quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mais tempo para quê?

REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 156

Mais tempo para quê?
Cada vez mais, a educação integral ganha adeptos entre os formuladores de políticas públicas e especialistas em educação. Nem sempre, no entanto, todos a veem da mesma forma
 
Gabriel Jareta


Um dos mais marcantes episódios de violência em ambiente escolar ocorrido nos últimos anos no Brasil se deu em um tradicional colégio público de São Paulo, frequentado por um pequeno número de alunos e localizado em área central da cidade. Na manhã de 12 de novembro de 2008, a então quase centenária Escola Estadual Amadeu Amaral, no Belém, foi varrida por uma onda de violência que ninguém sabe ao certo como começou: cadeiras e carteiras foram arremessadas, vidros destruídos, alunas rivais engalfinharam-se e os professores, com medo, fecharam-se em uma sala até a chegada da Polícia Militar, que, segundo relatos, só conseguiu apaziguar os ânimos na base do cassetete. Naquela mesma semana, atos isolados de vandalismo - como vidros quebrados e episódios de agressão - já indicavam o
quanto o clima na escola estava se tornando insustentável.Pouco menos de um mês depois, durante o anúncio de uma proposta antiviolência na Assembleia Legislativa de São Paulo motivada pelos eventos na Amadeu Amaral, a então secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, ressaltou um ponto fundamental, que até então era apenas uma nota de rodapé nos relatos sobre a onda de vandalismo: a escola era uma das cerca de 400 que adotaram o regime de tempo integral proposto pelo governo estadual, com previsão de nove horas diárias de aulas relacionadas ao currículo básico, atividades esportivas, artes, leitura, empreendedorismo e uma série de oficinas voltadas para a melhoria da aprendizagem e o crescimento pessoal e intelectual. Talvez por isso, como relatou a Folha de S.Paulo dias depois, a ex-secretária tenha questionado com tanta ênfase como a escola Amadeu Amaral tenha chegado àquela situação dramática.
Embora seja um exemplo extremo - a exceção, e não a regra - o caso ocorrido na tradicional escola da zona leste de São Paulo insere mais um ingrediente em uma discussão complexa: ao se falar em educação integral, está claro para especialistas que aumentar o tempo do aluno na sala de aula não é, por si só, capaz de transformar para melhor as experiências escolares. Por outro lado, se a educação integral exige, na teoria, mais tempo disponível de alunos e professores, como preencher essas horas a mais com atividades conectadas ao currículo básico, não apenas tornando-as um momento "livre" para jogar bola, usar o computador sem supervisão, adiantar a tarefa de casa ou ficar à toa no pátio esperando a hora de ir pra casa?
"A educação integral não é simplesmente estender o horário", diz Maria do Carmo Brant de Carvalho, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), organização que assessora projetos em educação pública. "Na educação integral, o aluno precisa ter garantidas também as educações afetiva, moral, esportiva. Não é só a educação cognitiva, mas de várias dimensões", explica. Segundo ela, a média de horas de estudo nas escolas brasileiras públicas é hoje de quatro horas - muito pouco para dar conta de todas essas dimensões.
O entendimento da educação integral como uma formação em várias esferas também é defendido pela professora Janaína Specht da Silva Menezes, diretora da Faculdade de Educação da Unirio. "(A educação integral) é a busca da formação nas suas multidimensões: psicológica, afetiva e política, entre outras possíveis. É possibilitar que os alunos tenham acesso a condições que jamais teriam se permanecessem voltados apenas para o currículo tradicional", diz ela, que é também integrante do Núcleo de Estudos - Tempos, Espaços e Educação Integral (Neephi), formado por pesquisadores de diversas instituições de ensino superior do país. Isso não quer dizer, porém, que a educação integral poderia ser implantada sem ampliação da jornada. Não por acaso, o mapeamento realizado pelo Neephi a respeito do assunto foi batizado "Educação integral/educação integrada e(m) tempo integral: concepções e práticas na educação brasileira".
Para Vitor Henrique Paro, professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), a diferenciação precisa ser feita para que não se confunda a educação integral com a educação "em tempo integral", puramente a ampliação do tempo em que a criança ou o adolescente permanece na escola. O que já é ruim, segundo ele, seria apenas ruim por mais tempo. "Dobrar o tempo dessa escola é criminoso, é sacrificar duas vezes a criança", afirma.
Ainda assim, números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam que mais tempo na escola pode garantir melhor aproveitamento nas disciplinas regulares: a cada hora adicional de estudo, diz a pesquisa, o desempenho dos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) aumenta 2,5 pontos percentuais, em uma escala que vai de 0 a 500. Foram analisados no estudo dados de alunos de 4ª série nos anos de 1999, 2001 e 2003. Pela legislação, a carga horária mínima para que a educação seja considerada de "tempo integral" é de sete horas.
Mesmo esse período de tempo deve ser observado, para que as horas a mais na escola não acabem privando a criança do ambiente familiar por mais tempo que o necessário. Em sua análise sobre o mapeamento realizado pelo Neephi, Maria do Carmo afirma que as crianças e adolescentes precisam de um "tempo doméstico de direito à socialização, proteção e convívio familiar". As aulas de segunda a sexta-feira também precisam prever uma janela de "folga", para compromissos externos, como uma consulta médica. "Alguns outros países com tradição na opção pelo tempo integral liberam meio período de um dia da semana para a convivência e compromissos domésticos", afirma.
Oficinas de teatro e artes estão entre as mais adotadas pelas redes que optam por atividades para o contraturno, como é o caso de Sorocaba (SP)
Agenda pública

