terça-feira, 21 de março de 2023

Afinal: Você sabe o que é Psicodrama?


Moreno

Participei do 20º Congresso Brasileiro de Psicodrama, neste ano (2016), que foi realizado dentro de uma universidade na cidade de São Paulo. Num dos intervalos, ao pegar um café, uma pessoa que não estava participando do evento olhou para mim e disse — Posso te perguntar o que é Psicodrama? Eu não sei. Sou da universidade e estou vendo que você está no congresso –. Claro que pode! — respondi com a maior alegria. Veja, quando encontro pessoas que querem saber mais do meu trabalho fico muito contente! Mas, você saberia responder para essa pessoa? O que você sabe sobre esta linha psicológica? Nas linhas abaixo te explicarei o básico e te desafio a pensar se não é algo que pode te ajudar em algum momento da vida.

O que é?

O Psicodrama é uma maneira, um método, de cuidar do ser humano, que visa resgatar a sua espontaneidade e criatividade através da ação. Foi Jacob Levy Moreno (1.889–1.974), um médico romeno, quem criou o Psicodrama. Ele entendeu que todos nascemos espontâneos e criativos, mas que ao longo da vida podemos ter experiências que travam essas características. Ele descobriu que através da utilização de métodos e técnicas vindos da Psicologia, do Teatro e da Sociologia podemos recuperá-las e treinar respostas adequadas, novas e mais elaboradas para as questões que a vida nos impõe. É uma ação transformadora das relações inter e intrapessoais. No Psicodrama somos convidados a co-criar a nossa história, nossos conflitos, nossas emoções, e representá-los no aqui e agora, podendo ser tanto individualmente como com a participação de um grupo.

Como funciona?

O Psicodrama acontece num palco ou num cenário com a presença do diretor (coordenador do grupo ou do atendimento individual), dos ‘egos auxiliares’ que são os profissionais que auxiliam o diretor, e do protagonista. Eventualmente haverão outras pessoas se for um Psicodrama em grupo, ou uma plateia se for um Psicodrama Público. Os participantes de uma sessão de Psicodrama passarão por 3 fases: aquecimento, dramatização e compartilhamento. O aquecimento pode acontecer com jogos dramáticos, conhecimento do grupo, ou alguma atividade guiada pelo diretor. A dramatização é a parte central, e pode ser uma encenação de uma relação familiar conflituosa ou de uma relação profissional como a de um vendedor que não está sabendo como lidar com um cliente, por exemplo. Ao final, no compartilhamento, os participantes expressam o que sentiram, os insights que tiveram ou se já passaram por situações semelhantes.

Psicodrama em grupo

Simplificando um pouco, para facilitar teu entendimento, poderíamos dizer que o Psicodrama parece bastante com um jogo de faz de conta. Nós, seres humanos, temos a capacidade de realizar ações simbólicas, de representar outros papeis, e o Psicodrama usa como instrumento central essa ação simbólica, ou jogo de faz de conta, ou dramatização, na qual tudo é possível em um ambiente controlado e seguro. Podemos vivenciar qualquer tipo de emoção, qualquer situação real ou as fantasias mais complexas ou absurdas. Podemos ressignificar situações já vividas, ou podemos simular encontros que ainda não aconteceram. No jogo de faz de conta pode-se matar, pode-se morrer e pode-se nascer. Podemos nos colocar no papel dos nossos inimigos ou amigos, do nosso cônjuge, de algum familiar, ou de qualquer pessoa com a qual estejamos nos relacionando como, por exemplo, chefes, colegas, subordinados e clientes.

Onde acontece?

Diferentemente de outras abordagens psicológicas, o Psicodrama não conhece fronteiras e acontece em diversos locais privados ou públicos, como nos setores da Educação, da Saúde, em empresas, em projetos sociais, nas ruas e espaços públicos — como nos Centros Culturais de São Paulo e Diadema — em escolas formadoras de Psicodrama e nos consultórios dos Psicodramatistas.

Quais são os tipos de Psicodrama?

Existem dois tipos: o Psicodrama Clínico e o Sócio-Educacional.

O Psicodrama Clínico trabalha com o papel privado dos indivíduos, ou seja, com a própria pessoa. É geralmente realizado — mas não limitado a isso — em um consultório, e pode ser individual ou em grupo. Aborda as questões que afligem os indivíduos nas suas mais diversas variações: relacionamentos, inseguranças, transtornos psíquicos, medos, etc.

O Psicodrama Sócio-Educacional, como o nome já indica, foca e desenvolve os papeis sociais e educacionais, por exemplo, o papel de estudante ou o papel profissional. Aplicado em empresas, permite ao grupo em questão meditar sobre suas relações e responsabilidades, o que favorece a conscientização de fatores que possam disparar ações e mudanças. Nesse caso, o principal objetivo é otimizar ou ressignificar a atuação dos colaboradores em seus respectivos papeis dentro da organização, criando um mindset apropriado para o desempenho desses papeis.

Quais são os benefícios?

São inúmeros os benefícios que o Psicodrama pode nos proporcionar. Não somente no âmbito pessoal — superação da timidez, autoconhecimento, desbloqueios emocionais, transformação de comportamentos, melhora da convivência com o próximo, entre outros — mas também no âmbito social, como os trabalhos realizados para ajudar os imigrantes a lidar com sua nova realidade de vida, ou com os adolescentes da Fundação CASA para ajudá-los a não reincidir.

Se você ainda não participou de nenhuma sessão, te convido a vivenciar essa experiência ímpar. Segue minha página no Facebook no qual normalmente informo as diversas oportunidades que se apresentam, seja para atendimento no meu consultório ou para participar de Psicodramas Públicos pelo Brasil. E visite também o site da Federação Brasileira de Psicodrama.

fonte: 


Obrigado pela visita, volte sempre.

segunda-feira, 20 de março de 2023

Ramayana: A História do Rei Rama


Ramayana: A História do Rei Rama 01

recontado por Bhagavan Dasa

O épico mais querido de toda a Índia resumido e ricamente ilustrado.

“Cuidado! É aquele homem que furta aqueles que transitam pela rua à noite!”, era o que diziam as pessoas quando viam aquele homem de barba por fazer e de semblante sempre inamistoso. Não somente era dado a roubos, mas também carregava em sua história a morte de muitas pessoas. Devido a seu comportamento criminoso, seus olhos não tinham brilho, e seu falar também desconhecia palavras agradáveis.

Um dia, porém, um grande santo, de nome Narada Muni, apiedou-se daquele homem. Narada Muni, em suas vestes de cor de açafrão e voando pelo céu com seu inconfundível instrumento musical, foi até aquele pobre homem e com ele conversou. “Vê como é triste tua situação. As pessoas veem tua pessoa e se afastam temerosas. Contudo, tenho a cura para a má índole de tua pessoa: apenas canta o nome do Senhor Supremo, aquele que ama todas as entidades vivas, em decorrência do que teu coração purificar-se-á! Canta ‘Rama! Rama! Rama!’. Verás como teu coração há de revelar-se limpo como um lago de cisnes!”.

