sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Curso de Bacharel em Direito EaD o que penso? Por João Maria Andarilho Utópico. Indicação de Leitura 47


Pelos serviços prestados junto aos tribunais na libertação dos escravos, Luiz Gonzaga de Pinto Gama foi reconhecido como advogado, 133 anos após sua morte, pela Ordem dos Advogados do Brasil. O título foi concedido pelo Conselho Federal da Ordem e pela OAB-SP em cerimônia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, na noite desta terça-feira (3/11).

Wikimedia Commons

Baiano, Luiz Gama (foto) nasceu em 1830, filho de um português com Luiza Mahin, negra livre que participou de insurreições de escravos. Gama foi para o Rio de Janeiro aos dez anos de idade após ser vendido pelo pai para pagar uma dívida. Sete anos mais tarde, conseguiu a libertação e se transformou em um dos maiores líderes abolicionistas. Em 1869, ao lado de Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano.

Em 1850, Gama tentou frequentar o curso da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, mas foi impedido por ser negro. Ainda assim, participou das aulas como ouvinte, e o conhecimento adquirido lhe permitiu atuar na defesa jurídica de negros escravos.

Seu tataraneto, Benemar França, 68, recebeu a homenagem em nome de Luiz Gama. “Trata-se de uma reparação histórica e do reconhecimento da sua atuação jurídica para a qual foi proibido de se graduar. Trata-se de uma justíssima homenagem a quem tanto lutou pela liberdade, igualdade e respeito”, disse o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e presidente do Instituto Luiz Gama, Silvio Luiz de Almeida disse que a homenagem é inédita “para alguém que recebe o título de advogado pós-morte não sendo formado em Direito”.

“Luiz Gama não é apenas importante para a história da comunidade negra brasileira, é também para que entendamos dois movimentos fundamentais para a formação social brasileira e entender para onde caminha o país. Ele está ligado tanto ao movimento abolicionista, ou seja, a luta contra a escravidão, como à formação da República”, explicou o professor. “Neste momento, resgatar a figura de Luiz Gama é resgatar também a esperança na construção de um país melhor, de um mundo mais justo e também da luta antirracista”, acrescentou.

Para seu tataraneto, a homenagem “é um resgate ao trabalho que Luiz Gama fez em sua luta para libertar escravos”. Apesar de ser rejeitado pela Faculdade de Direito, segundo Benemar, Luiz Gama “conseguiu ser rábula, ou seja, tinha um documento que o liberava para trabalhar como advogado, só que sem diploma” e, nessa condição, ele libertou mais de 500 escravos. Com informações da Agência Brasil.

fonte 
https://www.conjur.com.br/2015-nov-04/133-anos-morte-luiz-gama-recebe-titulo-advogado



Nélson Mandela e Mahatma Gandhi também estudaram através de cursos por correspondência

Quando falamos sobre a qualidade dos cursos de EaD, lembramos de exemplos que marcaram a história de líderes, como Nélson Mandela e Mahatma Gandhi, que concluíram seus estudos superiores através de cursos por correspondência. A Universidade de Londres é uma referência absoluta, quando falamos desses modelos de aprendizagem, porque, desde 1858, seus cursos ganhavam prestígio e abrangência.

fonte http://www.unigranrio.com.br/noticias/index.php/unigranrio-lanca-ead-com-plataforma-diferenciada/

Após decisão judicial, adolescente que adotou ‘homeschooling’ é impedida de se matricular na USP

Elisa Flemer, de 17 anos, deixou de frequentar a escola em 2018 para seguir rotina própria de estudos e foi aprovada em mais de um curso de engenharia, mas não pôde cursá-los

  • Por Lorena Barros
  •  
  • 24/04/2021 12h00



Biografia de Machado de Assis

Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro, um dos nomes mais importantes da literatura brasileira do século XIX. Destacou-se principalmente no romance e no conto, embora tenha escrito crônicas, poesias, crítica literária e peças de teatro.

Machado de Assis escreveu nove romances. Os primeiros – Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia -, apresentam alguns traços românticos na caracterização dos personagens.

A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, teve início sua fase propriamente realista quando revelou seu incrível talento na análise do comportamento humano, descobrindo, por trás dos atos bons e honestos, a vaidade, o egoísmo e a hipocrisia.

Infância e adolescência

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na Chácara do Livramento no Rio de Janeiro, no dia 21 de junho de 1839. Foi o primeiro filho do mulato Francisco José de Assis, um pintor e decorador de paredes, e da imigrante portuguesa Maria Leopoldina.

Machado de Assis passou sua infância e adolescência no bairro do Livramento. Seus pais viviam na chácara do falecido senador Bento Barroso Pereira e sua mãe era a protegida da dona da casa, D. Maria José Pereira.

Machado fez seus primeiros estudos na escola pública do bairro de São Cristóvão. Tornou-se amigo do padre Silveira Sarmento, o ajudava nas missas e familiarizava-se com o latim.

Quando tinha dez anos perdeu sua mãe. Seu pai resolveu sair da chácara e foi morar em São Cristóvão com Maria Inês da Silva, só vindo a casar-se em 1854.

Sua madrasta trabalhava como doceira em uma escola e levava o enteado para assistir algumas aulas. À noite, Machado ia para uma padaria, local onde aprendia francês com o forneiro. À luz de velas, Machado lia tudo que passava em suas mãos e já escrevia suas primeiras poesias.

Carreira literária

Em busca de um emprego, com 15 anos, Machado conheceu Francisco de Paula Brito, dono da livraria, do jornal e da tipografia. No dia 12 de fevereiro de 1855, a “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3, o poema “Ela”, de Machado de Assis:

"Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um sim
Para alívio do coração"...

