domingo, 20 de julho de 2008

Civilizações Antigas 4. Antigo Egito.

Nas areias ao lado das pirâmides, em Gizé, perto do Cairo, está agachada a Esfinge. A significação desse grande monumento ainda nos escapa; nós, que mandamos espaçonaves aos planetas, ainda paramos maravilhados diante desse monstro de pedra e tentamos imaginar em vão os motivos da estranha gente que a construiu. Uma vasta cabeça humana com toucado real ergue-se nove metros acima do corpo de leão com setenta e dois metros de comprimento, esculpido em sólida rocha. Suas feições altivas desprezam as mutilações dos homens e olham com sorriso enigmático através do Nilo, além do sol nascente, transcendendo espaço e tempo, para o infinito insondável do universo.Sua fisionomia serena brilha com um poder cósmico, irradiando uma aura que acalma as mentes das pessoas, evocando ecos de uma idade, de uma civilização gloriosa e maravilhosa governada pelos deuses. Uma tão grande nobreza dominando as paixões transitórias da humanidade lembra aquelas cabeças colossais da pré-história esculpidas nos picos dos Andes e na Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico.
fonte: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-egipcia/esfinge1.php:

Antigo Egipto


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Antigo Egipto (português europeu) ou Egito Antigo (português brasileiro) é a expressão que define a civilização da Antiguidade que se desenvolveu no canto nordeste do continente africano, tendo como fronteira a norte o Mar Mediterrâneo, a oeste o deserto da Líbia, a leste o deserto da Arábia e a sul a primeira catarata do rio Nilo. [1]

A história do Antigo Egipto inicia-se em cerca de 3150 a.C. altura em que se verificou a unificação dos reinos do Alto e do Baixo Egipto, e termina em 30 a.C. quando o Egipto, já então sob dominação estrangeira, se transformou numa província do Império Romano, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Ácio. Durante a sua longa história o Egipto conheceria três grandes períodos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, intercalados por três períodos de decadência. Um desses períodos de prosperidade, designado como Império Novo, correspondeu a uma era cosmopolita durante a qual o Egipto dominou, graças às campanhas militares do faraó Tutmés III, uma área que se estendia desde Curgos (na Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo) até ao rio Eufrates. [2]

A civilização egípcia foi umas das primeiras grandes civilizações da Humanidade e manteve durante a sua existência uma continuidade nas suas formas políticas, artísticas, literárias e religiosas, explicável em parte devido aos condicionalismos geográficos, embora as influências culturais e contactos com o estrangeiro tenha sido também uma realidade.

Pirâmides de Guiza (ou Gizé)
Pirâmides de Guiza (ou Gizé) [3]

Geografia

Mapa do Antigo Egipto
Mapa do Antigo Egipto

O território no qual se desenvolveu a civilização do Antigo Egipto corresponde, em termos tradicionais, à região situada entre a primeira catarata do rio Nilo, em Assuão, e o Delta do Nilo. O Sinai, situado a leste do Delta do Nilo, funcionou como via de acesso ao corredor sírio-palestiniano, designação atribuída à faixa de terra que ligava o Egipto à Mesopotâmia. A oeste do Delta, surge o deserto da Líbia (ou deserto ocidental), onde se encontram vários oásis dos quais se destacam o de Siuá, Kharga, Farafra, Dakhla e Bahareia. O deserto da Árabia (ou deserto oriental), estende-se até ao Mar Vermelho. A sul da primeira catarata situava-se a Núbia, cuja cultura e habitantes já era eram vistos como estrangeiros. Em diversos momentos, o Egipto ultrapassou a primeira catarata e tomou posse de territórios Núbios, onde obtinha diversas matérias-primas.

O território do Antigo Egipto não deve ser por isso confundido com o território da moderna República Árabe do Egipto, dado que esta se estende para sul da primeira catarata do Nilo até ao paralelo 22ºN e inclui partes dos deserto da Líbia e do deserto da Arábia, bem como a península do Sinai. [4]

Esta civilização desenvolveu-se graças à existência do rio Nilo, sem o qual o Egipto não seria diferente dos desertos que o cercam. Neste sentido, é bem conhecida a frase do historiador gregoHeródoto (que visitou o Egipto em meados do século V a.C.), segundo a qual o Egipto era um dom do Nilo, retomando o historiador uma afirmação anterior de Hecateu de Mileto.

Os dois afluentes principais do rio Nilo são o Nilo Branco (que nasce no Lago Vitória) e o Nilo AzulEtiópia). O Nilo corre de sul para norte, desaguando no Mar Mediterrâneo, com uma extensão aproximada de 6695 quilómetros. Todos os anos as inundaçõesJulho e terminavam em meados de Outubro, depositavam nas margens uma terra negra que fertilizava o solo e que permitiu a prática da agricultura (actualmente o fenómeno das inundações do Nilo já não existe no Egipto graças à construção da barragem de Assuão). Os Egípcios dependiam portanto deste rio e das inundações para a sua sobrevivência. Para além disso, o Nilo era a principal via de transporte, quer de pessoas, quer de materiais. Apesar da dependência do Nilo, o Antigo Egipto não deve ser considerado apenas um dom de condições geográficas especiais, como afirmou Heródoto, que talvez quisesse, com esta afirmação, explicar por que o Egipto já era uma grande civilização enquanto os gregos ainda viviam em aldeias isoladas. O ponto fundamental é que o Antigo Egipto também só existiu graças ao seu sistema de governo centralizado, que organizava a enorme mão-de-obra constituída pela massa de camponeses, e ao engenho de seus construtores, que, desde épocas remotas, edificaram barragens e canais de irrigação para tirar o máximo proveito das águas do Nilo. (oriundo dos planaltos da do rio, que se iniciavam no Egipto na segunda metade de Julho e terminavam em meados de Outubro, depositavam nas margens uma terra negra que fertilizava o solo e que permitiu a prática da agricultura (actualmente o fenómeno das inundações do Nilo já não existe no Egipto graças à construção da barragem de Assuão). Os Egípcios dependiam portanto deste rio e das inundações para a sua sobrevivência. Para além disso, o Nilo era a principal via de transporte, quer de pessoas, quer de materiais. Apesar da dependência do Nilo, o Antigo Egipto não deve ser considerado apenas um dom de condições geográficas especiais, como afirmou Heródoto, que talvez quisesse, com esta afirmação, explicar por que o Egipto já era uma grande civilização enquanto os gregos ainda viviam em aldeias isoladas. O ponto fundamental é que o Antigo Egipto também só existiu graças ao seu sistema de governo centralizado, que organizava a enorme mão-de-obra constituída pela massa de camponeses, e ao engenho de seus construtores, que, desde épocas remotas, edificaram barragens e canais de irrigação para tirar o máximo proveito das águas do Nilo.

Vale do rio Nilo

O rio Nilo era a fonte de vida do povo egípcio, que vivia basicamente da agricultura.

No período das cheias, as fortes chuvas sazonais (junho a setembro), faziam o Rio Nilo transbordar, encobrindo grandes extensões de terras que o margeavam, mas também, este fenômeno fertilizava o solo ao depositar matéria orgânica (fertilizante de primeira qualidade) neste.

Além de fertilização do solo, o rio trazia grande quantidade de peixes e dava chances a milhares de barcos que navegavam sobre as águas fluviais.

Para o povo egípcio era uma verdadeira benção dos deuses. Aliás, o próprio rio era tido como sagrado. O historiador antigo Herotodo fez conhecida a frase "o Egito é uma dádiva do Nilo" - idéia essa que causa a ilusão de que a prosperidade alcançada por esse povo se devia unicamente às condições naturais. Mas para o Egipto, o Nilo não era apenas um presente da natureza. Havia necessidade da inteligência, do trabalho, da aplicação e da organização dos homens. Após as cheias, as margens do rio ficavam cobertar por húmus - adubo natural, que dava ao solo a fertilidade necessária para o plantio. No tempo da estiagem, num trabalho de união de forças e de conjunto, os egípcios aproveitaram as águas do rio para levar a irrigação até terras mais distantes ou construir diques para controlar as cheias, protegendo o vale contra essas catástrofes terríveis. No período das cheias, os camponeses eram encaminhadas para as cidades, onde realizavam outros trabalhos que não a agricultura.

Com as cheias, desapareciam as divisas das propriedades agrícolas. Assim, todos os anos era necessário o trabalho do homem para medir, calcular, e isso ocasionou o desenvolvimento da geometria e da matemática.

O Alto Egipto e o Baixo Egipto

No Antigo Egipto distinguiam-se duas grandes regiões: o Alto Egipto e o Baixo Egipto.

O Alto Egipto (Ta-chemau) era a estreita faixa de terra com cerca de 900 quilómetros de extensão que tradicionalmente começava em Assuão e terminava na antiga cidade Mênfis (perto da moderna Cairo).

O Baixo Egipto (Ta-mehu) correspondia à região do Delta, a norte de Mênfis, onde o Nilo se dividia em vários braços. Território plano favorável à caça e à pesca, foi aqui onde mais se fizeram sentir os contactos com o estrangeiro, sobretudo nos últimos séculos da história do Antigo Egipto. Também, por vezes, se distingue na geografia egípcia uma região conhecida como o Médio Egipto, que é o território a norte de Qena até à região do Faium.

