segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO



Navegando pela web, encontrei uma plataforma  Moodle/UFBA,
Curso de Formação de Equipes Gestoras de Unidades Escolares. da Universidade Federal da Bahia. E desta plataforma extrai o texto abaixo. Se quiser conferir mais coisas desta plataforma, clique aqui. 
OS QUATRO PILARES PARA A QUALIDADE
Nova importância da escola como instituição socializadora:
·         Aprender a conhecer significa dominar os instrumentos do conhecimento, através do exercício autônomo de processos e habilidades cognitivas. Assim, tem especial importância, nesse processo, o domínio das linguagens que permitam o acesso à construção de novos conhecimentos, tais como a linguagem verbal e a linguagem matemática.
·         Aprender a fazer significa desenvolver competências que envolvem experiências sociais e de trabalho diversas, possibilitando ao sujeito as condições necessárias para enfrentar a dinâmica e os processos de trabalho no mundo contemporâneo, os quais estão sofrendo mudanças significativas que afetam os trabalhadores, particularmente de segmentos socialmente desfavorecidos. 
·         Aprender a conviver significa entender e conviver com as questões postas pela diversidade (cultural, étnica, de gênero, lingüística, etc.) e pelo multiculturalismo, desenvolvendo o reconhecimento e o respeito pelas diferenças, assumindo atitudes e posturas fundamentadas em valores como solidariedade, tolerância e cooperação com o outro.
·         Aprender a ser significa pensar de forma autônoma e crítica, desenvolvendo, de forma plena, as potencialidades individuais: espírito e corpo, sensibilidade, sentido ético, sentido estético, capacidade de comunicação, responsabilidade, afetividade, etc.
·          
·         Por isso, a escola deve fundamentar seu trabalho no compromisso com a qualidade, no respeito à diversidade, na tolerância, na necessidade de reconhecimento, aceitação e pertencimento, na solidariedade, na participação e cooperação, na autonomia e na liberdade.
·         PENSE!
·         Quando tratamos de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, há alguma relação com as formas pelas quais a sociedade produz e distribui riquezas? Que tem a escola a ver com isso?


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domingo, 13 de dezembro de 2009

O pedagogo e as novas diretrizes: alguns esclarecimentos.


 
Olá, a você que sempre está aí me acompanhando, valeu. Hoje gostaria de tocar num assunto, que vem causando muitas dúvidas e desentendimentos entre a classe educacional.
Na verdade muitos colegas perderam vagas de diretor e supervisor etc por causa do mau entendimento das novas diretrizes do curso de pedagogia. Veja abaixo alguns trechos da diretriz.


"Mas, considerando também que têm havido manifestações de preocupação com
relação a que esta Resolução contemple cabalmente o disposto no art. 64 da Lei nº
9.394/1996, o qual reza:
A formação de profissionais de educação para administração, planejamento,
inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da
instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional." CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO.



Este trecho acima é uma lateração, que deixa claro que os cursos de pedagogia, continuam a formar , professores e gestores também.
Desta maneira tenho observado, que nos concursos públicos, não estão pedindo  só especialização em gestão educacional. Agora  pedagogia ou especialização em gestão. Esta alteração ou esclarecimento vai ajudar muitos pedagogos, que concorreram a cargos de diretor, orientador , coordenador e que  não puderam assumir devido a não terem especialização em gestão educacional. A estarem aptos a assumir estes cargos, bastando ter além do diploma em pedagogia, aqueles tempos de sala de aula como professor.
Agora meu amigo/a de profissão acho que uma pós em gestão educacional, que contemple administração, orientação, politicas publicas, supervisão e coordenação pedagógica, são bem-vindos ao seu currículo. Pois um pedagogo não pode perder de vista que além de ele ser um professor ele deve ser um buscador criterioso de sua práxis, um pesquisador do tema educação. Outro curso que ao meu ver não tem como um pedagogo fugir dele é especialização em psicopedagogia e a especialização em alfabetização e letramento.
É claro que você deve estar pensando, tem outras especializações, sim isto é verdade , mas estas não tem como fugir. E conversando com minhas amigas e amigos professores/pedagogos, por email, ou nos corredores das escolas é que estes cursos realmente vieram somar e muito no seu dia-dia.
Para ver este documento do Mec na integra clique aqui.
Agora gostaria de te indicar um livro que me ajudaou muito a me cituar com um aprendiz de pedagogo. E este livro foi um indicação de meu professor, agora posso falr de tempos de faculdade rof. Caio Britto.