No Brasil, embora o conceito de educação integral já fizesse parte do debate sobre a educação desde a década de 1930, principalmente com o educador Anísio Teixeira, as experiências públicas foram isoladas e se concentraram em projetos experimentais, como o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, implantado em Salvador em 1953, ou em iniciativas que não tiveram a continuidade desejada, como no caso dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) - os populares "Brizolões" - no Rio de Janeiro da década de 1980. (leia texto nas páginas 26 e 27).
Nos últimos anos, porém, esse movimento em busca da educação integral vem ganhando força nas redes públicas por meio de programas estaduais de estímulo à ampliação da jornada e, principalmente, do programa Mais Educação, do governo federal, que prevê acréscimo de repasses para a implantação de uma jornada mínima de sete horas, com a previsão de atividades de no mínimo três dos dez macrocampos estabelecidos pelo governo federal: acompanhamento pedagógico (obrigatório); meio ambiente; esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e arte; inclusão digital; prevenção e promoção da saúde; educomunicação; educação científica; e educação econômica e cidadania. Dentro destes macrocampos é possível estabelecer atividades tão díspares quanto tae-kwon-do e rádio escolar, passando por grafite e história em quadrinhos, entre muitas outras. Os recursos chegam por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
De acordo com a diretora da Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania do Ministério da Educação, Jaqueline Moll, o programa Mais Educação é o meio de colocar em prática algumas propostas que estão presentes na Constituição de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) que visam o aumento da jornada escolar e a consolidação do acesso aos direitos básicos da criança e do jovem. "Há muitas tarefas pendentes na educação brasileira. A ampliação da jornada é uma condição fundamental para democratizar o acesso à cultura e uma maneira de diminuir as diferenças sociais", aponta.

