terça-feira, 10 de março de 2009

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O ENSINO MEDIADO POR COMPUTADORES


ALGUMAS REFLEXÕES

SOBRE O ENSINO MEDIADO POR COMPUTADORES

Cíntia Maria Basso

1. INTRODUÇÃO

As rápidas mudanças ocorridas na sociedade e o grande volume de informações estão refletindo-se no ensino, exigindo, desta forma, que a escola não seja uma mera transmissora de conhecimentos, mas que seja um ambiente estimulante, que valorize a invenção e a descoberta, que possibilite à criança percorrer o conhecimento de maneira mais motivada, crítica e criativa, que proporcione um movimento de parceria, de trocas de experiências, de afetividade no ato de aprender e desenvolver o pensamento crítico reflexivo.

A integração dos computadores nas escolas, vista como uma dinâmica de interação, como um ambiente rico para a mediação entre sujeitos, oferece condições para envolver as crianças e estimular a investigação, além de possibilitar paradas e retornos para interpretação, análise, atendendo o ritmo de cada criança.

Enfatiza-se, através da informática educativa, a descoberta e a invenção, possibilitando a formação de alunos capazes de construir seu próprio conhecimento, tornando-se pesquisadores autônomos à medida que descobrem novas áreas de seu interesse. O professor precisa transformar-se em um guia, capaz de estimular seus alunos a navegarem pelo conhecimento, fazerem suas próprias descobertas e desenvolverem sua capacidade de observar, pensar, comunicar e criar.

Neste artigo, sistematizarei alguns pressupostos básicos das teorias do desenvolvimento de Piaget, Wallon e Vygotsky. Após, farei algumas reflexões sobre a integração de computadores nas escolas e as contribuições da teoria do desenvolvimento de Vygotsky, a qual explica a interatividade e a construção coletiva do conhecimento em um meio sócio-histórico cultural, propiciada pela mediação aluno/aluno; aluno/professor; aluno/computador; enfim, aluno/conhecimento.

2. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE JEAN PIAGET

Formado em Biologia, Piaget especializou-se nos estudos do conhecimento humano, concluindo que, assim como os organismos vivos podem adaptar-se geneticamente a um novo meio, existe também uma relação evolutiva entre o sujeito e o seu meio, ou seja, a criança reconstrói suas ações e idéias quando se relaciona com novas experiências ambientais. Para ele, a criança constrói sua realidade como um ser humano singular, situação em que o cognitivo está em supremacia em relação ao social e o afetivo.

Na perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. As formas de conhecer são construídas nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização em momentos sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação ocorre através da organização, sendo que o organismo discrimina entre estímulos e sensações, selecionando aqueles que irá organizar em alguma forma de estrutura. A adaptação possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que garantem o processo de desenvolvimento: a assimilação e a acomodação. Segundo Piaget, o conhecimento é a equilibração/reequilibração entre assimilação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo.

A assimilação é a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no sujeito, é o processo pelo qual as idéias, pessoas, costumes são incorporadas à atividade do sujeito. A criança aprende a língua e assimila tudo o que ouve, transformando isso em conhecimento seu. A acomodação é a modificação dos esquemas para assimilar os elementos novos, ou seja, a criança que ouve e começa a balbuciar em resposta à conversa ao seu redor gradualmente acomoda os sons que emite àqueles que ouve, passando a falar de forma compreensível.

Segundo FARIA (1998), os esquemas são uma necessidade interna do indivíduo. Os esquemas afetivos levam à construção do caráter, são modos de sentir que se adquire juntamente às ações exercidas pelo sujeito sobre pessoas ou objetos. Os esquemas cognitivos conduzem à formação da inteligência, tendo a necessidade de serem repetidos (a criança pega várias vezes o mesmo objeto). Outra propriedade do esquema é a ampliação do campo de aplicação, também chamada de assimilação generalizadora (a criança não pega apenas um objeto, pega outros que estão por perto). Através da discriminação progressiva dos objetos, da capacidade chamada de assimilação recognitiva ou reconhecedora, a criança identifica os objetos que pode ou não pegar, que podem ou não dar algum prazer à ela.

FARIA (op.cit.) salienta que os fatores responsáveis pelo desenvolvimento, segundo Piaget, são: maturação; experiência física e lógico-matemática; transmissão ou experiência social; equilibração; motivação; interesses e valores; valores e sentimentos. A aprendizagem é sempre provocada por situações externas ao sujeito, supondo a atuação do sujeito sobre o meio, mediante experiências. A aprendizagem será a aquisição que ocorre em função da experiência e que terá caráter imediato. Ela poderá ser: experiência física - comporta ações diferentes em função dos objetos e consiste no desenvolvimento de ações sobre esses objetos para descobrir as propriedades que são abstraídas deles próprios, é o produto das ações do sujeito sobre o objeto; e experiência lógico-matemática – o sujeito age sobre os objetos de modo a descobrir propriedades e relações que são abstraídas de suas próprias ações, ou seja, resulta da coordenação das ações que o sujeito exerce sobre os objetos e da tomada de consciência dessa coordenação. Essas duas experiências estão inter-relacionadas, uma é condição para o surgimento da outra.

Para que ocorra uma adaptação ao seu ambiente, o indivíduo deverá equilibrar uma descoberta, uma ação com outras ações. A base do processo de equilibração está na assimilação e na acomodação, isto é, promove a reversibilidade do pensamento, é um processo ativo de auto-regulação. Piaget afirma que, para a criança adquirir pensamento e linguagem, deve passar por várias fases de desenvolvimento psicológico, partindo do individual para o social. Segundo ele, o falante passa por pensamento autístico, fala egocêntrica para atingir o pensamento lógico, sendo o egocentrismo o elo de ligação das operações lógicas da criança. No processo de egocentrismo, a criança vê o mundo a partir da perspectiva pessoal, assimilando tudo para si e ao seu próprio ponto de vista, estando o pensamento e a linguagem centrados na criança.

