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terça-feira, 5 de setembro de 2023
Máfia e Cartel do livro didático. Por João Maria andarilho utópico. conservador sobre: política , filosofia, arte, cultura, educação, pedagogia , religião etc.
segunda-feira, 4 de setembro de 2023
A MÁFIA DOS LIVROS DIDÁTICOS NAS ESCOLAS
A MÁFIA DOS LIVROS DIDÁTICOS NAS ESCOLAS
A máfia do livro didático conta com o concurso de editoras, distribuidoras, livrarias, diretores e claro, em sua maioria, com os secretários municipais, estaduais e suspeita-se até do povo de Brasília e outros dedicados à educação Brasil afora e adentro!!! Uma picaretagem sem limites.
Os livros didáticos do município de Dom Eliseu são escolhidos pelos professores por segmento e por escola. Funciona assim até o item 4:
1. A cada 3 anos os livros são trocados; o MEC, pelo programa PNLD (pode-se consultar a Lei do programa no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7084.htm) que adquire e distribui livros para todos os alunos de um segmento, que pode ser: anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental ou ensino médio.
2. Por volta de março e abril, começam a chegar ás escolas coleções de livros das mais renomadas editoras do Brasil. Há nessa época ”fartura” de livros para que os professores escolham o mais apropriado para SUA escola.
3. Os professores da área se reúnem ao fim do 3º ano e, juntos optam pelo livro que deve ser adequado ao projeto político-pedagógico da escola; ao aluno e professor; e à realidade sociocultural das instituições
Por exemplo: professores de Matemática se reúnem na escola e escolhem o livro que respondam a perguntas como: os conceitos estão corretos? São adequados? Os exercícios ajudam o aluno a pensar e desenvolver o raciocínio crítico? As ilustrações contribuem para a compreensão dos textos? E outras reflexões que norteiam essa escolha. E assim é feito com as disciplinas que usam o livro didático como instrumento de apoio ao serviço do professor.
4. Após a escolha do livro, o grupo de professores passam para o coordenador da escola a escolha feita por eles. O coordenador da ESCOLA passa para o gestor da escola, a escolha feita pelos professores
.5. O diretor ou diretora ENVIA DIRETAMENTE PARA O MEC a relação dos livros escolhidos pelos professores da ESCOLA em que ele(a) é gestor(a) através de um portal em que somente ele(a) possui a senha. Conforme (https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=PNT&num_ato=00000007&seq_ato=000&vlr_ano=2007&sgl_orgao=MEC ) Onde explicitamente se lê:
§ 5º Constituem-se obrigações das Escolas:
I – impedir o acesso, em suas dependências, de Titulares de Direitos Autorais ou de seus representantes com o objetivo de divulgar livros referentes aos Programas do Livro, após a publicação do resultado da avaliação ou a divulgação dos guias de escolha pelo MEC/FNDE até o final do período de escolha pela internet e pelo formulário impresso;
II – não disponibilizar espaço público para a realização de eventos promovidos pelos Titulares de Direitos Autorais, autores ou seus representantes, relacionados aos Programas do Livro;
III – impedir a participação dos Titulares de Direitos Autorais, autores, ou de seus representantes, nos eventos promovidos pela Escola relativos à escolha de livros;
IV – garantir a isonomia do processo de escolha, não disponibilizando informações que privilegiem um ou outro Titular de Direito Autoral;
V – não solicitar a reposição de livros recebidos, porventura danificados, diretamente aos Titulares de Direitos Autorais ou seus representantes;
VI – recusar vantagens de qualquer espécie, dos Titulares de Direitos Autorais, autores ou de seus representantes, a titulo de doação, como contrapartida da escolha de obras referentes aos Programas do Livro;
VII – impedir o acesso à senha de escolha ou ao formulário de escolha.
Art. 4º O prazo de escolha das obras dos Programas do Livro, referidos no artigo 3º, quando for o caso, será divulgado, dentre outras formas, no site do FNDE.
