quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Cartilhas de Alfabetização Escritas por Professores da Escola Normal da Capital do Estado de São Paulo


                                                                                                   Maria do Rosário Longo Mortati
                                                           Professora Titular UNESP-Universidade Estadual Paulista
                                                                                         Campus de Marília-SP-Brasil

Ensinar (como professores) e aprender  (como alunos) a ler e a escrever, na escola, e por meio de cartilhas de alfabetização, esses são aspectos de uma tradição fundada entre o final do século XIX e as décadas iniciais do século XX, a qual, transmitida por meio de certa cultura escolar, foi-se consolidando, nos embates com outras tradições, ao longo do século passado.
Para a fundação dessa tradição, contribuíram diretamente muitos professores da Escola Normal da Capital do Estado de São Paulo. Eles integravam a elite educacional que, após a reforma republicana da instrução pública paulista, iniciada em 1890, foi responsável pela proposição e implantação de desenvolveram modelos de instrução pública seguidos em outros estados brasileiros.
Na base desses modelos, encontravam-se propostas então inovadoras para o ensino inicial da leitura, as quais se centravam no método analítico. Em oposição aos métodos sintéticos — alfabético, fônico, ou silábico — utilizados no período imperial e considerados tradicionais pelos educadores republicanos, o método analítico visava a propiciar à criança a compreensão do sentido de ler; por isso, dever-se-ia iniciar o ensino da leitura pela “historieta”, para, depois, ensinar palavras, sílabas, letras. Muitos dos professores da Escola Normal de São Paulo protagonizaram acirradas disputas em defesa do método analítico para o ensino inicial da leitura, pois consideravam que esse método era o mais moderno e mais adequado aos anseios republicanos de modernização política, social e educacional.
Com o objetivo de divulgar suas propostas e ensinar a aplicá-las, esses professores escreveram cartilhas para o ensino inicial da leitura e da escrita, as quais tiveram muitas edições ao longo de muitas décadas e foram utilizadas também em outros estados da federação, tendo contribuído para a formação de muitas gerações de professores e alunos brasileiros. Essas cartilhas eram publicadas por editoras que, sobretudo na primeira metade do século XX, foram-se especializando na produção de livros didáticos, a fim de atender às crescentes demandas escolares e às políticas de avaliação e compra de livros didáticos pelos governos estaduais, para indicação aos professores. Essas editoras, ainda, firmavam contratos com  professores de destaque, muitos deles vinculados à Escola Normal de São Paulo, consolidando-se, assim, fecunda parceria que contribuiu para o desenvolvimento do mercado editorial de livros didáticos produzidos por brasileiros.

Já em 1880, fora publicada a Cartilha da infância, escrita por Thomaz Paulo do Bom Sucesso Galhardo, professor da Escola Normal de São Paulo e por ela diplomado. É autor da Cartilha da infância: ensino da leitura, publicada em 1880, pela Livraria Francisco Alves e baseada no método da silabação. Em 1890, essa cartilha foi modificada e ampliada por Romão Puiggari, diplomado em 1888 pela Escola Normal de São Paulo e autor do hino oficial- "Salve Escola"-da Escola "Caetano de Campos". Cartilha da Infância atingiu sua 233ª edição, em 1992. 
No entanto, a primeira cartilha que os educadores da época consideravam mais afinada com o método analítico era Primeiro Livro de Leitura, escrita pela professora Maria Guilhermina Loureiro de Andrade e publicada presumivelmente no final da década de 1890.
Ela e a professora americana, Marcia Priscila Browne, foram as primeiras diretoras da Escola-Modelo Primária anexa à Escola Normal, tendo sido convidadas pelo Dr. Antonio Caetano de Campos para dirigir, respectivamente, a seção feminina e a seção masculina dessa escola anexa. O Primeiro Livro de Leitura se baseava no método da palavração, passando a ser conhecido como o "método do gato", porque a primeira lição girava em torno de uma criança e um gatinho, que brincavam com uma bola.





