segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Alfabetização científica e formação profissional


Educação & Sociedade

Print ISSN 0101-7330

Educ. Soc. vol.18 no.60 Campinas Dec. 1997

doi: 10.1590/S0101-73301997000300006

Alfabetização científica e formação profissional

Gilberto Lacerda*

RESUMO: Este artigo aborda a questão da "alfabetização científica" no contexto do ensino profissionalizante. Inicialmente, nós apresentamos algumas previsões quanto ao contorno da sociedade tecnológica emergente, colocando em evidência as repercussões sobre o mundo do trabalho. Em seguida, nós abordamos o conceito de alfabetização científica e o situamos no campo da formação para o trabalho, tendo em vista principalmente uma caracterização do saber do técnico de nível médio. Este saber, de natureza eminentemente funcional, encontra na dinâmica do processo de alfabetização científica uma via de valorização pessoal e social da formação profissional. Nós concluímos com uma reflexão geral sobre o tema tratado. Palavras-chave: Ciência, tecnologia, profissionalização, educação, qualificação

Introdução

Neste artigo, nós abordamos o conceito de alfabetização científica, associando-o ao processo de aquisição de estruturas conceituais que explicitam princípios científicos de base subjacentes aos conteúdos de natureza técnica. Em nosso percurso, nós tomamos como ponto de partida uma caracterização geral da sociedade tecnológica emergente, a fim de explicitar a importância da alfabetização científica na formação do cidadão requerido por esta nova sociedade que toma forma progressivamente. Em seguida, na medida em que nos referimos à complexidade da alfabetização científica no campo da formação técnica, nós buscamos caracterizar o saber do indivíduo que opta por esta via de profissionalização, ressaltando sua natureza eminentemente funcional, no sentido mais amplo do termo. O conceito de alfabetização científica, no campo da formação profissional, é então associado ao conceito de saber funcional, tendo em vista que o saber do técnico é prioritariamente voltado para a resolução de problemas concretos e para a intervenção profissional enquanto detentor de saberes úteis, significativos e pertinentes.

Este texto constitui parte do quadro teórico de um projeto de pesquisa cujos objetivos giram em torno da questão da alfabetização científica dos jovens que escolhem a via do ensino profissionalizante. Tal projeto de pesquisa, financiado com recursos do Conselho Nacional de Pesquisas, situa-se então em um contexto mais amplo de identificação de representações detidas por professores e alunos de cursos de formação técnica acerca do perfil que profissionais de nível médio devem ter para garantir seu acesso pleno e irrestrito à sociedade tecnológica emergente.

Sociedade tecnológica e cidadania: A nova face de um velho problema

Não é nenhum segredo de Pandora: a sociedade está mudando. E tal mudança ocorre de maneira inédita, a uma velocidade sem precedentes na história e rumo a um futuro cujos contornos são inimagináveis. Fala-se cada vez mais no advento de uma sociedade eminentemente tecnológica, na qual as aplicações práticas do trabalho científico estarão mais rapidamente disponíveis e inseridas no cotidiano imediato dos cidadãos. Tal sociedade será intrinsecamente relacionada com o advento das novas tecnologias, tendo sua dinâmica de funcionamento baseada principalmente em noções tais como «globalização», «polivalência», «eficiência», «autonomia», «descentralização». Já na década de 1970, Alvin Toffler anunciava que uma nova sociedade estava tomando forma, baseada no emprego crescente da tecnologia, na globalização da economia, na abolição de fronteiras, na universalização da comunicação, na adoção de novos métodos de trabalho etc. Segundo Toffler (1980), a sociedade tecnológica emergente, que ele chama de «a terceira onda», seria caracterizada por um novo modo de vida altamente tecnológico e antiindustrial, pelo uso de fontes de energia diversificadas e renováveis, pela obsolescência de linhas de montagem, pelo advento de uma nova ética e pela abolição da padronização, da especialização, da sincronização, da concentração, da maximização e da centralização. Segundo esse autor, nós estaríamos atualmente vivendo momentos de crise em que três vertentes da evolução da humanidade dividem o mesmo espaço: uma vertente eminentemente agrícola, a chamada «primeira onda», que, praticamente extinta, persiste apenas em países fadados à obsolescência e à eterna dependência tecnológica e científica; uma vertente eminentemente industrial, a «segunda onda», em pleno processo de agonia e esgotamento, e uma vertente tecnológica, a «terceira onda», que traz consigo uma premissa revolucionária avassaladora, impondo-se em um curto espaço de tempo como hegemônica. E, sempre segundo Toffler, a grande evidência desta revolução tecnológica pode ser observada no fato de que todas as nações de alta tecnologia oscilam sob a colisão entre a terceira onda e as obsoletas economias e instituições da segunda.

Empregando tal metáfora, a da colisão de ondas de desenvolvimento tecnológico, Toffler tentou assim delinear um fio condutor para a chamada aventura humana e mostrou que a passagem de um momento a outro, de um paradigma a outro ou de uma onda a outra sempre foi marcada por uma dimensão revolucionária, plena de conflitos e de tensões, em que os paradigmas ou as ideologias, caracterizando cada momento, foram inicialmente inconciliáveis, em seguida complementares e, enfim, opostos. Segundo tal ótica, nós estamos vivendo um momento crucial da revolução que nos levará a uma sociedade tecnológica na qual a ciência e suas aplicações, nas mais diversas formas, estarão presentes em nosso cotidiano, em nossa cultura, em nosso consciente e em nosso inconsciente. Com relação a este momento, Toffler anuncia que as mudanças súbitas que estamos vivendo não são fortuitas, nem ocasionais, nem caóticas. Elas formam um padrão vivo e claramente discernível. Tais transformações são cumulativas e contribuem para uma grande transformação na maneira como vivemos, trabalhamos, brincamos e pensamos. Estamos, de fato, num período de revolução global, o maior já registrado na história. Conseqüentemente, e tendo em vista que há sempre uma ideologia dominante, isto é, uma superideologia que caracteriza cada onda ou cada momento da evolução tecnológica da humanidade, nós estaríamos em pleno processo de criação e desenvolvimento da superideologia necessária para explicar a realidade e para justificar a existência da sociedade tecnológica. Como esta superideologia se organizará e ocupará espaço no inconsciente coletivo? Quanto tempo será necessário para que seja implantada uma nova sociedade altamente tecnológica e antiindustrial? São perguntas ainda sem respostas, o que não impede a Toffler de concluir que a história humana está apenas começando e que o ser humano tem certamente muito a ganhar com a abolição da padronização, da especialização, da sincronização, da concentração, da maximização e da centralização, palavras-chave da revolução industrial. Em outros termos, a revolução tecnológica seria uma espécie de ponto de partida para uma nova sociedade, supostamente melhor e mais democrática, menos excludente e mais igualitária.

O historiador Eric Hobsbawm, segundo uma ótica distinta, observa que o século XX se acaba numa desordem global cuja natureza não estava clara, e sem um mecanismo óbvio para acabar com ela ou mantê-la sob controle. Segundo ele (Hobsbawm 1995), os novos e sucessivos avanços tecnológicos foram se traduzindo, em espaços de tempo cada vez menores, em tecnologias que não exigem qualquer compreensão por parte dos usuários finais. Desta maneira, a distância entre as descobertas científicas e seu impacto na sociedade é cada vez menor e o desenvolvimento científico alcança patamares inimagináveis há algumas décadas. A emergência de uma sociedade tecnológica pode também, segundo interpretação das afirmativas de Hobsbawm, ser avaliada sob a ótica do desenvolvimento científico. As «mudanças» podem ser medidas pelo número de cientistas no mundo. Em 1910 havia 8 mil cientistas no mundo (principalmente na Europa). Em 1980 este número havia sido elevado para 5 milhões, geograficamente distribuídos em todo o planeta. No entanto, a inserção da tecnologia na sociedade não aproxima necessariamente os cidadãos do conhecimento que gera tal tecnologia. Hobsbawm observa então que a distância entre os seres humanos e o conhecimento científico e tecnológico é cada vez maior. Ele observa também que as instituições coletivas humanas perdem o controle das conseqüências coletivas da ação humana, o que pode ser percebido pelo surgimento de problemas incontornáveis, centrais e, a longo prazo, decisivos, ligados à demografia, à ecologia, à imigração, à sustentabilidade do planeta, ao emprego, ao racismo e ao nacionalismo.