Capa do Livro: História da PedagogiaHISTÓRIA DA PEDAGOGIA
Um dos fenômenos-atividades mais misteriosos e polêmicos é o de como o ser humano aprende. O que faz um bebê de seis meses, gutural e dependente, em apenas dois anos transformar-se num falante sábio, criativo e conhecedor de realidades complexas? E poucos anos mais tarde, ao ingressar no sistema oficial de ensino, quais as causas de tere seus conhecimentos e habilitades potencializados, oprimidos ou até suprimidos?
Fenômeno cultural que vai do escravo preceptor à educação de massa, a pedagogia nasce, em sua própria denominação, de uma perspectiva de condução, estigma que mantém ainda hoje, dada a alta voltagem ideológica conferida à sistematização do processo educativo.
O autor de História da Pedagogia, o italiano Franco Cambi, é professor de Pedagogia Geral da Universidade de Florença, a mesma Florença da cultura renascentista, da valorização do ser humano como centro, dos artistas “multimídia” da época.
Eis aí uma ironia. Uma história de como a Educação aconteceu ao longo da experiência humana remete ao todo, ao estudo com os sentidos em alerta, com a análise dos fenômenos também de forma plural e inclusiva, distinguindo-os menos por juízos de valor do que por ocorrências ou imperativos político-econômicos e culturais. E numa época como a nossa, de pulverização do conhecimento e hiperespecialização fragmentadora da realidade, a obra oferece o necessário contraponto crítico.
Assim, e ainda considerando o rico universo de informações histórico-críticas trazido pelo trabalho de Cambi, eis o nosso Livro do Mês de agosto.
Marcelo Larroyed
Edição de referência:
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Trad. Álvaro Lorencini. 6ª ed. São Paulo: UNESP, 1999




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sábado, 12 de dezembro de 2009

Crianças Fazendo Matemática






Ensinando matemática

 

Texto baseado no livro Crianças Fazendo Matemática. Terezinha Nunes e Peter Bryant – Artmed Editora- 1997



            Como estamos ensinamos matemática às nossas crianças?

 Como estão sendo criados os ambientes escolares para que elas não apenas aprendam sobre números e aritmética, mas também pensem de forma matemática? 
O que significa ser alfabetizado matematicamente?


O que precisamos saber para ensinar as crianças a pensarem matematicamente


1-  As crianças precisam ser lógicas ao aprender a contar:


ð  A sequenciação de palavras obedece a uma ordem fixa (1, 2, 3, 4,...).


ð  Os números são organizados em uma ordem ascendente de magnitude: essa ordem obedece à regra: 3 > 2 > 1, portanto, 3 > 1.  
ð  Cada objeto deve ser contado uma única vez ( relação termo a termo) 
ð  A ordem na qual os objetos são contados não faz diferença no seu total    
(esquerda para a direita, direita para a esquerda, do meio para fora). 
ð  O total de objetos do conjunto independe do arranjo físico (conservação: dentro de um saco, numa fila curta ou comprida). 
As crianças que não captam a conservação não terão qualquer noção de número cardinal 
ð  Todas as quantidades (número, tamanho, peso, temperatura) podem ser arranjadas em uma determinada ordem como por exemplo, da menor a maior (inferência lógica: se o número de elementos de A é maior que B, e B é maior que C, então segue que A também deve ser maior que C).




2- As crianças precisam aprender sistemas convencionais


Não basta dominar as regras lógicas para se aprender matemática; há que se dominar também as técnicas matemáticas. 
Para se dominar as técnicas matemáticas será preciso conhecer o conjunto de convenções projetadas pelos nossos ancestrais e transmitidas de geração em geração. 
As convenções são necessárias para o domínio de técnicas matemáticas: o sistema de numeração decimal e o sistema de medidas: comprimento, capacidade e massa. 
O Sistema de numeração decimal é uma forma convencional de contagem que difere entre as variadas culturas. 
Foram precisos muitos anos até que fosse inventada a organização do sistema de numeração em estrutura de base e esta não é universal. 
No Brasil é utilizada a base dez, que poderia ser três em três, oito em oito, dezesseis em dezesseis ou outro qualquer. 
Os rótulos numéricos são reorganizados quando atingimos dez, dez dezenas, dez centenas e assim por diante. 
Os sistemas de numeração que têm estrutura de base são muito mais poderosos do que os que não têm; basta pensarmos, só para termos uma idéia, na dificuldade das crianças para lembrar e reproduzir nomes dos números na ordem certa quando não existisse a organização do sistema em estrutura de base. Se as crianças simplesmente tentassem lembrar tantos nomes de números quanto pudessem numa ordem fixa, haveria um limite escrito de palavras que seriam capazes de memorizar. Mas se elas usarem o sistema de base, não terão que lembrar todas as palavras de uma forma mecânica. 
As crianças têm que lembrar todos os números de 0 a 9 já que estas são as palavras básicas para as unidades e lembrar dos nomes das dezenas porque novamente algumas delas são difíceis de derivar da estrutura. Elas terão que aprender as palavras para unidades de um novo tamanho (cem, mil, milhão) – mas isto é tudo.  
Portanto, uma vez que as crianças aprenderam um sistema de numeração, elas têm, como resultado, uma ferramenta para o pensamento. 
Quando entendem a lógica de um sistema numérico, podem gerar números que nunca ouviram antes. 
Um sistema de numeração com uma base envolve contar unidades de tamanhos diferentes: unidades, dezenas, centenas, etc. que podem ser contadas dentro de classes diferentes: a classe das unidades, a classe dos milhares, a classe dos milhões, etc. 
A lógica geral pode estar embutida em outros sistemas convencionais tais como o Sistema de Medidas de comprimento, capacidade e massa e Sistema Monetário Brasileiro 
Para entender um sistema de medidas precisamos entender as equivalências dentro do sistema. 

