domingo, 23 de novembro de 2008

ENSINAR A LER: COMO FAZER?



ENSINAR A LER: COMO FAZER?

Karen Santorum1

RESUMO

Este artigo visa refletir sobre alguns dos aspectos envolvidos no universo da leitura, tais como a definição do próprio termo e no que consiste o processo de leitura. Re-visita alguns modelos teóricos que vêem uma relação interativa entre leitor e texto, tais como o modelo Construção Integração, de Kintsch (1988) que combina: a) um processo de construção no qual uma base textual é construída a partir da informação lingüística recebida (input) bem como da base de conhecimento do leitor (conhecimento de mundo), com b) uma fase de integração na qual essa base textual é integrada em um todo coerente. Apresenta também alguns dos aspectos cognitivos que subjazem ao esforço do leitor durante o processo, reflete sobre as implicações no ensino de leitura na escola e, por fim, apresenta propostas de aplicação pedagógica que auxiliem o aluno a obter a compreensão leitora.
Palavras-chave: compreensão leitora, aspectos cognitivos, aplicação pedagógica.

ABSTRACT

The present article aims to think about all the aspects involved in the reading universe, like the definition of the term itself, and in what consists the reading process. It revisits some theoretical models which see an interactive relationship between the reader and the text, it also presents some cognitive aspects that underlie the reader’s effort during the reading process. The article presents the implications of teaching reading in the schools besides presenting some proposals of pedagogic application that could help the student comprehend the text.
Key –words: reading comprehension, cognitive aspects, pedagogical aplication.

INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende, ao relacionar cognição e texto, refletir sobre as implicações desta relação na compreensão em leitura. Refletir sobre a definição do conceito de leitura; pensar como se dá o “ensino” da leitura em sala de aula, e se este é um processo que realmente é ensinado; refletir também sobre como se dá a aprendizagem; o que ocorre durante o processo de leitura; e apresentar propostas de aplicação pedagógica que contribuam para a compreensão leitora.
Estes questionamentos são respondidos à luz de modelos teóricos cognitivos originados tanto de teorias ingênuas como de teorias científicas sobre compreensão de textos aos quais são somados os variados aportes dos estudos de lingüística textual e discursiva.

1 – Leitura: definindo o conceito

Neste capítulo, a fim de iniciar a discussão, busca-se uma definição - ainda que generalizadora, uma vez que apresentará nuances diferentes conforme o paradigma trabalhado - do termo leitura. A definição de leitura na literatura recebe diferentes associações. As mais antigas referem-se à leitura como o processo de recepção e decodificação do input2 de linguagem, no caso o texto, colocando o leitor em um lugar de passividade durante o processo de leitura. E os investigadores que trabalhavam no campo dos problemas de aprendizagem, segundo Ferreiro e Palaccio (1990), dedicavam-se principalmente a determinar os fatores responsáveis pelas dificuldades na decodificação.
Por outro lado, outras definições surgem com novas percepções: Leffa (1996) diz que não se lê apenas a palavra escrita, mas o próprio mundo que nos cerca, uma vez que a leitura se dá também através de sinais não lingüísticos: podemos ler tristeza nos olhos de alguém, a sorte na mão de uma pessoa, ou o passado de um povo nas ruínas de uma cidade. Martins (apud Frömming, 2001), diz que ler não é uma questão de decodificar a estrutura aparente da fala; não basta decifrar palavras para que a leitura aconteça. Segundo Adam e Starr (apud Colomer & Camps, 2002), leitura é a capacidade de entender um texto escrito.
Percebe-se, a partir das três últimas definições, uma re-configuração do quadro e conclui-se que leitura não é apenas a decodificação do material escrito, o que é incontestavelmente um pré-requisito necessário para etapas posteriores do processo, mas além disto é a compreensão do texto. Segundo Kleiman (2002, p.10), a noção de compreensão de textos é um ato que “não é apenas [...] cognitivo com seus processos múltiplos, mas também um ato social entre leitor-autor que interagem entre si”.
Interação esta também presente na percepção de Levy (apud KATO, 1995) de que a leitura não se centra no texto já estruturado mas na simulação de sua construção.

1.1 O conceito Leitura: Sob a luz dos modelos cognitivos

Esta percepção da natureza interativa do processo de leitura e da complexidade do mesmo, impulsionou o surgimento de modelos cognitivos interativos, que começavam a centrar-se no papel das estratégias utilizadas no processamento do texto (Maria e McGinitie, 1980 apud Ferreiro e Palaccio 1990).
Os modelos interativos vêem o leitor participando em processamentos paralelos em muitos níveis e simultâneos. Nestes modelos o processamento avança em duas direções: de baixo para cima, o chamado processamento ascendente 3, e de cima para baixo, o chamado processamento descendente 4.
No primeiro tipo, o leitor começa por fixar-se, segundo Colomer & Camps (2002), nos níveis inferiores do texto, tais como os sinais gráficos e as palavras (microestruturas) para formar sucessivamente as diferentes unidades lingüísticas até chegar aos níveis superiores da frase e do texto, ou seja na macroestrutura. No segundo, o movimento é inverso, atuando a partir da mente do leitor para texto. Este processamento baseia-se em fatores tais como o objetivo do leitor ao ler, seu conhecimento prévio, as hipóteses e inferências contínuas por ele levantadas ao longo da leitura e a avaliação da pertinência destas inferências.
Para citar alguns exemplos de modelos teóricos interativos temos o modelo Construção Integração, de Kintsch (1988) que combina: a) um processo de construção no qual uma base textual é construída a partir da informação lingüística recebida (input) bem como da base de conhecimento do leitor (conhecimento de mundo), com b) uma fase de integração na qual esta base textual é integrada em um todo coerente.

