sampradayas. Este comentário, que pode ser conhecido como Bhaktivedanta-basya, segue os passos do Govinda-basya.
A necessidade de apresentar o comentário Bhaktivedanta-bhasya sobre o Vedanta-sutra também deve ser explicada aqui. Meu mestre espiritual, Om Vishnupada Paramahamsa Sri Srimad Bhaktisiddhanta Saraswati Goswami Maharaja, ordenou-me que apresentasse a filosofia Gaudiya Vaisnava em inglês o máximo possível, e nesta tentativa para as pessoas que falam inglês, desde 1965 tenho estado nos países ocidentais com meus três livros do Primeiro Canto do Srimad-Bhagavatam. Depois apresentei meu comentário sobre o Srimad-Bhagavad-gita conhecido como O Bhagavad-gita Como Ele É, e similarmente apresentei Os Ensinamentos do Senhor Chaitanya. Também, a pedido de muitos de meus discípulos ocidentais, especialmente de meus dignos discípulos Sriman Hamsadutta Das Adhikari e Janardana Das Adhikari, que estão encarregados do Centro de Montreal, estou tentando apresentar um comentário em inglês sobre o Vedanta-sutra conforme a seguir.
No presente momento pelo mundo inteiro existem inúmeras pessoas sem Deus. Em geral as pessoas são muito apegadas à filosofia vazia apresentada pelo Senhor Buddha ou à filosofia impersonalista apresentada por Shankaracharya. Em outras palavras, para ser mais direto e simples, as pessoas estão se tornando muito ateístas. Dizer que não há Deus, como declaram os ateístas, é um tanto audacioso e simples, porém dizer que existe uma causa suprema que é vazia, ou que há um Deus mas Ele não tem forma, é mais perigoso que a simples declaração de que não há Deus.
Nossa sociedade, conhecida como a Sociedade Internacional para Consciência de Krishna - ISKCON, agora começou o movimento para Consciência de Krishna, e é muito gratificante que a geração mais nova da parte ocidental do mundo, na América, Canadá, e Europa, estejam se interessando por esse grande movimento. Já temos filiais em quase todas cidades importantes dos Estados Unidos e Canadá, e começamos centros também em Londres e Hamburgo. Esperamos que nosso movimento para Consciência de Krishna gradualmente cresça, conforme previsto pelo Senhor Chaitanya, que disse que Suas atividades missionárias, bem como o movimento para Consciência de Krishna, seriam pregados pelo mundo todo, em cada vilarejo, em cada país. Levando em consideração as atuais atividades deste movimento, espera-se que a previsão do Senhor Chaitanya brevemente seja realizada e as pessoas do mundo todo sejam muito felizes, tendo Consciência de Krishna.
Conforme acima referido, em geral o comentário conhecido como Sariraka-bhasya é tido pelas pessoas como o significado do Vedanta, ou em outras palavras, o que o Vedanta significa segundo a opinião dos seguidores do significado por Shankaracharya, explicado por ele no Sariraka-bhasya. Além do Sariraka-bhasya de Shankaracharya existem muitas outras escolas ateístas pregando Vedanta com base na bondade.
Um dos eminentes seguidores de Shankaracharya, Sadananda Yogindra, compilou seu livro conhecido como Vedanta-sara, no qual escreve para provar que para compreender tanto os Upanishads quanto o Vedanta-sutra, o único meio é o Sariraka-bhasya de Shankaracharya. Esta é a reivindicação de monopólio pela escola mayavada. Na verdade o Vedanta-sutra tem muitos comentários e todos esses comentários não são com base no princípio do monismo ou impersonalismo.
Todos acharyas proeminentes das diferentes vaisnavas-sampradayas compilaram comentários sobre o Vedanta-sutra, porém não seguem os princípios da escola Shankarista. Por outro lado, os monistas impersonalistas frisam mais a não-dualidade. Em geral eles se declaram Deus e não há existência de Deus separadamente.
A escola monista não reconhece os comentários do Vedanta apresentados pelos acharyas Vaisnavas, conhecido como suddhadvaita, vishisthtadvaita e dvaitadvaita, bem como a filosofia do inconcebivelmente-uno-e-diferente do Senhor Chaitanya, conhecida como acinthyabhedabheda-tattva. Segundo eles o comentário monista do Vedanta-sutra é final, o Senhor Krishna tem um corpo material, e os seguidores da filosofia de Consciência de Krishna não são transcendentalistas.
Vedanta significa a última palavra em matéria de buscar conhecimento. Todo mundo está buscando algum tipo de conhecimento. Existem universidades, instituições, e muitos estabelecimentos educacionais buscando conhecimento, porém Vedanta significa a última palavra na busca do conhecimento. Esta última palavra na busca do conhecimento é explicada no Bhagavad-gita pelo Senhor Krishna. O propósito do conhecimento védico é compreender Krishna. As palavras exatas do Capítulo XV do Bhagavad-gita são: are sarvasya caham hrdi sannivishtah. “O Senhor está situado no coração de todos. Ele dá inteligência e ilusão. Ele é a fonte original do conhecimento. Ele é a meta do conhecimento. Ele é o compilador do Vedanta-sutra, e Ele conhece o que é Vedanta.