6. O MEC envia então por volta de outubro, novembro os livros a serem usados no ano seguinte.
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Bom seria se fosse assim!!!! Com transparência e liberdade e democracia, mas as coisas não funcionam assim: Funcionam da seguinte maneira do item 5 em diante:
5) o gestor encaminha à coordenação municipal por segmento as escolhas feitas pelos professores;
6) os coordenadores ESCOLHEM os livros pela editora que os procuram em resguardo com alguma bonificação que a escola desconhece;
7) os secretários de educação mantêm proximidade com as editoras que melhor os “acolhem”;
8) os livros escolhidos são feitos na realidade por pessoas que não têm a menor ideia do que contêm nos livros que eles escolhem.
9) os professores que passam o dia escolhendo livros fazem papel de babacas, pois não é, certamente, em alguns casos ou disciplinas o livro que eles escolheram;
10) os alunos do ano em curso perdem um dia de aula; os alunos do ano posterior usarão um livro que não se adequa aos critérios cuidadosamente selecionados pelos professores.
Concluo com essa novela que a) as editoras sérias e competentes não participam desse processo de escolha do livro; b) alguém lucra milhares de reais com as editoras; c) que quem convive com os alunos são os professores e não quem senta num trono em coordenação municipal ou na cadeira de secretários… d) E o país perde ensino de qualidade; pois um fato simples como esse desmotiva qualquer ser humano que vive em função da Educação de fato, ou seja, em SALA DE AULA a crer que ele é o responsável pela má qualidade da educação como um todo.
Do marxismo cultural – Olavo de Carvalho O Globo, 8 de junho de 2002
SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA
Segundo o marxismo clássico, os proletários eram inimigos naturais do capitalismo. Lênin acrescentou a isso a idéia de que o imperialismo era fruto da luta capitalista para a conquista de novos mercados. Conclusão inevitável: os proletários eram também inimigos do imperialismo e se recusariam a servi-lo num conflito imperialista generalizado. Mais apegados a seus interesses de classe que aos de seus patrões imperialistas, fugiriam ao recrutamento ou usariam de suas armas para derrubar o capitalismo em vez de lutar contra seus companheiros proletários das nações vizinhas.
Em 1914, esse silogismo parecia a todos os intelectuais marxistas coisa líquida e certa. Qual não foi sua surpresa, portanto, quando o proletariado aderiu à pregação patriótica, alistando-se em massa e lutando bravamente nos campos de batalha pelos “interesses imperialistas”!
O estupor geral encontrou um breve alívio no sucesso bolchevique de 1917, mas logo em seguida veio a se agravar em pânico e depressão quando, em vez de se expandir para os países capitalistas desenvolvidos, como o previam os manuais, a revolução foi sufocada pela hostilidade geral do proletariado.
Diante de fatos de tal magnitude, um cérebro normal pensaria, desde logo, em corrigir a teoria. Talvez os interesses do proletariado não fossem tão antagônicos aos dos capitalistas quanto Marx e Lênin diziam.
Mas um cérebro marxista nunca é normal. O filósofo húngaro Gyorgy Lukacs, por exemplo, achava a coisa mais natural do mundo repartir sua mulher com algum interessado. Pensando com essa cabeça, chegou à conclusão de que quem estava errado não era a teoria: eram os proletários. Esses idiotas não sabiam enxergar seus “interesses reais” e serviam alegremente a seus inimigos. Estavam doidos. Normal era Gyorgy Lukács. Cabia a este, portanto, a alta missão de descobrir quem havia produzido a insanidade proletária. Hábil detetive, logo descobriu o culpado: era a cultura ocidental. A mistura de profetismo judaico-cristão, direito romano e filosofia grega era uma poção infernal fabricada pelos burgueses para iludir os proletários. Levado ao desespero por tão angustiante descoberta, o filósofo exclamou: “Quem nos salvará da cultura ocidental?”
