sexta-feira, 27 de junho de 2008

HISTÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO



HISTÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - O DEBATE TEÓRICO METODOLÓGICO A PARTIR DE UMA LEITURA MARXISTA – PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES

Valdir Picheli

Doutorando com pesquisa na área de História da Educação

Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

INTRODUÇÃO

A análise das metodologias explicativas da História e da História da Educação, em particular, constitui um tema crucial. Questões tradicionais dessa ciência, já há algum tempo, foram colocadas sob suspeita, trazendo à tona antigos questionamentos do tipo: constitui a História uma ciência? Pode a escrita histórica revestir-se de objetividade? É possível uma história com pretensões à apreensão da totalidade do fenômeno social?

É muito forte hoje, inclusive nos círculos dos historiadores profissionais, a tendência que considera a História escrita sob o rigor da ciência, algo que já se exauriu. Por isso, sua finalidade, antes de se revestir de perspectivas que busquem a compreensão do fenômeno social, hoje teria como pretensão proporcionar o deleite, o prazer, o idílio folhetinesco. A descaracterização da história enquanto ciência do social, de acordo com os "bruxos" do pós-modernismo, guarda coincidências com o discurso subsumido na desreferenciação do sujeito. De forma inexorável isso seria a marca do "fim da História" exemplificado pela síntese do progresso tecnológico com o liberalismo econômico, por um lado e, por outro, o predomínio de uma visão caleidoscópica do real, que ao afirmar o singular propõe ainda o esgotamento ontológico das vanguardas revolucionárias, quer na política, quer nas artes.

É nesse sentido que se coloca a importância da retomada do percurso analítico das principais correntes interpretativas da História. Esse tratamento deve nos permitir um posicionamento crítico em relação ao debate historiográfico, facilitando, assim, uma delimitação mais conseqüente do trabalho de pesquisa em História e, no nosso caso particular, em História da Educação. Desse modo, ao contrário do que sugere Le Goff de que o que se deve esperar é que a ciência histórica possa evitar melhor, de agora em diante, as tentações da filosofia da história, que renuncie às pretensões da maiúscula - a história com H (LE GOFF, 1990: p.57), é de extrema importância relembrarmos a imperativa afirmação de Marx e Engels na Ideologia Alemã: conhecemos apenas uma única ciência, a ciência da história (MARX e ENGELS,1993: p.23).

Assim, o texto que se segue procura uma síntese crítica dos debates de ordem teórico-metodológico que tem ocorrido entre aqueles que estão envolvidos em projetos de pesquisas em História da Educação. Por isso, privilegiamos um recorte temático que abrangesse, essencialmente, a tônica das últimas discussões que tem aflorado com certa constância no meio acadêmico. De uma maneira genérica, pode-se afirmar, que esse debate tem privilegiado uma grande polêmica, que em última análise confronta os dois paradigmas primordiais de toda a História do pensamento, a saber: racionalismo e irracionalismo.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E MÉTODO EM HISTÓRIA

A leitura recente de uma série de apontamentos de pesquisadores de programas de pós-graduação em História da Educação de todo o Brasil é um bom começo para aqueles que pretendem tomar ciência de como se apresenta o estado da arte no momento atual. Tal leitura nos revela uma gama extremamente diversa dos mais variados temas de pesquisa no interior da Educação, e como a questão metodológica tem se apresentado aos respectivos pesquisadores. Com algumas poucas exceções, foi possível notar que a maioria dos depoimentos colhidos apresentava uma rudimentar confusão no tratamento da questão metodológica, referindo-se ao método como procedimentos de pesquisa. Também ficou perceptível nesses depoimentos o quanto a falta de cuidado em relação à metodologia por vezes se desdobra numa verdadeira "salada mista" conceptual, na qual, cabem, como parceiros, Marx, Kosik, Foucault, Le Goff etc. Por outro lado, há também aquelas referências particularistas que procuram inserir a construção metodológica da pesquisa como uma explicitação do próprio EU do historiador.

A incursão nestes relatos nos revelou também pesquisadores que, com certo arrojo intelectual, se recusavam (ao menos até aquele momento) a entrar no alegre coro da pós-modernidade e a sua melopéia que nos encaminha ao barranco de cegos em que se precipita a civilização ocidental. Em tom de ironia, por exemplo, Maria Luisa Santos Ribeiro, cita um samba de Paulinho da Viola que diz: "faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar". As colocações da pesquisadora Zeila B. F. Demartini parecem contemplar a serenidade sugerida no antigo samba. Trabalhando com fontes orais, a pesquisadora tem o cuidado de salientar que

...acreditamos que, na medida em que transcrevemos o que foi gravado, passamos a trabalhar com um tipo de documento que, se é designado oral, dada a sua origem, passa a partir daí a carregar uma grande ambigüidade, pois o que se escreve a partir das falas não consegue registrar o clima e todos os sentimentos e aspectos culturais que envolvem a situação de entrevista (INEP: p.42).

Para afirmar mais à frente que:

...não concordamos com os autores que, ao recorrerem aos relatos orais, especialmente a histórias de vida, afirmam que a análise já está praticamente concluída quando se encerram as entrevistas. A nosso ver, além do trabalho de crítica metodológica que deve ser feito, o material transcrito guarda elementos que mesmo várias escutas atentas não permitem captar (idem: p.42).

Com mais contundência, Ester Buffa, numa citação implícita a Hegel, apresentou seu depoimento contrário aos estudos que se pretendem "novos" nos seguintes termos: ...por mais sedutores que sejam esses estudos, não se pode admitir que a descrição pormenorizada da árvore impeça a compreensão da floresta como um todo (...) estudamos o singular visando compreendê-lo no todo (idem: p.69). Nessa ótica a pesquisadora justificou seu objeto de estudo que trata da educação brasileira a partir da cidade paulista de São Carlos. Sem descartar o singular (São Carlos), o trabalho de pesquisa da autora, procurava dar conta das relações econômicas, culturais, políticas, urbanas, educacionais do Brasil.

Finalmente, é preciso salientar a fala da pesquisadora Zaia Brandão alertando sobre os riscos da interdisciplinaridade entre os educadores. Há, por parte da pesquisadora, como se evidencia, uma clara preocupação com um ecletismo inconseqüente: suponho que o apelo ético-crítico da interdisciplinaridade e a tendência da área da educação a mimetizar campos disciplinares mais prestigiosos podem estar obscurecendo os limites epistemológicos pertinentes a essa prática...(idem: p.124).

Porém, ao expor o eixo de sua concepção a respeito das fontes documentais, Zaia Brandão, recorreu a Foucault e Le Goff que tratam os documentos enquanto monumentos. É necessário precisar com um pouco mais de rigor a origem desse tratamento, uma vez que seu uso tem sido cada vez mais generalizado na pesquisa histórica.

Essa relação (documento/monumento) foi apresentada pela primeira vez por Foucault. Para ele, a história tradicional (aquela que se escreveu antes do século XVIII) ...se dispunha a ‘memorizar’ os monumentos do passado, transformá-los em documentos e fazer falarem estes rastros que, por si mesmos, raramente são verbais, ou que dizem em silêncio coisa diversa do que dizem (FOUCAULT, 1987: p.08). Com essa crítica, Foucault propõe o abandono da crítica documental, o monumento falaria por si mesmo. A história nada mais significaria que apenas o ato de memorizar e levar adiante as impressões próprias do monumento, perfazendo, então, aquilo que com freqüência têm sido chamada pelos historiadores da Nova História de tradição. Essa forma de escrever a História possibilitaria o desvelamento daquilo que é muito caro ao pensamento de Foucault: "as descontinuidades", as "multiplicidades das rupturas", ou seja, aquilo que o trabalho de conceitualização não consegue fazer emergir na análise historiográfica.