Estas palavras são uma explicação mui significativa do Vedanta-sutra pelo próprio Krishna. Em outra parte Ele também Se referiu ao Vedanta-sutra dizendo: “Ao longo do Brahma-sutra pode-se de fato compreender o que é a filosofia do Bhagavad-gita. Bhagavad-gita e Vedanta-sutra estão mui intimamente inter-relacionados. Compreender o Vedanta-sutra corretamente é compreender o Bhagavad-gita corretamente.”
A palavra sutra significa “código resumido”. No Skanda e Vayu Puranas a palavra sutra é explicada como “quando uma tese é apresentada em poucas palavras, porém com grandes volumes de significado e, quando compreendido, é muito belo.” Mencionam-se os nomes de diferentes comentários sobre Vedanta-sutra por diferentes acharyas.
Este Sariraka-bhasya de Shankaracharya também é conhecido como Vedanta-siddhanta. O resumo da filosofia não-dualista exposta por Shankaracharya é o seguinte.
Segundo esta filosofia só existe a Verdade Absoluta. Para esta filosofia a entidade viva é Brahman e a manifestação cósmica é falsa. O exemplo da realidade e falsidade é dado por eles na comparação de confundir uma serpente com uma corda. Na escuridão, na ilusão, uma corda pode ser aceita como serpente. Quando se recobra os sentidos, entende-se que a corda não era uma serpente. Então a “serpente” se torna falsa. Similarmente, segundo a filosofia de Shankaracharya esta manifestação cósmica na verdade não existe. Maya significa “Aquilo que não é”. Ma significa “não” e ya significa “isto”. Em outras palavras, a representação fenomenal do mundo material não tem realidade. Por trás deste fenômeno o NOUMENON é realidade.
De acordo com a filosofia de Shankaracharya a Verdade Absoluta é impessoal. Sendo assim, não há diversidade. No mundo material existem diferentes tipos de diversidade, assim como diversidades da espécies de vida. A espécie dos cachorros não é como a humana. Esta especialidade, espécie canina ou humana, está presente no mundo material, porém espiritualmente não há tal diferenciação. Mesmo nas considerações pessoais há diversidades. Numa forma pessoal temos pernas, mãos e cabeça. Mas esta diferenciação, segundo a filosofia mayavada de Shankaracharya, também é falsa. Shankaracharya não reconhece qualificar o Brahman, assim como a filosofia Vaisnava qualifica o Supremo Brahman. Tomemos o exemplo: Deus é misericordioso. Isto é uma qualificação de Deus ou da Verdade Absoluta. Mas, sendo impersonalista a filosofia de Shankara, eles não aceitam a Verdade Absoluta qualificada com misericórdia, ou beleza, ou opulência. Eles não aceitam. Segundo eles, se a Verdade Absoluta for qualificada então se torna limitada pela qualificação. A conclusão deles é que se Brahman, ou a Verdade Absoluta, é ilimitado, não deve haver qualquer limitação pela qualificação.
A encarnação da Verdade Absoluta, ou Deus, é aceita por eles como uma manifestação da designação material. Em outras palavras, segundo a filosofia de Shankara quando Deus ou a Verdade Absoluta encarna, Ele assume um corpo material. Portanto Ele é designado. Nessa forma designada só a Verdade Absoluta se torna o criador, sustentador, e aniquilador da manifestação cósmica, embora em seu comentário ao Bhagavad-gita, no início, Shankaracharya tenha aceito que Narayana está além desta manifestação cósmica. Tudo que está manifesto no mundo material é produzido do imanifesto mahat-tattva, porém Narayana ainda assim é transcendental ao mahat-tattva. Em outras palavras, ele aceitou que o mahat-tattva também é criado pela Suprema Personalidade de Deus, Narayana. Há tantas contradições na filosofia dele. Isso é pano para outro assunto. Não desejamos entrar nas contradições da filosofia dele, mas na medida do possível estamos apresentando o resumo da filosofia mayavada, não-dualismo.
Segundo Shankaracharya, na concepção espiritual mais elevada, a Verdade Absoluta é sem qualquer contaminação da existência material, e portanto Ele não tem conecção com a criação, sustento ou aniquilação (do mundo material). Está sempre destituída de todas qualidades, sem qualquer diversidade, sem qualquer condição material, e sem qualquer responsabilidade por atividades. Como tal, a manifestação cósmica é falsa. Similarmente, a Personalidade de Deus, que aceita Sua designação a partir desta manifestação material falsa, a concepção da Personalidade de Deus, também é falsa. A Verdade Absoluta só é concebida como eterna, plena de conhecimento e cheia de bem-aventurança. O aparecimento como Narayana, ou como uma encarnação, não é eterno, porém é temporário. Para algum propósito Ele aparece assim. A meta final é impessoal.
Segundo a filosofia de Shankara, a diferenciação entre Deus e as entidades vivas é uma ilusão. De fato, isso não é assim. As entidades vivas não são energia subordinada do Supremo. Simplesmente estando cobertas pela concepção de maya, as entidades vivas parecem ser diferentes da Verdade Absoluta. Esta diferenciação entre entidades vivas e o Supremo se manifesta no mundo material nos procedimentos comuns. Espiritualmente não há tal diferença. As atividades da entidade viva no espírito de desfrutar no mundo material, sua qualidade infinitesimal, ou sua minusculosidade, ou como é inumerável, são apenas designações da falsa maya.