          Capa de Cartilha de Infância ( 109* edição - 1924) , de Thomaz Galhardo
            Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP



A partir da década de 1900, outros professores da Escola Normal de São Paulo, na qual também se diplomaram, escreveram cartilhas analíticas, além de livros de leitura e de outras matérias escolares.


*Arnaldo de Oliveira Barreto (1869-1925) diplomado em 1891, foi discípulo de Caetano de Campos. É autor de duas cartilhas,  além de livros de leitura.
Cartilha das Mães foi editada, presumivelmente, entre o final do século XIX e início do século XX, pela Tipografia Siqueira, e, a partir da 12ª. edição, de 1911, pela  Livraria Francisco Alves. Essa cartilha chegou à 84ª. edição, em 1963.
Cartilha Analytica, de Arnaldo de Oliveira Barreto, foi publicada em 1909, pela Livraria Francisco Alves (RJ), com sucessivas edições até a 74ª., de 1967.
Barreto é co-autor, juntamente com Ramon Roca Dordal e Mariano de Oliveira, também professores da Escola Normal de São Paulo, do documento oficial InstRucções praticas para o ensino da leitura pelo methodo analyticO - Modelos de lições, expedido pela Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo, em 1914.

                        Capa de Cartilha das Mães ( 7* edição-1956), de Arnaldo Barreto
               Fonte : Centro de Referência em EducaçãoMário Covas-EFAP/SEE-SP



                              Capa de Leituras Moraes ( 1900), de Arnaldo  de Oliveira Barreto
                  Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


                                 Capa de Primeiras Leituras ( 1905), de Arnaldo de Oliveira Barreto
                 Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


            Capa de Cartilha Analítica ( 63* edição- 1955) , de Arnaldo de Oliveira Barreto
                   Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


Luiz Cardoso Franco diplomou-se em 1887. É autor da cartilha Arte da Leitura, publicada em 1902. Essa cartilha foi fortemente influenciada pela Cartilha maternal ou Arte da leitura (1876), do poeta português João de Deus, baseada no método da palavração e que foi divulgada no Brasil, na década de 1880, especialmente por Antonio da Silva Jardim, professor da Escola Normal de São Paulo.

                                                       Capa de Cartilha Maternal, de João de Deus
                    Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP




Ramon Roca Dordal, de origem espanhola, também se diplomou pela Escola Normal de São Paulo. É autor de Cartilha Moderna, publicada presumivelmente em 1902, por Spíndola, Siqueira e Cia..
Dordal é co-autor do documento oficial  InstRucções praticas para o ensino da leitura pelo methodo analyticO - Modelos de lições, expedido pela Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo, em 1914.


*Theodoro Jeronymo Rodrigues Moraes (1877-1956) diplomou-se pela Escola Normal Secundária de São Paulo, em 1906. É autor dos seguintes livros didáticos destinados ao ensino da leitura a crianças: Meu livro: primeiras leituras de accôrdo com o methodo analytico (1909); Meu livro: segundas leituras de accôrdo com o methodo analytico (1910?); Sei lêr: leituras intermediárias (1928); Sei lêr: primeiro livro (1928); e Sei lêr: segundo livro (1930).
A cartilha Meu livro: primeiras leituras de accôrdo com o methodo analytico foi elaborada com base em sua experiência como professor primário e a partir de plano sugerido por Oscar Thompson, Diretor Geral da Instrução Pública do estado de São Paulo, entre 1909-1910.
Theodoro de Moraes é também autor de Cartilha do operário: para o ensino da leitura, pela processuação do methodo analytico, aos adolescentes e adultos, que foi publicada em 1918, pela Typographia Augusto Siqueira, com 2ª. edição em 1924. Essa cartilha foi um dos primeiros materiais didáticos para a alfabetização de adultos, tendo sido adotada oficialmente nas escolas do Estado de São Paulo.
É também co-autor, juntamente com Miguel Carneiro, J. Pinto e Silva e Mariano de Oliveira, do documento oficial Como ensinar leitura e linguagem nos diversos annos do curso preliminar, expedido pela Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo, em 1911.