Foucault, portanto, é crítico da História entendida como ciência. Abomina a crítica documental:

...a história mudou sua posição acerca do documento: ela considera como sua tarefa primordial, não interpretá-lo, não determinar se diz verdade nem qual é seu valor expressivo, mas sim trabalhá-lo no interior e elaborá-lo: ela o organiza, recorta, distribui, ordena e reparte em níveis, estabelece séries, distingue o que é pertinente do que não é, identifica elementos, define unidades, descreve relações. O documento, pois, não é mais, para a história, essa matéria inerte através da qual ela tenta reconstituir o que os homens fizeram ou disseram, o que é passado e o que deixa apenas rastros: ela procura definir, no próprio tecido documental, unidades, conjuntos, séries, relações (idem: p.07).

Ou seja, é possível perceber que a preocupação legítima exposta inicialmente por Zaia Brandão se perde diante do que está explícito na visão de Michel Foucault sobre a História. Mas é preciso recolocar as questões: que balizas distanciam os tênues limites da interdisciplinaridade eclética das descontinuidades? Ou ainda, como se assegurar da precisão dos "limites epistemológicos" diante das multiplicidades heterotópicas particulares e particularistas sugeridas pela epistemologia de inspiração em Nietzsche?

Há um ponto primordial a enfatizar na discussão de acordo com o que foi dito até aqui. Os questionamentos, tais como se apresentam acima, só podem ser melhor esclarecidos a partir de uma ampla análise que resgate a epistemologia das correntes interpretativas da História.

Uma análise nessa direção está presente no texto "História e Paradigmas Rivais" de Ciro Flamarion Cardoso, que procurou apresentar o embate, no qual estão envolvidas a principais correntes interpretativas da História, a partir da oposição entre os paradigmas iluminista e pós-moderno.

O autor salienta que o Iluminismo se insere na tradição renascentista que afirmou a perspectiva da razão como possibilidade do progresso (emancipação) humano, enquanto o pós-modernismo seria a expressão crítica de tal tendência ao enfatizar o "colapso da civilização", negando, portanto, quaisquer tendências racionais ou cientificistas. Entretanto, se observarmos melhor a História da Filosofia até os dias atuais, com certeza, poderemos notar que esse embate não se reveste de total novidade. Nietzsche, por exemplo, desloca esse embate para a Grécia clássica. Para ele, toda a luminosidade do homem grego é perceptível na sua submissão às forças díspares que encarnavam a natureza presentes no Olimpo. A "idade do ouro", para os gregos, era aquela em que a vida humana se organizava em torno do mito. A desarticulação desse mundo teria se dado justamente com o surgimento das sistematizações históricas:

pois este é o modo como as religiões costumam morrer: ou seja, quando pressupostos míticos de uma religião, sob os olhos rigorosos, razoáveis, de um dogmatismo bem-pensante, são sistematizados como uma soma acabada de acontecimentos históricos e se começa angustiosamente a defender a credibilidade dos mitos, mas a rebelar-se contra toda sobrevivência e propagação dos mesmos, quando, portanto, o sentimento pelo mito morre, e em seu lugar se introduz a pretensão da religião a ter bases históricas (NIETZSCHE, 1991: p.11).

Sócrates teria sido o ponto de inflexão desse abandono de uma vida conduzida pelo mito. Sócrates o "não-místico" que, com altivez, à alternativa de ter seu nome maculado, sob a acusação de corrupção da religião, junto aos gregos, solicitou a própria condenação à morte perante o tribunal ateniense, acabou por tornar-se o novo ideal, nunca antes contemplado, da nobre juventude grega (idem: p.13). Assim, os desdobramentos da influência do espírito socrático se fizeram sentir na valorização da forma sintética, sistematizada, racional das coisas. Assim:

o pensamento filosófico cresce com mais viço do que a arte e obriga-a a se agarrar ao caule da dialética (...) Sócrates, o herói dialético do drama platônico, lembra-nos por afinidade de natureza, o herói euripidiano, que tem de defender suas ações com argumentos e contra-argumentos e por isso tantas vezes corre o perigo de perder nossa compaixão trágica (p.13).

Desde aí, segundo Nietzsche, a humanidade teria sucumbido à ilusão do conhecimento, do saber, da ciência. A dimensão que se vislumbra, portanto, é a de um conflito de paradigmas rivais que transcende a época do Iluminismo e o pós-modernismo. Trata-se, na verdade, de um histórico conflito entre as perspectivas racionalista e irracionalistas.

A apresentação da discussão metodológica feita por Ciro Flamarion Cardoso, portanto, se reveste de muita argúcia e pertinência. Apropriadamente Ciro faz uma síntese rápida da visão marxista da História que se inclui no paradigma iluminista e aponta, inclusive alguns pontos de convergência desta com a escola dos Annales: preocupação com a estrutura, a ideologia (mentalidades), as condições materiais e a ambição por uma ciência da totalidade. A pós-modernidade, também sintetizada rapidamente por Ciro, se encontra no paradigma oposto ao do Iluminismo: o irracionalismo. Seria oportuno, contudo, alçar a discussão proposta por Ciro Flamarion Cardoso, para além do choque dos paradigmas Iluminista e pós-moderno, tentando recuperar esse embate na história do confronto entre o racionalismo e o irracionalismo. A importância dessa operação se justifica tendo em vista que pensadores como Foucault, Lyotard, Deleuze, Derrida etc., influências marcantes entre os "novos historiadores", são tributários a Nietzsche, crítico da modernidade e de toda a tradição civilizatória.

Ao invés disso, Ciro Flamarion Cardoso, chama a atenção para aquilo que ele chamou de "excessos unilaterais"(p.23). Reconhecendo a importância das pesquisas relacionadas à Nova História por ter possibilitado a ampliação considerável dos objetos e estratégias de pesquisa e a reivindicação do individual, do subjetivo, do simbólico como dimensões necessárias e legítimas da análise histórica (CARDOSO, 1997: p.23), Ciro acredita que,

é inevitável que surjam, a curto ou médio prazo, um ou mais paradigmas explicativos globais, já que as razões que os suscitaram no passado, os graves problemas sociais e mundiais sem resolver, exigirão que se renovem os horizontes utópicos orientadores, amanhã, de lutas sociais menos parcializadas e mais coerentes do que as de hoje (idem, p.23).

Sem negar a importância que representam para a síntese histórica os novos objetos e as novas problematizações, é preciso salientar que estes não são atributos exclusivos dos "novos historiadores". A própria preocupação metodológica marxiana com a totalidade da praxis humana inviabiliza a exclusão de quaisquer que sejam as inquietações ou atributos pertinentes ao Homem. Uma afirmação, nesse sentido, não quer dizer que o diverso, o fragmento, o subjetivo tenham um ethos particular desprendido de centralidade. Dessa maneira torna-se questionável o que propõe Ciro Flamarion Cardoso como recurso metodológico para a síntese histórica. O que se deve esperar? Uma síntese que englobe os paradigmas rivais? Ou o surgimento de novos "paradigmas explicativos globais"? Esses novos paradigmas incorporariam os trapos alvejados atirando pelo ralo a água fétida da bacia do irracionalismo? Talvez tenha faltado a Ciro, mais rigor no tratamento de um tema tão espinhoso do campo da filosofia. Não é possível tratar o embate racionalismo e irracionalismo, como um simples "modismo" ou uma "mera rivalidade ideológica".

É interessante observar como a difícil interlocução, no caso específico do marxismo (paradigma racionalista), com o Nova História foi tratado pelo historiador Guy Bois, no texto "Marxismo e História Nova". Para ele, a interlocução entre as duas práticas de pesquisa e síntese histórica passa pela confluência, mas também pelo "combate":

a união sem combate, bem como o combate sem união, são prejudiciais ao destino do materialismo histórico. Assim, para os marxistas, essa confrontação adquire o valor de um desafio. Eles não podem ignorar a amplitude do que está em jogo e não ver que, sob o aspecto de inovação técnica e fascínio pelas ciências humanas, se desenvolve um questionamento parcial ou total do marxismo, uma rejeição da história global e das pretensões de um enfoque científico. Cabe-lhes, pois, dar uma resposta que esteja à altura do desafio (BOIS, 1990: p.257).