Os nomes do Egipto

Vista aérea do rio Nilo perto de Luxor
Vista aérea do rio Nilo perto de Luxor

Os antigos Egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra. O mais comum era Kemet, "a Terra Negra", que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo rio todos os anos. Decheret, "a Terra Vermelha", referia-se aos desertos com as suas areias escaldantes, onde os Egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem as pedras preciosas. Também poderiam chamá-la Taui ( "as Duas Terras", ou seja, o Alto e o Baixo Egipto), Ta-meri ("Terra Amada") ou Ta-netjeru ("A Terra dos Deuses"). Na Bíblia o Egipto é denominado Misraim. A actual palavra Egipto deriva do grego Aigyptos (pronunciado Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Hetkaptah, "a mansão da alma de Ptah". Os habitantes actuais do Egipto dão o nome Misr ao seu país.

Os Egípcios

Detalhe de pintura mural do túmulo de Nebamun que mostra dançarinas e uma instrumentista. Museu Britânico, c. 1350 a.C
Detalhe de pintura mural do túmulo de Nebamun que mostra dançarinas e uma instrumentista. Museu Britânico, c. 1350 a.C

Os Antigos Egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se fixaram no Egipto ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área semítica.

A questão relativa à "raça" dos antigos Egípcios é por vezes geradora de controvérsia, embora à luz dos últimos conhecimentos da ciência falar de raças humanas revela-se um anacronismo. Até meados do século XX, por influência de uma visão eurocêntrica, considerava-se os antigos Egípcios praticamente como brancos; a partir dos anos 50 do século XX as teorias do "afro-centrismo", segundo as quais os Egípcios eram negros, afirmaram-se em alguns círculos. [5] . Importa também referir que as representações artísticas são frequentemente idealizações que não permitem retirar conclusões neste domínio.

Os Egípcios tinham consciência da sua alteridade: nas representações artísticas dos túmulos os habitantes do vale do Nilo surgem com roupas de linho branco, enquanto que os seus vizinhos líbios e semitas com roupas de .

A língua dos Egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticasPedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego) e em três escritas (caracteres hieroglíficos, escrita demótica e alfabeto grego). Em 1822 o francês Jean-François Champollion decifrou a escrita hieroglífica e a demótica que se encontravam na pedra, permitindo assim o acesso aos textos do Antigo Egipto e o começo da Egiptologia. (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à descoberta e decifração da Pedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego) e em três escritas (caracteres hieroglíficos, escrita demótica e alfabeto grego). Em 1822 o francês Jean-François Champollion decifrou a escrita hieroglífica e a demótica que se encontravam na pedra, permitindo assim o acesso aos textos do Antigo Egipto e o começo da Egiptologia.

O número de habitantes do Antigo Egipto oscilou segundo as épocas. Durante o período pré-dinástico (4500-3000 a.C.) a população rondaria os centenas de milhares; durante o Império Antigo (século XVII a XII a.C.) situar-se-ia nos dois milhões, atingindo os quatro milhões por altura do Império Novo. Quando o Egipto se tornou uma província romana a população deveria ser cerca de sete milhões. Esta população habitava nas terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto. Ao contrário das civilizações da Mesopotâmia, o Antigo Egipto não desenvolveu uma importante rede urbana.

História

Ver artigo principal: História do Antigo Egipto

Períodos e cronologia

Face posterior da Paleta de Narmer (reprodução exposta no Royal Ontario Museum, Canadá)
Face posterior da Paleta de NarmerCanadá) (reprodução exposta no Royal Ontario Museum,

A história do Antigo Egipto foi dividida pelos investigadores nos seguintes períodos:

Primórdios

Em tempos recuados o Egipto foi uma savana. Quando se inicia o Neolítico, por volta de 6000 a.C., o território já tinha adquirido as características áridas que o caracterizam actualmente. As principais culturais do Neolítico no Egipto estão documentadas no Faium e em El-Omari (norte) e em Tasa e Mostagueda (sul).

O período pré-dinástico (período anterior às dinastias históricas) vê nascer no Alto Egipto três culturas: a badariense, a amratiense e gerzeense. Esta última civilização acabará por se estender a todo o Egipto. Nesta época produzem-se instrumentos de cobre e pedra, assim como uma cerâmica vermelha decorada com motivos geométricos e animais estilizados.

Teria sido Narmer, um rei do Alto Egipto, quem unificou as duas regiões por volta de 3100 a.C. Uma placa de xisto, conhecida como a Paleta de Narmer, comemora este evento. Um dos lados desta placa mostra Narmer usando a coroa do Alto Egipto (a coroa branca), enquanto que o outro lado mostra-o com a coroa do Baixo Egipto (a coroa vermelha) num cortejo triunfal. Narmer é identificado por alguns egiptólogos com Menés, nome pelo qual é designado o primeiro rei do Egipto na lista de Maneton.

Época Tinita

Estela do rei Djet, I dinastia
Estela do rei Djet, I dinastia

A Época Tinita corresponde às duas primeiras dinastias egípcias. De acordo com a informação transmitida por Maneton, o Papiro Real de Turim e a Lista Real de Abido o primeiro rei do Egipto unificado foi Menés, que alguns egiptólogos identificam com Narmer e outros com Aha.

Segundo Maneton estas dinastias tiveram como capital a cidade de Tis, cuja localização é até hoje desconhecida, embora se saiba que estaria no Alto Egipto. Porém, como revela a investigação, a capital do Egipto teria sido movida a certa altura para Mênfis.

Durante a I dinastia assistiu-se ao desenvolvimento da escrita hieroglífica. Os soberanos da Época Tinita dinastias lançaram as bases para a futura grandeza do Egipto, combatendo os Núbios (a sul), os Líbios (a oeste) e os Beduínos (a leste), populações que tinham como principal objectivo fixar-se no Egipto.

As manifestações artísticas deste período revelam já uma grande perfeição e o culto dos mortos e a mumificação já eram praticados. O culto da maior parte das divindades egípcias também se encontrado atestado.

Império Antigo e Primeiro Período Intermediário

Este período iniciou-se com a III dinastia, existindo algumas dúvidas quanto a quem terá sido o seu primeiro rei, se Sanakht ou Djoser (este último terá sido filho ou irmão do último rei da II dinastia).

A III dinastia manteve a capital em Mênfis, cidade que se transformou num grande centro económico e cultural.

Khufu. Única representação conhecida do rei da grande pirâmide. Museu Egípcio
Khufu. Única representação conhecida do rei da grande pirâmide. Museu Egípcio

O rei Djoser apoiou-se na sua acção governativa no vizir (uma espécie de "primeiro-ministro") Imhotep. Para além de vizir, Imhotep foi também arquitecto e muito mais tarde foi transformado em deus, considerado filho da divindade Ptah. Foi ele quem projectou a construção da denominada "pirâmide em degraus" em Sakara (embora do ponto de vista geométrico não se trata de uma pirâmide), necrópole na qual se situam a maioria dos túmulos reais do Império Antigo. Esta "pirâmide", com 61 metros e que resultou da sobreposição de seis mastabas, seria o primeiro passo na evolução de uma arquitectura cada vez mais grandiosa que atinge o seu apogeu durante a IV dinastia, com as Pirâmides de Guiza. Estava integrada num conjunto mais amplo, um santuário onde os sacerdotes realizavam os ritos funerários para o rei defunto.

A IV dinastia teve em Seneferu o seu primeiro rei que conduziu campanhas militares contra os habituais inimigos dos egípcios (Núbios, Líbios e Beduínos). Destas lutas resultou o domínio do Egipto sobre a Baixa Núbia. O segundo rei desta dinastia, Khufu, (Quéops) ordenou a construção da maior das três pirâmides de Guiza (Gizé), que possui cerca de 2,3 milhões de blocos de pedras e 146, 5 metros de altura (actualmente possui apenas 139 metros de altura). A construção das pirâmides encontrava-se dependente de um clima de paz e estabilidade. Ao contrário de uma ideia feita, que já se encontrava presente nos autores da Antiguidade, estas pirâmides não foram construídas por escravos, mas por trabalhadores desocupados durante o período de cheias do Nilo. Segundo as concepções da época, o rei era um intermediário entre os deuses e os seres humanos; assim participar na construção das pirâmides que abrigariam o corpo do rei era considerado como um acto de piedosa religiosa.

Na V dinastia ocorre a afirmação do clero de Heliópolis, cidade próxima de Mênfis, passando os reis a considerarem-se filhos do deus Rá. Este deus adquiriu grande importância e para ele foram construídos estruturas arquitectónicas conhecidas como templos solares, dos quais apenas foram descobertos dois, o de Userkaf e de Niuserré.

A VI dinastia, composta por sete soberanos (entre os quais possivelmente a primeira mulher a comandar o Egipto, Nitócris [7]) é geralmente considerada a última dinastia do Império Antigo. Durante a parte final da dinastia, e particularmente durante o longo reinado de Pepi II (que teria durado 94 anos), assiste-se a uma decadência do poder real. Os administradores das províncias, os nomarcas, tinham-se tornado bastante poderosos e independentes do poder central.