*Carlos Alberto Gomes Cardim (1875-1938) diplomou-se em 1894 e também atuou como 
Diretor da Escola Normal de São Paulo. É autor da Cartilha Infantil pelo methodo analytico, publicada presumivelmente em 1910, pela Editora Augusto Siqueira, tendo chegado à 9ª. edição em 1919 e utilizada nos estados de São Paulo e Espírito Santo.


Capa de Cartilha Infantil pelo Méthodo Analytico (9* edição - 1919), de Carlos A.Gomes Cardim
Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


*Francisco Furtado Mendes Viana (1876-1935) diplomou-se em 1895. É autor de Leitura preparatória (1908), Cartilha: leituras infantis [1912] e Primeiros passos na leitura (1915). A 1ª. edição de Cartilha: leituras infantis foi publicada presumivelmente em 1912, pela Livraria Francisco Alves (RJ), com sucessivas edições até a 48ª., de 1945. As edições da cartilha foram aprovadas para utilização nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Santa Catarina e Amazonas.




                               Capa de Cartilha (48* edição - 1945), de Francisco Viana
             Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


Mariano de Oliveira (1869-19??) diplomou-se pela Escola Normal de São Paulo em 1888. É autor de Nova cartilha analytico-sinthetica, publicada em 1916 pela Companhia Melhoramentos de São Paulo (Weiszflog Irmãos Incorporada), com última edição, a 185ª, em 1955. Foi também utilizada em muitos estados brasileiros. É também autor de Cartilha ensino-rápido da leitura, publicada em 1917, pela Melhoramentos, tendo sido editada até 1996.
É co-autor, juntamente com Arnaldo Barreto e Roca Dordal, do documento oficial InstRucções praticas para o ensino da leitura pelo methodo analyticO - Modelos de lições, expedido pela Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo, em 1914. É também co-autor, juntamente com Miguel Carneiro, J. Pinto e Silva e Theodoro de Moraes, do documento oficial Como ensinar leitura e linguagem nos diversos annos do curso preliminar, expedido pela Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo, em 1911.


         Capa de Cartilha Ensino-Rápido de Leitura ( 196* edição) ,  de Mariano de Oliveira
       Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


*Manoel Bergström Lourenço Filho (1894-1970) diplomou-se em 1917. É autor de Cartilha do Povo – para ensinar a ler rapidamente, publicada em 1928 pela Companhia Melhoramentos ,  junto à qual, naquela época, Lourenço Filho atuava como editor , tendo sido publicada até a 2201ª. edição, de 1986. É também autor da cartilha Upa, Cavalhinho!, publicada em 1957, pela Melhoramentos, tendo alcançado 12 edições, até 1970.


                       Capa de Cartilha do Povo ( 116* edição) , de Manoel B.Lourenço Filho
                  Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


        Capa de Cartilha Upa, Cavalinho! ( 12* edição) , de Manoel Bergstrom Lourenço Filho
                   Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP



*Altina Rodrigues de Albuquerque Freitas diplomou-se em 1902. É autora de Cartilha – primeiro livro, publicada em 1920 e dedicada à memória de Gabriel Prestes.

*Benedicto Maria Tolosa diplomou-se em 1891. É autor de Cartilha de Alfabetização, publicada presumivelmente em 1923.



               Capa de Cartilha do Operário (2* edição - 1924), de Theodoro de Moraes
                    Fonte:Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP





*Antonio Firmino de Proença (1880-1946) diplomou-se em 1904. É autor de Cartilha Proença, publicada pela Editora Melhoramentos em 1926, tendo alcançado 84 edições, até a última, de 1955. Foi um dos últimos de sua geração intelectual a se destacar como escritor didático e sua cartilha foi uma das últimas elaboradas de acordo e programaticamente, com o método analítico para ensino da leitura e da escrita.




            Capa de Cartiha Proença ( 1* edição - 1926) ,  de Antonio Firmino de Proença
                  Fonte:Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP





*Claudina de Barros, também diplomada pela Escola Normal de São Paulo, é autora de Cartilha fácil, publicada pela Tipografia Siqueira, presumivelmente em 1932; a partir de 1935, a cartilha passou a ser publicada pela Companhia Editora Nacional, tendo alcançado 40 edições, até a última, de 1957.