3-        Para serem numeralizadas, as crianças precisam usar seu pensamento matemático de forma significativa e apropriada nas situações 

Uma das dificuldades de usar técnicas matemáticas como ferramentas de pensamento parte da relação entre o domínio de procedimentos gerais e seu uso em situações específicas. 
Dominar um procedimento geral frequentemente não nos diz quando o procedimento é uma boa escolha para resolver um problema.


Temos que entender a situação-problema a fim de pensar matematicamente sobre ela.




Conclusão:




            Crianças precisam aprender matemática a fim de entender o mundo ao seu redor.




            Elas necessitam estar numeralizadas em diferentes contextos de aprendizagem como ler criticamente um recorte de jornal contendo informações numéricas simples, ler gráficos e tabelas, comparar preços de mercadorias, tratar da fertilidade e mortalidade, inflação, aceleração do crescimento, dentre outros temas e possibilidades.




                        Estar alfabetizado matematicamente, nos dias atuais, não mais significa apenas saber calcular; é ser capaz de pensar e discutir sobre as relações numéricas e espaciais utilizando das convenções (sistemas de numeração e medidas, ferramentas como calculadoras e transferidores, etc.) da nossa própria cultura.


Ser alfabetizado matematicamente nos dias de hoje implica a posse de dois atributos:




A)   Familiaridade com números e habilidades suficientes para enfrentar as demandas matemáticas da vida cotidiana.


B)    Habilidade para apreciação e compreensão de informações que apresentadas em gráficos, mapas, tabelas ou por referências a aumento ou redução de porcentagem.


Fonte: www.drearaguaina.com.br/educ.../cc/ensinando_matematica.doc -

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

TRANSTORNOS DA LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: TRANSTORNO DA LINGUAGEM RECEPTIVO-EXPRESSIVA




Olá, a você que visita este meu espaço meu muito obrigado, hoje vou postar  a sequencia das postagens sobre este tema:  2º Transtorno da Linguagem Receptivo-Expressivo. Se você perdeu o primeiro clique aqui.


DSM.IV (na CID.10 é F80.2) - 315.31 TRANSTORNO DA LINGUAGEM RECEPTIVO-EXPRESSIVA

A característica essencial do Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva é um prejuízo no desenvolvimento das linguagens receptiva e expressiva, demonstrado por escores em medições padronizadas, administradas individualmente, do desenvolvimento da linguagem tanto receptiva quanto expressiva, que estão acentuadamente abaixo daqueles obtidos a partir de medições padronizadas da capacidade intelectual não-verbal (Critério A).

Pode haver dificuldades na comunicação envolvendo tanto a linguagem falada quanto a linguagem por sinais. As dificuldades de linguagem interferem no desempenho escolar ou profissional ou na comunicação social (Critério B) e os sintomas não satisfazem os critérios para um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (Critério C).

Em presença de Retardo Mental, déficit motor da fala ou sensorial, ou privação ambiental, as dificuldades de linguagem excedem aquelas habitualmente associadas com esses problemas (Critério D). Caso um déficit motor da fala ou sensorial ou uma condição neurológica esteja presente, isto deve ser codificado no Eixo III.

Um indivíduo com este transtorno apresenta as dificuldades associadas com o Transtorno da Linguagem Expressiva (por ex., um vocabulário acentuadamente limitado, erros nos tempos verbais, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases com a extensão ou complexidade apropriadas em termos evolutivos, e dificuldade geral para expressar idéias), juntamente com um prejuízo no desenvolvimento da linguagem receptiva (por ex., dificuldade para compreender palavras, frases ou tipos específicos de palavras).

Em casos leves, a dificuldade pode restringir-se à compreensão de determinados tipos de palavras (por ex., termos espaciais) ou enunciados (por ex., orações complexas do tipo "se-então"). Em casos mais severos, pode haver múltiplas deficiências, incluindo uma incapacidade de compreender o vocabulário básico ou frases simples, além de déficits em várias áreas do processamento auditivo (por ex., discriminação de sons, associação, armazenagem, recordação e seqüenciamento de sons e símbolos).

Uma vez que o desenvolvimento da linguagem expressiva na infância se baseia na aquisição das habilidades receptivas, um transtorno puramente da linguagem receptiva (análogo à afasia de Wernicke em adultos) praticamente jamais é visto.

O Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva pode ser adquirido ou evolutivo. No tipo adquirido, ocorre um prejuízo na linguagem receptiva e expressiva após um período de desenvolvimento normal, em conseqüência de uma condição neurológica ou outra condição médica geral (por ex., encefalite, traumatismo craniano, irradiação).

No tipo evolutivo, existe um prejuízo na linguagem receptiva e expressiva não associado com um agravo neurológico de origem conhecida. Este tipo caracteriza-se por um desenvolvimento lento da linguagem, no qual a fala pode começar tarde e atravessar vagarosamente os estágios de desenvolvimento da linguagem.

Características e Transtornos Associados
As características lingüísticas do prejuízo de produção no Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva são similares àquelas que acompanham o Transtorno da Linguagem Expressiva. O déficit na compreensão é a característica primária que diferencia este transtorno do Transtorno da Linguagem Expressiva, podendo variar dependendo da gravidade do transtorno e da idade da criança.

