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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
O que é Humildade?
O que é Humildade:
Humildade significa terra fértil, vem da palavra húmus que significa : solo sobre nós. É a qualidade das pessoas que procuram se manter no nível dos outros, ninguem é pior ou melhor do que os outros, todos estamos no mesmo nivel de dignidade, de cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade
Humildade é assumir, seus direitos e obrigações, erros e culpas sem resistir,agir diferente disto, é uma arrogância e uma negação da sua origem. A humildade é uma virtude humilde, porque quem se vangloria da sua, na realidade pode ter falta dela. É um sentimento adquirido lentamente pelo trabalho interior ou provocado pelo conhecimento, que existe um ser superior ao mesmo.A humildade é um sentimento de extrema importância, porque faz a pessoa reconhecer suas próprias limitações, tem modéstia e ausencia de orgulho. A humildade consta em praticamente todos os textos da Biblia, onde diz-se que "quem se humilha será exaltado, e quem se exalta será humilhado”.
Exemplos de pessoas humildes na história: Jesus Cristo, Ghandi, Madre Paulina,Rei Davi, Madre Tereza de Calcutá. fonte http://www.significados.com.br/humildade/
Humildade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Muito confundida com Modéstia, pode ser exatamente o contrário, o modesto tem falta de ambição, a humildade pode estar no ato de reconhecer que em determinado momento estamos sendo ambiciosos ao invés de gananciosos.
Diz-se que a humildade é uma virtude de quem é humilde; quem se vangloria mostra simplesmente que humildade lhe falta. É nessa posição que talvez se situe a humilde confissão de Albert Einstein quando reconhece que “por detrás da matéria há algo de inexplicável”.
Por humilde também se pode entender a personalidade que assume seus deveres, obrigações, erros, culpas e limitações sem resistência. Assim, se pode dizer que a pessoa ou indivíduo "assume humildemente".
As sete virtudes: | Castidade | Generosidade | Temperança | Diligência | Paciência | Caridade | Humildade |
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Temas relacionados: | Sete pecados capitais | Três virtudes teologais | Quatro virtudes cardinais |
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
O Polêmico Manual do ciclista do inferno urbano
O Polêmico Manual do ciclista do inferno urbano
O sucesso da banda Los Hermanos, quer isso fosse previsto ou não, acarretou alguns prejuízos ou mazelas sociais de quarta ou quinta grandeza, nada muito sério porém com reflexos expressivos em alguns substratos sociais ou “tribos urbanas”. Aos meus olhos o principal dano é a impressão que ficou de que você pode ser “underground” e algo do tipo “do bem” ao mesmo tempo. Olha eu até curto uma música ou outra dos caras mas eu tenho que escancarar isso.
Funciona assim: você até vai protestar, se rebelar, bradar contra o establishment, porém você não ousaria colocar em risco sua integridade física e social pixando muros, explodindo bombas ou atirando fezes em bancos e senhores de terno. Para o cara underground de bem, causas mais nobres e elevadas como o veganismo e o cicloativismo são chances perfeitas de expressar a sua rebeldia.
Você já viu esses sujeitos por aí. Vou me focar no estereótipo masculino, que é invariavelmente mais restrito e menos variado que o feminino e por isso mesmo mais fácil de ser generalizado. São aqueles caras barbudos, desleixados, de camisas elegantes mas nem tanto, tudo meio surrado mas na medida, óculos grossos… volto a reforçar o Los Hermanos como referência. Claro que existem as variações mas eu gostaria, honestamente, de estereotipar o máximo possível nesse texto. Continuemos: esses caras andam por aí com suas bicicletas e plaquinhas escritas “paz no trânsito” e vão criar blogs ensinando você a se virar na cidade com sua bike.
