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sábado, 2 de março de 2024
Eis aqui dez princípios gerais desse conjunto de opiniões, formulados pelo filósofo Russell Kirk.
Os dez princípios do conservadorismo
O conservadorismo é um estado da mente, um tipo de caráter, uma maneira de olhar para a ordem social e civil. Eis aqui dez princípios gerais desse conjunto de opiniões, formulados pelo filósofo Russell Kirk.
Não sendo nem uma religião nem uma ideologia, o conjunto de opiniões designado como conservadorismo não possui nem uma Escritura Sagrada nem um Das Kapital que lhe forneça um dogma. Na medida em que seja possível determinar o que os conservadores crêem, os primeiros princípios do pensamento conservador provêm daquilo que professaram os principais escritores e homens públicos conservadores ao longo dos últimos dois séculos. Sendo assim, depois de algumas observações introdutórias a respeito deste tema geral, eu irei arrolar dez destes princípios conservadores.
Talvez seja mais apropriado, a maior parte das vezes, usar a palavra “conservador” principalmente como adjetivo. Porque não existe um Modelo Conservador, sendo o conservadorismo, na verdade, a negação da ideologia: trata-se de um estado da mente, de um tipo de caráter, de uma maneira de olhar para a ordem social civil.
A atitude que nós chamamos de conservadorismo é sustentada por um conjunto de sentimentos, mais do que por um sistema de dogmas ideológicos. É quase verdade que um conservador pode ser definido como sendo a pessoa que se acha conservadora. O movimento ou o conjunto de opiniões conservadoras pode comportar uma diversidade considerável de visões a respeito de um número considerável de temas, não havendo nenhuma Lei do Teste (Test Act) [1] ou Trinta e Nove Artigos (Thirty-Nine Articles) [2] do credo conservador.
Em suma, uma pessoa conservadora é simplesmente uma pessoa que considera as coisas permanentes mais satisfatórias do que o “caos e a noite primitiva” [3]. (Mesmo assim, os conservadores sabem, como Burke, que a saudável “mudança é o meio de nossa preservação”.) A continuidade da experiência de um povo, diz o conservador, oferece uma direção muito melhor para a política do que os planos abstratos dos filósofos de botequim. Mas é claro que a convicção conservadora é muito mais do que esta simples atitude genérica.
Não é possível redigir um catálogo completo das convicções conservadoras; no entanto, ofereço aqui, de forma sumária, dez princípios gerais; tudo indica que se possa afirmar com segurança que a maioria dos conservadores subscreveria a maior parte destas máximas. Nas várias edições do meu livro The Conservative Mind (“A Mentalidade Conservadora”, ainda sem tradução para o português), fiz uma lista de alguns cânones do pensamento conservador — a lista foi sendo levemente modificada de uma edição para a outra; em minha antologia The Portable Conservative Reader, ofereço algumas variações sobre este assunto.
Agora, lhes apresento uma resenha dos pontos de vista conservadores que difere um pouco dos cânones que se encontram nestes meus dois livros. Por fim, as diferentes maneiras através das quais as opiniões conservadoras podem se expressar são, em si mesmas, uma prova de que o conservadorismo não é uma ideologia rígida. Os princípios específicos enfatizados pelos conservadores, em um dado período, variam de acordo com as circunstâncias e as necessidades daquela época. Os dez artigos de convicções abaixo refletem as ênfases dos conservadores americanos da atualidade.
Primeiro, um conservador crê que existe uma ordem moral duradoura. Esta ordem é feita para o homem, e o homem é feito para ela: a natureza humana é uma constante e as verdades morais são permanentes.
Esta palavra ordem quer dizer harmonia. Há dois aspectos ou tipos de ordem: a ordem interior da alma e a ordem exterior da comunidade. Vinte e cinco séculos atrás, Platão ensinou esta doutrina, mas hoje em dia até as pessoas instruídas acham difícil de compreendê-la. O problema da ordem tem sido uma das principais preocupações dos conservadores desde que a palavra conservador se tornou um termo político.