A instrução desagradou aquele homem. “Minha vida sempre foi marcada por muitas mortes, que ligação tenho com o nome do Senhor Supremo, o amigo de todas as entidades vivas?”. Narada Muni, neste momento, mudou destramente seu pedido. Ele disse: “Já que encontras prazer em matar, canta o nome do semideus da morte: Mara”. O homem caído aceitou o pedido do santo, e cantava ao longo do dia: “Mara! Mara! Mara!”. Porém, aquilo era um truque do grande sábio Narada! Ao cantar encadeadamente MaraMaraMaraMara, aquele homem terminava por trocar as sílabas e cantava o nome de Deus: maRamaRamaRama. Assim, pela misericórdia combinada do representante de Deus e de Deus na forma de Seu nome, aquele coração se tornou puro.

Cantando o santo nome do Supremo Senhor Rama, ele entrou em profunda meditação. Tão entregue ele ficou à sua meditação, que as formigas próximas a ele julgaram que ele era uma árvore, e construíram um formigueiro sobre ele. Quando acordou de sua meditação e saiu do formigueiro, todos passaram a chamá-lo de Valmiki, “aquele que saiu do formigueiro”. Com seu coração completamente purificado, Valmiki então cumpriu a missão que lhe foi conferida: contar as glórias do Senhor Supremo, o Senhor Rama, no livro Ramayana.

O Ramayana é um livro muito antigo e muito aclamado, o qual versa sobre uma encarnação, ou avatar, de Deus, o Senhor Supremo. Essa encarnação, conhecida como Ramachandra, ou simplesmente Rama, veio à Terra muito tempo atrás. Enquanto mostrava o comportamento de um rei ideal e santo, Sua vida Se encontrou com grandes tribulações, atos de heroísmo e romance.

Esta história descreve as maravilhosas qualidades de Rama. Porque Rama era completamente puro e o verdadeiro amigo de todos, o povo do reino de Seu pai estava ansioso pelo dia em que seria coroado o próximo rei. Porém, Rama não foi coroado em virtude dos arranjos de uma invejosa mulher. Em vez de Se tornar o rei, Rama foi exilado na floresta por muitíssimos anos. Durante Sua residência na selva, onde morou com Seu irmão Lakshmana e Sua esposa Sita, um demônio terrível, Ravana, o demônio de dez cabeças, raptou Sua amada consorte, Sita. Residir fora de Seu reino era-Lhe fácil, mas Rama muito sofreu ante a perda de Sua esposa. Como Ramachandra poderia resgatar Sua esposa morando na floresta, sem exército algum? Para resgatar Sua amada esposa, Ramachandra buscou a ajuda de uma raça de macacos inteligentes, e um grande embate se fez acontecer… Porém, é melhor começarmos do princípio.

O Nascimento e os Estudos do Senhor Rama

Muito tempo atrás, existiu um rei chamado Dasharatha. Da cobertura de seu palácio, Dasharatha observava seu reino magnífico, Ayodhya. Reis e príncipes entravam no palácio para pagar seus impostos, e, ao longe, o rei via os cidadãos cavalgando pelas estradas impecáveis. Outros cidadãos se encontravam sentados nas praças repletas de árvores de manga e canteiros de flores multicoloridas. Pairando acima da cidade, o rei via também os aeroplanos de ouro das esposas dos semideuses.

Apesar de tudo isso, o rei era um homem taciturno. Dasharatha era filho, neto e bisneto de grandes reis, e sua família tinha início no grande rei Manu, que havia criado toda aquela cidade planejada. Quando Dasharatha pensava nos reis que vieram antes dele em sua família, ele apenas se entristecia ainda mais.

O esmorecimento de Dasharatha se devia ao fato de o não destino não o haver presenteado com sequer um descendente. Por algum motivo desconhecido, nenhuma de suas esposas concebia. O rei, em sua aflição, convocou por fim os sábios da cidade de modo a ouvir seus conselhos em relação ao que poderia ser feito diante daquela realidade perturbadora. Os sábios tinham uma solução. O melhor dos sábios disse: “Prezado rei Dasharatha, sei que Vossa Majestade terá um grande filho em breve. Tudo já está sendo arranjado pelo Controlador Supremo. Para que o filho de Vossa Majestade nasça sem mais demora, faremos uma cerimônia às margens do rio Sarayu. Vossa Majestade não deve experimentar mais nenhuma ansiedade”.

O rei providenciou tudo o que era necessário para a cerimônia, e o fogo sagrado foi aceso pelos sábios competentes. Depois que tudo havia sido realizado com perfeição, o rei ficou aguardando por algum sinal divino. A cerimônia fracassara? Aquela cerimônia oferecida a Deus era a última esperança do monarca. Nem mesmo assim conseguiria um filho?

Repentinamente, do fogo sagrado, uma personalidade magnífica surgiu. Brilhando como o Sol da tarde, aquela personalidade disse: “Rei Dasharatha. Sou um mensageiro dos céus e trago a nova de que Deus está contente com a sinceridade e os esforços de Vossa Majestade. Deus descenderá pessoalmente como o filho mais novo de Vossa Majestade e, não apenas isso, virá ainda com três associados, os quais serão os três filhos mais novos de Vossa Majestade”.

O mensageiro entregou ao rei uma pequena tigela de arroz-doce. “Peça às esposas de Vossa Majestade que comam este arroz, fazendo o que hão de engravidar, e o reino de Vossa Majestade terá príncipes para darem continuidade à linhagem real”.

O rei Dasharatha era um novo homem, agora regozijante. Com os préstimos de personalidades piedosas, obteve a bênção de ver suas esposas grávidas. Transcorrido algum tempo, nasceu o pequeno Ramachandra, bem como Seus três irmãos, chamados Lakshmana, Shatrughna e Bharata.

À medida que cresciam, os jovens revelavam-se possuidores de todas as boas qualidades. Rama era especialmente notável: não obstante habilidoso como um tigre e elegante e imponente como um leão, era sereno como um lago, humilde como a grama e sábio como um livro antigo.

Os jovens aprenderam com diferentes professores como utilizar armas para a defesa dos inocentes, e educaram-se também na ciência da distribuição de alimentos para a população. Os príncipes aprenderam principalmente como transmitir ao povo valores religiosos. Nenhum rei pode impedir que os cidadãos de seu reino morram, daí a obrigação do rei de educar as pessoas no caminho religioso, caminho este condutor à imortalidade, à liberdade do ciclo de nascimentos e mortes.

Os Heróis de Ayodhya

Quando Rama e Lakshmana eram ainda bastante jovens, o sábio Vishvamitra pediu a ajuda deles. O rei Dasharatha considerava seus filhos ainda muito jovens para atuarem em combate, mas Vishvamitra insistiu: “Dasharatha, Vossa Majestade não sabe que Rama é o Senhor Supremo? Vossa Majestade nada deve temer. Ele certamente poderá nos ajudar sem qualquer dificuldade”.