3
Processamento também referido pelo termo técnico: bottom-up
4 Processamento também referido pelo termo técnico: top-down


O modelo ecológico, apresentado em Rosenblatt (1994), em que o texto se torna o elemento ao qual o indivíduo reage e vice-versa. Cada um dos elementos forma um ambiente para o outro durante o processo.
Uma terminologia apropriada para nomear esta relação de ação recíproca e mútua entre o leitor e texto é a desenvolvida por John Dewey: “transAÇÃO”5. Ela designa um processo em desenvolvimento em que os elementos envolvidos são aspectos de uma situação totalizante, cada um condicionado por e condicionando o outro (John Dewey apud ROSENBLATT, 1994).
Ainda dentro de uma linha teórica crítica que ilumina a interação leitor-texto no processo de leitura, surge o paradigma conexionista que, segundo Chiele (2004), tem como princípio fundamental o de que o conhecimento humano está armazenado em engramas, ou redes de conexão interneuroniais e vai se reorganizando cada vez que se incorporam novas informações nesta rede. Para serem realmente compreendidas, as informações do texto devem integrar-se nestes esquemas, estabelecendo as conexões pertinentes com o que o leitor já possuía.
O que todos estes modelos têm em comum é a relação dialética entre texto e leitor e o fato de que eles vêem o texto como um pretexto no processo de leitura. Como afirmam Adam e Starr (apud Colomer & Camps, 2002) “O texto proporciona apenas uma das fontes críticas de informação. É preciso que o resto provenha dos conhecimentos prévios do leitor”.
Assim, percebe-se que para poder participar deste processo interativo de leitura, e assim, conseguir fazer a sua parte, o leitor precisa lançar mão de uma série de aspectos cognitivos que subjazem ao seu esforço para construir o sentido do texto, dentre os quais vários já foram aqui citados brevemente e ainda serão explorados em outra seção.

1.2 “Ler” ou “Saber-Como” Ler

Esta consciência da complexa atividade do leitor no processo, reveste-se de especial importância uma vez que ela faz com que se volte o olhar para o “como” o leitor lê, e não apenas para o “que” o leitor lê, ou ainda, se lê ou não.

5 Tradução e grifo meus para o termo: “transaction”
Uma análise que se proponha a contribuir na construção de estratégias eficazes de compreensão textual deve estar atenta às dificuldades e aos mecanismos utilizados pelo leitor no cumprimento de seu papel. O educador deveria questionar-se se deseja que o aluno saiba ler ou que saiba como ler.
6
Para isto é crucial que o educador esteja consciente e entenda a fundo o maior número possível dos múltiplos aspectos cognitivos ativados pelo leitor durante sua interação com o texto.

1.3 O Processo de Leitura

A reflexão acerca dos processos cognitivos leva a formação do leitor verdadeiro 7, daquele que, segundo Kleiman (2002), percebe as relações e que forma relações com um contexto maior, que descobre e infere informações e significados mediante estratégias cada vez mais flexíveis.
Sem a pretensão de esgotar, uma vez que são múltiplos os processos, se parte agora para uma visão mais aprofundada a respeito de alguns dos mecanismos já contemplados pela literatura, mais utilizados pelo leitor para tornar o texto significativo e coerente. Tomo como base os aspectos cognitivos apresentados por Kleiman (2002): conhecimento prévio; postulação de objetivos de expectativas de leitura; estratégias de processamento do texto; aspecto interacional da leitura.

1.3.1 O conhecimento prévio

Como já citado anteriormente o conhecimento prévio do leitor é vital no momento em que ele está em contato com o texto, pois é só por meio deste que ele consegue fazer associações e relações que permitam tornar o texto um todo coerente. O conhecimento prévio, que se constitui na bagagem que o leitor traz consigo, divide-se em três níveis: o lingüístico, o textual e o de mundo.
O conhecimento lingüístico abrange desde o conhecimento de como pronunciar as palavras, passando pelo conhecimento do vocabulário e regras da língua, até o conhecimento do uso da língua.
6 Aqui faço referência ao uso em Inglês do termo know-how, uma vez que na concepção semântica desta língua não se sabe “fazer” algo mas sim “como” fazer.
7 Utilizo aqui o termo “verdadeiro” não como um juízo de valor mas para chamar a atenção para o sentido do termo: leitor é aquele que lê, ou seja, compreende o texto e não apenas decodifica.

