Postado por Esther Santana em 09/11/2020 e atualizado pela última vez em 10/11/2020
Uma ferramenta de raciocínio
Entende-se por Lógica Aristotélica o sistema lógico criado por Aristóteles, ele foi o responsável pelo primeiro estudo formal do raciocínio. Para quem não está familiarizado com o assunto, o raciocínio lógico
é um método utilizado para organizar o pensamento de acordo com as
normas lógicas e, a partir daí, concluir uma questão ou resolver um
enigma. Ele se divide em três tipos: dedução, indução e abdução.
Atualmente,
as questões envolvendo o raciocínio são muito cobradas nos vestibulares
e concursos. Quem domina esse sistema sempre consegue resolver as
avaliações com mais facilidade e ainda garante boas pontuações. Mesmo
sendo praticada no campo das ciências exatas, essa ferramenta teve
início na filosofia.
Inicialmente, Aristóteles, um filósofo da Grécia Antiga desenvolveu alguns princípios centrais para a sua lógica aristotélica: a lei da não-contradição e a lei do terceiro excluído. A primeira diz que nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, a segunda diz que qualquer afirmação da forma *P ou não-P* é verdadeira.
Inicialmente,
as questões envolvendo o raciocínio lógico podem parecer confusas, mas
aos poucos elas se tornam mais fáceis de serem assimiladas. Quer
entender um pouco mais sobre a lógica aristotélica e como ela funciona?
Continue a leitura!
O
algoritmo utilizado para resolver o cubo mágico é uma sequência lógica e
definida de instruções que se seguida resolve o problema.
(Imagem: Pixabay)
O Silogismo na Lógica Aristotélica
A lógica aristotélica é baseada no silogismo, um sistema argumentativo baseado em proposições que levam a uma conclusão.
Nesse caso, a lógica aristotélica não se preocupa em validar as
proposições ou a conclusão, mas observar como as premissas foram
concluídas. Ela busca identificar o que faz o silogismo ser
verdadeiro.
O silogismo é
composto por três proposições: premissa maior, menor e a conclusão. Para
entender melhor como o sistema funciona, vamos ver no exemplo a seguir:
Todos os homens são mortais. Sócrates é homem, Logo, Sócrates é mortal.
Agora analisando as proposições:
Todos os homens são mortais – premissa universal afirmativa, a proposição inclui todos os seres humanos. Sócrates é homem – premissa particular afirmativa, referindo-se apenas a Sócrates. Sócrates é mortal – conclusão, premissa particular afirmativa.
Dessa
forma, dá para identificar que na lógica aristotélica, o silogismo é
composto por no mínimo duas proposições, das quais se extrai uma
conclusão. Assim, entre as premissas, deve haver um termo que médio, que
deve ser sujeito da premissa 1 ou predicado da premissa 2.
Exemplo: A é B C é A Logo, B (termo maior) é C (termo menor)
Na
proposição, o termo médio é o A, que aparece como sujeito em uma frase e
predicado na outra. Perceba que ele não surge na conclusão, pois ela
foi feita através de uma dedução extraída da relação entre as
premissas.
Mais um exemplo: P1 – Todos os mamíferos são mortais P2 – Todos os gatos são mortais C – Logo, todos os gatos são mamíferos
Percebeu
algo diferente? É que nesse caso, embora as premissas e a conclusão
sejam verdadeiras, elas não foram extraídas por meio de dedução. Como não estavam adequadas, elas não possuem relação com a conclusão.
A análise desse exemplo seria a seguinte: A é B C é B Logo, A é C, o que indica falácia. Nesse exemplo, o termo médio não faz ligação entre os demais.
Quem
busca entender um pouco mais sobre o assunto precisa estar atento para a
forma com que as premissas estão dispostas, pois a lógica se baseia
nisso. Assim como o silogismo pode apresentar argumentos verdadeiros que
levam à conclusões verdadeiras, esses mesmos argumentos podem levar à
conclusões falsas, o que chamamos de falácia. Segundo Aristóteles, a falácia é qualquer raciocínio falso que simula a verdade.
Observe como ela funciona através do enunciado abaixo:
Todos os sucos são feitos com água doce – premissa universal afirmativa O rio é feito de água doce – premissa universal afirmativa Logo, o rio é um suco – conclusão = premissa universal afirmativa
Para
não se enganar com esse tipo de raciocínio, lembre-se que as
proposições, como juízo, devem seguir algumas regras fundamentais:
Princípio de Identidade: A é A; Princípio de não contradição: é impossível A ser A e não -A ao mesmo tempo; Princípio do terceiro excluído: A é y ou não-y, não há terceira possibilidade.
Assim, a veracidade ou falsidade são identificadas pelas proposições, que se classificam em:
Afirmativas: A é B; Negativas: A não é B; Universais: Todo A é B (afirmativa) ou Nenhum A é B (negativa); Particulares: Alguns A são B (afirmativa) ou Alguns A não são B (negativa); Singulares: Este A é B (afirmativa) ou Este A não é B (negativa).
As proposições também podem ser:
Necessárias: quando o predicado está incluso no sujeito (Todos os homens são maus); Não necessárias ou impossíveis: o predicado jamais poderá ser atributo de um sujeito (Nenhum homem é mau); Possíveis: o predicado pode ou não ser atributo (Todos os homens são iguais).
“O futuro não pode ser previsto, mas pode ser preparado” (Michel Godet)
Introdução
As ciências humanas estudam os
mecanismos que mantêm as sociedades unidas. Merecem destaque a coesão, a
persuasão e a influência. A coesão “é o grau em que indivíduos que
participam de um sistema social se identificam com ele e se sentem
obrigados a apoiá-lo, especialmente no que diz respeito a normas,
valores, crenças e estruturas”1. Tanto a persuasão quanto a
influência compartilham do mesmo objetivo de mudar o comportamento ou a
atitude de alguém. Persuasão é um processo explícito e racional que
exige que se comunique o que se quer, ao passo que o trabalho de
influência é silencioso e inconsciente2.
Etimologicamente a palavra influência vem do latim, influentia,
que designava o poder oculto que os astros tinham de modificar o
destino dos homens na Idade Média. No século XX a influência foi
amplamente estudada pelos cientistas sociais e psicólogos como um dos
principais mecanismos de controle social. A influência explicaria a
moda, a difusão das ideias e a histeria das massas3. Dezenas
de estudos na área comprovaram a influência do grupo sobre a consciência
individual (“efeito Ash”, “efeito Milgran”, “efeito pé na porta”,
“Dissonância cognitiva”, etc). A relação entre persuasão, influência e
manipulação é, na maioria das vezes, tênue e envolve aspectos convicções
morais do cientista.
A persuasão coercitiva
O tema da “persuasão coercitiva” é um
dos mais fascinantes e polêmicos das ciências humanas, em especial, da
Psicologia. Embora sua existência seja essencial para a maior parte das
psicoterapias atuais (como a terapia cognitivo comportamental e a
psicologia positiva), sua eficácia não é reconhecida pelo establishment acadêmico.