Daí por diante, Machado não parou de escrever na Marmota e de fazer amizades com os políticos e literatos, frequentadores da livraria, onde o assunto principal era a poesia.

Em 1856, Machadinho, como era conhecido, entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo, mas além de mau funcionário, escondia-se para ler tudo que lhe interessava.

O diretor decidiu incentivar o jovem e o apresentou a três importantes jornalistas: Francisco Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiuva.

Otaviano e Pedro dirigiam o Correio-Mercantil e para lá foi Machado de Assis, em 1858, como revisor de provas. Colaborava também para outros jornais. Estreou como crítico teatral na revista “Espelho”.

Com 20 anos, Machado de Assis já frequentava os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império.

machado de assis
Machado de Assis com 20 anos

Em 1960, Machado de Assis foi chamado por Quintino Bocaiuva para trabalhar na redação do “Diário do Rio de Janeiro”. Além de escrever sobre todos os assuntos e manter uma coluna de crítica literária, Machado tornou-se representante do jornal no Senado.

Machado também escrevia no “Jornal das Famílias”, onde suas histórias inconsequentes e açucaradas eram lidas nos serões familiares.

Primeiro livro de poesias

Em 1864, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, uma coletânea de seus poemas. O livro foi dedicado a seus pais, Maria Leopoldina e a Francisco.

Em 1867, o Imperador concedeu a Machado o grau de "Cavaleiro da Ordem da Rosa", por serviços prestados às letras nacionais. No dia 8 de abril Machado foi nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial, iniciando sua "carreira burocrática".

Em 1868 ele conheceu Carolina Xavier de Novais, uma portuguesa culta, irmã do poeta português Faustino Xavier de Novais, que lhe revelou os clássicos lusitanos.

No dia 12 de novembro de 1869, o casamento de Machado e Carolina é realizado, tendo como testemunhas, Artur Napoleão e o Conde de São Mamede, em cuja residência se realizou a cerimônia. O casal não teve filhos.

Em 1873, ele foi nomeado primeiro oficial da Secretaria do Estado do Ministério da Agricultura. Três anos depois assumiu a chefia da seção.

Machado de Assis com 40 anos
Machado de Assis aos 40 anos

Academia Brasileira de Letras

O primeiro livro de contos de Machado de Assis, Contos Fluminenses (1870) e seu primeiro romance, Ressurreição (1872), sedimentaram a imagem de um escritor que usava muito bem a língua portuguesa e que preferia os relatos psicológicos às narrativas de ação constante.

No dia 30 de janeiro de 1873, a capa do décimo número do “Arquivo Contemporâneo”, periódico do Rio de Janeiro, colocou lado a lado as fotos de José de Alencar, até então o maior romancista do Brasil, e a de Machado de Assis.

Machado de Assis se impôs, antes mesmo de ter publicado suas obras-primas, como a maior expressão da literatura brasileira e, sem muita dificuldade, em 1896, fundou com outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras.

Nomeado para a cadeira n.º 23, tornando-se, em 1897, seu primeiro presidente, cargo que ocupou até sua morte.

Na entrada do prédio há uma estátua de bronze do escritor. Em sua homenagem, a academia chama-se também “Casa de Machado de Assis”.

Obra de Machado de Assis

Machado de Assis teve uma carreira literária ininterrupta, produziu de 1855 a 1908. Escreveu poesias, romances, contos, crônicas, críticas e peças de teatro. O ponto alto de sua produção literária é o romance e o conto, onde se observa duas fases:

Fase Romântica – obras e características

A primeira fase das obras de Machado de Assis apresenta-se presa a algum aspecto do “Romantismo”, com uma história cheia de mistérios, com final feliz ou trágico e uma narrativa linear.

Apresenta também traços inovadores, como uma linguagem menos descritiva, menos adjetivada e sem o exagero sentimental. As personagens têm um comportamento não só movido pelo amor, mas também pela ambição e pelo interesse. São dessa fase os romances:

  • Ressurreição (1872)
  • A Mão e a Luva (1874)
  • Helena (1876)
  • Iaiá Garcia (1878)

O Realismo – obras e características

A segunda fase das obras de Machado de Assis inicia-se com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), onde retrata a miséria humana, indo até seu último romance, “Memorial de Aires” (1908) - o livro da saudade, escrito após a morte de Carolina.

É nesse período que se encontram suas mais ricas criações literárias. Diferente de tudo quanto havia sido escrito no Brasil, Machado inaugura o “Realismo”.

O estilo realista de Machado de Assis difere de seus contemporâneos, porque ele aprofunda-se na análise psicológica dos personagens desvendando a fragilidade existencial na relação consigo mesmo e com os outros personagens. São dessa fase os romances:

  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
  • Quincas Borba (1891)
  • Dom Casmurro (1899)
  • Esaú e Jacó (1904)
  • Memorial de Aires (1908, seu último romance)

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Em 1881, Machado de Assis publicou o romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que marcou o início da fase acentuadamente realista de sua obra. A obra havia sido publicada, no ano anterior, em folhetins na Revista Brasileira.

Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", o narrador era um defunto que resolveu distrair-se um pouco saindo da monotonia da eternidade escrevendo suas memórias, livre das convenções sociais, pois está morto.

O narrador fala não só da vida, mas de todos os que com ele conviveram, revelando a hipocrisia das relações humanas.

Esse romance foi adaptado para o cinema em 2001, sendo considerado o melhor filme do festival de Gramado.

Quincas Borba

O romance Quincas Borba representa um dos pontos altos da obra de Machado de Assis. É rico de vida e substância humana.