Este conhecimento é essencial à leitura. Sem ele a compreensão não é possível.
O conhecimento textual é o conhecimento dos diversos tipos de texto e de formas de discurso. É muito importante que o aluno seja exposto ao maior número possível de textos para que se familiarize com a estrutura de cada um deles e perceba como proceder com cada um. Este conhecimento determinará as expectativas do leitor em relação ao texto, o que exerce um importante papel na compreensão.
Ainda falando em conhecimento textual, segundo Colomer e Camps (2002), a escola tratava a leitura como se fosse uma capacidade para ser utilizada sempre da mesma forma e não incluía na aprendizagem da leitura a consideração de que as habilidades necessárias para proceder eficazmente em questões como buscar uma informação em uma enciclopédia, ler uma solicitação ou mergulhar em um romance devem ser exercitadas a partir de indícios textuais muito diferentes.
Os alunos lêem textos relacionados com as diferentes matérias do currículo para aprender seus conteúdos, sem que, de maneira geral, lhes tenham apresentado textos informativos. Este movimento marca a reprodução de atividades orientadas a “ler para aprender” em detrimento do “aprender a ler”. De modo geral na prática escolar, a partir do momento em que os alunos estão alfabetizados, se entende automaticamente que eles já sabem ler. E então, passam a ler para aprender os conteúdos das diferentes disciplinas.
Atualmente, com o advento da percepção inter e trans-disciplinar do ensino, se poderia explorar em cada disciplina, antes da preocupação com a compreensão da noção veiculada pelo texto, a forma como o texto é apresentado, seu estilo e como nos posicionamos diante dele.
O terceiro, e último, nível do conhecimento prévio, é o conhecimento de mundo. Como afirmam Schank e Abelson (apud Colomer e camps, 2002): “As pessoas necessitam de uma grande quantidade de conhecimentos para poder compreender. [A compreensão é] um processo pelo qual as pessoas relacionam o que vêem ou ouvem [ou lêem] com grupos de ações pré-armazenadas que experimentaram previamente. [...]A nova informação é entendida nos termos da antiga”.
Este conhecimento pode ser adquirido formal ou informalmente. É o esquema que o leitor tem organizado dentro de si e que é responsável por determinar suas expectativas sobre a ordem natural das coisas, permitindo também grande economia na comunicação, uma vez que fica implícito aquilo que é típico da situação se a necessidade do autor descrever.

1.3.2 Objetivos e expectativas de leitura

O estabelecimento de objetivos e propósitos claros para leitura auxiliam, conforme Kleiman (2002), na busca pela coerência do texto. Os objetivos podem ser determinados pelos tipos ou formas de textos. O estabelecimento de objetivos também é importante para a formulação de hipótese. Estas fazem com que certos aspectos do processo essenciais à compreensão se tornem possíveis. Por meio da formulação de hipóteses a tarefa de análise se torna viável, pois o leitor passa a verificar suas hipóteses, retendo o caráter global que permitirá a síntese (ou, segundo Kintsch, a macroestrutura) posteriormente. Na verificação de hipóteses o leitor confirma algumas e refuta outras, fazendo assim uma revisão envolvendo uma atividade consciente (metacognitiva). Embora a atividade de natureza metacognitiva seja individual é possível propor práticas, a partir da experiência com diversos tipos de texto, que desenvolvam e aprimorem estas estratégias familiarizando o aluno com as mesma.

1.3.3 Estratégias de Processamento de Texto

Durante a leitura do texto o leitor lança mão de elementos extralingüísticos, como os já falados conhecimento prévio e estabelecimento de objetivos (processamento ascendente), e elementos lingüísticos, que é o componente contextual (processamento descendente) que define as relações e propriedades internas ao texto. O processamento é essencialmente de caráter cognitivo, mas quanto mais complexo for o texto, mais se faz o controle ativo desse processo por meio de estratégias metacognitivas e monitoração e desautomatização do processo de compreensão. Segundo Kleiman (2002), dois aspectos importantes para a materialização formal de categorias de significação e interação pragmática são a coesão e a estrutura do texto.
O conjunto de elementos que formam as ligações entre os elementos do texto é chamado de coesão. Quando o texto é rico em laços coesivos o leitor é guiado por um princípio de parcimônia em que ele reduz ao mínimo o número de objetos, personagens e eventos do esquema que ele vai construindo à medida que lê. Ao utilizar elementos formais do texto para fazer as ligações necessárias para a construção do conteúdo, o leitor lança mão de um processo inconsciente, considerado assim, uma estratégia cognitiva de leitura.
O conjunto das estratégias cognitivas serve para construir a coerência local do texto, a microestrutura, entre os elementos contíguos, seqüenciais no texto e para construir a coerência temática, macroestrutura.
Um tipo de estratégia procedimental que deve ser, segundo Kato (1995), usada intensamente é a operação de inferência. A inferência construtiva é aquela que cria significados a partir de pistas contextuais. A utilização razoavelmente consciente dessa estratégia leva o leitor a prever que poderá fazer inferências mal sucedidas, o que o faz desenvolver, paralelamente, procedimentos para a auto-correção, monitorando sua compreensão.

1.3.4 Interação na Leitura de Textos

Uma vez assumida a postura interacional entre leitor e texto, é importante que o leitor perceba que o autor se faz presente no texto através das marcas formais que atuam como pistas para a (re)construção do caminho que ele percorre durante o processo. Segundo Kleiman (2002) a capacidade de análise das pistas formais para uma síntese posterior que defina uma postura ou posicionamento do autor, pensando-se aqui principalmente em textos científicos e textos de seleção, é considerada essencial à compreensão do texto. A autora diz ainda que reconstrução de uma intenção argumentativa é considerada como um pré-requisito para o posicionamento crítico do leitor frente ao texto.