                               Capa de Cartilha Facil , de  Claudina de Barros
                  Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP




*Renato Sêneca Fleury (1895-1980) diplomou-se em 1912. É autor de Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida, publicada em 1935, pela Editora Melhoramentos, tendo alcançado 133 edições, até a última, de 1958.




                    Capa de Cartilha na Roça (47* edição-1944), de Renato Sêneca Fleury
                    Fonte : Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP


Capa de Brincar de Ler- Livro de Figuras ( 1939) , de Renato Sêneca Fleury
               Fonte : Centro de Referência em Educação  Mário Covas-EFAP/SEE-SP


*Cecília Bueno dos Reis Amoroso também se diplomou pela Escola Normal de São Paulo. É autora da cartilha Onde está o patinho?, publicada em 1955, pela  Melhoramentos; a partir de 1972, passou a ser publicada pela Editora Lotus, tendo co-autoras; em 1979, passou a ser publicada pela Editora Saraiva.




             Capa de Onde está o Patinho? ( 1955) , de Cecília Bueno dos Reis Amoroso
               Fonte: Centro de Referência em Educação Mário Covas-EFAP/SEE-SP



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Veja o passo a passo de como negar a contribuição assistencial a sindicatos



Veja o passo a passo de como negar a contribuição assistencial a sindicatos

Advogado consultado pela CNN elaborou uma carta modelo para o trabalhador utilizar para se opor ao desconto

Especialista ressalta que oposição ao pagamento só pode ser feito a quem não é sindicalizado
Especialista ressalta que oposição ao pagamento só pode ser feito a quem não é sindicalizado CoWomen/ Unsplash
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Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou nesta semana a volta da contribuição assistencial a sindicatos, e agora a participação poderá ser exigida de todos os trabalhadores — sindicalizados ou não.

Contudo, para ter validade, a medida deve constar em acordos ou convenções coletivas firmados entre sindicatos de trabalhadores e patrões.

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O pagamento aos sindicatos não é obrigatório, mas o trabalhador deve manifestar oposição caso não queira contribuir.

O valor varia. Em geral, é de uma porcentagem pequena do salário do trabalhador, com algum teto. Por exemplo, 1% da remuneração, com limite de R$ 50.

Uma vez instituída a cobrança, é preciso que a convenção coletiva estabeleça também como vai funcionar o direito do trabalhador de se opor ao desconto do valor.

Segundo Aloísio Costa Jr.,  sócio do Ambiel Advogados e especialista em direito do trabalho, houve uma mudança de entendimento, considerando os reflexos da reforma trabalhista nos financiamentos dos sindicatos.

“O Supremo, em julgamento de embargos de declaração, decidiu firmar a tese de que é constitucional a exigência da contribuição do empregado não sindicalizado, desde que ele não se oponha a essa cobrança”, explica o advogado.

Então, voltará a ser como era antes da reforma trabalhista, e como já era praxe até 2017. Agora, o empregado poderá ter descontado o valor da contribuição assistencial desde que não apresente oposição, segundo o especialista.

“O que o STF decidiu não foi pelo retorno da contribuição sindical prevista na CLT, também conhecida como imposto sindical — que era cobrada no valor de um dia de salário do trabalhador por ano”, esclarece Costa Jr.

“Essa contribuição é geralmente prevista nos acordos coletivos de trabalho ou nas convenções de um determinado valor, ou de uma determinada porcentagem do salário do empregado”.