O herói da história é o modesto professor Rubião, que recebe, em Barbacena, grande herança do falecido Quincas Borba, com a condição de cuidar de seu cachorro, também chamado Quincas Borba.

Rubião abandona a província, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde é enganado, explorado e enlouquece, vindo a morre miserável e solitário em sua cidade natal, Barbacena.

Dom Casmurro

É considerado o ponto culminante de sua ficção. O tema da obra é o adultério relatado pelo próprio marido traído. O romance é narrado na 1.ª pessoa do singular, começando com a amizade infantil entre Bentinho e Capitu.

Da afeição nasce o amor e o casamento. Capitu, como quase todos os tipos machadianos, é cheia de vivacidade e astúcia, porém dissimulada. Trai o esposo com Escobar, o mais antigo e íntimo amigo do casal.

Mais tarde, nasce Ezequiel e as dúvidas de Betinho se dissipam. Torna-se um indivíduo sisudo e casmurro, que vive a rememorar o passado. Quando Escobar morre, Capitu chora diante do cadáver, confirmando as suspeitas de Bentinho.

As personagens femininas de Machado de Assis

As grandes “personagens femininas” das obras de Machado de Assis ou são adúlteras ou estão a ponto de ser como Virgília de Memórias Póstumas que repele Brás Cubas quando podia casar-se com ele, mas torna-se sua amante depois que está casada com outro homem mais importante na escala social.

Sofia, protagonista de Quincas Borba, fica no limiar do adultério, tentando o pobre Rubião até levá-lo à loucura, para tirar dele seu último centavo e assim enriquecer seu esposo.

Capitu, sua heroína mais famosa, personagem de Dom Casmurro, é o protótipo de mulher dissimulada, que engana vilmente o marido.

Apenas Fidélia, de Memorial de Aires, é a mulher honesta e fiel, como seu próprio nome sugere.

Contos e características

  • Contos Fluminenses (1870)
  • História da Meia Noite (1873)
  • Papéis Avulsos (1882)
  • Histórias Sem Data (1884)
  • Várias Histórias (1896)
  • Páginas Recolhidas (1899)
  • Relíquias da Casa Velha (1906)

Alguns dos melhores contos “realistas” contidos nesses livros e que abordam os mais diversos temas, são:

  • Cantigas de Esponsais – a desesperada busca da expressão,
  • Noites de Almirantes – análise de uma desilusão amorosa,
  • Trio em Lá Menor – o anseio da perfeição,
  • O Alienista – o problema da loucura. Foi adaptado para o cinema em 1970).
  • Missa do Galo – o despertar do adolescente para o amor,
  • Teoria do Medalhão – como vencer na vida sem fazer força,
  • O Espelho – a dualidade da alma humana.

Últimos anos e morte

Em outubro de 1904 morreu sua esposa, Carolina, companheira de 35 anos, que além de revisora de suas obras era também sua enfermeira, pois Machado de Assis tinha a saúde abalada pela epilepsia.

Após a morte da esposa o romancista raramente saía de casa. Em homenagem à sua amada, escreveu o poema "À Carolina":

À Carolina

"Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terre que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos."

Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1908. Em seu velório, comparecerem as maiores personalidades do país. Rui Barbosa, um dos juristas mais aplaudidos da época, fez um discurso de despedida com elogios ao homem e escritor.

Levado em uma carreta do Arsenal de Guerra, só destinada às grandes personalidades, um grande cortejo fúnebre saiu da Academia para o cemitério de São João Batista, onde foi enterrado.

O escritor Machado de Assis é uma figura tão importante para o nosso país que a sua biografia foi escolhida para figurar no artigo A biografia das 20 pessoas mais importantes para a história do Brasil.

Baruch de Espinosa nasceu em 24 de novembro de 1632, e foi considerado um dos grandes filósofos racionalistas (ao lado de Leibiniz e Descartes) de sua época. Primeiro filho de uma família português-judia, tinha a agradável aparência de um português de estatura mediana, cabelos e pele morena, rosto oval. Espinosa era chamado por seus pais pelo seu nome português: Bento, e é curioso imaginar que ele aprendeu suas primeiras palavras na mesma língua que nós.

Seus pais eram prósperos comerciantes, mas por serem judeus, mudaram-se para Amsterdam fugindo da inquisição, quando Baruch de Espinosa nasceu em Amsterdã seu pai já possuía dois filhos de outro casamento. Quando criança, Espinosa fez seus primeiros estudos na sinagoga à qual pertencia, era um aluno brilhante, estudou profundamente o Talmude e a Bíblia, além de aprender hebraico, mas o consideravam também muito questionador (um defeito na época). Mas o dedicado aluno precisou largar seus estudos e tomar conta dos negócios da família.

JOVEM ESPINOSA

Espinosa fala livremente sobre suas concepções religiosas com seus amigos, a ideia de um Deus antropomórfico, separado do mundo real, agindo como um déspota, parece absurda para ele, também não encontra nos textos sagrados muitas histórias que contam para ele, nem Leis supostamente divinas. Entretanto, suas opiniões não agradam os líderes religiosos de sua época e após muitas ameaças, avisos e reprimendas, Espinosa foi acusado de ateísmo e excomungado em 1656. Trocou seu nome Hebraico por um latino: Bento de Espinosa, e passou a viver sem contato com os judeus.

Começou seus estudos de filosofia, latim e grego com Van dem Endem, leu Descartes, Platão, Aristóteles, Epicuro, Cícero, Sêneca, os filósofos medievais entre outros, além de estudar matemática e outras ciências. Foi também quando começou a redação do seu Tratado de Correção do Intelecto. Neste período, Espinosa sofre o ataque de um judeu fanático que tenta esfaqueá-lo por envergonhar a comunidade judaica. Assustado, ele percebe que não é mais bem vindo em Amsterdã.