O nosso mundo do século XX experimentou as terríveis conseqüências do colapso na crença em uma ordem moral. Assim como as atrocidades e os desastres da Grécia do século V a.C., a ruína das grandes nações, em nosso século, nos mostra o poço dentro do qual caem as sociedades que fazem confusão entre o interesse pessoal, ou engenhosos controles sociais, e as soluções satisfatórias da ordem moral tradicional.
Foi dito pelos intelectuais progressistas que os conservadores acreditam que todas as questões sociais, no fundo, são uma questão de moral pessoal. Se entendida corretamente, esta afirmação é bastante verdadeira. Uma sociedade onde homens e mulheres são governados pela crença em uma ordem moral duradoura, por um forte sentido de certo e errado, por convicções pessoais sobre a justiça e a honra, será uma boa sociedade — não importa que mecanismo político se possa usar; enquanto se uma sociedade for composta de homens e mulheres moralmente à deriva, ignorantes das normas, e voltados primariamente para a gratificação de seus apetites, ela será sempre uma má sociedade — não importa o número de seus eleitores e não importa o quanto seja progressista sua constituição formal.
Segundo, o conservador adere ao costume, à convenção e à continuidade. É o costume tradicional que permite que as pessoas vivam juntas pacificamente; os destruidores dos costumes demolem mais do que o que eles conhecem ou desejam. É através da convenção — uma palavra bastante mal empregada em nossos dias — que nós conseguimos evitar as eternas discussões sobre direitos e deveres: o Direito é fundamentalmente um conjunto de convenções. Continuidade é uma forma de atar uma geração com a outra; isto é tão importante para a sociedade com o é para o indivíduo; sem isto a vida seria sem sentido. Revolucionários bem sucedidos conseguem apagar os antigos costumes, ridicularizar as velhas convenções e quebrar a continuidade das instituições sociais — motivo pelo qual, nos últimos tempos, eles têm descoberto a necessidade de estabelecer novos costumes, convenções e continuidade; mas este processo é lento e doloroso; e a nova ordem social que eventualmente emerge pode ser muito inferior à antiga ordem que os radicais derrubaram um seu zelo pelo Paraíso Terrestre.
Os conservadores são defensores do costume, da convenção e da continuidade porque preferem o diabo conhecido ao diabo que não conhecem. Eles crêem que ordem, justiça e liberdade são produtos artificiais de uma longa experiência social, o resultado de séculos de tentativas, reflexão e sacrifício. Por isto, o organismo social é uma espécie de corporação espiritual, comparável à Igreja; pode até ser chamado de comunidade de almas. A sociedade humana não é uma máquina, para ser tratada mecanicamente. A continuidade, a seiva vital de uma sociedade não pode ser interrompida. A necessidade de uma mudança prudente, recordada por Burke, está na mente de um conservador. Mas a mudança necessária, redarguem os conservadores, deve ser gradual e discriminatória, nunca se desvencilhando de uma só vez dos antigos cuidados.
Terceiro, os conservadores acreditam no que se poderia chamar de princípio do preestabelecimento. Os conservadores percebem que as pessoas atuais são anões nos ombros de gigantes, capazes de ver mais longe do que seus ancestrais apenas por causa da grande estatura dos que nos precederam no tempo. Por isto os conservadores com freqüência enfatizam a importância do preestabelecimento — ou seja, as coisas estabelecidas por costume imemorial, de cujo contrário não há memória de homem que se recorde. Há direitos cuja principal ratificação é a própria antiguidade — inclusive, com freqüência, direitos de propriedade. Da mesma forma a nossa moral é, em grande parte, preestabelecida. Os conservadores argumentam que seja improvável que nós modernos façamos alguma grande descoberta em termos de moral, de política ou de bom gosto. É perigoso avaliar cada tema eventual tendo como base o julgamento pessoal e a racionalidade pessoal. O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia, declarou Burke. Na política nós agimos bem se observarmos o precedente, o preestabelecido e até o preconceito, porque a grande e misteriosa incorporação da raça humana adquiriu uma sabedoria prescritiva muito maior do que a mesquinha racionalidade privada de uma pessoa.