O esporte é um dos macrocampos do programa Mais Educação
De fato, o que as escolas públicas com jornada ampliada passaram a fazer agora é correr atrás de um modelo consolidado na educação privada há muito tempo, o de oferecer aulas de reforço, línguas ou esportes como um "adicional" às aulas regulares, no mais das vezes no contraturno. Para Jaqueline, porém, esse adicional deve sempre caminhar lado a lado com o currículo básico, sob risco de repetir erros anteriores, como a fragmentação do ensino e, em última instância, a descontinuidade das políticas voltadas para a educação integral. "Não queremos só um tempo complementar, mas um currículo para mais e para melhor", diz.Na opinião de Maria do Carmo, do Cenpec, a discussão sobre a educação integral entrou em definitivo na "agenda pública". Segundo ela, algumas redes municipais de grande porte, como Belo Horizonte e Sorocaba, por exemplo, são modelos a serem seguidos na aplicação da educação integral, o que mostra que é possível implantar esse novo modelo de maneira ampla e abranger, especialmente, as camadas mais baixas e vulneráveis. "Conseguimos universalizar o acesso à educação, mas ainda falta conseguirmos universalizar o sucesso. A educação integral traz uma série de medidas para melhorar a aprendizagem", compara.
Mapa diversificadoAtualmente, 500 municípios brasileiros aplicam, de alguma forma, a jornada escolar ampliada, segundo mostra a pesquisa realizada pelo Neephi a pedido do MEC e divulgada em 2009. Para chegar a esse número, os pesquisadores analisaram questionários respondidos por dirigentes educacionais de 2.112 cidades brasileiras (38% do total de 5.564), que relataram alguma experiência do tipo em âmbito municipal. Os demais municípios responderam o questionário. "Na maioria dos municípios, as experiências são muito recentes. Só agora a educação integral está tomando forma em termos nacionais", afirma Janaína, da Unirio, que atribui esse movimento aos recursos destinados pelo Fundeb ao projeto Mais Educação. "O dinheiro é um grande estímulo. Muitos municípios já tinham o objetivo de implantar (a educação integral), mas não havia financiamento", completa.
De acordo com o mapeamento, os estados com maior número de municípios com experiências de jornada ampliada são Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Pernambuco. Por outro lado, Amazonas, Pará, Tocantins e Sergipe foram os que apresentaram menor quantidade. A pesquisa também calcula que cerca de 1,1 milhão de alunos em todo o Brasil estão em jornada ampliada. Um número pequeno quando comparado ao total de alunos da Educação Básica, de 52,5 milhões de alunos (cerca de 2% do total). Já em relação à carga horária, 55,5% das experiências ocorrem em períodos de sete horas diárias ou mais, o mínimo estabelecido por lei. A grande maioria das experiências estava sendo realizada no turno contrário - e em apenas 10,9% dos casos eram mescladas às aulas regulares.
O mapeamento também investigou quais atividades estavam sendo desenvolvidas durante o período de jornada ampliada - cada experiência reunia uma média de seis atividades diferentes. As duas principais modalidades eram relacionadas à prática de esportes (em 65% dos casos) e a aulas de reforço (61%). Em seguida, as principais atividades relatadas foram música, dança, teatro, informática, oficinas temáticas, artesanato e tarefas de casa, entre outras. No campo "outras atividades", muitos ainda relataram projetos ligados ao meio ambiente, como reciclagem, atividades pedagógico-culturais relacionadas à leitura e literatura e o cultivo de hortas e jardins.
Para a professora Janaína, essa diversidade de temas deve ser aproveitada sempre para enriquecer o currículo regular. "Algumas escolas possibilitam o 'aluno de tempo integral', o que é diferente da formação integral. Neste caso, o currículo deve ser pensado relacionando as atividades, em que o professor de esportes, por exemplo, vai trabalhar com o de matemática", explica. Por isso, diz ela, o projeto político-pedagógico precisa dar conta de estabelecer muito bem essas relações de atividades, assim como as relações entre os turnos. "As atividades não podem estar desconectadas do currículo".
A psicopedagoga Evelise Maria Labatut Portilho, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), também alerta para o risco de as atividades do horário ampliado permanecerem isoladas em relação às disciplinas básicas, como português e matemática. "Se a atividade de manhã é apenas centrada nos conteúdos e à tarde é mais lúdica, sem integração entre elas, então essa educação está fragmentada. O conceito de educação integral está perdido", afirma.
Em vista disso, defende que o currículo deve ser pensado de maneira ampla, envolvendo os dois períodos dentro do planejamento. "Uma atividade artística, como a pintura, deve sempre estar conectada ao que foi visto antes", aponta. Para exemplificar esse ponto de vista, Evelise chama a atenção para as atividades que são oferecidas em contraturno em muitas escolas privadas - como esportes ou línguas estrangeiras - e que não podem ser consideradas "educação integral". "Muitos pais trabalham e não podem deixar os filhos com a avó ou a empregada, então deixam na escola. De manhã é aula e à tarde vira um playground. Não é disso que estamos falando", diz.
Muros mais baixos
Para uma vertente dos defensores da educação integral, ela não precisa, necessariamente, ser realizada dentro da escola. Pelo contrário. Eles defendem que o conceito de educação integral prevê que o processo de conhecimento e aprendizagem contemple uma apropriação do espaço público como um todo, com apoio comunitário - uma das bases da ideia das Cidades Educadoras (leia mais nas páginas 30 e 31). Para isso, cada vez mais as escolas que procuram uma formação integral para seus alunos dialogam com parques, museus, igrejas, clubes, ONGs ou a espaços públicos diversos. É o que defende Maria do Carmo, do Cenpec, para quem a educação não pode ser circunscrita à sala de aula. "Temos lutado para que não seja preciso ampliar muito o tempo (de escola), mas sim circular nos espaços da própria comunidade", diz.