O filósofo procurou companhias com quem pudesse dividir suas ideias. Mudou-se para Rijinsburg, em Leyden, pequena e tranquila cidade, com uma boa universidade, que Espinosa visitava com frequência. Neste período escreveu seu Breve Tratado e os trechos iniciais de seu principal livro: Ética. Para sustentar-se, começou a trabalhar como polidor de lentes de telescópios e microscópios; exerceu este ofício, que aprendera ainda na sinagoga, até o fim de sua vida.

ESPINOSA ADULTO

O filósofo adotou uma das máximas de Epicuro: “viver os prazeres simples“. As práticas do filósofo do jardim moldam a vida de Espinosa: recusa de riquezas e bens materiais, prazeres sem exageros, uma vida dedicada à reflexão e conhecimento. Estas características não são vistas como um fim e si mesmo, mas são parte das condições de elevar seu pensamento. O asceticismo, neste caso, não é usado para a mortificação e preparação para outra vida, muito pelo contrário, é um meio de maximizar os efeitos de uma filosofia e de um pensamento rico e superabundante, que trazem felicidade e contentamento nesta.

Espinosa vivia discretamente, mas fazia amigos por onde passava, estes vinham de longe para visitá-lo, ele sempre os entretinha com conversas agradáveis e falava sobre suas ideias. Mudou-se para Voorburg, onde continuou a trabalhar e escrever. Sua inquietação com a ignorância do conhecimento religioso o preocupa, resolve então escrever o Tratado Teológico Político, com o fim de mostrar as limitações do pensamento sagrado e seus meio de criar a obediência e servidão. Mas o autor publica seus livros anonimamente, tomando o cuidado de não perder sua tranquilidade para pensar e escrever.

Espinosa era tão visitado e conhecido em Voorberg que resolve mudar-se em 1670 para Haia, cidade pequena e de ar agradável, lá passa o resto de sua vida. Nesta cidade, Espinosa conclui sua obra de maior importância, Ética, demonstrada à maneira dos geômetras, um livro tão potente que seu autor só permite publicá-lo postumamente. Seus amigos recebem trechos do livro e conversam com Espinosa sobre as ideias lá contidas. Após isso, retoma assuntos políticos, a situação era complicada na Holanda, onde monarquia e democracia se enfrentavam.

Espinosa foi convidado para dar aulas na Universidade de Heidelberg, mas recusou por entender que não teria a liberdade de falar livremente sobre suas ideias. Ele tinha sinceras intenções de viver livremente, gozando de sua autonomia de vida e pensamento. Contudo, apesar de enorme resistência, aceitou uma pequena pensão de J. de Witt, para ajudá-lo com seus pequenos gastos. Espinosa não tinha medo da pobreza, pelo contrário, o que temia eram o esbanjamento e a fama. Sua cabeça estava em outros lugares: como viver bem? Como livrar-se do medo? Como ser livre? Qual o melhor modo dos homens associarem-se politicamente?

OS ÚLTIMOS DIAS

Espinosa sempre foi o pensador da virtude e da potência, dos afetos e da alegria, de Deus e da Razão. Levantou-se contra o racionalismo de Descartes e os mandamentos religiosos, lutou contra o despotismo dos governos e também dentro de cada um de nós. Com um pequeno grupo de amigos, fez circular suas ideias. Até o fim de sua vida morou modestamente e sempre foi honesto para com seus pensamentos.

Morreu  prematuramente em 1677 com apenas 44 anos, talvez por decorrência do pó de vidro que respirava durante seu ofício. Sua Ética foi publicada postumamente e logo proibida por todas as autoridades religiosas e políticas, seu Tratado Político permaneceu inacabado. Espinosa é mais um daqueles filósofos perigosos para o status quo da sociedade, é impossível passar ileso pela potência de seus pensamentos. Sua obra reflete sua vida, nela pensamento e ação tornam-se uma só. Espinosa é um filósofo essencial para nós, com ele, aprendemos a viver o pensamento e pensar a vida.




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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

“O que É Isso, Swamiji?”: A História do Primeiro Jagannatha da ISKCON

28 SI (história - adoração à Deidade) Primeira Deidade instalada da ISKCON (bg) (ta) (3)1

Satsvarupa Dasa Gosvami

Um achado aparentemente simples em uma importadora revela-se, na verdade, um arranjo do próprio Senhor Supremo desejoso de Se manifestar no Ocidente e aceitar mesmo a adoração simples que os primeiros seguidores de Srila Prabhupada podiam oferecer.

Certo dia, Malati entrou apressadamente no apartamento do Swamiji, tirou um pequeno objeto de sua bolsa de compras e colocou-o sobre a escrivaninha para que o Swamiji o examinasse. “O que é isso, Swamiji?”. Bhaktivedanta Swami olhou para baixo e contemplou uma escultura de madeira de quase oito centímetros, com a cabeça chata, um rosto negro e sorridente, com grandes olhos redondos. A figura tinha braços atarracados e projetados para a frente e um simples tronco verde e amarelo, sem nenhum pé visível.

Imediatamente, o Swamiji juntou as palmas das mãos e curvou sua cabeça, mostrando respeitos à pequena figura. “Você trouxe o Senhor Jagannatha, o Senhor do Universo”, disse ele, sorrindo com um brilho nos olhos. “Ele é Krishna. Muito obrigado!”. O Swamiji estava radiante de alegria, enquanto Malati e os outros ficaram sentados, imaginando quão afortunados eram em ver o Swamiji tão satisfeito. Ele explicou que aquele era o Senhor Jagannatha, uma Deidade de Krishna adorada em toda a Índia há milhares de anos. Jagannatha, disse ele, é adorado juntamente com duas outras Deidades: Seu irmão, Balarama, e Sua irmã, Subhadra.

