domingo, 23 de janeiro de 2022

O “pecado oculto” de Santa Catarina de Sena Se Santa Catarina de Sena conseguiu, com a graça de Deus, parar de cometer este pecado, também nós somos capazes de combatê-lo.



Edward SriTradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
28 de Outubro de 2017Tempo de leitura: 3 minutos

Jesus manda-nos imitar o coração misericordioso de Deus: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). As Escrituras descrevem nosso Deus como sendo “bom e misericordioso, lento para a ira e cheio de clemência” (Sl 103, 8). Mas será que nós refletimos essa paciência e misericórdia?

Sem de forma alguma aprovar condutas pecaminosas, Jesus desafia-nos a examinar se há compaixão em nossos corações por aqueles cujas vidas não são ainda perfeitas. Será que temos em nós um desejo contínuo de demonstrar misericórdia? Ou somos, ao contrário, rápidos em criticar e em condenar?

Santa Catarina de Sena foi certa vez confrontada por Deus a respeito de um “pecado oculto” que ela tinha: o pecado de julgar as pessoas. Ela costumava pensar que tinha um dom para ler a natureza humana e notar as falhas alheias, especialmente as dos sacerdotes. Mas, um dia, Deus lhe mostrou que as intuições que ela estava a receber sobre as fraquezas dos outros não vinham de Deus, mas do diabo. Ela passou a ver aquela conduta, então, como “a armadilha do demônio”.

O diabo nos permite ver as faltas uns dos outros a fim de que, ao invés de ajudar, nós comecemos a julgar as almas alheias e condená-las. Catarina admitiu isso ao Senhor, dizendo-lhe:

Vós me destes remédio contra uma doença escondida que eu não havia reconhecido, ensinando-me que não posso jamais sair em julgamento de qualquer pessoa. Pois eu, cega e debilitada como me encontrava por essa doença, frequentemente julgava os outros sob o pretexto de estar trabalhando para vossa glória e a salvação alheia.

Se nós enfrentamos a verdade sobre nós mesmos e prestamos atenção a nossas próprias lutas diárias contra o pecado, ficamos menos propensos a sair julgando as outras pessoas. Se verdadeiramente reconhecemos o quanto necessitamos da misericórdia de Deus — se experimentamos seu perdão e seu poder de cura em nossas vidas —, então nossos corações se tornam muito mais compassivos ao se depararem com as faltas dos outros.

Se já experimentamos como Deus é paciente e brando com as nossas fraquezas, então nós seremos mais misericordiosos para com os outros.

É por isso que Santa Catarina aprendeu que, quando notamos as faltas de uma pessoa, devemos dizer a nós mesmos: “Hoje é a vez dela, amanhã será a minha, a menos que me sustente a graça divina.”

Mas, se tendemos a responder às faltas alheias com condenação, ao invés de compaixão, deve ser porque nós mesmos padecemos de um sério problema moral. Pode ser que isso aconteça porque ainda não aceitamos nossas próprias fraquezas e pecados, e ainda não experimentamos a misericórdia de Deus.

Enquanto muitos cristãos podem dizer facilmente que precisam da misericórdia divina, o verdadeiro discípulo de Jesus tem essa verdade gravada no mais profundo do seu ser: ele tem consciência do quão absolutamente dependente é da graça de Deus.

Um homem assim não está em condição alguma de ficar impaciente com as faltas alheias, pois ele conhece bem a si mesmo e sabe o quão paciente Deus tem sido com suas próprias fraquezas.

O hábito de julgar os outros, no entanto, pode ser um sinal de que não conhecemos realmente a nós mesmos ou ao Deus que nos ama. Como ensinou São Bernardo de Claraval,

Se tens olhos para as deficiências de teu próximo e não para as tuas próprias, nenhum sentimento de misericórdia surgirá dentro de ti, mas antes indignação. Estarás mais pronto a julgar do que a ajudar, mais pronto a esmagar com espírito de raiva do que a instruir com espírito de ternura.