Outro observador destes tempos de revolução paradigmática, como diria talvez Thomas Khun, é o sociólogo francês Alain Touraine. Para ele (Touraine 1995), estamos vivendo tempos de surgimento de uma cultura caleidoscópica, baseada nas proezas técnicas rapidamente ultrapassadas, no fim da cultura no sentido da globalização de todas as culturas. Conseqüentemente, a nova sociedade teria como base o fim do indivíduo, como ator cultural, como portador de uma identidade cultural. Todos falarão a mesma linguagem, todos se compreenderão, todos terão as mesmas aspirações e os mesmos anseios, determinados pelo funcionamento do mercado, pela interação constante com meios tecnológicos, pela luta para fazer parte dos que estão na frente e não mais para fazer parte dos que estão no alto. Neste sentido, Touraine defende a tese de que o século XXI será o século das nações como o século XIX foi o das classes: a luta de classes (mais vertical) cederá lugar à luta de posições (mais horizontal) e as esquerdas passarão a defender os excluídos tecnologicamente, os que estão atrás, abandonando gradativamente os que estão «embaixo», tornando-se sensíveis à desigualdade norte-sul, às ameaças que pesam sobre o planeta e à exclusão de numerosas categorias sociais e culturais. O capital se deslocará do campo dos que são passivamente beneficiados pelo trabalho para o campo dos que, de maneira estrategicamente vanguardista, trabalham. Em outras palavras, a «classe ociosa» à qual se refere Saviani (1994), que não precisa trabalhar para viver e explora o trabalho alheio, tende a desaparecer na sociedade que toma forma. Touraine observa também que o consumo de massa e a comunicação de massa abrem espaço para um sociedade pós-industrial, hiperindustrial ou neo-industrial, na qual as empresas substituem o conceito de gerência pelo conceito de estratégia e lutam nos mercados internacionais para transformar tecnologias novas em processos de produção e para se adaptar a um meio ambiente de mudanças constantes e pouco previsíveis. Nesta nova sociedade, a social-democracia, que dirige a sociedade de classes, será substituída pelo neoliberalismo. Touraine é igualmente consciente de que uma nova ideologia é requerida por parte da sociedade tecnológica emergente, pois o pós-modernismo é incompatível com a essência do pensamento social que nós herdamos dos dois séculos que precederam o nosso. Neste sentido, Touraine prevê um processo árduo de mudança e de adaptação à nova sociedade emergente.

Outros aspectos, igualmente cruciais, precisam também ser assinalados. Um deles diz respeito às transformações eminentes sobre o mundo do trabalho que reforçam o modelo de funcionamento do capitalismo, acentuando desigualdades, instaurando um novo modo de acumulação de capital, reforçando discriminações de classe, gerando altas taxas de desemprego e de subemprego. O fordismo dá lugar ao toyotismo e à acumulação flexível, e estabelece um processo aparentemente irreversível de heterogeneização, fragmentação e complexificação do mundo do trabalho. E não há nenhum sinal de que tal processo constitui um avanço no sentido da superação da exploração e da alienação do trabalho. Pelo contrário, Apple (1995) tenta mostrar que os sinais indicam exatamente o contrário. Contrapondo-se à tese da especialização máxima, ele argumenta que a exigência de qualificação, na sociedade tecnológica, tende a diminuir, pois, à medida que a tecnologia se sofistica e se vulgariza, os conhecimentos exigidos para sua utilização declinam. Segundo esse autor, a tecnologia não existe para facilitar os processos industriais, mas sobretudo e unicamente para eliminar postos de trabalho nestes tempos de crise do capital.

Para Apple, o futuro terá realmente menos empregados, e isto é inevitável. No entanto, boa parte dos empregos existentes serão enfadonhos, exigirão pouquíssima qualificação, não serão causadores de satisfação, nem serão bem pagos. As diferenças de classe, de raça e de gênero tenderão a aumentar com o avanço da tecnologia. Não há nenhum indício de que a sociedade tecnológica emergente será mais justa, mais prazerosa, mais democrática, mais igualitária. Em outros termos, o avanço tecnológico e suas implicações sobre o modo de funcionamento do mercado estariam conduzindo a sociedade a uma intensificação da exploração do trabalhador, favorecendo a proliferação do trabalho terceirizado, parcial e precário, sem direitos e sub-remunerado, fortalecendo o mercado dual de trabalho (Damiani 1996).

Mas, quaisquer que sejam as previsões com relação à emergência de uma sociedade eminentemente tecnologizada, um aspecto fundamental para sua instauração e manutenção é o cidadão, seu espaço, seu saber, seu poder de participação e de reivindicação. Então, algumas questões fundamentais tomam forma: Que tipo de cidadão requer a sociedade tecnológica emergente? Que tipo de indivíduo poderá exercer plenamente sua cidadania em uma sociedade baseada no largo emprego de aparatos tecnológicos, na convivência imediata com resultados de pesquisa científica, na globalização da informação? Que saber precisaremos deter para participarmos adequadamente de processos político-partidários baseados no usufruto dos avanços científicos e em investimento em ciência e tecnologia? Quais as dimensões caracterizando a cidadania em uma sociedade caleidoscópica, onde os indivíduos são constantemente instigados a ser criativos, autônomos, independentes, polivalentes, omniscientes?

Diversos trabalhos, que fornecem subsídios para a caracterização do cidadão que a sociedade tecnológica do futuro requer, poderiam aqui ser citados. Por exemplo, Dal Pian (1993) indica que os cidadãos desta nova sociedade precisarão estar a par dos princípios básicos subjacentes ao funcionamento das coisas, para raciocinar em consonância com o desenvolvimento científico e tecnológico. Krasilchik (1985, 1986, 1988a, 1988b, 1991, 1992) aponta para a necessidade cada vez maior de uma nova cidadania através da qual os indivíduos poderão melhor compreender e interferir no nível da intersecção entre ciência, tecnologia e sociedade. Apple (op. cit.), advertindo-nos para o fato de que a tecnologia não pode ser vista como um processo autônomo, independente das intenções sociais, do poder e do privilégio, advoga uma necessária «alfabetização social» que permitirá às pessoas uma compreensão séria do impacto da ciência e da tecnologia e dos seus efeitos sociais mais amplos. Identificamos reivindicações semelhantes nos trabalhos de Santos (1994), Girot, (1991), Pinard (1992), Zen (1992), Witkowski (1995), Testard-Vaillant (1993), Giordan e Martinand (1985). Todos esses autores e pesquisadores, abordando aspectos diferentes de uma mesma temática, delimitada pela crescente e irreversível intrusão tecnológica em todos os setores da sociedade, apontam para um caminho inevitável quando se trata de dotar o cidadão de conhecimentos de base indispensáveis a uma percepção adequada desta intrusão tecnológica, de seus impactos, causas, conseqüências e repercussões: a detenção de uma alfabetização científica de qualidade.

O conceito de alfabetização científica

«Alfabetização científica» é um conceito amplo que, segundo Dal Pian (op. cit.), corresponde à aquisição de uma série de conhecimentos gerais relacionados à natureza, aos resultados e à relevância do empreendimento científico. Neste sentido, a autora menciona que são recomendados, para ser incluídos nos currículos, temas tais como vida, matéria, energia e movimento, estrutura e evolução do universo, representações e modelos matemáticos, formas de raciocínio, mudanças sociais, conflitos, formas políticas e econômicas da organização, probabilidade, análises quantitativa e qualitativa etc. Fourez (1994) associa tal conceito ao desenvolvimento do que ele chama de «unidades de racionalidade», constituídas por um conjunto de conhecimentos de base em ciência e tecnologia. Tais conhecimentos de base instrumentariam os indivíduos com conceitos e princípios científicos fundamentais para uma participação ativa na sociedade, tanto em nível da compreensão de fenômenos e procedimentos, quanto em nível da facilitação do processo de aquisição de novos conhecimentos. A própria finalidade do ensino de ciências estaria, segundo o autor, estreitamente ligada ao desenvolvimento de tais unidades de racionalidade, o que o aproxima do ponto de vista de Krasilchik (1986).