O sábio Vishvamitra, na companhia de outros grandes mestres espirituais, estava tentando realizar um sacrifício em adoração a Deus, mas poderosos demônios comedores de carne sempre perturbavam suas cerimônias. A meta das práticas religiosas era trazer paz para o mundo, mas, sempre que se dava o ocaso do Sol, os demônios atacavam e poluíam o local das práticas religiosas jogando ali diversas impurezas, como sangue e ossos.

Rama e Lakshmana haviam sido muito bem treinados no uso de armas para protegerem as pessoas santas e de boa conduta. Assim, Rama e Lakshmana foram até os sábios carentes de sua ajuda. Uma vez lá, sem qualquer dificuldade, atiraram os demônios dentro do mar ajudando-se de seus arcos e flechas.

O Grande Casamento

Dasharatha desejava encontrar esposas adequadas para seus filhos, visto que uma mulher educada e um homem religioso é uma excelente combinação. O sábio Vishvamrta sabia do desejo que Dasharatha tinha de casar seus filhos, em virtude do que, depois que Rama e Lakshmana salvaram os sábios da ameaça às suas práticas religiosas, Vishvamitra os levou ao reino de Mithila. Nesse reino, o rei santo chamado Janaka apresentaria um desafio para escolher um cônjuge para a sua filha Sita. O desafio apresentado era que o homem a desposar sua filha, que era perfeita em tudo o que fazia, tinha de ser forte o bastante para erguer um arco gigantesco. Além de erguer esse arco colossal, antes pertencente a Shiva, o príncipe que aceitasse o desafio teria de encordoar o arco.

O arco era magicamente pesado – com efeito, tão pesado era esse arco que eram necessários trezentos homens para puxar a caixa onde ele ficava guardado. O rei Dasharatha sabia o quanto sua filha Sita era especial, daí o estabelecimento de um desafio tão árduo. Até aquele dia, ninguém fora capaz sequer de erguer o arco. Ninguém exceto a própria Sita, que uma vez fora vista levantando o arco despreocupadamente para remover a poeira debaixo dele…

Naquela cerimônia do desafio de erguer o arco e encordoá-lo, muitos fracassaram, alguns de maneira muito vergonhosa. Por fim, Rama colocou-se em direção ao arco. Sem qualquer esforço, ergueu o arco, para o assombro da plateia. Não apenas ergueu o arco sem qualquer dificuldade, mas o dobrou tanto para colocar a corda que a arma se partiu ao meio.

O grande estalo produzido pela quebra do arco fez todos na assembleia caírem para trás. Sita, muito feliz com o esposo que acabara de ganhar sua mão, mostrou sua felicidade obsequiando Rama com uma guirlanda de flores frescas.

Esposas também foram selecionadas para Lakshmana e para os outros dois filhos do rei Dasharatha. Um belo casamento, com cerimônia de fogo, foi organizado para os quatro casais.

Rama é a Suprema Personalidade de Deus, e Sita é a Deusa da Fortuna, o aspecto feminino de Deus. Eles pareciam estar se casando naquele evento, mas, em verdade, o relacionamento entre os dois é eterno.

Casado, o Senhor Ramachandra retornou com todos para o Seu reino, Ayodhya, onde os dias passaram alegremente. O rei Dasharatha, já idoso, decidiu aposentar-se das obrigações reais e transmitir a coroa para Rama, dado que este carregava em Si todas as qualidades de um líder perfeito: virtuoso, justo, autocontrolado, preocupado com o bem-estar alheio. A cidade regozijou-se com a nova e fez preparações para o grande festival.

A Invejosa Kaikeyi

“Passe as bandeirinhas por aqui”. “Por que não colocamos estas folhas de bananeira mais para cá, junto com as folhas de mangueira?”. “Quem está fazendo as guirlandas de flores para os sábios?”. “Vistes como será a guirlanda de flores de Sita? Lindíssima combinação de cores!”. “Mal posso esperar para ver a roupa que ela estará usando no dia!”.

Imenso era o entusiasmo dos cidadãos para o grande dia em que Rama seria entronizado. Aquele seria o maior e mais memorável festival de todos os tempos. Mulheres, idosos, crianças – todos ajudavam para que o reino de Ayodhya estivesse belíssimo para o dia tão esperado.

Alguém, entretanto, não ficou contente com o fato de a coroa ser dada ao Senhor Rama. Esse alguém descontente era a rainha Kaikeyi, influenciada pela má companhia de sua invejosa criada corcunda.

O rei Dasharatha possuía três esposas, o que era comum em tempos remotos devido a existirem mais mulheres do que homens, uma consequência de muitos homens morrerem em guerras, então muito frequentes. Kaikeyi era a esposa mais nova de Dasharatha e também sua favorita, e queria que seu próprio filho fosse coroado, e não Rama. Kaikeyi, ao ser lembrada por sua invejosa criada que o rei devia a ela dois favores, não hesitou antes de pedir-lhe tais favores naquele momento. Quando Dasharatha viu sua amada esposa descontente, disse que atenderia seus pedidos de imediato. Ela, então, pediu: “Concede-me o favor de que meu filho Bharata seja coroado rei em vez de Rama, e obriga Rama a morar na floresta por doze anos, de modo que não tente tomar o reino de meu filho!”.

Dasharatha não podia voltar atrás na promessa que havia feito de conceder dois favores a Kaikeyi, e Kaikeyi não abriria mão do desejo orgulhoso e egoísta de ver o seu filho como o rei. O coração de Dasharatha pareceu partir-se ao meio. Rama, entretanto, aceitou o exílio na floresta sem qualquer lamentar, visto que Seu prazer repousava no cumprimento do dharma, no cumprimento do dever, que agora o chamava a honrar a palavra de Seu pai. Seu irmão Lakshmana e Sua esposa, Sita, insistiram em acompanhá-lO para a floresta por todos os doze anos que lá teria de residir. Kaikeyi, ansiosa pela partida deles o mais breve possível, providenciou rapidamente vestes de casca de árvore para os três.

Tamanho era o amor do povo de Ayodhya pelo Senhor Rama que queria deixar a cidade e ir morar na floresta com Ele, Seu irmão e Sua esposa, motivo pelo qual o povo seguiu Ramachandra até a entrada da floresta. Quando caiu a noite e todos se viram adormecer, Sita, Rama e Lakshmana valeram-se da oportunidade e partiram escondidos para a selva. De outro modo, o povo de Ayodhya jamais os deixaria.

Floresta e Demônios

Após cruzarem um rio, finalmente estavam na floresta, tendo deixado para trás todos os amigos e parentes a fim de cumprirem a palavra de Dasharatha. Ao chegar à floresta, Rama estava pesaroso em razão de ver Sita em um lugar tão inóspito, mas estava contente de estar fazendo o que sabia ser Sua responsabilidade religiosa para com Seu pai. Ouvindo os sons da floresta, Rama pensou: “O som que ecoa por esta floresta é de canto de pássaros, gritos de macacos, bramir de ursos e rugir de tigres. O som que se espalha agora em Ayodhya certamente é o som do choro dos homens virtuosos e das mulheres castas, mas todos têm que viver seu destino”.