O mesmo doutor da Igreja explica ainda como só um homem realmente humilde pode ter compaixão pelas fraquezas de seus irmãos:

A pessoa sadia não sente as dores de quem está doente, tampouco o bem alimentado a angústia de quem está faminto. São os companheiros no sofrimento que prontamente sentem compaixão pelos doentes e pelos famintos. Tu nunca terás misericórdia de verdade pelos defeitos do outro, até que descubras e percebas que tens os mesmos defeitos em tua alma.

Assim, “quanto mais conscientes estivermos de nossa miséria e de nossos pecados”, disse certa vez o Papa Francisco, “mais experimentaremos o amor e a misericórdia infinita de Deus por nós, e mais seremos capazes de olhar para os muitos ‘feridos’ que encontramos ao longo do caminho com aceitação e misericórdia”.


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A cartomante: Conto de Machado de Assis.



Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa…” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade.

— Errou! interrompeu Camilo, rindo.

— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria…

Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois.

— Qual saber!, tive muita cautela ao entrar na casa.

— Onde é a casa?

— Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.

Camilo riu outra vez:

— Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.

Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranquila e satisfeita.

Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.

Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.

Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.

— O senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor. Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.

Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.

Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.

Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.

Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.

Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.

Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.

— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a…

Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.

No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora”. Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.

— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.

Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a ideia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a ideia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.

Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, — o que era ainda pior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora”. Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a ideia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.

“Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim…”

Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.

Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa… Depois fez um gesto incrédulo: era a ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos… Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:

— Anda! agora! empurra! vá! vá!

Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: “Vem, já, já…” E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar… Camilo achou-se diante de um longo véu opaco… pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: “Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia…” Que perdia ele, se…?

Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve ideia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.

A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:

— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto…

Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.

— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não…

— A mim e a ela, explicou vivamente ele.

A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.

— As cartas dizem-me…

Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita… Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.

— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.

Esta levantou-se, rindo.

— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato…

E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.

— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?

— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.

Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.

— Vejo bem que o senhor gosta muito dela… E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranquilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu…

A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.

Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.

— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.

E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer causa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade… De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e continuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Muitas vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação:

— Vá, vá, ragazzo inflamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.

A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.

Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.

— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?

Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.


Este conto do Bruxo do Cosme Velho fora publicado originalmente em 1884, no periódico Gazeta de Notícias, na corte do Rio de Janeiro.

Vitor Marcolinhttps://lletrasvirtuais.blogspot.com/
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fonte: https://revistaesmeril.com.br/a-cartomante/
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Aqueduto da Carioca em 1875 -- artista desconhecido


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Analisando um diploma segundo à PORTARIA NO 1.095, DE 25 DE OUTUBRO DE 2018. Respondendo perguntas dos internautas.




PORTARIA NO 1.095, DE 25 DE OUTUBRO DE 2018

Dispõe sobre a expedição e o registro de diplomas de cursos superiores de graduação no âmbito do sistema federal de ensino.


Art. 6º As faculdades vinculadas ao sistema federal de ensino poderão receber a atribuição de registrar seus próprios diplomas de graduação, nos termos de seu ato de recredenciamento, na forma do art. 27 do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017, e da Portaria MEC nº 23, de 21 de dezembro de 2017. Parágrafo único. As faculdades que tenham obtido a atribuição da prerrogativa prevista no caput deverão observar as regras previstas no Capítulo V desta Portaria, relativas às IES que possuem prerrogativa para o registro dos diplomas. Art. 7º As IES detentoras de prerrogativas de autonomia para o registro de diplomas determinarão o fluxo do respectivo processo de registro, dentro dos limites de sua autonomia e desde que observada a legislação vigente. Parágrafo único. As faculdades vinculadas ao sistema federal de ensino somente poderão registrar seus diplomas em IES vinculadas ao sistema estadual de ensino que adotarem os procedimentos desta Portaria. 
Art. 8º É vedada a identificação da modalidade de ensino na emissão e no registro de diplomas. 
Art. 9º A expedição e o registro do diploma, do histórico escolar final e do certificado de conclusão de curso, consideram-se incluídos nos serviços educacionais prestados pela instituição, não ensejando a cobrança de qualquer valor, ressalvada a hipótese de apresentação decorativa, com a utilização de papel ou tratamento gráfico especiais, por opção do aluno. 
Art. 10. Os diplomas de graduação obtidos no exterior poderão ser revalidados por universidades públicas brasileiras, regularmente credenciadas, criadas e mantidas pelo poder público, que tenham curso reconhecido do mesmo nível e área, ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação. Parágrafo único. Para efeito da incidência das disposições que regem a regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação superior, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são equiparados às universidades federais, sendo-lhes permitida a revalidação de diplomas de graduação obtidos no exterior, nos termos do caput