O conceito de alfabetização científica apresenta ligações intrínsecas com o de alfabetização tecnológica, definido por Reis (1995) como sendo o desenvolvimento da capacidade de utilização, de maneira inteligente e crítica, de meios tecnológicos e de uma postura crítica com relação à própria tecnologia.

Nesta ordem de idéias, nós nos inserimos nesta vertente que reconhece o papel estratégico e crucial de um conhecimento de base em ciência e tecnologia na formação do cidadão da sociedade emergente. Neste sentido, nós definimos a alfabetização científica como sendo a apreensão dos princípios científicos de base, essenciais para que o indivíduo possa compreender, interpretar e interferir adequadamente em discussões, processos e situações de natureza técnico-científica ou relacionados ao uso da ciência e da tecnologia. Trata-se da instrumentação do indivíduo com conhecimentos científicos válidos e significativos tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista individual, sem os quais o próprio exercício da cidadania ficaria comprometido na medida em que ele depende, entre outros aspectos, da intervenção profissional e da auto-satisfação do indivíduo como detentor de conhecimentos técnicos que lhe são pertinentes. Mas, de que maneira pode-se falar de alfabetização científica no contexto da formação para o trabalho? É o tema que abordamos a seguir.

A alfabetização científica e a formação para o trabalho

Estando inseridos nesta mesma ótica que se articula em torno do papel imprescindível do conhecimento de base em ciência e tecnologia na sociedade tecnológica emergente, nós temos privilegiado, em alguns trabalhos anteriores (Lacerda 1995a, 1995b, 1996), uma abordagem na qual o conceito de alfabetização científica, além de compreender os aspectos gerais antes apresentados, é ancorado sobre a detenção de um saber específico e eminentemente funcional, centrado na compreensão crítica e nas aplicações práticas do conhecimento científico e na resolução de problemas relacionados com as aplicações da ciência e com o uso de recursos tecnológicos. Em outras palavras, nossa reivindicação pela alfabetização científica situa-se no campo específico da formação profissional, na qual a compreensão e a resolução de problemas técnicos constituem a causa e a razão do investimento pessoal dos indivíduos que escolhem esta via de escolarização (Gagnon 1992; Lacerda 1995c).

Ora, sabe-se que o ensino profissionalizante é historicamente percebido como uma opção de segunda ordem, destinada à classe trabalhadora e exigindo prioritariamente o trabalho manual em detrimento de uma intervenção intelectual, também tradicionalmente reservada às elites (Kessler 1993; Franco 1994; Gonciar 1990; Gagnon 1990; Kervin 1988; Lacerda 1995c). No Brasil, esse nível de ensino reflete essa dimensão histórica e, como destaca Franco (op. cit.), aparece dicotomizado e segmentado entre a enfatização de seu caráter terminal, voltado para a profissionalização e centrado na aquisição de habilidades de natureza técnica, e de seu caráter intermediário, voltado para o acesso aos estudos superiores e centrado na aquisição de conhecimentos gerais.

Evidentemente, toda a formação escolar do indivíduo está intrinsecamente relacionada com sua capacitação para o trabalho. No entanto, o mercado de trabalho, qualquer que seja seu contorno e sua dinâmica interna, não pode ser considerado como a baliza mestra norteadora do modo de funcionamento da escola profissional, distanciando sua clientela de uma formação integral, ampla e que ultrapasse os limites e as necessidades imediatas do exercício de uma profissão.

[Admitir] uma relação linear entre escola e trabalho (...) seria limitar o papel da escola concebendo-a apenas como uma agência de adestramento em que o domínio de técnicas ganharia primazia sobre as atividades voltadas para a formação integral do aluno. (...) Isso, por outro lado, não implica fazer o raciocínio inverso e eximir a educação de qualquer responsabilidade pela formação profissional. Mais do que isso acreditamos ser a escola uma das oportunidades para capacitar o aluno a compreender o trabalho como categoria social - e histórica, desde que existe [na] escola a preocupação de levá-lo a entender as formas diferenciadas de vivenciar as relações de produção e as desigualdades delas decorrentes. (Franco, op. cit., pp. 20-21)

Entretanto, a formação para o trabalho vem sendo sistematicamente esquivada da aquisição de conceitos e de princípios científicos de base, tendo em vista que, como demonstra Kessler (op. cit.), crê-se que os jovens que a ela se destinam não se interessam e não necessitam deste tipo de conhecimento em sua futura intervenção no mercado de trabalho. Desta maneira, os futuros técnicos são distanciados de uma formação mais integral, centrada no desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da polivalência, permitindo-lhes, entre outros aspectos, elaborar uma compreensão do significado social do trabalho. Neste sentido, Franco (op. cit.) nos permite estabelecer uma relação direta entre a formação para o trabalho e a alfabetização científica, quando menciona que: "A compreensão do significado social do trabalho concentra uma das muitas possibilidades, para o aluno, de auto-identificar-se como sujeito histórico e, conseqüentemente, capacitar-se a rever suas condições reais de subsistência, questioná-las e pensar em agir no sentido de transformá-las"(p. 21).

Igualmente, os alunos são sistematicamente esquivados do desenvolvimento de habilidades necessárias à compreensão, à intervenção e à tomada de decisões voltadas para questões científicas e tecnológicas, nos termos discutidos anteriormente.

Os autores citados alertam também que a manutenção desta dicotomia entre o aprendizado de técnicas profissionais e a alfabetização científica contraria os próprios princípios do desenvolvimento tecnológico e as próprias demandas atuais do mercado de trabalho e da sociedade como um todo quanto à capacitação do pessoal de nível técnico. De fato, inúmeros trabalhos têm sido dedicados a explicitar o arsenal de competências e de habilidades demandado pela sociedade emergente com relação ao saber do trabalhador. Espera-se que este último possa não somente exceder-se no desempenho de tarefas técnicas específicas, mas também que ele possa demonstrar competências e habilidades gerais, como as descritas acima. Em outros termos, a alfabetização científica no âmbito do ensino profissionalizante, além de direito inalienável dos futuros técnicos, torna-se requisito básico para que eles possam participar ativamente da sociedade tecnológica emergente como cidadãos no sentido mais amplo do termo.

Nesta perspectiva, novas questões são formuladas: Que mecanismos podem proporcionar uma alfabetização científica adequada da clientela dos programas de formação profissional? Como assegurar a formação para a cidadania, em uma sociedade tecnológica emergente e segundo a ótica da alfabetização científica, dos futuros técnicos de nível médio? De que modo pode-se favorecer a eliminação da fronteira entre a ciência e a técnica no contexto da formação para o trabalho? Como viabilizar e facilitar o acesso do técnico de nível a um conhecimento científico e tecnológico de base?

A identificação de elementos de resposta a estas questões não é uma tarefa simples e um grande número de pesquisadores dedica-se a tal problemática, em diversos países e contextos. Nossos trabalhos no Grupo de Pesquisas em Didática das Ciências Aplicadas à Formação Profissional, na Universidade Laval (Quebec, Canadá), levaram-nos a abordar a temática da alfabetização científica em programas de formação profissional sob a perspectiva do desenvolvimento de um saber técnico-científico funcional, no sentido mais amplo do termo. Abordemos a seguir o conceito de saber funcional e suas relações com a questão da alfabetização científica.

Saber funcional e alfabetização científica

Entre os diferentes objetivos que podem ser associados ao ensino técnico, seis estão em primeiro plano:

1. Desenvolver habilidades e conhecimentos de resolução de problemas;

2. Desenvolver habilidades e conhecimentos relacionados à concepção e à criação;

3. Fornecer uma alfabetização social, cultural, científica e tecnológica de qualidade;

4. Favorecer a compreensão da profissão através do desenvolvimento de uma reflexão aprofundada sobre a área de formação, sua extensão, seus limites e objetivos;

5. Favorecer o domínio, através de um conhecimento adequado, dos objetos técnicos e tecnológicos;

6. Instrumentar o aluno para enfrentar a evolução da área de formação quanto ao avanço científico e tecnológico.

A partir de tais objetivos, pode-se concluir que o ensino técnico deveria ser necessariamente associado a um processo de comunicação e de aquisição de saberes eminentemente funcionais, fundamentando a intervenção efetiva, criativa e autônoma do futuro profissional no mundo dos objetos técnicos e instrumentando-o para a compreensão de sua evolução e para se adequar em conseqüência. O conceito de saber funcional relaciona-se assim com três aspectos distintos e estreitamente ligados. O primeiro aspecto, mais corrente, nos conduz à questão da reutilização dos saberes em situações novas e inéditas. O segundo aspecto, menos abordado, nos conduz aos objetivos e às finalidades dos saberes técnicos, enquanto instrumentos de intervenção sobre o mundo real. O terceiro aspecto, oriundo de nossos trabalhos, nos conduz à aquisição dos conceitos e princípios científicos subjacentes à resolução de problemas de ordem técnica.