Os prejuízos da compreensão da linguagem podem ser menos óbvios do que os da produção da linguagem, por não serem tão facilmente visíveis ao observador, podendo aparecer apenas em uma avaliação formal. A criança, por sua vez, pode parecer não ouvir ou estar confusa ou não estar prestando atenção quando lhe falam. Ela pode seguir comandos incorretamente ou não lhes obedecer em absoluto e responder a perguntas de modo tangencial ou inapropriado.

A criança pode ser excepcionalmente quieta ou, inversamente, muito loquaz. As habilidades de conversação (por ex., revezar-se na fala, manter um assunto) freqüentemente são bastante insatisfatórias ou inapropriadas. Déficits em várias áreas do processamento de informações sensoriais são comuns, especialmente no processamento auditivo temporal (por ex., taxa de processamento, associação de sons e símbolos, seqüência de sons e memória, atenção e discriminação para sons).

A dificuldade para a produção de seqüências motoras com harmonia e rapidez também é característica. Transtorno Fonológico, Transtornos da Aprendizagem e déficits na percepção da fala freqüentemente estão presentes e são acompanhados por prejuízos de memória. Outros transtornos associados: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação e Enurese.

O Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva pode ser acompanhado por anormalidades ao EEG, achados anormais em neuroimagem e outros sinais neurológicos. A síndrome de Landau-Kleffner é uma forma de Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva , com início por volta dos 3 aos 9 anos de idade e acompanhada por convulsões.

Aspectos Específicos à Cultura e ao Gênero
As avaliações do desenvolvimento das capacidades de comunicação devem levar em consideração os contextos cultural e lingüístico do indivíduo, particularmente no caso de pessoas que cresceram em ambientes bilíngües.

As medições padronizadas do desenvolvimento da linguagem e da capacidade intelectual não-verbal devem ser relevantes para os grupos cultural e lingüístico. O tipo evolutivo é mais prevalente entre os indivíduos do sexo masculino.

Prevalência
Estima-se que o tipo evolutivo do Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva pode ocorrer em até 3% das crianças em idade escolar, mas provavelmente este transtorno é menos comum do que o Transtorno da Linguagem Expressiva.

A síndrome de Landau-Kleffner e outras formas do tipo adquirido do transtorno são mais raras.

Curso
O tipo evolutivo de Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva geralmente é detectável antes dos 4 anos. As formas severas do transtorno podem ser visíveis já aos 2 anos. Formas mais leves podem não ser reconhecidas até o ingresso da criança nas primeiras séries escolares, quando então os déficits na compreensão se tornam mais evidentes.

O tipo de Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva adquirido devido a lesões cerebrais, traumatismo craniano ou acidente cérebro-vascular pode ocorrer em qualquer idade.

O tipo adquirido devido a síndrome de Landau-Kleffner (afasia epilética adquirida) geralmente ocorre entre os 3 e os 9 anos de idade. Muitas crianças com Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva acabam adquirindo habilidades normais de linguagem, mas o prognóstico é pior do que para aquelas com Transtorno da Linguagem Expressiva.

No tipo adquirido de Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva o curso e o prognóstico estão relacionados à gravidade e à localização da patologia cerebral, bem como à idade da criança e grau de desenvolvimento da linguagem à época de aquisição do transtorno.

A melhora clínica nas capacidades de linguagem por vezes é completa, enquanto em outros casos pode haver uma recuperação incompleta ou déficit progressivo. As crianças com as formas mais severas tendem a desenvolver Transtornos da Aprendizagem.

Padrão Familial
O tipo evolutivo de Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva é mais comum entre os parentes biológicos em primeiro grau de indivíduos com o transtorno do que na população em geral. Não existem evidências de agregação familial no tipo adquirido do transtorno.

Diagnóstico Diferencial
O Transtorno da Linguagem Expressiva distingue-se do Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva pela presença, neste último, de um prejuízo significativo na linguagem receptiva.

O Transtorno da Linguagem Expressiva não é diagnosticado se são satisfeitos os critérios para Transtorno Autista ou outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. O Transtorno Autista também envolve prejuízo na linguagem expressiva, mas pode ser diferenciado dos Transtornos da Transtorno da Linguagem Expressiva e Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva pelas características de prejuízo na comunicação (por ex., uso estereotipado da linguagem) e pela presença de um prejuízo qualitativo na interação social e de padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento.

O desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva pode apresentar prejuízo devido a Retardo Mental, um prejuízo auditivo ou outro déficit sensorial, um déficit motor da fala ou severa privação ambiental. A presença desses problemas pode ser estabelecida por testes de inteligência, testagem audiométrica, testagem neurológica e anamnese.

Se as dificuldades de linguagem excedem aquelas habitualmente associadas com esses problemas, aplica-se um diagnóstico concomitante de Transtorno da Linguagem Expressiva ou Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva. As crianças com atrasos na linguagem expressiva devido à privação ambiental podem apresentar rápidos progressos, se melhorados os problemas ambientais. No Transtorno da Expressão Escrita, existe uma perturbação nas habilidades de escrita.

Caso déficits na expressão oral também estejam presentes, poderá aplicar-se um diagnóstico adicional de Transtorno da Linguagem Expressiva. O Mutismo Seletivo envolve uma produção restrita de linguagem expressiva que pode imitar o Transtorno da Linguagem Expressiva ou o Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva; anamnese e observação detalhadas podem ser necessárias para determinar a presença de uma linguagem normal, em alguns contextos. A afasia adquirida associada com uma condição médica geral na infância geralmente é transitória.