Para Piaget, o desenvolvimento mental dá-se espontaneamente a partir de suas potencialidades e da sua interação com o meio. O processo de desenvolvimento mental é lento, ocorrendo por meio de graduações sucessivas através de estágios: período da inteligência sensório-motora; período da inteligência pré-operatória; período da inteligência operatória-concreta; e período da inteligência operatório-formal.

3. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE HENRY WALLON

A criança, para Wallon, é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, suas condições de existência.

Segundo GALVÃO (2000), Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos. Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão.

Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com significado, através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes processos comunicativos-expressivos acontecem em trocas sociais como a imitação. Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela participação do outro ela se diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos de participar e se diferenciar dos outros constituindo-se em sujeito próprio.

Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, porém, ele não é adepto da idéia de que a criança cresce de maneira linear. O desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um desenvolvimento conflituoso.

No início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e após o social adquire maior força. Assim como Vygotsky, Wallon acredita que o social é imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva social é muito flexível, não existindo linearidade no desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso, sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como um movimento que tende ao crescimento.

De acordo com GALVÃO (op.cit.), no primeiro ano de vida, a criança interage com o meio regida pela afetividade, isto é, o estágio impulsivo-emocional, definido pela simbiose afetiva da criança em seu meio social. A criança começa a negociar, com seu mundo sócio-afetivo, os significados próprios, via expressões tônicas. As emoções intermediam sua relação com o mundo.

Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de investigação, exploração e conhecimento do mundo social e físico. No estágio sensório-motor, permanece a subordinação a um sincretismo subjetivo (a lógica da criança ainda não está presente). Neste estágio predominam as relações cognitivas da criança com o meio. Wallon identifica o sincretismo como sendo a principal característica do pensamento infantil. Os fenômenos típicos do pensamento sincrético são: fabulação, contradição, tautologia e elisão.

Na gênese da representação, que emerge da imitação motora-gestual ou motricidade emocional, as ações da criança não mais precisarão ter origem na ação do outro, ela vai “desprender-se” do outro, podendo voltar-se para a imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se habilitada à representação da realidade. Este salto qualitativo da passagem do ato imitativo concreto e a representação é chamado de simulacro. No simulacro, que é a imitação em ato, forma-se uma ponte entre formas concretas de significar e representar e níveis semióticos de representação. Essa é a forma pela qual a criança se desloca da inteligência prática ou das situações para a inteligência verbal ou representativa.

Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, aparece a imitação inteligente, a qual constrói os significados diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa fase, a criança está voltada novamente para si própria. Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as idéias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo avanços na inteligência. No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais, predominando a afetividade. Ainda conforme GALVÃO, é nesse estágio que se intensifica a realização das diferenciações necessárias à redução do sincretismo do pensamento. Esta redução do sincretismo e o estabelecimento da função categorial dependem do meio cultural no qual está inserida a criança.

4. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE LEV S. VYGOTSKY

Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça) com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das situações imediatas.

Essa teoria apóia-se na concepção de um sujeito interativo que elabora seus conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro. O conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo produzido na intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas.

Segundo Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é na interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido o sujeito. A relação entre homem e mundo é uma relação mediada, na qual, entre o homem e o mundo existem elementos que auxiliam a atividade humana. Estes elementos de mediação são os signos e os instrumentos. O trabalho humano, que une a natureza ao homem e cria, então, a cultura e a história do homem, desenvolve a atividade coletiva, as relações sociais e a utilização de instrumentos. Os instrumentos são utilizados pelo trabalhador, ampliando as possibilidades de transformar a natureza, sendo assim, um objeto social.

Os signos também auxiliam nas ações concretas e nos processos psicológicos, assim como os instrumentos. A capacidade humana para a linguagem faz com que as crianças providenciem instrumentos que auxiliem na solução de tarefas difíceis, planejem uma solução para um problema e controlem seu comportamento. Signos e palavras são para as crianças um meio de contato social com outras pessoas. Para Vygotsky, signos são meios que auxiliam/facilitam uma função psicológica superior (atenção voluntária, memória lógica, formação de conceitos, etc.), sendo capazes de transformar o funcionamento mental. Desta maneira, as formas de mediação permitem ao sujeito realizar operações cada vez mais complexas sobre os objetos.

Segundo Vygotsky, ocorrem duas mudanças qualitativas no uso dos signos: o processo de internalização e a utilização de sistemas simbólicos. A internalização é relacionada ao recurso da repetição onde a criança apropria-se da fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas simbólicos organizam os signos em estruturas, estas são complexas e articuladas. Essas duas mudanças são essenciais e evidenciam o quanto são importantes as relações sociais entre os sujeitos na construção de processos psicológicos e no desenvolvimento dos processos mentais superiores. Os signos internalizados são compartilhados pelo grupo social, permitindo o aprimoramento da interação social e a comunicação entre os sujeitos. As funções psicológicas superiores aparecem, no desenvolvimento da criança, duas vezes: primeiro, no nível social (entre pessoas, no nível interpsicológico) e, depois, no nível individual (no interior da criança, no nível intrapsicológico). Sendo assim, o desenvolvimento caminha do nível social para o individual.

Como visto, exige-se a utilização de instrumentos para transformar a natureza e, da mesma forma, exige-se o planejamento, a ação coletiva, a comunicação social. Pensamento e linguagem associam-se devido à necessidade de intercâmbio durante a realização do trabalho. Porém, antes dessa associação, a criança tem a capacidade de resolver problemas práticos (inteligência prática), de fazer uso de determinados instrumentos para alcançar determinados objetivos. Vygotsky chama isto de fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem.

Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados fornecidos pela linguagem. Esse impulso é dado pela inserção da criança no meio cultural, ou seja, na interação com adultos mais capazes da cultura que já dispõe da linguagem estruturada. Vygotsky destaca a importância da cultura; para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo um ambiente estruturado onde os elementos são carregados de significado cultural.

Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo, ou seja, como diz VYGOTSKY (1987), é no significado da palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para ele, o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala egocêntrica, atingindo a fala interior que é pensamento reflexivo.