O Primeiro Período Intermediário assistiu à afirmação de duas dinastias rivais, a de Heracleópolis Magna (Baixo Egipto) e a de Tebas (Alto Egipto). As mudanças climáticas a que o território foi sujeito neste período, que tornaram o clima mais seco, provocaram fracas colheitas e a fome.

[editar] Império Médio

Cabeça de esfinge de Amenemhat III em alabastro. Museu do Louvre
Cabeça de esfinge de Amenemhat III em alabastro. Museu do Louvre

Mentuhotep II, rei de Tebas, conseguiu reunificar o Egipto, fixando a capital em Tebas. Amenemhat I (ou Amenemés), inicia a XII dinastia, transladando a capital para Iti-taui (nome que significa "aquela que conquista o duplo país"), a sul de Mênfis. Constrói também fortalezas no delta e na região a oeste cujo objectivo era evitar os ataques estrangeiros. Progressivamente, os nomarcas perderam a sua autonomia local e submetera-se ao poder dos reis.

O sucessor de Amenemhat I, Senuseret I (Sesóstris), associado ao trono ainda durante a vida do seu pai, teve como preocupação assegurar o controlo das minas da Núbia. Amenemhat III, sexto rei da XII dinastia, ordenou a realização de grandes trabalhos na área do oásis do Faium, que se tornaria um importante centro agrícola. Em Hawara, perto deste óasis, Amenemhat mandou construir um grande templo funerário, que Heródoto considerava mais belo que as grandes pirâmides e que está hoje perdido devido à sua destruição. O último soberano desta dinastia foi uma mulher, Sebekneferu, a primeira mulher cujo governo do Egipto é atestado com segurança.

O Egipto do Império Médio manteve relações diplomáticas com Fenícia e com Creta, tendo também realizado expedições comerciais ao Punt.

A XIII dinastia, com dezassete faraós - o que revela uma certa instabilidade política - assistiu à tomada das fortalezas do sul do Nilo pela Núbia. Por volta de 1800 a.C. povos do Médio Oriente fixam-se na região oriental do Delta. Em consequência desta invasão os soberanos egípcios deixam o delta, a caminho do sul do país.

[editar] Segundo Período Intermediário

Os egípcios referiam-se aos povos semitas que se fixaram no delta como Heka-khasut, "chefes de terras estrangeiras". Estes povos são conhecidos pelo seu nome grego, Hicsos. Os Hicsos eram povos oriundos da região da Síria que progressivamente usurparam o poder, tomando o título de faraós. Dominaram o Egipto a partir da sua capital, Aváris, no nordeste do delta. A XV e XVI dinastias da história do Antigo Egipto foram constituídas por Hicsos.

Os Hicsos introduziram elementos novos na civilização egípcia como o cavalo, os carros de guerra, novos métodos de fiação e tecelagem e novos instrumentos musicais.

A XVII dinastia, sediada em Tebas, era uma dinastia nacional, contemporânea à dos Hicsos. Se de início se tornam vassalos dos Hicsos, aos poucos começam a expulsá-los.

Império Novo

Ahmés (ou Amósis), primeiro rei da XVIII dinastia, conclui a tarefa de expulsão dos Hicsos, dando início ao Império Novo. A reunificação do país foi realizada a partir da cidade de Tebas, que seria a capital do Egipto durante a maior parte deste período. Ahmés esforçou-se por melhorar a economia, tendo as fronteiras do país sido alargadas para oeste e para o sul. Este rei iniciou uma política expansionista e militarista que seria continuada pelos seus sucessores. Durante a XVIII Dinastia o Antigo Egipto controlaria territórios que compreendem o que é hoje o Sudão, bem como a região da Palestina e da Síria, até ao rio Eufrates.

Tutmés III, quinto rei desta dinastia, foi talvez o melhor representante desta tendência imperalista, com as suas dezassete campanhas militares na região da Síria-Palestina. Hatchepsut, a sua madrasta, tinha governado o Egipto na sua menoridade. Hatchepsut tinha sido esposa e meia-irmã de Tutmés II, pai de Tutmés III. De início a rainha opta por governar na qualidade de representante de Tutmés III, mas em poucos anos decide adoptar títulos reservados aos faraós (como "Senhora dos Dois Países"), mandando erguer dois obeliscos em Karnak (acto reservado aos faraós). Para legitimar o seu governo, Hatchepsut apresentou-se como filha de Amon, deus que se teria unido à sua mãe. Foram duas década marcadas em geral pela paz, com o envio de uma expedição ao Punt. Após a morte de Hatchepsut, Tutmés III dedicou-se a apagar as inscrições que continham o nome da madrasta. Foi sucedido pelo seu filho Amen-hotep II, que foi por sua vez sucedido por Tutmés IV. Amen-hotep III governou durante quarenta anos, numa era que seria marcada pela paz, prosperidade e pelo florescer das artes.

Estátua de Ramsés II em Abu Simbel
Estátua de Ramsés IIAbu Simbel em

O seu filho, Amen-hotep IV, inicia uma revolução religiosa encaminhada no sentido do "monoteísmo", na qual o culto deveria ser reservado a Aton, o disco solar. Este faraó, cuja esposa foi a famosa Nefertiti, alterou o seu nome para Akhenaton ("O Esplendor de Aton") e abandonando Tebas, fixa-se numa nova capital mandada por si edificar, Akhetaton ("Horizonte de Áton"), a actual Amarna (por esta razão este conturbado período é designado como o "período de Amarna"). Os sucessores de Akhenaton, entre os quais o "faraó-menino" Tutankhamon, conhecido pelos tesouros do seu túmulo, abandonaram estas concepções religiosas, retornando às antigas.

Ramsés II, terceiro rei da XIX dinastia, entrou em guerra com os Hititas da Ásia Menor por causa do controlo da Síria. Na Batalha de Kadesh nenhuma das partes se consagrou vencedora, apesar das fontes egípcias apresentarem o episódio como uma vitória do país. O conflito foi terminado com um tratado de paz, o primeiro de que há conhecimento na história da humanidade. Os Egípcios e os Hititas dividem o controlo daquela região e Ramsés casa com uma das filhas do rei hitita. Foi também Ramsés II que ordenou a construção dos templos de Abu Simbel. Para aproximar-se de seus inimigos e dos territórios que pretendia dominar, Ramsés II mandou construir uma nova capital, perto do delta do Nilo. Esta magnífica cidade, a que Ramsés deu o nome de Pi-Ramsés, tinha uma incrível estrutura militar, com um grande quartel-general que abrigava, inclusive, cavalos para a guerra e um complexo industrial bélico que produzia todo o tipo de armas e também carros de batalha. Ramsés II também dispunha de uma rede de fortalezas e um exército profissional bem pago. Ramsés III, da XX dinastia, teve de combater a invasão dos Povos do Mar e dos Líbios, que conduziram o Egipto a um novo período de decadência. Os últimos reis da XX dinastia tiveram um papel apagado.

Terceiro Período Intermediário e Época Baixa

Durante o Terceiro Período Intermediário o Egipto é dominado por algumas dinastias de origem estrangeira. A partir da cidade de Tânis a XXI dinastia governou apenas o Delta, enquanto que no sul existia uma dinastia paralela composta pelos sumo sacerdotes de Amon. Os membros da XXII e XXIII dinastias são de origem líbia, embora já tivessem adoptado a cultura egípcia. No século VIII a.C., a região da Alta Núbia, o Kush, conquista o Egipto, onde instala um dinastia, a XXV.

Os Assírios acabariam por derrotar a dinastia núbia, impondo como rei Psametek I (primeiro soberano da XXVI dinastia), um princípe da cidade de Sais, no Delta. Contudo, Psametek acabará por se rebelar contra os Assírios, tendo reunificado o país. O último rei da XXVI dinastia, Psametek III, seria derrotado pelos Persas de Cambises II que ocupam o Egipto a partir de 525 a.C. e constituem a XXVII dinastia.

A invasão de Cambises ficou conhecida pela estratégia aplicada pelos persas: sabendo que os Egípcios tinham verdadeiro culto e temor aos gatos, Cambises colocou, a frente de cada linha de invasão, balaios repletos de gatos, que fizeram com que a população recuasse e não resistisse tanto à invasão.

Época Greco-romana

Templo de Edfu dedicado ao deus Hórus, uma obra construída durante a era ptolomeica
Templo de Edfu dedicado ao deus Hórus, uma obra construída durante a era ptolomeica

Em 404 a.C. os Egípcios conseguiram reconquistar o poder, mas os Persas tomam de novo o país em 343 a.C.. Em 332 a.C. Alexandre Magno conquista o Egipto; quando morre, em 323 a.C., Ptolemeu, um dos seus generais, torna-se governador e em 305 a.C. rei. Ptolemeu, de origem macedónia, dá origem à dinastia dos Lágidas que governa o Egipto nos próximos três séculos. A última representante desta dinastia foi a famosa rainha Cleópatra VII, derrotada em 31 a.C. pelos Romanos na Batalha de Ácio. Em 30 a.C. o Egipto transformou-se numa província de Roma, administrada por um prefeito de origem equestre. Enquanto província, o Egipto teve uma importância fundamental para Roma, pois era do seu território que vinha o cereal do império.