Critérios Diagnósticos para F80.2 - 315.31 Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva
A. Os escores obtidos em uma bateria de testes padronizados, individualmente administrados, do desenvolvimento da linguagem tanto receptiva quanto expressiva estão acentuadamente abaixo daqueles obtidos a partir de medições padronizadas da capacidade intelectual não-verbal. Os sintomas incluem os do Transtorno da Linguagem Expressiva, acrescidos de dificuldade para compreender palavras, frases ou tipos específicos de palavras, tais como termos espaciais.
B. As dificuldades com as linguagens receptiva e expressiva interferem significativamente no rendimento escolar ou profissional ou na comunicação social.
C. Não são satisfeitos os critérios para Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
D. Em presença Retardo Mental, déficit motor da fala ou outro déficit sensorial ou privação ambiental, as dificuldades de linguagem excedem aquelas habitualmente associadas com esses problemas.
Nota para a codificação: Caso esteja presente um déficit motor da fala ou sensorial ou uma condição neurológica, codificar a condição no Eixo III. 
Quer saber mais,
Transtorno Misto da Linguagem Receptivo-Expressiva
Distúrbio Específico de Linguagem

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DISTÚRBIOS, TRANSTORNOS, DIFICULDADES E PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM:



DISTÚRBIOS, TRANSTORNOS, DIFICULDADES E PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM:

Juliana Zantut Nutti


A definição do que se considera como distúrbio, transtorno, dificuldade e/ou problema de aprendizagem é uma das mais inquietantes problemáticas para aqueles que se atuam no diagnóstico, prevenção e reabilitação do processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta literatura fundamentada em concepções nem sempre coincidentes ou convergentes. O grande número de obras relacionadas à temática impede que se contemplem todas as definições e abordagens sobre os conceitos mencionados. Pretende-se, no presente artigo, a partir de uma revisão bibliográfica, empreender uma descrição dos conceitos recorrentes na literatura especializada e discutir-se algumas perspectivas de análise sobre o que se vem denominando como “dificuldade de aprendizagem”, a fim de propor um painel provisório acerca da temática. Como síntese apresenta-se a análise de Romero (1995), que situa as diversas teorias ou modelos de concepção sobre as dificuldades de aprendizagem em um contínuo pessoa - ambiente, defendendo uma posição intermediária, integradora e interacionista, baseada em um concepção dialética das dificuldades de aprendizagem, na qual posições aparentemente opostas podem dialogar e serem complementares entre si.

Introdução

A literatura a respeito do diagnóstico e tratamento de distúrbios, transtornos, dificuldades ou problemas de aprendizagem é vasta e fundamentada em concepções, muitas vezes, divergentes entre si.
Devido o grande número de obras relacionadas ao assunto, torna-se inviável contemplar todas as possíveis definições e abordagens sobre esses conceitos. Portanto, nesse texto pretendemos analisar os conceitos mais comumente utilizados na literatura especializada e algumas das muitas perspectivas de análise sobre as dificuldades de aprendizagem, procurando traçar um panorama (ainda que provisório) sobre essa temática.
Segundo Moojen (1999), os termos distúrbios, transtornos, dificuldades e problemas de aprendizagem tem sido utilizados de forma aleatória, tanto na literatura especializada como na prática clínica e escolar, para designar quadros diagnósticos diferentes.
Na mesma perspectiva, França (1996) coloca que a utilização dos termos distúrbios, problemas e dificuldades de aprendizagem é um dos aspectos menos conclusivos para aqueles que iniciam a formação em Psicopedagogia. Para o autor, aparentemente os defensores da abordagem comportamental preferem a utilização do termo distúrbio, enquanto os construtivistas parecem ser adeptos do termo dificuldade. Ainda de acordo com o autor, aparentemente a distinção feita entre os termos dificuldades e distúrbios de aprendizagem esteja baseada na concepção de que o termo “dificuldade” está mais relacionado à problemas de ordem psicopedagógica e/ou sócio - culturais, ou seja, o problema não está centrado apenas no aluno, sendo que essa visão é mais freqüentemente utilizado em uma perspectiva preventiva; por outro lado, o termo “distúrbio” está mais vinculado ao aluno, na medida em que sugere a existência de comprometimento neurológicos em funções corticais específicas, sendo mais utilizado pela perspectiva clínica ou remediativa.