O conceito de espaço é importante na medida em que permite demonstrar que não só o conteúdo básico, mas também as outras dimensões de aprendizagem que fazem parte da ideia de educação integral podem ser transmitidos em qualquer contexto. "É possível aprender em qualquer espaço, tanto formal quanto informal", diz Evelise, da PUC/PR. Já na opinião de Jaqueline, do MEC, um projeto de educação integral tem o dever de diminuir os muros da escola e aproveitar os espaços públicos. "O espaço urbano é muito rico, permite o acesso a bens culturais a que muitos (alunos) da periferia não teriam acesso", diz ela, lembrando que as aulas em praças compõem uma ideia que remete ao filósofo Platão. "Não adianta as escolas ficarem de costas para a comunidade", diz.
Janaína, da Unirio, explica que a educação em ambiente externo desenvolve na criança a importância do senso de comunidade e favorece, do ponto de vista da aprendizagem, a correlação entre conteúdos. "Uma aula de canto em uma igreja, por exemplo, pode facilitar o estudo de aspectos históricos ou matemáticos por meio da arquitetura. Essa perspectiva de ampliação das possibilidades pede formação em teatros, em museus", diz. Na prática, o mapeamento realizado pelo Neephi mostra que a sala de aula é, ainda, o local mais utilizado para a prática de atividades em jornada ampliada. Na escola, os outros principais locais citados foram o pátio, a quadra de esportes e a biblioteca. Fora dela, o local preferido para as atividades são quadras/campos de futebol, seguido por praças/parques, bibliotecas, espaço de outras secretarias, clubes e associações comunitárias.
Mesmo o papel do professor passa por mudanças quando se fala em educação integral. Além da necessidade de integrar currículos, o que faz com que seja necessário estreitar o contato entre os docentes, a escola passa a ser palco de ação de educadores da própria comunidade, muitas vezes de forma voluntária, ou dos chamados "oficineiros", responsáveis por conduzir projetos específicos. Ainda que o professor continue sendo o principal responsável pelas atividades em jornada ampliada, o mapeamento do
Neephi mostra a presença de estagiários, voluntários, funcionários de ONGs e agentes culturais, entre outros.
Jaqueline, do MEC, diz que a presença de estudantes universitários e pessoas da comunidade faz parte da ideia de educação integral defendida pelo governo. "É desejável que o pessoal do cinema, do teatro, da dança entre na escola, não para tomar o lugar do professor, mas para enriquecer a prática", diz. Além disso, a universidade também precisa estar preparada para dar respostas às demandas dessa proposta educacional na formação docente. Vitor Paro, da USP, resume a questão: "A educação integral se faz na sociedade, a criança não depende apenas do educador. Precisamos superar esse modelo de escola que já dura 300 anos", diz.
Para além dos ideais educacionais que deveríamos perseguir, resta, no entanto, uma questão de fundo em relação às estratégias a serem escolhidas pela educação pública brasileira para materializar estes mesmos ideais. Sabendo-se, em função dos números apurados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que o custo/aluno/ano eleva-se em até 60% para a adoção da jornada estendida, vale mais a pena investir no aumento desse tipo de oferta ou na consolidação dos turnos existentes em bases mais aceitáveis, provendo infraestrutura física e humana para seu funcionamento? Se as duas coisas puderem ser feitas ao mesmo tempo, excelente. Caso não, é preciso que se discutam prioridades.
A origem do conceito
Por mais que pareça um assunto contemporâneo, a concepção de escola integral ou educação integral remonta à Antiguidade clássica, mais precisamente ao conceito de educação da Grécia Antiga, que buscava uma formação do homem como um todo: estético, moral, ético, metafísico, físico. De acordo com a pesquisadora Lígia Martha Coimbra da Costa Coelho, em seu artigo "História(s) da Educação Integral", publicado no periódico Em Aberto nº 80, "esse modo (dos gregos) de ver e perceber a formação do homem corresponde à natureza do que denominamos de educação integral: uma perspectiva que não hierarquiza experiências, saberes, conhecimentos". Ainda em seu artigo, a pesquisadora aponta que a educação integral só voltou a ser discutida de maneira mais organizada a partir do século 18, à luz dos ideais da Revolução Francesa, e recebeu contribuições teóricas e práticas ao longo dos dois séculos seguintes, com pensadores como o anarquista Mikhail Bakunin, ou, no Brasil, Anísio Teixeira, passando pela ideia de formação defendida pelos integralistas na década de 1930: "espiritualidade, o nacionalismo cívico e a disciplina".
Foi em Salvador que foi colocada em prática a primeira experiência a partir da concepção de ensino integral de Anísio Teixeira, baseada não só na aprendizagem dos conteúdos básicos, mas também de ofícios e no oferecimento de alimentação e hábitos de saúde adequados. O Centro Educacional Carneiro Ribeiro, implantado em 1953, tinha como objetivo promover uma formação completa em um ambiente escolar que compartilhava espaço com a chamada Escola-Parque, com pavilhões dedicados ao esporte, biblioteca, restaurante e outros equipamentos de lazer e de cunho social. A experiência, porém, permaneceu isolada.
Entre os anos de 1984 e 1994, foram construídos no Rio de Janeiro cerca de 500 Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), projetados por Oscar Niemeyer e concebidos pelo então secretário de Educação Darcy Ribeiro para funcionar das 8h às 17h e atender, especialmente, as crianças de classes mais carentes. Os centros, que previam um espaço comum tanto para as atividades escolares regulares como para as atividades extras, ficaram conhecidos por "Brizolões", pois foram criados durante a gestão do então governador Leonel Brizola. No início da década de 1990, as novas unidades passaram a ser denominadas Ciacs (Centros Integrados de Atendimento à Criança) e depois Caics (Centros de Atenção Integral às Crianças).