Quarto, os conservadores são guiados pelo princípio da prudência. Burke concorda com Platão que entre os estadistas a prudência é a primeira das virtudes. Toda medida política deveria ser medida a partir das prováveis conseqüências de longo prazo, não apenas pela vantagem temporária e pela popularidade. Os progressistas e os radicais, dizem os conservadores, são imprudentes: porque eles se lançam aos seus objetivos sem dar muita importância ao risco de novos abusos, piores do que os males que esperam varrer. Com diz John Randolph de Roanoke, a Providência se move devagar, mas o demônio está sempre com pressa. Sendo a sociedade humana complexa, os remédios não podem ser simples, se desejam ser eficazes. O conservador afirma que só agirá depois de uma reflexão adequada, tendo pesado as conseqüências. Reformas repentinas e incisivas são tão perigosas quanto as cirurgias repentinas e incisivas.
Quinto, os conservadores prestam atenção no princípio da variedade. Eles gostam do crescente emaranhado de instituições sociais e dos modos de vida tradicionais, e isto os diferencia da uniformidade estreita e do igualitarismo entorpecente dos sistemas radicais. Em qualquer civilização, para que seja preservada uma diversidade sadia, devem sobreviver ordens e classes, diferenças em condições materiais e várias formas de desigualdade. As únicas formas verdadeiras de igualdade são a igualdade do Juízo Final e a igualdade diante do tribunal de justiça; todas as outras tentativas de nivelamento irão conduzir, na melhor das hipóteses, à estagnação social. Uma sociedade precisa de liderança honesta e capaz; e se as diferenças naturais e institucionais forem abolidas, algum tirano ou algum bando de oligarcas desprezíveis irá rapidamente criar novas formas de desigualdade.
Sexto, os conservadores são refreados pelo princípio da imperfectibilidade. A natureza humana sofre irremediavelmente de certas falhas graves, bem conhecidas pelos conservadores. Sendo o homem imperfeito, nenhuma ordem social perfeita poderá jamais ser criada. Por causa da inquietação humana, a humanidade tornar-se-ia rebelde sob qualquer dominação utópica e se desmantelaria, mais uma vez, em violento desencontro — ou então morreria de tédio. Buscar a utopia é terminar num desastre, dizem os conservadores: nós não somos capazes de coisas perfeitas. Tudo o que podemos esperar razoavelmente é uma sociedade que seja sofrivelmente ordenada, justa e livre, na qual alguns males, desajustes e desprazeres continuarão a se esconder. Dando a devida atenção à prudente reforma, podemos preservar e aperfeiçoar esta ordem sofrível. Mas se os baluartes tradicionais de instituição e moralidade de uma nação forem negligenciados, se dá largas ao impulso anárquico que está no ser humano: “afoga-se o ritual da inocência” [4]. Os ideólogos que prometem a perfeição do homem e da sociedade transformaram boa parte do século XX em um inferno terrestre.
Sétimo, os conservadores estão convencidos que liberdade e propriedade estão intimamente ligadas. Separe a propriedade do domínio privado e Leviatã se tornará o mestre de tudo. Sobre o fundamento da propriedade privada, construíram-se grandes civilizações. Quanto mais se espalhar o domínio da propriedade privada, tanto mais a nação será estável e produtiva. Os conservadores defendem que o nivelamento econômico não é progresso econômico. Aquisição e gasto não são as finalidades principais da existência humana; mas deve-se desejar uma sólida base econômica para a pessoa, a família e a comunidade.