Um exemplo neste sentido dado pelos filósofos mayavadis é que, o copo de cristal parece vermelho quando nele se reflete uma flor vermelha, embora isso não tenha nada a ver com o rubor do vidro. É completamente diferente da cor. Similarmente, a entidade viva na contaminação da maya se torna ativa, ou se transforma em desfrutador, ou se torna infinitesimal, ou em outras palavras, se torna individual. Todas estas coisas são apenas reflexo colorido artificial. De fato, uma entidade viva é puro Brahman. Esta teoria do reflexo se chama pratibimbavada. Segundo esta filosofia, transcendentalmente não existe diferença entre a Verdade Absoluta, as entidades vivas, e a natureza material.
Esta não-diferenciação entre a Verdade Absoluta, as entidades vivas, e a manifestação cósmica, é exemplificada pelo filósofo mayavadi por seguir-se o exemplo do firmamento todo e do pote. O céu no pote e o firmamento todo são o mesmo. Porém o céu dentro do pote parece ser limitado devido a ter sido designado pela tampa do pote. Quando o pote se quebra, ou a ilusão de maya se dissipa, não existe tal diferença que este pote seja diferente daquele pote, ou este céu diferente daquele céu. Segundo Shankaracharya esta manifestação cósmica também é maya. Quando estes elementos materiais desaparecerem, então apenas o Brahman existencial permanecerá. Portanto, Brahman é verdade e esta manifestação cósmica é falsa.
Shankaracharya não aceita a teoria da transformação, como o fazem os acharyas Vaisnavas. A teoria da transformação é explicada desta maneira. Assim como o leite se transforma em iogurte sob certas condições, mas iogurte não pode ser transformado novamente em leite, nem tampouco pode ser usado como leite, da mesma maneira as entidades vivas não podem se tornar a Suprema Verdade Absoluta. Esta teoria da transformação não é aceita pelo filósofo mayavadi.
Na verdade, este tipo de propaganda por Shankaracharya foi executada sob ordem Suprema a fim de dissipar a obscura filosofia budista e estabelecer a filosofia védica, a Verdade Absoluta. Segundo Sri Chaitanya Mahaprabhu, a filosofia mayavada de Shankara é outra versão da filosofia de Buddha. A filosofia do vazio de Buddha é quase igual à filosofia impersonalista de Shankara. Portanto, segundo a filosofia de Shankara, a não-variedade impersonalista é o estágio final de conhecimento perfeito.
A maior oposição à filosofia de Shankara foi feita por Sri Ramanujacharya. A filosofia de Ramanuja é conhecida como vishishtadvaita. Esta doutrina de vishishtadvaita não foi novidade apresentada por Ramanujacharya, mas sim, antes dele havia outros expoentes desta doutrina e foram conhecidos como Nathamuni e Yamunacharya.
O princípio básico da doutrina vishishtadvaita é que na criação de Deus existe a divisão entre o que é sensível e não-sensível, assim como ao estudarmos a nós mesmos, descobrimos que nosso corpo é material, ou insensível, e nossa inteligência da mente e falso-ego são o caminho entre nosso eu e nosso corpo. Nosso eu é sensível. Similarmente, o Senhor Supremo é sensível, e esta manifestação cósmica é Seu corpo. Combinados juntos, a Verdade Absoluta forma uma combinação das características sensíveis e insensíveis. Isto se chama vishishtadvaita.
Segundo Sri Ramanujacharya existem três verdades: ou seja, o sensível, o insensível, e o Senhor Supremo. Em geral se chamam de tattva-traya. As inúmeras entidades vivas como um grupo se chamam de energia sensível do Senhor Supremo, ao passo que a manifestação cósmica se chama a energia material do Senhor. O próprio Senhor está acima delas. Ele tem qualidades transcendentais totalmente auspiciosas. Ele é onisciente e onipotente. Ele é conhecido como a Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva. O mundo material e as entidades vivas são partes corpóreas sensíveis e insensíveis do Senhor.
Sri Ramanujacharya delineou elaboradamente sua filosofia em 12 divisões conforme a seguir:
1. A Suprema Verdade Absoluta é una na combinação dos grupos grosseiros, sutis, sensíveis e insensíveis.
2. Ele protestou contra a doutrina de dualismo bem como a doutrina do monismo.
3. Ele aceitou que a Verdade Absoluta, Brahman, tem qualidades e potências transcendentais, e portanto Ele não é impessoal.
4. Ele protestou veementemente a doutrina de uma Verdade Absoluta impessoal, não-qualificada.
5. Ele estabeleceu deliberadamente a doutrina das entidades vivas serem infinitesimais e do Senhor Supremo ser infinito, e portanto as entidades vivas infinitesimais destinam-se constitucionalmente a servir a infinita Suprema Personalidade de Deus.
6. Ele estabeleceu que as entidades vivas, que são infinitesimais, estão sujeitas a caírem vítimas da ignorância, mas quando estão fora dessa posição de ignorância elas se tornam novamente liberadas.