De vagar, os três entraram pela floresta conhecendo onde teriam de viver pelos próximos anos. Sita caminhava protegida no meio dos dois irmãos guerreiros.

Não demorou até se encontrarem com o primeiro grande perigo de sua residência na floresta, um indício de que seriam doze anos exigentes de muitas superações pessoais. O primeiro demônio que encontraram foi o terrível Viradha, que tinha uma aparência monstruosa e trazia cabeças de animais amarradas em sua lança. Cheio de vaidade, Viradha disse a Rama e Lakshmana: “Meu nome é Viradha, o terrível comedor de pessoas desta floresta. Para vosso bem, ide embora imediatamente. Não ouseis confrontar-me, pois sou imortal a qualquer arma que exista neste mundo! Dai-me a princesa e vos deixarei irdes! Tê-la-ei como minha esposa e ficarei contente”.

Rama exasperou-se, e Seus olhos enrubesceram-se como sangue. “Tolo patético!”, disse Rama. “Certamente anelas residir na morada da morte. Portanto, hei de te enviar para lá sem delonga!”. Após dizer estas palavras com a voz de um trovão, Rama atirou contra o demônio sete flechas douradas, libertando-o de sua perversidade.

Terminado o episódio de salvação do demônio Viradha, Lakshmana construiu uma choupana para Sita e Rama, onde todos eles viveram uma vida simples e humilde por muitos anos. Os sábios e mestres espirituais da floresta próxima à choupana frequentemente visitavam-nos e pediam proteção contra terríveis demônios que se revelavam obstáculos na vida religiosa deles. Rama e Lakshmana jamais eram violentos por paixão ou em defesa de seus interesses pessoais, mas estavam prontos para punir com suas armas os transgressores da retidão escritural.

Um dia, uma demônia chamada Surpanakha passava por acaso por perto da choupana. Escondida atrás das árvores, desejava que Rama fosse seu esposo, e não de Sita. Quando a demônia se ofereceu a Ramachandra para ser sua nova consorte, o Senhor Rama recusou-Se, porque havia feito o voto de ser completamente fiel a Sita, Sua única e amada esposa. Ramachandra, em tom de troça, ofereceu a disforme demônia ao seu irmão. Ramachandra disse a ela: “Por que não te casas com o Meu irmão? Ele é um ‘ótimo partido’! Vê como é forte e garboso”. Lakshmana jamais se atrairia por uma mulher de natureza invejosa e mundana, mas se permitiu participar da brincadeira de Rama e disse: “Não sou um ‘partido’ tão bom assim. É melhor te casares mesmo com meu irmão, que é infalível e amado por todo o universo”. Surpanakha irritou-se com o motejo e tentou atacar Sita, mas Lakshmana prontamente atacou Surpanakha para defender a princesa.

Ferida por Lakshmana, Surpanakha primeiramente recorreu ao seu irmão Khara, que tinha um grande exército à sua disposição. Khara, vendo como Lakshmana ferira sua irmã em defesa de Sita, decidiu vingar-se e enviou quatorze demônios guerreiros para matarem os três humanos. Ao ser informado de que Rama havia matado todos os guerreiros enviados, Khara reuniu seu exército e saiu disposto a pelejar pessoalmente. No caminho, vários sinais apareceram a Khara indicando que o que estava prestes a fazer era inapropriado – um abutre voava sobre sua quadriga, chacais uivavam, mas ele ignorou todos esses agouros.

Quando Khara chegou onde estavam Sita, Rama e Lakshmana, Lakshmana se encarregou de proteger Sita, e Rama colocou-Se imediatamente em postura de batalha contra Khara e seu exército. As tropas de Khara, seus cavalos, seu quadrigário, seu arco e sua quadriga foram todos destruídos. O próprio Khara então duelou com Rama, tentando matá-lO atirando grandes árvores contra Ele, mas Rama derrotou facilmente o demônio.

Surpanakha, entretanto, não desistiria de sua determinação de conseguir Rama como seu esposo.

Ravana, o Demônio de Dez Cabeças

Surpanakha foi ao seu irmão mais velho, de nome Ravana, o mais cruento de todos os demônios. Surpanakha não apenas relatou em prantos a seu irmão Ravana sobre como Lakshmana a havia atacado e sobre a morte de seu irmão Khara, mas também informou Ravana que Sita era a mulher mais bela de todos os três mundos. Ela acreditava que, caso Ravana raptasse Sita para ele, ela poderia, por fim, ficar com o Senhor Rama. Ravana, o terrível demônio de dez cabeças, era famoso por haver derrotado os residentes dos planetas superiores, os semideuses. Ravana era conhecido também por seu comportamento terrível de raptar esposas e princesas de todo o universo para si. Ravana, após ouvir as palavras de sua irmã, foi tomado por um ensandecedor desejo de assenhorear-se de Sita.

Ravana foi para a floresta e, por acaso, encontrou um ex-demônio chamado Maricha. Maricha, curiosamente, era um daqueles demônios que Rama atirara com Suas flechas para dentro do mar em proteção aos sábios em Sua primeira atividade bélica. Em decorrência do contato com o adorável Senhor Rama, Maricha decidira abandonar suas atividades demoníacas e tornar-se um sábio, mas Ravana desrespeitou a decisão de Maricha e o obrigou a fazer parte de seu plano para raptar Sita. Ravana obrigou Maricha a se transformar, lançando mão de seus poderes místicos, em um veado dourado para ajudar seu plano nefasto. Quando Maricha tentou recusar, Ravana disse que o mataria. Nessa situação, Maricha decidiu que seria melhor ser morto por Rama do que por Ravana. Maricha então concordou em ajudar.

Em sua mente maligna, Ravana arquitetara um plano: “Maricha, como um veado dourado, místico e belo, passarás por perto da choupana de Sita, Rama e Lakshmana. Ao ver o veadinho, Sita certamente ficará deveras encantada com o animal e pedirá a seu esposo que capture o veadinho como um animal de estimação. Uma vez que os irmãos Rama e Lakshmana estejam atrás do veado pela floresta, Sita será deixada desprotegida, momento no qual poderei raptá-la para mim”.

Maricha fez como Ravana mandou e transformou-se em um lindo veado de pelos dourados. Sita de fato se encantou ao ver o veado, tal como Ravana esperou que ela faria, e Rama de fato concordou em adentrar a floresta de sorte a tentar capturar o veado, também precisamente como Ravana esperou. Mas Lakshmana suspeitava de algo por trás daquilo, em razão do que Rama solicitou a Lakshmana que permanecesse na choupana e guardasse a princesa.