Se o trabalhador não quiser contribuir, deve seguir as seguintes etapas:

  • Formalizar por escrito o exercício do direito de oposição;
  • Fazer uma declaração na qual o empregado/trabalhador declara ao sindicato que não autoriza o desconto do valor da contribuição assistencial do seu salário;
  • É recomendável que a carta de oposição seja apresentada tanto ao empregador como ao sindicato;
  • Não se exige registro em cartório ou reconhecimento de firma, basta que a carta esteja assinada pelo trabalhador e que exista um comprovante de entrega dessa carta;
  • Pode ser uma assinatura do representante do departamento de recursos humanos da empresa, um carimbo, se for pelo Correio, por exemplo, ou um aviso de recebimento;
  • É importante que essa comunicação seja realizada de imediato, para nenhuma contribuição devida ser descontada do salário.

Costa Jr. ressalta que a possibilidade de se opor ao desconto da contribuição assistencial é do trabalhador não filiado ao sindicato.

“O filiado ao sindicato se submete ao desconto e não tem direito de se opor”, destaca.

Carta de oposição

Veja um modelo que o trabalhador pode usar para se opor à contribuição assistencial:

DECLARAÇÃO

Eu, ______________, portador(a) do RG n.º ____________e do CPF nº ____________, empregado(a) da empresa ____________, CNPJ n.º ____________, declaro que não autorizo o desconto de contribuição assistencial, confederativa ou qualquer outra que venha a ser estabelecida em convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho em favor do Sindicato da minha categoria, nos termos da legislação vigente.

Local e data.

_____________________________

Nome e assinatura do(a) trabalhador(a)

Direito do trabalhador

Uma vez que o empregado apresente ao empregador a carta de oposição, ele está seguro de que a empresa não pode realizar o desconto da contribuição no seu salário, sob pena de responsabilidade de, inclusive, ser cobrado judicialmente a devolver o valor.

Segundo o advogado, o empregador também fica precavido em caso de cobrança por parte do sindicato. Se a entidade cobrar da empresa o valor descontado do salário, o trabalhador apresenta a carta de oposição e, com isso, evita qualquer cobrança indevida.

“É importante também informar o sindicato para que não realize cobrança. Sabendo que determinado trabalhador se opôs expressamente à cobrança da contribuição assistencial, o sindicato não vai promover nenhuma cobrança administrativa ou judicial, seja em face do próprio empregado, do próprio trabalhador, como em face do empregador.”

Normalmente, se estabelece um prazo de 10 dias para que o trabalhador manifeste seu desejo de não contribuir. Em geral, o empregado deve ir presencialmente ao sindicato para fazer isso.

Para quem não se opõe, o pagamento é feito diretamente pela empresa por meio de desconto na folha. Os valores recolhidos são repassados aos sindicatos — mensalmente ou em outra periodicidade.

A contribuição assistencial é destinada ao custeio de atividades de negociações coletivas do sindicato, como as tratativas com patrões por reajuste salarial ou pela extensão de benefícios, como auxílio-creche.

fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/veja-o-passo-a-passo-de-como-negar-a-contribuicao-assistencial-a-sindicatos/#:~:text=Eu%2C%20______________%2C%20portador(a,de%20trabalho%20ou%20acordo%20coletivo

Gratidão professora BENEDICTA STAHL SODRÉ criadora da cartilha Sodré.

Princípio do devido processo legal. João Maria andarilho utópico.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Cartilha Sodré para baixar completa, de Benedicta Sthal Sodré


Cartilha Sodré para baixar completa, de Benedicta Sthal Sodré

Cartilha de Alfabetização Sodré  (Benedicta Sthal Sodré), chegou a vender mais de 6 milhões de exemplares em suas 273 edições e marcou uma geração. As pessoas que com ela estudaram são saudosas de seu pequeno livro de leitura, que hoje em dia passou a valer muito. Só para se ter idéia, um exemplar pode chegar a custar de 500 a mil  reais!
Exatamente por isto estou colocando aqui a cartilha para quem deseja matar as saudades e não dispõe de tanto para dar em um livro didático, mesmo que ele seja muito querido e tenha feito parte de sua vida. Aproveite e mate a saudade das lições, como a famosa lição "a pata nada" que muita gente não esquece até os dias de hoje. Segue abaixo um histórico da cartilha.