Mais do que isso: lhe dirão que você tem direitos, que existe algo como “um metro e meio de distância do carro para a bike” etc. Dirão que a lei está a seu favor e que você deve reforçar o seu direito de andar de bicicleta tranquilamente pelas grandes cidades sem maiores preocupações. Mentiras e mais mentiras. Bons hábitos, bom humor, consciência e essas coisas não fazem o trânsito bom ou humano. Trânsito se faz com planejamento urbano, interesses de montadoras de automóveis etc. Tudo está perdido. Não dê ouvidos aos cicloativistas.
Não quero defender aqui que você não deve utilizar as leis que estiverem a seu favor no eventual caso de precisar delas (se você ainda estiver vivo ou fisicamente habilitado quando precisar recorrer à lei). Mas o que penso de todas essas leis, direitos e métodos é que são como um livro que ensina natação. Você pode ler o livro inteiro, mas a hora que você pular na piscina…
Não acredite em civilidade nas ruas. Há muito tempo o trânsito se tornou guerra. Se você precisar ou quer usar sua bicicleta de forma efetiva na cidade, como seu transporte cotidiano, isto é, chegar na hora certa aos lugares, íntegro, disposto e o menos suado possível, você não precisa procurar mais, aqui está seu guia, o manual do ciclista do inferno urbano.
Aqui está um conjunto de práticas, recomendações e disposições mentais que lhe auxiliarão a percorrer as cidades com sua bike e fazer tudo o que deseja, com muito mais facilidade e rapidez do que se tivesse um automóvel (isso é comprovado com bicicletas em comparação a carros em grandes cidades dentro de um raio de 6km – Fonte: The house of lies.).
Escrito por uma pessoa que anda de bike em grandes centros urbanos há mais de 10 anos e não possui nenhum atropelamento em sua breve porém rica história, o manual se inicia nada menos do que pelo tópico número um:
- UM: todo motorista é um imbecil e quer te matar violentamente. É evidente que isto não é verdade, porém isso é uma disposição mental que você deve manter a todo momento, e que vai guiar todas as suas ações enquanto estiver pedalando na cidade. Confiar em um motorista é um erro crasso, juvenil e perigoso. O que nos leva ao tópico seguinte.
- DOIS: procure olhar para os olhos do motorista e não para o carro. O primeiro efeito benéfico dessa ação é saber o que realmente está acontecendo com aquele veículo. “Mas eu estava olhando o carro”, grande merda. O motorista pode estar trocando o som, olhando para o outro lado, falando ao celular, enfim. O segundo efeito, não esperado mas reparei que é frequente quando há contato visual, é que o motorista se assusta um pouco e geralmente freia moderadamente, sei lá, as pessoas não estão acostumadas a se olhar nos olhos, mas pensando bem isso é muito Los Hermanos.
- TRÊS: evite a contramão a todo custo. Essa faz parte do repertório dos cicloativistas, eu devo admitir que eles tem umas sacadas. É simplesmente a sua velocidade contra a do carro, e não dá nem tempo pra fazer o contato visual mencionado acima. Sério, você fica muito mais exposto à desatenção do motorista; pegue contramão apenas em casos extremos e inevitáveis (existem vários, infelizmente).
- QUATRO: evite a calçada (ou ainda, utilize a calçada na hora certa). A calçada deve ser evitada não porque é contra a lei, ou é dos pedestres ou coisa assim. A rua em teoria é também das bicicletas, mas há casos de ruas estreitas, com calçadas altas, onde é extremamente perigoso andar na pista, sob o risco de não poder escapar em caso de necessidade, como por exemplo, pulando para a calçada. A principal desvantagem da calçada é o fato de estar cheia de pedestres e o seu trajeto virar uma espécie de videogame onde você não atropelar os pedestres, o que prejudica muito o fator chegar no horário mencionado no início do artigo.
- CINCO: os cães ladram, a caravana passa. Você deve ter ouvido falar de uma mulher que morreu recentemente atropelada por um ônibus na Avenida Paulista. O que ela estava fazendo, segundo os relatos? Xingando o motorista de outro ônibus que quase a tinha atropelado anteriormente. Verdade, ou não, você entendeu a dica. Não discuta com motoristas. Lembre: todos querem a sua morte violenta e nada mais. Respire fundo e siga em frente, deixando a raiva de lado – sentimentos como estes fazem sua respiração e seu equilíbrio perderem o compasso, aumentando os índices de lamentabilidade do seu rolê ciclístico.