Emocionada, Malati confirmou que havia outras figuras semelhantes na Cost Plus, a importadora onde ela encontrara o pequeno Jagannatha, e o Swamiji disse que ela devia voltar lá e comprá-las. Malati contou tudo a seu esposo, Shyamasundara, e juntos eles voltaram apressadamente e compraram as outras duas esculturas do grupo.

Bhaktivedanta Swami colocou Jagannatha à direita, com Seu rosto negro e sorridente. No centro, colocou a figura menor, Subhadra, que tinha uma boca vermelha e sorridente e um tronco retangular negro e amarelo. A terceira figura, Balarama, com a cabeça branca e redonda, olhos margeados de vermelho e um leve sorriso, tinha os braços projetados para a frente como Jagannatha, e uma base azul e amarela. O Swamiji colocou-o ao lado de Subhadra. Enquanto olhava para eles juntos em sua escrivaninha, o Swamiji perguntou se alguém sabia como entalhar. Shyamasundara disse que esculpia em madeira, e o Swamiji pediu-lhe que esculpisse cópias dos pequenos Jagannatha, Balarama e Subhadra com aproximadamente um metro de altura.

Mais de dois mil anos atrás, contou-lhes Bhaktivedanta Swami, havia um rei chamado Indradyumna, um devoto do Senhor Krishna. Maharaja Indradyumna queria uma Deidade do Senhor tal como Ele aparecera quando Ele, Seu irmão e Sua irmã viajaram em quadrigas em direção ao campo sagrado de Kurukshetra durante um eclipse solar. Quando o rei pediu a um famoso artista dos planetas celestiais, Visvakarma, que esculpisse as formas, Visvakarma concordou – com a condição de que ninguém interrompesse seu trabalho. O rei esperou por um longo tempo, enquanto o escultor trabalhava a portas cerradas. No entanto, certo dia, o rei sentiu que não podia continuar esperando e forçou sua entrada no quarto para ver em que ponto o trabalho estava. Visvakarma, fiel à sua palavra, desapareceu, deixando para trás as formas incompletas das três Deidades. No entanto, o rei ficou tão satisfeito com as maravilhosas formas de Krishna, Balarama e Subhadra que decidiu adorá-las como estavam. Instalou-as num templo e começou a adoração com grande opulência.

Desde essa época, prosseguiu Bhaktivedanta Swami, o Senhor Jagannatha é adorado em toda a Índia, especialmente no estado de Orissa, onde há um grande templo do Senhor Jagannatha, em Puri. A cada ano, nessa cidade, durante o gigantesco festival de Ratha-yatra, milhões de peregrinos de toda a Índia vão adorar o Senhor Jagannatha, Balarama e Subhadra, enquanto as Deidades passeiam numa procissão em três grandes carros. O Senhor Chaitanya, que passou os últimos 18 anos de Sua vida nessa cidade de Jagannatha Puri, costumava dançar e cantar em êxtase perante a Deidade do Senhor Jagannatha durante o festival de Ratha-yatra, observado anualmente.

Vendo este aparecimento do Senhor Jagannatha em São Francisco como a vontade de Krishna, o Swamiji disse que eles deveriam ter o máximo cuidado para dar ao Senhor Jagannatha a devida recepção e adoração. Caso Shyamasundara pudesse entalhar as formas, o Swamiji disse que pessoalmente as instalaria no templo, e os devotos poderiam então começar a adorar as Deidades. Ele disse que São Francisco poderia passar a se chamar Nova Jagannatha Puri. Ele cantou: jagannatha svami nayana-patha-gami bhavatu me. “Este mantra é para o Senhor Jagannatha”, disse ele. Jagannatha quer dizer ‘Senhor do Universo’. ‘Ó Senhor do Universo, por favor, permite-me que eu Te veja’. É muito auspicioso que Ele tenha escolhido aparecer aqui”.

Shyamasundara comprou três grandes blocos de madeira de lei, e o Swamiji fez o esboço e apontou uma série de pormenores. Usando as pequenas estátuas, Shyamasundara calculou as proporções, as novas dimensões e começou a entalhar na sacada de seu apartamento. Nesse ínterim, os devotos compraram na Cost Plus os pequenos Jagannathas que ainda restavam, e tornou-se moda fixar um pequeno Jagannatha num colar simples e usá-lO em volta do pescoço. Como o Senhor Jagannatha era muito liberal e misericordioso para com os mais caídos, explicava o Swamiji, os devotos logo se capacitariam a adorá-lO em seu templo. A adoração às formas de Radha-Krishna no templo exigia padrões muito elevados e estritos, que os devotos ainda não eram capazes de seguir. Mas o Senhor Jagannatha era tão misericordioso que podia receber uma adoração simples, principalmente com o canto de Hare Krishna, mesmo que os devotos não fossem muito avançados. À medida que progrediam na vida espiritual, Swamiji apresentava-lhes mais e mais práticas detalhadas da adoração à Deidade, bem como o profundo entendimento teológico que a apoia.

28 SI (história - adoração à Deidade) Primeira Deidade instalada da ISKCON (bg) (ta) (3)1

Srila Prabhupada cantando no Golden Gate Park, San Francisco, com a Deidade de Jagannatha ao seu lado, em fevereiro de 1967.