Sociedade

Escriba sentado (IV dinastia, c. 2620-2500 a.C.)
Escriba sentado (IV dinastia, c. 2620-2500 a.C.)

A sociedade do Antigo Egipto apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada. Em termos gerais podem distinguir-se três níveis com uma importância decrescente: o nível composto pelo faraó, nobres e altos funcionários; o nível constituído por outros funcionários, por escribas, altos sacerdotes e generais; e por último, o nível composto pelos agricultores, artesãos e sacerdotes, onde se enquadrava a larga maioria da população.

No período mais antigo da história egípcia os altos cargos da administração permaneciam dentro da família real. Apenas mais tarde é que os cargos passaram para uma elite e tornaram-se hereditários. A possibilidade de ascender a um cargo em função de mérito também existiu. A hereditariedade nas ocupações era característica do Antigo Egipto: esperava-se que um filho seguisse a profissão do pai.

Apesar de ser praticamente igual ao homem do ponto de vista legal, a mulher no Antigo Egipto estava relegada a uma posição secundária. Os seus papéis principais eram os de esposa, mãe ou amante. Encontraram-se em geral excluídas dos cargos de administração e do governo, com excepção de algumas rainhas que governaram o Egipto como último recurso (enquanto regentes na menoridade do faraó ou em casos em que o faraó não teve filhos do sexo masculino).

Uma importante esfera de acção da mulher era a religiosa. Durante a Época Baixa o cargo de adoradora divina de Amon em Tebas implicou uma certa dose de poder e riqueza; porém, as mulheres que ocuparam este cargo foram em geral filhas ou esposas do faraó.

Um casal com o seu filho. (IV Dinastia)
Um casal com o seu filho. (IV Dinastia)

O casamento era monogâmico e não era sancionado pela religião. Não existia uma cerimónia de casamento, nem um registro deste. Aparentemente bastava um casal afirmar que queria coabitar para que a união fosse aceite. Os homens casavam por volta dos dezesseis, dezoito anos e as mulheres por volta dos doze, catorze anos. A infidelidade feminina era mal vista e poderia ser motivo de divórcio. Os homem com uma posição económica mais elevada poderia ter, para além da esposa legítima (nebet-per, "a senhora da casa"), várias concubinas, o que era visto como um sinal de riqueza. A harmonia familiar era bastante valorizada pelos Egípcios: vários textos da literatura sapiencial recomendam o homem a tratar bem a sua esposa e a ter vários filhos.

Na corte faráonica existiram casos de bigamia e de poligamia, onde o rei, para além da esposa principal, mantinha várias esposas secundárias e amantes. Um dos casos mais conhecidos foi o de Ramsés II, que para além de ter tido como esposa principal Nefertari, teve outras mulheres; destas uniões teriam mesmo resultado 150 filhos.

Homens e mulheres usavam adornos, como pulseiras, anéis e brincos. Estes adornos continham pedras preciosas e frequentemente amuletos, dado que os Egípcios eram um povo supersticioso, que acreditava por exemplo na existência de dias nefastos. Os dois sexos usavam também maquilhagem, que não cumpria apenas funções estéticas, mas também higiénicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquite) e negra. Óleos e cremes eram aplicados sobre o cabelo e a pele como forma de hidratação num clima seco e quente. Alguns egípcios rapavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam perucas.

A escravatura não teve no Antigo Egipto a dimensão que alcançou em outras civilizações da Antiguidade, como na Grécia ou em Roma. Foi bastante expressiva no Império Novo, em resultado das campanhas militares egípcias na Ásia, das quais resultaram muitos prisioneiros. Os escravos poderiam trabalhar no exército, no palácio real e nos templos. As suas condições de vida não eram muito diferentes das dos trabalhadores livres; podiam arrendar terras e casar com mulheres livres. Um escravo poderia ser libertado a qualquer momento, bastando para tal uma declaração do dono perante testemunhas.

Governo

Máscara funerária de Tutankhamon. Museu Egípcio do Cairo.
Máscara funerária de Tutankhamon. Museu Egípcio do Cairo.

O topo da pirâmide política e social do Antigo Egipto era ocupado pelo rei ou faraó. O rei vivo era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto que o rei morto que o tinha antecedido era associado a Osíris, pai de Hórus, independentemente de existir uma relação familiar entre soberanos. De uma maneira geral não se desenvolveu um culto em torno da pessoa do rei, com excepção de alguns monarcas do Império Novo. A partir da V dinastia os reis apresentam-se também como filhos de , o deus solar. Durante o Primeiro Período Intermediário a imagem divina do rei enfraqueceu-se, tendo a mesma sido restaurada a partir da XII dinastia para atingir o seu apogeu na XVIII dinastia.

Em teoria o rei era dono de tudo, inclusive dos seus súbditos. Era o comandante supremo do exército, funcionado também como a máxima autoridade judicial: os Egípcios poderiam recorrer de uma decisão judicial ao rei. Era igualmente o sumo-sacerdote do Egipto, o elo entre os homens e os deuses. Como não era fisicamente possível ao rei estar presentar em todos os templos egípcios para celebrar os cultos, este delegava o seu poder religioso aos sacerdotes que conduziam as cerimónias em seu nome.

Embora existissem estas concepções "absolutistas" da figura do rei, este convivia com limitações ao seu poder, oriundas de conselheiros, funcionários, dos nobres, das famílias ricas, do clero e dos soldados, meios nos quais se teciam as intrigas políticas que poderiam conduzir ao assassinato de um rei e ao início de uma nova dinastia.

Para além do seu nome de nascimento, os reis egípcios tinham outros nomes. A partir da V dinastia a titulatura do reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas Senhoras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome; estes dois últimos nomes eram inscritos no interior de uma cartela.

Os reis do Antigo Egipto são habitualmente denominados como "faraós", mas esta palavra, que deriva de per-aá, não foi a mais usada no Egipto para se referir ao monarca; os Egípcios usavam termos como nesu (rei) ou neb (senhor). O termo per aá, que significa "grande morada", aplicava-se de início ao palácio real; só a partir da XVIII dinastia é que o termo foi também usado para se referir à pessoa do rei e em larga medida por influência dos povos estrangeiros.

A rainha era denominada hemet nesut, "esposa do rei"; tinha em geral uma origem real, sendo por vezes irmã do rei, mas filha de outra mãe. Durante a época do Império Novo algumas rainhas consortes desempenharam um importante papel político junto dos esposos, como Ahmés-Nefertari, Tié ou Nefertiti. Habitualmente o filho mais velho da rainha principal sucedia ao pai.

O rei era detentor de uma estética própria, resultado do uso de certas roupas e de determinadas insígnias que lhe estavam reservadas. No queixo colocava uma barba postiça, delgada e rectangular (que a própria Hatchepsut, apesar de ser uma mulher, apresenta em algumas representações artísticas) e na cabeça usava um pano, o "nemes", à frente do qual encontrava-se uma serpente denominada uraeus que se acreditava poder repelir os seus inimigos. O soberano possuía várias coroas, vistas como objectos detentores de uma energia própria, sendo as mais importantes a coroa branca do Alto Egipto (hedjet) e a coroa vermelha do Baixo Egipto (decheret), que combinadas formavam o pschent ou coroa dupla. Para além das coroas, existiam os ceptros, dos quais se destacam o hekat (uma espécie de báculo) e o nekhakha (um látego). O faraó poderia ser simbolicamente representado como uma esfinge, e era associado a animais como a pantera, o leão e o boi.

A figura política mais importante ao seguir ao rei era o tjati, cargo habitualmente traduzido como "vizir", o que constitui um erro, visto que os vizires só surgem muito mais tarde e entre as dinastias islâmicas. O detentor do cargo, que surgiu a partir da IV dinastia, possuía poderes judiciais, supervisionava os grandes projectos de construção e aconselhava o rei. Em alguns períodos da história egípcia existiram dois tjati, um para o Alto Egipto e outro para o Baixo Egipto. O tjati era tido em grande consideração pela população, que se referia a ele como o "amigo do Egipto".

O Antigo Egipto dividia-se em nomos ou províncias (em egípcio, sepat). Durante a maior parte da história egípcia existiram 42 nomos, 20 no Baixo Egipto e 22 no Alto Egipto. À frente de cada nomo encontrava-se um governador (nomarca), cargo de início obtido por nomeação para passar a ser hereditário. Estes governadores, que em determinados períodos da história egípcia governavam um estado dentro do estado, cumprem as ordens do rei, conduzem os trabalhos públicos e aplicam a justiça.

Economia

Detalhe de pintura mural no túmulo do funcionário Sennedjem (XIX dinastia), c. 1200 a.C.
Detalhe de pintura mural no túmulo do funcionário Sennedjem (XIX dinastia), c. 1200 a.C.
Pintura mural do túmulo do vizir Rekhmiré, c. 1500-1450 a.C.
Pintura mural do túmulo do vizir Rekhmiré, c. 1500-1450 a.C.

A economia do Antigo Egipto assentava na agricultura. Em teoria todas as terras pertenciam ao rei, mas a propriedade privada foi uma realidade. Os documentos revelam que a partir da IV dinastia afirmou-se uma tendência para a privatização do solo, resultado de doações de terras por parte do rei aos funcionários ou da aquisição desta por parte dos mesmos. Por altura da V dinastia os templos possuíam também grandes propriedades.