Artigo 27 do Decreto nº 9.235 de 15 de Dezembro de 2017

Decreto nº 9.235 de 15 de Dezembro de 2017

Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no sistema federal de ensino.
Art. 27. As faculdades com CI máximo nas duas últimas avaliações, que ofertem pelo menos um curso de pós-graduação stricto sensu reconhecido pelo Ministério da Educação e que não tenham sido penalizadas em decorrência de processo administrativo de supervisão nos últimos dois anos, contados da data de publicação do ato que a penalizou, poderão receber a atribuição de registrar seus próprios diplomas de graduação, nos termos de seu ato de recredenciamento, conforme regulamento a ser editado pelo Ministério da Educação.
Parágrafo único. As faculdades citadas no caput perderão a atribuição de registrar seus próprios diplomas de graduação nas seguintes hipóteses:
I - obtenção de conceito inferior em avaliação institucional subsequente;
II - perda do reconhecimento do curso de pós-graduação stricto sensu pelo Ministério da Educação; ou
III - ocorrência de penalização em processo administrativo de supervisão.







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As Dez Ofensas no Cantar dos Santos Nomes (por Srila Prabhupada) Srimad Bhagavatam, Canto 7, Capítulo 5 "Prahlada Maharaj, o Filho Santo de Hiraniakashipu" Versos 23 e 24 Iluminação de Prabhupada

Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Nitai Gaura Hari Bol

 


harer nama harer nama
harer namaiva kevalam
kalau nasty eva nasty eva
nasty eva gatir anyatha

"Nesta era de briga e hipocrisia, o único meio de liberação é cantar o Santo Nome do Senhor. Não existe outro meio. Não existe outro meio. Não existe outro meio". Simplesmente por cantar o Santo Nome do Senhor, a pessoa avança perfeitamente na vida espiritual. Esse é o melhor processo para o sucesso na vida. Em outras eras, o canto do Santo Nome é igualmente poderoso, mas nesta era especialmente, Kali-yuga, tem muito mais poder. kirtanad eva krsnasya mukta-sangah param vrajet: Simplesmente por cantar o Santo Nome de Krishna, a pessoa é liberada e retorna ao lar, de volta ao Supremo. Portanto, mesmo se a pessoa for capaz de realizar outros processos de serviço devocional, deve adotar o canto do Santo Nome como método principal de avanço na vida espiritual. yajnaih sankirtana-prayair yajanti hi sumedhasah: As pessoas que têm inteligência muito aguçada adotarão esse processo do canto dos Santos Nomes do Senhor. Entretanto, não se deve manufaturar processos diferentes de cantar. Deve-se aderir sinceramente ao canto do Santo Nome como as escrituras recomendam: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

Quando a pessoa canta o Santo Nome do Senhor, deve evitar com muito cuidado as dez ofensas. Compreendemos de Sanat-kumara que mesmo se a pessoa for ofensora severa de várias formas, ela se livra da vida ofensiva se aceitar o abrigo no Santo Nome do Senhor. Na realidade, mesmo se um ser humano não for melhor do que um animal de duas patas, será liberado se aceitar o abrigo no Santo Nome do Senhor. Portanto, a pessoa deve tomar muito cuidado para não cometer ofensas aos pés de lótus do Santo Nome do Senhor. As dez ofensas são as seguintes:

1) Blasfemar um devoto, especialmente o devoto ocupado na propagação das glórias do Santo Nome.

2) Considerar o nome do Senhor Shiva ou de qualquer outro semideus como igual ao poderoso Santo Nome da Suprema Personalidade de Deus (ninguém é igual à Suprema Personalidade de Deus, nem ninguém é superior a Ele).