Distúrbios de aprendizagem

 Collares e Moysés (1992) analisaram o conceito de distúrbios de aprendizagem do ponto de vista etimológico e a partir do conceito proposto pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), Estados Unidos da América.
Etimologicamente, a palavra distúrbio compõem-se do radical turbare e do prefixo dis. O radical turbare significa “alteração violenta na ordem natural” e pode ser identificado também nas palavras turvo, turbilhão, perturbar e conturbar. O prefixo dis tem como significado “alteração com sentido anormal, patológico” e possui valor negativo. O prefixo dis é muito utilizado na terminologia médica (por exemplo: distensão, distrofia). Em síntese, do ponto do vista etimológico, a palavra distúrbio pode ser traduzida como “anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural”
Segundo as autoras, seguindo a mesma perspectiva etimológica, a expressão distúrbios de aprendizagem teria o significado de “anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural da aprendizagem”, obviamente localizada em quem aprende. Portanto, um distúrbio de aprendizagem obrigatoriamente remete a um problema ou a uma doença que acomete o aluno em nível individual e orgânico.
 De acordo com Collares e Moysés (1992), o uso da expressão distúrbio de aprendizagem tem se expandido de maneira assustadora entre os professores, apesar da maioria desses profissionais nem sempre conseguir explicar claramente o significado dessa expressão ou os critérios em que se baseiam para utilizá-la no contexto escolar. Na opinião das autoras, a utilização desmedida da expressão distúrbio de aprendizagem no cotidiano escolar seria mais um reflexo do processo de patologização da aprendizagem ou da biologização das questões sociais.
De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos da América,
Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas condições ou influências. (Collares e Moysés, 1992: 32)

O National Joint Comittee for Learning Disabilities é considerado, nos Estados Unidos da América, como o órgão competente para normatizar os assuntos referentes aos distúrbios de aprendizagem. A fim de prevenir a ocorrência de erros de interpretação o Comitê publicou a definição acima apresentada com explicações específicas ao longo de cada frase.
A frase “estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central”, por exemplo, vem acompanhada da explicação de que a fonte do distúrbio deve ser encontrada internamente à pessoa que é afetada e que a causa do distúrbio de aprendizagem é uma disfunção conhecida ou presumida no sistema nervoso central. Acerca da evidência concreta de organicidade relacionada ao distúrbio de aprendizagem, o Comitê afirma que, apesar de não ser necessário que tal evidência esteja presente, é necessário que, pelo menos, uma disfunção do sistema nervoso central seja a causa suspeita para que o distúrbio possa ser diagnosticado.
No entanto, segundo Ross (1979, citado por Miranda, 2000), a utilização do termo “distúrbio de aprendizagem”, chama a atenção para a existência de crianças que freqüentam escolas e apresentam dificuldades de aprendizagem, embora aparentemente não possuam defeitos físicos, sensoriais, intelectuais ou emocionais. Esse rótulo, segundo o autor, ocasionou durante anos que tais crianças fossem ignoradas, mal diagnosticadas ou maltratadas e as dificuldades que demonstravam serem designadas de várias maneira como “hiperatividade”, “síndrome hipercinética”, “síndrome da criança hiperativa”, “lesão cerebral mínima”, disfunção cerebral mínima”, “dificuldade de aprendizagem” ou “disfunção na aprendizagem.”
Para Collares e Moysés (1992), os distúrbios de aprendizagem seriam frutos do pensamento médico, surgindo como entidades nosológicas e com o caráter de doenças neurológicas.

Transtornos de aprendizagem

Outra terminologia recorrente na literatura especializada é a palavra “transtorno”. Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificação Internacional de Doenças - 10, elaborado pela Organização Mundial de Saúde: 

O termo “transtorno” é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Transtorno” não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (CID - 10, 1992: 5).

A Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificação Internacional de Doenças - 10 (ou, simplesmente CID - 10) situa os problemas referentes à aprendizagem na classificação Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), que, por sua vez, está inserida na categoria mais ampla de Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80 - 89).
Segundo o CID - 10, todos os transtornos incluídos na categoria Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80 - 89), inclusive os Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), possuem os seguintes aspectos em comum:
- um início que ocorre invariavelmente no decorrer da infância;
- um comprometimento ou atraso no desenvolvimento de funções que são fortemente relacionadas à maturação biológica do sistema nervoso central;
- um curso estável que não envolve remissões (desaparecimentos) e recaídas que tendem a ser características de muitos transtornos mentais.

Segundo o CID - 10: 

Na maioria dos casos, as funções afetadas incluem linguagem, habilidades visuoespaciais e/ou coordenação motora. É característico que os comprometimentos diminuam progressivamente à medida que a criança cresce (embora déficits mais leves freqüentemente perdurem na vida adulta). Em geral, a história é de um atraso ou comprometimento que está presente desde tão cedo quando possa ser confiavelmente detectado, sem nenhum período anterior de desenvolvimento normal. A maioria dessas condições é mais comum em meninos que em meninas. (Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da Classificação Internacional de Doenças - 10, 1992: 228).

Em relação aos Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80 - 89), o documento coloca que é característicos a esses tipos de transtornos que uma história familiar de transtornos similares ou relacionados esteja presente e que fatores genéticos tenham um papel importante na etiologia (conjunto de possíveis causas) de muitos (mas não de todos) os casos. Os fatores ambientais freqüentemente podem influenciar as funções de desenvolvimento afetadas, porém, na maioria dos casos, esses fatores não possuem uma influência predominante. E adverte que, embora exista uma concordância na conceituação global dos transtornos do desenvolvimento psicológico, a etiologia na maioria dos casos é desconhecida e há incerteza contínua com respeito a ambos (CID - 10, 1992: 228).
Acerca dos Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), o documento coloca que 

(...) são transtornos nos quais os padrões normais de aquisição de habilidades são perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Eles não são simplesmente uma conseqüência de uma falta de oportunidade de aprender nem são decorrentes de qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de anormalidades no processo cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica (CID - 10, 1992: 236).
 