7. Ele provou que só o transcendental serviço amoroso ao Senhor Supremo é o meio de liberação do enredamento material.
8. Segundo sua opinião, serviço devocional é o processo mais supremo de auto-realização.
9. Ele declarou enfaticamente que mesmo no estado de liberação não se pode ser igual ao Senhor Supremo.
10. Ele colocou fortes argumentos contra a doutrina impersonalista do monismo.
11. Ele provou que este mundo material é abominável, e o mundo espiritual é vida real de bem-aventurança eterna.
12. Ele estabeleceu que as entidades vivas e a manifestação cósmica são diferentes partes corpóreas do Senhor Supremo.

E ainda, Ramanujacharya explicou que a Suprema Personalidade de Deus descende em cinco diferentes aspectos, ou seja: arca, a Deidade no templo, as encarnações, tais como a encarnação do peixe, tartaruga, javali, e Nrshimha, as quais se chamam vaibhava. Depois Ele tem expansões chamadas vyuha, tais como as expansões de Vasudeva, Sankarshana, Pradyumna, e Aniruddha. Sua expansão impessoal é a refulgência de Seu corpo. Ele também está presente no coração de todo mundo como Antaryami, ou a Superalma. Todas estas diferentes porções plenárias do Senhor Supremo são além da contaminação material, eternas, sem qualquer lamentação, sempre superiores às entidades vivas, e cheias das seis opulências.
Segundo Ramanujacharya, existem cinco tipos de métodos de adoração, que se chamam abhigamana, upadana, ijya, sadhyaya e yoga. Quando devotos vão ao templo, limpam o templo ou o acesso ao templo, e decoram o templo de várias maneiras, tais atividades se chamam abhigamana. Coletar ingredientes como flores e outras parafernálias para adoração se chama upadana. Adoração do Senhor no templo se chama ijya. Cantar diferentes mantras e oferecer diferentes tipos de orações se chama sadhyaya. Meditação, ou lembrar das atividades do Senhor em plena absorção, se chama yoga. Praticando todos diferentes tipos de adoração se pode alcançar os planetas no mundo espiritual conhecidos como Vaikunthaloka. Segundo Sri Ramanujacharya, alcançar Vaikuntha é o estágio perfeccional mais elevado.
A grandeza de Ramanujacharya é que ele próprio, e mais tarde sua sucessão discipular, protestava crescentemente o impersonalismo de Shankaracharya. Ainda no sul da Índia estes dois partidos entram em conflito e em geral o grupo pertencente à ramanujacharya-sampradaya é vitorioso.
Princípios regulativos Pancaratra prevalesciam antes do advento de Shankaracharya, mas devido à influência da filosofia de Buddha tais princípios regulativos pancaratra foram interrompidos. Shankaracharya, em vez de estabelecer diretamente o método pancaratra, refugiou-se na filosofia mayavada para derrotar a filosofia de Buddha. Sri Ramanujacharya restabeleceu o pancaratra, ou adoração.
Após Sri Ramanujacharya, temos o aparecimento de Madhvacharya, cuja doutrina é suddha-advaitavada. Estabeleceu com muita firmeza a doutrina da dualidade, que Deus, ou a Verdade Absoluta, e as entidades vivas são entidades completamente diferentes, com evidência do Brahma-sutra ou Vedanta-sutra, bem como do Bhagavad-gita, dos Puranas, e do Narada-pancaratra.
Ele provou a dualidade em cada estágio, ou seja, que o Senhor Supremo e a entidade viva são duas entidades diferentes. Similarmente, a manifestação cósmica e o Senhor Supremo também são duas entidades vivas diferentes. Uma entidade viva é diferente de outra entidade viva. Em outras palavras, cada uma das entidades vivas é individual. Há uma diferença entre entidades sensíveis e insensíveis, e também há uma diferença entre um tipo de matéria insensível e outro tipo de matéria insensível. Madhvacharya estabeleceu que dois não é um, mas dois.
Uma verdade é completamente independente e a outra verdade é dependente. O Senhor VIshnu é a Personalidade de Deus supremamente independente, qualificada com qualidades transcendentais sem qualquer contaminação material. Portanto Ele é plenamente independente. Exceto o Senhor Vishnu, qualquer outra coisa, seja a manifestação cósmica ou entidades vivas, não é independente mas dependente do Senhor Supremo.
As entidades vivas são qualitativamente representações do Senhor Supremo. A doutrina de que o homem é feito à imagem de Deus é aceita por Madhvacharya. As características do homem são um reflexo exato da característica do Senhor Supremo. Ele também aceita que o Senhor Supremo Se expande em porções multi-plenárias, bem como porções separadas chamadas jiva-tattva. Todas jiva-tattvas, ou entidades vivas, são eternamente associados do Senhor Supremo para prestar serviço amoroso transcendental a Ele. O conhecimento das entidades vivas sempre é inferior ou incompleto.
O Senhor Supremo e as entidades vivas estão sempre na posição do Supremo e dos subordinados. As entidades vivas são sempre subordinadas. Elas não tem poder independente. Conforme é confirmado no Bhagavad-gita, Cap. 5, Verso 15, o Senhor diz que conhecimento e lembrança são sempre dados pelo Senhor Supremo, como antaryami ou Superalma, para as entidades vivas. Senão, as entidades vivas não tem poder independente para memorizar, pensar, ou agir.
Em contraste à entidade viva, a Suprema Personalidade de Deus, Vishnu, é completa em conhecimento e completa em bem-aventurança. Ele é sempre adorável pelas entidades vivas e Ele é o dominador supremo original, ao passo que as entidades vivas são as predominadas originais. Portanto, Ele é o criador original desta manifestação cósmica, que também é eterna, embora temporariamente manifestada. Portanto tanto as entidades vivas e a manifestação cósmica estão em subordinação ao Senhor Supremo.