3) Desobedecer às instruções do mestre espiritual.

4) Blasfemar as literaturas Védicas e as literaturas compiladas de acordo com as literaturas Védicas.

5) Criticar que as glórias do Santo Nome do Senhor são exageros.

6) Interpretar o Santo Nome de forma pervertida.

7) Cometer ações pecaminosas sob a força do canto do Santo Nome.

8) Comparar o canto do Santo Nome a ações piedosas.

9) Instruir sobre as glórias do Santo Nome uma pessoa que não tem compreensão sobre o canto do Santo Nome.

10) Não despertar o gosto pelo canto do Santo Nome mesmo depois de ouvir todos esses ensinamentos das escrituras.

Não existe expiação para qualquer uma dessas dez ofensas. Por isso, recomenda-se que um ofensor aos pés de lótus do Santo Nome continue a cantar o Santo Nome vinte e quatro horas por dia. O cantar constante do Santo Nome livrará a pessoa das ofensas, então ela será elevada gradualmente à plataforma transcendental onde poderá cantar o puro Santo Nome e assim se tornar uma amante da Suprema Personalidade de Deus.

A recomendação é que mesmo se a pessoa comete ofensas, deve continuar a cantar o Santo Nome. Em outras palavras, o canto do Santo Nome torna a pessoa em não ofensora. A escritura Nama-kaumudi recomenda se a pessoa ofendeu os pés de lótus de um Vaishnava, deve se submeter ao Vaishnava e ser perdoada, similarmente, se ofendeu o canto do Santo Nome, deve se submeter ao Santo Nome e assim se livrar das ofensas. Sobre esse assunto, tem a seguinte afirmação dita por Daksha ao Senhor Shiva: "Eu não sabia das glórias de Sua Personalidade, e por isso, cometi uma ofensa a Seus pés de lótus em uma assembléia aberta. Você é tão bondoso, entretanto, que não aceitou a minha ofensa. Em vez disso, enquanto eu me arruinava por criticá-Lo, Você me salvou com Seu olhar misericordioso. Você é muito magnânimo. Por favor, gentilmente me desculpe e fique satisfeito com Suas qualidades exaltadas".

A pessoa tem que ser muito humilde e submissa para oferecer seus desejos e cantar preces em glorificação ao Santo Nome, tais como ayi mukta-kulair upasya manam e nivrtta-tarsair upagiyamanad. A pessoa deve cantar essas preces para se livrar das ofensas aos pés de lótus do Santo Nome.



Ofensas ao Santo Nome e o Cantar de Japa (Compilação por David Britto)

Disponível para baixar em arquivo de texto word Google Drive e 4shared





OFENSAS CONTRA OS SANTOS NOMES
(Explicação de Satsvarupa Goswami – Manual de Reforma.da Japa)


Caitanya Mahaprabhu: “devido às ofensas não posso saborear o Santo
Nome como sendo o próprio Krsna.”
(p.32, Comportamento Vaisnava)


1°) Blasfemar os devotos que tem dedicado suas vidas à propagação dos Santos Nomes do Senhor.
“Alguém que dedicou sua vida a serviço de Deus não deve ser considerada uma pessoa comum, portanto não devemos procurar defeitos ou criticá-la. Esta ofensa refere-se a todos os devotos até mesmo aos chamados: “pequenos devotos” e também aos devotos de diferentes religiões. (p.69). Quem quer que cante os SANTO NOME de Deus deve ser respeitado mentalmente, quem é iniciado e segue as regras e regulações merece suas reverências, e deve-se prestar serviço aos devotos avançados.”


2°) Considerar que os nomes dos Semideuses estão à altura ou são independentes do nome de Visnu.


3°) Desobedecer as ordens do mestre espiritual.
“Ele é a presença manifesta de Krsna, portanto se o desobedecemos (suas ordens, como por exemplo, seguir os princípios regulativos), nosso cantar não surtirá efeito. Temos que cantar com as bênçãos do guru.” (seguir suas instruções)


4°) Blasfemar a literatura Védica ou literatura que segue versão Védica
“Os Sastras são uma encarnação de Krsna, e sem Eles é impossível avançar. Não devemos especulá-los filosoficamente ou minimizá-los. Não minimizá-los significa que você os estuda, escuta-os e pergunta submissamente.”