Os pesquisadores que privilegiam o primeiro aspecto referem-se aos saberes funcionais em termos das possibilidades concretas de transferência desses saberes em situações diferentes, distanciadas daquelas onde eles foram adquiridos. Nesse caso, a detenção de saberes funcionais favorece o desenvolvimento da criatividade e da criticidade. Com relação ao segundo aspecto, diversas pesquisas levam-nos a associar o conceito de saber funcional a duas dimensões intrinsecamente interligadas: a validade e a pertinência do saber, tanto no plano individual quando no plano social. Nesse caso, a detenção de saberes funcionais contribui para o desenvolvimento da autonomia e para a responsabilização do indivíduo quanto a suas opções profissionais e pessoais. O terceiro aspecto permite-nos estabelecer uma relação direta entre o saber funcional e a alfabetização científica, na medida em que a aquisição e a compreensão de conceitos e princípios científicos de base são comuns a ambos. Nesse caso, o indivíduo detentor de saberes funcionais instrumenta-se para se tornar polivalente e para se auto-satisfazer na manipulação dos saberes efetivamente adquiridos.

Essas três dimensões constituem assim, segundo nosso ponto de vista, fatores-chave para uma formação profissional engajada na evolução da sociedade, da tecnologia e do mercado de trabalho, assim como no desenvolvimento integral do indivíduo. Elas colocam em evidência, junto ao detentor de saberes técnicos, eminentemente funcionais, a significância real de tais saberes, sua veracidade, objetividade, utilidade, transferibilidade e natureza eminentemente científica.

Conclui-se então que a alfabetização científica no contexto da formação profissional deveria ser estreitamente associada a um processo de explicitação da plausibilidade dos conhecimentos científicos implícitos aos conhecimentos técnicos e da funcionalidade da base científica dos saberes adquiridos. Desse modo, o enunciado científico terá garantida sua validade fora do laboratório e da sala de aula, em outros contextos que não o do manual escolar ou do discurso do professor.

Outros aspectos reforçam a conveniência da adoção de uma perspectiva funcionalista para favorecer a alfabetização científica no contexto da formação profissional. Por exemplo, refiramo-nos à epistemologia que caracteriza um indivíduo tendo escolhido a via da formação técnica. Tal epistemologia pode ser descrita como o conjunto de relações de validação que o indivíduo estabelece com os saberes e a utilização que ele faz desses saberes. Nesse caso, supõe-se que a epistemologia do indivíduo seja essencialmente formada de conhecimentos relacionados com a resolução de problemas concretos e com sua intervenção efetiva no mundo dos objetos técnicos. Esses são os objetivos sobre os quais se baseiam sua busca de novos conhecimentos e sua evolução como sujeito, cidadão e técnico. Tais aspectos constituem a pedra angular de sua visão do mundo, que tem um papel preponderante na aquisição e na organização de novos saberes. Ora, um técnico «ideal» em uma área qualquer é um indivíduo que conseguiu estabelecer relações entre seu modo de funcionamento e o modo de funcionamento do mundo no qual ele vive, e de fazer dessas relações um mecanismo de melhoria de sua performance como técnico. Desta maneira, seu saber é mais rico, mais elaborado, mais qualitativo e contém essencialmente conhecimentos procedurais, isto é, regras e suas condições de aplicação (Lafontaine, Blondin, Closset e Lejoly 1993).

Como conseqüência, o saber de um técnico conteria essencialmente conhecimentos capazes de informá-lo a respeito de sua intervenção sobre o funcionamento do universo das coisas técnicas. Tal indivíduo deteria também conhecimentos organizados de modo que ele consiga decifrar os problemas que é chamado a resolver, e isto da maneira mais eficaz possível. Trata-se de um saber global no sentido de que ele não é compartimentalizado para ser mais bem compreendido e apreendido. Trata-se de um saber que permite a seu detentor demonstrar autonomia intelectual em seus procedimentos de resolução de problemas e que elimina, em um certo sentido, as fronteiras entre os diferentes tipos de conhecimento. Trata-se de um saber estritamente relacionado com suas finalidades concretas, o que nos leva a crer que a explicitação dos fundamentos implícitos aos procedimentos de natureza técnica, quando revestidos de uma dimensão funcional, favoreceria a satisfação da epistemologia do técnico e a retenção do saber delimitado por tais fundamentos.

À guisa de conclusão

As características que associamos ao conceito de saber funcional, no seu sentido mais amplo, redimensionam o saber do técnico de nível médio e o aproximam dos objetivos da alfabetização científica, tais como foram explicitados anteriormente e que podem ser resumidos em favorecer a emancipação e a liberdade individual, proporcionar auto-satisfação, desenvolver espírito crítico e instrumentar para o exercício da cidadania, quaisquer que sejam os rumos da sociedade atual.

Podemos então concluir que a alfabetização científica em meios de formação profissional só pode ser viabilizada na medida em que o conceito científico implícito ao procedimento técnico seja revestido de uma funcionalidade claramente delimitada, que permita ao aluno-técnico reconhecer na sua apreensão um objetivo concreto, relacionado com sua intervenção profissional e com sua epistemologia. Tal objetivo concreto seria, segundo a perspectiva por nós adotada, relacionado com as próprias características associadas ao saber funcional, permitindo ao técnico de tornar-se detentor de saberes transferíveis, significativos, úteis, multidisciplinares, favorecendo o desenvolvimento da criatividade, a compreensão e a apreensão da sociedade na qual ele está inserido.

Mas, quaisquer que sejam os avanços desta discussão, Maranhão (1993) adverte-nos sobre o fato de que deixar de atribuir a devida importância ao desenvolvimento científico e tecnológico e à sua repercussão em meios escolares, e portanto nos programas de formação profissional, corresponde a situar-se fora da realidade presente e futura e, mais uma vez, a contribuir para a manutenção da dicotomia entre a formação profissional e a formação propedêutica, ampla, emancipatória e formadora de espiríto crítico.

A escola profissional deve então colocar em prática uma didática voltada não apenas para a apreensão de informações, mas também para o desenvolvimento de habilidades e para a aquisição de conhecimentos técnico-científicos necessários para se lidar com realidades complexas, para enfrentar desafios, buscar soluções, questionar-se e refazer seus próprios conhecimentos, ampliando os horizontes de informação e reivindicando uma participação ativa na sociedade. Trata-se de um desafio que tem que estar à frente de toda preocupação com a qualidade da educação técnica e tecnológica durante todo o processo de aprendizagem e de articulação do saber do aluno com um saber de referência que deve instrumentá-lo não somente para postos de trabalho, mas para a vida no sentido mais amplo do termo.

Scientific literacy and professional knowledge

ABSTRACT: This article analyses the concept of "scientific literacy" in the context of technical education. First, we present some previsions about new technological society and its repercussions on work. Then, we characterize "scientific literacy" and identify the relationship between this concept and the characteristics of a middle level professional knowledge. We conclude with a general reflection on personal valorization, technical education and "scientific literacy".

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LACERDA, G. "Conception d'un outil de formation technique assistée par ordinateur intégrant une approche pédagogique adaptéee". Anais do 63o congrès de l'Association canadienne française pour l'avancement des sciences (ACFAS).Links ] Quebec, Universidade do Quebec em Chicoutimi, 1995a. [

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_______. "Développement d'un savoir fonctionnel à l'aide d'un environnement de formation technique assistée par ordinateur intégrant une approche didactique adaptée".Quebec, Universidade Laval, 1995c, tese de doutorado. [ Links ]

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* Professor visitante do Programa de Pós-graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Ceará.


Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73301997000300006

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FIRMEZA DE PROPÓSITO.