Concluindo que: essa resposta deve ser buscada numa prática histórica que associe a maior abertura aos novos métodos (...) e aplicação, real e não formal, dos conceitos básicos do materialismo histórico (idem: p.257).

Guy Bois, portanto, apresenta-nos uma outra perspectiva. Não uma aposta em novos "paradigmas globais" ou "holísticos", mas a aplicação do materialismo histórico indisfarçadamente sobre aquilo que se convencionou denominar de novos objetos, novos problemas etc.

Para tanto, é pertinente lançar mão da exposição "Relendo a Teoria Marxista da História", feita por José Paulo Neto no IV Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil".

Nesse texto, José Paulo chama a atenção par uma operação teórica presente nas obras inseridas no interior da Nova história: o cancelamento do século XIX obnubilando grandes matrizes teóricas como Kant, Hegel, Marx, Nietzsche etc.

Mas, empreender uma síntese do materialismo histórico também apresenta suas dificuldades, já que existem inúmeros desmembramentos dessa teoria. Por isso, José Paulo Neto, fala em "teoria marxiana" sintetizando-a em cinco categorias: primeiro

"...processo objetivo, isso significa que se trata de uma processualidade que porta em si mesma uma especificidade primariamente independente das representações que dela façam os sujeitos; segundo, esse processo é contraditório, já que ele é marcado pela tensão entre os interesses sociais que circunscrevem os diferentes sujeitos em presença; terceiro, é um processo com sujeitos, seus sujeitos reais não se plasmam como personalidades singulares, mas como grupos sociais vinculados por interesses comuns; quarto, projetos que são conduzidos por sujeitos determinados, isto é, tais sujeitos não se constituem aleatoriamente, mas segundo imperativos e possibilidades que se colocam concretamente nos espaços e tempos precisos; quinto, são sujeitos conscientes, ou seja, esses sujeitos não atuam cegamente mas direcionados pelo maior ou menor grau de conhecimento que têm dos limites e possibilidades da sua ação. E seis, é um processo que é marcado pela ação dos sujeitos que têm finalidades, têm intenções , sendo, pois, um processo tencionado por sujeitos com suas próprias teleologias (NETO, 1998: p.55).

José Paulo Neto deixa claro também a matriz paradigmática da teoria elaborada por Marx e Engels, associando-a à tradição de investigação sobre a verdade aristotélica. A este respeito é conveniente recorrer ao próprio Marx no "Posfácio da Segunda Edição" de O Capital:

é, sem dúvida, necessário distinguir o método de exposição formalmente, do método de pesquisa. A pesquisa tem de captar detalhadamente a matéria, analisar as suas várias formas de evolução e rastrear sua conexão íntima. Só depois de concluído esse trabalho é que se pode expor adequadamente o movimento real. Caso se consiga isso, e espelhada idealmente agora a vida da matéria, talvez possa parecer eu se esteja tratando de uma construção a priori(MARX, 1983: p.20).

OS ANNALES: HISTÓRIA E A HISTÓRIA INERTE

Também muito influente na análise historiográfica tem sido a contribuição da "Escola dos Annales". A discussão sobre o método de investigação e exposição histórica da "Escola dos Annales" não pode ser reduzida a uma única visão. Entretanto, o texto "Os Annales: a Renovação Teórico-Metodológica e ‘Utópica’ da História pela Reconstrução do Tempo Histórico" de José Carlos Reis, é muito significativo. Como raramente encontramos à disposição uma discussão de âmbito teórico-metodológico na tradição que se reivindica herdeira da "Escola dos Annales", esse texto, torna-se primordial e, ao mesmo tempo revelador das implicações historianovistas.

De início, José Carlos Reis, já define o pressuposto que, na sua visão, estabelece a condição de "novo" ou "ultrapassado" para esta ou aquela corrente interpretativa. Ao contrário, de algo que indique a busca do conhecimento do objeto (verdade), esse pressuposto se insere no campo da "representação do tempo histórico". A partir daí, a própria elaboração discursiva do texto de José Carlos Reis se aproxima da tradição nietzschiana. Como Nietzsche, o autor revela sua propensão anti-histórica. Para ele, o "eterno" é a única condição possibilitora do conhecimento. Há, portanto, um reatamento com a dimensão mítica da realidade em oposição ao mundo desvelado pela razão pós socrática. Da mesma maneira que Nietzsche saudava o mundo governado pelo mito como a "Idade de Ouro" grega, José Carlos Reis, enfatiza, de forma reacionária, a época em que as musas geriam os atos humanos: o poeta ouvia as musa; o historiador quer a ‘verdade’ e interroga os que viram os fatos ou escreve sobre o que ele próprio viu (REIS, 1998: p.27).

Nessa toada, a afirmação metodológica exposta por José Carlos Reis, é tributária de um outro importante pensador que tem servido como referência para a produção "inovadora" em História. Esse pensador é Kant. Do mesmo modo que Michel Foucault, José Carlos Reis, valoriza em seus procedimentos metodológicos, não a busca do essencial, mas o mundo das representações sobre o objeto:

como a ‘intuição a priori’ kantiana que põe o universo como exterior ao sujeito e o organiza como sucessão e simultaneidade, é a ‘representação do tempo histórico’ presente no historiador que o leva a objetivar o mundo humano de uma certa maneira, a organizá-lo de certo modo, a distinguir e selecionar certos objetos, a estabelecer determinadas técnicas, a construir determinados conceitos, a optar por certos valores, a organizar a ação e a inércia (idem: p.28).

O pensamento de José Carlos Reis é, portanto, uma absoluta negação da forma dialética materialista. Trata o ato de pensar como algo absoluto que determina e formula as bases da investigação científica. Procura conferir ao seu "tempo histórico" um tom de inércia e imutabilidade. Chega ao ponto de elevar o idealismo à potência de dois, já que, para ele, a percepção é a base instituidora da representação do real sendo esta representação o elemento de organização da própria percepção. Dessa forma, não há nenhuma maneira do sujeito apreender o real estando preso eternamente às suas próprias representações num processo de circularidade inextinguível.

O desdobramento desse raciocínio, no qual as representações do "tempo histórico" assumem a condição de agente da própria história, coloca em perspectiva aquilo que o autor denomina de "nova utopia" inerente ao trabalho da Escola dos Annales. O que vem a ser essa "nova utopia"? Rompendo com a visão histórica pautada na idéia do movimento, a utopia se apresenta como a possibilidade do tempo inerte:

como um ‘nó-górdio-passado-presente’, a sociedade será considerada como coisa, permanência, continuidade inerte, repetição constante do mesmo, tendência à rotina e ao repouso do cotidiano. Sem utopias finais, sem Razão absoluta final que a obrigue a acelerar-se. Este nó passado/presente deverá ser desatado como se desmonta uma bomba, i.e., de forma lenta, gradual, técnica, informada, serena e prudente (idem, p.33).