5°) Considerar que as glórias de cantar são produto da imaginação.
“Ou seja, considerar que as justificativas para se cantar são exageros.”


6°) Interpretar os Santos Nomes de alguma maneira deturpada.
“Ou seja, que seja diferente das interpretações dos Sastras a respeito dos efeitos do Mahamantra e dos motivos pelos quais devemos cantar.”


7°) Cometer atividades pecaminosas apoiando-se na força do cantar.
“O canto purifica a pessoa dos pecados, porém se a pessoa continua pecando deliberadamente sem melhorar o comportamento, está cometendo uma séria ofensa.”


8°) Considerar que o cantar é uma atividade ritualística (Karma-Kanda)
“Ou seja, não se deve cantar o Mahamantra visando receber coisas materiais em troca e sim para nos ocupar a serviço de Deus. Não devemos cantar para nos servir e sim para servirmos aos SANTO NOME e glorificar Krsna.”


9°) Instruir um infiel a respeito das glórias do Santo Nome.
“Qualquer pessoa pode participar do cantar, mas no princípio não se deve instruir a respeito da potência transcendental do cantar. Aqueles que são demasiadamente pecaminosos não são capazes apreciar as glórias transcendentais do Senhor e de Seu S. N, por isso é melhor não falar-lhes sobre isto. Não devemos pregar para os ateus inveterados que blasfemam os SANTO NOME e o Senhor. Prabhupada citava Jesus: ‘não atirem pérolas aos porcos’.”


10°) Não ter fé completa no cantar e manter algum apego material mesmo após compreender tantas instruções sobre o assunto.
“Se mantivermos hábitos e apegos materiais, então cometeremos a ofensa de não ter fé completa no Santo Nome.”


Krsna das kaviraj diz : “Caso alguém esteja contaminado com as 10 ofensas , a despeito de seu esforço em cantar o Santo Nome durante muitos nascimentos, não obterá o amor a Deus.” (C.c Adi. 2.8.16)




P.S: Considera-se uma ofensa o cantar desatento (pramada)


ò


PRAMADHA


Satsvarupa Goswami diz:
(Manual de Reforma da Japa).


“A falta de atenção e as 10 ofensas explica porque quando o devoto canta, lágrimas não surgem em seus olhos e sua voz não fica embargada” (p.4,18)


“As atividades de sua vida têm que ser puras para que possa cantar... o avanço espiritual depende do cantar inofensivo... Ao mesmo tempo, para aceitar a misericórdia do Santo Nome e crescer espiritualmente, deve-se seguir os 4 princípios e ser muito fiel no serviço ao guru.” (p. 90)


“Você pode diagnosticar que a causa de seu progresso lento no processo de auto-realização é o cantar desatento e ofensivo. Isto também se chama incapacidade de desenvolver amor extático mesmo após ouvir tantas instruções sobre o assunto.” (p. 37)


Srila Haridas Thakur diz:
(Harinam Cintamani de Bhaktivinoda Thakur (ISKCON-Bombaim), tradução: Indumukhi d.d)


“...se sua mente e atenção estão distante de seu cantar, mesmo que se cante um lakh (cem mil) Santos Nomes em seu mala, nem uma gota do sabor do nome do Senhor é produzida em seu coração.” (cap.12)


“Pode-se evitar cuidadosamente todos os outros namaparadhas (10 ofensas além da Pramada), e ainda assim não experimentar o êxtase do puro Nome.” (cap.12)
“É importante concentrar-se na qualidade do cantar, e não em tentar artificialmente aumentar o número de SANTO NOME (n° de voltas)... Deve-se cantar seu n° prescrito de voltas num Tulsi-mala e gradualmente (após desenvolver mais atração) aumentar o cantar com o tempo.” (cap.12)