A resposta não demorou a surgir. Felix Weil, outra cabeça notável, achava muito lógico usar o dinheiro que seu pai acumulara no comércio de cereais como um instrumento para destruir, junto com sua própria fortuna doméstica, a de todos os demais burgueses. Com esse dinheiro ele fundou o que veio a se chamar “Escola de Frankfurt”: um “think tank” marxista que, abandonando as ilusões de um levante universal dos proletários, passou a dedicar-se ao único empreendimento viável que restava: destruir a cultura ocidental. Na Itália, o fundador do Partido Comunista, Antônio Gramsci, fôra levado a conclusão semelhante ao ver o operiado trair o internacionalismo revolucionário, aderindo em massa à variante ultranacionalista de socialismo inventada pelo renegado Benito Mussolini. Na verdade os próprios soviéticos já não acreditavam mais em proletariado: Stálin recomendava que os partidos comunistas ocidentais recrutassem, antes de tudo, milionários, intelectuais e celebridades do “show business”. Desmentido pelos fatos, o marxismo iria à forra por meio da auto-inversão: em vez de transformar a condição social para mudar as mentalidades, iria mudar as mentalidades para transformar a condição social. Foi a primeira teoria do mundo que professou demonstrar sua veracidade pela prova do contrário do que dizia.
Os instrumentos para isso foram logo aparecendo. Gramsci descobriu a “revolução cultural”, que reformaria o “senso comum” da humanidade, levando-a a enxergar no martírio dos santos católicos uma sórdida manobra publicitária capitalista, e faria dos intelectuais, em vez dos proletários, a classe revolucionária eleita. Já os homens de Frankfurt, especialmente Horkheimer, Adorno e Marcuse, tiveram a idéia de misturar Freud e Marx, concluindo que a cultura ocidental era uma doença, que todo mundo educado nela sofria de “personalidade autoritária”, que a população ocidental deveria ser reduzida à condição de paciente de hospício e submetida a uma “psicoterapia coletiva”.
Estava portanto inaugurada, depois do marxismo clássico, do marxismo soviético e do marxismo revisionista de Eduard Bernstein (o primeiro tucano), a quarta modalidade de marxismo: o marxismo cultural. Como não falava em revolução proletária nem pregava abertamente nenhuma truculência, a nova escola foi bem aceita nos meios encarregados de defender a cultura ocidental que ela professava destruir.
Expulsos da Alemanha pela concorrência desleal do nazismo, os frankfurtianos encontraram nos EUA a atmosfera de liberdade ideal para a destruição da sociedade que os acolhera. Empenharam-se então em demonstrar que a democracia para a qual fugiram era igualzinha ao fascismo que os pusera em fuga. Denominaram sua filosofia de “teoria crítica” porque se abstinha de propor qualquer remédio para os males do mundo e buscava apenas destruir: destruir a cultura, destruir a confiança entre as pessoas e os grupos, destruir a fé religiosa, destruir a linguagem, destruir a capacidade lógica, espalhar por toda parte uma atmosfera de suspeita, confusão e ódio. Uma vez atingido esse objetivo, alegavam que a suspeita, a confusão e o ódio eram a prova da maldade do capitalismo.
Da França, a escola recebeu a ajuda inestimável do método “desconstrucionista”, um charlatanismo acadêmico que permite impugnar todos os produtos da inteligência humana como truques maldosos com que os machos brancos oprimem mulheres, negros, gays e tutti quanti, incluindo animais domésticos e plantas.
A contribuição local americana foi a invenção da ditadura lingüística do “politicamente correto”.
Em poucas décadas, o marxismo cultural tornou-se a influência predominante nas universidades, na mídia, no show business e nos meios editoriais do Ocidente. Seus dogmas macabros, vindo sem o rótulo de “marxismo”, são imbecilmente aceitos como valores culturais supra-ideológicos pelas classes empresariais e eclesiásticas cuja destruição é o seu único e incontornável objetivo. Dificilmente se encontrará hoje um romance, um filme, uma peça de teatro, um livro didático onde as crenças do marxismo cultural, no mais das vezes não reconhecidas como tais, não estejam presentes com toda a virulência do seu conteúdo calunioso e perverso.
Tão vasta foi a propagação dessa influência, que por toda parte a idéia antiga de tolerância já se converteu na “tolerância libertadora” proposta por Marcuse: “Toda a tolerância para com a esquerda, nenhuma para com a direita”. Aí aqueles que vetam e boicotam a difusão de idéias que os desagradam não sentem estar praticando censura: acham-se primores de tolerância democrática.