Na floresta, Rama suspeitou da farsa e disparou uma flecha contra o veado místico. Maricha, atingido pela afiada seta, esforçou-se para gritar deitado ao chão prestes a morrer: “Socorro, Lakshmana! Socorro, Lakshmana!”. Maricha pediu socorro daquela maneira imitando perfeitamente a voz do Senhor Rama. Aquele era outro poder místico que Maricha possuía. Ouvindo aquilo, Sita implorou a Lakshmana que fosse logo ao encontro de Rama a fim de socorrê-lO.

Lakshmana sabia muito bem que seu irmão era a Suprema Personalidade de Deus, e que nada poderia acontecer com Ele. Sita, no entanto, estando muito aflita com os gritos de socorro que estava ouvindo, insistiu que Lakshmana fosse. Para que ele definitivamente fosse em direção àqueles gritos de socorro, ela o ofendeu dizendo que seu motivo para não querer partir em socorro de Rama era um desejo inconfesso de que Ele morresse de modo que pudesse ficar com ela para si próprio. Muito ressentido com aquela acusação mentirosa, Lakshmana concordou em deixar Sita e ir buscar Rama.

Lakshmana desenhou um círculo místico de proteção ao redor de Sita e da choupana e disse a Sita que ela não podia sair do círculo por nenhum motivo. Após fazer o círculo e instruir Sita desta maneira, partiu para encontrar Rama.

Ravana finalmente encontrou a oportunidade que esperava: Sita estava sozinha. Ravana foi até a choupana disfarçado de um sábio idoso e enfraquecido por falta de alimento.

Sita encheu-se de compaixão ao ver o homem faminto, pois seu coração era gentil como uma nuvem de chuva. Porém, para entregar o alimento ao “sábio”, Sita teve de dar um passo para fora do círculo de proteção criado por Lakshmana. Quando o fez, Ravana imediatamente revelou sua natureza verdadeira e agarrou Sita para obrigar a princesa a entrar em sua quadriga próxima dali.

Alto no céu voava a quadriga, com Sita gritando por socorro. Jatayu, um idoso abutre amigo do pai de Rama, tentou heroicamente socorrer Sita. Jatayu não era um pássaro comum, e atacou Ravana, destruindo com seu ataque a quadriga do demônio. Ravana, porém, atingiu Jatayu com muitíssimas flechas. Tanto o demônio de dez cabeças como o piedoso abutre caíram ao solo. Jatayu, infelizmente, caiu ao solo quase morto, e Ravana agarrou Sita e voou embora com ela, mesmo sem sua quadriga.

Amigos na Floresta

O terrível Ravana havia conseguido levar Sita do Senhor Rama, concretizando o horrendo plano que maquinara. Não encontrando Sita, Rama correu pela floresta lamentando-Se enquanto chamava o nome de Sita e perguntava se alguém sabia do paradeiro da jovem. Lakshmana errara por ter desobedecido à ordem de seu irmão. Envergonhado por seu erro, Lakshmana mantinha sua cabeça baixa. Tamanha era tristeza de todos pelo rapto de Sita, que mesmo os animais da floresta estavam imensamente tristes.

Enquanto isso, Ravana voou por cima do oceano e carregou Sita até o seu reino chamado Lanka, onde a deixou aprisionada em um pequeno bosque. Lá, Sita era vigiada por várias demônias. Ravana não se atrevia a tentar se aproveitar de Sita à força, uma vez que recebera uma imprecação. Esta dizia que se encontraria de imediato com a morte caso tentasse violar alguma mulher. Todavia, porque era deveras presunçoso, estava despreocupado, porquanto acreditava que logo conquistaria o coração de Sita através de seu charme masculino…

Rama e Lakshmana encontraram o pássaro Jatayu caído ao solo ferido muito gravemente.

Com os últimos suspiros de vida que restavam a Jatayu, contou aos dois irmãos que o demônio levara Sita em direção ao oceano. Rama e Lakshmana então partiram para a floresta em direção ao mar.

No caminho, os dois príncipes encontraram-se com um terrível monstro. Horrenda era sua aparência: era gigantesco, possuía um único olho e não tinha pescoço. Aquela existência terrível, entretanto, estava perto do fim. Uma vez morto pelo Senhor, a alma do monstro se livrou daquele corpo desprezível e subiu em direção aos planetas celestiais, onde residia anteriormente. Seu nome era Kadamba. Muito agradecido, ele disse a Rama enquanto ascendia luminoso aos céus: “Buscai pelo auxílio dos grandes macacos liderados pelo rei macaco Sugriva. Eles certamente vos podem ajudar”.

Muito acabrunhado estava Rama devido ao rapto de Sita, a única mulher que amou e amaria como esposa por toda a Sua vida. Malgrado a imensa tristeza que experienciava, seguiu, com o apoio de Lakshmana, procurando pelo rei macaco.

Quando os dois irmãos se aproximaram da caverna onde vivia Sugriva, ele os avistou de longe. Os dois irmãos pareciam dois residentes dos planetas celestiais, mas a espada de metal azul do Senhor Rama em Sua cintura, e Seu arco formidável apoiado em Seu ombro, deixaram Sugriva temeroso.

Sugriva subiu então a uma parte alta da montanha para ficar observando os dois. Para essa observação, Sugriva levou consigo seus macacos conselheiros. Depois de haver estudado por algum tempo aqueles dois príncipes à distância, Sugriva decidiu enviar Hanuman até eles a fim de descobrir o motivo de sua vinda.

Hanuman disfarçou-se de ser humano para poder se aproximar deles com mais segurança – Hanuman tinha muitos poderes místicos, haja vista que era filho do grande semideus Vayu. Hanuman perguntou a eles de onde vinham, e Lakshmana contou àquele magnífico macaco a história deles. Perto de Rama, Hanuman sentia que seu amor por Deus estava crescendo como nunca antes. Hanuman sentia como se fosse servo daquele rei Rama desde muitíssimo tempo. Na verdade, isso era fato, pois Rama é o Deus Supremo, e Hanuman, como uma alma pura, é o Seu servo eterno.

Hanuman, já em sua forma de macaco, curvou-se ante os pés de Rama.

Hanuman apresentou Rama e Lakshmana ao rei macaco Sugriva, e ali se fez visível uma grande amizade. Sugriva aceitou ajudar Rama a resgatar Sita, e Rama também Se dispôs a servir como pudesse.

O Resgate Tem Início

Um grupo de macacos foi enviado ao oceano, informados por uma testemunha de que Sita fora levada por cima do mesmo. Nesse momento, Hanuman tornou-se imenso e saltou do topo de uma montanha, voando pela imensidão do mar até a cidade de Ravana, em busca de Sita.

Os outros macacos não eram tão corajosos quanto Hanuman para tentar acompanhá-lo naquele salto incrível, logo apenas ficaram na praia desejando completo sucesso ao melhor dos macacos.

Tendo chegado à cidade de Ravana, Hanuman se fez pequeno, quase invisível, e andou pela cidade até encontrar Sita no pequeno bosque. Sita estava rodeada por demônias a vigiarem-na, mas elas estavam todas dormindo. A princípio, Sita suspeitou que Hanuman fosse outra pessoa enviada por Ravana para atormentá-la. Porém, Hanuman sabia como convencê-la de que ele também era um servo fiel de Rama, tal como ela. Ele descreveu as glórias de Rama, descreveu Rama corretamente como o Senhor Supremo e o verdadeiro benquerente de todas as entidades vivas e, por fim, mostrou a Sita o anel de Rama.