FIRMEZA DE PROPÓSITO

Luiz Carlos Baldan Gusmão



Uma das maiores causas do insucesso é a falta de atenção.

Uma das maiores causas de sucesso é a firmeza de propósito, sendo a firmeza de propósito uma opulência que tem o dom de superar a instabilidade.

Você já reparou quantas vezes fazemos uma coisa pensando em outra? E você já pensou quantos erros cometemos por não estarmos totalmente concentrados no que estamos fazendo? Como exemplo prático, observe no cantar da Japa-mala (entoar mantras para a meditação pessoal) onde está o nosso pensamento, verifique.

Prestar atenção, concentrar-se, buscar um objetivo, pensar no que está fazendo é um treino. E é um treino que exige muita dedicação e muito esforço. Não acredite na falsa idéia de que “você é assim mesmo” – sem capacidade de concentração – e que não pode mudar. Pratique Yoga para ter uma grande ajuda nesta batalha.

Para começar a se concentrar mais, o primeiro passo é pensar com seriedade no que se está fazendo. Cante bastante Japa-mala para treinar. Ambientes de muita brincadeira, pessoas que falam alto e que se movimentam o tempo todo podem dificultar a concentração. Assim, se você convive num ambiente que dificulta a concentração, tente mudá-lo. Diminua o volume do som, por exemplo. Mude sua mobília de posição ou mesmo s costumes cotidianos, se possível. Lembre-se que o barulho é o grande gerador de cansaço e o cansaço dificulta muito a concentração.

Tenha o hábito de conferir tudo. Isso treinará você a concentrar-se mais no que faz e evitará o retrabalho e a perda de tempo. Anote para não esquecer das coisas a fazer. Tenha o hábito de perguntar várias vezes até compreender bem alguma tarefa. Estude mais, busque conhecimento espiritual e levante para a vida.

Pessoas que cometem pequenos erros o tempo todo ficam com sua mente abalada. A falta de atenção é um dos fatores que mais impede uma pessoa de crescer espiritualmente e materialmente.

Pense nisso: Você tem hábito de cantar Japa-mala? Você tem hábito de buscar conhecimento espiritual? Você tem hábito de reler o que escreve? Você tem hábito de conferir se uma tarefa recebida foi bem compreendida por você antes de executá-la? Você procura um lugar mais silencioso para fazer tarefas que exigem concentração? Você se esforça para não ser uma pessoa dispersiva? Você está tirando o melhor proveito deste momento?

As pessoas com firmeza de propósito na busca do objetivo supremo com a mente estável e destinados a maior perfeição da vida espiritual, que é a renúncia à concepção de vida material, são resolutos.

Bg 2.41 "Aqueles que estão neste caminho são resolutos, e têm apenas um objetivo. Ó amado filho dos Kurus, a inteligência daqueles que são irresolutos tem muitas ramificações."

Fonte: http://www.mayapuryoga.com.br/partfirmeza.html

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FIRMEZA DE PROPÓSITO.


FIRMEZA DE PROPÓSITO

Luiz Carlos Baldan Gusmão



Uma das maiores causas do insucesso é a falta de atenção.

Uma das maiores causas de sucesso é a firmeza de propósito, sendo a firmeza de propósito uma opulência que tem o dom de superar a instabilidade.

Você já reparou quantas vezes fazemos uma coisa pensando em outra? E você já pensou quantos erros cometemos por não estarmos totalmente concentrados no que estamos fazendo? Como exemplo prático, observe no cantar da Japa-mala (entoar mantras para a meditação pessoal) onde está o nosso pensamento, verifique.

Prestar atenção, concentrar-se, buscar um objetivo, pensar no que está fazendo é um treino. E é um treino que exige muita dedicação e muito esforço. Não acredite na falsa idéia de que “você é assim mesmo” – sem capacidade de concentração – e que não pode mudar. Pratique Yoga para ter uma grande ajuda nesta batalha.

Para começar a se concentrar mais, o primeiro passo é pensar com seriedade no que se está fazendo. Cante bastante Japa-mala para treinar. Ambientes de muita brincadeira, pessoas que falam alto e que se movimentam o tempo todo podem dificultar a concentração. Assim, se você convive num ambiente que dificulta a concentração, tente mudá-lo. Diminua o volume do som, por exemplo. Mude sua mobília de posição ou mesmo s costumes cotidianos, se possível. Lembre-se que o barulho é o grande gerador de cansaço e o cansaço dificulta muito a concentração.

Tenha o hábito de conferir tudo. Isso treinará você a concentrar-se mais no que faz e evitará o retrabalho e a perda de tempo. Anote para não esquecer das coisas a fazer. Tenha o hábito de perguntar várias vezes até compreender bem alguma tarefa. Estude mais, busque conhecimento espiritual e levante para a vida.

Pessoas que cometem pequenos erros o tempo todo ficam com sua mente abalada. A falta de atenção é um dos fatores que mais impede uma pessoa de crescer espiritualmente e materialmente.

Pense nisso: Você tem hábito de cantar Japa-mala? Você tem hábito de buscar conhecimento espiritual? Você tem hábito de reler o que escreve? Você tem hábito de conferir se uma tarefa recebida foi bem compreendida por você antes de executá-la? Você procura um lugar mais silencioso para fazer tarefas que exigem concentração? Você se esforça para não ser uma pessoa dispersiva? Você está tirando o melhor proveito deste momento?

As pessoas com firmeza de propósito na busca do objetivo supremo com a mente estável e destinados a maior perfeição da vida espiritual, que é a renúncia à concepção de vida material, são resolutos.

Bg 2.41 "Aqueles que estão neste caminho são resolutos, e têm apenas um objetivo. Ó amado filho dos Kurus, a inteligência daqueles que são irresolutos tem muitas ramificações."

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Pluralidade Cultural. INTERDISCIPLINARIDAD Y PROYECTOS (I BIMESTRE).

De: videoconferencias


Universidad Técnica Particular de Loja
Carrera: Psicología
Materia: Interdisciplinaridad y Proyectos
Bimestre: Primer Bimestre
Periodo: Abril - Agosto 2008
Ponente: Mg. Gonzalo Morales

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O PROVISÓRIO E O DEFINITIVO.


O PROVISÓRIO E O DEFINITIVO

Luiz Carlos Baldan Gusmão



A Suprema Personalidade de Deus, Bhagavan, é definido como sat-cit-ananda, a forma de eternidade (sat), a forma de conhecimento pleno (cit) e a forma de felicidade plena (ananda).

Quando estiver em dúvida sobre uma decisão, pense sempre dentro do conceito filosófico de sat (eterno ou definitivo) e o asat (impermanente ou provisório).

O provisório (asat) é aquilo que tem um tempo definido; uma importância relativa; uma duração limitada, isto é, o mundo material.

O definitivo (sat) é o que perdura no tempo; ultrapassa os limites da própria atividade; é o que restará quando tudo o que for provisório passar. Para o definitivo (sat) temos que executar atividades (karma yoga) na busca dos objetivos humanos para uma sociedade considerada civilizada. Estes objetivos são: dharma, artha, kama e moksa. O dharma é definido como ética, moral e religião, artha é definido como desenvolvimento econômico ou bem estar material, kama é definido como gozo dos sentidos ou prazer e moksa é definido como liberação ou libertação.

Vários são os filósofos que trabalham com esse tema. Quero, no entanto, trazê-lo para o mundo cotidiano.

O conhecimento (cit) se aplica na compreensão da distinção entre o que é sat (eterno ou definitivo) e o que é asat (impermanente ou provisório).

No dia a dia, o que é provisório e o que é definitivo? Definitivo é a alma totalmente espiritualizada que se fortalece com as crenças e valores espirituais que norteiam a condução dos seus atos. Definitivo é a alma que é acompanhada pela ética, pela tolerância, pela receptividade, pelo respeito à diferença, por uma política humana justa, pela intransigência com a qualidade da própria conduta, pela postura honesta perante a sociedade.

Provisório é a beleza de um carro, de uma casa ou do próprio corpo. Provisória é uma ação qualquer que logo desaparecerá. Provisório é o apego a um cargo, a uma função, a uma família ou qualquer posição material ou social que não eleve a alma espiritual.