A premissa do controle mental é que a mente humana pode ser alterada
por meio da propaganda ou controlada por certas técnicas psicológicas
que vão desde a simples venda de um produto comercial até a lavagem
cerebral por agências de informação. O objetivo dessas técnicas
psicológicas é reduzir ao máximo a resistência a novas ideias, valores
ou comportamentos.
O uso político da psicologia O
controle mental pode ser feito de forma ética, mas também pode ser
usado para dominar pessoas, grupos e populações inteiras. Nesse caso,
busca-se reduzir ao máximo a capacidade do outro de pensar criticamente
ou de forma independente, visando a introdução de novos pensamentos e
ideias indesejados em suas mentes, bem como para mudar suas atitudes,
valores e crenças (algumas técnicas educacionais fazem isso através de
“dinâmica de grupo” ou “vivências”).
Trata-se portanto do uso do
conhecimento psicológico como poder político e controle social. “Poder” é
um conceito sociológico fundamental. Um dos fundadores da sociologia,
Max Weber (1864-1920), conceitua o poder como “a capacidade de controlar
indivíduos, eventos ou recursos – fazer com que aconteça aquilo que a
pessoa quer, a despeito de obstáculos, resistências ou oposição”4.
Mas o poder também significa a capacidade de moldar crenças e valores
de outras pessoas através do controle sobre a mídia, as instituições
educacionais e científicas. O poder sobre a informação está associado ao
uso político da Propaganda pelo Estado no passado ou pelas Grandes
Corporações na atualidade. Por Propaganda, entenda-se aqui “a difusão de
uma ideia ou doutrina destinada a modificar as opiniões, os sentimentos
ou as atitudes da pessoa ou do grupo aos quais é dirigida”5.
Os sociólogos têm chamado a atenção
para as relações entre propaganda, comunicação de massa e mídia nas
sociedades contemporâneas. Os seres humanos aprendem sobre o mundo
adquirindo coletivamente informações, filtrando-as e compartilhando o
que sabemos. A comunicação de massa “é a transmissão de informações por
especialistas trinados a uma plateia grande e diversificada espalhada
por uma grande território”6. Os meios de comunicação de massa
incluem jornais, rádio, livros, revistas, televisão e cinema. Grandes
empresas, assim como os governos, podem controlar a informação veiculada
pela mídia de um país. Os sociólogos buscam descobrir que efeito esses
meios de comunicação exercem sobre a mente, os valores e comportamentos
dos indivíduos. Fazem também perguntas como quem controla a mídia? A que
interesse ela serve? De que maneira suas mensagens afetam a plateia? De
que maneira essas mensagens molda e controla a população?
A verdade é que a propaganda e a mídia
são essenciais para que seja mantido o “controle social” das pessoas
numa sociedade complexa. O “controle social é um conceito que se refere
às maneiras como os pensamentos, sentimentos, aparência e comportamento
de pessoas são regulados nos sistemas sociais”7.
Não existe controle social sem
controle mental e não é possível tal controle sem o domínio da
informação e do conhecimento. A história registra que os impérios sempre
reconheceram a importância do controle mental para a conquista de seus
objetivos. No Ocidente, desde a Segunda Guerra Mundial, graças à ação do
Ministro da Propaganda nazista Joseph Goebbels (1897-1945), a Alemanha
elevou o controle e a manipulação mental a níveis inimagináveis.
Goebbels foi um gênio da propaganda e seu trabalho foi vital para o
sucesso nazista. Ele era um estudioso da técnica cinematográfica e foi o
primeiro a usar o cinema como arma de guerra. Quando Adolfo Hitler
chegou ao poder, Goebbels, então com 35 anos, se tornou o “Ministro do
entretenimento Popular e da Propaganda”. Para Goebbels, o cinema era um
meio ideal de atingir o inconsciente das massas. Através do uso da
mídia, ele foi capaz de potencializar a presença de Hitler em todo o
mundo para fazê-lo parecer messiânico e invencível.
Durante toda a Guerra Fria americanos e
soviéticos rivalizam para saber quem detinha o melhor domínio sobre a
manipulação psicológica. Um exemplo dessa disputa foi o Projeto MKUltra.
Projeto MKUltra O
Projeto MKUltra (ou MK-Ultra) foi o codinome de um programa
experimentação da mente humana secreto projetado e realizado pela
Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). Os experimentos
psicológicos tinham como objetivo desenvolver procedimentos e
identificar drogas como o LSD que poderiam ser usadas em interrogatórios
para enfraquecer indivíduos e forçar confissões por meio de tortura
psicológica e lavagem cerebral de inimigos. O MKUltra usou vários
métodos para manipular os estados mentais e funções cerebrais de seus
sujeitos, como restrição do sono, a administração secreta de altas doses
de drogas psicoativas (especialmente LSD) e outros produtos químicos,
eletrochoques, isolamento e privação sensorial e hipnose. O MKUltra
começou em 1953, foi reduzido em escopo em 1964 e 1967, e foi
interrompido em 1973. Foi organizado por meio do “Escritório de
Inteligência Científica da CIA” e coordenado com os Laboratórios de
Guerra Biológica do Exército dos EUA. O programa, apesar de ilegal,
desenvolveu atividades “de pesquisa científica” em mais de 80
instituições, incluindo faculdades e universidades, hospitais, prisões e
empresas farmacêuticas. A CIA operava usando organizações de fachada e a
maioria dos envolvidos não sabia o que realmente estava estudando.
Somente um pequeno grupo dos cientistas e alguns altos funcionários
dessas instituições estiveram cientes do envolvimento da CIA ou do
objetivo do projeto. Um desses cientistas foi o psiquiatra britânico
William Walters Sargant (1907 – 1988), que realizou uma pesquisa
multicultural sobre o controle da mente, chegando inclusive a visitar o
Brasil na década de 1970. Sargant registrou os resultado de suas
pesquisas no livro “A possessão da mente” (1973):
“Quando o sistema
nervoso de um homem fica sujeito a um grau de esforço tal que o seu
cérebro não consegue mais reagir normalmente – com este esforço imposto
por alguma experiência singular ou então por tensões de intensidade
menor da de maior duração – ele começa a comportar-se de maneira
anormal, pelos modos delineados por Pavlov e outros pesquisadores. Ele
se tornará muito mais sugestionável do que em seu estado mental normal,
muito mais aberto às ideias e às pessoas de seu meio ambiente imediato, e
muito menos capaz de reagir a elas com cautela, dúvida, crítica e
ceticismo. Pode ser levado a uma condição em que sua atividade cerebral,
o às vezes a uma parte isolada desta, tornar-se paradoxal, de maneira a
inverter sua perspectiva e seus valores habituais; e pode alcançar uma
condição em que se torne tão docilmente submisso a ordens e sugestões
como uma pessoa hipnotizada, podendo ser induzido a adotar formas de
comportamento que rejeitaria como estupidas ou imorais, quando senhor de
si: e, com sugestão pós –hipnótica, pode ser levado a agir desse modo
mesmo depois de voltar do seu transe e aparentemente ter readquirido sua
consciência normal de homem desperto”8.