Por meio do marxismo cultural, toda a cultura transformou-se numa máquina de guerra contra si mesma, não sobrando espaço para mais nada.
domingo, 3 de setembro de 2023
A ORIGEM DO LIVRO DIDÁTICO
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RESUMO
Neste trabalho iremos contar como foi criado o livro em geral, num segundo momento iremos abordar a origem do livro didático e por fim a mostraremos segundo nossas pesquisas a importância do uso do livro didático para aluno e professores dentro da sala de aula.
Palavras-chaves: Livro, Didático, Importância.
1. INTRODUÇÃO
Mostraremos num primeiro momento como surgiu o livro em geral, iremos contar a história dos primeiros livros usados há muitos séculos passados até o modelo que hoje usamos com encadernação de capa e páginas montadas em sequencia.
Contaremos a origem do livro didático, todo o percurso que o livro faz desde a sua elaboração até a chegada às mãos de professores e alunos.
Abordaremos qual a importância do livro didático e a sua utilização como ferramenta de auxilio em sala de aula tanto para alunos como para professores.
Nós como estudantes de Licenciatura em História, temos de saber a história da criação do livro em geral e como futuros professores é nosso dever conhecer a origem do livro didático para que saibamos como utilizá-lo da melhor maneira possível como ferramenta auxiliar no dia a dia em sala de aula.
2. A HISTÓRIA DO LIVRO?
A necessidade das pessoas em preservar e sua história, seus feitos e tudo o que para elas era de suma importância, fez com que os homens durante muitos séculos procurassem por várias formas de deixar isso registrado.
A história do livro compreende uma série de inovações realizadas por diversos povos no intuito de gravar o conhecimento e passá-lo de geração em geração. O mundo não seria o mesmo se os povos não pudessem conhecer as ideias de seus antepassados. Um bom exemplo é a filosofia, que até hoje é calcada nas letras escritas por filósofos da antiga Grécia e Alemanha do século XIX e XX.
Durante a antiguidade, a primeira forma encontrada para gravar o conhecimento foi escrevendo-o em pedra ou tábuas de argila. Após algum tempo, surgiram os khartés, que eram cilindros de folhas de papiro fáceis de transportar. A inovação seguinte foi o pergaminho, que em pouco tempo substituiu o papiro. O pergaminho era feito com peles de animais (ovelha, cordeiro, carneiro, cabra) e nele era possível escrever com maior facilidade. (ARAÚJO, grifos do autor).
O Codex é o mais parecido com o modelo do nosso livro atual, ele era formado por folhas escritas em ambos os lados, dobradas e amarradas ao longo da dobra e tudo isso ficava protegido por uma capa. Podia ser formado por folhas de papiro ou de pele de animais costuradas.
Segundo Mello Jr. (2000),
‘o livro como nós conhecemos hoje, surgiu no Ocidente por volta do Século II D.C., fruto de uma revolução que representou a substituição do Vólumen pelo Códex’. O novo formato permitia ‘a utilização dos dois lados do suporte, a reunião de um número maior de textos em um único volume, absorvendo o conteúdo de diversos rolos, a indexação permitida pela paginação, a facilidade de leitura’.
Mas um alemão chamado Gutemberg invento a prensa e os tipos móveis e essa sua invenção iria revolucionar a história da produção de livros, pois agora os livros seriam impressos e não mais copiados a mão.
Isso só mudou na década de 1450, quando o alemão Gutemberg inventou a prensa e os tipos móveis, o que trouxe rapidez à produção do livro. A primeira obra impressa por ele foi a Bíblia. Foi também este o primeiro livro que chegou ao Brasil, trazido pelos colonizadores.
Como em todos os países, também havia censura em Portugal, especialmente por parte da Igreja, e isso se refletia no Brasil. Assim, os livros censurados só podiam circular por aqui de maneira clandestina. Os outros entravam livremente, trazidos pelos colonizadores, pelos brasileiros que iam estudar em Portugal e em outros países, e pelos comerciantes.