Sir Henry Maine, em sua Village Communities, defende vigorosamente a causa da propriedade privada, como diferente da propriedade pública: “Ninguém pode ao mesmo tempo atacar a propriedade privada e dizer que aprecia a civilização. A história destas duas realidades não pode ser desintrincada”. Pois a instituição da propriedade privada tem sido um instrumento poderoso, ensinando a responsabilidade a homens e mulheres, dando motivos para a integridade, apoiando a cultura geral e elevando a humanidade acima do nível do mero trabalho pesado, proporcionando tempo livre para pensar e liberdade para agir. Ser capaz de guardar o fruto do próprio trabalho; ser capaz de ver o próprio trabalho transformado em algo de duradouro; ser capaz de deixar em herança a sua propriedade para sua posteridade; ser capaz de se erguer da condição natural da oprimente pobreza para a segurança de uma realização estável; ter algo que é realmente propriedade pessoal — estas são vantagens difíceis de refutar. O conservador reconhece que a posse de propriedade estabelece certos deveres do possuidor; ele reconhece com alegria estas obrigações morais e legais.
Oitavo, os conservadores promovem comunidades voluntárias, assim como se opõem ao coletivismo involuntário. Embora os americanos tenham se apegado vigorosamente aos direitos privados e de privacidade, também têm sido um povo conhecido por seu bem sucedido espírito comunitário. Na verdadeira comunidade, as decisões que afetam de forma mais direta as vidas dos cidadãos são tomadas no âmbito local e de forma voluntária. Algumas destas funções são desempenhadas por organismos políticos locais, outras por associações privadas: enquanto permanecem no âmbito local e são caracterizadas pelo comum acordo das pessoas envolvidas, elas constituem comunidades saudáveis. Mas quando as funções, quer por deficiência, quer por usurpação, passam para uma autoridade central, a comunidade se encontra em sério perigo. Se existe algo de benéfico ou prudente em uma democracia moderna, isto se dá através da volição cooperativa. Se, então, em nome de uma democracia abstrata, as funções da comunidade são transferidas para uma coordenação política distante, o governo verdadeiro, através do consentimento dos governados, cede lugar para um processo de padronização hostil à liberdade e à dignidade humanas.
Uma nação não é mais forte do que as numerosas pequenas comunidades pelas quais é composta. Uma administração central, ou um grupo seleto de administradores e servidores públicos, por mais bem intencionado e bem treinado que seja, não pode produzir justiça, prosperidade e tranqüilidade para uma massa de homens e mulheres privada de suas responsabilidades de outrora. Esta experiência já foi feita; e foi desastrosa. É a realização de nossos deveres em comunidade que nos ensina a prudência, a eficiência e a caridade.
Nono, o conservador percebe a necessidade de uma prudente contenção do poder e das paixões humanas. Politicamente falando, poder é a capacidade de se fazer aquilo que se queira, a despeito da aspiração dos próprios companheiros. Um estado em que um indivíduo ou um pequeno grupo é capaz de dominar as aspirações de seus companheiros sem controles é um despotismo, quer seja monárquico, aristocrático ou democrático. Quando cada pessoa pretende ser um poder em si mesmo, então a sociedade se transforma numa anarquia. A anarquia nunca dura muito tempo porque é intolerável para todos e contrária ao fato irrefutável de que algumas pessoas são mais fortes e espertas do que seus próximos. À anarquia sucede-se a tirania ou a oligarquia, nas quais o poder é monopolizado por pouquíssimos.
O conservador se esforça por limitar e balancear o poder político para que não surjam nem a anarquia, nem a tirania. No entanto, em todas as épocas, homens e mulheres foram tentados a derrubar os limites colocados sobre o poder, a favor de um capricho temporário. É uma característica do radical que ele pense o poder como uma força para o bem — desde que o poder caia em suas mãos. Em nome da liberdade, os revolucionários franceses e russos aboliram os limites tradicionais ao poder; mas o poder não pode ser abolido; e ele sempre acha um jeito de terminar nas mãos de alguém. O poder que os revolucionários pensavam ser opressor nas mãos do antigo regime, tornou-se muitas vezes mais tirânico nas mãos dos novos mestres do estado.