O Senhor Supremo está sempre situado diferentemente, como também é confirmado pelo Bhagavad-gita, onde se diz que tudo descansa no Senhor Supremo, mas ainda assim Ele sempre é diferente de tudo. Segundo Madhvacharya, mesmo na hora da dissolução cósmica as entidades vivas e a energia material permanecem separadas do Senhor Supremo. Elas nunca se misturam conforme é advogado pelos impersonalistas.
Madhvacharya estava em mui grande oposição à doutrina de Shankaracharya. Praticamente os seguidores da madhvacharya-sampradaya estão simplesmente lutando contra a doutrina da filosofia mayavada propalada por Shankaracharya. Ele derrotou a doutrina de Shankaracharya e estabeleceu a doutrina da dualidade.
Além destas duas doutrinas acima-mencionadas de vishishtadvaitavada e suddha-dvaitavada, existem outras doutrinas advogadas pela vishnuswami-sampradaya e nimbarka-sampradaya. A vishnuswami-sampradaya mais tarde desenvolveu-se na baladeva-sampradaya. A doutrina deles se chama suddhavaitavada e a doutrina da nimbarka-sampradaya se chama dvaitadvaitavada.
De modo mui adequado, foi feito o ajuste de todas doutrinas: vishishtadvaitavada, suddha-dvaitavada, suddhadvaitavada, e dvaitadvaitavada pelo Senhor Chaitanya Mahaprabhu em Sua doutrina acinthya-bhedabheda-tattva. Nesta doutrina, o Senhor Chaitanya discutiu mui elaboradamente todo tipo de doutrinas antigas e novas sobre o assunto de compreender assuntos transcendentais, e a fim de minimizar as diferentes visões de diferentes filósofos, Ele adicionou uma concepção muito boa que se chama acintya.
Esta palavra é muito aplicável às doutrinas filosóficas da alma condicionada. Uma alma condicionada na verdade não consegue apurar a natureza da Verdade Absoluta simplesmente através da especulação, mas apenas através da autoridade do conhecimento védico. A palavra acintya se aplica em todas as doutrinas.
Sri Chaitanya Mahaprabhu não estava muito interessado que essas doutrinas compreendessem a Verdade Absoluta. Sua principal ocupação era distribuir para a massa geral do povo os princípios do Srimad-Bhagavatam, que é o comentário natural ao Vedanta-sutra.
Segundo o Srimad-Bhagavatam, toda especulação filosófica e princípios religiosos combinados juntos culminam na compreensão do amor por Deus. O homem não pode ficar satisfeito simplesmente através de sentimentos religiosos ou especulação filosófica mas, conforme o Srimad-Bhagavatam, quando nos elevamos à plataforma de prestar serviço amoroso à Suprema Personalidade de Deus sem qualquer motivo e sem ser impedidos por qualquer condição material, esse estágio de realização transcendental é o princípio mais elevado de compreensão espiritual, e só nesse estágio é que podemos ser plenamente satisfeitos.
Chaitanya Mahaprabhu Se interessava mais por transmitir para as pessoas este estado de vida sem muita preocupação com especulações filosóficas. O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu nunca Se esforçou muito por apresentar uma tese desta doutrina num livro separado, porém mais tarde Sua sucessão discipular, especialmente dentre os seis Goswamis, Srila Jiva Goswami, apresentou seis teses, que combinadas se chamam Sat-sandarbha. Dos seis sandarbhas, aquele conhecido como Tattva-sandarbha é uma apresentação prática desta doutrina e explica o Vedanta-sutra estritamente de acordo com os princípios de acyntya-bhedabheda-tattva. Mais tarde, Sri Baladeva Vidyabhushana pegou esta doutrina e explicou o Vedanta-sutra rigorosamente de acordo com este princípio de acintya-bhedabheda-tattva.
Texto de A. C. Bhaktivedanta Swami PrabhupadaTraduzido por Indumukhi Dasi

fonte: http://rasadasa.blogspot.com/2007/08/srila-prabhupada-e-vedanta.html

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Srila Prabhupada: A Personificação da Sucessão Discipular


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Nrisimhananda Dasa

Por seguir os passos de todos os mestres do passado, desprovido de qualquer motivação pessoal, Srila Prabhupada se tornou a própria personificação do guru-parampara.

Um discípulo de Srila Prabhupada fazia o importante serviço de apresentar seus livros nas bibliotecas públicas e universidades da Alemanha, onde os Vedas já eram relativamente conhecidos. Então, uma cena corriqueira era que, quando o devoto ia apresentar o Bhagavatam ou outro livro de Prabhupada, lhe indagavam sobre as tecnologias descritas nos Vedas, tais como os vimanas (espaçonaves) ou as diferentes formas de se manipular as energias sutis deste universo.
No entanto, esse discípulo pouco sabia sobre esses tópicos, de modo que, quando teve a oportunidade de falar pessoalmente com Srila Prabhupada, logo lhe indagou: “O que é a tecnologia védica?”, ao que Prabhupada lhe respondeu: “guru-parampara!”