Hanuman, então, disse a Sita que ela tinha de subir sobre seus ombros para que a levasse de volta ao seu amado esposo, mas Sita recusou-se a tocar em Hanuman. Como a devota perfeita, Sita sabia de sua obrigação de dar o exemplo perfeito de castidade, e de modo algum tocaria em um homem diferente de seu esposo.

Hanuman, então, foi negociar com Ravana a liberdade de Sita. Como mensageiro de Rama, disse que Ravana deveria libertá-la imediatamente ou teria de arcar com as consequências. Os soldados de Ravana, nada obstante, não levariam a sério um mensageiro macaco, em virtude do que decidiram humilhar Hanuman. Eles agarraram a cauda de Hanuman e incendiaram-na, mas Hanuman não tolerou sem protesto. Hanuman não era orgulhoso, visto que era um servo de Deus, mas como foi ofendido enquanto atuava como mensageiro de Rama, atacou os agressores pela honra de seu Senhor. Usando como uma tocha a ponta de sua cauda incendiada, Hanuman colocou fogo na cidade de Ravana.

Incendiando a cidade, Hanuman disse: “Como todo reino ou empenho contrário à conduta divina, este reino de Ravana logo se encontrará com a destruição! Logo morrerá esse demônio que se atreveu a raptar Sita!”. Após dizer essas palavras, Hanuman saltou mais uma vez por sobre o oceano de modo a levar notícias ao Supremo Senhor Rama.

Muito contente ficou o Senhor Rama ao saber que Sua esposa estava viva e aguardando por Ele. Sita Lhe enviara uma lembrança. Hanuman disse: “Meu Senhor, Rama, Sita pediu que eu desse à Vossa Majestade este prendedor de cabelo que ela estava usando. Pegue, por favor; é de Majestade”. Rama apertou o prendedor de cabelo de Sita contra Seu peito. Tudo aquilo deu a Rama à força necessária para lutar contra Ravana e qualquer outro que Lhe cruzasse o caminho.

Rama tinha um exército de milhões de macacos fieis à Sua causa de resgatar a indefesa e amável Sita, mas como esse exército glorioso cruzaria o oceano? Como Rama é o Deus Supremo, todos os semideuses são obedientes a Ele. Portanto, o semideus das águas prometeu que faria boiar as pedras jogadas no mar com o nome de Rama, e assim seria possível a construção de uma grande ponte.

Os macacos trabalharam duramente para construir a ponte, carregando até a praia grandes pedregulhos, árvores e até montanhas! Uma vez pronta aquela ponte jamais vista, o exército de macacos marchou por ela com grande imponência.

Tempos de Guerra

Pela ponte marcharam Rama, Lakshmana e todo o exército de macacos. Eles marchavam já em formação militar, com Rama e Lakshmana à frente, e os macacos organizados em várias falanges atrás, alguns carregando pedras e alguns carregando árvores gigantescas. Os soldados macacos transmitiam confiança e empolgação uns aos outros dizendo: “Vamos destruir aquela cidade demoníaca! Nada sobrará de pé!”.

A cidade de Ravana acordou na manhã seguinte rodeada por milhões de soldados macacos. Ravana também tinha vastas tropas de demônios à sua disposição, e uma grande batalha aconteceu. A batalha prosseguiu violentamente por dias.

Hanuman se destacava no campo de batalha, ao lado de Rama e Lakshmana. Lakshmana lutava com grande habilidade com seu arco e flecha; a espada de lâmina azul do Senhor Rama tinha golpes rápidos e mortais; e a maça dourada e gigante de Hanuman era capaz de golpear inúmeros inimigos com um só golpe.

Quando Ravana percebeu que estava perdendo seus soldados mais importantes, ele decidiu que era o momento de desadormecer Kumbakarna de seu sono. Kumbakarna era irmão de Ravana – o irmão gigante de Ravana! No passado, esse gigante causara grande perturbação no universo porque comia muitíssimas pessoas. Os residentes dos planetas superiores amaldiçoaram Kumbakarna a dormir durante todo o ano, acordando apenas um dia ao ano para comer.

Kumbakarna dormia em uma caverna que era tão gigantesca quanto ele. Tropas de demônios entraram na caverna, tendo de tolerar o terrível hálito que partia da boca aberta do demônio, que roncava assustadoramente. Eles levaram baldes de sangue para alimentá-lo, e fizeram barulhos ensurdecedores. Ademais, as tropas de demônios que tinham de acordá-lo passaram com cavalos, camelos, elefantes e burros sobre seu peito.

Foi penoso despertar o gigante adormecido, mas quando Kumbakarna finalmente despertou de seu sono e juntou-se à batalha, ele aniquilava milhares de macacos com um mero golpe de sua imensa arma. Com sua mão enorme, Kumbakarna pegava vinte ou trinta macacos de uma vez e comia todos sem nenhuma piedade. Os macacos arremessavam pedras e topos de montanha contra ele, mas isso em nada abalava aquela pavorosa criatura.

Apenas Rama poderia deter mais aquele irmão de Ravana. Rama, então, em um ato de grande heroísmo, cortou um braço de Kumbakarna, então o outro, então suas pernas e, finalmente, sua cabeça.

Ravana, ante a morte de Kumbakarna, decidiu enviar Indrajit para a batalha, seu próprio filho. No topo de uma montanha, Indrajit ofereceu a um fogo sagrado diversos itens, como espadas, lanças e uma cabeça de bode. Nessa cerimônia demoníaca, o filho de Ravana obteve muitos poderes místicos para lutar.

Quando Indrajit chegou ao campo de batalha tendo pulado da montanha, ele colocou-se a atacar invisivelmente os soldados macacos. Milhares e milhares de macacos foram mortos pelas flechas de Indrajit. As flechas mortais pareciam surgir do vazio.

A contenda prosseguia furiosamente, e Rama e Lakshmana acabaram sendo feridos com grande gravidade por flechas especiais de Indrajit. Porque Rama, Lakshmana e Hanuman pareciam mortos, Indrajit considerou que a batalha havia acabado, e se retirou do campo de batalha com todas as tropas que o auxiliavam.

Os médicos macacos ali presentes disseram que nada estava perdido. Havia algumas ervas medicinais de uma montanha do Himalaia que poderia salvar os dois príncipes heroicos, e Hanuman certamente reuniria forças para ir buscar essas ervas de forma a salvar seus amados senhores.