PRABHUPADA DISSE SOBRE JAPA
(Ref: Comportamento.Vaisnava e M.R.Japa , Caitanya.caritamrta e Upadesamrta)


“Você pode cantar ferozmente durante milhões de anos e não avançar, se você não cantar como um devoto que tenta evitar estas (10) ofensas.”(p.80MRJ)


“De todas as instruções do guru, a mais importante é a de cantar pelo menos16 voltas de japa diariamente.” (p.lX MRJ, p.68 C.V)


“Negligenciar a ordem de cantar 16 voltas diárias é como cometer suicídio espiritual.” (p.64 C.V)


“Dentre todos os nossos deveres, o que nunca podemos esquecer é completar nossas 16 voltas.” (p.67 C.V)


“Não devemos simplesmente nos empolgar com os deveres em relação a Krsna (seva)que são considerados tão bons quanto o cantar. Mas em qualquer circunstância jamais devemo-nos esquecer do dever principal que é cantar.” (p.67 C.V)


“A boca tem de mover-se. Não devemos balbuciar Hare Krsna” (p.90 MRJ)


“Você pode continuar cantando por centenas de anos e mesmo assim não obter o resultado, se você cantar sem içar a âncora. Tanto trabalho executado em vão porque tenta-se executar os deveres espirituais e ao mesmo tempo manter vivo o gozo dos sentidos.” (MRJ, p.4)


“Não devemos pensar nas formas passatempos etc., artificialmente enquanto cantamos japa, e sim simplesmente ouvir o canto, o processo é ouvir e depois chegará o dia em que pensaremos simultaneamente na forma, qualidade e passatempos de Krsna.” (p. 66, 49 MRJ)


“Se a pessoa não consegue completar 16 voltas, deve-se compreender que esta pessoa está em uma condição enferma na vida espiritual.” (p.64 C.V)


“..se alguém canta o Mahamantra inofensivamente, tendo o cuidado de evitar as 10 ofensas, poderá sem dúvida alguma elevar-se aos poucos à fase em que poderá compreender que não há diferença entre o Santo Nome e o próprio Senhor.” (Upadesamrta. p.40, v-5)


“... Cantar envolve todo o processo.” (p.27 MRJ)


“Seu seva será testado no momento da morte. Pratique o cantar, não cante como um papagaio que por acaso aprendeu a dizer: “Hare Krsna” mas que quando agarrado pelo pescoço grita: “Có Có”. Prabhupada dizia para praticarmos para que quando chegar a morte nós cantemos Hare Krsna.” (p.17 MRJ)


DICAS DE SATSVARUPA GOSVAMI PARA JAPA
(Retiradas do “Manual de reforma da Japa”)


“Se você diz cheio de satisfação infantil: ‘terminei minhas voltas’ ‘acabei de cantar’. Mas você canta como o Senhor Caitanya pede?... Então você não ‘acabou de cantar’. Você nem mesmo começou!” (p.9)


“Se ao olhar gravuras você se distrai em diferentes pensamentos sobre os intricados relacionamentos do Senhor e Seus associados eternos, então, isto não é tão bom quanto cantar para valer...O principal da japa não é olhar para pinturas e sim cantar e ouvir.”(p.63)


“Krsna não diz que se cantarmos Hare Krsna não teremos problemas. Mas Ele diz que se cantarmos Hare Krsna, e então, pensarmos em Krsna no momento da morte, nunca mais teremos de voltar.” (p.47)


“Durante o dia podemos cantar e recitar enquanto fazemos coisas diferentes, mas quando estamos cantando nossas voltas temos de estar muito atentos... Não se deve praticar nenhuma atividade enquanto se canta japa... cantar é samadhi é meditação.” (p.89,30)


“Não está ‘tudo bem’ deixar voltas para o dia seguinte. É uma medida de emergência. Não é bom. Mas é melhor que negligenciar estas voltas.” (p.60)


“A melhor maneira de cantar sem perder a atenção é ouvir você mesmo cantando... Devemos fixar a mente no som... de onde quer que a mente vague, devido à sua natureza instável e flutuante, devemos trazê-la de volta” (p.90)