Um
aspecto importante quando pensamos em controle mental é a
“desindividualização”, termo que explica os processos de perda da
identidade individual diante em uma multidão. Segundo o psicólogo social
Gustave LeBon (1841-1931), em seu livro “A psicologia das massas”
(1895), “A multidão é sempre intelectualmente inferior ao indivíduo isolados”,
por isso um dos objetivos da guerra psicológica é criar o “efeito
rebanho”, pânico, histeria ou ódio generalizado no grupo alvo, pois “um
indivíduo em uma multidão é um grão de areia em meio a outros grãos de
areia, que o vento agita à vontade”. Segundo LeBon “os comportamentos
agressivos e mais imperais demonstrados pelos bandos de linchamentos
[ex, em sua opinião, os revolucionários franceses] espalhavam-se por
esses bandos ou multidões por contagio, como uma doença, destruindo o
senso moral e o autocontrole o indivíduo. Seus colapsos, ele
argumentava, levam as multidões a cometer atos destrutivos que poucos
indivíduos cometeriam se estivessem agindo sozinhos”9.
Desde então todos os exércitos possuem
um “departamento de guerra psicológica” ou “não convencional”. O
Departamento de Defesa dos EUA, por exemplo define “guerra psicológica”,
como: “O uso planeado de propaganda ou outras ações psicológicas com o
objetivo primário de influenciar as opiniões, emoções, atitudes e
comportamento de grupos estrangeiros hostis, de forma a alcançar os
objetivos da nação”. O objetivo da guerra psicológica, segundo documento
oficial do Pentágono é promover “programas de produtos e ações
planejados para transmitir determinadas informações e indicadores a
públicos estrangeiros com o objetivo de influir nas suas emoções,
atitudes, opiniões e, particularmente, no comportamento de governos,
organizações, grupos e indivíduos não pertencentes aos Estados Unidos”.
É preciso definir alguns termos usados
na propaganda: manipulação, influência e persuasão. A manipulação
difere da influência geral e da persuasão. A Persuasão é a capacidade de
mover uma pessoa ou pessoas para uma ação desejada, geralmente dentro
do contexto de um objetivo específico. A influência e a persuasão não
são positivas nem negativas. A influência é geralmente percebida como
inofensiva, pois respeita o direito do influenciado de aceitá-la ou
rejeitá-la, e não é indevidamente coercitiva. Os estudos sobre a
comunicação persuasiva e sua relação com à obediência à autoridade
começaram no final dos anos 1940, particularmente na Universidade de
Yale, nos EUA10. Para os sociólogos, a comunicação persuasiva
coletiva acontece, principalmente, através da manipulação da informação
e do uso sistemático da grande mídia. Um tipo de técnica de controle
mental atual é a Programação Preditiva”.
Programação Preditiva
Para muitos a prospectiva é parte da
agenda das ciências sociais. Segundo esses “futurólogos” é necessário
antecipar cenários futuros e a prospectiva científica substitui a
previsão religiosa. Os estudos prospectivos tiveram seu auge nos anos de
1950. Atualmente o papel do propectivista é o de um “conspirador do
futuro”, sendo muito empregado por Estados em suas políticas públicas ou
por grandes empresas em suas análises estratégicas sobre mercado11.
Mas existe um outro campo em que os
propectivistas atuam: os meios de comunicação de massa. A Programação
Preditiva é a teoria de que o governo ou grandes corporações
(financeiras, farmacêuticas, tecnológicas) usam livros de ficção
científica, seriados ou filmes como uma ferramenta de controle mental em
massa para tornar a população mais receptiva aos eventos futuros
planejados. A programação preditiva é uma forma sutil de condicionamento
psicológico fornecido pela mídia para informar o público sobre as
mudanças sociais planejadas a serem implementadas em um curto prazo. O
pressuposto é que existe uma resistência natural dos nossos cérebros a
novidade. Por isso, se e quando essas mudanças forem implementadas, “o
público já estará familiarizado com elas e as aceitará como progressões
naturais, diminuindo assim possíveis resistências e comoções públicas”.
Um elemento importante na informação difundida pela mídia é o cálculo
de seus efeitos futuros sobre a plateia. Nesse caso a programação
preditiva destinava-se a “dessensibilizar” o púlpito ou manipular a
forma como a notícia ou informação é passada. A verdade é que não existe
“relato neutro” da informação na mídia. Isso porque existem estudos que
mostram a forma como um estímulo é apresentado é muito importante para o
seu resultado final.
Além disso, a quantidade de exposição
ao evento também afeta sua percepção. A exposição do público a
determinado evento ou comportamento tido como ruim ou repulsivo, de uma
forma “neutra ou positiva”, fará com que ele seja aceito. Isso porque há
uma “tendência ao conformismo” natural que faz com que uma pessoa tenda
a aceitar o que a maioria da sociedade considera “normal e positivo”.
Esse é o caso do ateísmo, divórcio ou homossexualismo.
Porém, o principal objetivo da
Programação Preditiva é prever como determinado grupo se comportaria num
cenário futuro. O caso da “Guerra dos Mundos”, transmitido pela rádio
teatro estadunidense Columbia Broadcasting System, durante o Halloween
de 1938. O “experimento” foi dirigido e narrado pelo ator e futuro
cineasta Orson Welles (1915-1985). Esse evento ficou famoso por causar
pânico em massa e alucinações coletivas em algumas cidades do EUA.
A programação preditiva em sua
essência é uma tática para reduzir a resistência, introduzindo conceitos
que parecem absurdos e reintroduzindo-os continuamente para fazer com
que esses conceitos pareçam mais prováveis ou, no mínimo, aceitáveis.
Programação Preditiva pode acontecer de forma sistemática ou isolada e
pode incluir notícias, filmes, documentários e mesmo desenhos infantis.
Como sempre, há uma razão pela qual os filmes e a televisão são usados
como principais meios de propaganda. Ao assistir algo dessa natureza,
uma pessoa normalmente percebe isso como entretenimento e sua guarda
teórica será abaixada e as mensagens subliminares irão diretamente para o
subconsciente.
Isso é explicado pela “Teoria da
aprendizagem social”. Nesse processo, um organismo aprende um
comportamento por meio da observação do comportamento de um outro
organismo. Essa teoria enfatiza o papel da observação das pessoas das
outras pessoas e da cooperação das autoridades com a mudança de
comportamentos. Segundo seu criador, o psicólogo canadense Albert
Bandura (1925-2021), todos os fenômenos que ocorrem por meio de
experiências diretas podem também ocorrer de forma “vicariante”, ou
seja, através da observação: “Um dos primeiros e mais básicos
pressupostos da teoria social cognitiva de Bandura é que os humanos são
muito flexíveis e capazes de aprender inúmeras atitudes, habilidades e
comportamentos e que boa parte dessa aprendizagens são resultado de
experiências vicariantes. Ainda que as pessoas possam aprender e
aprendam com a experiência direta, muito dos que elas aprendem é
adquirido por meio da observação dos outros”12.