Saiba mais
Educação brasileira e(m) tempo integral, Lígia Martha Coimbra da Costa Coelho e Ana Maria Villela Cavaliere (organizadoras), Editora Vozes, 2002.

Educação integral em tempo integral: Estudos e experiências em processo, Lígia Martha Coimbra da Costa Coelho, Editora DP et alii, 2009.

Em Aberto n. 80 - Educação integral e tempo integral, vários autores, Inep, 2009. (Disponível para download em http://www.publicacoes.inep.gov.br/)
Escola de tempo integral: desafio para o ensino público, Vitor Henrique Paro et al., Cortez, Autores Associados, 1988.
O livro dos CIEPs, Darcy Ribeiro, Bloch, 1986.

A instrução integral, Mikhail Bakunin, Imaginário, 2003.
Educação não é privilégio, Anísio Teixeira, Editora UFRJ, 1994.
Tempo de escola e qualidade na educação pública, em Revista Educação & Sociedade [número especial - Educação escolar: os desafios da qualidade, v. 28, n. 100], Ana Maria Cavaliere, Cedes, 2007.

Formação social da mente, L. S. Vygotsky, Martins Fontes, 1998.
Educação integral: uma educação holística para o século XXI, Rafael Yus Ramos, Artmed, 2002.

- O passado que ensina
- Hora de (pouca) renovação
- A segunda morte de Anísio
- Tempos acelerados

Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12876

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Psicanálise vídeos e slides.



Abaixo uma série de slides e vídeos referentes a aula que estamos tendo, no curso de psicopedagogia da UNINOVE com a professora Eneida da disciplina Teoria Psicanálitica
 Mas antes dos slides e vídeos segue a historia do mito da Psiquê e Eros.

EROS E PSIQUÊ: A LENDA



"Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens que só eram devidas à própria Afrodite.
Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se profundamente.
O pai de Psique, suspeitando que, inadvertidamente, havia ofendido os deuses, resolveu consultar o oráculo de Apolo, pois suas outras filhas encontraram maridos e, no entanto, Psique permanecia sozinha. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seu pesarosos parentes e amigos. Conformada com seu destino, Psique foi tomada por um profundo sono, sendo, então, conduzida pela brisa gentil de Zéfiro a um lindo vale.
Quando acordou, caminhou por entre as flores, até chegar a um castelo magnífico. Notou que lá deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomando coragem, entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos foram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a voz.
Chegando a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de dormir. Certa de ali encontraria finalmente o seu terrível esposo, começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto. No entanto, uma voz maravilhosa a acalmou. Logo em seguida, sentiu mãos humanas acariciarem seu corpo. A esse amante misterioso, ela se entregou.. Quando acordou, já havia chegado o dia e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas noites.
Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos seus chamados. Psique sentindo-se solitária em seu castelo-prisão, implorava ao seu amante para deixá-la ver suas irmãs. Finalmente, ele aceitou, mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs dissessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira identidade.
Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja. Notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Embora advertida por seu esposo, Psique viu a dúvida e a curiosidade tomarem conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs.
Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal.
Ao receber novamente suas irmãs, Psique contou-lhes que estava grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com sua situação, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um deus maravilhoso.
Assustada com o que suas irmãs disseram, escondeu uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.
A noite, quando Eros descansava ao seu lado, Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma horrenda criatura. Para sua surpresa, o que viu porém deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida por haver dele duvidado.
Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o.
Eros olhou-a assustado, e voou pela janela do quarto, dizendo:
- "Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos pareces preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além de deixar-te para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita."
Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros.
Por sua vez, quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram pesar, mas partiram então para o topo da montanha, pensando em conquistar o amor de Eros. Lá chegando, chamaram o vento Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros. Mas, Zéfiro desta vez não as ergueram no céu, e elas caíram no despenhadeiro, morrendo.
Psique, resolvida a reconquistar a confiança de Eros, saiu a sua procura por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha. Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente grata e disse-lhe:
- "Ó Psique, embora não possa livrá-la da ira de Afrodite, posso ensiná-la a fazê-lo com suas próprias forças: vá ao seu templo e renda a ela as homenagens que ela, como deusa, merece."
Afrodite, ao recebê-la em seu templo, não esconde sua raiva. Afinal, por aquela reles mortal seu filho havia desobedecido suas ordens e agora ele se encontrava em um leito, recuperando-se da ferida por ela causada. Como condição para o seu perdão, a deusa impôs uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam causar sua morte.
Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém uma formiga que estava próxima, ficou comovida com a tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de grão.
Como 2ª tarefa, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada.
Sua 3ª tarefa seria subir ao topo de uma alta montanha e trazer para Afrodite uma jarra cheia com um pouco da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água.
Irada com o sucesso da jovem, Afrodite planejou uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o mundo subterrâneo. A torre porém murmurou instruções de como entrar em uma particular caverna para alcançar o reino de Hades. Ensinou-lhe ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia do rio Estige, advertindo-a:
- "Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, toma o cuidado, maior que todas as outras coisas, de não olhar dentro da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe a olhos mortais."
Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono e recebeu dela a caixa com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno, abriu a caixa para espiar. Ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou.
Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, salvando-a.
Lembrou-lhe novamente que sua curiosidade havia novamente sido sua grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa.
Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus e implorou a ele que apaziguasse a ira de Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. Atendendo seu pedido, o grande deus do Olimpo ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer)."