A fala egocêntrica emerge quando a criança transfere formas sociais e cooperativas de comportamento para a esfera das funções psíquicas interiores e pessoais. No início do desenvolvimento, a fala do outro dirige a ação e a atenção da criança. Esta vai usando a fala de forma a afetar a ação do outro. Durante esse processo, ao mesmo tempo que a criança passa a entender a fala do outro e a usar essa fala para regulação do outro, ela começa a falar para si mesma. A fala para si mesma assume a função auto-reguladora e, assim, a criança torna-se capaz de atuar sobre suas próprias ações por meio da fala. Para Vygotsky, o surgimento da fala egocêntrica indica a trajetória da criança: o pensamento vai dos processos socializados para os processos internos.

A fala interior, ou discurso interior, é a forma de linguagem interna, que é dirigida ao sujeito e não a um interlocutor externo. Esta fala interior, se desenvolve mediante um lento acúmulo de mudanças estruturais, fazendo com que as estruturas de fala que a criança já domina, tornem-se estruturas básicas de seu próprio pensamento. A fala interior não tem a finalidade de comunicação com outros, portanto, constitui-se como uma espécie de “dialeto pessoal”, sendo fragmentada, abreviada.

A relação entre pensamento e palavra acontece em forma de processo, constituindo-se em um movimento contínuo de vaivém do pensamento para a palavra e vice-versa. Esse processo passa por transformações que, em si mesmas, podem ser consideradas um desenvolvimento no sentido funcional. VYGOTSKY (op.cit.) diz que o pensamento nasce através das palavras. É apenas pela relação da criança com a fala do outro em situações de interlocução, que a criança se apropria das palavras, que, no início, são sempre palavras do outro. Por isso, é fundamental que as práticas pedagógicas trabalhem no sentido de esclarecer a importância da fala no processo de interação com o outro.

Segundo VYGOTSKY (1989), a aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento real) e os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito mais capaz no momento, para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível de desenvolvimento potencial).

5. O INTERACIONISMO E A MEDIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR

A integração de novas tecnologias nas escolas precisa dar ênfase na importância do contexto sócio-histórico-cultural em que os alunos vivem e a aspectos afetivos que suas linguagens representam. O uso de computadores como um meio de interação social, onde o conflito cognitivo, os riscos e desafios e o apoio recíproco entre pares está presente, é um meio de desenvolver culturalmente a linguagem e propiciar que a criança construa seu próprio conhecimento. Segundo RICHTER (2000), as crianças precisam correr riscos e desafios para serem bem sucedidas em seu processo de ensino-aprendizagem, produzindo e interpretando a linguagem que está além das certezas que já tem sobre a língua.

Vygotsky valoriza o trabalho coletivo, cooperativo, ao contrário de Piaget, que considera a criança como construtora de seu conhecimento de forma individual. O ambiente computacional proporciona mudanças qualitativas na zona de desenvolvimento proximal do aluno, os quais não acontecem com muita freqüência em salas de aula “tradicionais”. A colaboração entre crianças pressupõe um trabalho de parceria conjunta para produzir algo que não poderiam produzir individualmente.

A zona de desenvolvimento proximal, comentada anteriormente, possibilita a interação entre sujeitos, permeada pela linguagem humana e pela linguagem da máquina, força o desempenho intelectual porque faz os sujeitos reconhecerem e coordenarem os conflitos gerados por uma situação problema, construindo um conhecimento novo a partir de seu nível de competência que se desenvolve sob a influência de um determinado contexto sócio-histórico-cultural. Wallon também acredita que o processo de construção do conhecimento passa por conflitos, momentos de crises e rupturas.

A colaboração em um ambiente computacional torna-se visível e constante, vinda do ambiente livre e aberto ao diálogo, da troca de idéias, onde a fala tem papel fundamental na aplicação dos conteúdos. A interação entre o parceiro sentado ao lado, entre o computador, os conhecimentos, os professores que seguem o percurso da construção do conhecimento, e até mesmo os outros colegas que, apesar de estarem envolvidos com sua procura, pesquisa, navegação, prestam atenção ao que acontece em sua volta, gera uma grande equipe que busca a produção do conhecimento constantemente. Através disso tudo a criança ganhará mais confiança para produzir algo, criar mais livremente, sem medo dos erros que possa cometer, aumentando sua auto-confiança, sua auto-estima, na aceitação de críticas, discussões de um trabalho feito pelos seus próprios pares.

As novas tecnologias não substituem o professor, mas modificam algumas de suas funções. O professor transforma-se agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar as informações. Ele coordena o processo de apresentação dos resultados pelos alunos, questionando os dados apresentados, contextualizando os resultados, adaptando-os para a realidade dos alunos. O professor pode estar mais próximo dos alunos, receber mensagens via e-mail com dúvidas, passar informações complementares para os alunos, adaptar a aula para o ritmo de cada um. Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem ganha um dinamismo, inovação e poder de comunicação até agora pouco utilizados.

As crianças também podem utilizar o E-mail para trocar informações, dúvidas com seus colegas e professores, tornando o aprendizado mais cooperativo. O uso do correio eletrônico proporciona uma rica estratégia para aumentar as habilidades de comunicação, fornecendo ao aluno oportunidades de acesso a culturas diversas, aperfeiçoando o aprendizado em várias àreas do conhecimento.

O uso da Internet, ou seja, o hiperespaço, é caracterizado como uma forma de comunicação que propicia a formação de um contexto coletivizado, resultado da interação entre participantes. Conectar-se é sinônimo de interagir e compartilhar no coletivo. A navegação em sites transforma-se num jogo discursivo em que significados, comportamentos e conhecimentos são criticados, negociados e redefinidos. Este jogo comunicativo tende a reverter o “monopólio” da fala do professor em sala de aula.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, a implantação de novas tecnologias na escola deve ser mediada por atitudes pedagógicas que permitam formar o cidadão que ocupará seu lugar neste novo espaço. As tecnologias, dentro de um projeto pedagógico inovador, facilitam e estimulam o processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, a hipermídia introduz a interatividade no aprendizado, propiciando o diálogo ativo com o mundo do conhecimento, apresentando informações através de um contínuo canal de escolhas individuais. Ela nos permite navegar e determinar os caminhos a seguir de acordo com nossos interesses e nosso próprio ritmo. Enfim, é descoberta, é pesquisa, é conhecimento, é participação, sensibilizando assim, para novos assuntos, novas informações, diminuindo a rotina e nos ligando com o mundo, trocando experiências entre si, conhecendo-se, comunicando-se, enfim, educando-se.