Bandura explica que por “reforço
vicariante” entende-se o aprendizado a partir da observação de outras
pessoas e das consequências geradas ou obtidas por elas. No famoso
experimento do “João-bobo”, Bandura procurou confirmar tal teoria ao
fazer um experimento com o boneco citado. Três grupos de crianças foram
submetidos a um filme diferente cada, nos quais adultos agrediam os
bonecos. No primeiro filme o adulto era recompensado por agredir o
boneco, no segundo filme era punido e no terceiro filme não sofria
nenhuma consequência. Depois do filme, as crianças foram colocadas em
uma sala onde podiam ser observadas sem perceberem. Na sala havia
diferentes brinquedos, dentre eles um João-bobo. Relatou-se que o grupo
que viu o adulto sendo recompensado tendia a repetir com maior
frequência as agressões quando comparado aos dois últimos grupos. Sua
conclusão é que comportamentos agressivos se tornam mais frequentes ao
ver outros serem recompensados por sua agressividade. Esse aprendizado
frequentemente não se restringe a “imitar” e passa a “identificar-se”
com a “pessoa-modelo”. Esse é o fenômeno da “modelagem comportamental”.
A profecia autorrealizável (self-fulfilling prophecy)
O uso da programação preditiva está
fundamentado no conceito sociológico de “profecia autorrealizável”,
porque uma vez que uma expectativa social é criada, quando esses eventos
começam a acontecer, a população pode parecer mais propensa a aceitar o
evento como “destino”. Na sociologia isso é conhecido como “Teorema de
Thomas”:
“Se os homens definem certas situações como reais, elas são reais em suas consequências”13.
O conceito de profecia autorrealizável
está ligado ao sociólogo norte-americano Robert Merton (1910 – 2003).
Segundo ele uma profecia autorrealizável, autorrealizadora ou
autorrealizada: “é um prognóstico que, ao se tornar uma crença, provoca a
sua própria concretização. Quando as pessoas esperam ou acreditam que
algo acontecerá, agem como se a profecia ou previsão já fosse real e
assim a previsão acaba por se realizar efetivamente”. Ou seja, ao ser
assumida como verdadeira – embora seja falsa – uma previsão pode
influenciar o comportamento das pessoas, seja por medo ou por confusão
lógica, de modo que a reação delas acaba por tornar a profecia real.
O conceito foi desenvolvido por Merton
no seu livro “Teoria Social e Estrutura Social”, publicado em 1949. A
tese de Merton é que somos movidos por crenças coletivas, sejam elas
verdadeiras ou não. Sociologicamente a realidade não é algo “natural”
mas “construído” por crenças e valores; “Num sentido mais básico, a
função das crenças culturais na vida social não é apenas a de
representar a realidade, mas promover sua criação e recriação”14.
Merton estudou a corrida aos bancos de
acionistas que, temendo a queda do valor dos títulos, motivada por um
boato de que um banco está em dificuldades, apressam-se em retirar os
valores ali depositados e liquidar outros negócios, de modo que o banco
acaba mesmo falindo pois isso provocou a queda real do preço das ações.
Nas palavras de Merton: “A profecia autorrealizável é, no início, uma
definição falsa da situação, que suscita um novo comportamento e assim
faz com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira”. Por
isso quem tem o controle da informação tem o controle da realidade
social.
Assim, se as pessoas passam meses
ouvido falar de vírus, fome ou guerras elas estariam mais dispostas a
“darem a resposta esperada” quando solicitadas. O evento desejado vai se
tornar realidade porque as pessoas agiram como se ele já tivesse
acontecido. O escritor e teólogo C. S. Lewis (1898-1963) sempre alertou
para a importância política da imaginação. A imaginação é a capacidade
de resolver situações, criando possibilidades de lidar com o
desconhecido e buscando soluções. O maior efeito da programação
preditiva é o controle da imaginação porque a ferramenta mais utilizada
na técnica é a ficção científica, ao criar essas histórias o autor pode
determinar limites de imaginação e mostrar aos poucos o que “acontecerá
no futuro”. Um exemplo histórico disso foi o movimento cosmismo de
Nicolai Fiodorov15.
REFERÊNCIAS
1 JOHNSON, Alla G. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, P. 41.
2 KUHNKE, Elizabeth. Persuasão e influência para leigos. Rio de janeiro: Alta Books, 2013.
3 DORTIER, Jean – François. Dicionário de ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p.311
4 JOHNSON, Alla G. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 177.
5 SILLAMY, Norbert. Dicionário de Psicologia Larousse. Porto Alegre: 1998, p. 186
6 JOHNSON, Alla G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 44
7 JOHNSON, Alla G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 54
8 SARGANT, William. A possessão da mente. Rio de Janeiro: Imago, 1973, p. 237
9 ATKINSON & HILGARD. Introdução à psicologia. São Paulo: Cergage, 2018, p. 467.
10 ATKINSON & HILGARD. Introdução à psicologia. São Paulo: Cergage, 2018, p. 509
11 DORTIER, Jean – François. Dicionário de ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 511.
12 FEIST, Jesse e FEIST, Gregory. Teorias da personalidade. Porto Alegre: Artmed, 2013.p. 330
13 DORTIER, Jean – François. Dicionário de ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 509
14 JOHNSON, Alla G. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 183.
15 O cosmismo foi um movimento teológico, filosófico e cultural que
surgiu na Rússia na virada do século XIX e, novamente, no início do
século XX. O movimento envolve teologia ortodoxa, esoterismo, ficção
cientifica, literatura, filosofia e ciências naturais. O cosmismo
incluía uma ampla teoria da filosofia da natureza, combinando elementos
de religião e ética com evolucionismo, avanço cientifico, domínio do
cosmos e imortalidade humana e ressureição física dos mortos. A
ideologia cósmica impulsionou o pioneirismo soviético na propulsão de
foguetes e nas viagens espaciais além de ser a base do transhumanismo.
Neste
artigo vamos entender o quanto é importante ensinar a letra cursiva na
alfabetização, quais são as razões para ensinar, as diferenças entre a
letra bastão e cursiva, como estimular as crianças nesta fase.
Afinal, qual a importância da letra cursiva na alfabetização? Deve-se trabalhar ou não a letra cursiva?
A
comunicação é considerada uma das principais habilidades para o sucesso
profissional e pessoal. Por meio dela, conseguimos informar o que
pensamos e desejamos. Por isso, é considerada uma ferramenta
indispensável nas relações sociais.
Entretanto,
com o uso constante de computadores, crianças e jovens estão se
distanciando, cada vez mais, do contato com papel e caneta. Essa mudança
de hábito influencia e, muitas vezes, compromete a elaboração de textos
e trabalhos escolares.