Sabendo que a natureza humana é uma mistura do bem e do mal, o conservador não coloca sua confiança na mera benevolência. Restrições constitucionais, freios e contrapesos políticos (checks and balances), correta coerção das leis, a rede tradicional e intricada de contenções sobre a vontade e o apetite — tudo isto o conservador aprova como instrumento de liberdade e de ordem. Um governo justo mantém uma tensão saudável entre as reivindicações da autoridade e as reivindicações da liberdade.
Décimo, o pensador conservador compreende que a estabilidade e a mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade robusta. O conservador não se opõe ao aprimoramento da sociedade, embora ele tenha suas dúvidas sobre a existência de qualquer força parecida com um místico Progresso, com P maiúsculo, em ação no mundo. Quando uma sociedade progride em alguns aspectos, geralmente ela está decaindo em outros. O conservador sabe que qualquer sociedade sadia é influenciada por duas forças, que Samuel Taylor Coleridge chamou de Conservação e Progressão (Permanence and Progression). A Conservação de uma sociedade é formada pelos interesses e convicções duradouros que nos dão estabilidade e continuidade; sem esta Conservação as fontes do grande abismo se dissolvem, a sociedade resvala para a anarquia. A Progressão de uma sociedade é aquele espírito e conjunto de talentos que nos instiga a realizar uma prudente reforma e aperfeiçoamento; sem esta Progressão, um povo fica estagnado.
Por isto o conservador inteligente se esforça por reconciliar as reivindicações da Conservação e as reivindicações da Progressão. Ele pensa que o progressista e o radical, cegos aos justos reclamos da Conservação, colocariam em perigo a herança que nos foi legada, num esforço de nos apressar na direção de um duvidoso Paraíso Terrestre. O conservador, em suma, é a favor de um razoável e moderado progresso; ele se opõe ao culto do Progresso, cujos devotos crêem que tudo o que é novo é necessariamente superior a tudo o que é velho.
O conservador raciocina que a mudança é essencial para um corpo social da mesma forma que o é para o corpo humano. Um corpo que deixou de se renovar, começou a morrer. Mas se este corpo deve ser vigoroso, a mudança deve acontecer de uma forma harmoniosa, adequando-se à forma e à natureza do corpo; do contrário a mudança produz um crescimento monstruoso, um câncer que devora o seu hospedeiro. O conservador cuida para que numa sociedade nada nunca seja completamente velho e que nada nunca seja completamente novo. Esta é a forma de conservar uma nação, da mesma forma que é o meio de conservar um organismo vivo. Quanta mudança seja necessária em uma sociedade, e que tipo de mudança, depende das circunstâncias de uma época e de uma nação.
Assim, este são os dez princípios que tiveram grande destaque durante os dois séculos do pensamento conservador moderno. Outros princípios de igual importância poderiam ter sido discutidos aqui: a compreensão conservadora de justiça, por exemplo, ou a visão conservadora de educação. Mas estes temas, com o tempo que passa, eu deverei deixar para a sua investigação pessoal.
Eric Voegelin costumava dizer que a grande linha de demarcação na política moderna não é a divisão entre progressistas de um lado e totalitários do outro. Não, de um lado da linha estão todos os homens e mulheres que imaginam que a ordem temporal é a única ordem e que as necessidades materiais são as únicas necessidades e que eles podem fazer o que quiserem do patrimônio da humanidade. No outro lado da linha estão todas as pessoas que reconhecem uma ordem moral duradoura no universo, uma natureza humana constante e deveres transcendentes para com a ordem espiritual e a ordem temporal.
Referências
- Adaptado de “A Política da Prudência”. Tradução do original inglês feita pelo Pe. Paulo Ricardo e publicada originalmente em 18 de setembro de 2006.
Notas
- Test Act: lei inglesa de 1673 que exigia dos titulares de cargos civis e militares professarem a fé da Igreja Anglicana através de uma fórmula de juramento (N. do T.).