É reveladora a filiação política dessa maneira de pensar. Mas, o autor tem razão ao colocá-la no âmbito do utópico. De fato, não são as formas de se escrever a História que determinam seus desdobramentos. A crença de que uma visão reacionária da História possibilitará um desenrolar dos fatos humanos sem os abalos próprios de uma sociedade organizada a partir de balizas conflituosas, só faz reafirmar mais uma vez a concepção idealista do mundo. É essa forma de pensar que permite, ainda que démodé, que se retome as tintas sarcástica do velho Engels:

se a humanidade chegasse, em algum tempo, a um tal grau de progresso que só atuasse com verdades eternas, com produtos do exercício do pensamento que pudessem reivindicar uma validez soberana e títulos incondicionais de verdade, teria alcançado o ponto em que se teria esgotado a infinidade do mundo intelectual, tanto em relação à possibilidade, efetuando-se assim o famoso milagre da contagem inumerável (ENGELS, p. 73).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma conclusão sobre um tema tão controverso é impossível e também não conveniente. Alguns aspectos da discussão, entretanto, devem ser ressaltados. Em primeiro lugar, é preciso de um modo contundente propor no espaço das ciências humanas a reflexão sobre a temática da metodologia das pesquisas e de suas conseqüentes sínteses. Isso se justifica pelo fato de as correntes ditas "Novas" negarem a possibilidade de tal discussão como algo extemporâneo ao fazer do pesquisador. Também é preciso propor o confronto metodológico reafirmando o materialismo histórico e dialético. Uma conciliação entre os paradigmas rivais é improvável, o que não quer dizer que a temática suscitada como novidade deva ser excluída da perspectiva materialista. Ao contrário, a vasta obra de Marx, Engels e vários marxistas comprovam que a pesquisa dialética não exclui os temas da subjetividade quer social, quer do indivíduo.

BIBLIOGRAFIA

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BOIS, Guy. "Marxismo e História Nova" in: A História Nova. São Paulo : Martins Fontes, 1990, pp. 242-260.

CARDOSO, Ciro Flamarion. "História e Paradigmas Rivais" in: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História. Ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de Janeiro : Campus, 1997, pp. 01-23.

ENGELS, Friedrich. Anti-Düring. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1979.

FOUCAULT, Michel. "Foucault" in: Dits e Ecrits: 1954-1988. Paris : Gallimard, 1994.

__________________ A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro : Forense-Universitária, 1987.

LE GOFF, Jacques. "Prefácio à nova edição" in: A História Nova. São Paulo : Martins Fontes, 1990, pp. 01-13.

________________ "Uma ciência em marcha, uma ciência na infância - apresentação da edição de 1978" in: A História Nova. São Paulo : Martins Fontes, 1990, pp. 15- 21.

________________ "A História Nova" in: A História Nova. São Paulo : Martins Fontes, 1990, pp. 26-64.

LÖWY, Michael. As Aventuras de Karl Marx Contra o Barão de Münchhausen. Marxismo e Positivismo na Sociologia do Conhecimento. São Paulo : Cortez Editora, 1998.

MARX, K. e ENGELS, F. A Ideologia Alemã. São Paulo : Editora Hucitec, 1993.

MARX, Karl. "Posfácio da Segunda Edição" in: MARX, Karl. O Capital volume 1. São Paulo : Abril Cultural, 1983.

NETO, José Paulo. "Relendo a Teoria Marxista da História" in: SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei e SANFELICE, José Luis (orgs.). História e História da Educação. O Debate Teórico-Metodológico Atual. Campinas, SP: Autores Associados, HISTEDBR, 1998, pp.50-64.

NIETZSCHE. "O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música" in: Os Pensadores. São Paulo : Nova Cultural, 1991, pp. 05-28.

REIS, José Carlos. "Os Annales: a Renovação Teórico-Metodológica e ‘Utópica’ da História pela Reconstrução do Tempo Histórico" in: SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei e SANFELICE, José Luis (orgs.). História e História da Educação. O Debate Teórico-Metodológico Atual. Campinas, SP: Autores Associados, HISTEDBR, 1998, pp. 25-49.

SAVIANI, Dermeval. "O Debate Teórico e Metodológico no Campo da História e sua Importância para a Pesquisa Educacional" in: SAVIANI, Dermeval; LOMBARDI, José Claudinei e SANFELICE, José Luis (orgs.). História e História da Educação. O Debate Teórico-Metodológico Atual. Campinas, SP: Autores Associados, HISTEDBR, 1998, pp. 07-15.

VAINFAS, Ronaldo. "Caminhos e Descaminhos da História" in: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História. Ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de Janeiro : Campus, 1997, pp. 441-449.

VILAR, Pierre. "Marx e a História" in: HOBSBAWN, Eric (org.). História do Marxismo volume 1. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1980.


http://www.unicamp.br/cemarx/valdir.htm
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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Pedagogo: O que é, e onde atua?

*Paulo Freire.

Pedagogo.


"Individuo que se ocupa dos métodos de educação e ensino"

Fonte: Dicionário Michaelis

O que é ser pedagogo?
O pedagogo é o profissional especialista em educação, sua função é produzir e difundir conhecimentos no campo educacional. Ele precisa ser capaz de atuar em diversas áreas educativas e compreender a educação como um fenômeno cultural, social e psíquico complexo e capaz de produzir e difundir conhecimentos no campo educacional.

Quais as características necessárias para ser pedagogo?
É preciso ter capacidade de planejamento e execução de planos, dinamismo, além de saber comunicar e transmitir idéias. Este profissional precisa estar preparado para enfrentar, com criatividade e competência, os problemas do cotidiano, ser flexível, tolerante e atento às questões decorrentes da diversidade cultural que caracteriza nossa sociedade.

Características desejáveis:

  • equilíbrio emocional
  • trabalhar bem em equipe
  • objetividade
  • criatividade
  • gostar de lidar com público
  • capacidade de comunicar-se
  • ter iniciativa
  • gostar de ensino
  • desembaraço

Qual a formação necessária para ser pedagogo?
Para atuar como Pedagogo, é indispensável que o profissional possua o Ensino Superior em Pedagogia que tem duração de quatro anos.
Para se especializar na área de Educação/Ensino, o profissional pode optar por cursos como:

  • Especialização em Administração Escolar;
  • Especialização em Formação de Recursos para Educação Infantil;
  • Especialização em Educação Especial-Deficiência;
  • Mestrado em Educação Escolar.

Atualmente, além da formação comprovada e do domínio das tecnologias de informação e educação, uma das características mais importantes para o pedagogo é a capacidade de gerenciamento da formação continuada.

Principais atividades de um pedagogo
Dentre as atividades do pedagogo destaca-se a administração escolar, onde realiza estudos e pesquisas nas áreas pertinentes á educação e coordenação de cursos visando ao aperfeiçoamento do ensino e suas técnicas; o magistério pré-primário, onde tem como responsabilidade o planejamento, orientação e coordenação de atividades técnico-pedagógicas e administrativas do ensino pré-primário; a educação de deficientes da áudio-comunicação, lecionando, planejando, organizando e coordenando cursos; a orientação educacional a fim de ajudar o aluno a ajustar-se ao ambiente escolar e ao meio social em que vive, através do desenvolvimento da personalidade e do encaminhamento vocacional.
O pedagogo atua também na supervisão de ensino em empresas, na área de Recursos Humanos (organização e coordenação de cursos).

Áreas de atuação e especialidades

  • Administração escolar: gerenciar estabelecimentos de ensino, supervisionando recursos humanos, materiais e recursos financeiros necessários ao funcionamento.
  • Ensino: lecionar no ensino fundamental ou médio e, com pós-graduação no ensino universitário.
  • Educação Especial: desenvolver material didático e lecionar para crianças e adultos portadores de alguma deficiência.
  • Orientação Educacional: orientar e ajudar estudantes no processo de aprendizagem com uso de métodos pedagógicos e psicológicos.
  • Supervisão educacional: orientar e avaliar professores e educadores
    visando à qualidade do ensino.
  • Treinamento de recursos humanos: desenvolver programas de treinamento para funcionários de uma empresa.
  • Assessoria pedagógica em serviços de difusão cultural (museus, centros culturais) e de comunicação de massa (jornais, revistas, televisão, editoras, rádios, agências de publicidade);
  • Terceiro Setor (ONGs): na coordenação de programas e projetos de natureza educativa nas áreas da saúde, meio-ambiente, trânsito, promoção social, lazer e recreação, etc.