Considerado o
novo instrumento de escrita, o computador não deve ser olhado com grande
preocupação, porque pode auxiliar no desenvolvimento psicomotor da
criança e o estímulo à prática de formação de palavras deve ser feito
nos primeiros anos escolares, a fim de ajudar no processo de
alfabetização infantil.
Para você compreender melhor o valor da escrita, vamos citar uma pesquisa realizada pela Associated Press de 1992.
O estudo consultou 402 empresas, cujos executivos consideraram a redação como a principal habilidade de um profissional.
Porém,
apesar de ser bastante exigida no mercado, a análise apontou que mais
de 80% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com o nível e
qualidade de redação dos funcionários, não reconhecendo necessidade de
melhorias.
Já uma pesquisa realizada em
2003 por pesquisadores da Universidade de São Paulo, mostrou que a
maioria dos vestibulandos apresentam sérias dificuldades para
desenvolver uma redação.
Embora o
estudo reconheça que os jovens dominam o conteúdo nas questões de
múltipla escolha, quando precisam responder atividades dissertativas e
elaborar a redação, a qualidade cai de forma significativa, alertando
para a importância da prática da escrita, com letra cursiva.
O primeiro contato com as letras
O
primeiro contato que temos com as letras é durante a educação infantil e
no ensino fundamental, onde se inicia o processo de
alfabetização. Nesta etapa a criança começa a unir as letras e a formar
palavras para, depois, conseguir construir frases e textos.
Quando
estamos passando pelo período de alfabetização infantil, temos duas
fases distintas: na primeira é ensinado o uso da letra de fôrma (também
chamado de letra bastão), já na segunda ocorre o treino da escrita por
meio da letra cursiva (conhecida também como letra de mão).
O
processo de alfabetização segue esse caminho para que as crianças
consigam assimilar, rapidamente, as palavras e a praticarem a escrita.
Nessa fase, as letras de forma são mais fáceis de serem aprendidas, pois
são formadas por linhas retas e simples de serem feitas.
O
melhor é que a letra cursiva seja inserida, no processo de
aprendizagem, após a primeira etapa de alfabetização. Desse modo, elas
podem se concentrar nas curvas e desenhos das letras, sem se preocuparem
tanto com a construção de palavras.
Mas com todo esse avanço da tecnologia, aprender a letra cursiva ainda é importante?
As
crianças estão sendo inseridas, cada vez mais cedo, frente à
tecnologia, aumentando a discussão sobre a necessidade da letra de mão
ou letra cursiva durante a alfabetização.
Diante dessa mudança, devemos ou não exigir que as crianças escrevam com a letra cursiva?
Essa
questão anda dividindo educadores de todo o Brasil. Mas a letra cursiva
não é a única a gerar polêmica, visto que o ensino da tabuada também
foi alvo de muitos questionamentos.
A
letra cursiva acaba não sendo tão relevante após a formação, mas ainda
continua sendo muito importante durante a alfabetização.
Após essa etapa, e já nos últimos anos escolares, o tipo de letra usada não é tão relevante.
Nenhum professor vai obrigar os alunos do ensino médio, tampouco os universitários, a usarem um tipo específico de letra.
Para
escolher o modelo de letra, é sugerido que a pessoa opte por uma
compatível com a própria personalidade, além da que seja confortável
para elaborar textos.
Caso a sua caligrafia seja difícil de entender, tente mudar o formato de letra e verifique se está mais à vontade para escrever.
11 Razões Para Aprender
Durante
anos a letra cursiva foi a favorita entre educadores, porém a escrita
cursiva vem perdendo espaço – e, a julgar pelo destino que teve em
países como Estados Unidos e Finlândia, a tendência é que deixe de ser
ensinada em muitas escolas. Mas, existem, porém bons motivos para que o
ensino da escrita cursiva não seja abandonado.
Já
é comprovado através de pesquisas os benefícios neurológicos e
cognitivos da escrita manual na educação de crianças, quando comparada à
digitação em um teclado.
Só que há um
debate entre o tipo de letra manual a ser ensinado – de fôrma (letra
bastão) ou cursiva, e se o ensino desta última ainda se justificaria,
tendo em vista que exames como o Enem, dentre outros, já aceitam a
escrita de fôrma.
Vou mostrar pra você, porque a escrita cursiva não dever abandonada:
A letra cursiva destaca maior velocidade à escrita,
e por isso tende a ser a escolha dos escritores mais eficazes. As
constantes paradas da letra de fôrma seriam responsáveis por torná-la
mais lenta.
Letras conectadas, pensamento conectado.
A letra cursiva, ao comprovar maior velocidade à escrita, favorece a
concentração, o foco, e auxilia na produção de textos mais coesos.
O aprendizado da escrita cursiva desenvolve a disciplina e contribui para a autoestima do estudante. O processo de aprendizagem em dominar a escrita cursiva, acaba envolvendo imitação de modelos, repetição e persistência. A
criança que, aos poucos, conquista a habilidade necessária para dominar
a escrita cursiva experimenta uma sensação de capacidade, de ter
passado a um outro nível. Essa é uma constatação que dispensa
pesquisas científicas: crianças com “letra bonita” tendem a se orgulhar
dessa habilidade, o que tem um impacto positivo em sua autoestima.
Melhora a coordenação motora fina. O
traçado da letra cursiva recruta habilidades sensoriais, noções de
orientação espacial, ajuda a criança a “treinar” a mão para a execução
dos movimentos corretos etc. É necessário fazer com que a criança
primeiro domine o lápis e traçar retas na horizontal, na vertical e na
diagonal, fazendo todos os traços que depois serão sintetizados a fim de
formar as letras. A criança precisa ser capaz de dominar
esse traçado, pra que depois haja a introdução da letra cursiva,
lembrando que as letras são sínteses de traços.
Vários
originais de documentos, manuscritos de obras literárias e cartas que
compõem nosso acervo histórico-cultural foram escritos letra cursiva. Pensando
nesse contexto, o aprendizado da escrita cursiva se faz necessário,
permitindo o acesso a textos produzidos em… letra cursiva. Não aprendê-la representaria um obstáculo à compreensão desses importantes documentos.
A escrita da letra cursiva é uma terapia, para os disléxicos. A prevenção desse transtorno passa por atividades que reforcem a consciência fonológica. A
escrita cursiva pode ajudar no processo de decodificação, porque junta a
coordenação óculo-manual, a coordenação motora fina e outras funções
cerebrais e de memória.
A letra cursiva tem um componente importante no desenvolvimento da escrita pessoal. Até
mesmo os defensores da extinção do ensino da letra cursiva estão
admitindo que os escritores mais hábeis se valem de uma escrita híbrida
(misturada), em que algumas letras são unidas e outras separadas. Ou
seja, a letra cursiva é um componente no desenvolvimento de uma escrita
pessoal. Tirar a letra cursiva seria empobrecer esse processo, limitando
as ferramentas expressivas que o indivíduo pode utilizar.