2 – As Implicações da concepção da Leitura no ensino

A etapa que se segue, após a conscientização e o conhecimento por parte do educador de todo o complexo processo de leitura, é a tentativa de desenvolver atividades que visem facilitar o desdobramento deste processo ao aluno.
Embora seja este um tema amplamente debatido, é possível observar que dentre os vários estudos feitos com o objetivo de auxiliar o aluno a compreender a leitura, não há um consenso acerca disto. Gajria & Salvia (apud, JITENDRA, 2000) identificam um corpus crescente da literatura na área, mostrando que a instrução explícita de estratégias mediada pelo professor pode efetivamente promover a compreensão da idéia principal, porém os mesmos autores indicam que apenas esta instrução centrada no professor não é suficiente para facilitar o uso autônomo, por parte do leitor, de uma estratégia eficaz que promova a reconstrução da idéia central.
Segundo Jitendra (2000), estudos que empregam estratégias de compreensão são gerais demais para se aplicarem especificamente a tipos variados de textos. Algumas estratégias que se adaptam perfeitamente a um tipo de texto e/ou leitor, não funcionam em outro.
Atividades nas quais o professor mantém o monopólio da interpretação, mesmo que com a intenção positiva de demonstrar aos alunos como devem fazer, também não se mostram eficazes. Aprender é uma atividade construtiva que o aprendiz deve levar a cabo. Segundo Colomer e Camps (2002) a análise de atividades de interpretação e comentário de textos literários ou informativos evidenciou que, em geral, o professor se transforma em intermediário entre o texto escrito e o aluno até o ponto de acabar monopolizando a interpretação e impondo-a aos alunos, que passam então a se preocupar em responder aquilo que o professor – muitas vezes dominado pelo Livro do Professor – espera.
Mesmo as atividades denominadas “ de compreensão de texto” não conseguem, na maioria dos casos, dar conta de seu propósito. Segundo Colomer e Camps (2002) A forma adotada com mais freqüência para esta atividade nas aulas é a de leitura de um texto seguida da resposta a um questionário que interroga sobre o significado.
Frequentemente as perguntas do questionário limitam-se a cobrar a lembrança imediata de pequenos detalhes secundários e referem-se a informações obtidas segundo o desenvolvimento linear do escrito. Assim, o tipo de resposta resultante é o de uma simples verificação, concisa e facilmente localizável no texto, mesmo que o leitor não o tenha compreendido, uma vez que não existe nenhum tipo de elaboração pessoal e nem implica em sua compreensão global.

3 – Propostas de Aplicação Pedagógica

Apontar a não eficácia de muitas práticas pedagógicas desenvolvidas no intuito de auxiliar o aluno a compreender a leitura se torna tarefa fácil. O difícil é apresentar soluções prontas para um quadro que não é estático nem uniforme. As dificuldades encontradas pelos leitores ao longo do processo diferem e os fatores que desencadeiam estas dificuldades são os mais variados, como o afetivo por exemplo.
Mas, graças a todos os movimentos já realizados na direção deste processo, e a partir dos progressos teóricos na elucidação das principais causas dos déficits na compreensão leitora, pode-se vislumbrar um futuro com muito mais leitores efetivos.
Algumas propostas de atividades apresentadas por Colomer e Camps (2002) são: incrementar a iniciativa de alunos e alunas; utilizar formas gráficas de representação, oferecer modelos de compreensão e controle, aumentar a sensibilidade às incoerências do texto, utilizar técnicas de discussão coletiva, ajudar a interiorizar orientações a serem seguidas e relacionar a compreensão com a produção de textos.
Além destas e de todas as outras tentativas em prol da facilitação da compreensão leitora ao aluno creio, com base na prática de trabalho com alunos que buscavam a proficiência em leitura de língua Inglesa, que uma atividade que pode ser útil à proposta consiste na tomada de consciência de cada passo.
Por tomada de consciência quero dizer conversar sobre o que está sendo feito a cada momento, o que acontece quando se faz necessário parar e voltar no texto, o que acontece quando um parágrafo pareceu sem sentido, como se percebeu uma contradição no texto, ou o porque de não a ter percebido.
Pode se experimentar, a partir de uma proposta lúdica, dar sentido a um texto aparentemente sem sentido e o movimento inverso: fazer um texto com sentido ficar sem sentido e discutir tudo o que foi feito neste processo.
E assim, a partir desta coletivização e verbalização da leitura ir fazendo-os reconhecer alguns procedimentos que vinham fazendo e a criar outros, e mais ainda aprender que podem criar tais ferramentas ou estratégias. É claro que dependendo da idade e do nível escolar dos alunos a busca pela conscientização deverá ser gradual.

CONCLUSÃO

Diante do quadro das inúmeras dificuldades encontradas pelos leitores na obtenção da compreensão leitora, todo o esforço para o entendimento do processo de leitura e o intercâmbio de propostas eficazes que levam à compreensão serão sempre válidos e necessários.
Quanto mais propostas de prática de leitura forem trabalhadas, mais se conseguirá descobrir sobre a natureza das estratégias que governam a execução eficiente ou ineficiente do leitor e, ao mesmo tempo, desenvolver formas de auxílio na substituição das improdutivas pelas produtivas. Assim, é certo que muito ainda há para se explorar e investigar neste universo.

1 Mestranda em Letras da UNISC. Bolsista CAPES. Artigo produzido para a disciplina “Aspectos
Cognitivos da Leitura”, ministrada pela professora Rosângela Gabriel. Agosto de 2005. e-mail para contato karen@compusat.com.br .
2 Termo em Inglês para designar “entrada”, “recebimento”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLOMER, Teresa e CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Porto
Alegre: Artmed, 2002
CHIELE, L. K. A compreensão em leitura sob a perspectiva do conexionismo. . In:
ROSSA, A.; ROSSA, C. (Orgs.). Rumo à psicolingüística conexionista. Porto Alegre:
Edipucrs, 2004.
FERREIRO, Emília e PALLACIO, Margarita Gomes (coordenadoras). Os processos de
leitura e escrita. 3ª Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
FRÖMMING, Marione. Avaliação da Compreensão em Leitura: uma análise.
2001.101f. Monografia (Pós-graduação em Estudos da Linguagem – Especialização)
Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2001.
JITENDRA, Asha K.; HOPPES, Mary Kay; XIN, Yan Ping. Enhancing Main Idea
Comprehension for Students with Learning Problems: The Role of a Summarization
Strategy and Self-Monitoring Instruction. Journal of Special Education, Issue 3, 2000.
Disponível em: Acesso
em: 21 jan.2005.
KATO, Mary Aizawa. O aprendizado da Leitura. 4ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes,
1995.
KLEIMAN, Ângela. Texto e Leitor: aspectos cognitivos da leitura. 8. ed. Campinas:
Pontes,2002.
LEFFA, Vilson J. Aspectos da Leitura.Uma perspectiva psicolingüística. Porto Alegre:

Sagra DC Luzzatto, 1996.