- Declaração oficial da doutrina da Igreja Anglicana (N. do T.).
- A frase Chaos and Old Night provém do poema épico “Paraíso Perdido” (Paradise Lost), de John Milton (I, 544). Milton usa esta frase para se referir à “matéria” a partir da qual Deus ordenou e criou o mundo (N. do T.).
- William Buttler Yeats, The Second Coming (N. do T.).
sexta-feira, 1 de março de 2024
Aulão #03 - O que são gêneros literários? Rodrigo Gurgel
Os “Muito ocupados”
Neste artigo o Professor Luiz Marins – com base em uma pesquisa publicada na Harvard Business Review: “Beware the Busy Manager” – divide os gestores de acordo com sua capacidade de contribuir efetivamente para o crescimento da empresa.
Comentário Solar
O interessante artigo do Prof. Marins que diz respeito ao mundo corporativo é também aplicável, sob vários aspectos, ao mundo escolar. De fato, professores e equipes de direção precisam de foco e energia para alcançar as metas que têm sob sua responsabilidade.
Parece-nos que o grande foco do professor é ser um professor-educador. Ser um professor-educador é ser consciente que sua disciplina é um meio para que os alunos adquiram conhecimentos e maturidade, desenvolvam ao máximo suas aptidões e se exercitem nas virtudes. A grande tarefa do professor-educador é colaborar com os pais dos alunos na missão de fazer de cada aluno uma pessoa responsável, autônoma e solidária, capaz de influenciar positivamente a sociedade em que viva.
Para manter esse foco o professor-educador deve:
• saber para onde vai: conhecimento profundo do que é a pessoa humana, e o que contribui à sua melhora;
• saber com que meios conta: conhecer muito bem sua disciplina, dominar as estratégias de ensino e aprendizagem, estar alinhado com o ideário do colégio;
• saber onde se pode chegar em cada momento: ter presente os conhecimentos prévios do aluno, de suas possibilidades, limitações, interesses, etc.
• saber quando e como se deve ou se pode atuar: prudência e sensibilidade, tanto para aproveitar, e provocar, ocasiões propícias para novas aprendizagens, como para atender às situações imprevistas.
Uma vez definido o foco, é preciso colocar energia para levar adiante as metas propostas.
Considerando os diversos âmbitos de atuação do professor-educador, entendemos que um ponto onde é necessário aplicar muita energia é na preparação das preceptorias com os alunos e com os pais.
A preceptoria é uma ferramenta valiosa na educação dos alunos e na concretização com os pais do projeto educativo de cada filho e da família como um todo. Uma boa preceptoria, seja ela feita com o aluno ou com seus pais, exige preparação.
Não trataremos aqui da preparação remota do professor-educador, que sempre procurará viver coerentemente o que propõe a seus preceptuandos, nem da necessidade de nutrir um sincero carinho e respeito por cada aluno que assessora. Gostaríamos de ressaltar que a preceptoria com o aluno deve ser preparada conhecendo os dados sobre o seu rendimento acadêmico e sua capacidade de estudo, sobre seu comportamento no colégio e no ambiente familiar, sobre seus interesses e expectativas.
Além disso, o professor-educador deve refletir como ajudar o aluno a crescer de forma concreta nas virtudes. Conhecendo, por meio das entrevistas de preceptoria com o aluno, quais são os pontos fortes e fracos do seu temperamento, o professor-educador dispõe de elementos para ajudar o aluno a desenvolver um caráter positivo, equilibrado e coerente. Nesse processo de construção de uma personalidade madura, a dimensão transcendente não deve ser esquecida. Também nesse aspecto, espera-se que o professor-educador, em harmonia com a família, ajude ao aluno a crescer na vida de relacionamento com Deus.
Tudo isso exige do professor-educador uma ação reflexiva e prudente, serena e imparcial. Atuar assim é demonstrar-se comprometido com a missão de educar. Ter foco e energia altos!