Linguagem verbal adequada – O
primeiro aspecto a ser citado é o desenvolvimento da linguagem verbal
adequada. Ela é importante porque a criança deixa de falar de maneira
infantil ou de utilizar palavras no diminutivo desnecessariamente. A
partir do aprimoramento da linguagem verbal adequada, é que a criança
irá possuir um vocabulário correto e mais diversificado. No futuro isso
será fundamental para a criação de redações, por exemplo.
Desenvolvimento Sociocultural – Esse
aspecto relaciona as informações que são transmitidas para a criança ao
longo do tempo, as quais devem ser compatíveis com o meio em que ela
vive e sua faixa etária. Dessa forma, ela sentirá que faz parte da
sociedade. Em determinados períodos de desenvolvimento da criança,
ela deve ser colocada em contato com outras experiências, a fim de
estimular o sistema cognitivo. O que isso tem a ver com a escrita? Vou
dar um exemplo simples: a escola decide levar os alunos para visitar um
museu. Lá, tem uma série de textos e informações diferentes. Se a
criança não souber escrever corretamente, como ela vai compreender os
conteúdos? Por isso, é relevante passar experiências do seu dia-a-dia que possam contribuir no progresso de aprendizagem das crianças.
Função simbólica – A
escrita e a leitura andam de mãos dadas, pois são usados símbolos e
significados em associação – a criança precisa aprender isso. Caso
contrário, ela não saberá escrever, e sim copiar os símbolos (letras)
sem entender o seu significado.
Desenvolvimento psicomotor – Para
que possamos escrever algo, é necessário ter postura adequada,
concentração, controle de movimentos (controlar o movimento do lápis
sobre o papel). Além disso, lateralidade, ritmo, orientação espacial,
dominância lateral definida, práxia global e fixa, bem como sucessão
temporal para as sequências gráficas.
Vale
ressaltar ainda que apenas usar o caderno de caligrafia não é o
suficiente durante o processo de aprendizagem. A criança precisa
entender os movimentos que está fazendo e o porquê dos exercícios. Caso
contrário, terá dificuldades no ensino médio, período em que é mais
cobrado a interpretação de textos. Essa é uma das principais razões das
avaliações de ensino no Brasil serem tão baixas.
Diferenças entre letra bastão e cursiva
A
letra bastão é a primeira que aprendemos a escrever. Ela fragmenta a
escrita, ou seja, é necessário tirar o lápis do papel, ao menos duas
vezes, para conseguir redigir, por exemplo, a letra “A”.
A
letra cursiva é aquela que permite uma escrita constante. Ela é
importante porque nos permite manter a linearidade dos pensamentos, ou
seja, é possível passar a informação para o papel sem perder a linha de
raciocínio.
É importante que o processo
de aprendizado da escrita não seja antecipado. A criança precisa passar
por todas as fases do aprendizado, desse modo, o rendimento escolar não
cai.
Alguns estudiosos da área de
pedagogia acreditam que, ao exigir a maturidade cognitiva precocemente,
pode resultar em frustração, comprometendo, assim, o futuro escolar da
criança.
Essa decepção, durante o
processo de alfabetização, acontece quando o aluno não consegue
acompanhar seus colegas de sala. Com o tempo, essa insatisfação se
reflete nas atividades mais simples, como escrita incompreensível. Essa
criança passa a ser considerada desleixada ou com algum problema de
saúde, como déficit de atenção.
O que a pedagogia moderna diz sobre a letra cursiva?
Como
dissemos, a letra cursiva é alvo de muitas discussões, devido ao avanço
da tecnologia. Afinal, se é possível digitar palavras, ao invés de
escrevê-las, por que ensinar de um jeito tão complicado e que leva tanto
tempo para ser assimilada?
O caderno de
caligrafia já deixou de ser relevante a alguns anos. Então uma pergunta
surge, será que a letra cursiva pode ter o mesmo fim?
Bom,
aparentemente, as novas maneiras de ensino, principalmente o
construtivista, não se importam tanto para o ensino da letra cursiva.
Poucas instituições apenas ensinam a letra de mão por costume ou para
manter a tradição.
Quando foi implantada
uma Lei no estado de Indiana, nos Estados Unidos, sobre a exclusão do
uso da letra cursiva nos anos de alfabetização, começou um grande debate
entre os pedagogos. Alguns defendem a exclusão total, porém, outros
afirmam que isso não deve ser feito.
As
pessoas defensoras dessa ideia afirmam que a elaboração da Lei foi
necessária porque, atualmente, observaram o menor uso do lápis e caneta
para a escrita. Isto porque a digitação, para a elaboração de textos,
ocorre com mais frequência.
O pesquisador Fetter publicou um artigo, em 2010, afirmando que: “ao
contrário do início do século XX, quando tínhamos uma grande quantidade
de materiais produzidos a respeito do assunto, na atualidade vivemos um
‘silenciamento’. A quase ausência de produção acadêmica acerca da
caligrafia, a partir da década de 1980, teve seus efeitos no ensino da
letra cursiva. No entanto, sabemos que o silêncio discursivo também
produz efeitos.“
Há quem vai ainda
mais longe quando se fala sobre a necessidade de ensinar a letra
cursiva às crianças. Segundo a pedagoga Juliana Storino, coordenadora de
um programa de alfabetização de Belo Horizonte, “a ela [letra
cursiva] é uma das responsáveis pelo analfabetismo em nosso país. As
crianças além de decodificar o código da língua escrita
(fonema/grafema), também têm que desenvolver habilidades motoras
específicas para “bordar” as letras. O tempo perdido tanto pelo aluno,
como pelo professor, com essa prática, aliada ao cansaço muscular,
desmotivam o aluno a aprender a ler e muitas vezes emperram o processo”.
Esta
não é uma opinião unânime, alguns pesquisadores da área da educação
acreditam que a prática da caligrafia é importante para criar uma
escrita fluente e com agilidade, permitindo ao aluno “escrever em tempo
real”, podendo, assim, acompanhar o ritmo da escola.
O
neurocientista canadense Norman Doidge defende a ideia de que a escrita
cursiva exige maior esforço de integração entre áreas simbólicas e
motoras do cérebro. Portanto, é mais eficiente do que a letra de fôrma.
Isso, de acordo com o pesquisador, pode prejudicar no desenvolvimento
psicomotor da criança.
Outros
neurocientistas acreditam que se a letra cursiva desaparecer, outro tipo
de atividade surgirá para que o desenvolvimento psicomotor aconteça,
sem prejudicar, portanto, no processo de aprendizagem da criança.
Para Francisca Paula Toledo Monteiro, da Divisão de Educação Infantil e Complementar da Unicamp, “todas
as letras são válidas, desde que a criança tenha a chance de se
expressar. Se ela tem uma leitura proficiente, lerá em qualquer tipo de
letra. O que é impensável é o professor ainda imaginar que uma criança
está alfabetizada quando ela domina a letra cursiva. Isso é um mito e é
algo que parte do senso comum. Isso já caiu por terra há muito tempo”.