Fonte: http://www.angelfire.com/la/psique/mito.html

Portal:Mitologia greco-romana Wikipédia, a enciclopédia livre.

Slides
 Psican+íLise Psicopedagogia 



Psicanalise Desenvolvimento Psicosexual 



 Vídeos 
Freud: além da alma (Freud: the secret passion) 


O total destes vídeos no Youtube são de 20 partes esta acima é a primeira veja, os outros clicando na parte que você deseja: parte 2, parte 3, parte 4, parte 5, parte 6, parte 7, parte 8, parte 9, parte 10, parte 11, parte12,  parte13, parte14, parte 15, parte 16, parte 17, parte 18, parte 19, parte 20.
Se a sequência de vídeos der algum erro clique no link abaixo.
http://www.youtube.com/user/Prionyx#g/a

Vídeo sobre : ID, EGO e SUPEREGO.
 Id, Ego e Superego trabalho animação

Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=IuD9nimmFhA&feature=related

Não se limite por sua idade, posição financeira, pela cor de sua pele, pela sua aparência, vá além  disto.

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domingo, 11 de abril de 2010

Resumo critico Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire.




1. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

Primeiras Palavras

            A questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativa-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos é a temática central em torno de que gira este texto. Temática a que se incorpora a análise de saberes fundamentais àquela prática e aos quais espero que o leitor crítico acrescente alguns que me tenham escapado  cuja importância não tenha percebido. Tem que ver também com a relação que certa matéria tem com outras que vêm emergindo no desenvolvimento de minha reflexão. É neste sentido, por exemplo, que me aproximo de novo da questão da inclonclusão do ser humano ,de sua inserção num permanente movimento de procura ,que rediscuto a curiosidade ingênua e a crítica ,visando a epistemológica. É neste sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que treinar o educando no desempenho de destrezas, e por que não dizer também da quase obstinação com que falo do meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres ,assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez. Daí a crítica permanente presente em mim à malvadez neoliberal ,ao cinismo de sua ideologia fatalista e a sua reclusa inflexível ao sonho e à utopia. Daí o tom de raiva ,legítima raiva ,que envolve o meu discurso quando me refiro as injustiças a que são submetidas os esfarrapados do mundo. O meu ponto de vista é o dos “condenados da Terra” ,dos excluídos. Não aceito ,porém ,em nome de nada ,ações terroristas ,pois que delas resultam a morte de inocentes e a insegurança de seres humanos. O terrorismo nega o que venho chamando de ética universal do ser humano. Devo enfatizar também que este livro é esperançoso ,um livro otimista, mas não ingenuamente construído de otimismo falso e de esperança vã. Dirão que ele é mais um devaneio de um sonhador inveterado. A ideologia fatalista ,imobilizante ,que anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com ares de pós-modernidade ,insiste em convencer-nos de que nada podemos contra a realidade social que ,de história e cultura ,passa ser o criar “quase natural”. Frases como “a realidade é assim mesmo ,que podemos fazer? ou “o desenvolvimento no mundo é uma fatalidade do fim do século” expressão bem o fatalismo  desta ideologia e sua indiscutível vontade imobilizante. Do ponto de vista de tal ideologia ,só há uma saída para a prática educativa: adaptar o educando a esta realidade que não pode ser mudada. O que se precisa ,por isso mesmo ,é o treino técnico indispensável à adaptação do educando ,à sua sobrevivência. O livro com que volto com os leitores é um decisivo não a esta ideologia que nos nega e amesquinha como gente.(1996)

Cap. 1 – Não há docência sem discência.