Na noite da instalação, os devotos e os visitantes hippies encheram toda a sala. O Swamiji estava presente, e o ambiente era reverencial e festivo. Foi um evento especial. As Deidades recém-acabadas se acomodavam no altar, e todos as contemplavam enquanto elas permaneciam sobre uma prateleira de sequoia debaixo de um dossel amarelo, com seus semblantes iluminados por refletores. As Deidades não usavam roupas nem ornamentos, mas tinham acabado de ser pintadas em negro, vermelho, branco, verde, amarelo e azul brilhantes. Elas sorriam. O Swamiji também as contemplava, erguendo os olhos em direção ao elevado altar.

Então, o Swamiji começou a instalação das Deidades. Tudo o que era necessário para a vida espiritual estava ali: o templo, os devotos, os livros, a Deidade, o prasada. Ele queria que esses jovens tirassem proveito daquilo. Por que deveriam permanecer vivendo como animais e pensar que a vida espiritual era como tatear “algo” vagamente? Deveriam aproveitar essa misericórdia de Krishna exitosos e felizes. E, para isso, o Swamiji era seu servo incansável.

“Então, Hayagriva, venha cá!”, disse o Swami. Ele pedira que os devotos pusessem uma grande vela sobre um prato. A cerimônia que ele planejara seria simples, com os devotos e convidados adiantando-se um por um e oferecendo a chama em círculos perante as Deidades. “Ela deve ser acesa”, disse o Swamiji, “e, quando começar o kirtana, alguém deve ficar fazendo esses círculos perante a Deidade. Entende?”. “Sim, sim”, respondeu Hayagriva. O Swamiji completou: “Sim, com o kirtana. Então, quando se cansar, a pessoa deve entregá-la a outrem, a um devoto. Quando estiver cansado, esse deve dar a outro – enquanto perdurar o kirtana. Deve-se fazer isso agora mesmo com o kirtana. Entende? Então, comece e, ao cansar-se, entregue a vela a outro. O sistema continuará dessa maneira”.

De seu assento, o Swamiji orientou Hayagriva em relação a como aproximar-se da Deidade com a vela acesa. Algumas das moças contiveram nervosamente o riso enquanto aguardavam. “Na frente da Deidade”, disse o Swamiji. “Está bom. Agora podem começar o kirtanaO Swamiji começou a tocar os karatalas e a cantar o mantra Hare Krishna usando a melodia que ganhara muita popularidade depois que ele a introduzira nos Estados Unidos. “Bem na frente”, bradou ele, gesticulando para que Hayagriva ficasse mais diretamente em frente às Deidades. Os devotos e os visitantes começaram a levantar-se e a dançar de braços erguidos, com os corpos gingando ritmicamente para frente e para trás, enquanto observavam as brilhantes formas pessoais das Deidades e cantavam. Dentro do dossel, luzes coloridas começaram a emitir intermitentes clarões azuis, vermelhos e amarelos, iluminando intensamente os extraordinários olhos do Senhor Jagannatha, de Subhadra e de Balarama. Mukunda, que instalara as luzes, sorria e olhava para o Swamiji, esperando sua aprovação. O Swamiji balançou a cabeça em sinal de aprovação e continuou impetuosamente a cantar Hare Krishna.

Os jovens hippies cantavam e dançavam com entusiasmo, sabendo que o kirtana costumava durar uma hora. Alguns assimilaram as palavras do Swami, que falara que era preciso fixar a mente na forma pessoal do Senhor Supremo, e entenderam quando ele erguera os olhos até as Deidades e dissera: “Aqui está Krishna”. Outros não tinham assimilado, mas achavam muito incrível e bem-aventurado cantar Hare Krishna e olhar para as sorridentes Deidades de grandes olhos, que, no altar, estavam cercadas de flores e da ondulante fumaça de incensos. Bhaktivedanta Swami sentia prazer em olhar as pessoas que se revezavam em oferecer a vela perante o Senhor Jagannatha. A Deidade estava sendo instalada com uma cerimônia simples. Embora nos grandes templos da Índia a instalação da Deidade obedecesse a um cerimonial solene e complexo, requerendo vários dias de rituais contínuos dirigidos por sacerdotes bem remunerados, em São Francisco não havia sacerdotes brahmanas para serem pagos, nem seria possível manter os outros diversos padrões.

Os brahmanas indianos conscientes de casta considerariam uma heresia o fato de não-hindus cuidarem do Senhor Jagannatha e se encarregarem de Sua adoração. À exceção do Swamiji, nenhuma das pessoas presentes sequer receberia permissão de entrar no templo em Jagannatha Puri. O “homem branco”, o “ocidental”, só tinha acesso a ver o Senhor Jagannatha uma vez por ano, quando Ele passeava em Seu carro durante o festival de Ratha-yatra. Mas essas restrições eram costumes sociais, e não preceitos das escrituras. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati introduzira para qualquer pessoa, independentemente de casta, raça ou nacionalidade, a adoração às Deidades e a iniciação. E Bhaktivinoda Thakura, pai de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, ansiava pelo dia em que o povo do Ocidente se misturaria com seus irmãos indianos e cantariam Hare Krishna.

Bhaktivedanta Swami viera ao Ocidente com o propósito de satisfazer os desejos e a visão de seu mestre espiritual e de Bhaktivinoda Thakura, criando vaishnavas entre os ocidentais. Logo, para se tornarem verdadeiros devotos, estes deveriam ser agraciados com a adoração às Deidades. Caso contrário, seria mais difícil eles se purificarem. Bhaktivedanta Swami tinha confiança na orientação de seu mestre espiritual e nas escrituras. Tinha fé de que o Senhor Jagannatha era especialmente misericordioso com aqueles em maior dificuldade. Orava para que o Senhor do Universo não Se ofendesse com a recepção feita para Ele em Nova Jagannatha Puri.