Histórico da primeira versão, aquela da garotinha de tranças:


Capa da Cartilha Sodré , (1ª ed., 1940)


219.e. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1951. [Não foi possível localizar a editora que publicou as primeiras edições, cuja 1a. edição é de 1940. A partir da 46a. edição, de 1948, a Cartilha Sodré passou a ser publicada pela Companhia Editora Nacional. Conforme dados da editora, de 1948 até 1989, data da última edição, a 273a., foram produzidos 6.060.351 exemplares. Em 1977, ela foi remodelada por Isis Sodré Verganini. Além da alteração no formato da cartilha, foram acrescentadas mais de 30 páginas.] Diário de Lições. Delphina Spiteri Passos [Caderno do professor indicando como se deveria trabalhar em sala de aula com a Cartilha Sodré, lição da para.]




A edição que está disponível aqui não é aquela primeira, foi reformulada. Porém não perde o significado, continua sendo maravilhoso poder ter contato ainda hoje com um material com a Cartilha Sodré, de Benedicta Sthal Sodré!









Clique NO LINK abaixo para baixar a cartilha sodré completa


















SEGUE UM ARTIGO QUE ACHEI INTERESSANTE, DE ROMILDO SANTANA:

ROMILDO SANT'ANNA
Maravilhosa cartilha Sodré


Era uma brochura grampeada na dobra. Na capa fosca e esverdeada, uma menina de tranças sorria pra gente e convidava à ventura das primeiras letras. Com 64 páginas, tinha tamanho pouco maior que as cadernetas que marcavam o fiado no empório, ou os almanaques que nos entretinham em viagens de trem. A autora, nossa heroína, era Benedicta Stahl Sodré, identificada com letras miúdas na capa. Ela e Dona Celina, a primeira professora, parece que adivinhavam a sílaba à frente nas veredas de sentenças complicadas e escuridões da vida. Nossa cartilha alcançou quase 300 edições e multidão de exemplares vendidos, bem baratinhos.

Recordo a primeira lição. Era da pata e, lógico, tinha uma pata branca flutuando no lago. “A pata nada. Pata-pá, nada-ná”, repetíamos em voz alta olhando a figura e letras de professora. Reconhecemos o “p”, o “n” e a primeira vogal, aquela da abelha. Depois vieram o “g” de gato, o “m” dum macaco contente e o “z” de Zazá zanzando em fim de ano. O método de ensino – dizem os pedagogos – era o fônico, que associava as letras e seus desenhos ao som dos vocábulos. Com alegria de aprender, desafiávamos em batalhas gritantes a turma da sala ao lado, bradando em coro: “ Vovô viu a uva! Vovô viu a uva!”. E eles, que aprendiam na Caminho Suave, respondiam ruidosos tropeçando em consoantes: “O rato roeu a roupa do rei de Roma!”. A Suave não era grampeada nem parecia caderneta. Achávamos bonita, maiorzona, com um casal de crianças na estrada apontando com o dedo o futuro. Mas soava meio estranha, talvez porque não a tivéssemos. A criançada da turma de lá, com a qual competíamos também em caligrafia e aritmética, não escondia serena inveja da nossa cartilha, a velha e simplezinha Sodré.

Naquela época, ser analfabeto era comum na cidade. Muita criança de ponta de vila, como nós, nem ia à escola. Mas os que a freqüentavam, às vezes de pé no chão, saíamos lendo, escrevendo e entendendo o que líamos. O boletim não era uma folha fria de computador, mas questão de honra, atestado de que nos havíamos no mundo, com notas azuis e assustadores vermelhos escritos à mão. O material escolar cabia no pequeno bornal dos garotos ou em bolsas de couro geralmente das meninas. E, sem que percebêssemos, já estávamos numa assustadora selva de Ubirajara, ou nos encantávamos com o despertar adolescente de Clarissa, fervendo em nós a puberdade, apaixonados por ela.

Hoje , alfabetização não passa de um percentual estatístico. Não havia o contingente escandaloso dos analfabetos funcionais, que crescem, garatujam nomes em títulos de eleitor, são capazes de soletrar o escrito num cartaz, mas não retêm a mensagem. Li dia desses o comunicado de um garoto bem maior que nós, naquela época: “mae tou na caza do Biau jogando game e vc nao preocupeçe ok?”. E ela, talvez, nem se preocupou.