Mercado de trabalho
Este é um mercado de trabalho bastante concorrido, mas que está sempre em expansão tanto no setor público como no privado, devido à demanda da escola gerada pelo crescimento demográfico. Uma garantia disso é que a educação é o único setor que tem desde a constituição de 1998, recursos públicos obrigatoriamente vinculados que devem ser destinados para a educação.
Os mais bem preparados têm o seu lugar assegurado no mercado de trabalho. Aí está a grande importância em escolher a escola que cursará Pedagogia.

Curiosidades
A história da educação e da formação de profissionais habilitados para ensinar, no Brasil, começou com os jesuítas, ordem religiosa que veio juntamente com os colonizadores na tentativa de catequizar os índios. Em 1759 os jesuítas foram expulsos do território brasileiro, na época eles mantinham 36 missões, 17 colégios e seminários, além de inúmeras escolas de primeiras letras. Depois da saída da Cia de Jesus a educação ficou durante quase um século estagnada, só então no Império foram fundadas as primeiras escolas de formação de professores.
Em 1934, Anísio Teixeira fundou o primeiro curso de nível superior para professores e fundou o Instituto da Educação, no Rio de Janeiro, então capital do Império.
A maior contribuição brasileira à pedagogia internacional foi a invenção de um sistema de alfabetização de adultos aplicado no Rio Grande do Norte, em Sergipe e em Pernambuco, por Paulo Freire em 1950.

Onde achar mais informações?

*Paulo Freire:

Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire

http://www.brasilprofissoes.com.br/verprof.php?codigo=29
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Curso de extensão: Prática da legislação traballhista.



Não tem desculpas. Sua hora é agora.
http://www.unoparvirtual.com.br/
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Curso: Aprenda a investir na bolsa de valores.

Este curso vai proporcionar a você uma clara visão, de como funciona o mercado de ações.
Bem como vai dismistificar a educação à distância. Cirurgias estão sendo feitas à distância. Controlamos satélites à distância. Só falta você. vem.


Resumo do CursoCom o objetivo de tornar o mercado de ações acessível a qualquer tipo de investidor, a UNOPAR e a XP Educação oferecem um curso prático e objetivo, ministrado por operadores da bolsa que orientam os alunos a como começar a investir de forma segurae consciente neste mercado. O curso passa por conceitos básicos até estratégias operacionais avançadas.
Período16 e 17 de julho de 2008 - Das 14h às 17h
Público Alvo: Curso recomendado para pessoas iniciantes que pretendem ter uma visão completa de como iniciar seus investimentos na bolsade valores, bem como para investidores que buscam conhecer estratégias operacionais de curto e médio prazo, além de maiorconhecimento a respeito de operações.
InvestimentoR$ 195,00 (cento e noventa e cinco reais)R$ 165,00 (cento e sessenta e cinco reais) - alunos da UNOPARInscriçãoRealize sua inscrição nos Pólos Conveniados. Veja a relação de cidades >>Informações(43) 3371-7769 corporativa@unopar.br
Programação:
Módulo I - Como funciona o mercado de ações- O que é uma ação- Tipos de ações- Governança corporativa- Abertura de capital- A importância do Mercado de ações no Brasil- Forma de negociação de ações- Mercado primário- Mercado secundário- Remuneração dos acionistas- Eventos- Participantes do mercado de capitais- Comissão de Valores Mobiliários (CVM)- Corretoras- Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)- Bolsa de valores
Módulo II - Processo de negociação de ações- Como enviar uma ordem- Livro de ofertas- Mercado Integral e Mercado Fracionário- Home broker- Controles do investidor- Custos Operacionais- Tributação
Módulo III - Índices de ações
Módulo IV - Riscos- Princípio de diversificação
Módulo V - Escolas de análise- Escola fundamentalista- Escola técnica
Módulo VI - Como investir em ações- Coletivamente- Individualmente
Módulo VII - Como participar do mercado- Mercado à vista- Mercado de opções- Mercado futuro
Módulo VIII - Estratégias operacionais- Indicador de médias móveis- Estratégias com médias móveis- Aplicações com as médias móveis- Mercado a termo- Aluguel de ações- Montagem e gerenciamento de Carteira
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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Quanto pesa um copo d'água? - TV Emprego

leonardotorrenti

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5 super-poderes de heróis na vida real.

24 de Junho de 2008

Parece brincadeira, mas nos dias de hoje já é possível experimentar sensações que antes só eram possíveis na nossa imaginação. Confira quais são os "super-poderes" que já estão disponíveis na nossa vida real.

5. Homem de Ferro

quadrinhos5

Nos quadrinhos: Tony Stark, o Homem de Ferro, é um gênio da engenharia de automação, ele inventou um traje especial, um exo-esqueleto super equipado. O traje foi construído para fugir de um campo de prisioneiros vietcongue, para onde fora levado após ser capturado durante uma inspeção em uma das fábricas de armas no Vietnã.
As constantes inovações tecnológicas levaram a que o traje fosse sempre modificado em sua aparência. Dos transistores, ele se baseia agora em chips e nanotecnologia. Várias versões foram criadas para situações específicas, como uma versão espacial e outras para fins de espionagem e atuações submarinas sob grande pressão.Houve duas bem específicas: uma gigante, usada para caçar o Hulk; e outra confeccionada especificamente para funcionar com a energia de uma pedra asgardiana.
Em 2005, a armadura do Homem de Ferro já estava em sua 49ª versão, apesar de que muitas das versões anteriores apresentavam apenas pequenas alterações.
Na vida real: Conheça a HAL 5. Uma armadura que permite aumentar a força de uma pessoa em até 10 vezes.
Embora pareça desconfortável, quem veste a HAL 5 praticamente não sente o peso da roupa. O traje, desenvolvido pelo professor Yoshiyuki Sankai na Universidade de Tsukuba no Japão, é controlado por sensores presos à pele do usuário, detectando as atividades elétricas dos seus músculos, evitando que se faça muito esforço para controlar o traje.
Segundo os desenvolvedores, a armadura poderá ajudar vários idosos, que sentem dificuldade de locomoção e servirá para garantir a força e mobilidade para algumas tarefas do dia-a-dia.

4. Jean Grey (X-Men)

quadrinhos4

Nos quadrinhos: Jean Grey é uma mutante que nasceu com poderes telepáticos e telecinéticos. Seus poderes primeiramente se manifestaram quando ela viu sua amiga de infância ser atropelada por um carro. Ela tem que lidar com seu poder, pois pode controlar desde o mais simples objetos até os mais complexos.
Na vida real: The Brain-Gate Neural Interface System é uma tecnologia que permitirá que tetraplégicos usem a internet, joguem videogames e comandem controles remotos. A tecnologia já foi testada com a aprovação da autoridade que fiscaliza o sistema de cuidados à saúde nos EUA.
O Brain-Gate Neural liga o cérebro do usuário a um PC, que permite visualizar e reconfigurar as reações neurológicas, que definem os pensamentos e ações. Um microchip é implantado na parte do cérebro responsável pelo movimento dos membros superiores.