            O que interessa agora é alinhar e discutir alguns saberes fundamentais à prática educativo-crítica ou progressista e que ,por isso mesmo ,devem ser conteúdos obrigatórios a organização programatica da formação docente. É preciso que desde o começo do processo vá ficando cada vez mais claro que ,embora diferentes entre si , quem forma ,se forma e re-forma e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transmitir conhecimentos ,conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador da forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência ,as duas se explicam e seus sujeitos ,apesar da diferenças que os conotam ,não se reduzem a condução de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. Por isso é que do ponto de vista gramatical ,o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto – alguma coisa – e um obejeto indireto – a alguém. Do ponto de vista democrático ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e aprendendo socialmente que, historicamente ,mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Quando vivemos a autoridade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de um experiência total ,diretiva ,política ,ideológica, gnosiológica ,pedagógica ,estética e ética ,em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a serenidade. Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e desenvolve o que venho chamando “curiosidade epistemológica” ,sem a qual não alcançamos o conhecimento cabal do objeto. É isso que nos leva ,de um lado ,à crítica e à recusa ao ensino “bancário” ,de outro ,a compreender que ,apesar dele ,o educando á ele submetido não está fadado a fenecer ;em que pese o ensino “bancário” ,que deforma a necessária criatividade do educando e do educador ,o educando a ele sujeitado pode, não por causo do conteúdo cujo conhecimento lhe foi “transferido” mas por causa do processo mesmo de aprender ,dar ,como se diz na linguagem popular ,a volta por cima e superar o autoritarismo e o erro epistemológico do “bancarismo”.
           
Ensinar exige:
1.1    Rigorosidade Metódica
1.2    Pesquisa
1.3    Respeito aos Saberes dos Educandos
1.4    Criticidade
1.5    Estética e Ética
1.6    Corporeificação das palavras pelo exemplo
1.7    Risco ,aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação
1.8    Reflexão Crítica sobre a prática
1.9    O conhecimento e a assunção da identidade cultural

Cap. 2 – Ensinar não é transferir conhecimento

Saber ensinar não é transmitir conhecimento ,mas criar a possibilidade para a sua própria produção ou a sua criação. O saber precisa de ser aprendido pelo professor(a) e pelos educandos na sua razão de ser-antológica, política ,ética ,epistemológica ,pedagógica ,mas também precisa ser constantemente testemunhados vivido. O meu discurso sobre a Teoria deve ser o exemplo concreto ,prático ,da Teoria . Sua encarnação. Ao falar da construção do conhecimento ,criticando a sua extensão ,já devo estar envolvido nela ,e nela ,a construção estar envolvendo os alunos.
           
Ensinar exige:

2.1   Consciência do inacabamento.
Como professor crítico ,sou “aventureiro” ,responsável predisposto à mudança à aceitação do diferente. Onde há vida ,há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente. Gosto de ser homem ,de ser gente ,porque sei que a minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu destino não é um “dado” mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque  a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidade e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade.

2.2   O reconhecimento de ser condicionado.
Gosto de ser gente porque ,inacabado ,sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento ,sei que posso ir mais além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e ser determinado .é na inconclusão do ser ,que se sabe como tal ,que se funda a educação num processo permanente.

2.3   Respeito à autonomia do ser do educando.
O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros .Saber que devo respeito à autonomia e à identidade do educando exige de mim uma prática em tudo coerente com esse saber.

2.4    Bom senso.
A vigilância do meu bom senso tem uma importância enorme na avaliação que ,a todo instante ,devo fazer a minha prática.

2.5    Humildade ,tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores.
Se há algo que os educadores brasileiros precisam saber ,desde a mais tenra idade ,é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. Uma das formas de luta contra o desrespeito dos poderes públicos pela educação ,de um lado ,é a nossa recusa a transformar nossa atividade docente em puro bico e de outro ,a nossa rejeição a entendê-la e exercê-la como prática afetiva de “tias e de tias”. É como profissionais idôneos – na competência que se organiza politicamente está talvez a maior força dos educadores – que eles e elas devem ver-se a si mesmos e a si mesmas. É neste sentido que os órgãos de classe deveriam priorizar o empenho de formação permanente dos quadros do magistério como tarefa altamente política e repensar a eficácia das greves. A questão que se coloca ,obviamente ,não é parar de lutar , mas reconhecendo-se que a luta é uma categoria histórica ,reinventar a forma também histórica de lutar.

2.6    Apreensão da Realidade.
Outro saber fundamental à experiência educativa é o que diz respeito à sua natureza. Como professor preciso me mover com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática ,o que me pode tornar mais seguro no meu próprio desempenho. Toda prática educativa demanda a existência de sujeitos ,um que ,ensinando ,aprende ,outro que aprendendo ,ensina daí o seu cunho gnosiológico (estudo do conhecimento) ;a existência de objetos, conteúdos a serem ensinados e aprendidos; envolve o uso de métodos ,de técnicas ,de materiais ,implica ,em função do seu caráter diretivo ,objetivo, sonhos ,utopias ,ideais. Daí a sua politividade ,qualidade que tem a prática educativa de ser política ,de não poder ser neutra. Especificamente humana a educação é gnosiológica ,é diretiva ,por isso política, é artística e moral serve-se de meios ,de técnicas ,envolve frustrações ,medos ,desejos. Exige de mim ,como professor ,uma competência geral ,uma saber de sua natureza e saberes especiais ,ligados à minha atividade docente.