E, como sabemos, as diferentes tecnologias manufaturadas pelo homem expandem seu conhecimento do mundo (por exemplo, não podemos ver bactérias, mas, com o auxílio de um microscópio, isso é facilmente possível) e permitem que ele faça o que antes era impossível (como atravessar oceanos e voar). Da mesma forma, o conhecimento oriundo da sucessão discipular permite que percebamos o que antes era inconcebível (a nossa natureza eterna como um ser espiritual e a identidade da própria Personalidade de Deus) e nos permite realizar aquilo que antes era impensável (restabelecer nosso eterno relacionamento amoroso com Krishna).
E, graças a Srila Prabhupada, agora essa tecnologia rara e incomparável está disponível em todo o mundo, pois ele foi a verdadeira personificação de toda a sucessão discipular, não só repassando de forma transparente a sua mensagem atemporal, como também reproduzindo com maestria os seus principais feitos no mundo moderno.
Apresentando os Santos Nomes ao Mundo
Como o próprio Krishna declara na Bhagavad-gita (4.7):
yada yada hi dharmasya
glanir bhavati bharata
abhyutthanam adharmasya
tadatmana
 srijamy aham
“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e uma ascensão predominante de irreligião — aí, então, Eu próprio faço Meu advento.”
E nesta férrea era de Kali, quando há um enfraquecimento do dharma? Sempre! E onde? Em todos os lugares! Desta forma, qual avatara poderia ser mais adequada do que aquele na forma do som, que pode se manifestar tão logo seja invocado? Assim, Krishna depositou toda Sua potência na forma dos santos nomes e apareceu pessoalmente em 1486 como Sri Chaitanya Mahaprabhu para propagar o doce cantar dessa sagrada vibração sonora.
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Um avatara na forma de som é o melhor para a sempre degradada era de Kali.
Ele fez Seu advento com Seus associados e estabeleceu, através do Seu exemplo pessoal, a supremacia do cantar do mantra Hare Krishna. Ele também a demonstrou na prática e publicamente com harinamas em Navadvipa e Jagannatha Puri e por Suas peregrinações pela Índia, onde, além de divulgar o cantar dos santos nomes, derrotou filosoficamente oponentes como Prakashananda Sarasvati e Sarvabhauma Bhattacharya, grandes baluartes do impersonalismo, e incutiu o espírito missionário em Seus discípulos.
Tendo fé total na posição sublime de Nama Prabhu, a encarnação sonora de Krishna, Srila Prabhupada seguiu os passos de Chaitanya, estabelecendo firmemente o cantar de Hare Krishna como a forma mais elevada e mais prática de se aproximar da Verdade Absoluta.
Com a doce e simples melodia do seu kirtana, Srila Prabhupada rapidamente cativou os transeuntes do Thompinks Square Park, que, contagiados, se muniram de variados instrumentos musicais, tais como pífanos, flautas e saxofones, para juntos vibrarem as sumamente prazerosas sílabas do maha-mantra.
Ao longo de suas viagens, Prabhupada sempre fez grandiosos kirtanas, seja em festivais públicos, como o Ratha-yatra, em palestras em universidades, ou mesmo em um icônico Mantra-Rock Dance, enchendo o coração dos ouvintes de um prazer antes desconhecido e os impulsionando para uma verdadeira busca espiritual.
Consolidando a Consciência de Krishna
Antes de Se ausentar da visão daqueles que habitam este mundo mortal, Sri Krishna Chaitanya treinou alguns de Seus discípulos mais próximos, tais como Rupa e Sanatana Gosvamis, deixando-lhes o encargo de continuar e expandir Sua missão.
Para tal, Srila Rupa Gosvami, a joia da coroa dos seguidores de Mahaprabhu, elaborou uma detalhada apresentação do conceito de bhakti-rasa, a doçura intercambiada entre o Senhor e o devoto em seu relacionamento, mapeando as possibilidades de troca amorosa com Krishna em diferentes humores expressados na dramaturgia védica. Assim, Rupa Gosvami presenteou o mundo com o seu Bhakti-rasamrita-sindhu e a sua inovadora teologia, que versava sobre a perspectiva de uma interação com Deus tingida pelos matizes de sentimentos fraternais, paternais e conjugais em completa intimidade.
Liderados por Rupa, os Seis Gosvamis de Vrindavana escreveram volumosa literatura explicando a filosofia da simultânea igualdade e diferença entre a alma e Deus enunciada por Chaitanya e estabelecendo o despertar do amor puro por Deus como a mais elevada meta da vida, acima até mesmo da liberação da ilusão material. Eles promoveram também a construção de templos e a instalação de Deidades. Srila Gopala Bhatta Gosvami e Srila Raghunatha Bhatta Gosvami iniciaram inúmeros discípulos, e Srila Jiva Gosvami se dedicou a ensinar os pormenores da adoração a Radha-Krishna e os mistérios da Sua sagrada terra natal, Vrajabhumi, bem como o humor específico cultivado por aqueles que a habitam, solidificando assim a base filosófica do vaishnavismo gaudiya.
Como o maior dos representantes de Srila Rupa Gosvami, Prabhupada estruturou sua editora BBT e publicou um extenso acervo de obras literárias, onde denunciou, de forma muito contundente, a fragilidade e efemeridade de outros desejos além de krishna-prema, e tornou extremamente acessível ao público ocidental os diferentes intercâmbios amorosos íntimos com Krishna, além de apresentar o Bhakti-rasamrita-sindhu na forma do primoroso O Néctar da Devoção.