Hanuman foi instruído a ir até a distante montanha e pegar lá quatro ervas específicas. Hanuman então saltou novamente por sobre o oceano para chegar à montanha. Lá, quando a montanha começou a esconder as ervas de Hanuman, Hanuman irou-se fortemente. À força, Hanuman arrancou o topo da montanha com seus braços poderosos e levou tudo para o campo de batalha. Uma vez de volta, Hanuman colocou a montanha no chão, momento no qual foi abraçado por Vibhishana, o macaco médico, que se viu tomado de imensa felicidade diante do retorno de Hanuman. Vibhishana conseguiu fazer com que a montanha entregasse a ele as ervas que precisava para fazer o remédio.

O medicamento, para a alegria de todos, surtiu o efeito esperado, e assim os médicos macacos curaram Rama e Lakshmana, bem como todo o exército de macacos!

Todos foram novamente ao encontro de Indrajit. O demônio Indrajit surpreendeu-se ao ver seus inimigos vivos e tentou derrotar todos com várias ilusões, mas o fim de Indrajit era inevitável! Lakshmana atirou contra ele uma flecha certeira. A flecha correu pelo ar velozmente e cortou a cabeça do terrível Indrajit. Sua cabeça rolou pelo campo de batalha assim como uma fruta redonda rola por uma encosta.

Por fim, todos os grandes combatentes de Ravana haviam sido mortos, e agora Ravana pessoalmente desafiava Rama. Indra, o semideus dos céus, presenteou o Senhor Rama com uma quadriga de ouro para o grande duelo, e o confronto teve início. Rama, o arqueiro defensor do bem e da virtude, atirava flechas que cortavam as cabeças de Ravana, mas, a cada cabeça que caía, outra crescia no lugar. Ravana ria do Senhor Rama enquanto as cabeças cortadas cresciam novamente. O combate de flechas entre Rama e Ravana era espetacular, mas logo acabaria. Rama, determinado a matar logo o demônio de dez cabeças, fixou em Seu arco infalível uma grandiosa flecha mística. A flecha foi disparada e correu como um raio em direção ao duro coração de Ravana, que caiu morto no campo de batalha.

Sita e Rama, o Casal Inseparável

Ravana estava morto – finalmente Sita estava livre daquele pesadelo. Hanuman, Sugriva e todos os macacos comemoravam a vitória do Senhor Rama, enquanto os semideuses derramavam do céu chuvas de flores.

A grande guerra havia terminado, e Sita foi devolvida a Rama. Contudo, havia um problema. Rama, como o rei exemplar, poderia ter como rainha uma mulher que havia estado com outro homem? Rama, na verdade, sabia que Sita era inteiramente fiel a Ele, mas tinha de provar isso para todo o Seu povo e para todo o universo para que ninguém jamais ousasse dirigir uma crítica à Sua impecável esposa.

Rama fingiu desconfiar-Se dela. Sita havia sido fiel a Ele ou não? Para provar sua fidelidade, Sita entrou em uma fogueira feita por Lakshmana. Rama observava a cena com grande seriedade, enquanto todos os outros presentes choravam rios de lágrimas. Sita deu o primeiro passo para dentro do fogo, e uma lágrima escorreu dos olhos de Rama.

Sita havia sumido dentro do fogo. O que havia acontecido? Estava morta? O que aquilo significava? Transcorrido algum tempo, Sita foi trazida para fora do fogo pelo semideus Agni.

Sita estava em um belíssimo sári, e seus encaracolados cabelos negros caiam sobre seu rosto. Agni, o semideus do fogo, disse: “Sita jamais foi infiel a Rama, nem com seu corpo, nem com suas palavras e nem mesmo com sua mente. O coração dela é inteiramente do Senhor Rama! Senhor Rama, por favor, aceitai-a”.

Rama é o Senhor Supremo, e Sita é a personificação do serviço devocional ao Senhor. Eles são inseparáveis como o Sol e o brilho solar.

O tempo que Rama tinha de viver na floresta havia acabado. Ele finalmente retornara para o reino de Ayodhya. Lá, seu irmão não havia aceitado ser rei, senão que havia apenas governado em nome de Rama enquanto Rama esteve fora. Grande alegria se fez presente com o retorno vitorioso de Rama.

Aquele que ouve a história de Rama, com completa reverência, livra-se de todos os pecados e vai para o Seu reino. Ouvindo esta história com devoção, a pessoa certamente será liberta, juntamente com muitas gerações de ancestrais.

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Ciclo de Aprendizagem de Kolb



O Ciclo de Aprendizagem de Kolb foi criado pelo teórico de educação David A. Kolb – mestre e doutor pela Harvard University e fundador da Learning Based Systems. É um modelo de representação de como as pessoas aprendem, que atribui grande valor ao papel da experiência na aprendizagem.

Kolb descreve o processo de aprendizagem tendo como base um ciclo contínuo de quatro estágios: Experiência Concreta (agir)Observação Reflexiva (refletir)Conceitualização Abstrata (conceitualizar) e Experimentação Ativa (aplicar).

Passar por cada um deles é uma forma de refletir sobre o seu aprendizado. A seguir, veremos um pouco mais sobre cada etapa:

1. Experiência Concreta (Agir)

Ao desenvolver uma atividade em sala de aula, seja ela qual for, o aluno adulto absorve novas experiências concretas, tendendo a tratar as situações mais em observações e sentimentos do que com numa abordagem teórica e sistemática.

2. Observação Reflexiva (Refletir)

Nesse momento o aluno começa a pensar e refletir sobre a atividade que desenvolveu. Quais foram seus sentimentos e emoções? Se houve um desentendimento, por que se deu? Como ele se comportou e como outros se comportaram? Os estudantes estão envolvidos em observar, revendo e refletindo sobre a experiência concreta do estágio anterior. As reflexões e observações neste estágio não incluem necessariamente realizar alguma ação.

3. Conceitualizar

Neste estágio os estudantes se desenvolvem e agem no domínio cognitivo da situação usando teorias, hipóteses e raciocínio lógico para modelar e explicar os eventos. O aprendizado situacional da etapa anterior, centrado no momento de uma experiência, pode ser ampliado em um grande aprendizado. Esse é o momento que o aluno passa a pensar de forma lógica e sistemática. O entendimento é baseado na compreensão intelectual de uma situação, com alto nível de abstração.

4. Aplicar

Os estudantes adultos estão envolvidos em atividades de planejamento, experimentando experiências que envolvem mudança de situações. Os estudantes usam as teorias para tomar decisões e resolver problemas. É o momento de colocar a teoria em prática, buscando exercitar o aprendizado de forma ativa. É o momento de gastar tempo com experimentações, influenciando e mudando variáveis em diversas situações.

Ciclo de Aprendizagem Kolb
Ciclo de Aprendizagem Kolb

O educador americano também identifica quatro estilos de aprendizagem, que são: divergente, assimilador, convergente e acomodador. Os estilos de aprendizagem são preferências na forma de perceber, organizar, processar e compreender a informação. Para Kolb a aprendizagem eficaz requer o movimento cíclico passando pelos quatro estilos de aprendizagem, embora usualmente estudantes prefiram um estilo em detrimento dos outros. Por este motivo, Kolb postulou que os estudantes desenvolvem-se mais em um destes estilos.