RICHTER (op.cit.), ao referir-se ao interacionismo, observa a necessidade de se dar ênfase à interação conversacional entre as crianças, para terem, com isso, acesso a input significativo e compreensivo (agir sobre uma mensagem para verificar o que entendeu sobre determinado assunto), com vistas à chegarem à negociação de sentidos (expressar e esclarecer intenções, pensamentos, opiniões). Através dessa negociação de sentidos, a criança poderá produzir uma nova mensagem sobre o que realmente entendeu (output).

Portanto, é no ensino fundamental que deve começar o processo de conscientização de professores e alunos no sentido de buscar e usar a informação, na direção do enriquecimento intelectual, na auto-instrução. Isso significa que não podemos admitir, nos tempos de hoje, um professor que seja um mero repassador de informações. O que se exige, é que ele seja um criador de ambientes de aprendizagem, parceiro e colaborador no processo de construção do conhecimento, que se atualize continuamente.

BIBLIOGRAFIA :

CASTORINA, JOSÉ ANTÔNIO. "O debate Piaget-Vygotsky: a busca de um critério para sua avaliação". In: Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1988. pp.7-50

CORRÊA, MÁRCIA AMARAL. "As relações existentes entre os pressupostos teóricos da epistemologia genética piagetiana e a utilização da produção textual no espaço escolar". In: Ciências e Letras. Porto Alegre, N.26, pp.79-96, jul./dez. 1999.

DAVIS, CLÁUDIA. "O construtivismo de Piaget e o sócio-interacionismo de Vygotsky". In: Anais: I Seminário Internacional de Alfabetização & Educação Científica. Ijuí: UNIJUÍ, 1993.

FARIA, ANÁLIA RODRIGUES DE. Desenvolvimento da criança e do adolescente segundo Piaget. 4ª. ed. São Paulo : Ática, 1998. Capítulos 1 e 3.

GALVÃO, IZABEL. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 7ª.ed. Petrópolis, RJ : Vozes, 2000.(Educação e conhecimento). 134 p.

LA TAILLE, YVES DE; OLIVEIRA, MARTA KOHL DE. Piaget, Vygotsky, Wallon : teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo : Summus.

ANA LUÍSA SMOLKA, MARIA CECILIA RAFAEL DE GÓES(orgs). A linguagem e o outro no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. 4.ed. Campinas :Papirus, 1995. (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico). 177p.

MOLL, LUIS C. Vygotsky e a educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio- histórica. Porto Alegre : Artes Médicas, 1996.

OLIVEIRA, MARTA KOHL DE. "O pensamento e a linguagem na perspectiva sócio-histórica". In: Anais: I Seminário Internacional de Alfabetização & Educação Científica. Ijuí : UNIJUÍ, 1993.

________________________. Pensar a educação: contribuições de Vygotsky. In: Piaget- Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo:Ática, 1988. pp. 51-83.

________________________. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio- histórico. Scipione. Série Pensamento e Ação no Magistério.

PRETTO, NELSON DE LUCA. "A educação num mundo de comunicação". In: Uma escola com/sem futuro. Campinas: Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). pp. 97-120.

RICHTER, MARCOS GUSTAVO. Ensino do português e interatividade. Santa Maria: Ed. UFSM, 2000.136 p.

SCHAFFER, MARGARETH. "O construtivismo-interacionista e as novas intersecções". In: Anais: I Seminário Internacional de Alfabetização & Educação Científica. Ijuí : UNIJUÍ, 1993.

MARIA CECÍLIA GÓES; ANA LUIZA SMOLKA (orgs.) A significação nos espaços educacionais: interação social e subjetivação. Campinas: Papirus, 1997. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). 179 p.

SMOLKA, ANA LUIZA B. et al. Leitura e desenvolvimento da linguagem. Porto Alegre : Mercado Aberto, 1989. (Série Novas Perspectivas). 69p.

TAJRA, SANMYA FEITOSA. Informática na educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor da atualidade. 2ª.ed. São Paulo: Érica, 2000. 143 p.

VERÍSSIMO, MARA RÚBIA ALVES MARQUES. "O materialismo histórico e dialético nas abordagens de Vygotsky e Wallon acerca do pensamento e da linguagem". In: Educação e filosofia, v.10, n.19, p.129-143, jan./jun. 1996.

VYGOTSKY, LEV S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. 135 p. (Coleção Psicologia e Pedagogia).

VYGOTSKY, LEV S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3ª.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 168p. (Coleção Psicologia e Pedagogia. Nova Série).

Fonte:http://www.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm

Quer saber mais?

http://eduquenet.net/afetividade.htm
http://www.sepex.ufsc.br/anais_4/trabalhos/1019.html
http://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASL-AAfetividadeemSaladeAula.pdf

Glossário:

Afetividade: é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido. É o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser vivo. Pode também ser considerado o laço criado entre humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de "amizade" mais aprofundada. Em psicologia, o termo afetividade é utilizado para designar a suscetibilidade que o ser humano experimenta perante determinadas alterações que acontecem no mundo exterior ou em si próprio. Tem por constituinte fundamental um processo cambiante no âmbito das vivências do sujeito, em sua qualidade de experiências agradáveis ou desagradáveis.

Emoção: numa definição mais geral, é um impulso neural que move um organismo para a ação. A emoção se diferencia do sentimento, porque, conforme observado, é um estado neuropsicofisiológico (Freitas-Magalhães, 2007).[1] O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psico-fisiológica. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, discute esta diferenciação por extenso.