- SEIS: capacete, usar ou não? Aí depende. Como eu sou um ciclista da guerra muitas vezes preciso chegar minimamente asseado a alguns lugares. Se você tem cabelos e precisa chegar com eles mais ou menos em ordem em algum canto, você vai ter problemas: suor, deformação do penteado e mau cheiro são alguns prováveis. Nessa hora vale equilibrar a sua habilidade e confiança na bike, suas necessidades e a probabilidade de você sofrer algum acidente grave e rachar o crânio no meio. Eu mesmo só costumo usar capacete em rolês extremos, viagens etc. Mas se você perguntar aos cicloativistas eles vão dizer que até um capacete de moto não faria mal em certos casos. Nosso manual vai se prestar a um serviço inútil agora e deixar essa decisão na sua mão.
- SETE: se você está na mão certa e vem outro ciclista na contramão… Você dá um jeito de deixar bem claro pra ele que não vai sair do seu caminho, e que até os cicloativistas e o Los Hermanos desaprovariam a atitude dele/dela. Acima de tudo, não saia do seu eixo.
- OITO: olhe para a frente. É óbvio? Talvez. Mas o óbvio nem sempre é evidente. Quando pedalamos na mão certa é natural que sintamos a vontade de olhar pra trás pra conferir a aproximação dos carros. Dica: isso não vai te ajudar muito. É necessária uma espécie de confiança meio louca pra andar de bike na cidade e olhar pra frente é a materialização desse estado de espírito.
- NOVE: fones de ouvido. Na guerra? Em meio ao inferno urbano? Em velocidade? Simplesmente ridículo. Conheço gente que foi atropelada porque estava mais preocupada em fazer a vida parecer um videoclipe.
- DEZ: cargas. Eu trabalho a 10km da minha casa e faço o percurso de ida e volta quase diariamente na bike. Gosto de chegar minimamente apresentável no serviço, e eu sou uma pessoa que transpira bastante… Uma mochila nas costas num dia quente pode ter resultados drásticos nesse sentido. Por opção instalei um bagageiro (vulgo garupa de luxo) e sempre pedalo sem nada nas costas, preservando uma relativa integridade de minhas vestes e economizando algumas lavagens de roupa (antes do bagageiro eu “gastava” 2 camisetas por dia as vezes).
- BÔNUS: sobre pedalar alcoolizado. Muitas vezes eu prefiro ir de bike para o bar. Me dá a tranquilidade espiritual necessária para cachaçar sem limites quando assim desejo. A volta costuma ser algo meio nebuloso do qual você não se lembra direito, alternando bons momentos de descidas e retas com subidas sofridas e o famoso suor de cachaça no bigode. Se houver disposição, na chegada, o ideal é uma bela chuveirada e cair na cama: o sono do bêbado ciclista é de uma profundidade comovente. Mas cuidado, não é só porque você está de bike que as mazelas do trânsito vão lhe passar ao largo. Procure fazer isso apenas de madrugada.
- BÔNUS DOIS: sobre bicicletas e sexo. Você tem que estar ciente do seguinte: você passou horas pedalando, movimentando suas pernas e transpirando bastante na região da púbis – não quero entrar em detalhes. Se for encontrar alguém com intenções de afeto carnal intenso, leve este fator em consideração. Considere também além de seu nível de intimidade com o parceiro ou parceira: como a pessoa em questão reagiria após abaixar suas calças e se deparar com um estado de provável lamentabilidade de suas partes pudendas? Faça a matemática mental necessária: levar aparatos para tomar um banho? Tacar o foda-se? Eu particularmente prefiro o caminho da honestidade: “Você quer que eu tome um banho. Acredite em mim“. Tem gente que não quer nem saber de esperar banho, tem gente que agradece… a glória da diversidade. Claro que em caso de pedaladas curtas isso não se aplica, mas o ciclista da guerra e do inferno urbano dificilmente faz pedaladas curtas.