Quando terminavam as inundações do Nilo surgiam nas aldeias egípcias uma equipa de funcionários que marcava as bordas das terras que poderiam a partir de então ser cultivadas pelos camponeses. A plantação decorria no mês de Outubro, sendo as sementes fornecidas aos agricultores pelo palácio real. As culturas mais importantes eram o trigo (tipo emmer) e cevada, que permitiam fazer o pão e a cerveja, alimentos que eram a base da alimentação egípcia.

Os agricultores lavravam a terra com um arado puxado por bois, abriam canais e levantavam diques. A época das colheitas ocorria em Abril, altura em que as espigas eram levadas para a eira, onde as patas dos bois as debulhavam. Uma vez separados os grãos da palha, estes eram colocados em sacas que eram enviadas para os celeiros reais. Estes celeiros armanezavam as colheitas que eram distribuídas pelos funcionários e pela população em geral.

A população que não trabalhava nos campos dedicava-se a várias tarefas como a produção de pão e mel, a fabricação de cerveja, a olaria e a tecelagem. A pesca era praticada ao anzol ou com rede.

O subsolo do Antigo Egipto era rico em materiais de construção, bem como em pedras preciosas. Entre os primeiros destacavam-se os granitos cor de rosa das pedreiras do Assuão, o alabastropórfiro e os basaltos. As pedras preciosas eram extraídas do Sinai (turquesa e malaquite) e dos desertos do leste e do oeste (quartzo, feldspato verde, ametista e ágata). das proximidades de Amarna, o

Desde a época do Império Antigo que o Egipto tinha contactos comerciais com a região siro-palestinense (Biblos), de onde vinha a madeira, escassa e necessária no Egipto para fabricar o mobiliário e caixões. Da Núbia o Egipto exportava o ébano, as plumas de avestruz, as peles de leopardo, incenso, marfim e sobretudo o ouro. Todo o comércio estava baseado na permuta de bens, já que a moeda só surgiu muito mais tarde, na Lídia do século VIII ou VII a.C.

Também produzia: linho, papiro e legumes.

Religião

Pendente em ouro de Osorkon II (XXII dinastia). O deus Osíris (ao centro) acompanhado pelo seu filho Hórus e esposa, Ísis, formando uma tríade
Pendente em ouro de Osorkon II (XXII dinastia). O deus Osíris (ao centro) acompanhado pelo seu filho Hórus e esposa, Ísis, formando uma tríade

Não existiu propriamente uma religião entre os Egípcios, no sentido contemporâneo da palavra (a própria palavra "religião" não existia na língua egípcia).

A religião egípcia é tradicionalmente classificada como uma religião politeísta, conhecendo-se mais de duas mil divindades. Tratava-se de uma religião nacional, sem aspirações universais, que não era detentora de uma escritura sagrada. O mais importante na religiosidade egípcia não eram as crenças, mas o culto às divindades; assim, a religião egípcia preocupava-se mais com a ortopraxia do que com a ortodoxia. Alguns deuses eram adorados localmente, enquanto que outros assumiam um carácter nacional, sobretudo quando estava associados com determinada dinastia.

Os deuses eram ordenados e hierarquizados em grupos. O agrupamento básico era em três deuses, em geral um casal e o seu filho ou filha (tríade). Assim, por exemplo, a tríade da cidade de Tebas era composta por Amon, Mut e Khonsu. Os agrupamentos de divindades mais importantes foram a Enéade de Heliópolis e a Ogdóade de Hermópolis, que eram acompanhados por um relato sobre a criação do mundo.

As representações dos deuses poderiam ser antropomórficas (forma humana), zoomórficas (forma de animal) ou uma combinação de ambas. Contudo, os Egípcios em momento algum acreditaram, por exemplo, que o deus Hórus, muitas vezes representado com um homem com cabeça de falção, tivesse de facto aquele aspecto. A associação dos deuses com determinados animais relacionava-se com a atribuição ao deus de uma característica desse animal (no caso de Hórus a rapidez do falcão).

Os templos no Antigo Egipto eram a morada da divindade na terra. Ao contrário dos templos religiosos de hoje em dia, eles não eram acessíveis às pessoas comuns: apenas poderiam penetrar nas suas regiões mais sagradas, o faraó e os sacerdotes. Cada templo era dedicado a uma divindade e dentro dele achava-se a estátua dessa divindade guardada no naos; diariamente a estátua era lavada, perfumada, maquilhada e alimentada pelos sacerdotes. Em determinadas alturas do ano, a estátua saía do templo numa procissão, à qual a população assistia; durante o percurso actuavam músicos e cantores.

Os Egípcios acreditaram numa vida para além da morte. Em princípio esta vida estava apenas acessível ao rei, mas após o Primeiro Período Intermediário esta concepção alargou-se a toda a população. Para aceder a esta vida era essencial que o corpo do defunto fosse preservado, razão pela qual se praticou a mumificação.

Segundo crenças egípcias, para se conseguir a vida eterna, o morto deveria mostrar que não tinha pecados. Então, seu coração era colocado numa balança, tendo de se equilibrar com a "pena da verdade". Caso tivesse sucesso, o morto seria julgado puro. Caso não, seria levado à destruição eterna.

Ciência

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Uma página do Papiro Ebers, "enciclopédia" médica egípcia

Não se pode falar em ciência no Antigo Egipto (e em geral na Antiguidade) tendo como referência o conceito actual. O conhecimento entre os antigos Egípcios estava associado aos escribas, às classes sacerdotais e aos templos. Numa parte destes encontravam-se as "Casas de Vida" (Per Ankh), nome dado a uma área do templo que funcionava como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam os textos de carácter médico, astronómico e matemático. Tendo em vista que a religião era um dos pontos no qual assentava a civilização do Antigo Egipto, a sua influência estende-se e mistura-se com a esfera do saber, que não surgia como autónoma.

A medicina foi a disciplina que mais se desenvolveu entre os egípcios, sendo famosa na Antiguidade, em particular entre os Gregos. A classe médica dividia-se entre médicos do povo e médicos reais; alguns médicos trabalhavam como clínicos gerais, enquanto que outros eram especialistas em determinada área. As escolas médicas mais famosas eram as das cidades de Heliópolis e a de Sais. Os remédios eram compostos por vários elementos, na maioria oriundos do reino vegetal, mas recorria-se também a elementos que do ponto de vista contemporâneo parecem estranhos, como os excrementos dos animais, o sangue de lagarto, dente de porco ou pó de natrão. Eram aplicados sob a forma de poção, pílula ou em cataplasma.

No campo das matemáticas, os egípcios utilizavam um sistema de cálculo baseado na mão (cinco dedos). A partir daqui vinham as dezenas, dando origem à numeração decimal que se tornaria a base da aritmética egípcia. Calcularam a superfície dos rectângulos e o volume da esfera, dando a pi o valor de 3,14. Conhece-se hoje em dia esta matemática graças ao Papiro Rhind e ao Papiro de Moscovo.

Cultura

Literatura

Ver artigo principal: Literatura do Antigo Egipto

De uma forma geral, as obras literárias do Antigo Egipto eram anónimas; a literatura do Antigo Egipto inclui textos de carácter religioso (como os hinos às divindades), mas igualmente obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia amorosa.

Datam da época do Império Antigo os primeiros textos de literatura sapiencial, um género que consistia numa reflexão dos "sábios" (vizires, escribas) sobre a vida, pretendendo transmitir determinados ensinamentos e apelando à prática de certas virtudes (moderação, justiça, o respeito aos pais...); deste género destaca-se o Ensinamento de Ptah-hotep, que em trinta e seis máximas expõe as reflexões do seu autor (um vizir) sobre as relações humanas.

Do Primeiro Período Intermediário salienta-se a Profecia de Ipuver, onde autor aborda a decadência política e moral do Egipto durante esta era.

Do Império Médio destacam-se os contos, como as Aventuras de Sinué e o Conto do Náufrago. A primeira obra foi provavelmente o texto literário mais popular entre os egípcios, tendo em conta a grande quantidade de cópias do texto que se conhecem. Relata as aventuras do herói homónimo que foge do Egipto para a região da Síria-Palestina antes de regressar ao seu país, onde é acolhido na corte de Senuseret III. Para alguns investigadores algumas destas histórias de aventuras podem ter influenciado a literatura árabe, em concreto os relatos sobre as aventuras do marinheiro Sinbad.

Durante o Império Novo surge a poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo presente nos textos do Papiro Cester Beatty I, do Papiro Harris 500 e num fragmento do Papiro de Turim. Akhenaton cultiva a literatura religiosa, com hinos dedicados a Aton. Prossegue a tradição da literatura sapiencial, com o Ensinamento de Anii e o Ensinamento de Amenemope.

Arte

Ver artigo principal: Arte do Antigo Egipto
Busto de Nefertiti
Busto de Nefertiti

A arte do Antigo Egipto esteve fundamentalmente ao serviço da religião e da realeza. Esta arte obedeceu a cânones precisos ao longo dos seus três mil anos de existência, sendo desvalorizada a inovação.

Uma das regras mais importantes seguidas pelos artistas era a lei da frontalidade, segundo a qual na figura humana o tronco era representado de frente, enquanto que a cabeça, pernas, pés e olhos de perfil.