No entanto, os livros só puderam ser feitos no Brasil a partir de 1808, quando a família Real portuguesa se mudou para cá e trouxe uma máquina impressora. Antes disso, era crime ter uma tipografia no país. (QUEM, 2009).
O livro é um instrumento de divulgação de ideias, crenças, valores, cultura, conceito e em sua trajetória venceu enormes desafios e mostrou a sua importância na vida das pessoas e no desenvolvimento das sociedades.
Em meio a este caminho, ganhou os espaços escolares como instrumento de apoio na educação de crianças, jovens e adultos.
3. A ORIGEM DO LIVRO DIDÁTICO
Alguns autores sugerem que o livro didático surgiu no século XIX como complemento aos ensinamentos que não constavam na Bíblia.
No século XIX, o livro didático surgiu como um adicional à Bíblia, até então, o único livro aceito pelas comunidades e usado nas escolas. Somente por volta de 1847, os livros didáticos passaram a assumir um papel de grande importância na aprendizagem e na política educacional. Os primeiros livros didáticos, escritos sobretudo para os alunos das escolas de elite, procuram complementar os ensinamentos não disponíveis nos Livros Sagrados. (OLIVEIRA et al, 1997, p. 26).
Já outros autores dizem que o livro didático sempre fez parte da cultura escola, mesmo antes da invenção da imprensa.
Sua origem está na cultura escolar, mesmo antes da invenção da imprensa no final do século XV. Na época em que os livros eram raros, os próprios estudantes universitários europeus produziam seus cadernos de textos. Com a imprensa, os livros tornaram-se os primeiros produtos feitos em série e, ao longo do tempo a concepção do livro como “fiel depositário das verdades científicas universais” foi se solidificando (GATTI JÚNIOR, 2004, p.36).
No Brasil as primeiras ideias sobre o livro didático surgiu em 1929, com a criação do Instituto Nacional do Livro – INL, esse instituto foi criado para legitimar o livro didático nacional e auxiliar na sua produção. Mas tudo isso ficou no papel por muito tempo, foi apenas em 1934, no governo do presidente Vargas que o instituto começou a elaborar um dicionário nacional e uma enciclopédia e aumentar o número de bibliotecas publicas.
Mas em 1938, o então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema sugeriu a criação de um decreto-lei que iria fiscalizar a elaboração do livro didático, e com isso o governo iria controlar a informações que iria circular dentro das escolas.
O ministro do Ministério Educação e Saúde, Gustavo Capanema, durante o Estado Novo brasileiro, sugeriu a Getúlio Vargas a criação de decreto-lei para fiscalizar a elaboração dos livros didático[sic]. A comissão foi criada em 1938 e ‘estabelecia que, a partir de 1º de janeiro de 1940, nenhum livro didático poderia ser adotado no ensino das escolas pré- primárias, primárias, normais, profissionais, e secundárias no país sem a autorização prévia do Ministério da Educação e Saúde’ (FERREIRA, 2008: 38).
Muitas formas foram experimentadas por vários governos, durante 67 anos (1929 a 1996), para que o livro didático chegasse às salas de aula, mas somente com a extinção da FAE – Fundação de Assistência ao Estudante – em 1997, e com a transferência integral da política de execução do PNDL – Programa Nacional do Livro Didático – para o FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – é que se iniciou uma produção e distribuição contínua e massiva de livros didáticos.
Mas houve um período em que a criação e distribuição dos livros didáticos foram um problema muito sério no Brasil.
Em 1964, implanta-se o Regime Militar com o golpe de Estado. Há a desmobilização do magistério, privatização do ensino, repressão e a divulgação de uma pedagogia alicerçada em objetivos no mínimo discutíveis.
Surge nos currículos escolares os ideais da doutrina de segurança nacional, e a intervenção do estado nos assuntos sobre o livro didático passam a ser muito maior.
Bezerra e Luca (2006, p. 30), advertem:
Em 1966, sob a égide da ditadura militar foi criada a Comissão do LivroTécnico e Livro Didático (COLTED), cuja função era coordenar a produção, edição e distribuição do livro didático. Para assegurar recursos governamentais, contou-se com o financiamento proveniente do acordo MEC – USAID (United States Agency for Internacional Development). O aporte de recursos públicos garantiu a continuidade do livro didático que, a partir de então, ocupou lugar relevante nas preocupações do Estado brasileiro que, mais uma vez, pretendia ter o controle sobre o que e como se ensinava.
