Carlos Martins
Joseph Novak (1981, Novak e Gowin, 1996) propôs a visão humanista da Teoria da Aprendizagem Significativa, segundo Novak a teoria de Ausubel está subordinada à integração construtivista, positiva, entre pensamentos, sentimentos e ações que conduz ao engrandecimento humano. De acordo com Novak, quando a aprendizagem é significativa o aprendiz cresce e se predispões a novas aprendizagens, no entanto, a consequência disso é que se a aprendizagem for mecânica o sujeito acaba por desenvolver uma atitude de recusa.
Segundo D.B.Gowin (1981, Novak e Gowin, 1996) a visão interacionista social da Teoria de Ausubel é uma visão basicamente vigotskyana, na qual o processo ensino-aprendizagem é visto como uma negociação de significados. Nessa visão o professor é quem domina os significados e o aprendiz busca captar tais significados. Cabe ao professor apresentar esses significados das mais diversas maneiras e quantas vezes for necessário para que o aluno capte os conhecimentos.
A teoria dos modelos mentais de Johnson-Laird (1983) oferece uma explicação para interação entre novos conhecimentos e conhecimentos prévios, que estão na essência da aprendizagem significativa.
Frente a um novo conhecimento, uma nova situação, a primeira representação mental que o sujeito constrói, em sua memória de trabalho, é um modelo mental. Em certas circunstâncias essa representação pode estabilizar-se e evoluir até um esquema de assimilação piagetiano. (Moreira, 2002; Greca e Moreira, 2002). É isso que está esquematizado na figura abaixo.
Essa visão cognitivista contemporânea da aprendizagem significativa é compatível com a visão clássica também no sentido de que o conhecimento prévio é fundamental pois os modelos mentais são construídos a partir de conhecimentos que o indivíduo já tem em sua estrutura cognitiva e daquilo que ele percebe da nova situação, seja por percepção direta seja por alguma descrição ou representação dessa situação, desse novo conhecimento.
A visão da complexidade e da progressividade está muito clara na teoria dos campos conceituais de Vergnaud (1990;Moreira, 2002) é importante para que não se pense que a aprendizagem significativa ocorre rapidamente ou que a aprendizagem é significativa ou mecânica, ou seja, que há uma divisão entre as duas.
Para Vergnaud, o conhecimento está organizado em campos conceituais cujo domínio, por parte do sujeito que aprende, ocorre ao longo de um extenso período de tempo. Os conhecimentos dos alunos são moldados pelas situações que encontram e progressivamente dominam. Mas essas situações são cada vez mais complexas. As situações são os novos conhecimentos e são elas que dão sentido aos conceitos, mas para dar conta delas o sujeito precisa dos conceitos, ou seja, conhecimentos prévios. Mas esses conhecimentos prévios ficarão mais elaborados em função dessas situações nas quais são usados. Está aí a interação que caracteriza a aprendizagem significativa, porém em uma óptica de progressividade e complexidade.
Os novos conhecimentos de Ausubel seriam as novas situações. Os conhecimentos preexistentes seriam conceitos em construção. Da interação entre eles resultaria a aprendizagem significativa, de maneira progressiva.
A visão autopoiética (Maturana, 2001), os seres vivos são máquinas autopoiéticas, ou seja, máquinas que continuamente especificam e produzem sua própria organização através da produção de seus próprios componentes, sob condições de contínua perturbação e compensação dessas perturbações.
As máquinas autopoiéticas são autônomas, podem ser perturbadas por fatores externos e experimentam mudanças internas que compensam essas perturbações. Contudo, a perturbação não contém em si mesma uma especificação de seus efeitos sobre o ser vivo (no caso, o aluno) é este em sua estrutura que determina sua própria mudança frente a tal perturbação. Esta propriedade das máquinas autopoiéticas chama-se determinismo estrutural. O ser vivo é uma máquina autopoiética determinada estruturalmente. A aprendizagem significativa ocorre no domínio de interações perturbadoras que geram mudanças de estado, ou seja, mudanças estruturais sem mudar a organização, mantendo a identidade de classe.
Os conhecimentos prévios dos alunos são explicações que são reformulações da experiência. E essas explicações se dão na linguagem. Os novos conhecimentos são perturbações que, na aprendizagem significativa, receberão significados e, ao mesmo tempo, através de uma interação perturbadora modificarão em alguma medida, a estrutura dos conhecimentos prévios sem alterar sua organização.
A visão computacional Por um lado tem muito a ver com a que chamamos de cognitiva contemporânea, ou seja, a dos modelos mentais. Por outro, tem a ver com o computador como instrumento de aprendizagem.
A idéia é a mesma proposta por Ausubel há mais de quarenta anos, porém ao invés de falar-se em subsunçores, que muitas vezes são interpretados como conhecimentos puntuais, fala-se em representações mentais que decorrem de computações mentais nãoconscientes. Não se trata de complicar a proposta de Ausubel sobre a enorme influência dos conhecimentos prévios na aprendizagem de novos conhecimentos, mas sim de ter uma visão melhor e contemporânea da estrutura desses conhecimentos prévios.
Para facilitar a aprendizagem significativa da modelagem computacional, Araujo, Veit e Moreira (2006) adaptaram o chamado Vê de Gowin (1981, 2005), ou diagrama V, e o transformaram em um diagrama AVM (Adaptação do Vê à Modelagem), tal como apresentado na figura abaixo. Na experiência desses autores os alunos constroem diagramas AVM, antes, durante ou depois, de construírem os modelos computacionais com o objetivo primordial de estimular sua reflexão crítica sobre os modelos físicos construídos e sobre a modelagem em si. Busca-se assim facilitar a aprendizagem significativa de atividades computacionais desenvolvidas pelo aluno.
Segundo A visão crítica (subversiva, antropológica) é importante que a aprendizagem significativa seja também crítica, subversiva, antropológica. Quer dizer, na sociedade contemporânea não basta adquirir novos conhecimentos de maneira significativa, é preciso adquiri-los criticamente. Ao mesmo tempo que é preciso viver nessa sociedade, integrar-se a ela, é necessário também ser crítico dela, distanciar-se dela e de seus conhecimentos quando ela está perdendo rumo.
Para isso, Moreira, 2000 lista, no quadro abaixo, princípios facilitadores de uma aprendizagem significativa crítica.
Concluímos, que mesmo passado mais de 40 anos da proposição da Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, ainda é um tema atual e que mesmo refletindo sobre esse tema nas várias visões proposta, não tira a originalidade dessa teoria, no entanto, com o passar do tempo é necessário novas visões e perspectivas, principalmente no que diz respeito a sua complexidade e visão crítica.
Referência
Moreira, M.A. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: da visão clássica à visão crítica. Instituto de Física da UFRGS. 2007
Histórico
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