Do Império Antigo notabilizaram-se as pirâmides, mas também deve ser realçado o baixo-relevo e a pintura que já na época possuíam um elevado grau de perfeição. O Império Novo corresponde à era mais brilhante da arte, fruto da riqueza do Egipto durante este período. São desta época os templos de Karnak e Luxor e os túmulos escavados nas falésias do Vale dos Reis.

Durante o período de Amarna, que corresponde às inovações religiosas de Akhenaton, os artistas rompem com as antigas convenções e aproximam-se de uma arte que almeja o realismo, com representações de afecto entre membros da família real. O próprio Akhenaton é mostrado de uma forma diferente, com o crânio alongado e uma silhueta efeminada; não se sabe ao certo se esta particularidade na representação do faraó seria uma nova tendência artística ou o resultado de algum tipo de deformação congénita de Akhenaton. Foi no "atelier" do escultor de Akhenaton, Tutmés, que foi encontrado em 1912 o famoso busto de Nefertiti, uma obra inacabada.

A escultura foi marcada pela escolha de materiais resistentes, como o basalto,o pórfiro, xisto, diorito e o granito. Algumas estátuas serviram um objectivo político, sendo colocadas diante dos templos para que o povo as visse, mas tinha sobretudo um objectivo religioso. Exprimem de uma maneira geral uma posição fixa, com os braços colados ao corpo (as estátuas egípcias influenciaram as estátuas gregas mais antigas sobre jovens, conhecidas como kouros). As estátuas que se achavam nos túmulos eram consideradas como uma espécie de corpo de substituição; o ka e o ba deveriam reconhecer o rosto onde habitavam, não sendo por isso relevante representar os defeitos do corpo. Algumas estátuas atingiam proporções grandiosas, como a Esfinge do planalto de Guiza e os Colossos de Memnon. Saliente-se ainda a invenção da "estátua-cubo" pelos Egípcios, na qual apenas a cabeça emerge do bloco de pedra.

Nas artes parietais, o baixo-relevo e a pintura andam frequentemente associados. Durante o Império Médio o baixo-relevo surge pintado, enquanto que no Império Novo a pintura tornou-se uma arte autónoma. Os temas mais frequentes da pintura são os retratos de família, as batalhas, os deuses e as paisagens. A cor desempenhava nela uma função informativa: os corpos masculinos são pintados a vermelho-acastanhado e os femininos a amarelo.

É interessante notar que, quando homens comuns são retratados perto de divindades como o faraó, seus olhos são pintados para os lados, e não para a frente, uma vez que a figura sagrada do deus não poderia ser encarada de frente.

O legado do Antigo Egipto

Apesar da civilização egípcia ter terminado há dois mil anos, parte do seu legado continua vivo no mundo actual.

Os Egípcios possuíam um calendário de 365 dias e doze meses e já dividiam o dia em vinte e quatro horas. Algumas palavras da língua portuguesa, como alquimia, química, adobe, saco, papel, gazela e girafa, têm origens na língua egípcia. De igual forma, certas expressões, como "anos de vacas magras", são também de origem egípcia. As crianças do Antigo Egipto já brincavam a "macaca", tal como o fazem as crianças de hoje em dia, e os adultos apreciavam um jogo de tabuleiro, conhecido como Senet.

A nível arquitectónico, estão presentes no mundo contemporâneo certos elementos da arquitectura do Antigo Egipto como o obelisco, que os Egípcios consideravam como um raio do sol petrificado. Ele está presente em várias cidades mundiais, como Buenos Aires ou no Monumento de Washington nos Estados Unidos da América. Outras cidades possuem mesmo obeliscos que foram trazidos do Antigo Egipto (Place de la Concorde em Paris, Praça de São Pedro no Vaticano...). A construção piramidal, associada ao Antigo Egipto, encontra-se também em edifícios como a Pirâmide do Louvre de Paris ou o Luxor Hotel de Las Vegas.

Alguns símbolos da alquimia são de origem egípcia, como a serpente ouroboros e a ave fénix. O papiro dos egípcios foi o antepassado do papel dos nossos dias.

Mas será porventura no domínio da religião e da espiritualidade que o legado do Antigo Egipto está mais presente. Embora já não se veja na experiência religiosa de Akhenaton um monoteísmo puro nascido antes do monoteísmo dos Hebreus, não deixa de ser curiosa a semelhança entre versos do Grande Hino a Aton escrito por Akhenaton com o salmo 104 da Bíblia. Os Egípcios acreditavam na necessidade de levar uma vida pautada por uma conduta ética de modo a assegurar uma vida no Além, um conceito presente em várias religiões dos nossos dias. O relato da morte e ressureição do deus Osíris, lembra a própria morte e ressureição de Jesus Cristo, no qual assenta o cristianismo. A Igreja Copta, que reúne a maioria dos cristãos do Egipto, usa como símbolo a cruz ansata ou ankh, símbolo da vida no Antigo Egipto. Segundo Heródoto, os sacerdotes egípcios praticavam a circuncisão e dedicavam alguns dias do ano ao jejum, dois elementos que estão presente em religiões como o judaísmo e o islão. Para além disso, os movimentos esotéricos e ocultistas tem também o Antigo Egipto como referência, apropriando-se de elementos e símbolos desta civilização.

Notas

  1. "Fronteiras" em Dicionário do Antigo Egipto, dir. de Luís Manuel de Araújo, Lisboa, Editorial Caminho, 2001, p. 383
  2. Ian Shaw e Paul Nicholson, “Borders, frontiers and limits” em The Dictionary of Ancient Egypt, Nova Iorque, Harry N. Abrams, Inc. Publishers, 1995, p. 55
  3. Este artigo tem como referência, em relação aos nomes de lugares e de pessoas, a grafia adoptada na obra Dicionário do Antigo Egipto, dir. Luís Manuel de Araújo. Lisboa: Editorial Caminho, 1999. ISBN 9722114476.
  4. Kathryn Ann A Bard e Steve Blake Shubert, Encyclopedia of the Archaeology of Ancient Egypt, Routledge, 1999, p. 1
  5. The Question of Race in ancient Egypt, Dygital Egypt for Universities
  6. As datas apresentadas são aproximativas, variando segundo os autores, e baseiam-me na obra Le monde égyptien: les pharaons, dir. de Jean Leclant. Paris: Gallimard, 1978-1980
  7. Alguns egiptólogos, como Christian Jacq, consideram que na época da I dinastia terá existido uma "rainha-faraó", Meritneit

Bibliografia

  • BARD, Kathryn Ann A.; SHUBERT, Steve Blake - Encyclopedia of the Archaeology of Ancient Egypt. Routledge, 1999. ISBN 0415185890
  • GRIMAL, Nicholas - A History of Ancient Egypt. Blackwell Publishers, 1994. ISBN 0631193960
  • JACQ, Christian - O Egipto dos Grandes Faraós. Porto: ASA, 1999. ISBN 9724120465.
  • HAGEN, Rainer; HAGEN, Rose-Marie - Egipto: Pessoas, Deuses, Faraós. Taschen, 2005. ISBN 3822820938
  • LEVEQUE, Pierre - As Primeiras Civilizações - Volume I: Os Impérios do Bronze. Lisboa: Edições 70, 1998. ISBN 9724405745
  • SHAW, Ian (editor) - The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, 2002. ISBN 0192802933
  • TAVARES, António Augusto - Civilizações Pré-Clássicas. Lisboa: Universidade Aberta, 1995. ISBN 9726741416.

Ligações externas

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  • Navegar no Antigo Egipto - página do Museu Calouste Gulbenkian.
  • Antigo Egipto - todos os períodos, reis e dinastias de faraós egípcios. Comparação de cronologias. Nomes reais (Cartuchos e Serekhs) de alguns faraós.
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sábado, 19 de julho de 2008

O Alfabetizador.


O posicionamento teórico do alfabetizador e...


suas conseqüências

Prof. Ms. Joana Maria Rodrigues Di Santo

Após as pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosk sobre a psicogênese da língua escrita, ficou claro que a capacidade de ler e escrever não depende exclusivamente da habilidade que o alfabetizando apresente de “somar pedaços de escrita”, e sim, antes disso, de compreender como funciona a estrutura da língua e a forma como é utilizada na sociedade.

Magda Soares diz que, num sentido amplo, o que poderíamos chamar de acesso ao mundo da escrita é o processo de um sujeito entrar nesse mundo, o que ocorre basicamente por duas vias: uma, por meio do aprendizado de uma técnica, ou seja, quando o educando aprende a ler e a escrever relacionando sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar e decodificar. Esta via prioriza o domínio do código convencional da leitura e da escrita, com base na teoria empirista, que historicamente é a que mais tem influenciado as representações sobre o ato de ensinar e o de aprender, expressando-se em um modelo de aprendizagem conhecido como de “estímulo-resposta”.