Em
alguns casos o uso da letra cursiva não é apenas uma forma de ensinar
algo novo para os alunos, mas é também uma maneira de prender a atenção
deles no ensino aprendizagem. Algumas turmas ficam bem animadas enquanto
estão aprendendo a escrever. Elas querem logo chegar na letra cursiva,
como gente grande. Logo, o ensino da letra cursiva pode ser usado como
um incentivo à alfabetização.
É difícil aprender letra cursiva?
Bom, podemos afirmar que realmente não é fácil. O motivo está ligado a alguns fatores como a disciplina exigida pelo traçado.
Antes dessa etapa, a criança utiliza o formato da letra bastão (ou fôrma). O
ideal para os educadores é explorar ao máximo o primeiro contato da
criança com as linhas retas (da letra bastão) e trabalhar com a
alfabetização. Pelo fato desses traçados serem mais simples, os pequenos
não precisam se dividir entre o aprendizado da escrita e o processo de
alfabetização.
A letra cursiva vai
ser passada para os pequenos depois que eles estiverem um pouco mais
avançados. Portanto, o começo da prática da letra cursiva não significa,
que a alfabetização já esteja totalmente concluída.
É muito importante destacar que este aprendizado conta muito para o processo em que elas são alfabetizadas.
Qual a importância da letra cursiva na alfabetização?
De
acordo com especialistas, quando a criança está aprendendo a letra
cursiva, o cérebro é estimulado a partir de determinadas áreas
simbólicas e motoras.
Tem algo curioso em
relação a letra cursiva, é que ela é responsável por ajuda para a
fluência da criança pequena de maneira mais eficiente que a bastão.
O treinamento da escrita a partir da técnica da letra cursiva, auxilia bastante no que diz respeito à coordenação motora.
Há
vários estudos que comprovam isso, já que o aluno vai depender de
concentração para realizar os contornos que formarão as letras.
Finalizando, educadores afirmam que o grau de dificuldade da letra cursiva obriga que o aluno seja mais disciplinado.
Não
há consenso entre especialistas acerca do ensino da técnica em questão
para crianças, principalmente aquelas que ainda estejam no processo de
alfabetização. Existem críticos quanto isso.
A justificativa utilizada é que há outras formas de se treinar a coordenação motora.
No
entanto, o ensino da letra cursiva vai muito mais além do aspecto
motor, uma vez que a partir do fundamental o aluno terá que demonstrar
tal habilidade.
Sem contar que é comum o seu uso durante a vida adulta.
O processo que antecede a letra cursiva
A aquisição da escrita é um caminho bem extenso, passando por diferentes fases de aprendizagem. Vejam abaixo:
Movimento de pinça
– O movimento de pinça começa a se desenvolver na criança a partir dos 9
meses. Isso é muito importante, pois futuramente vai ser necessário
esse detalhe para exercitar a força e a capacidade de segurar objetos.
Desenvolvimento da mão
– No terceiro ano de vida, a criança precisa explorar as mãos, seja com
massinhas e outros objetos que trabalhem essa habilidade. Daí que entre
os 3 e 4 anos, nós começamos a desenvolver linhas horizontais e
verticais. A gente percebe que os pequenos demonstram uma exploração que
pende mais para essas formas. Seus desenhos passam a adotar contornos
mais definidos.
Pontilhados para aprimorar os movimentos
– No quinto ano de vida, as crianças podem trabalhar com pontilhados
para aperfeiçoar os movimentos. Já no sexto ano de vida, o pequeno pode
ser apresentado à letra cursiva para começar a exercitar movimentos um
pouco mais complexos.
Importante saber
A
criança que acaba sendo alfabetizada com letra cursiva, tem a tendência
de errar menos questões ortográficas, porque o pequeno tem uma memória
motora melhor do que quando ele escreve com outro tipo de letra.
Quando
estamos passando pelo período de alfabetização infantil temos duas
fases distintas, uma em que é ensinado o uso da letra de forma (também
chamado de letra bastão) e outro momento em que é ensinado a letra
cursiva (conhecida também como letra de mão).
De
forma geral, o processo é sempre o mesmo, primeiro é ensinado a formar
palavras na letra de fôrma e depois se faz a migração da letra de mão,
que é usada até o final do ensino médio.
É
ideal que o aprendizado da letra cursiva seja introduzido aos alunos
apenas depois de alfabetizados. Assim eles podem se concentrar mais nas
curvas e desenhos das letras sem ter que se preocupar tanto com a
construção das palavras.
Mas nesse mundo
totalmente tecnológico, onde as crianças nascem coladas nessa
tecnologia, o aprendizado da letra cursiva, será que ainda é importante?
Com
o avanço da tecnologia e com as crianças sendo introduzidas a ela cada
vez mais cedo, está aumentando a discussão sobre a necessidade da letra
de mão durante a alfabetização.
Conclusão
Podemos
concluir, que alguns educadores acabam defendendo a ideia de que a leta
cursiva é muito importante para melhorar a coordenação motora das
crianças.
Uma atividade cientificamente comprovada, onde é mostrado a melhora constante da coordenação.
A letra cursiva também melhora na disciplina das crianças, pois é preciso manter o foco para desenvolver esta escrita.
Não podemos esquecer que muitos documentos exigem a letra cursiva, principalmente a assinatura.
E muitos documentos exigem uma assinatura tradicional, havendo a necessidade de saber escrever com a letra cursiva.
O
fato é que, as crianças não precisam ser obrigadas a fazer a letra
cursiva, elas precisam compreender todas as letras que forem
apresentadas na vida escolar.
A criança
deve ficar à vontade para fazer a letra que achar melhor, para fazer a
letra que tiver mais habilidade, não esquecendo de que ela precisa ler
todos os tipos de letras, este ponto é fundamental.
Um
fator, que preocupa principalmente os pais dos alunos, que não estão
acostumados com os novos métodos de ensino apresentados nos dias atuais e
podem achar que os filhos estão “aprendendo menos”, por isso a
importância de explicarmos como podemos ajudar nossos alunos superar
essas dificuldades e com a ajuda dos pais fazer com que os alunos
aprendam todas as letras.
Yudhisthira Maharaja disse: "ó Madhusudana, ó matador do demônio Madhu, qual o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Asvhina (set/out)? Por favor descreva suas glórias para mim." O Senhor Supremo, Sri Krishna, respondeu: "Este dia santo é chamado Indira Ekadashi. Se uma pessoa jejua nesse dia, todos seus pecados são erradicados e seus antepassados que caíram no inferno são liberados. ó melhor dos reis, quem simplesmente ouve sobre este Ekadashi obtém o mérito acumulado por realizar um sacrifício de cavalo.