3. Homem-Aranha

quadrinhos3

Nos quadrinhos: Durante uma demonstração de equipamentos que manipulavam radiação, Peter Parker foi picado por uma aranha. Ela havia sido exposta à radioatividade do aparelho e por isso provocou mutações no organismo do jovem Peter. Na versão ultimate (ou Marvel Millenium, como é mais conhecida no Brasil) e no filme de 2002, Peter é picado por uma aranha geneticamente alterada.
O "poder" mais famoso do Homem-Aranha é sua teia. Trata-se de aparatos que disparam o ‘fluido de teia’ em alta pressão. Ninguém sabe do que é feito o tal fluido, porém sabem que é algo com nylon. O fluido, ao contato com o ar, solidifica-se e torna-se um elástico e forte fio.
Na vida real: Cientistas italianos descobriram a fórmula para criar uma roupa como a do Homem-Aranha. A tecnologia se compromete a permitir que os usuários não só escalem prédios, mas também que se pendurem no teto de cabeça para baixo, a exemplo do que acontece com nosso herói.
Algumas pesquisas revelaram algumas pistas de como poderá ser este traje:
- Em 2002 uma pesquisa revelou que as lagartixas tem a capacidade de aderência resultante de forças intermoleculares, produzidas por pêlos encontrados nas suas patas.
- A força de atração acumulada entre os pêlos da lagartixa faz com que ela suba pelas paredes e fique de cabeça para baixo.
Os pesquisadores disseram que o traje precisará utilizar nanotubos de carbono para desempenhar o papel dos pêlos, como ocorre com as lagartixas. Para quem não sabe, os nanotubos são minúsculos cilindros extremamente resistentes e organizados em grandes filamentos.

2. Wolverine

quadrinhos2

Nos quadrinhos: Um dos poderes do X-Men, além das suas garras afiadas, é a capacidade de regeneração celular. De acordo com os quadrinhos, este dom permite curar-se de qualquer ferimento ou envenenamento rapidamente, por mais mortal que este seja.
Na vida real: Após um acidente, em 2005, quando a hélice de um avião de aeromodelismo cortou parte do dedo médio da mão direita, Lee Spievack, de 69 anos, entrou para a história. Spievack conseguiu regenerar seu dedo através de um tratamento com um pó feito da bexiga do porco, usado em tratamentos veterinários.
Segundo Spievack, o seu irmão (que era veterinário), resolveu indicar o uso do produto. O material, chamado de matriz extracelular, é usado principalmente na regeneração de partes feridas em cavalos. Spievack diz que, todos os dias, lavava o ferimento e usava o pó na ponta do dedo e logo depois, fechava com um curativo. Ele contou que, além da cicatrização, ele notou que o dedo voltou ao tamanho original. Em cerca de 4 semanas, o dedo já tinha recuperado a pele, a unha e os movimentos, juntamente com a sensibilidade e a impressão digital.
Segundo os especialistas, a regeneração de tecidos não é rara em crianças de 1 ou 2 anos, mas não é comum em pessoas com 60 anos.

1. Sue Storm, a Mulher Invisível

quadrinhos1

Nos quadrinhos: Como namorada e posteriormente esposa de Reed Richards e irmã de Johnny Storm, foi fundamental em persuadir o piloto Ben Grimm a juntar-se a eles numa perigosa missão espacial, que acabou por expô-los a quantidades maciças de radiação cosmica. Como consequência, ganharam poderes super-humanos. Susan obteve a habilidade de tornar-se invisível. Infelizmente, este poder sozinho provou ser de relativamente pouco uso em suas missões, especialmente em comparação às habilidades mais agressivas do resto do grupo. Mais tarde seus criadores, Stan Lee e Jack Kirby, desenvolveram um pouco mais os dons da Mulher Invisível.
Na vida real: O cientista japonês Susumu Tachi desenvolveu um traje que aparentemente torna invisível quem o usa. A explicação está no uso de um visor, que combina imagens em movimento tiradas atrás do usuário com imagens tiradas de frente, tudo isso projetado em um tecido reflexivo.
Segundo o cientista, o invento poderá ser útil em aplicações militares, como por exemplo espionagem ou no chão dos aviões, permitindo que o piloto veja o solo.

Fonte: www.obuteco.com.br

http://www.megacubo.net/tv/outros/5-super-poderes-de-heris-na-vida-real/
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MODELO PROJETO DE MONOGRAFIA (ART. 18 RTCC)

A- DADOS PESSOAIS + ENDEREÇO COM TELEFONE

B- OBJETO:
Refere-se à formulação do problema que o acadêmico pretende resolver através da pesquisa.
(TEMA)

C – OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS

OBJETIVO GERAL: Segundo LAKATOS (1992:102) “Tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver”.

O objetivo geral está ligado à visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das idéias estudadas (LAKATOS)

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: “Apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares”. (LAKATOS)

OBSERVAÇÃO:
O verbo sempre no infinitivo. EXEMPLO: Conhecer, analisar, etc.

D- JUSTIFICATIVA:
Segundo THUMS (2000 : p.139): “As justificativas devem atender à pergunta: porque? Quais são os motivos que justificam a elaboração da minha investigação? Esses motivos podem ser de ordem individual ou de ordem de interesse da ciência, como conjunto de conhecimentos, visando a elucidar a verdade desconhecida dos fatos e fenômenos”.

Vê-se que a justificativa não precisa ser um “tratado”, contudo, deverá espelhar as razões da escolha do tema a ser investigado.

E- METODOLOGIA:
O acadêmico deverá especificar qual a metodologia que pretende utilizar para o desenvolvimento da sua pesquisa. Ademais, sabendo que o método se caracteriza por uma abordagem mais ampla – em nível de abstração mais elevada – dos fenômenos da natureza e da sociedade. Convém ao acadêmico explicitar se vai utilizar o método indutivo, dedutivo ou didático, através de estudo de caso, exploratório, etc.

F- CRONOGRAMA:
A pesquisa deve ser dividida em partes, fazendo-se a previsão do tempo necessário para passar de uma fase a outra. Convém salientar que haverá um calendário elaborado pelo Coordenador de Pesquisa para a entrega das monografias e para a defesa pelo monografista.

G – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
Comentários sucintos das obras pesquisadas e consultadas sobre o tema, de forma a demonstrar que já existem trabalhos doutrinários em relação à temática.

H – INSTRUMENTOS DE PESQUISA (QUANDO HOUVER PESQUISA DE CAMPO):
O aluno deverá explicitar se pretende utilizar instrumentos de pesquisa no desenvolvimento da sua pesquisa.

Os principais instrumentos de pesquisa são: questionário e formulário, testes, observação, etc.

I – BIBLIOGRAFIA:
THUMS, Jorge. Acesso à realidade: técnicas de pesquisa e construção do conhecimento. 2. ed. Porto Alegre: Sulina: Ulbra, 2000.

AZEVEDO, Israel Belo de. O Prazer da produção científica. 10. ed. rev. atual., São Paulo: Hapros, 2001.

CONES, Lúcia Helena de Andrade. Como preparar sua monografia jurídica. 3. Ed. São Paulo: Copola, 2002.

KERSCHER, Maracy A., KERSCHER, Sílvio Ari. Monografia como fazer. 2. ed. Rio de Janeiro: 1999.

NUNES, Rizzatto. Manual da monografia jurídica. 4. ed. rev. ampl. Atualizada, São Paulo.

THUMS, Jorge. Acesso à realidade. 2. ed. Porto Alegre: Sulina: Ulbra, 2000.

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 14. ed. Trad. Gilson César Cardoso de Souza. São Paulo : Perspectiva, 1996.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20. ed., São Paulo: Cortez, 1997.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE DIREITO

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Ensino. Nova Escola.

edição 213 - jun/2008

Situações didáticas

A chave do ensino

Didáticas específicas de cada disciplina tornam mais claro o que e como ensinar. NOVA ESCOLA reuniu o melhor dos estudos recentes em 30 atividades essenciais para quem leciona do 1º ao 5º ano
Amanda Polato, Beatriz Santomauro, Rodrigo Ratier

Esta reportagem trata de um tema que está transformando a Educação. Uma inovação silenciosa, mas de alcance duradouro, que pode beneficiar muito seu trabalho: estudos que se debruçam sobre a arte de ensinar, investigando as maneiras mais eficazes de ajudar a garotada a compreender os conteúdos. São investigações de conceitos e teorias de Arte, Ciências, Educação Física, Geografia, História, Língua Portuguesa e Matemática. Chamadas de didáticas específicas, enfocam as dificuldades próprias de cada área – afinal, quem disse que o jeito de explicar frações serve também para levar a meninada a ler?