Digo isto tudo porque há pessoas e grupos sociais que lutam pelo provisório e deixam de lado o definitivo. Há pessoas e grupos sociais que dão a vida por coisas provisórias e pouco se atém ao que realmente interessa ao que é definitivo para o seu sucesso espiritual ou da sociedade.

Digo isso porque há pessoas que abandonam a vida espiritual, a família, os filhos, os maridos e as esposas por valores provisórios como cargo, uma posição, poucos minutos de prazer, glória ou fama. Elas se esquecem que tudo isso passa e que desprezando o definitivo pelo provisório nada lhes restará de definitivo na vida. Eles acabarão sós, abandonados, rodeados apenas pelas lembranças dos provisórios pelo que eles lutaram inutilmente toda vida.

O que é provisório e o que é definitivo para você?Pense nisso:Tenho claro em minha mente o que é provisório e o que é definitivo em minha vida?Será que não estou lutando por valores apenas transitórios?Como está o meu relacionamento comigo (interior), familiar e de amizades? Tenho consciência de que conhecimento espiritual é uma coisa definitiva e não provisória?Tenho sede de aprender, de conhecer coisas novas? Tenho consciência de que o conhecimento é algo definitivo?


Fonte: http://www.mayapuryoga.com.br/partprovisorio.html

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O PROVISÓRIO E O DEFINITIVO.


O PROVISÓRIO E O DEFINITIVO

Luiz Carlos Baldan Gusmão



A Suprema Personalidade de Deus, Bhagavan, é definido como sat-cit-ananda, a forma de eternidade (sat), a forma de conhecimento pleno (cit) e a forma de felicidade plena (ananda).

Quando estiver em dúvida sobre uma decisão, pense sempre dentro do conceito filosófico de sat (eterno ou definitivo) e o asat (impermanente ou provisório).

O provisório (asat) é aquilo que tem um tempo definido; uma importância relativa; uma duração limitada, isto é, o mundo material.

O definitivo (sat) é o que perdura no tempo; ultrapassa os limites da própria atividade; é o que restará quando tudo o que for provisório passar. Para o definitivo (sat) temos que executar atividades (karma yoga) na busca dos objetivos humanos para uma sociedade considerada civilizada. Estes objetivos são: dharma, artha, kama e moksa. O dharma é definido como ética, moral e religião, artha é definido como desenvolvimento econômico ou bem estar material, kama é definido como gozo dos sentidos ou prazer e moksa é definido como liberação ou libertação.

Vários são os filósofos que trabalham com esse tema. Quero, no entanto, trazê-lo para o mundo cotidiano.

O conhecimento (cit) se aplica na compreensão da distinção entre o que é sat (eterno ou definitivo) e o que é asat (impermanente ou provisório).

No dia a dia, o que é provisório e o que é definitivo? Definitivo é a alma totalmente espiritualizada que se fortalece com as crenças e valores espirituais que norteiam a condução dos seus atos. Definitivo é a alma que é acompanhada pela ética, pela tolerância, pela receptividade, pelo respeito à diferença, por uma política humana justa, pela intransigência com a qualidade da própria conduta, pela postura honesta perante a sociedade.

Provisório é a beleza de um carro, de uma casa ou do próprio corpo. Provisória é uma ação qualquer que logo desaparecerá. Provisório é o apego a um cargo, a uma função, a uma família ou qualquer posição material ou social que não eleve a alma espiritual.

Digo isto tudo porque há pessoas e grupos sociais que lutam pelo provisório e deixam de lado o definitivo. Há pessoas e grupos sociais que dão a vida por coisas provisórias e pouco se atém ao que realmente interessa ao que é definitivo para o seu sucesso espiritual ou da sociedade.

Digo isso porque há pessoas que abandonam a vida espiritual, a família, os filhos, os maridos e as esposas por valores provisórios como cargo, uma posição, poucos minutos de prazer, glória ou fama. Elas se esquecem que tudo isso passa e que desprezando o definitivo pelo provisório nada lhes restará de definitivo na vida. Eles acabarão sós, abandonados, rodeados apenas pelas lembranças dos provisórios pelo que eles lutaram inutilmente toda vida.

O que é provisório e o que é definitivo para você?Pense nisso:Tenho claro em minha mente o que é provisório e o que é definitivo em minha vida?Será que não estou lutando por valores apenas transitórios?Como está o meu relacionamento comigo (interior), familiar e de amizades? Tenho consciência de que conhecimento espiritual é uma coisa definitiva e não provisória?Tenho sede de aprender, de conhecer coisas novas? Tenho consciência de que o conhecimento é algo definitivo?


Fonte: http://www.mayapuryoga.com.br/partprovisorio.html

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Presidente Lula assina Acordo Ortográfico no dia do centenário de morte de Machado de Assis.

Presidente Lula assina Acordo Ortográfico no dia do centenário de morte de Machado de Assis.

A Academia Brasileira de Letras realizou no dia 29 de setembro, às 15 horas, no Salão Nobre do Petit Trianon, sessão solene de celebração dos 100 anos de morte de Machado de Assis, culminando a extensa programação com que, desde março, vem homenageando o maior dos escritores brasileiros.

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, presidiu a cerimônia, na qual, assinou quatro decretos de promulgação do Acordo Ortográfico dos sete países de Língua Portuguesa.

Estiveram presentes os Ministros da Educação (Fernando Haddad), da Cultura (Juca Ferreira), o Governador do Rio de Janeiro (Sérgio Cabral) e os Embaixadores e Cônsules de Portugal, Angola e Moçambique.

O Acadêmico Eduardo Portella foi o orador oficial da solenidade.

A sessão solene teve transmissão ao vivo pelo portal da ABL.

Saiba Mais

O Presidente da ABL, Cícero Sandroni, afirma que ,"com esses atos, Machado de Assis será duplamente exaltado: de um lado, a Academia lhe rende a mais expressiva homenagem neste ano em que celebramos o centenário de sua morte com dezenas de realizações, entre as quais exposição sobre sua vida e obra já visitada por milhares de pessoas, na sua maioria estudantes. E de outro, a assinatura pelo Presidente Lula dos decretos que promulgam o Acordo Ortográfico dos sete países lusófonos, ato que concretiza uma aspiração de Machado, no discurso de encerramento do ano acadêmico de 1897: "A Academia buscará ser a guardiã de nosso idioma, fundado em suas legítimas fontes - o povo e os escritores, todos os falantes de língua portuguesa".

O Acordo Ortográfico:

O Acadêmico escritor Domício Proença Filho, filólogo, explica que a ortografia da língua portuguesa tem sido preocupação de estudiosos desde o século XVI. Só se torna, entretanto, objeto de regulamentação por acordos firmados por Brasil e Portugal, a partir dos começos do século XX. O último, que agora será promulgado no Brasil, representa a culminância de tentativas de superação de divergências que marcam os acordos vigentes: o de 1943, no Brasil acrescido das alterações de 1971, e o de 1945, em Portugal, com as medidas de 1973.

Mais um capítulo de uma história longe de ser tranqüila. No processo, a concretização, em 1975, de novas normas comuns, elaboradas pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa. Motivos de caráter político impedem a aprovação oficial dos cânones preconizados.

- Continua Proença Filho:

Os esforços prosseguem. E conduzem a um encontro que reúne, em 1986, no Rio de Janeiro, por iniciativa do Acadêmico Antônio Houaiss, representantes convidados dos países que, à época, adotavam o português como língua oficial, eram eles, além do Brasil, Portugal, as demais nações lusófonas agora independentes: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O Timor Leste só mais tarde oficializaria o uso da língua comum. O acordo ortográfico elaborado na ocasião propiciaria a unificação da grafia de 99,5% do vocabulário geral da língua. Reações polêmicas ainda uma vez o inviabilizaram.

Novas negociações mobilizam, em 1989, os países oficialmente lusófonos. E um novo documento regulador é formulado em 1990. Na base dos conteúdos, o texto do Acordo de 1975 e, de estrutura, do Acordo de 1986. Consideradas as razões das divergências a ambos vinculadas. O texto final é assinado em Lisboa, em 16 de dezembro daquele ano, por representantes das nações envolvidas. Destinado a unificar a grafia de 98% do vocabulário geral da língua na dependência de aprovação pelos respectivos Congressos. Nesse sentido, ganha a anuência de Portugal, de Cabo Verde e, em 1995, dos congressistas brasileiros.