Na Satya-yuga vivia um rei chamado Indrasena, que era tão poderoso que destruiu todos seus inimigos. O glorioso e altamente religioso Rei Indrasena cuidava bem de seus súditos, e portanto era rico de filhos, netos, ouro e grãos. Era muito devotado a Sri Vishnu também. Gostava especialmente de cantar Meu nome, clamando "Govinda! Govinda!" Desta maneira o Rei Indrasena sistematicamente se dedicava à vida espiritual pura e passava muito tempo meditando na Verdade Absoluta.
Certo dia, enquanto o Rei Indrasena alegre e tranquilamente presidia sobre sua assembléia, o orador perfeito, Narada Muni, foi visto descendendo do céu. O rei ofereceu a Devarishi Narada, o santo entre os semideuses, grande respeito, saudando-o com as palmas juntas, convidando-o ao palácio, oferecendo-lhe um assento confortável, lavando seus pés, e falando palavras doces de boas-vindas. Então Narada Muni disse para Maharaja Indrasena: "ó rei, as sete partes de vosso reino estão prosperando? Vossa mente está absorvida em pensar como podeis realizar vosso dever ocupacional? E estais ficando mais e mais devotado ao Senhor Supremo, Sri Vishnu?"
O rei respondeu: "Por tua bondosa graça, ó maior dos sábios, tudo vai bastante bem. Hoje, só pela tua presença todos sacrifícios em meu reino tem sucesso! Por favor mostra-me misericórdia e explique a razão para tua visita até aqui."
Sri Narada, o sábio entre os semideuses, então disse: "ó leão entre os reis, ouvi minhas espantosas palavras. Quando descendi de Brahmaloka a Yamaloka, o Senhor Yamaraja louvou-me mui afavelmente e ofereceu-me um excelente assento. Enquanto eu glorificava sua veracidade e maravilhoso serviço ao Senhor Supremo, notei vosso pai na assembléia de Yamaraja. Embora fora muito religioso, porque quebrou um jejum de Ekadashi prematuramente, teve que ir para Yamaloka. Vosso pai deu-me uma mensagem para vos entregar. Disse: "Em Mahishmati vive um rei chamado Indrasena. Por favor conte-lhe sobre minha situação aqui - que devido a meus atos pecaminosos passados de alguma maneira fui forçado a residir no reino de Yamaraja. Por favor dê a ele esta minha mensagem: "ó filho, tenha a bondade de observar Indira Ekadashi e dar muita caridade para que eu possa me elevar ao céu." (2)
Narada continuou: "Só para entregar esta mensagem, ó rei, vim até aqui. Deveis ajudar vosso pai observando este jejum de Indira Ekadashi. Pelo mérito acumulado, vosso pai irá para o céu."
O Rei Indrasena perguntou: "ó grande Naradaji, por favor seja misericordioso e me diga especificamente como observar um jejum no Indira Ekadashi, e também conte em que mês e que dia ocorre." Narada Muni respondeu: "ó rei, por favor ouvi enquanto vos descrevo o processo completo de observar Indira Ekadashi. Este Ekadashi ocorre durante a quinzena obscura do mês de Ashvina. No Dashami, o dia antes do Ekadashi, acordai cedo pela manhã, tomai banho, e depois façai algum serviço para Deus com plena fé. Ao meio-dia, tomai banho novamente em água corrente e depois oferecei oblaçöes a vossos antepassados com fé e devoção. Certificai-vos de não comer mais que uma vez naquele dia, e à noite dormi no chão.
Quando acordardes na manhã do Ekadashi, limpai vossa boca e dentes esmeradamente, e depois com profunda devoção pelo Senhor fazei este voto sagrado: "Hoje irei jejuar completamente e abandonar todos tipos de gozo dos sentidos. ó Suprema Personalidade de Deus, infalível e de olhos de lótus, por favor conceda-me refúgio a Teus pés de lótus." Ao meio-dia, postai-vos de pé diante de Sri Shalagrama-shila (3) e adorai-O fielmente, seguindo todas regras e regulaçöes, depois oferecei oblaçöes a vossos antepassados. Em seguida, alimentai brahmanas qualificados e oferecei-lhes alguma caridade conforme vossos meios. Agora tomai o alimento oferecido aos vossos antepassados, cheirai-o, e depois oferecei-o a uma vaca. Em seguida, adorai o Senhor Hrshikesha com incenso e flores, e finalmente, permanecei acordado a noite toda perto da Deidade de Sri Keshava.
Cedo na manhã do dia seguinte, Dvadashi, adorai Sri Hari com grande devoção e convidai brahmanas para um suntuoso banquete. Então alimentai vossos parentes, e finalmente tomai vossa refeição em silêncio. ó rei, se observardes estritamente um jejum no Indira Ekadashi desta maneira, com os sentidos controlados, vosso pai certamente será elevado à morada do Senhor Vishnu." Após dizer isso, Devarishi Narada imediatamente desapareceu.
O Rei Indrasena seguiu as instruçöes do grande santo perfeitamente, observando o jejum na associação de seus parentes e servos. Ao quebrar o jejum no Dvadashi, flores caíram do céu. O mérito que Indrasena ganhou por observar este jejum salvou seu pai do reino de Yamaraja e fez com que obtivesse um corpo completamente espiritual. De fato, Indrasena o viu subir para a morada do Senhor Hari no dorso de Garuda. O próprio Indrasena foi capaz de governar seu reino sem quaisquer obstáculos, e em tempo entregou o reino para seu filho e também foi para Vaikuntha.
ó Yudhishthira, estas são as glórias do Indira Ekadashi, que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Ashvina. Quem quer que ouça ou leia esta narrativa certamente desfrutará da vida neste mundo, será libertado de todos seus pecados passados, e na morte retorna ao lar, de volta para Deus, onde vive eternamente."
Assim terminam as glórias do Ashvina-krsna Ekadashi ou Indira Ekadashi, do Brahma-vaivarta Purana.
Notas:
1) As sete partes do domínio de um rei são o próprio rei, seus ministros, seu tesouro, suas forças militares, seus aliados, os brahmanas, os sacrifícios realizados em seu reino, e as necessidades de seus súditos.
2) Toda entidade viva é um indivíduo, e individualmente todos tem que praticar consciência de Krishna para retornar a Deus. Conforme declarado no Garuda Purana, quem está sofrendo no inferno não consegue praticar consciência de Krishna, porque isto requer paz metal, que as torturas do inferno tornam impossíveis. Se um parente de um pecador sofrendo no inferno der alguma caridade em nome do pecador, este pode deixar o inferno e entrar nos planetas celestiais. Mas se o parente do pecador observar este jejum de Ekadashi em prol de seu familiar sofredor, este vai diretamente para o mundo espiritual, conforme declara este capítulo.
3) Sri Shalagrama-shila é uma Deidade do Senhor Vishnu na forma de uma pedra lisa, redonda e escura. Devotos adoram-No para obter liberação. A origem de Shalagrama-shila é descrita no Padma Purana, Uttara Khanda.