Discute-se o decepcionante resultado escolar dos pequenos brasileiros. Pesquisa recente informa que menos de 5% dos alunos de 4ª série tiveram desempenho adequado, sabem de fato ler e escrever. Os demais revelam aproveitamento abaixo do que necessitariam para a cidadania e emancipação futura. A nova alfabetização recebe nome pomposo e retórico: construtivista. Nega ênfase à relação sonora entre letras, os desenhos e as palavras, faz da velha cartilha um exemplo tosco de antanho. Prefere que o aprendizado se faça da união entre o cotidiano da criança e as palavras a ele relacionadas. Os livros, luxuosos e caríssimos, a ostentar brilhos superficiais, fazem a festa de editores e livreiros no início de cada ano. Enfeixam boniteza arrogante e transformam filhos e pais em submissos reféns. Algumas escolas, diante de material tão sedutor – e inócuo, parece, segundo os resultados –, usam tais apetrechos pedagógicos como alavancas ornamentais a justificar o alto preço das mensalidades. Quanto ao principal, ensinar a que as crianças aprendam, parece que em alguns casos as escolas se acomodam, culpam implicitamente as crianças, o berço que tiveram ou, talvez, a sociedade com a educação geral em declínio.

Assistimos à degradação da escola pública, determinada pela apatia venal dos dirigentes políticos. Educadores desesperam-se entre salas inconvenientes e salários ultrajantes. À parte, como se fora noutro mundo, por uma criança de 5ª série, em colégio privado, cobra-se por ano letivo mais de 7.500 reais, em treze prestações. Isto porque fomentado por religiosos e entidades sem fins lucrativos. O livro de português custa 57, o de matemática, 64, os de história e geografia, 117, o de ciências, 59, mais caros que um Prêmio Nobel. São tantos e volumosos os arsenais didáticos que necessitam de mochilas com rodas pra que sejam transportados. Tudo como se matérias escolares tivessem valor pelo que pesam, proporcionais em papel-moeda. Chego a pensar que, ao dar-se conta dessa ostentação perdulária no contexto do país, uma criança adquira, inocentemente, as primeiras letras do alfabeto inclemente da segregação social. É assim mesmo – aprendem no sub-reptício – somos a casta privilegiada. A vida é nota zero em solidariedade, e salve-se quem puder! Saudade da velha cartilha enfiada no piquá.


Romildo Sant'Anna, escritor e jornalista, é professor do curso de pós-graduação em "Comunicação" da Unimar - Universidade de Marílía, comentarista do jornal TEM Notícias - 2" edição, da TV TEM (Rede Globo) e curador do Museu de Arte Primitivista 'José Antônio da Silva' e Pinacoteca de São José do Rio Preto. Como escritor, ensaísta e crítico de arte, diretor de cinema e teatro, recebeu mais de 40 prêmios nacionais e internacionais. Mestre e Doutor pela USP e Livre-docente pela UNESP, é assessor científico da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Foi sub-secretário regional da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.


"..
.mando uma página da cartilha que foi usada para a
minha alfabetização no Grupo Escolar do Bairro da Granada, entre 1947 e
1949. A primeira página foi perdida, mas nós a chavámos da Cartilha da Pata Nada."



ACIMA, A FAMOSA LIÇÃO DA OSMARINA - CARTILHA SODRÉ


ACIMA, FAMOSA LIÇÃO A PATA NADA, CARTILHA SODRÉ


A VERSÃO DOS ANOS 40


FOLHA DE ROSTO CARTILHA SODRÉ ANOS 40


MAIS UMA VERSÃO A PATA NADA CARTIHA SODRÉ






Fontes da pesquisa:

Anos dourados blog, Arquivos Mário Covas São paulo, Quata. com classificados antigos, Fotos de comercialização da cartilha em sites de venda diversos, Triplov.com


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