Ao terminar o kirtana, o Swamiji pediu que Haridasa lhe trouxesse a vela. Passou suas mãos sobre a chama e depois as tocou em sua testa. “Sim”, disse ele, “mostre a todos – a toda e cada pessoa. Eles podem contribuir com quanto quiserem. É isso. Segure assim e mostre a todos”. Indicou que Haridasa deveria apresentar a vela a cada pessoa da sala para que todos os que estivessem ali presentes pudessem tocar com suas mãos a chama como ele mostrara e depois tocassem em suas testas. Enquanto Haridasa ia de pessoa a pessoa, alguns devotos colocaram algumas moedas no prato, e outros os imitaram. O Swamiji continuou explicando: “O Bhagavatam recomenda o método que consiste em ouvir, cantar, pensar e adorar. Esse processo que acabamos de introduzir por ocasião do advento de Jagannatha Svami significa que agora este templo está completamente estabelecido. Logo, este é o processo de adoração. Isto se chama arati. Assim, no final do kirtana, este arati continuará. E o processo consiste em tomar o calor da vela e contribuir com algo para a manutenção da adoração. Assim, caso sigam este procedimento simples, vocês acabarão compreendendo a Verdade Absoluta”.

“Quero lhes fazer outro pedido”, disse Srila Prabhupada. “Ao virem ao templo, todos os devotos tragam uma fruta ou uma flor. Se puderem trazer mais frutas e mais flores, será ótimo. De qualquer modo, não é muito dispendioso trazer uma fruta e uma flor e oferecê-las à Deidade. Portanto, peço-lhes que tragam isso quando vierem ao templo. Pode ser qualquer fruta. Isso não significa que é preciso trazer uma fruta muito cara. Qualquer fruta. O que você puder adquirir. Uma fruta e uma flor”. Ele fez uma pausa e passeou os olhos ao redor da sala: “Sim, agora podem distribuir prasada.

Os convidados se sentaram em fias no chão, e os devotos começaram a servir, oferecendo o primeiro prato ao Swamiji. As preparações eram aquelas que ele pessoalmente ensinara aos devotos em sua cozinha: samosas, halava, puris, arroz, vários legumes cozidos, molho picante de frutas, doces – todas as especialidades de domingo. Os visitantes adoraram o prasada e comeram tudo o que conseguiram colocar no prato. Enquanto os devotos, especialmente as mulheres habilidosas, não paravam de servir prasada, os visitantes se descontraíam, desfrutando de um banquete noturno e de conversas amigáveis. Após provar todas as preparações, o Swamiji levantou os olhos: “Excelentes. Todas as glórias aos cozinheiros!”.

A presença do Senhor Jagannatha rapidamente embelezou o templo. Os devotos faziam-Lhe guirlandas diariamente. Os quadros em que Jadurani pintara o Senhor Vishnu chegaram de Nova Iorque, e Govinda Dasi fizera um grande retrato do Swamiji, que agora estava pendurado ao lado de seu assento. Os devotos também colocaram nas paredes gravuras indianas de Krishna. As luzes cintilavam sobre o Senhor Jagannatha e faziam Seus olhos parecerem pulsar e Suas cores moverem-se em destaque, e Ele tornou-Se uma atração especial na vizinhança psicodélica do Haight-Ashbury.

Tal como o Swamiji solicitara, os devotos e convidados começaram a levar oferendas perante o altar do Senhor Jagannatha. Os hippies passavam por lá e deixavam tudo o que podiam: uma espiga de trigo, a metade de um pão, uma caixa de biscoitos salgados, um pedaço de chocolate ao leite, ou velas, flores e frutas. Ao ouvirem que antes de usar algo para si mesmo alguém deve primeiro oferecer a Deus, alguns hippies começaram a trazer suas roupas novas e, com orações, ofereciam tudo ao Senhor Jagannatha antes de usar. Esses hippies podiam não seguir as instruções do Senhor Jagannatha, mas queriam Suas bênçãos.

Toda noite, os devotos executavam a cerimonia de arati exatamente como o Swamiji lhes ensinara, revezando no oferecimento de uma vela perante o Senhor Jagannatha. Quando os devotos perguntaram se podiam acrescentar algo à cerimônia, o Swamiji disse que sim, que eles também podiam oferecer incenso. Disse que havia muitos outros pormenores na adoração à Deidade, bastante numerosos para manter os devotos ocupados 24 horas por dia; porém, se fosse contar-lhes tudo de uma vez, desmaiariam.

Falando privadamente em seu quarto a um de seus discípulos, o Swamiji disse que, durante o kirtana no templo, ele pensava no Senhor Chaitanya dançando perante Sri Jagannatha. Contou como o Senhor Chaitanya viajara até Puri e dançara diante da Deidade de Jagannatha em um êxtase tão grande que foi incapaz de dizer outra coisa além de “Jag… Jag…”. O Senhor Chaitanya estivera pensando: “Krishna, desde muito tempo tenho desejado ver-Te e, agora, finalmente Te vejo”. Quando o Senhor Chaitanya vivia em Puri, pelo menos 500 pessoas iam visitá-lO de uma só vez, e toda noite havia um grande kirtana com quatro grupos, cada um deles com quatro tocadores de mridangas e oito tocadores de karatalas. “Um grupo deste lado e outro do lado oposto”, explicava o Swamiji. “Um grupo atrás e um na frente, e Chaitanya Mahaprabhu no meio. Todos dançavam, e os quatro grupos cantavam ‘Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna…’. Isso acontecia toda noite pelo tempo em que Ele ficou em Jagannatha Puri.