Decorrentes da proposta didática de alfabetização por meio da aquisição de uma técnica (tradicional), estão concepções como a de que ler é aprender a identificar letras, sílabas, palavras e frases para depois conseguir decifrar curtos e simples textos escolares específicos; ler, no período da alfabetização, consiste em codificar e decodificar letras e sons; o aluno só consegue ler depois de dominar a técnica da leitura e da escrita, quando, então, passa a ter contato com textos reais e com a linguagem utilizada cotidianamente; o alfabetizando precisa memorizar e fixar informações, das mais simples para as mais complexas, que se vão sobrepondo e acumulando na composição das palavras, que têm um fim em si mesmas; o planejamento não precisa ser flexível, podendo o professor utilizar o mesmo em todos os anos e em qualquer classe, que deve ser homogênea para facilitar o trabalho do docente, detentor do conhecimento, que corrige rigorosamente todas as atividades, a fim de evitar que o erro seja fixado.

Isso pode ser constatado através das tradicionais cartilhas, que na grande maioria utilizam a silabação, embora proclamem lançar mão do método misto. Partem da memorização das vogais, que se combinam com cada consoante, no estudo das famílias silábicas. Tais instrumentos enfatizam uma concepção de língua escrita como transcrição da fala, apresentando textos construídos com a finalidade de tornar clara essa relação.

Ao alfabetizar o aluno com embasamento no método tradicional, valoriza-se o produto final do ato de ler e escrever, entendendo-o como decorrente da aquisição de habilidades como, aprender a técnica, desenvolver a coordenação motora, discriminação visual, o uso de lápis, do papel, etc. , o que gera ênfase primordial na automação da escrita para, numa segunda etapa, voltar-se para a compreensão ou interpretação do texto, em detrimento ao processo de construção da língua escrita pelos alunos. É centrado no professor e valoriza a cópia, podendo conduzir muitos alunos ao analfabetismo funcional.

Neste processo, é prioridade a mecanização e memorização da escrita, caracterizando crianças que realizam somente a codificação e/ou a decodificação das sílabas mais trabalhadas em sala de aula e não são capazes de construir novas palavras a partir destas mesmas sílabas, nem de utilizá-las em textos diversos. Tal abordagem vê a língua como pura fonologia, apresentando à criança textos não estruturados, que não passam de um agregado de palavras desconectadas, sem coerência e coesão. Dessa forma, podem até reconhecer essas sílabas e palavras-chave exaustivamente repetidas em sala de aula, mas não conseguem formar novas palavras juntando tais sílabas, nem escrever frases contextualizadas com essas palavras.

Com freqüência, muitas crianças decoram todo o alfabeto, mas não conseguem ler sílaba nem palavra; sílabas que, por ventura, conseguiram decorar para leitura não conseguem escrever no ditado, nem reconhecer em outros contextos; podem, até, conseguir fazer cópias, mas não conseguem escrever as mesmas palavras quando são ditadas.
São as crianças copistas, que sofrem muito com sua própria situação. Há as que escrevem precariamente algumas palavras-chave e famílias silábicas, usadas exaustivamente, mas não lêem.
E como são muito cobradas, tendem a desenvolver baixa auto-estima e alguns bloqueios, pois adentram à escola com muitas expectativas, que não são correspondidas, o que pode levá-las a se sentirem desmotivadas, principalmente em função dos exercícios descontextualizados e da cobrança da memorização. com o que fica-lhes muito mais difícil alfabetizar-se.

Com o método sintético, a criança é um aprendiz que vai juntando informações; que aprende uma família silábica após a outra se supondo que, em dado momento no decorrer desse caminho, tenha um insight e compreenda a relação entre todas essas sílabas, fazendo uma síntese a partir de uma determinada quantidade de informações. Pode aprender a escrever, porém não a expressar-se com desinibição e espontaneidade, pois, inclusive pela falta de contextualização, sua visão de mundo tende a limitar-se ao discurso escolar; é como se a leitura e a escrita fossem atividades restritas ao ambiente escolar: lêem e escrevem as palavras que o professor ensina. A criança é levada a construir seu conhecimento da língua escrita em um sistema gráfico de representação da linguagem oral, e faz do ato de ler e escrever apenas uma codificação e decodificação. É uma alfabetização artificial e mecânica dificultando a sua compreensão, pois não tem a ver com tudo que vivencia em seu cotidiano: o educando faz cópias de conteúdos não contextualizados e sem significado para a sua vida.

A outra via, construtivista, consiste em desenvolver as práticas de uso da língua escrita, considerando que não adianta aprender uma técnica e não saber usá-la. Os dois processos devem ser simultâneos e interdependentes, pois aprender a técnica da leitura e da escrita não é pré-requisito para utilizar tais capacidades nas atividades cotidianas.

O alfabetizador que atua com postura construtivista valoriza um ambiente alfabetizador, que facilite a interação do educando com os mais diversos tipos de textos, dentro de um clima de liberdade para participar das propostas e construir o ato de ler e de escrever. Considera que ler é atribuir significado, o que ocorre pelo uso de estratégias de leitura (de decodificação, seleção, antecipação, inferência e verificação) a partir do conhecimento prévio e dos índices fornecidos pelo texto.
Procura trazer para a sala de aula tudo que possa motivar a criança, despertar sua curiosidade e o desejo de ler, utilizando a decodificação possível naquele momento, como identificar a letra inicial, final ou as intermediárias para antecipar o significado da escrita de, por exemplo, painéis contextualizados, receitas, rótulos de produtos bem conhecidos, que auxiliarão na produção de textos individuais e coletivos, pois considera que é possível ler quando ainda não se sabe ler convencionalmente, e que é dessa forma que se pode aprender, tratando os alunos como leitores, desde sua entrada na escola.
Nas oportunidades de interação com textos reais, mesmo sem saber ler convencionalmente, os alunos poderão questionar, explorar e confrontar suas hipóteses, registrando suas próprias escritas. A correspondência letra-som é um conteúdo fundamental, mas apenas um dos inúmeros conteúdos que a criança precisa, necessariamente, dominar na aquisição progressiva da linguagem escrita.

Considera-se a alfabetização uma parte constituinte da prática da leitura e da escrita, onde, na interação com os textos, a criança constrói o seu conhecimento, as hipóteses a respeito da escrita e, dessa forma, progressivamente aprende a ler e a escrever, compreendendo as relações que existem entre fonemas e grafemas, codificando e decodificando, pois a alfabetização acontece como resultado da reflexão sobre as características e regularidades da escrita, sendo a palavra um meio para isso.

O construtivismo coloca em evidência as hipóteses que as crianças formulam, testam, reorganizam, assimilam, acomodam e formam novas hipóteses até adquirirem a forma convencional da língua escrita. Há uma leitura seqüencial com conteúdo significativo, de modo que a criança vê a escrita como um objeto social. A proposta construtivista busca uma alfabetização com compreensão, construída pouco a pouco, respeitando a compreensão dos meios que a criança utiliza para representar a construção do seu conhecimento sobre a língua escrita. Deixa o aluno livre para criar suas próprias hipóteses, valorizando-o como construtor do seu conhecimento e sujeito de sua aprendizagem. Para tanto, o planejamento deve ser elaborado em função de uma classe real, necessitando de retomadas e reorganizações, não podendo ser reutilizado na íntegra, de um ano para outro e de uma classe para outra , pois estas devem ser heterogêneas, sendo benéfico para os alunos interagirem com colegas de diferentes níveis de conhecimento, o que favorece o trabalho do professor, uma vez que, quando os alunos aprendem uns com os outros, o educador tem maior liberação para atender os educandos mais necessitados de sua intervenção pedagógica.

Repetindo, tais diferenças ficam evidentes, sobretudo porque, para o método tradicional, todos aprendem da mesma forma, em classes homogêneas, descartando os conhecimentos prévios que a criança trouxe de seu ambiente social. Ela é ensinada mecanicamente, utilizando-se de sua memória sem lhe dar oportunidade de pensar sobre a escrita e construí-la. Já numa abordagem construtivista, todo processo de elaboração é respeitado e é a partir dele que o professor vai estimular e intervir para que o aluno se desenvolva e se aproprie da leitura e da escrita. Nesse processo, são apresentados à criança diversos textos que irão auxiliá-la, e ela será capaz de produzir narrativas e demais textos que não são apenas frases soltas, justapostas, mas que terão um sentido e uma ligação entre si. Percebe-se que o aluno consegue realmente escrever uma história com princípio, meio e fim, rica de vocabulário e imaginação. Neste caso, a criança foi estimulada diariamente em sala de aula, com textos elaborados.

O professor construtivista acredita que cada aluno aprende no seu tempo e de acordo com suas diferenças. Isso o estimula a ser mais dinâmico, procurando sempre diversificar sua ação pedagógica para atender todas as diferenças. Embasado pela teoria construtivista, o professor criará situações que possibilitem aos alunos a vivência dos usos sociais que se faz da escrita, possibilitando-lhes ouvir a leitura e atentar às características dos diferentes gêneros textuais, bem como a linguagem compatível com diferentes contextos comunicativos, participando de situações sociais nas quais os textos reais são utilizados, pensando sobre seus usos, características e funcionamento, além do sistema alfabético, pelo qual a língua é grafada.

Assim, acreditar que o que mobiliza a aprendizagem é o esforço do sujeito com vistas a dar sentido às informações que estão disponíveis, como fazem os construtivistas, é bem diferente de acreditar que o educando permanece passivo introjetando as informações que lhe são oferecidas e da maneira como são oferecidas, de acordo com concepções empiristas.