2.7    Alegria e Esperança.
O meu envolvimento com a prática educativa ,sabidamente política ,moral ,gnosiológica ,jamais deixou de ser feito com alegria ,o que não significa dizer que tenha invariavelmente podido criá-la nos educandos. Mas, preocupado com ela ,enquanto clima ou atmosfera do espaço pedagógico ,nunca deixei de estar. Há uma relação entre a alegria necessária a atividade educativa e á esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender ,ensinar ,inquietar-nos ,produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria. É preciso ficar claro que a desesperança não é maneira de estar sendo natural do ser humano ,mas distorção da esperança. Por tudo isso me parece uma enorme contradição que uma pessoa progressista ,que não teve a novidade ,que se sente mal com as injustiças ,que se ofende com as discriminações ,que se bate pela decência ,que luta contra a impunidade ,que recusa o fatalismo cínico e imobilizante ,não seja criticamente esperançosa.

2.8    Convicção de que a mudança é possível.
Não sou apenas objeto da História mas seu sujeito igualmente. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. No mundo da História ,da cultura ,da política ,contato não para me adaptar mas para mudar. Ninguém pode estar no mundo ,com o mundo e com os outros de forma neutra. É preciso que tenhamos na resistência que nos preserva vivos ,na compreensão do futuro como problema (não fato inexorável) e na vocação para o ser mais como expressão da natureza humana em processo de estar sendo ,fundamentados para nossa rebeldia e não para a nossa resignação em face das ofensas que destroem o ser. Não é na resignação ,mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmamos.
           
Mudar é difícil ,mas é possível .O mundo não é. O mundo está sendo.

2.9    Curiosidade.
Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move ,que me inquieta , que me inserena busca ,não aprendo nem ensino. Exercer a minha curiosidade de forma correta é um direito que tenho como gente e a que corresponde o dever de lutar por ele ,o direito à curiosidade. Com a curiosidade domesticada posso alcançar a memorização mecânica do perfil deste ou daquele objeto ,mas não o aprendizado real ou o conhecimento cabal do objeto. A construção ou a produção do conhecimento do objeto implica o exercício da curiosidade ,sua capacidade crítica de “tomar distância” do objeto ,de observá-lo ,de delimitá-lo ,de cindi-lo ,de “cercar” o objeto ou fazer sua aproximação  metódica ,sua capacidade de comparar ,de perguntar.
Estimular a pergunta ,a reflexão crítica sobre a própria pergunta ,o que se pretende com esta ou com aquela pergunta em lugar da passividade em face das explicações discursivas do professor ,espécie de resposta a perguntas que não foram feitas. Isto não significa realmente que devemos reduzir a atividade docente em nome da defesa de curiosidade necessária ,a puro vai-e-vem de perguntas e respostas ,que burocraticamente se esterilizam. A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos ,narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles ,do professor e dos alunos ,é dialógica ,aberta ,curiosa ,indagadora e não apassivada ,enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e aluno se assumam epistemologicamente curiosos.
           
Neste sentido ,o bom professor é o que consegue ,enquanto fala ,trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento ,surpreendem sua pausas ,sua dúvidas ,suas incertezas.
Antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas de materiais ,de métodos para uma aula dinâmica assim ,é preciso ,indispensável mesmo ,que o professor se ache “repousado” no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que me faz perguntar ,conhecer atuar ,mais perguntar, reconhecer.

Cap. 3 – Ensinar é uma especificidade humana.

Ensinar exige:

3.1  Segurança ,competência profissional e generosidade
3.2  Comprometimento
3.3    Compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo
3.4    Liberdade e autoridade
3.5    Tomada Consciente de decisões
3.6    Escutar
3.7    Reconhecer que a educação é ideológica
3.8    Disponibilidade para o diálogo
3.9    Querer bem aos educandos

 - A afetividade não se acha excluída da cognocibilidade. A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de viver. Estou convencido de que a rigorosidade ,a séria disciplina intelectual, o exercício da curiosidade epistemológica não me faz necessariamente um ser mal-amado ,arrogante ,cheio de mim mesmo. Nem a arrogância é sinal de competência nem a competência é causa de arrogância. Não nego a competência ,por outro lado ,de certos arrogantes ,mas lamento neles a ausência de simplicidade que ,não diminuindo em nada seu saber os faria gente melhor. Gente mais gente.       



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