Por força da incompatibilidade entre data de vigência e de aprovação, um protocolo modificativo elimina a exigência de fixação da primeira. Tal documento é referendado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e, em 2002, pelo Brasil. Na agilização do processo, a Comunidade dos Paises de Língua Portuguesa, criada em 1996. No curso das discussões, estabelece-se, como regra, arriscada, que a concordância de três países representaria consenso. Tecnicamente, segundo o acadêmico, o novo acordo já poderia ter entrado em vigor.

Resistências acentuadas oficiais e editoriais, de várias origens, e dificuldades de ordem prática, entre elas o prazo de adaptação e as que envolvem a política do livro didático no Brasil, retardaram o processo, que agora chega ao ponto de conclusão com a decisão do Presidente Lula de firmar os decretos de promulgação no Brasil. - Finaliza Proença Filho.

29/09/2008

Fonte: http://www.academia.org.br/
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AVALIAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR

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Algumas reflexões sobre avaliação

AVALIAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR

Rosângela Menta Mello[1]

A avaliação escolar é um processo de julgamento que ocorre no cotidiano da escola. Quando se faz uma análise do que o aluno já sabe sobre determinado conteúdo, o que ele precisa aprender e quais as suas curiosidades, que métodos podem ser considerados adequados para a turma, série e modalidade de ensino se esta julgando.

Sob o ponto de vista do professor, este processo de julgamento ocorre no momento de planejar suas aulas, seja no plano anual, bimestral ou de aula. Na aplicação da Metodologia da Problematização do Ensino, proposta por BERBEL[2], este julgamento também ocorre quando o professor inicia suas atividades a partir da realidade social, discutindo com seus aprendizes, levantando as dúvidas e selecionando as situações problemas, os pontos chaves, para serem teorizados, buscando-se hipóteses de soluções que devem ser aplicadas na realidade social.

Esta proposta metodológica visa à transformação da sociedade de forma consciente e coletiva. O aprendiz faz parte desse processo como agente principal. O acompanhamento realizado pelo professor é permeado pelo processo de avaliação da aprendizagem do aluno, de seus conhecimentos prévios, da construção de novos conceitos e sua aplicação na realidade em que vive. Nesta perspectiva a avaliação pode ser realizada informalmente e formalmente. Sendo informal à medida que ocorre o diálogo na ação docente, na observação das atitudes, comportamentos dos aprendizes e, formal quando este produz verbalmente seus textos, seja em atividades diárias ou em provas escritas.

A postura pedagógica do professor denuncia a sua concepção educacional, seu modo de ver o mundo, sua ação docente. Se o educador se coloca dentro da perspectiva da pedagogia histórico-crítica, estará imbuído de uma ação docente transformadora em favor das classes populares. Seu olhar pedagógico da avaliação terá uma conotação voltada para o processo de construção da cidadania no aluno, de forma que a avaliação é um processo que permite uma reflexão como ponto de partida e chegada na aprendizagem escolar. Esta não tem a finalidade de emitir notas classificatórias e sim de registrar a aprendizagem e a construção do conhecimento pelo estudante, instrumentalizando-o em suas atitudes frente aos problemas sociais que os aprendizes enfrentam em seu cotidiano.

Na postura pedagógica conservadora, a avaliação tem uma função de classificação, entre aqueles que sabem e os que não sabem o conteúdo trabalhado em sala de aula. Os alunos têm a função de aprender o conteúdo e o professor a preocupação em levá-lo à aprendizagem através de aulas expositivas, de exercícios escritos, trabalhos em grupos, etc. Os estudantes que não conseguem na avaliação, uma menção dentro do padrão mínimo exigido pelo estabelecimento de ensino, têm a oportunidade de fazer recuperações paralelas, em função de um sistema institucional de avaliação somativa e formativa. A dificuldade está em fazer as ligações com a prática social inicial e final. Neste método de ensino não se tem claro como a análise dos problemas sociais e atuais da sociedade podem ser minimizados com o processo educacional, de tal forma que o trabalho pedagógico do tema proposto em aula, se encerra no final do bimestre e depois se inicia outro tema e assim por diante.

As situações de avaliação no cotidiano escolar são muito variadas, mas ainda estamos trabalhando dentro de uma legislação educacional que exige do professor a emissão de um juízo de valor, em relação aos conteúdos trabalhados no bimestre para compor o boletim escolar do aprendiz e a sua ficha individual. Esta expressão é realizada através de uma nota que pode variar de 0,0 a 10,0, no Estado do Paraná. Terá uma repercussão importante na vida estudantil do aprendiz, pois ao final de um período letivo será calculada a média das disciplinas, para sua aprovação ou não na série, ficando gravado em seu histórico escolar a menção obtida.

Os pais e a comunidade escolar acompanham todo este processo de julgar o aprendiz pelas notas, obtidas na avaliação demonstrada em seu boletim. A chave da questão está nesse processo. Como poderá o professor e o aprendiz expressar através de um instrumento de avaliação, de uma menção o seu grau de aprendizagem em relação a um tema estudado, discutido, trabalhado no período em que foi avaliado? As atividades formais de avaliação são variadas, a lei LDB nº 9394/96 prevê que os aspectos qualitativos devem preponderar sob os quantitativos, portanto as provas e testes escritos devem ter questões destes critérios em diversos níveis de compreensão.

A organização curricular em disciplinas, com horas/aula de 50 minutos e apenas duas aulas semanais, normalmente, também dificulta o processo de aprendizagem, ou seja, o tempo a cada bimestre no ano letivo acaba variando de 18 a 20 horas/aula, contando com as atividades teóricas-práticas e as avaliações.

Diante deste quadro, a avaliação é um julgamento onde se tenta expressar o nível de apropriação do conhecimento pelo aprendiz, se estabelecer atitudes de mudança de comportamentos em relação com seu modo ser, de pensar e de agir.

A partir destas reflexões, apresentamos o recurso pedagógico denominado de Mapa Conceitual, que poderá auxiliar tanto o educador, quanto os aprendizes a avaliarem a aprendizagem.

O Mapa Conceitual[3] é uma técnica pedagógica para organizar e representar o conhecimento graficamente. Os conceitos e as proposições são os blocos de construção do conhecimento em qualquer domínio. Foi criado por Joseph Donald Novak (1977) com base na aprendizagem significativa de David Ausubel (1968), cuja essência é que as idéias novas ancoram-se em conceitos relevantes que o aprendiz já sabe (subsunsores), pré-existentes na estrutura cogntiva de quem aprende.

É uma técnica muito flexível, podendo ser aplicada como instrumento de análise de currículo e recurso de aprendizagem: para orientação; exploração do que os estudantes já sabem; focar um conceito particular; observar a estrutura do pensamento em relação ao tema proposto; ponto de partida para novas pesquisas e aprendizagens; meio de avaliação e auto-avaliação, etc.

O trabalho com os conteúdos estruturantes das disciplinas da Educação Básica e seus temas específicos, segundo as Diretrizes Curriculares Estado do Paraná[4], se dará em quatro momentos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de conceitos, desta forma podem observar que a técnica apresentada facilita a compreensão, tanto do aluno como do professor, das construções lógicas que o aprendiz possui no momento da elaboração do seu mapa conceitual.

A edição de mapas pode ser feita manuscrita, ou com auxílio de softwares apropriados, tais como o Cmap Tool[5], um programa livre, em português, com possibilidade de inserção de áudio, vídeo, imagens, textos e links disponibilizados on-line; já o Inspiration é um software com linguagem visual, isto é, os conceitos podem ser representados com figuras, mas também existem outros recursos no mercado.

A figura 1 traz um exemplo de mapa conceitual sobre mapa conceitual, observe que ele é escrito com conceitos destacados e relacionados entre si, através de frases de ligação.

Figura 1: Mapas Conceituais[6]

Os estudantes podem elaborar duas versões de mapa conceitual: a primeira, antes de iniciar o processo de aprendizagem do conteúdo “novo” e a segunda após a sua finalização.