Etimologicamente, a palavra emoção provém do Latim emotionem, "movimento, comoção, acto de mover". É derivado tardio duma forma composta de duas palavras latinas: ex, "fora, para fora", e motio, "movimento, ação", "comoção" e "gesto". Esta formação latina será tomada como empréstimo por todas as línguas modernas européias. A primeira documentação do francês émotion é de 1538. A do inglês emotion é de 1579. O italiano emozione, o português emoção datam do começo do século XVII. Nas duas primeiras línguas, a acepção mais antiga é a de "agitação popular, desordem". Posteriormente, é documentada no sentido de "agitação da mente ou do espírito". A palavra aparece normalmente denotando a natureza imediata dessa agitação nos humanos e a forma em que é experimentada por eles, ainda que em algumas culturas e em certos modos de pensamento é atribuída a todos os seres vivos. A comunidade científica aplica-a na linguagem da psicologia, desde o século XIX, a toda criatura que mostra respostas complexas similares às que os humanos se referem geralmente como emoção.

Cognição é o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. A palavra cognição tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles.

A psicologia cognitiva estuda os processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento. Atualmente é um ramo da psicologia dividido em inúmeras linhas de diferentes pesquisas e algumas vezes discordantes entre si.

Deriva da psicologia cognitiva em que pode haver, pelos indivíduos, uma visão unitária dos processos mentais, onde o aprendizado se dá pela apreensão dos dados e do conhecimento imediato de um objeto mental. A cognição é derivada da palavra latina cognitione, que significa a aquisição de um conhecimento através da percepção. É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento e na percepção, também na classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.

Mas a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e consequentemente, a nossa melhor adaptação ao meio - mas é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação dos sentidos e logo em seguida ocorre a percepção. É portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória.

Fonte Wikipédia.

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Epistemologia e Filosofia. (em espanhol).

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segunda-feira, 9 de março de 2009


Matemática é D+

Vídeos

Uma vez por mês, Priscila Monteiro dá aula a uma turma de 2ª série e a uma de 3ª série (respectivamente 1ª e 2ª séries em 2007) na Escola Estadual Victor Civita. Nesse momento, com a presença da professora do grupo na sala, a formadora coloca em prática a abordagem de conteúdos discutida nos encontros de formação.

Os vídeos disponíveis abaixo têm em média 6 minutos de duração. Eles são produzidos durante as aulas e resumem todas as etapas de trabalho: a contextualização dos problemas, o momento de lançar o desafio à turma, o acompanhamento da formadora e a validação das estratégias utilizadas pelos alunos. Além dos momentos mais significativos de cada aula, todos os vídeos apresentam comentários da formadora sobre a atividade.



Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/fvc/matematica_d_mais/pagina/matematicaDmais_275956.shtml

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domingo, 8 de março de 2009

Feliz dia das Mulheres.


mako1954


As mulheres, que são mães, sogras, irmãs, cunhadas, namoradas, tias, avós, professoras, trabalhadoras etc. Desejo a vocês um feliz dia das mulheres.

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sábado, 7 de março de 2009

Chegamos a 1 ano de atividades em nosso Blog.


Muito obrigado, muito obrigado, a vocês que visitam este Blog. Chegamos hoje a 1 ano de funcionamento. Bem como a marca de mais de 50.000 acessos.

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quinta-feira, 5 de março de 2009

Crianças de 6 anos , no ensino fundamental. (meus artigos).


Quando uma criança de seis anos entra no ensino fundamental, algumas observações devem ser levadas em conta. Segundo Condermarin e Blomquist a criança pode ter dificuldade em aprendizagem por imaturidade ou certos desenvolvimentos oculares ainda não maduros.

A imaturidade na iniciação da aprendizagem constitui uma causa freqüente de dificuldades na aprendizagem da leitura. As investigações demonstram que a instrução formal de leitura deve iniciar-se quando a criança pussui uma idade mental de seis anos e meio aproximadamente. Está iniciação formal refere-se ao ensino sistemático dos símbolos gráficos. (Condermarin e Blomquist, p.17, 1989).

É sabido que nem todas as crianças se desenvolvem e amadurecem de maneira igual. Umas caminham mais rápido do que outras e vice-versa. Existe neste sentido uma ampla gama de variedades no crescimento; nem todos atingem a maturidade sistemática para aprendizagem simultaneamente. Nesse ponto as meninas geralmente amadurecem um ano e meio mais cedo do os meninos.
Mas gostaria de tocar em outro ponto deste desenvolvimento.
Estar pronto para ler e participar deste processo de esnsino-aprendizagem implica também na maturidade de outros aspectos: a criança deve possuir uma idade visual. O olho da criança de seis anos possui freqüentemente uma hipermetropia; ela não pode ver com clareza objetos tão pequenos como uma palavra.
Não, podemos perder de vista estes pequenos detalhes, isto nos faz lembrar a parábola do semeador. Cada criança se desenvolve no seu ritmo.

Um pedagogo-a/professor-a deve ser um estudioso de sua práxis.


Veja abaixo alguns vídeos e slides sobre esta temática.

O corpo humano - 03 - Visão - Parte: 1, 2 e 3


Palavras-chave:

Prionyx


Prionyx


Prionyx


Slides.

robsoncosta,
Avaliação da Acuidade Visual - Professor Robson


Glossário:

PRAXE / PRÁXIS

Estas duas palavras vêm da mesma raiz grega ("práxis"), que significa "ação". Tome cuidado com a pronúncia do "x". O de "praxe" se lê como o de "lixo". Já o de "práxis" se lê como o de "fixo". Na prática, a palavra "praxe" é mais usada e significa "rotina, procedimento costumeiro": "Estabeleceu a praxe de almoçar com o irmão". "Práxis" se usa também em filosofia. É conceito fundamental no pensamento marxista. Trata-se do conjunto de atividades que criam condições para a ação prática, a produção material.(prof. Pasquale).


O autor: João C. Maria, aluno(pedagogia módulo 7 noturno), Unopar Virtual unidade Campinas 2.

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quarta-feira, 4 de março de 2009

Paulo Freire, rigorosidade metódica. (Slides).

joaomaria,


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Novos rumos do ensino ,pedagogia.