“Krsna ajudou-o ao dar-Se em Seu SANTO NOME Agora você deve ser sincero ao adotar o processo (cantar sem ofensa) e lembrar que ‘Deus ajuda a quem se ajuda’.” (p.28)


“Você deve orar a krsna para que Ele o ajude a ouvir melhor sua japa” (p33)


“Tente dizer a si próprio: ‘deixe este problema de lado, durante estas duas horas, preocupe-se apenas com o SANTO NOME’.” (p.3)


“Nosso movimento depende do cantar inofensivo, e avanço espiritual depende do cantar inofensivo (10 ofensas)..., para aceitar a misericórdia do Santo Nome e crescer espiritualmente, deve-se evitar as 4 atividades pecaminosas.” (p.90)


“O Santo Nome tem o poder de anular todos os pecados, mas se você se torna um ofensor ao S.N, então não lhe resta nenhuma oportunidade de se libertar.” (p.67)


“Quando chegará o dia em que realmente cantarei os SANTO NOME e não apenas ‘completarei minhas voltas’? ”(Satsvarup Goswami orando) (p.8)


O Santo Nome é a encarnação do Senhor Krsna em Kaliyuga e quem canta o SN associa-se diretamente com o Senhor (Cc. Adi 2 17.22)


COMO LIVRAR-SE DO CANTAR OFENSIVO


“Está certo que, enquanto canta, você ore a Krsna para que Ele o torne puro. Você deve orar a Ele para que o ajude a ouvir melhor. O próprio SANTO NOME irá fazer você puro. Enquanto canta, você não precisa orar por uma purificação à parte. Ore apenas para ouvir melhor.” (MRJ, p.33)

“O nome do Senhor deve ser pronunciado distintamente. Somente pela graça do Senhor é que se pode conseguir isso. Portanto, devemos orar ao Senhor para que nunca caiamos vítimas dos ardis da ilusão da distração...” (Harinama Cintamani. cap.12)


“O remédio recomendado para o cantar desatento ou ofensivo é continuar a cantar constantemente e tentar melhorar.” (p.32, C.V ) “Mas você deve cantar com desejo de corrigir-se. Namaparada-yuktanam eva haranti agham avisranti-prayuktani tany evartha-karani ca: “O Santo Nome elimina todos os pecados, mesmo daqueles que cantam ofensivamente, conquanto que eles cantem sempre, o Santo Nome lhes concede todas as opulências espirituais”.” (MRJ. p.114, 12)


“PARA VENCER O CANTAR DESATENTO” (PRAMADA)
(Harinama Cintamani de Bhaktivinod Thakur. Tradução: Indumukhi d.d. Curitiba)


“Para vencer a distração o devoto deve regularmente passar algum tempo sozinho num local silencioso e se concentrar profundamente no SANTO NOME Deve pronunciar e ouvir o Santo Nome distintamente. É impossível para a jiva por suas próprias forças evitar e vencer a ilusão e distração... por isso é essencial implorar com fervor pela graça do Senhor, com grande humildade.” (cap. 12)


“Outro método efetivo para remover a apatia para com o SANTO NOME é sentar-se sozinho num quarto fechado e meditar no SANTO NOME como fizeram os sábios antecedentes. Se não for possível então se deve cobrir a cabeça e rosto com um pano e concentrar-se no Santo Nome.” (cap.12)


Satsvarupa das Goswami diz:


“... devemos viver cada dia sob o abrigo da Verdade Absoluta, como se fosse nosso último dia.” (p.127 MRJ)


“Quem não ouve a filosofia cai na ilusão... imagina injustiças, dificuldades... e sua atividade mental substitui a concentração em suas voltas – sua japa sofre as conseqüências. Ao progredir, esta doença resulta em vaisnava e guru-aparadha, e isso pode culminar na morte espiritual. (p.37 MRJ)


PS. Satsvarupa d.g recomenda estudar cuidadosamente o passatempo de Ajamila e de Haridas thakur e tentar cantar no espírito do Siksastaka e decorá-lo. (p.19 MRJ)
Compilação: David Britto. E-mail: radhesyamaji@yahoo.com.br



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