Fonte: http://www.unisc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/letras/anais_2coloquio/ensinar_a_ler.pdf

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O que é Amor Platônico?


Amor platônico
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Amor platônico, na acepção vulgar, é toda a relação afetuosa em que se abstrai o elemento sexual, idealizada, por elementos de gêneros diferentes - como num caso de amizade pura, entre homem e mulher.
Esta definição, contudo, difere da concepção mesma do amor ideal de Platão, da qual surgiu a atual idéia grosseira, o filósofo grego da Antigüidade, que concebera o Amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo em que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O Amor, no ideal platônico, não se fundamenta num interesse (mesmo o sexual), mas na virtude.

Histórico

Alcibíades – discípulo de Sócrates, a quem este dedicava especial predileção, exemplo clássico do amor platônico
O termo Amor platonicus foi pela primeira vez utilizado no século XV, pelo filósofo neoplatônico florentino Marsilio Ficino, como um sinônimo de amor socrático. Ambas as expressões significam um amor centrado na beleza do caráter e na inteligência de uma pessoa, em vez de em seus atributos físicos. Referem-se ao laço especial de afeto entre dois homens a que Platão tinha se referido num de seus diálogos, exemplificando-o com o afeto que havia entre Sócrates e seus discípulos homens, em particular entre Sócrates e Alcibíades
A expressão ganhou nova acepção com a publicação da obra de Sir William Davenant, "Platonic Lovers" ("Amantes platônicos" - 1636), onde o poeta inglês baseia-se na concepção de amor contida no Simpósio de Platão, do amor como sendo a raiz de todas as virtudes e da verdade.
O amor platônico passou a ser entendido como um amor à distância, que não se aproxima, não toca, não envolve. Reveste-se de fantasias e de idealização. O objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as boas qualidades e sem máculas. Parece que o amor platônico distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo do sonho e da fantasia.
Ocorre de maneira freqüente na adolescência e em adultos jovens, principalmente nos indivíduos mais tímidos, introvertidos, que sentem uma maior dificuldade de aproximar-se do objeto de amor, por insegurança, imaturidade ou inibição do ponto de vista emocional.

Paradoxo
Ironicamente, tanto o epônimo desta forma de amor - Platão - quanto os já referidos Sócrates e Ficino - falavam do amor como uma espécie de amizade pedagógica, mas também tinham especial predilecção sexual por jovens do sexo masculino. Os três possuíam este afeto puro pelos discípulos, mas nutriam interesse erótico por rapazes. O conceito de amor platônico surge, assim, num contexto em que se debatia a pederastia (homossexualidade) mundana contra o amor filosófico puro (castidade), decorrentes da visão contida nos escritos de Platão (Simpósio, Fedro, etc.).
John Addington Symonds, em "A Problem in Greek Ethics" ("Um problema na ética grega"), declara que: "...devotavam uma fervorosa admiração pela beleza dos rapazes. Ao tempo em que se declara defensor de um afeto moderado e generoso, se esforçam por utilizar o entusiasmo erótico como uma força capaz de guiar em direção à filosofia...". Para Linda Rapp, Ficino queria definir o amor platônico como "...uma relação que inclui a um só tempo o físico e o espiritual. Assim, na ótica de Ficino aquele amor é o desejo da beleza, enquanto representação do divino".
Levando-se em conta a definição atual do amor platônico, existe um paradoxo quando se leva em consideração a vida e os ensinamentos desses filósofos. Platão e os demais não ensinaram que a relação de um homem com um rapaz deveria possuir o interesse erótico, mas sim que o desejo pela beleza (em si mesma) do jovem deve ser o fundamento da amizade e amor entre ambos. Mas, reconhecendo que o desejo erótico do homem pelo jovem desvia as energias, é sábio resistir e opor-se o Eros (amor) de sua expressão sexual, canalizando-se as forças para as esferas intelectuais e emocionais.
Para solucionar esta confusão, estudiosos franceses julgaram melhor estabelecer uma distinção entre o "amour platonique" (acepção de amor não-sexual) e "amour platonicien" (o amor segundo Platão). Entretanto, quando a expressão "amor platônico" é utilizada modernamente, não se leva em consideração esta diversidade da visão do amor por Platão.
A interpretação de Amor platônico como manifestação do Eros masculino, mesmo que não consumado, está ligado à construção de uma identidade homossexual, e o modelo cultural da amizade platônica (pederastia) era usada por estudantes homossexuais desde o início da Renascença.

Literatura e poesia


Apesar da acepção homossexual, o Amor platônico foi primeiramente compreendido como algo elevado, ligado à castidade e, no romantismo, sinônimo do amor inatingível, do qual o amante teria apenas a satisfação ideal - o sentimento de amor, por si, já se basta.
Em contraposição, o amor socrático seria aquele referente à pederastia, ou à atração erótica do mestre por seu discípulo.
Platão defendia que o Verdadeiro Amor nunca deveria ser concretizado, pois quando se ama tende-se a cultuar a pessoa amada com as virtudes do que é perfeito. Quando esse amor é concretizado, não raro aparecem os nativos defeitos de caráter da pessoa amada.