Pedagogia

Se você acredita que as escolas são o único e provável destino dos profissionais formados em Pedagogia, então, está na hora de abrir os olhos

O pedagogo David Bomfin, 50 anos, deixou, há algum tempo, de atuar em hospitais. Não, você não leu errado. Pedagogos e hospitais combinam, assim como combinam pedagogos e shoppings, pedagogos e mineradoras, pedagogos e siderúrgicas, pedagogos e empresas de Engenharia Costeira. Esse profissional há muito soltou-se das amarras das instituições de ensino, embora continuem sendo o espaço mais privilegiado de inserção, e conquistou novos espaços de trabalho.

Segund

o a coordenadora do Colegiado de Curso de Pedagogia da UFMG, Maria de Fátima Cardoso Gomes, o pedagogo era anteriormente formado para ser, por exemplo, diretor, orientador ou supervisor em instituições de ensino, algo bem distante da realidade e das necessidades atuais. Para ela, apesar de em muitas faculdades esse velho modelo prevalecer, o mercado de trabalho cresce visivelmente e em busca de novas práticas. "Esse modelo está mudando e a nova realidade exige gente muito mais preparada", sustenta.

"O pedagogo é aquele que, a partir d

e um diagnóstico, identifica necessidades e falhas no processo de ensino-aprendizagem; indica metodologias adequadas à situação de cada local; e aponta se, por exemplo, as ações devem ser voltadas para o grupo, para o indivíduo, ou mesmo envolver parceiros externos. Onde houver processo de aprendizagem, o pedagogo tem com o quê contribuir", completa David Bomfin.

Arquivo pessoal

DAVID BOMFIN trocou a agitação das salas de aula pelas muitas possibilidades de ensino que existem mundo afora

Formado há mais de 20 anos, Bomfin vive de uma cidade para outra, em todo o país, prestando consultoria em Pedagogia Empresarial, segmento em franca ascensão, mas ainda pouco conhecido. Ele deixa claro que o pedagogo não tem que se preocupar com o tipo de instituição e sim com habilidades próprias da Pedagogia para atuar em qualquer instituição. "Quando o pedagogo entra em um hospital, não

tem que entender de Medicina. Ele tem que ser capaz de indicar os problemas que geram dificuldades nos mais variados processos de aprendizagem naquele local, além de estratégias e ferramentas para a resolução dos impasses", argumenta.

Educador social Segundo Maria de Fátima Cardoso, a Pedagogia Empresarial tem mesmo se tornado uma opção bastante viável para os futuros profissionais, assim como o trabalho em ONGs (organizações não-governamentais) e projetos sociais, como os ligados às ações afirmativas* ou aos de reforma agrária. O curso na UFMG, diz a coordenadora, forma um profissional generalista, que trabalha em duas vertentes: na formação de docentes e de profissionais que irão lidar com a coordenação e com a gestão de processos educativos escolares e fora da escola.

"Estão surgindo novas oportunidades, o mercado de trabalho é exigente e procura por um profissional com formação de um educador social", assinala. Já flexibilizado, o curso de Pedagogia oferece formação complementar em Gestão Educacional, Educação Infantil, Educação de Jovens Adultos e Alfabetização, Leitura e Escrita. "Percebemos que o profissional não poderia deixar a Universidade voltado apenas para a escola, para educaç

ão infantil ou básica. Os problemas na educação brasileira são muitos e variados e temos que atentar para os diferentes aspectos".

Quem tem pressa, come cru

As exigências do mercado de trabalho são bastante evidentes na opinião da experiente Sylvia Garcia, 62 anos. Ela lembra que a busca das escolas pela qualificação de seus profissionais é grande e atinge as redes pública e privada. "Tem muita gente preocupada", assinala ela, que se dedica a projetos de avaliação de sistemas educacionais. Nesse trabalho, realiza intervenções de longa duração. "É um trabalho bastante complexo, porque a instituição tem que ser acompanhada muito de perto por um período longo, de anos. Só assim, podemos diagnosticá-la e identificar as estratégias de aperfeiçoamento", explica. Para se ter uma idéia do aprofundamento da avaliação, Sylvia conta que no Sistema Marista foram necessários cinco anos de acompanhamento.

Segundo Sylvia, o campo é muito grande, mas é preciso que o pedagogo se especialize. "Se ele vai ajudar outros professores, é necessário que tenha uma formação ampliada", lembrando que os pedagogos vão, dependendo do caso, propor melhores formas de ação dos professores junto aos alunos, auxiliar os professores a construir métodos de avaliação ou ainda trabalhar com a avaliação de aprendizagem

.

Oportunidades Acostumada às mazelas e aos prazeres da rede pública de ensino, a pedagoga Sara Mourão Monteiro, 42 anos, acredita que os futuros profissionais devem estar atentos à realidade dos grupos com os quais trabalham, afastar preconceitos e manter a autocrítica. "Se o pedagogo é um acompanhador das práticas e dos processos de outros, não pode ser alguém fechado em si mesmo e nas suas próprias teorias", ressalta.


CLÁUDIA BERGERHOFF está sempre atenta à oportunidades de participação em projetos de extensão e pesquisa na Faculdade de Educação

Sara participou da implantação da Escola Plural, na rede de ensino da Prefeitura de Belo Horizonte. "Foi um grande desafio, pois tínhamos que articular muito bem a alfabetização e o ensino com a realidade social dos alunos e da família", lembra. Sara trabalha na produção de material didático para a formação de professores. "Os professores não se limitam mais a cartilhas ou a livros. Eles incorporam muitos outros recursos e o pedagogo pode ajudá-los", diz.

Decidida a voltar a estudar depois de 10 anos longe dos bancos escolares, Cláudia Bergerhoff, aluna do 9o período, impôs-se dedicação máxima ao curso. "Eu nem acreditava que poderia passar no vestibular, mas a conquista serviu para me mostrar que eu podia e devia fazer mais", avalia ela.