Durante o regime militar houve muita censura e falta de liberdade nos temas abordados nos livros didáticos.
A questão da compra e distribuição de livros didáticos recebeu tratamento específico do poder público em contextos diferenciados — 1966, 1971 e 1976 —, todos marcados, porém, pela censura e ausência de liberdades democráticas. De outra parte, esse momento foi marcado pela progressiva ampliação da população escolar, em um movimento de massificação do ensino cujas consequência[sic], sob o ponto de vista da qualidade, acabariam por deixar marcas indeléveis no sistema público de ensino e que persistem como o seu maior desafio. Neste contexto particular, destaca-se o peso da interferência de pressões e interesses econômicos sobre a história ensinada, na medida em que os governos militares estimularam, por meio de incentivos fiscais, investimentos no setor editorial e no parque gráfico nacional que exerceram papel importante no processo de massificação do uso do livro didático no Brasil. Cabe destacar que a associação entre os agentes culturais e o Estado autoritário transcendeu a organização do mercado consumidor da produção didática e envolveu relações de caráter político-ideológico, cujas repercussões sobre o conteúdo dos livros didáticos foram marcantes, sobretudo pela perspectiva de civismo presente na grande maioria das obras, bem como pelo estímulo a uma determinada forma de conduta do indivíduo na esfera coletiva. Deste modo, o uso do livro didático tornar-se um instrumento de repressão e contenção do Estado, e sua distribuição passa a ser maciça para atingir estes fins. (MIRANDA, 2004)
Deste modo, o uso do livro didático tornar-se um instrumento de repressão e contenção do Estado, e sua distribuição passa a ser maciça para atingir estes fins.
A sociedade brasileira na década de 1970 vê surgir inúmeras mudanças na constituição e política do livro didático, mas é no final da década de oitenta e início dos anos noventa que começa um movimento de renovação dos livros didáticos, principalmente os livros de História.
Conforme Gatti Júnior (2004, p. 106),
Possibilita a melhoria do padrão estético dos mesmos. O uso das cores é uma marca dos livros destinados ao ensino fundamental, em que existem mais ilustrações, boxes e outros recursos de edição e formatação do texto.
Os livros destinados ao ensino médio eram à época mais despojados que os primeiros. Neles, o privilégio sempre esteve no texto escrito e não nos filigranas e ilustrações.
Da década de 1960 aos anos noventa a forma de produção dos livros didáticos passa de artesanal para industrial, por causa da demanda do mercado.
Na área de História, houve uma melhoria da qualidade dos conteúdos que se tornam mais críticos e completos, o papel é de melhor qualidade.
Claro que isso faz com que cresça o interesse das livrarias e do governo federal.
Fonseca (2004, p. 57), que chama a atenção sobre esse momento histórico:
A preocupação central da sociedade e do Estado é construir uma educação básica de qualidade, é imprescindível aprimorar a política nacional do livro didático. Para isso é preciso aprofundar o processo de avaliação permanente da produção disponível no mercado. O Estado e as escolas públicas e privadas, os maiores compradores, devem exigir seus direitos como consumidores exigentes, propondo mudanças qualitativas às editoras, inclusive exigindo revisão ou retirando do mercado os livros desatualizados, dos que contenham erros conceituais e dos que veiculem preconceitos raciais, políticos e religiosos.
Nos dias atuais, além do PNLD, o governo federal tem dois outros programas sobre o livro didático: o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), criado em 2004 e o Programa Nacional do Livro Didático para Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA), criado em 2007.
Para os estudantes portadores de necessidades especiais existe o Programa Nacional do Livro Didático em Braille, as escolas com alunos com surdez do ensino fundamental e do ensino médio receberam em 2007 dicionários trilíngues (português, inglês e libras) e os alunos com surdez de 1ª a 4ª séries, receberam cartilhas e livros de língua portuguesa em libras e em CD-rom.