Filosofia

A Wikipédia possui o(s) portal(is):Portal de filosofia
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Os filósofos neo-platônicos do Renascimento estabeleceram uma concepção deste amor como o ideal de amor humano. Castiglione e Bembo desenvolveram um conceito de amor platônico segundo o qual o homem supera a sensualidade quando sua razão compreende que a beleza é tão mais perfeita quanto mais afastada está da matéria impura e corrupta. Através desse conhecimento, o amor se transforma em um "afeto platônico", que é a união exclusiva da mente e da vontade de ambos os amantes.
Este afeto mútuo conduzirá a ambos à contemplação da beleza universal e, portanto, à contemplação de Deus. A beleza corporal não é bela em si mesma, é a imagem refletida da beleza espiritual, e a alma humana deve aspirar a conhecer e amar essa beleza essencial. Por isso, o amor à beleza física é um passo até o objetivo final de união com a beleza última, e única real, do sagrado.
Desta idéia se depreende que a concepção filosófica do amor ideal oferece uma justificativa para centralizar os valores da vida exclusivamente no amor humano que legado de Deus, sem considerar todos os demais valores. A tragédia está em que a natureza do homem combina a matéria com o espírito, e o corpo físico impulsiona fortemente a que se rompa o círculo cósmico do amor, quando ancorado num amor imperfeito e inferior.

Referências
Este verbete foi fundamentado na tradução dos conteúdos da versão em inglês (por sua vez baseada em "Encyclopædia Britannica Eleventh Edition") e na versão em espanhol da Wikipédia.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_plat%C3%B4nico"


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sábado, 22 de novembro de 2008

O que é Vudu?

Vodou haitiano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Bandeira Vodu

Vodou haitiano, chamado de Sèvis Gine ou "serviço africano" no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Ibo, Congo da África Central, e o Yoruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou "nações" da África têm representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios Taíno, os povos originais das ilhas agora conhecidas como Hispaniola. Formas crioulas de Haiti de Vodou existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como Santería) em Cuba, Candomblé e Umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.

História

Assentamentos de Vodou, Porto Príncipe, Haiti.

A maioria dos africanos que foram trazidos como escravos para o Haiti eram da Costa da Guiné da África ocidental, e seus descendentes são os primeiros praticantes de Vodou (aqueles africanos trazidos ao sul dos Estados Unidos, eram primeiramente do reino de Congo). A sobrevivência do sistema da crenças no novo mundo é notável, embora as tradições mudem com o tempo. Uma das maiores diferenças, entretanto, entre o Vodun africano e o Haitiano é que os africanos transplantados do Haiti foram obrigados a disfarçar o seu lwa, ou espíritos, como santos católicos romanos, um processo chamado sincretismo.

A maioria dos peritos especula que isto foi feito numa tentativa de esconder a sua "religião pagã" de seus senhores, que os tinham proibido de praticar. Dizer que o Vodou haitiano é simplesmente uma mistura das religiões africanas ocidentais com um verniz de Catolicismo romano não estaria inteiramente correto.

Isto estaria ignorando numerosas influências indígenas Taíno, assim como o processo evolutivo a que Vodou se submeteu ao longo da história do Haiti. Também estaria ignorando a grande influência do paganismo europeu no Catolicismo romano e o panteão dos seu próprios santos. Vodou, como conhecemos no Haiti e na diáspora Haitiana hoje, é o resultado das pressões de muitas culturas e etnicidades diferentes dos povos que foram desarraigados da África e importados a Hispaniola durante o comércio africano de escravos. Sob a escravidão, a cultura e a religião africanas foram suprimidas, as linhagens foram fragmentadas, e as pessoas tiveram que ocultar seu conhecimento religioso e a partir desta fragmentação tornou-se unificada culturalmente.

Além do mais, para combinar os espíritos de muitas e diferentes nações africanas e indígenas, as partes da liturgia católica romana foram incorporadas para substituir rezas ou elementos perdidos; além disso, as imagens de santos católicos são usadas para representar os vários espíritos ou "misteh" ("mistérios", o termo preferido em Haiti), e muitos santos mesmos são honrados no Vodou em seu próprio direito. Este sincretismo permite que o Vodou abranja o africano, Indígena, e os antepassados europeus em uma maneira inteira e completa. É verdadeiramente "Religião de Kreyòl".

A cerimônia mais importante historicamente do Vodou na história do Haiti era a cerimônia Bwa Kayiman ou Bois Caïman de agosto 1791, que começou a Revolução Haitiana, em que o espírito de Ezili Dantor possuía um clérigo e recebia um porco preto como oferenda, e todos as pessoas presentes comprometeram-se com a luta pela liberdade. Esta cerimônia resultou finalmente na libertação dos povos do Haiti da dominação colonial francesa em 1804, e o estabelecimento da primeira república de povos negros na história do mundo.

Este Vodou Haitiano cresceu nos Estados Unidos de forma significativa a partir do final dos anos 1960 e começo dos anos 1970 com as levas de imigrantes haitianos fugindo do regime opressivo de Duvalier, estabelecendo-se em Miami, Nova Iorque, Chicago, e outras cidades.