Os “muito ocupados”
Prof. Luiz Marins
Heike Bruch, professor de liderança da Universidade de St. Gallen, na Suíça e Sumantra Ghoshal, professor de estratégia e gerência internacional na London Business School, Londres, estudaram, durante dez anos, o comportamento de gerentes “muito ocupados” em quase doze grandes empresas incluindo Sony, LG Electronics, Lufthansa e outras.
Pasmem! Nada menos que 90% (noventa por cento) dos gerentes gastam seu tempo em toda sorte de atividades com baixo valor ou eficácia. Em outras palavras, somente 10% (dez por cento) dos gerentes ocupam seu tempo em atividades comprometidas, de real valor para a empresa. Assim, os autores alertam para a diferença entre gerentes (chefes, executivos, supervisores) que realmente contribuem para o crescimento e desenvolvimento da empresa e os que “se fazem parecer muito ocupados” e quase nada contribuem efetivamente.
Um chefe, gerente, diretor, eficaz, deve ter duas coisas fundamentais, dizem os autores – foco e energia. E a partir dessa premissa, constatam haver quatro tipos de gestores:
(1) Os que deixam tudo para depois. São os que não têm foco nem energia. Sem foco e sem energia tudo fica por conta do tempo e do “Deus dará” como dizemos. São os “procrastinadores”. Os que não assumem, não se comprometem. Segundo o estudo, esse tipo chega a 30% dos pesquisados;
(2) Mais ou menos 20% dos gerentes estudados têm um foco alto e uma energia baixa. São os “desengajados”. Os que não lutam pelos seus propósitos. Eles sabem o qque querem e devem fazer mas falta-lhes a “força para fazer, para implementar”. Não são realmente “engajados” no desenvolvimento da empresa, desistem logo, acomodam-se frente a qualquer desafio maior;
(3) O maior grupo – mais de 40% dos gerentes estudados – são os que têm uma energia alta e foco baixo. São “ativistas”. Fazem, fazem, correm, correm, mas não sabem direito para onde estão correndo nem se o que estão fazendo os está levando a algum lugar. Sentem uma desesperada necessidade de estar “fazendo alguma coisa o tempo todo”. Ocupam-se de tarefas que não lhes é pertinente. Centralizam tudo para sentirem-se ocupados e ativos;
(4) Somente 10% dos pesquisados entraram na categoria ideal – foco alto, bem definido e energia elevada. Esses são aqueles chefes, gerentes, dirigentes que realmente fazem a diferença, pois além de saberem exatamente onde querem chegar, têm a necessária energia para fazer, implementar, acompanhar, motivar pessoas. São os que pensam, questionam, planejam, fazem acontecer, estimulam colaboradores, mostram a direção certa, motivam, lideram. São os realmente “comprometidos”.
Encontramos em todas as empresas estes quatro tipos de executivos. A análise do quadrante Foco/Energia parece ser uma ótima ferramenta para a avaliação do quadro de gestores de uma empresa. Num mundo competitivo como o que estamos vivendo, é fácil um gerente cair na armadilha do “ativismo”. Trabalhar longas horas, exigir relatórios, criar burocracias desnecessárias, centralizar decisões além da necessidade podem dar ao gerente uma sensação de competência e além disso dar a ele a ideia de estar passando para seus superiores uma imagem de comprometido. Desconfiar, pois dos gerentes “muito ocupados” é um desafio que precisa ser enfrentado nas empresas. Dirigentes têm que ter tempo para questionar, pensar, planejar, inovar, liderar, motivar seus subordinados à ação eficaz que realmente leve a empresa ao sucesso.
O “procrastinador”, aquele que deixa tudo para depois, que “empurra com a barriga” é mais fácil de ser detectado. Muitas vezes a sua atitude de indecisão permanente é justificada pelas incertezas do mercado. A procrastinação pode até vir fantasiada de “prudência”, mas ela, certamente é vista hoje como algo negativo.