Essas pesquisas se baseiam no dia-a-dia da sala de aula. “Com meus alunos de Pedagogia, procuro cada vez mais discutir as circunstâncias peculiares que eles vivenciam com as crianças”, afirma Carmem Lúcia Enterer, que leciona Didática e Práticas Educativas na Universidade Federal de Minas Gerais. As perguntas que nascem da prática vão muito além do “como ensinar?”. O que a turma já sabe sobre o tema a ser tratado? Quais os efeitos esperados de minha atuação? E o principal: o que ensinar – e como as crianças vão aprender esse conteúdo?

Em busca da aprendizagem

Currículos e conteúdos precisam encaminhar o estudante rumo à aprendizagem. “Para que ele seja capaz de buscar o conhecimento, é importante que desenvolva habilidades de leitura, interpretação, estudo independente e pesquisa”, diz Maria Inês Marcondes, especialista em formação e prática pedagógica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Como forma de contribuir para o avanço da atividade docente, NOVA ESCOLA coletou práticas de ensino e aprendizagem indispensáveis do 1º ao 5º ano. São situações didáticas essenciais que conjugam conteúdos e formas de ensino que levam as crianças a construir os esquemas de conhecimento necessários para a compreensão (leia no quadro na página ao lado a relação completa). Elas não funcionam de forma isolada, mas são úteis como parte de atividades permanentes, seqüências didáticas ou projetos.

O conjunto de 30 atividades foi elaborado com a colaboração de 10 pesquisadores e profissionais de formação continuada. Como as práticas selecionadas já fazem parte do cotidiano de diversos educadores, dez deles demonstram como as aplicam. Para todas as disciplinas há planos de aula – oito deles na revista e mais de 42 no site Nova Escola.

A sugestão é encarar este material não como um manual de receitas, mas como um ponto de partida a ser adaptado a sua realidade e confrontado com sua experiência. Esses procedimentos vão ajudá-lo a refletir sobre a prática, o que é essencial para o aprimoramento profissional.

O que não pode faltar

Nas seguintes páginas você vai conhecer situações didáticas específicas de cada
disciplina, indicadas por especialistas consultados por NOVA ESCOLA. Confira a lista.

Arte
1
Produção
2 Percurso de criação pessoal
3 Interpretação de imagens
4 Fala, leitura e escrita sobre Arte

Ciências
5
Observação
6 Experimentação
7 Pesquisa em textos
8 Leitura e escrita sobre Ciências

Educação Física
9
Leitura de práticas corporais
10 Atividades práticas
11 Aprofundamento dos conhecimentos

Geografia
12
Leitura e escrita sobre Geografia
13 Atividades com imagens e mapas
14 Trabalho de campo

História
15
Trabalho com sujeitos históricos e perspectivas
16 Leitura e escrita sobre História
17 Leitura de mapas geográficos e históricos
18 Representação gráfica do tempo
19 Análise de imagens

Língua Portuguesa
20
Leitura para a classe
21 Leitura para aprender a ler
22 Escrita para aprender a escrever
23 Produção textual
24 Comunicação oral

Matemática
25
Estratégias de cálculo
26 Resolução de problemas
27 Registros oral e escrito
28 Construção, reprodução e identificação de figuras
29 Exploração e reconhecimento de corpos geométricos
30 Medição e comparação de medidas

http://revistaescola.abril.uol.com.br/ed_anteriores/0213.shtml
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Construção do conhecimento Matemático: Um Desafio da Escola Contemporânea



Estefânia Fátima Duarte

Professora da Fundação Educacional de
Divinópolis-FUNEDI, campus da Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG.



RESUMO
– Análise da escola atual e de alguns fatores que têm provocado mudanças nos paradigmas educacionais. Reflexão acerca do ambiente escolar propiciador da construção do conhecimento matemático e a possibilidade do professor como mediador desse processo.

PALAVRAS-CHAVE: Escola – matemática – conhecimento – professor.


INTRODUÇÃO

Ao pensar na escola, muitos fatores devem ser considerados: fatores históricos, sociais, culturais, antropológicos, econômicos, políticos e pedagógicos. Pode-se também considerá-la sob diversas perspectivas: a do professor, a do aluno, a dos pais, a da comunidade, a da gestão escolar, a da construção do conhecimento. Este trabalho tem a proposta de fazer uma reflexão acerca da escola e de alguns fatores que estão provocando mudanças nos paradigmas educacionais e, também, do papel do professor na perspectiva de construção do conhecimento matemático.


A ESCOLA, UM ESTABELECIMENTO DE ENSINO?

A escola habita o cotidiano de tal forma que parece fazer parte do natural. Quando se propõe questioná-la, surge um certo incômodo: ela é questionável?

Partindo da idéia de que um dos papéis da escola é de possibilitar às novas gerações a apropriação do conhecimento construído e acumulado pela humanidade e que esta instituição é constituída por pessoas, seres que interagem e que buscam incessantemente novos conhecimentos, podemos refletir sobre a escola hoje, no século XXI.

Essa escola se mantém no mundo contemporâneo, sem sofrer grandes transformações. Isto quer dizer que ainda é um estabelecimento de ensino que privilegia a reprodução de idéias e comportamentos ensinados pelo professor na sala de aula, palco de exibição. Administrativamente há toda uma hierarquia: diretor, vice-diretor, supervisor, professor, aluno, sendo que a maioria das escolas desconsidera a participação dos alunos e dos pais e não tem um projeto coletivo de ação na busca de uma educação de qualidade. Se essas pessoas seguram as rédeas administrativas na direção que lhes convém, pode ocorrer de puxarem para o lado oposto ao do outro. Como forças opostas aplicadas a um mesmo objeto não provoca o deslocamento desse, tal fato leva as escolas a acreditarem que apenas um deve administrar, numa postura autoritária, defendendo que um manda e os outros obedecem, esquecendo-se de que uma escola, enquanto instituição formadora, faz-se pelo diálogo, portanto, pelo conflito. Esse conflito entre um sujeito e os demais, pelo qual cada um se vê obrigado a levar em consideração o pensar dos colegas e a tentar coordenar outras idéias com as suas próprias, denomina-se conflito sociocognitivo. Sua ocorrência propicia discussões que promovem a ampliação dos conhecimentos, a clarificação do papel da escola e de cada membro dessa instituição e a construção da autonomia da mesma.

Portanto, o conflito vai estar presente em situações em que pessoas com formação histórica, social e cultural diferentes, interagem ao cumprirem seu papel social e profissional. Para Lerner (1994), o conflito sociocognitivo é produtivo para o progresso do conhecimento mesmo quando nenhum dos participantes da situação possua resposta correta. (LERNER, 1994: 107)

Quanto às práticas pedagógicas, vemos que as escolas brasileiras estão sustentadas pela idéia de que o professor, agente do processo educativo, ensina, transmite aos alunos seu conhecimento, que, passivamente, memorizam. Tal pressuposto leva a escola a assumir um papel autoritário, acreditando que o professor ocupa o centro desse processo e que, para se ter aprendizagem, basta que o aluno reproduza o que lhe foi transmitido.

As bases dessa escola tradicional têm sofrido abalos mediante o desenvolvimento de tecnologias, tais como a televisão, o computador, a internet, o celular, que universalizaram as informações, retirando do professor o lugar que ocupava como único detentor do saber. Hoje, vemos os alunos trazerem para a sala de aula informações, talvez desconhecidas pelo professor, ou materiais fantásticos que enriquecem as aulas. Eles também transitam por diversas áreas como a arte, as engenharias, a informática, a literatura.