Crenças

No vodu haitiano acredita-se, de acordo com tradição africana difundida, que há um Deus que é o criador de tudo, chamado de "Bondje" (do francês "bon Dieu" ou "bom deus", distinguido do Deus dos brancos em um discurso dramático pelo houngan Boukman em Bwa Kayiman, mas é considerado frequentemente o mesmo Deus da Igreja Católica de maneira informal. Bondje é distante de sua criação, e assim é que são os espíritos ou os "mistérios", "santos", ou "anjos" que o voduísta invoca para a ajudá-lo, assim como os antepassados. O voduísta adora o deus, e serve aos espíritos, que são tratados com honra e respeito como se fossem membros mais velhos de uma casa. Diz-se que são vinte e uma nações ou "nanchons" dos espíritos, também chamadas às vezes "lwa-yo". Algumas das nações mais importantes do lwa são o Rada, o Nago, e o Kongo. Os espíritos vêm também nas "famílias" que compartilham de um sobrenome, como Ogou, ou Ezili, ou Azaka ou Ghede. Por exemplo, "Ezili" é uma família, Ezili Dantor e Ezili Freda são dois espíritos individuais nessa família. A família de Ogou é de soldados, o Ezili governa as esferas femininas da vida, o Azaka governa a agricultura, o Ghede governa a esfera da morte e da fertilidade. No Vodu dominicano, há também uma família de Água Doce ou "das águas doces", que abrange todos os espíritos dos índios. Há literalmente centenas de lwas. Os lwas mais conhecidos são Danbala Wedo, Papa Legba Atibon, e Agwe Tawoyo. No Vodu haitiano os espíritos são divididos de acordo com sua natureza em basicamente duas categorias, se são quentes ou frios. Os espíritos frios entram sob a categoria Rada, e os espíritos quentes entram sob a categoria Petro. Os espíritos de Rada são familiares e vêm na maior parte da África, e os espíritos de Petro são na maior parte nativos do Haiti e requerem mais atenção ao detalhe do que o Rada, mas ambos podem ser perigosos se irritados ou contrariados. Nenhum é "bom" ou "mau" com relação ao outro. Diz-se que todos possuem espíritos, e cada pessoa é considerada como tendo um relacionamento especial com um espírito particular, que é dito "possuir sua cabeça", porém uma pessoa pode ter um lwa, que possui sua cabeça, ou "met tet", que pode ou não ser o espírito mais ativo na vida de alguém de acordo com os haitianos. Ao servir os espíritos, o voduísta busca conseguir a harmonia com sua própria natureza individual e o mundo em torno dele, manifestado como fonte de poder pessoal relacionado à vida. Parte desta harmonia é preservar o relacionamento social dentro do contexto da família e da comunidade. Uma casa ou uma sociedade de Vodu é organizada pela metáfora de uma família extensa, e os noviços são os "filhos" de seus iniciadores, com o sentido da hierarquia e da obrigação mútua que implica.

A maioria de voduístas não-iniciada, é vista como "bosal"; não é uma exigência ser um iniciado a fim de servir aos espíritos. Há um clero no Vodu haitiano, cuja responsabilidade é preservar os rituais e as canções e manter o relacionamento entre os espíritos e a comunidade como um todo (embora isto seja responsabilidade de toda a comunidade também). Encarregados de conduzir o culto a todos os espíritos de sua linhagem, os sacerdotes são conhecidos como "Houngans" e sacerdotisas como "Manbos". Abaixo dos houngans e das manbos estão os hounsis, que são os noviços que atuam como assistentes durante cerimônias e que são dedicados a seus próprios mistérios pessoais. Ninguém serve a qualquer lwa somente ao que se "têm" de acordo com o próprio destino ou natureza. Os espíritos que uma pessoa "tem" pode ser revelado em uma cerimônia, em uma leitura, ou nos sonhos. Entretanto, todo voduista serve também aos espíritos de seus próprios antepassados de sangue, e este aspecto importante da prática do Vodu é frequentemente subestimado pelos comentadores que não compreendem seu significado. O culto do antepassado é de fato a base da religião Vodu, e muitos lwas como Agassou (um antigo rei do Daomé) por exemplo, são de facto, ancestrais que foram elevados à divindade.

Liturgia e prática

Cerimônia Vodou, Jacmel, Haiti

Após um dia ou dois de preparação de altares, preparando ritualmente e cozinhando galinha e os outros alimentos, etc., um ritual de Vodu haitiano começa com uma série de preces e de cantigas católicas em francês, e então uma litania em Kreyol e no "langaj africano" que abrange todos os santos e lwas europeus e africanos honrados pela casa, e depois em uma série dos invocações para todos os espíritos principais da casa. Isto é chamado o "Priyè Gine" ou o prece africana. Após mais canções introdutórias, começando com saudar o espírito dos tambores nomeado Hounto, as cantigas para todos os espíritos individuais são entoadas, começando com a família de Legba com todos os espíritos de Rada, a seguir há uma ruptura e a parte Petro do ritual começa, terminando com as cantigas para a família de Ghede. Ao serem entoadas as cantigas os espíritos virão visitar os presentes através da possessão dos indivíduos, falando e agindo com eles. Cada espírito é saudado e cumprimentado pelos noviços presentes e dará consultas, conselhos e curas àqueles que solicitarem por sua ajuda. Muitas horas mais tarde nas primeiras horas da manhã, a última canção é entoada, despede-se os convidados, e todos os hounsis, houngans e manbos esgotados podem ir dormir.