"Os projetos de pesquisa e extensão que me ajudaram na compreensão do papel do pedagogo e me incentivaram em todo o percurso. O aluno precisa saber que pode seguir vários caminhos, mas tem que prestar atenção ao que a Escola oferece. Se bobear, achar que o curso é fácil, pode entrar e sair daqui como entrou e só se lamentar quando estiver lá fora", analisa.

Ações afirmativas - conjunto de ações, projetos e iniciativas que visam eliminar preconceitos de genêro e cor.
Fonte: http://www.ufmg.br/diversa/7/pedagogia.htm

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terça-feira, 3 de março de 2009

De mochila e laptop


De mochila e laptop

O uso de celulares, iPhones e Blackberries se torna cada vez mais comum nas salas de aula americanas e ajuda a aproximar professores e alunos

Fernanda Melazo, de Los Angeles


A brasileira Francine, da Universidade da Califórnia: celular liberado em sala para torpedos, pesquisas e e-mails

Chessa Piker-Ward, 22 anos, tem aulas de coreografia no curso de Dança do Departamento de Artes da Universidade de Santa Cruz da Califórnia, nos Estados Unidos. Além das sapatilhas, Chessa leva na mochila o laptop. Na última aula, a professora sugeriu aos alunos que pesquisassem na internet vários significados para a expressão "doenças do amor". Enquanto ensinava o que sabia sobre o impacto dos sentimentos nos gestos e movimentos do corpo, seus estudantes levantavam novas questões e diferentes passos de dança a partir das descobertas online. "Foi muito divertido. Eu gostei de dançar com as definições das palavras", diz Chessa, que está no primeiro ano do curso.

Chessa, seus colegas e seus laptops repetem em sala de aula uma cena que já se tornou corriqueira nas universidades norte-americanas, onde os computadores portáteis substituem os tradicionais cadernos. "No meu curso de método, por exemplo, vários colegas levam seus laptops para fazer anotações", testemunha Chessa, que chega a brincar com o fato de seus amigos a considerarem ultrapassada em termos de tecnologia. "Eu não sei nada sobre os telefones inteligentes. Meus amigos sempre fazem piada porque meu celular é muito antigo", diz.

A chamada geração net e seu talento nato para a tecnologia modificaram de maneira irreversível os padrões de ensino. Computadores portáteis, celulares, telefones inteligentes, como iPhone e Blackberry, e redes de relacionamento disputam espaço cada vez maior com os métodos tradicionais de educação e já são um desafio para as instituições de ensino superior.

O cálculo é que atualmente 80% dos estudantes universitários nos Estados Unidos têm seu próprio laptop, como Chessa. Os números são da Educause, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo orientar as universidades sobre o melhor uso da tecnologia da informação. A Educause é composta por representantes de mais de 2.200 instituições de ensino superior e organizações do setor da educação. E pesquisa anualmente, desde 2004, o comportamento dos estudantes em relação ao uso de tecnologias.

"O aumento no uso da tecnologia da informação oferece oportunidades e desafios para faculdades e universidades. Crescem, por exemplo, questões sobre quais dos recursos poderão ser utilizados no ensino. Seria desejável incorporar novas e emergentes tecnologias no currículo? Há ganhos educacionais nisso? Os alunos esperam que os seus colégios e universidades usem essas novas tecnologias em seus cursos? Os dados das pesquisas fornecem suporte a essas decisões, descrevendo como os estudantes usam a tecnologia", explica Judy Borreson Caruso, diretora de política e planejamento da Educause.

Oúltimo levantamento mostra que 66% dos universitários norte-americanos possuem telefones inteligentes, que oferecem acesso à internet. Em Los Angeles, a brasileira Francine Alcântara, 29 anos, compõe esta estatística. Ela acabou de ganhar um iPhone de um amigo que frequenta o bar onde a estudante trabalha. Agora faz parte da maioria de seus colegas que adotou a maior sensação do mercado de telefonia como o brinquedo preferido. "Esses telefones são excelentes. Não preciso chegar em casa para fazer pesquisas ou checar meus e-mails", diz Francine, que estuda psicologia na Universidade da Califórnia Dominguez Hills.

A futura psicóloga diz que na sua faculdade há pouca restrição quanto ao uso dos celulares nas salas de aula. "Podemos usar para mandar torpedos, pesquisar e checar e-mails. Só não podemos atender ligação durante as aulas", diz ela, que, por meio de seu endereço eletrônico fornecido pelo provedor da universidade, troca constantemente mensagens com os professores. "Mesmo quando estou fora da faculdade, posso continuar conversando com os professores pelo e-mail. Se tenho alguma dúvida sobre trabalhos, prazo de entrega, reuniões, envio uma mensagem pelo iPhone, de onde eu estiver. E, em pouco tempo, recebo a resposta", conta ela, mostrando o grau de envolvimento de alguns professores com o uso da tecnologia.

Em Chicago, a estudante de jornalismo da Faculdade de Columbia Jessica Galliart, 21 anos, acompanha com interesse o crescimento do uso da tecnologia, e principalmente dos telefones inteligentes no campus. Ela, que já está no último ano do curso, é editora-chefe do site The Columbia Chronicle, uma publicação online feita apenas pelos estudantes.

Segundo Jessica, a utilização desses telefones para o ensino ainda é reduzida, mas os professores começam a conversar com os alunos dentro de sala de aula sobre como usar iPhones, Blackberries, celulares e outros recursos tecnológicos. Um deles acabou de propor um novo curso para o próximo semestre chamado "Jornalismo Móvel", que tratará do uso dessas tecnologias no jornalismo.

"Para o ensino e a aprendizagem, essas tecnologias podem ser utilizadas para abrir a comunicação com os alunos. Quase todo estudante tem telefone celular, e o uso de iPhones e iPods no campus é muito alto. Utilizar esses dispositivos para se comunicar com os alunos sobre atribuições, planos de aula, mudanças de carga horária ou simplesmente para ter uma troca de ideias mais rápida é uma maneira interessante de explorar novos territórios no ensino superior", opina Jessica.