Também não é uma tarefa fácil na avaliação de dirigentes, a detecção dos “desengajados”. Eles sabem bem o que deve ser feito e até o como fazer. Mas falta-lhes o “pique”, o “drive” para fazer as coisas acontecerem. Falta-lhes a energia para lutar. Esse tipo de dirigente muitas vezes se auto justifica, dizendo-se “cansado de lutar” contra os que não compreendem suas posições. Muitas vezes usam a expressão: “cansei de brigar para trabalhar” e parecem ter realmente desistido. Esse tipo, acomodado é muito perigoso para a empresa porque ele não é mau em si. Quando discursam, falam, expõem seus pontos de vista, são capazes de convencer pela coerência de seus argumentos. Isso ocorre porque eles têm foco. Sabem o que fazer e como fazer. Mas na hora de implementar, são fracos de vontade. Desistem frente a qualquer obstáculo e muitas vezes fazem-se de vítimas.
O que a pesquisa realmente nos traz de assustador é justamente o fato de que somente 10% dos gerentes puderam ser classificados como “comprometidos”, empreendedores, etc. Eis aqui um grande desafio para a empresa. Como competir e vencer com esse quadro? O que fazer para mudar esses 90% dos quadrantes onde estão para o quadrante do comprometimento?
E a nós resta-nos fazer uma autoanálise. Nesse quadrante – foco e energia – onde nos encontramos? Que tipo de dirigentes somos nós? Temos tido foco e energia elevados para fazer a diferença no mundo de hoje?
Pense nisso. Sucesso!
www.anthropos.com.br
fonte\: https://solarcolegios.org.br/os-muito-ocupados/
Gestão de Pessoas: Trabalho em equipe (GP) Liderança Habilidades e Funções A Liderança e a Administração do Tempo
6. Liderança: Habilidades e Funções
A Liderança e a Administração do Tempo
Não há dúvidas! Nos tempos de hoje, se temos um recurso extremamente escasso, este é o tempo. Falta tempo. Com tantos afazeres e também distrações, um dia de 24 horas já não é suficiente. Eis a reclamação geral de líderes e liderados – não temos tempo.
No entanto, poucos são os líderes que administram com propriedade este valioso recurso. De fato, a pressão por resultados no dia-a-dia é intensa e crescente. Contudo, por vezes há falta de foco e concentração nas prioridades, isto é, naquilo que pode trazer mais resultados e é mais importante.
Nos estudos desenvolvidos por Ghoshal e Bruch com gestores de diversas partes do mundo e descritos no Livro Liderança (publicado pela Universidade de Harvard), dois fatores se apresentam como essenciais para a efetividade da administração do tempo. Foco e Energia.
Foco, conforme os autores, significa atenção concentrada e a capacidade de fazer pontaria em determinada meta e executar a tarefa até a meta ser atingida. E energia, o vigor que é alimentado por um intenso engajamento pessoal.
Para elucidar a combinação dos dois elementos, os mesmos autores desenvolveram a matriz foco-energia que ilustra o comportamento resultante da combinação, conforme ilustrado a seguir.
Figura 7 – Matriz Foco-Energia
Como ilustrado, em um extremo da matriz concentram-se os gestores procrastinadores. Palavra complicada que significa simplesmente aqueles que deixam tudo para depois. Neste quadrante, praticamente não existe foco e a energia empreendida limita a capacidade de execução.
Por outro lado, em outro extremo há o comportamento considerado como ideal – a determinação. Neste, há adequado foco e energia direcionados. Isto é, há concentração naquilo que de fato é prioridade e energia suficiente para superar os obstáculos ao longo do caminho.
Ainda, nos dois outros quadrantes temos a desarticulação, onde há uma elevada priorização, mas baixa energia que leve a cabo a finalização e consecução de resultados. E a distração, onde muita agitação é confundida com energia, com consequente dispersão de recursos por inúmeras iniciativas inacabadas.
Reflita! Como você administra seu tempo?
fonte: Faculdade IMES
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