Individualmente, um voduista ou um "sevité"/"serviteur" pode ter um ou mais altares preparados para seus antepassados e o espírito, ou os espíritos, a que serve com retratos ou estátuas dos espíritos, de perfumes, de alimentos, e de outras coisas preferidas por seus espíritos. O altar mais básico é apenas uma vela branca e um copo de água e talvez flor. No dia de um espírito particular, acende-se uma vela e reza-se o Pai Nosso e Ave Maria, sauda Papa Legba e pede-lhe para abrir a porta, e então sauda-se e fala ao espírito particular como um membro mais velho da família. Os antepassados são chamados diretamente, sem mediação de Papa Legba, já que são "do sangue".

Valores e ética

Os valores culturais que Vodou engloba centram em torno das idéias da honra e do respeito - ao deus, aos espíritos, à família e à sociedade, e a si mesmo. Há uma idéia plural de apropriado e de impróprio, no sentido que o o que é apropriado a alguém com Danbala Wedo como sua cabeça pode ser diferente de alguém com Ogou Feray como sua cabeça, porque, por exemplo, um espírito está muito frio e outro está muito quente. A frieza geral é avaliada, assim como a habilidade e inclinação de proteger-se aos seus se necessário. O amor e a sustentação dentro da família da sociedade de Vodu parecem ser a consideração mais importante. A generosidade em dar à comunidade e aos pobres é também um valor importante. As dádivas vêm através da comunidade e há a idéia que deve-se ser disposto a retribuir por sua vez. Desde que Vodu tem tal orientação da comunidade, não há "solitários" em Vodou, somente as pessoas separadas geograficamente de seus antepassados e casa. Uma pessoa sem um relacionamento de algum tipo com pessoas idosas não estará praticando Vodu como se compreende em Haiti e entre Haitianos.

A religião de Vodu Haitiano é antes uma tradição extática do que baseada na fertilidade e não discrimina homens gays e mulheres lésbicas, ou outras pessoas de maneira alguma. De fato, há hounfos,ou templos no Haiti cujo o clero é inteiramente de gays e lésbicas, etc. No Vodu Haitiano a orientação sexual ou identidade de gênero e da expressão de um praticantes são de nenhum interesse em um ambiente ritual. Vê-se apenas como uma maneira em que o deus fez uma pessoa. Os espíritos ajudam a cada pessoa simplesmente ser a pessoa que são.

Ortodoxia e diversidade

Existe uma diversidade da prática em Vodu através do Haiti e da diáspora Haitiana. Por exemplo, no norte de Haiti o sèvis tèt ("lavagem de cabeça") ou o kanzwe pode ser a única iniciação, como na República Dominicana e em Cuba, enquanto que em Porto Príncipe e no sul praticam os ritos kanzo com três classes da iniciação – kanzo senltimo é a modalidade mais familiar da prática fora de Haiti. Algumas linhagens combinam ambos, como relata a Manbo Katherine Dunham de sua experiência pessoal em seu livro Island Possessed.

Ainda que a tendência geral de Vodu seja muito com suas raizes africanas, não há nenhuma forma definitiva, só o que é certo em uma casa ou em uma linhagem particular. Os pequenos detalhes do serviço e dos espíritos servidos variarão da casa a casa, e a informação nos livros ou na Internet pode conseqüentemente parecer contraditória.

Não há nenhuma autoridade central ou "papa" no Vodu Haitiano já que "cada manbo e houngan são a cabeça de sua própria casa", como diz um provérbio popular em Haiti. Uma outra consideração nos termos da diversidade de Haiti é muitos seitas além do Sevi Gine em Haiti tal como o Makaya, Rara, e outras sociedades secretas, cada uma com seu próprio panteão distinto de espíritos.

Sobrevivências no sul dos E. U. A.

Um provérbio comum é que o Haiti é 80% católico romano e cfaff No sul dos Estados Unidos influenciou também o sistema de mágica popular e religião popular conhecido como hoodoo, que deriva primeiramente de práticascuHongo]] e de Angola da África central. As melhores sobrevivências da religião possivelmente influenciada pelo Haiti no sul dos E. U., entretanto, sdas dentro das igrejas espirituais Africano-Americanas de Nova Orleans, uma seita cristã fundada por Mãe Leafy Anderson em meados do século XX que incorpora a iconografica católica, adoração extática derivada de formas pentecostais e espiritualismo. Uma característica das igrejas espirituais de Nova Orleans é honrar o espírito americano nativo chamado falcão preto.

Mitos e Falsas concepções

O Vodu veio ser associado na mente popular com os fenômenos como "zombies" e "bonecas do vodu". Enquanto há uma evidência etnobotânica que se relaciona à criação do "zombi", é um fenômeno menor dentro da cultura rural do Haiti e não uma parte da religião de Vodu em si. Tais coisas caem sob os auspícios do "bokor" ou do feiticeiro antes que do sacerdote do Lwa Gine. A prática de furar com agulhas "em bonecas vodu" foi usada como um método de amaldiçoar um indivíduo por alguns seguidores do que veio a ser chamado "Nova Orleans Voodoo", que é um variante local do voodoo.

Esta prática não é original ao "vodu" de Nova Orleans entretanto e tem tanta base em dispositivos mágicos Europeu-baseados tais como a "poppet" quanto o nkisi ou o bocio de África ocidental e central.

As bonecas de "vodu" não são uma característica da religião haitiana, embora as bonecas feitas para turistas possam ser encontradas no Iron Market em Port-au-Prince, capital do Haiti. A prática tornou-se associada ao Vodu na mente popular através dos filmes de horror.

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Ver também

Ligações externas

em português

em inglês


De: kiko191277 El vudu en Haiti.


De: identidadyvalores
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