Divergentes: Têm como pontos fortes a criatividade e a imaginação. Recebem este nome por serem bons em situações que necessitem gerar uma variedade de ideias e implicações alternativas. A pergunta característica desse tipo de estudante é “Por quê?”.

Assimiladores: São fortes na criação de modelos teóricos e raciocínio indutivo, não focando no uso prático de teorias. Suas perguntas características são “O que há para se conhecer?” e “O que isto significa?”.

Convergentes: Destacam-se na resolução de problemas, tomada de decisões e aplicação prática de ideias. Utilizam raciocínio dedutivo e recebem este nome porque trabalham melhor em situações em que há uma só solução a uma pergunta ou problema. As perguntas características desse tipo de estudante são “Como?” e “O que posso fazer?”.

Acomodadores: Gostam de experiências práticas ao invés de uma abordagem teórica. Eles geralmente assumem riscos e resolvem problemas de uma maneira intuitiva e em uma abordagem de tentativa e erro. As perguntas características desse tipo de estudante são “O que aconteceria se eu fizesse isto?” e “Por quê não?”.

Obs.: Existem algumas referências que direcionam o Ciclo de Aprendizagem para Charles Kolb, porém o portal Andragogia Brasil verificou através de pesquisas, que o idealizador deste conceito é realmente David. A. Kolb, nascido em 1939.

Principal referência para leitura sobre o Ciclo de Aprendizagem de Kolb:

Kolb, D. A. (1984). Experiential learning: Experience as the source of learning and development. New Jersey: Prentice-Hall.

Experiential Learning - David Kolb
Experiential Learning - David Kolb

Conheça também a Aprendizagem Vivencial, que está muito relacionada com o tema abordado neste artigo.

Para referenciar o artigo, utilizar:

Beck, C. (2016). Ciclo de Aprendizagem de Kolb. Andragogia Brasil. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/ciclo-de-aprendizagem-de-kolb/


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domingo, 19 de março de 2023

Revogar o novo ensino médio: 10 motivos para aderir à campanha*


Revogar o novo ensino médio
Revogar o novo ensino médio
  1. Na terceira série do ensino médio, os alunos da escola pública paulista passaram a ter, por semana, apenas 2 aulas de Língua Portuguesa e 2 de Matemática. Todas as demais matérias são de disciplinas dos itinerários com quase nada de conteúdos. ENQUANTO ISSO, NA MESMA SÉRIE, OS FILHOS DA CLASSE MÉDIA E ALTA PASSAM A TER AULAS DE REFORÇO, REVISÃO E SIMULADOS NAS AULAS REGULARES, ALÉM DE FAZEREM CURSINHOS NO CONTRATURNO PARA PODEREM SE PREPARAR PARA O ENSINO SUPERIOR.
  2. Essas disciplinas dos itinerários são de assuntos bem gerais e vagos. Pelo Brasil, já foram identificados temas como ‘Brigadeiro caseiro’, ‘Mundo PET’, ‘RPG’ etc. Em São Paulo, na parte diversificada, há desde Empreendedorismo (obrigatório) até eletivas para ensinar maquiagem.

  3. Se uma única escola conseguir oferecer os 11 itinerários formativos propostos em São Paulo, realmente deixando o estudante escolher qual ele quer cursar, então A ESCOLA TERÁ QUE OFERECER 276 DISCIPLINAS POR SEMANA. Não há gestor escolar que administre isso. Não há nem espaço físico para comportar as horas de estudo e de preparo de aulas destes professores nas escolas.

  4. Além disso, não há professor formado para essas 276 disciplinas dos itinerários. Por isso, as escolas oferecem poucos itinerários e, mesmo assim, estão contratando todo tipo de profissional sem formação para dar aulas para adolescentes (que é um dos trabalhos que mais exigem especialização no mundo todo): dentistas, administradores de empresas, bacharel em direito, engenheiros etc. Esses profissionais têm implorado por material e formação aos diretores de escola para seguirem com as aulas.

  5. Os professores que têm licenciatura e dão aulas nas redes fogem o quanto podem dessas disciplinas dos itinerários, preferindo dar aulas dos assuntos que estudaram. Porém, como a quantidade de aulas de suas matérias foi reduzida, eles pegam muito mais turmas para completar a jornada, aumentando enormemente seu cansaço, tornando inviável conhecer seus alunos.

  6. Como é pequena a quantidade de aulas das disciplinas desses itinerários, um mesmo profissional chega a receber a tarefa de ministrar aulas de até 10 disciplinas diferentes por semana, inclusive para as mesmas turmas. Os alunos de uma mesma turma sequer sabem qual é a disciplina que o professor ministra em determinado momento. Imagine a jornada deste professor: 10 aulas diferentes para preparar, 10 planos de aula, 10 formas de avaliar etc.

  7. Os diretores estão há meses tentando atribuir aulas dessas disciplinas, sem sucesso. Muitos profissionais aceitam pegá-las e desistem quando entendem o que é para fazer na prática. No ano passado, em agosto, quase 30% dessas aulas ainda estavam sem professor na rede estadual paulista.

  8. Essa parte diversificada do currículo tem, supostamente, o objetivo de preparar para o mundo do trabalho. Ocorre que, para a maioria das profissões, é necessário fazer estágio, cursar determinados conteúdos, além de outras regulações profissionais. Nada disso é proposto na reforma.

  9. As escolas privadas driblam a reforma com aumento de horas na escola ou colocando os mesmos conteúdos que davam antes, mas com outros nomes de disciplinas. Assim, há registros de disciplinas dos itinerários como “química olímpica”, “biologia prática”, “linguística olímpica”, “história da arte” etc.

  10. Com a reforma do ensino médio, nenhuma escola do Brasil tem o mesmo currículo, nem que estejam numa mesma rua.

Por isso, há uma revolta generalizada dos alunos, professores e gestores com essa reforma, que é defendida apenas pelas fundações empresariais e pelos secretários de educação que, em sua maioria, são muito próximos dessas mesmas fundações (vários ex-funcionários delas). A criação de tantas disciplinas, sem nenhum aumento de verba para dar condições de infraestrutura e preparo para os professores e gestores, parece ter o objetivo de vender materiais e cursos que essas mesmas fundações elaboraram, além é claro de evitar que os mais pobres ascendam para determinadas carreiras mais valorizadas ou para o ensino superior.

Em suma, é a barbárie.

Por isso,  todos e todas na rua defendendo a revogação desta violência contra os nossos jovens pobres.

E, se não estiver nas ruas, converse entre os seus familiares e amigos.

#revogaNEM #RevogaJá

Revogar o novo ensino médio é necessário e urgente porque este modelo traz uma série de prejuízos à educação brasileira.

Autoria do texto desconhecida*


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WINSTON CLARKE - LADY YOU ARE

FERNÃO LARA MESQUITA REVELA O ENVOLVIMENTO DO XANDÃO COM O PC

The Classics Vol. 2 (104 BPM / 1982 - 1988)

The Classics Vol. 1 (1979 - 1984)