Outro fato importante é os estudos científicos desenvolvidos na área da Educação em todo o mundo. E que mostram que o conhecimento é concebido como produto de uma relação, é uma atividade. Tal concepção epistemológica retira do aluno a postura passiva, pois o considera responsável pela construção do conhecimento, mostrando que ele é ponto fundamental do processo de aprendizagem.

Apesar dos abalos sofridos, a escola tradicional está muito presente no ambiente educacional brasileiro. Instituições com pouca participação da comunidade, fragmentadas no sentido de que alguns pensam a educação enquanto outros executam, relacionam a disciplina do aluno ao estar quieto, cumprindo as ordens estabelecidas pelo professor, sendo que, para manter tal concepção, as salas de aula permanecem com fileiras de carteiras, o professor colocado à frente, apenas no uso de quadro, giz e livro didático, dando instruções para os alunos. Nessa postura, percebe-se que o professor acredita na transmissão de conhecimentos como única forma de aprendizagem, desconsiderando a comunicação como uma interação entre sujeitos.

Por outro lado, percebe-se que mudanças começam a ocorrer no cenário educacional, mesmo que ainda de forma tímida. Busca-se uma nova escola, onde professor/aluno e aluno/aluno, num processo de interação constante, privilegiam o diálogo, o questionamento, a crítica, a criatividade, o aprender a ser e o aprender a fazer, numa intensa preocupação com a formação integral do homem, promovendo uma relação igualitária entre o pensar e o sentir.

A partir dessas duas direções apresentadas, a da escola reprodutora, em que o professor ensina e o aluno aprende, reproduz e a da escola crítica, em que o professor possibilita ao aluno a construção do conhecimento, faremos uma reflexão sobre o ensino de Matemática nas escolas, no momento atual.


PROPICIANDO A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO

Ao analisar a construção histórica do conhecimento matemático, percebe-se que o mesmo tem sido elaborado a partir da tentativa do homem de compreender e atuar em seu mundo. Como, na Grécia Antiga, berço da Matemática, somente alguns tinham acesso ao conhecimento formal, os escribas eram considerados homens especiais, dotados de inteligência acima da média, por serem os únicos capazes de decifrar e desfrutar dos conhecimentos geométricos e aritméticos da época, que muitas vezes eram complexos como o sistema de numeração grego e egípcio. A escola pitagórica muito contribuiu para esse pensamento, pois, formada por aristocratas, defendia o número como sendo a essência de tudo o que existe. Segundo Miorim (s/d), a escola pitagórica ... foi responsável pela introdução da concepção, existente até hoje, de que os homens que trabalham com os conceitos matemáticos são superiores aos demais.(MIORIM, s/d: 15)

Hoje, percebe-se, ainda, a idéia de que poucos conseguirão apropriar-se do conhecimento matemático, que, ainda para muitos, é considerado difícil e complexo. O aluno, ao chegar à escola, já apresenta um certo temor a esse conhecimento, sentindo-se incapaz. Tal idéia é legitimada pela postura pedagógica do professor, que se vê como dono do saber, não tem uma escuta às necessidades de seus alunos e faz questão de reforçar a heteronomia deles, não lhes propiciando um fazer, pois acredita que aprender é “saber na ponta da língua” o que foi ensinado.

Sabendo que a Matemática surgiu da interação do homem com seu mundo, ao tentar compreendê-lo e atuar nele, é difícil aceitar que, ainda assim, conhecedoras desse percurso e de estudos como os de Piaget, os quais afirmam que a criança constrói o conhecimento através da interação com o outro e com o mundo, nossas escolas insistam em manter um ambiente “desmatematizador”. Esse ambiente é permeado pelas idéias da transmissão de conhecimentos e de que a criança, ao chegar na escola, não é dotada de saberes.

Vejamos, se a Matemática foi elaborada a partir da atuação do homem no mundo, por que então nossas escolas não oferecem à criança a possibilidade de se apropriar do conhecimento elaborado por seus antepassados, na relação com o seu mundo? Se a Matemática é uma ciência simples e natural por que, então, considera-se que somente alguns dão conta desse saber? Ao responder essas perguntas percebe-se que é emergente a necessidade de a escola contemporânea propiciar um ambiente matematizador. Segundo Kamii (1994), o ambiente social e a situação que o professor cria são cruciais no desenvolvimento lógico-matemático. (KAMII. 1994:63)

Acredita-se que essa escola deveria ser alicerçada no diálogo, sendo todos aprendizes. O aprender estaria relacionado ao fazer, lembrando que o ser humano é movido por desejos e é capaz de aprender Matemática. Um ambiente matematizador, então, seria aquele permeado por desafios, por construções, por possibilidades. O professor, numa visão vygostkiana, é aquele que possibilita esse ambiente, que leva a criança a estabelecer relações, a pensar, indo além do que vê. Assim, ela viverá e (re)descobrirá o conhecimento, construindo-o de forma ativa, posicionando-se como parte fundamental desse mundo, capaz de promover mudanças em si mesma e em seu meio.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

... a escola, agência social explicitamente encarregada de transmitir sistemas organizados de conhecimento e modos de funcionamento intelectual às crianças e aos jovens, tem um papel essencial na promoção do desenvolvimento psicológico dos indivíduos que vivem nas sociedades letradas. (KOHL, 2000:35)

Então, o que precisa acontecer para que a escola realmente assuma esse papel de emancipação? Talvez o professor precise acreditar que é possível mudar, conscientizando-se de que os avanços tecnológicos e que os estudos científicos sobre a educação fazem de hoje novos tempos, com novas necessidades. Para dar conta desses novos tempos, o professor deve buscar os conhecimentos necessários para uma melhor compreensão do processo ensino/aprendizagem, da educação e do papel da escola no mundo contemporâneo, percebendo-se como propiciador de situações de aprendizado ao aluno para que ele produza seu conhecimento.

Para que o professor acompanhe as mudanças sociais, tecnológicas e educacionais, promovendo uma educação de qualidade, os gestores da escola devem propiciar aos professores um ambiente estimulador ao estudo e à pesquisa. Como? Garantindo aos professores a oportunidade da formação continuada[1] no seu próprio ambiente de trabalho. É necessário que grupos de estudo e pesquisa, coordenados pelos próprios professores, se debrucem sobre temas pertinentes às necessidades da prática docente e ao seu desejo de apropriar de novos conhecimentos. Dessa forma, estabelecem-se condições para que os professores abracem a construção de um projeto coletivo na escola com a participação de toda a comunidade. Talvez assim, a escola contribua para a formação de sujeitos capazes de provocar uma transformação em si mesmos e no mundo.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LERNER, Delia. O Ensino e o Aprendizado Escolar: argumentos contra uma falsa oposição. In: CASTORINA, José Antônio; FERREIRO, Emilia; LERNER, Delia; OLIVEIRA, Marta Kohl. Piaget. Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 2000.

MIORIM, Maria Ângela. Introdução à História da Educação Matemática. São Paulo: Atual, s/d.

MARASCHIN, Cleci. Conhecimento, Escola, Contemporaneidade. In: PELLANDA, N. M. C..; PELLANDA, E. C. (orgs.). Ciberespaço: um Hipertexto com Pierre Lévy. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2000.

OLIVEIRA, Marta Kohl. Pensar a Educação: contribuições de Vygotsky. In: CASTORINA, José Antônio; FERREIRO, Emilia; LERNER, Delia; OLIVEIRA, Marta Kohl. Piaget. Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 2000

http://www.portalensinando.com.br/ensinando/principal/conteudo.asp?id=3818
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Sobre a Reencarnação Segundo a Tradição Milenar Indiana Dos Vedas de Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Prabhupāda, Fundador-Ācārya da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna.

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