Quanto ao diagnóstico desses tipos de transtornos, o CID - 10 alerta que existem cinco tipos de dificuldades para que esse seja estabelecido, dos quais destacam-se:
- a necessidade de diferenciar os transtornos de variações normais nas realizações escolares;
- a necessidade de levar em consideração o curso do desenvolvimento, pois, em primeiro lugar, o significado de um atraso de um ano em leitura, na idade de 7 anos é diferente do atraso de um anos aos 14 anos de idade. Em segundo lugar, é comum que um atraso de linguagem nos anos pré - escolares desapareça no que diz respeito à linguagem falada, mas seja seguido por um atraso específico na leitura, o qual, por sua vez, pode diminuir na adolescência, ou seja, a condição é a mesma ao longo do tempo, mas o padrão se altera com o aumento da idade;
- a dificuldade de que as habilidades escolares têm que ser ensinadas e aprendidas: essas habilidades não são apenas resultados da maturação biológica e, dessa maneira, o nível de habilidades de uma criança dependerá das circunstâncias familiares e da escolaridade, além de suas próprias características individuais.
Fazem parte da categoria Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares (F81), as seguintes subcategorias:
F81.0 - Transtorno específico da leitura
F81.1 - Transtorno específico do soletrar
F81.2. - Transtorno específico de habilidades aritméticas
F81.3 - Transtorno misto das habilidades escolares
F81.8 - Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares
F81.9 - Transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares, não especificado

De acordo com o CID - 10, os Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares são compostos por grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares, comprometimentos esses que não são resultado direto de outros transtornos, como o retardo mental, os déficits neurológicos grosseiros, os problemas visuais ou auditivos não corrigidos ou as perturbações emocionais, embora eles possam ocorrer simultaneamente com essas condições. Os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares geralmente ocorrem junto com outras síndromes clínicas, como por exemplo, o transtorno de déficit de atenção ou o transtorno de conduta, ou outros transtornos do desenvolvimento, tais como o transtorno específico do desenvolvimento da função motora ou os transtornos específicos do desenvolvimento da fala e linguagem.
As possíveis causas dos Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares não são conhecidas, mas supõe-se que exista a predominância de fatores biológicos, os quais interagem com fatores não biológicos, como oportunidade para aprender e qualidade do ensino. É um fator diagnóstico importante que os transtornos se manifestem durante os primeiros anos de escolaridade. Portanto, segundo o CID - 10, o atraso do desempenho escolar de crianças em um estágio posterior de suas vidas escolares, devido à falta de interesse, a um ensino deficiente, a perturbações emocionais ou ao aumento ou mudança no padrão de exigência das tarefas, não podem ser considerados Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares.
Ao lado da definição proposta pelo CID - 10, apresentados a análise realizada por Moojen (1999) sobre o conceito de Transtornos de Aprendizagem, a partir do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - IV). Segundo essa análise, o termo Transtorno de Aprendizagem situa-se na categoria dos Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou adolescência, sendo classificado em Transtorno de Leitura, Transtorno de Matemática e Transtorno da Expressão Escrita. Os Transtornos de Aprendizagem são diagnosticados quando o desempenho de indivíduos submetidos a testes padronizados de leitura, matemática ou expressão escrita está significativamente abaixo do esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM - IV) estima que a prevalência dos Transtornos de Aprendizagem seja na faixa de 2 a 10% da população, dependendo da natureza da averiguação e das definições explicadas.

Dificuldades ou problemas de aprendizagem

Moojen (1999) afirma que, ao lado do pequeno grupo de crianças que apresenta Transtornos de Aprendizagem decorrente de imaturidade do desenvolvimento e/ou disfunção psiconeurológica, existe um grupo muito maior de crianças que apresenta baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados ou em interação. As alterações apresentadas por esse contingente maior de alunos poderiam ser designado como “dificuldades de aprendizagem”. Participariam dessa conceituação os atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação metodológica ou mudança no padrão de exigência da escola, ou seja, alterações evolutivas normais que foram consideradas no passado como alterações patológicas.
Pain (1981, citado por Rubinstein, 1996) considera a dificuldade para aprender como um sintoma, que cumpre uma função positiva tão integrativa como o aprender, e que pode ser determinado por:
1. Fatores orgânicos: relacionados com aspectos do funcionamento anatômico, como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central;
2. Fatores específicos: relacionados à dificuldades específicas do indivíduo, os quais não são passíveis de constatação orgânica, mas que se manifestam na área da linguagem ou na organização espacial e temporal, dentre outros;
 3. Fatores psicógenos: é necessário que se faça a distinção entre dificuldades de aprendizagem decorrentes de um sintoma ou de uma inibição. Quando relacionado ao um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente; quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego, ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os problemas para aprender;
 4. Fatores ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que podem favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo.