Para que os jovens devotos pudessem experimentar de forma prática esse bhakti-rasa, Srila Prabhupada também incentivou a abertura de templos, onde instaurou a adoração diária a belas Deidades, adequando-a de acordo com as particularidades do local e tempo específico em que atuou.
Em Todas as Vilas e Cidades
Preocupada com a propagação dos ensinamentos de Sri Gauranga, Srimati Jahnavi Devi, a elevadíssima esposa de Nityananda Prabhu, pediu aos principais discípulos de Srila Jiva Gosvami que levassem os livros dos Gosvamis para a Bengala. Desta forma, uma comitiva formada por Srinivasa Acharya, Narottama Thakura e Shyamananda Prabhu seguiu em direção à terra de Chaitanya, carregando consigo cópias dos manuscritos dos acharyas gaudiyas, e, no caminho, fizeram discípulos muito influentes socialmente, como Birhambira Maharaja (rei dos dacoítas), Raja Santosha Datta (rei de Gopalpura) e Rasikananda Prabhu (filho do poderoso zamindar do distrito de Rohini, Sri Achyutadeva), que facilitaram imensamente a divulgação dos ensinamentos de Mahaprabhu.
Narottama Thakura também organizou, com a ajuda de outros devotos, o Festival de Kheturi Grama, o primeiro Gaura-Purnima, que foi impressionantemente opulento e chamou a atenção de todo o subcontinente indiano. E foi assim que o vaishnavismo gaudiya começou a se tornar conhecido pela Índia.
Igualmente, tendo a salvação de todo o mundo como seu mais acalentado objetivo, Srila Prabhupada enfatizou a distribuição maciça de livros como o seu principal desejo e como o serviço prioritário dos membros de sua ISKCON. Motivados pelos constantes pedidos de Srila Prabhupada, os devotos ocupados nesse sankirtana-yajna trabalharam de forma tão criativa e vigorosa que, a partir de 1972, a distribuição dos livros aumentou de forma nunca imaginada e passou a nortear a vida dos templos, que faziam com que, diariamente, milhares de exemplares chegassem nas mãos de novos leitores.
Prabhupada também se encontra com grandes líderes da sociedade de sua época e participa de eventos de imenso porte, reunindo milhares de pessoas, tanto na Índia quanto no Ocidente. Alguns de seus discípulos com influência, como o beatle George Harrison e o herdeiro da Ford, Ambarisha Prabhu, o auxiliaram nessa empreitada.
O Amadurecimento do Vaishnavismo Gaudiya
Uma vez que alguns pontos expressos na literatura dos Gosvamis eram de difícil interpretação pelos devotos, Visvanatha Chakravarti Thakura passou a analisá-los cuidadosamente e esclarecer qualquer possível paradoxo que encontrasse. Ele escreveu também comentários a Bhagavad-gitaSrimad-Bhagavatam e Chaitanya-charitamrita.
Delineando explicitamente o siddhanta (conjunto de conclusões filosóficas das escrituras) em cada linha de seus Significados Bhaktivedanta, Srila Prabhupada permitiu que os temas centrais dos Vedas se tornassem suficientemente claros, sem a menor possibilidade de interpretação equivocada, para qualquer leitor sincero.
Em 1718, quando membros do grupo Ramanandi, ligados à Sri Sampradaya, questionaram a legitimidade do vaishnavismo gaudiya perante a corte do rei de Jaipur, usando o argumento que toda sucessão discipular precisa compor um comentário do Vedanta-sutra, o grande e erudito discípulo de Visvanatha, Baladeva Vidyabhushana, provou a autenticidade da sampradaya de Chaitanya escrevendo o inigualável Govinda-bhashya.
Prabhupada também teve que enfrentar a oposição de hinduístas ortodoxos em seus esforços para a propagação da consciência de Krishna, uma vez que, para cumprir o seu propósito principal e essencial (tirar as almas condicionadas da ilusão), ele teve que deixar em segundo plano regras menores e fazer muitas adaptações e concessões em relação a hábitos que mais têm a ver com o background cultural da Índia do que com bhakti-yoga em si.
Srila Prabhupada se preocupou em estabelecer três grandes templos da ISKCON em lugares estratégicos da Índia: o Krishna-Balarama Mandir, em Vrindavana; o Chandrodaya Mandir, em Sridham Mayapur, e o Sri-Sri Radha-Rasavihari, em Juhu. Além disso, organizou festivais de pandals (grandes estruturas erigidas em locais públicos, normalmente para eventos religiosos) e participou com seus discípulos de comemorações típicas hindus, como o Kumbha-mela, assegurando, assim, o interesse de sua instituição em respeitar e interagir com grupos religiosos tradicionais da Índia.
As atividades caritativas da ISKCON e sua proficiência em disseminar a filosofia védica entre as classes de pessoas respeitáveis do Ocidente foram fortemente responsáveis por um renascimento do interesse entre as novas gerações de indianos e por um aumento estrondoso da popularidade do vaishnavismo gaudiya na Índia.