Os devotos compreendiam que havia uma grande diferença entre eles e o Swamiji. Ele nunca fora um hippie. Não tinha nenhum envolvimento com as ilusões do LSD do Haight-Ashbury, dos pôsteres psicodélicos, dos músicos de rock, do linguajar hippie e das pessoas de rua. Sabiam que ele era diferente, embora às vezes se esquecessem disso. O Swami passava tanto tempo com eles todos os dias – comendo com eles, brincando com eles, dependendo deles. Mas, então, às vezes, lembravam-se de sua identidade especial. Quando cantavam com ele no templo perante o Senhor Jagannatha, ele, ao contrário deles, pensava nos kirtanas que o Senhor Chaitanya fazia perante a Deidade de Jagannatha em Puri. Ao ver Jagannatha, o Senhor Chaitanya via Krishna, e tamanho era o Seu amor por Krishna que Ele enlouquecera. O Swamiji pensava nessas coisas num grau muito além do que seus discípulos podiam entender. Todavia, permanecia com eles como seu querido amigo e instrutor espiritual. Era servo deles, ensinando-lhes a orar como ele, para serem capazes de servir a Krishna: “Ó Senhor do Universo, por favor, permite-me que eu Te veja!”.

Arte: Flávio Pará.

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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Hoje é dia do sagrado jejum de Sri Ananda Ekadasi dia 02/09/2021 Lendo a História. Podcast conservador sobre: política , filosofia, arte, cultura, educação, pedagogia , religião






História do Aja Annada Ekadasi

Yudhishthira Maraja disse: “Ó Janardana, protetor de todas as entidades vivas, por favor, diga-me o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Bhadrapada, agosto – setembro”.

O Senhor Supremo Sri Krishna respondeu: Ó rei ouça com atenção, o nome deste Ekadashi que remove pecados é Aja ou Annada. Qualquer pessoa que jejue completamente nesse dia e adore Hrsikesha, o senhor dos sentidos, torna-se livre de todas as reações de seus pecados. Até quem apenas ouve sobre este Ekadashi se livra de seus pecados passados. Ó rei, não há dia melhor que este em todo o mundo terrenos ou celestiais. Isto sem dúvida é verdade.

Uma vez vivia um famoso rei chamado Harishchandra, e tinha um filho chamado Lohitashva. Pela força do destino, entretanto, Harishchandra perdeu seu reino e vendeu sua esposa e filho. O próprio rei piedoso tornou-se servente doméstico de um comedor de cachorros, que o fazia cuidar de um crematório. No entanto, mesmo fazendo um trabalho tão baixo, não abandonou sua veracidade e bom caráter, assim como o soma-rasa, quando misturado com outro líquido, não perde sua capacidade de conferir imortalidade.
O rei passou muitos anos nessa condição. Então certo dia pensou: Que farei? Onde devo ir? Como posso ser salvo dessa sina? Desta forma ele estava soçobrando num oceano de ansiedade e sofrimento.

Certo dia um grande sábio calhou de passar por ali, e quando o rei o viu pensou contente: “Ah o Senhor Brahma criou brahmanas só para ajudar os outros”! Harishchandra prestou suas respeitosas reverências ao sábio, cujo nome era Gautama Muni. De palmas unidas o rei postou-se de pé diante de Gautama e narrou sua lamentável história. Gautama Muni ficou surpreso ao ouvir a triste estória do rei. Pensou: “Como esse rei foi reduzido a coletar roupas dos mortos!” Gautama teve muita compaixão por Harishchandra e instruiu no processo de jejuar para purificação.

Gautama Muni disse: “Ó rei, durante a quinzena obscura do mês de Bhadrapada ocorre um Ekadashi especialmente meritório chamado Aja ou Annada, que remove todos os pecados. De fato, esse Ekadashi é tão auspicioso que se simplesmente jejuares nesse dia e não realizares mais nenhuma austeridade, todos os teus pecados serão nulificados. Por tua boa fortuna está chegando a data daqui a sete dias. Portanto induzo-te a jejuar nesse dia e permanecer acordado durante a noite. Se o fizeres, todas as reações dos teus pecados passados chegarão ao fim. Ó Harishchandra, vim aqui por causa de teus atos piedosos passados. Agora, toda boa fortuna a ti no futuro”. Dizendo isto, o grande sábio Gautama imediatamente desapareceu.

O rei Harishchandra seguiu as instruções de Gautama com relação a jejuar no sagrado dia do Aja Ekadashi.  Ó Yudhishthira, por que o rei jejuou nesse dia, as reações a seus pecados passados foram completamente destruídas imediatamente. Ó leão entre os reis, veja só a influência deste Ekadashi. Ele imediatamente vence quaisquer misérias que se esteja sofrendo como resultado de atividades pecaminosas anteriores. Assim, todas as misérias de Harishchandra foram aliviadas. Apenas pelo poder desse maravilhoso Ekadashi ele foi reunido com sua esposa e filho que tinham morrido e porém agora voltavam á vida. Nos céus os semideuses começaram a tocar seus timbales celestiais e choviam flores em Harishchandra, sua rainha e seu filho. Pelas bênçãos do jejum de Ekadashi, ele recuperou seu reino sem dificuldade. Além do mais, quando o rei Harishchandra deixou este planeta, seus parentes e todos os seus súditos foram com ele para o mundo espiritual.

“Ó Pandava, quem quer que jejue no Aja Ekadashi certamente se liberta de todos os seus pecados e ascende ao mundo espiritual. E quem ouve e estuda as glórias desse Ekadashi consegue o mérito auferido por realizar um sacrifício de cavalo”.

​​​​​​​E assim termina a narrativa das glórias do Bhadrapada Ekadashi ou Aja Ekadashi do Brahma Vaivarta Purana


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Indicação de leitura 46 Didática Geral , Piletti. Didática Especial, Piletti (ORG.)



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