Fernández (1991) também considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. A dificuldade para aprender, segundo a autora, seria o resultado da anulação das capacidades e do bloqueamento das possibilidades de aprendizagem de um indivíduo e, a fim de ilustrar essa condição, utiliza o termo inteligência aprisionada (atrapada, no idioma original).
Para a autora, a origem das dificuldades ou problemas de aprendizagem não se relaciona apenas à estrutura individual da criança, mas também à estrutura familiar a que a criança está vinculada. As dificuldades de aprendizagem estariam relacionadas às seguintes causas:
1. Causas externas à estrutura familiar e individual: originariam o problema de aprendizagem reativo, o qual afeta o aprender mas não aprisiona a inteligência e, geralmente, surge do confronto entre o aluno e a instituição;
2. Causas internas à estrutura familiar e individual: originariam o problema considerado como sintoma e inibição, afetando a dinâmica de articulações necessárias entre organismo, corpo, inteligência e desejo, causando o desejo inconsciente de não conhecer e, portanto, de não aprender;
3. Modalidades de pensamento derivadas de uma estrutura psicótica, as quais ocorrem em menor número de casos;
4. Fatores de deficiência orgânica: em casos mais raros.
A aprendizagem e seus desvios, para Fernández, compreendem não somente a elaboração objetivante, como também a elaboração subjetivante, as quais estão relacionadas às experiências pessoais, aos intercâmbios afetivos e emocionais, recordações e fantasias (Miranda, 2000).
 
Em busca de uma síntese (ainda que provisória)

Em uma tentativa de síntese, apresentaremos a proposta de análise de Romero (1995), o qual afirma que, apesar da proliferação de teorias e modelos explicativos com a pretensão, nem sempre bem - sucedida, de esclarecer as dificuldades aprendizagem, em geral essas costumam ser atribuídas a:

1. Variáveis pessoais, como a heterogeneidade ou a lesões cerebrais;
2. Variáveis ambientais, como ambientes familiares e educacionais inadequados;
3. Combinação interativa de ambos os tipos.

Segundo o autor, é possível situar as diferentes teorias ou modelos de concepção das dificuldades de aprendizagem em um contínuo pessoa - ambiente, dependendo da ênfase na responsabilidade da pessoa ou do ambiente na causa da dificuldade.
Em um extremo estariam todas as explicações que se centram no aluno e que compartilham a concepção da pessoa como um ser ativo, considerando o organismo como a fonte de todos os atos. No outro extremo, estariam situadas as correntes de cunho ambiental, que estão ligadas, em maior ou menor grau, a uma concepção mecanicista do desenvolvimento, considerando que a pessoa é controlada pelos estímulos do ambiente externo.
Para melhor visualização, reproduz-se abaixo o quadro originalmente elaborado pelo autor:

As teorias sobre a origem das dificuldades de aprendizagem situadas em um contínuo pessoa - ambiente segundo a ênfase na importância daquela ou deste na causa das dificuldades


  P ® Teorias sobre déficits neurológicos
  E ® Teoria sobre déficits de processos
  S      psiconeurológicos subjacentes: - Perceptivos
  S ® Linguísticos
  O ® Teorias sobre atrasos maturativos: Do Sistema Nervoso Central
  A ®                                                        De funções psicológicas
      ® Teorias sobre deficiências no processamento ativo da informação
  A
  M                                        - Baseadas em processos psicológicos subjacentes
  B ® Teorias integradoras  - Baseadas no processamento da informação
  I
  E ® Teorias centradas no ambiente
  N     sócio - educacional do aluno:       - No ambiente sociológico
  T                                                           - No ambiente educacional
  E ® Teorias centradas na tarefa


Fonte: ROMERO, J. F. Os atrasos maturativos e as dificuldades de aprendizagem. In: COLL. C., PALACIOS, J., MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, v. 3

No entanto, segundo Romero (1995), as posições nem sempre limitam-se a uma ou outra dessas categorias: será difícil encontrar, nos dias de hoje, um defensor de causas neurológicas que descarte completamente a importância dos diversos determinantes ambientais, assim como que quem enfatiza a importância dos fatores puramente acadêmicos não pode ignorar a influência de certos processos psiconeurológicos e ambientais.
Nesse sentido, Scoz (1994: 22) coloca que

(...) os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.

Portanto, em posições intermediárias do contínuo pessoa - ambiente deve-se situar a maioria dos autores, os quais defendem posturas integradoras e interacionistas, baseadas em um concepção dialética das dificuldades de aprendizagem, na qual posições aparentemente opostas podem dialogar e serem complementares entre si.


Para fazer o download clique aqui.



Referências bibliográficas
Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Organização Mundial de Saúde (Org.). Porto Alegre: Artes Médicas, 1993
COLLARES, C. A. L. e MOYSÉS, M. A. A. A História não Contada dos Distúrbios de Aprendizagem. Cadernos CEDES no 28, Campinas: Papirus, 1993, pp.31-48.
FERNÁNDEZ. A. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e da família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991
FRANÇA, C. Um novato na Psicopedagogia. In: SISTO, F. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996
MIRANDA, M. I. Crianças com problemas de aprendizagem na alfabetização: contribuições da teoria piagetiana. Araraquara, SP: JM Editora, 2000
MOOJEN, S. Dificuldades ou transtornos de aprendizagem? In: Rubinstein, E. (Org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999
ROMERO, J. F. Os atrasos maturativos e as dificuldades de aprendizagem. In: COLL. C., PALACIOS, J., MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, v. 3
RUBISTEIN, E. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In: SISTO, F. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996
SCOZ, B. Psicopedagogia e realidade escolar, o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994




Juliana Zantut Nutti - Psicóloga, Doutora em Educação pela UFSCar
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Fonte: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=339:

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