Mas, apesar da moda, o uso dos telefones para o acesso à internet ainda é restrito, segundo a Educause. Muitos estudantes reclamam do alto custo cobrado pelos provedores. Por isso, faculdades e universidades estão monitorando o ponto de maturação entre preço e acesso para avaliar o potencial do uso dessa tecnologia como plataforma de ensino.

Já a utilização dos celulares para comunicação via mensagem de texto é generalizada: 84% dos estudantes usam esse recurso para manter contato com seus colegas e professores. O costume serve a vários propósitos: marcar e confirmar reuniões, avisar sobre mudança de horário de aula, informar sobre andamento de trabalhos em grupo e trocar informações instantâneas.

Na Universidade de Michigan, Thiago Antonio, 28 anos, outro brasileiro que está no primeiro ano do curso de Ph.D. em psicologia de comunidades ecológicas usa seu telefone celular para enviar e receber mensagens de sua orientadora. "Acho que é uma forma prática e rápida. Quando preciso confirmar uma reunião ou avisar sobre o andamento dos trabalhos científicos, mando uma mensagem de texto para seu celular. Assim ela pode checar quando for conveniente para ela", diz.

A aluna de dança Chessa Piker-Ward: pesquisa na internet durante a aula ajuda a definir coreografia
De todas as tecnologias da informação, as redes sociais de relacionamento se tornaram em pouquíssimo tempo o modo mais popular de comunicação entre os jovens estudantes. Diferente da preferência no Brasil pelo Orkut, as páginas mais frequentadas nos Estados Unidos são MySpace e Facebook. Segundo a Educause, 85% dos alunos de universidades estão nessas redes. Um fenômeno que chama tanta atenção que, pela primeira vez, ganhou da entidade um capítulo especial na mais recente pesquisa realizada.

"As redes de relacionamento estão transformando por completo o tecido social das universidades. Por meio delas, os alunos ampliam seus contatos pessoais e suas perspectivas, desenvolvem sua capacidade de relacionamento e ganham um novo canal de interação com seus colegas de classe", afirma Nicole Ellison, professora da Universidade de Michigan e responsável pelo estudo que integra o levantamento feito pela Educause.

Segundo Nicole, conhecer e entender as redes de relacionamento e as motivações para seu uso passaram a ser uma tarefa importante para as universidades e faculdades. "Embora muitos professores avaliem as redes como uma distração nas salas de aula, seu uso tem impacto no ensino e na aprendizagem. Os estudantes acessam as páginas para montar seus grupos de estudo, conversar sobre trabalhos e trocar informações com seus colegas de classe", afirma.

Em muitas universidades norte-americanas e até em escolas do ensino médio, as chamadas high-schools, vários professores aproveitam a popularidade das redes de relacionamento para engajar os estudantes no dia a dia dos cursos. Muitas instituições já usam as redes para atrair novos estudantes e manter contato com ex-alunos. As bibliotecas também estão explorando diferentes usos dessas páginas para ampliar a oferta de seus serviços. A Universidade de Miami, por exemplo, compra anúncios no Facebook para promover suas atividades esportivas.

Atentas às mudanças, as instituições americanas adotam em sala de aula diversas ferramentas tecnológicas para adequar os métodos de ensino ao novo estilo dos estudantes.

Na Universidade de Ohio, por exemplo, a novidade é o uso dos modelos instantâneos de resposta, chamados de Student Response Systems ou "clicker". Por meio desse sistema, os professores fazem uma pergunta a sua classe e todos os alunos respondem imediatamente usando um teclado portátil que se assemelha a um pequeno controle remoto. O software imediatamente tabula as respostas e as exibe numa tela.

"Além do envolvimento dos estudantes obtido pelo professor, o sistema oferece um retorno imediato e visual para toda a classe, o que permite a troca de informações entre os colegas e a compreensão pelo instrutor das reais necessidades da classe", afirma Michael Roy, responsável pelo desenvolvimento de programas da web e de multimídia da universidade.
Outra vantagem é que essa tecnologia oferece a oportunidade da participação de alunos mais tímidos, que dificilmente enfrentariam uma classe cheia de colegas para responder questões diretamente ao professor.

Além disso, segundo Roy, exercícios bem planejados com o clicker estimulam o trabalho em grupo. "Alguns instrutores exigem que os estudantes discutam, criem consensos ou desenvolvam questionários que favoreçam a colaboração e o trabalho em equipe", diz.

Embora os estudantes sejam os primeiros a se entusiasmarem com a tecnologia, a maioria acha que as universidades devem usar os recursos de forma moderada. E indicam que ainda valorizam muito a interação com o professor na sala de aula. "Os alunos nos dizem que não gostam do uso da 'tecnologia pela tecnologia'. Eles querem tecnologias que estão disponíveis quando necessárias e que os ajudem no seu progresso acadêmico", explica Judy Caruso, diretora da Educause.

A futura jornalista Jessica Galliart concorda. "Mais e mais faculdades estão explorando como a tecnologia pode ser utilizada no campus e na sala de aula. Acho que isso pode ser benéfico se utilizado corretamente, mas muitas vezes a tecnologia pode se tornar uma fonte de dependência", diz.


Universitários high tech

Pesquisa da Educause, que ouviu 27.317 alunos em 98 universidades e faculdades americanas, mostra como os alunos lidam com a tecnologia

- 85,9% usam spreadsheets

- 85,2% estão em redes sociais de relacionamento como Facebook e MySpace

- 83,6% usam mensagem de texto

- 82,3% usam os chamados Course Management System (CMS)

- 82,2% possuem laptop

- 66,1% possuem celular com acesso à internet

- 65,6% acham que o uso da tecnologia ajuda nas atividades educativas

- 62% não concordam que poderão faltar às aulas se os conteúdos de classe puderem ser checados on line

- 59,3% acham que o uso da tecnologia em classe dever ser moderado


Veja também:
Mensagem "quase" direta


- Pressão por critérios
- Integração latina
- Exemplo de paixão
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Fonte: http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12323

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Hitler's Justice: The Courts of the Third Reich by Ingo Müller. Indicação de Leitura, 67

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