O professor que questiona a eficácia do uso de cartilhas, do método tradicional, dos materiais excessivamente estruturantes utilizados, frequentemente, percebe que é preciso fazer mudanças. Nesse momento é fundamental estar atento para compreender que o construtivismo constitui uma teoria muito complexa, que possibilita saber quais passos a criança, em sua interação com a escrita, dá numa direção que lhe permite descobrir que escrever é registrar sons e não coisas. Depois que passa pela fase silábica, vai perceber o som do fonema, até o momento em que se tornará alfabética. Nesse momento, a criança deverá apropriar-se do sistema alfabético e do sistema ortográfico da escrita, que são sistemas constituídos de regras convencionais, as quais ela tem de aprender. E isso não ocorre de maneira espontaneísta; melhor ainda, a intervenção do professor é determinante neste processo: ele tem que definir e propor atividades; acompanhar o desempenho de cada aluno, encorajando-o, explicando, interpretando a sua escrita, auxiliando-o a perceber onde está o erro, auxiliando-o a avançar. Cabe-lhe observar a ação dos alunos, acolher ou problematizar suas produções, intervir a cada momento que julgar que pode colaborar para o avanço da sua reflexão sobre a escrita, pois realmente o alfabetizando tem que passar por um processo sistemático e progressivo de aprendizagem desse sistema, evoluindo com a ação compromissada e coerente do professor.

Com finalidade didática, procuramos registrar lado a lado aspectos significativos de cada uma destas concepções de alfabetização:

TRADICIONAL, com silabário.

CONSTRUTIVISTA, com textos

- Valoriza o produto final do ato de ler e escrever.

- Entende alfabetização como compreensão do modo de construir conhecimento.

- A concepção de ensino e aprendizagem pressupõe que a alfabetização é um processo cumulativo: agregam-se conhecimentos, passando pouco a pouco do simples (letras e sílabas) ao complexo (palavras e texto).

- A concepção de ensino e aprendizagem pressupõe que a alfabetização é um processo de construção conceitual, apoiado na reflexão sobre as características e funcionamento da escrita: pouco a pouco o educando compreende as regularidades que caracterizam a escrita.

- Exercícios repetitivos de coordenação motora, discriminação visual e auditiva, localização espaço-temporal, etc.

- Entende alfabetização como compreensão dos meios que a criança utiliza para representar a construção do seu conhecimento sobre a língua escrita.

-O modelo de ensino apóia-se na capacidade do sujeito de associar estímulos e respostas, repetindo, memorizando e fixando na memória; a escrita é algo a ser decifrado.

-O modelo de ensino apóia-se na capacidade do sujeito refletir, inferir, estabelecer relações, processar e compreender informações transformando-as em conhecimento próprio.

A criança compreende a função social da escrita.

- Parte-se da crença de que seja fácil para o educando aprender primeiro, havendo falsa suposição sobre o que é fácil e difícil de aprender.

- Parte-se do que os alunos pensam e sabem sobre a escrita, e isto possibilita que a aprendizagem seja significativa

- A criança é copista, não conseguindo construir um texto elaborado, e sim com frases soltas, repetitivas.

- O aluno elabora o texto de acordo com sua visão de mundo, de forma criativa, expondo suas idéias.

- Tudo vem pronto para ser copiado. São utilizados textos artificiais para ensinar a ler e a escrever.

- Os textos são desenvolvidos pelos alunos, conforme sua linha de raciocínio. São textos reais , considerados como o local onde se aprende a ler e escrever, bem como se reflete sobre as regularidades da escrita.

-A informação deve ser oferecida da forma mais simples possível, uma de cada vez, para não confundir aquele que aprende.

- o aprendiz é um sujeito, protagonista do seu próprio processo de aprendizagem.



É fundamental que o alfabetizador conheça cada uma dessas vias para identificar as respectivas conseqüências, pois cada concepção orienta práticas pedagógicas diferentes, sendo diferentes, também, os resultados alcançados. Ao adotar a metodologia de alfabetização, definirá também suas atitudes e posturas em sala de aula, bem como os materiais que utilizará, priorizando as competências e habilidades a serem construídas pelos alunos.

Embasado pelo conhecimento da teoria, o professor atuará de forma coerente quanto à compreensão dos processos de ensino-aprendizagem, à concepção de língua escrita por parte de cada um de seus alunos, bem como a escolha crítica do material a ser utilizado em sala de aula, correlacionando-o à realidade dos alunos, num esforço para orientar sistemática e progressivamente sua apropriação do sistema de escrita.

Para tanto, é essencial o planejamento e a organização do trabalho em torno da alfabetização, a fim de promover situações motivadoras e a partir delas realizar uma intervenção adequada. Sua decisão depende de sua visão de homem, de mundo, de educação.
Assim, decidir se vai ou não utilizar a escrita socialmente, permitindo ao aluno construir seu próprio conhecimento; que tipo de criança quer formar: mais criativa, questionadora, com melhor entendimento de expressão escrita e leitura, ou que simplesmente reproduza os fonemas e grafemas ensinados?
Que a aprendizagem da escrita ocorra de modo dinâmico, interessante, com crianças engajadas na construção do próprio conhecimento, orientadas por um professor que lhes facilita a ação de conhecer o mundo, ou ocorra de modo mecânico, sistemático e previamente determinado pela cartilha?

A decisão é sua, professor!

BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Parâmetros Curriculares nacionais. Mec/SEF, 1997.

BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Vol. 3. Mec/SEF, 1998.

FERREIRO, Emília e TEBEROSKY,Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre. Artes Médicas, 1998.

SMITH, Frank. Leitura Significativa. Porto Alegre. Artes Médicas. 1999.

SOARES, Magda. A reinvenção da alfabetização. Arigo.

WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo. Ática, 1999.+


Joana Maria Rodrigues Di Santo é Psicopedagoga experiente, com atuação significativa em Psicopedagogia Institucional, Supervisora aposentada do Município de São Paulo, mestre em Educação, Professora do Curso de Pedagogia da Uni'Santana, profere palestras e assessora diversas escolas.

Contate

http://www.centrorefeducacional.pro.br/alfateori.htm

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Uma atividade para seus alunos: Lixo tecnológico: pilhas e baterias.


Lixo – Coleta Seletiva

Disciplina: Ciências
Ciclo: Ensino Fundamental - 1ª a 4ª
Assunto: Lixo tecnológico: pilhas e baterias
Tipo: Metodologias


Uma pesquisa sobre o destino de pilhas e baterias pode ser um começo interessante para os alunos perceberem que o lixo tecnológico contamina o solo, os lençóis freáticos e, conseqüentemente, o próprio ser humano.

Para tanto, peça aos alunos que perguntem aos familiares, amigos e vizinhos o que fazem com pilhas e baterias usadas. Por exemplo:

# O que você faz com as pilhas usadas?

# Você sabe que as pilhas e baterias jogadas no lixo podem prejudicar o meio ambiente e a nossa saúde?

Se a resposta a esta pergunta for “Sim”, pode-se fazer uma outra pergunta.

# Você sabe como as pilhas e baterias jogadas no lixo podem chegar a prejudicar o meio ambiente e a nossa saúde?

Se a resposta for “Não”, as crianças devem ser incentivadas a informar os entrevistados sobre o problema, incluindo o que fazer com essas pilhas.

Feita a pesquisa de campo, o professor coordena a tabulação dos dados e, com os alunos, elabora um relatório com a síntese das respostas.

Informe aos alunos que as pilhas e baterias são altamente prejudiciais porque contêm metais pesados como o chumbo, cádmio, zinco e mercúrio em níveis que podem causar sérios danos à saúde. O cádmio provoca disfunções renais e problemas pulmonares; o mercúrio afeta o estômago, os rins e o cérebro; o chumbo causa anemia, disfunção renal e perda de memória, e o zinco ataca os pulmões.

Explique aos alunos como o lixo acaba voltando para casa e causando todos esses problemas aos homens.

Finalmente, promova um concurso de cartazes para divulgar o impacto causado pelas pilhas e baterias. Mas antes mostre aos alunos alguns exemplos a fim de que eles percebam as qualidades de um bom cartaz, tais como texto curto, de fácil leitura, frases que chamam a atenção para a questão central, uso de cores etc.

Decida com a classe os critérios de seleção e premiação dos cartazes vencedores. O prêmio pode ser um pequeno diploma, um livro, uma menção honrosa etc.

Para valorizar todos os trabalhos, organize uma exposição pela escola ou em algum espaço comunitário; assim os alunos poderão perceber a importância de contribuírem para a formação de cidadãos capazes de agir corretamente com a natureza.

Organize com os alunos uma coleta semanal de pilhas e baterias usadas e pesquise na comunidade para quais empresas ou locais poderão ser enviadas.

Texto original: Vera Lúcia Moreira

Edição: Equipe EducaRede

Fonte:http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm


A seguir, vídeos sobre , lixo tecnológico.

Lixo Tecnológico (em 3 partes).
helionet


Lixo digital ameaça meio ambiente.
filipisimas

Estes vídeos acima estão divididos em 6 partres. Para ter acesso clique, no menu desta tela virtual em forma de seta. Este material é da Globo News.


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Como tirar parafuso quebrado - Dica Jogo Rápido

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