Além de lidar com a escassez de tempo e com as questões acerca do desempenho, o dia-a-dia das lideranças está repleto de outras questões. Questões estas as mais variadas e relacionadas, por exemplo: a sua equipe de trabalho, às decisões que precisam ser tomadas, à comunicação com funcionários, clientes, fornecedores e parceiros; e aos problemas e conflitos que surgem ou até mesmo ressurgem ao longo do caminho.
Trabalhar em time, por exemplo, significa trilhar um caminho por vezes árduo até o alcance de um alto desempenho em equipe. De maneira geral, existem cinco estágios no desenvolvimento de uma equipe: formação, turbulência, normatização, desempenho e suspensão/dissolução, conforme pode ser visualizado abaixo.
Figura 8 – Estágios de Desenvolvimento das Equipes
Em um primeiro momento, após a visualização acima, poderíamos imaginar que o desenvolvimento das equipes de trabalho acontece de forma linear ou sequencial. A experiência nos mostra que há riscos significativos de retorno aos estágios anteriores. Por exemplo, conflitos mal administrados no estágio de turbulência podem provocar a necessidade, em casos mais extremos, de formação de uma nova equipe ou no mínimo a substituição de determinados membros.
Na fase de normatização, por exemplo, já é possível, uma vez vencidas as turbulências naturais em qualquer equipe de trabalho já termos com clareza definidos: normas, padrões, processos ajustados e coesos, permitindo o avanço para o estágio de desempenho, onde as maiores questões, isto é, resultados e desafios são a principal preocupação das equipes.
Assista ao vídeo e veja um impecável trabalho em equipe:
Simultaneamente às preocupações de desenvolvimento de suas equipes de trabalho, a liderança ainda precisa de forma frequente tomar decisões. Sejam essas situações bem simples até situações extremamente adversas e complexas, seguindo ou não um processo formal de tomada de decisões.
Nesta ótica, todo processo de tomada de decisões é uma atividade que engloba, tanto aspectos objetivos, como aspectos subjetivos. Assim, racionalidade e intuição estão presentes na tomada de decisões.
De maneira geral, um processo decisório é composto pelas etapas, visualizadas a seguir.
Figura 9 – Processo Decisório – Fonte: Comportamento Organizacional
O processo acima representa uma situação ideal. Entretanto, a gestão inadequada do tempo, associada às pressões por resultados, nem sempre permitem tamanha ordenação. Neste contexto, o equilíbrio sempre é a melhor resposta. Em outras palavras, se não há condições para um “perfeito processo decisório” é importante que tomemos decisões satisfatórias, pautadas não só em percepções e experiências, mas principalmente em fatos e dados.
Em soma, é recomendável que ao tomarmos decisões, principalmente as de maior impacto para a organização, que tentemos enxergá-las sob diferentes perspectivas. Uma técnica bastante conhecida para solucionarmos um problema ou tomarmos uma decisão, é a técnica dos seis chapéus, desenvolvida por Edward de Bono em seu livro Pensamento Lateral.
Figura 10 – seis Chapéus
A ilustração acima nos ajuda a perceber que um problema ou uma decisão pode ser enxergado sob diferentes formas. Neste sentido, envolver pessoas com perfis, visões e percepções diferentes pode contribuir para que o processo decisório seja abrangente e que a maior parte das questões em torno da decisão sejam endereçadas; e por consequência se aumente a qualidade do processo de tomada de decisões.
Até aqui, observamos várias questões que exigem o cuidado das lideranças. E todas envolvem pessoas. E onde pessoas estão envolvidas o conflito será inevitável.
Um conflito pode ser entendido como um desacordo entre as partes, resultante da diferença entre as mesmas. Conflitos podem trazer resultados positivos ou consequências negativas. Neste sentido, um conflito não deve ser evitado, nem estimulado, mas administrado.
Os conflitos podem ser de relacionamento, quando o foco dos envolvidos está direcionado às diferenças pessoais não aceitas pelas partes; e de atividades, quando o foco das pessoas está direcionado ao conteúdo, às responsabilidades ou a como o trabalho será executado.
As lideranças podem responder aos conflitos de diferentes formas. Assim, existem cinco caminhos possíveis: Competição, Acomodação, Não-Enfretamento, Conciliação e Colaboração.
Competir - Uma das partes tenta “vencer” à custa das outras partes envolvidas. Nesta opção há uma solução forçada e perdedores.
Acomodar - Significa que uma das partes “abre mão” de determinados pontos, esperando obter reconhecimento, retornos ou favores futuros.
Não Enfrentar - Há consciência do conflito pelas partes. Mas opta-se por tentar ou pelo menos adiar a resolução do mesmo.
Conciliar - As partes negociam e chegam a um acordo, onde cada um cedeu, mas obteve frações do que desejava.
Colaborar - Forma ideal. Conflitos plenamente geridos, onde ambas as partes colaboram para que a outra parte obtenha tudo o que desejava.
Contudo, independente da forma é indicado que a liderança, caso esteja mediando o conflito, escute, se possível, todos os lados envolvidos. Caso seja parte do conflito, a escolha da estratégia mais adequada irá depender do momento, da velocidade necessária à resolução, da maturidade dos envolvidos, assim como da importância da questão. Em suma, não devemos evitar os conflitos.
Procure negociar, conciliar e se possível extrair o melhor de situações, em princípio, desagradáveis e adversas. Pois, uma vez que escolhamos liderar não há como fugir de lidar com pessoas, conflitos, problemas e resultados.
Mas, nem sempre os conflitos e as decisões são bem administrados. Em muitos casos, as emoções são mais fortes do que a razão. Acompanhe uma cena do Clássico filme Maré Vermelha e perceba!