Talvez o livro didático não seja o ideal e nem seja utilizado da melhor maneira possível, mas há muitas pessoas interessadas que isso mude e com certeza estão fazendo muito por isso.
3.1. TRAJETÓRIA DO LIVRO DIDÁTICO
O livro didático é criado por um ou mais autores, o que difere dos demais livros é que estes autores contam com a ajuda de uma equipe de pesquisadores, consultores e colaboradores.
Depois de escritos os livros seguem para a editora para serem revisados e somente depois poderão ser impressos.
Todos os anos, entre 100 e 120 milhões de exemplares são impressos para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e enviados a 37 milhões de estudantes em todo o Brasil.
Para atender a toda esta gente, o governo gasta cerca de 1 bilhão de reais com produção e distribuição. (A HISTÓRIA, 2015)
Depois de impresso o livro tem que ser inscrito no edital publico e uma comissão de professores universitários escolhidos pelo Ministério da Educação – MEC- verifica possíveis erros conceituais, de redação e de conteúdo.
Se for aprovado, ele passa a fazer parte do Guia do Livro Didático, que é enviado para as escolas com sugestões de vários outros livros.
Com o Guia do MEC na mão, os professores se reúnem para selecionar os livros que julguem mais adequados para ao projeto da escola.
Escolha feita o gestor envia a lista pela internet para o Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação (FNDE), do Mec.
O MEC então se encarrega de encomendar o material escolhido às editoras.
As editoras enviam os livros pelos Correios para as escolas, numa operação que custa, em média, 100 milhões de reais. (A HISTÓRIA, 2015)
Os livros quando entregues devem ser conferidos pelo gestor, que poderá indicar a falta ou o excesso de livros, isso é feito pela internet na página do FNDE, onde o gestor indica o número de matrículas da sua unidade ao Sistema de Controle de Remanejamento e Reserva Técnica (SISCORT), o sistema mostra as escolas próximas que estão na mesma situação e quais têm os livros que estão faltando.
O cuidado com a conservação do livro didático deverá ser do aluno, o professor é quem o orienta sobre isso, fazendo isso o livro poderá ter uma vida útil maior.
O ideal é que os livros do PNDL sejam usados por três anos. Ou seja, o mesmo exemplar será de três alunos diferentes.
No início do ano os gestores coordenam novamente a redistribuição dos exemplares que haviam sido guardados.
Os livros que estiverem sem condições de uso podem ser substituídos. Todos os anos, o FNDE gasta em média 85 milhões de reais nessa reposição, já que 13% dos exemplares retornam danificados. (A HISTÓRIA, 2015)
4. A IMPORTÂNCIA DO LIVRO DIDÁTICO
O livro didático sempre levantou uma questão sobre quem realmente era seu público alvo: o professor ou o aluno.
Segundo Bitencourt (2004),
Desde seu início o livro didático trouxe uma ambigüidade [sic] em relação ao seu público. A figura central era a do professor, porém a partir da segunda metade do século XIX passou a se tornar mais claro que o livro didático não era um material de uso exclusivo deste, para transcrever ou ditar. Observou-se que o livro precisava ir diretamente para as mãos dos alunos. Esta mudança de perspectiva, passar a ver o aluno como consumidor direto do livro, sinalizou tanto para autores quanto editores, que era necessário modificar o produto para atender novas exigências, transformando e aperfeiçoando sua linguagem. Neste sentido, as ilustrações começaram a se tornar uma necessidade, assim como surgiram novos gêneros didáticos, como os livros de leitura e os livros de lições.
O livro didático é um material que se bem utilizado pode ser um grande apoio ao professor e ao aluno, não podemos é transformá-lo em nossa única fonte de estudos e pesquisas, e acreditar que seu conteúdo fosse imutável.
Se fizermos isso estaremos limitando o aluno a um único meio de estudos, tirando-lhe o direito aprender mais e buscar outras formas de satisfazer sua curiosidade.