CONCLUINDO: a situação das ruas nas cidades médias/grandes é de miséria espiritual. As pessoas estão literalmente se matando pra chegar 5 minutos mais cedo ou 5 minutos menos atrasados em lugares onde elas vão continuar esfolando a si mesmas de todas as maneiras possíveis. Mas o ciclista do inferno urbano é diferente. Ele desliza pela cidade indiferente à toda a mediocridade e pobreza interna de seus habitantes. Ele chega rapidamente onde os carros não chegam. Ele conhece a cidade em sua intimidade e usa suas particularidades a seu favor. Além disso, ele não deixa que os lastimáveis hábitos alimentares e cotidianos da cidade destruam seu corpo, pois está sempre fazendo exercícios aeróbicos e fortalecendo a si mesmo, sua resistência e sua auto-estima. Alheio às comiserações de seus companheiros de espécie, o ciclista do inferno urbano é um ser atento, disposto, dedicado à sua mobilidade e alheio aos gritos, latidos e buzinas de nossos agressivos motoristas. Tempo, esforço e dedicação são extremamente necessários para tanto, mas se me perguntarem, lhes digo que vale muito a pena.
Texto escrito por Rafael (dedos) – http://dedos.info
fonte: http://diariofnord.wordpress.com/2012/09/13/o-polemico-manual-do-ciclista-do-inferno-urbano/
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A farsa do vegetarianismo como discurso político Ou: sobre animais, plantas e mendigos.
A farsa do vegetarianismo como discurso político
Ou: sobre animais, plantas e mendigos.
É necessário que se esclareçam dois pontos antes de comungarmos deste indigesto Cafezinho Bomba. É sabido que este blog é uma espécie de confraria de malfeitores, profetas do apocalipse e inimigos públicos, portanto se você veio buscar palavras de alento face à sua escolha alimentar vegetariana, ou ainda um discurso ponderado, embasado em fatos comprovados, eu sinto muito. Vamos aos pontos:
- Eu sou vegetariano há muitos anos; sinto empatia enorme pelos animais e prezo todos os benefícios de uma alimentação que não inclua carne de espécie alguma.
- Eu odeio a democracia. A democracia tem muito em comum com a comunicação de massa: é necessário nivelar as ideias e os atos por baixo, para que todos, incluindo os estúpidos, possam de certa forma entender e usufruir de seus teóricos benefícios. Na prática, porém, isto não funciona. O exemplo brasileiro é ótimo – supostamente vivemos num estado laico com direitos iguais a todos. Entretanto, vivemos em um estado cristão, niilista, histérico e cheio de ódio, onde claramente não há igualdade de direitos. E por dar voz e poder a tantos cristãos niilistas e outros tipos de odiadores, ficamos emperrados em assuntos sérios e reais – como o aborto, a legalização de algumas drogas, a eutanásia, células tronco etc. Sempre serei pelo anarquismo, pois este não me obriga a necessariamente aceitar a estupidez alheia. Tudo isso será levado em conta na moderação dos comentários.
Estes pontos sendo esclarecidos, podemos prosseguir com o nosso singelo artigo. Outro dia mesmo publicamos um texto de relativo sucesso, o Polêmico manual do ciclista do inferno urbano (mas que porra de título), onde apontávamos o cicloativismo como uma das facetas do Homem Underground de Bem, o jovem grisalho que termina todas suas frases com “mas nem tanto”. Este é mais um libelo contra um dos artifícios lançados pelo H.U.B. em seus confortável protesto contra o stablishment: o vegetarianismo. Gostaria de elencar algumas características da Farsa do Vegetarianismo como Discurso Político.