No momento que, individualmente ou em grupo, os aprendizes passam a construir o seu primeiro mapa conceitual, através de dez conceitos iniciais (podem ser mais ou menos) solicitados a eles, procuram estabelecer as relações entre os conceitos, vão percebendo a hierarquização das idéias ou outras formas de organizá-las. Estas estruturas mentais se fundem no grupo, prevalecendo as que são mais coerentes. Durante a construção desta representação, o aprendiz passa a refletir e argumentar junto aos seus colegas, a sua estrutura de pensamento em relação ao tema escolhido, discutindo com os demais, juntos reelaboram as implicações significantes (termo utilizado por Ítalo Dutra[7]), com ligações mais complexas no mapa do grupo.

Percebemos que a visualização de um mapa conceitual já elaborado, facilita a compreensão na elaboração do seu primeiro mapa do grupo ou individual. Os estudantes gostam muito de trabalhar com a edição de efeitos especiais tais como, cores, linhas, etc. A organização dos mapas conceituais é fantástica, no sentido de se visualizar a evolução da aprendizagem, principalmente a partir da segunda versão, elaborada após a pesquisa e estudo do tema proposto. Os aprendizes observam o quanto é mais interessante esta forma de avaliação do que ficar fazendo avaliações formais, tipo provas escritas.

Esta técnica pode ser utilizada para demonstrar as estruturas conceituais, avaliar a aprendizagem dos estudantes, colaborar no planejamento dos temas a serem pesquisados. Após a construção da primeira versão do mapa conceitual, o aluno já percebe o que precisa pesquisar primeiro, isto é, quais são as suas dúvidas sobre o tema proposto, o que gostaria de se aprofundar, etc, além de ter, este recurso, a possibilidade de inserção de links no programa Cmap Tools, assim como de imagens, gráficos, vídeos, textos, etc. O próprio mapa conceitual pode ser o texto final de pesquisa organizado hipertextualmente.

Na segunda versão, dos mapas elaborados pelos estudantes, podemos observar a evolução das implicações significantes, isto é, o mapa é construído com ligações mais complexas.

DELEUZE e GUATTARI apud OKADA[8]

...comentam que mapas abrem novos caminhos, possibilitam descobrir novos atalhos e estabelecer novas conexões. Os mapas não tem um único ponto de chegada ou de partida, e deve ser flexível e estar em contínua atualização. Eles esclarecem que um mapa deve estar inteiramente voltado para uma experiência ancorada no real.

Portanto, a técnica de mapas conceituais é muito eficiente na avaliação da aprendizagem, pois além de demonstrar a organização do pensamento, leva o aprendiz a se auto-avaliar, diante de suas pesquisas e reflexões, podendo comparar a sua evolução durante todo o processo de construção do conhecimento. É forma de avaliar qualitativamente o aprendiz e o processo de ensino-aprendizagem, além de demonstrar claramente como o tema estudado precisa ser retomado, quais os pontos falhos na aprendizagem.

REFERENCIAL TEÓRICO:

BERBEL, Neusi Ap. Navas. A metodologia da problematização no ensino superior e sua contribuição para o plano da práxis. Semina: Ci. Soc./Hum., Londrina, v. 17, Ed. Especial, p. 7-17, nov, 1996.

_____. A metodologia da problematização no ensino superior e sua contribuição para o plano da práxis. In: REVISTA SEMINA. UEL. nov, 1996, v. 17, p. 7-11.

BERBEL, Neusi Ap. Navas; GOMES, Daniel Fernando Matheus. Exercitando a reflexão com coversas de professores. Londrina: GRAFCEL, 2005.

Mapas conceituais. Disponível em http://spider.ufrgs.br:8001/servlet/SBReadResourceServlet?rid=1117550778186_348824491_1468&partName=htmltext acessado em 20/10/2007 às 7h

MELLO, Rosângela Menta. Mapas Conceituais. Apresentação de pôster no II Simpósio de Filosofia. Curitiba: 2006. Disponível em: http://projetodeaprendizagem.pbwiki.com/Material+de+Apoio acessado em 20/10/2007 às 8h.

MENTA, Eziquiel. Wiki. Disponível em: http://www.escolabr.com/projetos/ferramentas_de_comunicacao/wiki.htm acessado em 19/10/2007 às 22h.

MOREIRA, Marco Antônio; BUCHWEITZ, Bernardo. Mapas Conceituais: instrumentos didáticos, de avaliação e de análise de currículo. São Paulo: Ed. Moraes, 1987. p. 15.

OKADA, Alexandra. Cartografia cognitiva: novos desafios e possibilidades. Disponível em: http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/texto2.php acessado em 10/08/2006

PARANÁ. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná. Disponível em http://www.seed.pr.gov.br/portals/portal/diretrizes/index.php acessado em 01/11/2007 às 17h

UFRGS. Os mapas conceituais no enfoque construtivista. Disponível em http://spider.ufrgs.br:8001/servlet/SBReadResourceServlet?rid=1117550778186_1712582955_1249&partName=htmltext acessado em 01/11/2007 às 14h.



[1] Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior. Professora no Colégio Estadual Wolff Klabin – Ensino Fundamental, Médio e Normal, no Curso de Formação de Docentes na Modalidade Normal, em Telêmaco Borba – Paraná.

[2] BERBEL, 1999, p. 6

[3] MOREIRA, 1987. p. 15.

[4] PARANÁ, 2007

[5] Mapas conceituais, 2007.

[6] MELLO, 2007.

[7] Veja os mapas conceituais no enfoque construtivista. Disponível em http://spider.ufrgs.br:8001/servlet/SBReadResourceServlet?rid=1117550778186_1712582955_1249&partName=htmltext acessado em 01/11/2007 às 14h.

[8] OKADA, 2006.

Fonte: http://estagioseed2007.pbwiki.com/AvaTB

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Como ocorre ensino/aprendizagem no estudante? (meus artigos).



Para respondermos esta pergunta primeiro, temos que conceituar ensino e aprendizagem, para depois fazermos um juízo de valor.


O que é ensino?


É uma forma sistemática de transmissão de conhecimentos utilizada pelos humanos para instruir e educar seus semelhantes, geralmente em locais conhecidos como escolas.
Ele pode ser dividido em ensino infantil, fundamental, médio, ensino superior, ensino de pós-graduação. Etc. Há outros, mas paramos por aqui.
Observamos que neste processo de ensino, surgem outras palavras, educação, escola, e conhecimento. Desta forma os seres humanos passam certos conhecimentos através de um sistema, assistemáticos e sistemáticos. Ai surgem professores, mestres, família, sociedade, etc.


O que é aprendizagem?


Pode ser definido de forma sintética como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos politico-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber. Quando há uma mudança de postura e de comportamento dizemos que ocorreu a aprendizagem. Isto é falando de uma maneira bem simplista.
Agora que resumimos os conceitos de ensino e aprendizagem, é preciso não separá-los, pois ensino e aprendizagem, são indissociáveis. Um complementa o outro.
Veja no caso de um computador que não tem um BR Office instalado, se vc tenta ler um arquivo de seu pendrive com este programa, não conseguirá. De modo semelhante se o professor não consegue ensinar e o aluno não consegue estudar direito, este processo fica comprometido.
O professor e aluno estão numa relação dialógica onde ambos sofrem mudanças.
Este processo acontece de maneira diferente, pois cada um tem um estilo de estudar.
No Brasil não aprendemos a estudar, só estudamos no dia da prova.
Veja a matemática que é um edifício, você não poderá construir o segundo andar sem antes passar pelo primeiro andar. Mas o que acontece, não construímos nossos andares e temos dificuldades, pois cada etapa da matemática precisa de conhecimentos anteriores. Se não sabemos multiplicar teremos dificuldade para dividir. Desta forma estudamos para a prova, e logo depois esquecemos. O conhecimento não fica em nossa memória de longa prazo. Assim sendo temos que ter estímulos e fazer links. Por ex. meu filho de 8 anos estava com dificuldade em lembrar-se de como se escreve exato. Se é com "x" ou "z". Como ele assistiu o filme do Spide Racer, fiz ele se lembrar do corredor X. Desta forma ele não mais errou esta palavra. Pois a aprendizagem tem que ser significativa. Senão na próxima curva já nos esquecemos. Temos que usar, a música, o jogo, a brincadeira, saber fazer anotações etc. Para provocarmos o ensino/aprendizagem.

O autor: João C. Maria aluno de pedagogia Unopar Virtual Campinas 2.

Fonte(s):

http://educacaodialogica.blogspot.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizage...


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