O conhecimento produzido por ele é categórico, característica perceptível pelo discurso unitário e simplificado que reproduz, sem possibilidade de ser contestado, como afirmam vários de seus críticos. Trata-se de textos que dificilmente são passíveis de contestação ou confronto, pois expressam ‘uma verdade’ de maneira bastante impositiva. Os livros didáticos merecem ser considerados e utilizados de acordo com suas reais possibilidades pedagógicos e cada vez mais aparece como um referencial, e não como um texto exclusivo, depositário do único conhecimento escolar posto à disposição para os alunos. (Bittencourt, 2004, p. 319, grifos do autor).
O livro didático expressa os diferentes aspectos do conhecimento humano dividido em forma de disciplinas, por tanto deve ser utilizado como um recurso alternativo, e não como instrumento predominante e/ou único, na maioria das salas de aula.
O professore deve recorrer a outras bibliografias especializadas, jornais, revistas, filmes, documentos, e até mesmo depoimentos de pessoas que como, por exemplo, tenha ido viajar a uma cidade histórica e que está sendo abordada em sala de aula hoje.
A escolha do livro didático que será usado em sala de aula pelos três anos seguintes, deve ser feita com muito cuidado e responsabilidade pela escola e pelos professores.
Bezerra e Luca (2006, p. 37), por sua vez, salientam que o mesmo precisa ser compreendido como:
Elemento importante na construção do saber escolar e do processo educacional espera-se que contribua para o aprimoramento da ética, imprescindível ao convívio social e à construção da cidadania. Nesse sentido, há que se verificar, nos textos e nas atividades, a existência de uma real preocupação em despertar no aluno a prática participativa, a sociabilidade, a consciência política, enfim, a cidadania, entendida em seu sentido mais amplo.
No Brasil o livro didático vem enfrentando muitos desafios com custos, interesses políticos, ideias, e até mesmo uma censura velada. Mas também tem alcançado o seu objetivo de trazer mais conhecimento às famílias escolares.
A escolha do livro didático que será usado em sala de aula pelos três anos seguintes, deve ser feita com muito cuidado e responsabilidade pela escola e pelos professores, pois além do que foi citado o este livro tem contribuído na formação de uma identidade nacional na escola, por meio das narrativas dos textos didáticos como por meio das ilustrações, ele deve estar em sintonia com os currículos das escolas.
O livro didático torna-se uma das mercadorias mais vendidas no campo da indústria editorial. Daí a preocupação do Estado e das editoras em publicar os livros que estivessem em perfeita sintonia com os programas curriculares de História, Geografia e demais disciplinas. Uma outra novidade, visando à aceitação maior do livro didático, foi o lançamento dos manuais dos professores, pela Editora Ática, em meados dos anos 60. Estes manuais, além de trazerem a resolução de todos os exercícios propostos, forneciam (e alguns ainda o fazem) os planejamentos anuais e bimestrais prontos para o professor (FONSECA, 1994, p. 139).
Nada irá substituir o professor em sala de aula, mas a boa utilização dos livros didáticos e de todas as novas tecnologias e recursos disponíveis farão com que o trabalho em sala de aula seja mais eficiente e que ajude no objetivo final que é o de formar alunos conscientes do seu papel na sociedade.
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A arte de educar sempre será uma tarefa muito difícil, mas se conseguirmos nos cercar de material que nos ajudem a torná-la digamos mais fácil devemos sim usá-los.
Os livros didáticos quando bem estudados, elaborados e apresentados, podem se torna valiosa ajuda muito eficaz no ensino dentro e fora da sala de aula, o que não podemos é nos tornar reféns disso, e não podemos impor aos nossos alunos somente uma fonte de informação e conhecimento.
Isso nos dias de hoje seria um insulto à capacidade de aprendizado e de curiosidade que muitas crianças e adolescentes trazem de casa ao sentar nos bancos escolares, e seria mais injusto ainda aos que retornam as escolas na fase adulta em busca de conhecimento que lhe foi negado na fase infantil e acabam por ter sua educação pautada na ignorância de muitos professores em aceitar as mudanças do tempo e a avalanche de opiniões e conhecimentos diferentes dos seus.
Esperamos ter conseguido mostrar a importância desse livro que passou por tantas fases e que sempre esteve presente em nossas escolas.
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Publicado por: Fernanda Vach Michel
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