O Renascimento da Missão de Sri Chaitanya
Apesar do esforço de acharyas como Visvanatha Chakravarti e Baladeva Vidyabhushana, começaram a proliferar desvios filosóficos entre os seguidores de Chaitanya, e o verdadeiro vaishnavismo começou a ficar confinado a pequenos grupos de devotos absortos em meditar em Krishna (babajis), mas sem muita influência na sociedade. Foi nesse momento que surgiu o devoto que retiraria o vaishnavismo gaudiya da estagnação em que se encontrava, fazendo com que novamente ele cumprisse sua vocação natural: ser um movimento popular. Tal alma magnânima foi Bhaktivinoda Thakura, que ousadamente lutou para a revitalização da pregação do sankirtana-yajna, escrevendo livros com o intuito de satisfazer a elite intelectual indiana, mesmo tendo que, para isso, ter-se valido até de artifícios que não podemos imitar (como afirmar que Vyasadeva é uma figura mitológica e que seus escritos foram feitos por muitas mãos ou aceitar que as descrições cosmológicas do Bhagavatam são alegóricas), dando interpretações totalmente inéditas para aspectos clássicos de nossa cultura (como relacionar os demônios de vrindavana-lila aos anarthas que um devoto deve enfrentar), usando pseudônimos (como em seu Baula-sangita, onde assume a identidade de um membro de um grupo de pseudodevotos que o Thakura queria denunciar) e, talvez o mais importante, combatendo as apa-sampradayas, grupos que se desviaram do siddhanta gaudiya.
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Bhaktivinoda Thakura.
Entre eles, encontramos os sahajiyas (sentimentalistas que tomavam o relacionamento íntimo com Krishna como algo muito barato), os kartabhajas (que adoravam o guru com uma concepção errônea) e os smartas brahmanas (que colocavam a ortodoxia acima da pregação).
Assim como Bhaktivinoda, Prabhupada também era plenamente ciente do clímax cultural que ocorria no mundo à sua época e soube fazer um excepcional uso dele, permitindo que mulheres pela primeira vez pudessem residir em ashramas e adorar Deidades, incentivando seus discípulos com formação acadêmica a criar o Bhaktivedanta Institute, com o objetivo de conciliar estudos científicos com as conclusões das escrituras védicas, e dialogando com muitos líderes religiosos ocidentais, mostrando apreciação por diferentes abordagens na busca por Deus.
Antevendo possíveis más interpretações de suas palavras no futuro, Srila Prabhupada explicou os conceitos fundamentais de sua filosofia por diferentes prismas em várias ocasiões, garantindo-lhes uma objetividade ímpar.
O Querido Discípulo de Bhaktisiddhanta
Seguindo a linha de seu grandioso pai, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura inovou ao enfatizar o uso da imprensa escrita, reestabelecer a ordem de sannyasa (que ele mesmo definiu como renúncia de vitrine, ou seja, uma estratégia para atrair a mente do público) no vaishnavismo gaudiya, dar vestes açafroadas aos brahmacharis (segundo o Hari-bhakti-vilasa, a cor dos estudantes também é branca, mas Bhaktisiddhanta entendeu que eles seriam mais respeitados ao pregarem se usassem açafrão e assim mostrassem que estavam vinculados a um sannyasi) e trazer de volta o uso do cordão sagrado para os brahmanas (mais uma forma de garantir respeitabilidade perante o público indiano).
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Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati.
E, com essas pequenas mudanças externas, Bhaktisiddhanta Sarasvati, que entendeu a mentalidade de sua época como ninguém, influenciou pensadores indianos, entre eles o jovem Abhay, que estava ocupado em participar do movimento de libertação indiana da colonização britânica. Abhay ficou profundamente tocado com o rigor lógico de Bhaktisiddhanta e o aceitou como mestre espiritual. Anos mais tarde, escreveria em sua homenagem:
O Absoluto é senciente
Tu provaste,
A calamidade impessoal
Tu eliminaste.
Tais versos resumiam de forma tão completa a essência dos ensinamentos de Bhaktisiddhanta que este pediu aos seus editores que publicassem qualquer texto escrito por Abhay. E, ao compreender a importância que os livros tinham para seu mestre, que os chamava de brihad-mridanga, o grande tambor que pode ser ouvido em todo o mundo, ele nunca deixou de escrever, denunciando as imperfeições filosóficas do impersonalismo e do niilismo e ressaltando o caráter sumamente nectário da Suprema Personalidade de Deus.
Por seguir os passos de todos os mestres do passado com grande confiança em suas palavras, desprovido de qualquer motivação pessoal e possuindo uma grande ânsia em distribuir a semente do serviço devocional para as almas condicionadas, Srila Prabhupada se tornou a própria personificação do guru-parampara, condensando toda a sabedoria do Senhor Brahma, Narada Muni, Vyasadeva e grandes outros sábios, com a doçura inigualável dos rupanugas. Sua vida foi a culminação dos esforços de todas as almas perfeitamente liberadas que já tentaram propagar as glórias de Krishna neste universo material, e, graças a ele, todas as profecias relativas à vitória dos santos nomes sobre a escuridão de Kali-yuga se cumpriram. Apenas por seus incansáveis esforços, os sagrados ensinamentos de Krishna, representados pelo seu maior compilador, Sri Vyasa, chegaram até nós e podemos adorar toda a sucessão discipular ao reverenciar seu maior expoente: Srila Prabhupada!
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fonte https://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/srila-prabhupada-a-personificacao-da-sucessao-discipular/

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