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A busca de estratégias que incluam a variável cultural organizacional como um dos vértices da pedagogia é o que se pretende sugerir neste artigo. É indispensável, por questões de compatibilidade, que a escola seja repensada a partir de reflexões e tomadas de decisões advindas do reflexo econômico que impulsiona a humanidade.
O mundo atual requer profissionais extremamente qualificados e capacitados a acompanhar as rápidas mudanças que ocorrem. A economia complexa, globalizada, o dinamismo da informação e o surgimento de novas tecnologias exigem constante estudo e atualização do profissional. A guerra pelo sucesso profissional nunca esteve tão acirrada.
Da mesma forma, a empresa e a escola também estão tendo que se adequar a essa situação em que novos conceitos surgem a cada instante. O pedagogo na empresa com a visão da nova escola é o que se deseja propor.
Pedagogo: quem é você?
Do grego — paidagogos, pelo latim — paedagogu, substantivo masculino, que segundo Dicionário Aurélio Buarque de Holanda significa:
“1. Aquele que aplica a pedagogia, que ensina; professor; mestre; preceptor”.
2. Prático da Educação e do Ensino
A segunda definição remete a uma reflexão muito pertinente com o dinamismo empresarial e vai ao encontro da ciranda econômica impulsionadora da sociedade e exige praticidade coerente e organizada, mas sem lentidão. Assim o prático é visto como decidido, estratégico, visionário, na vanguarda dos acontecimentos históricos e sociais.
A primazia do ser humano sobre a tecnologia e sua expansão é um princípio a ser defendido. A constatação da existência de correntes sociais que aparentemente pretendem desvalorizar o homem perante a máquina tecnologicamente evoluída é uma preocupação que precisa ser analisada com discernimento, a partir de uma leitura do todo, suas conseqüências e seu ceticismo.
O pedagogo, numa formação holística e ao mesmo tempo objetiva, favorece o paradoxo do sentimento encontrado na tecnologia. As informações sendo expandidas com tamanha velocidade precisam de profissionais que sejam os articuladores no processo de construção de informações relativas ao conhecimento social, sob uma reflexão que também se transmite e se quer construir diante do isolamento e frieza que possa existir entre seres humanos e as máquinas. Portanto, é necessário construir valores, atitudes, sentimentos, bem-estar numa socialização entre as pessoas num mundo digitalizado e global.
A “Pedagogia Organizacional”[1] consegue antever o digimano[2] e o gloc@l,[3] aproveitando, estratégica e harmonicamente, instrumentos que vislumbrem a tecnologia em toda sua supremacia ao mesmo tempo que se faz e se apropria das influências da globalização, sem abrir mão da experiência local. Quanto mais integrada for à economia mundial, mais importante se tornam os pequenos protagonistas. Em outras palavras, quanto maiores forem as corporações globais, mais importantes serão as pequenas empresas locais.
As organizações, atualmente, lutam para unificar coisas que aprendemos que são contraditórias, assim como são os sentimentos, as pessoas que formam e fazem acontecer essas mesmas organizações.
A PO considera o local e o global ao mesmo tempo, o digital e o humano, as pequenas e as grandes organizações, centralizadas e descentralizadas, estáveis e dinâmicas. Prepara caminhos para que a empresa possa ser maior sem crescer, oferecendo ao mesmo tempo produção em massa padronizada, produção em massa personalizada e bens de serviços desenhados sob encomenda que são bases formatadas da civilização, mas dentro da lógica que se constrói pelo pedagogo e da organização imaginária que proporciona um realismo com a pedagogia.
Comenius, em sua Didática Magna, baseado na profundidade individual no processo de aprendizagem do aluno, remete ao investimento que se faz pelas grandes e poderosas organizações que investem maciçamente no capital humano e em sua formação.
Na PO, referenciando Comenius, pode-se indicar a vivência como questão magna, porque num mundo onde a mudança é tão ágil e novos conceitos precisam ser adquiridos com a mesma perícia, há necessidade de se viver à nova concepção e não treinar ou capacitar.
No mundo das organizações um destino é certo: a mudança. Os padrões, os sistemas estandardizados da produção de massa estão entrando em estado terminal. A informação é a palavra-chave, capaz de abrir as portas para o sucesso dentro desse novo cenário que se descortina. O gerenciamento do conhecimento e o desenvolvimento da criatividade e flexibilidade para mudanças rápidas devem ser decisivos para a sobrevivência e sucesso desse paradigma emergente.
Desse modo, a vivência, na visão proposta pela PO, vai muito além da empresa, pois respeita a experiência de vida aliada ao novo e a construção de um conhecimento inter-relacionado com novos propósitos, sob base firme, com o objetivo de tornar visível o invisível e de adquirir novos padrões de referência. A organização, sob essa dimensão, é vista por meio de novas lentes e disso emerge uma nova lógica de negócios para o empresariado e renovação de organizações já existentes.
O pedagogo na organização é mais do que uma referência na área de RH. Sua participação, devido à sua formação, baseada na Filosofia, Sociologia, História da Educação, Metodologia, Antropologia e Psicologia, permite um livre acesso às diferentes áreas de decisões, sendo referência para todos os setores com habilidade de articulação de idéias e com vistas à consecução de objetivos específicos.
O pedagogo pode ser um articulador do conhecimento atuando nas organizações empresariais ou educacionais, como um estrategista influenciador e formador de opiniões. Sua formação deve estar ancorada em uma infra-estrutura solidificada, na pesquisa e na educação continuada, a fim de se preparar um profissional visionário, inovador e com ampla visão estratégica de desenvolvimento econômico, político, educativo e social.
Aprender a Aprender cada vez mais para ser melhor deve ser a meta essencial na formação do Pedagogo Organizacional.
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Notas:
[1] Quando mencionamos Pedagogia Organizacional, faremos uso da sigla PO.
[2] Digimano: Digital + humano.
[3] Gloc@l: Global + local.
Referências Bibliográficas
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CARTER, L.. O princípio da significância. São Paulo: Editora United Press, 2000.
DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Druker: a sociedade. São Paulo: Nobel, 2001.
__________A organização do futuro: como preparar hoje as empresas de amanhã. São Paulo: Futura, 1997.
EDVINSSON, L. Capital intelectual: descobrindo o valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. São Paulo: Makron Boos, 1998.
KUCZMARSKI, S. Liderança baseada em valores. São Paulo: Educator, 1999.
MINTZBERG, H. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
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MORIN, Edgar. A cabeça bem - feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
____________ . A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
PENTEADO, H. D. Pedagogia da comunicação: teorias e práticas. São Paulo: Editora Cortez, 1998.
PERRENOUD, P. Agir na urgência, decidir na incerteza. São Paulo:falta editora e data
PREDEBON, J. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente: um caminho para o exercício prático dessa potencialidade, esquecida ou reprimida quando deixamos de ser crianças. São Paulo: Atlas, 1998.
SILVA. L. H da. Identidade social e a construção do conhecimento. Porto Alegre: Ed. Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, 1997.
TOFLER, A. O choque do futuro. Rio de Janeiro: Record, 1998.
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