1. Uma escolha elitista
Você já frequentou um restaurante vegetariano em uma cidade como São Paulo, ou ainda, nossa querida São José dos Campos? Eu os frequento constantemente. Sabe que tipo de pessoas estou acostumado a ver? Pessoas bem vestidas, de olhar altivo e sereno, vestindo roupas de teores neo-hippies com alguma chumbreguice oriental. O preço da comida costuma ser bastante elevado. Ah, mas você não come em restaurantes, e sempre é possível comprar uma boa comida por preços razoáveis e comer em casa, certo? Claro que sim, mas se você não quiser ficar rapidamente desnutrido comendo arroz branco e alface como sempre, vai ter que ir atrás de alimentos integrais e outras coisas saudáveis. E aí você vai se deparar com um estranho fato: é muito mais barato se alimentar das porcarias embutidas e sintéticas do que de alimentos ditos orgânicos e integrais. Existe todo um mercado de produtos voltados para vegetarianos e pessoas com hábitos alimentares nobres e elevados e adivinhe só, todos esses produtos custam caro (já escrevi sobre isso em outro texto – O Advento da Salsicha). Aliás o tal do alimento orgânico – que é muito mais caro do que aquela cenoura mutante com a qual você poderia matar alguém na paulada – nada mais é do que o que nossos avós plantavam no quintal de suas casas. Novos nomes e rótulos vão sendo gerados, prefixos bonitos como acti, nutri, bio vão sendo acrescentados. A inversão foi feita genialmente. Se não tiver dinheiro, você vai comer o pior que a indústria de alimentos pode oferecer. As descobertas sobre os alimentos que vem sendo usados em nossos alimentos industriais, por sinal, não são nada animadoras. Outro tópico que pega um gancho neste é o seguinte:
2. Um discurso restrito
Faça uma viagem a alguma cidade encravada no interior de nosso país e seja recebido por uma família do lugar. Na hora em que servirem o almoço, diga que você não come carne e contemple a expressão de seus anfitriões. Aquilo lhes parecerá simplesmente alienígena. Se você quiser piorar muito as coisas, comece a explicar seus motivos ideológicos a eles – o sistema industrial de matança, os prejuízos à agricultura, a tortura aos animais… Porque isso acontece? Porque o vegetarianismo enquanto discurso político não tem muito alcance, por estar restrito aos lugares onde há dinheiro e homens (e mulheres, ok?) underground de bem. Para muitas famílias soará até ofensivo que se retire a já escassa carne de suas dietas. Existe algum problema com essas pessoas? Elas caminham sozinhas nas sombras da ignorância? É necessário um messias vegetariano para espalhar a boa nova nessa terra arrasada…? Não creio em nenhuma dessas respostas. Pelo contrário. O vegetarianismo é só uma escolha como qualquer outra – é estúpido pensar que é uma escolha adequada para todas as pessoas ou mais correta e nobre. Porém, muitas vezes, é pra isso mesmo que se presta esse discurso:
3. Um jeito de canalizar seu ódio
Existe uma legião de pessoas assim: enquanto, em seu interior, nutrem um desprezo e um ódio rançoso pela humanidade, abraçam causas como a proteção dos animais e o vegetarianismo para destilar sua pretensa superioridade sobre seus pares. Essas pessoas cuspiriam num mendigo pedindo comida na rua, e na sequência abrigariam um cão abandonado em seus lares, publicando fotos dele no Facebook e procurando pessoas para adotar enquanto recebem cumprimentos de outros amigos politicamente corretos. Entre alguns vegetarianos há um comportamento similar: há pessoas que vão agarrar a primeira oportunidade para despejar sobre os outros o seu discurso politicamente correto e cheio de ódio sobre como o ser humano é um câncer para o planeta, e de como estamos escravizando os animais em nosso benefício em uma indústria mortífera e lucrativa. Evidente que em algum ponto esse discurso realmente toca os fatos – mas não é disso que se trata o discurso do vegetariano raivoso. Trata-se apenas de se afirmar sobre os outros fazendo uso de sua opção alimentar – o que, francamente, é fácil de mudar se houver o real desejo – para destilar seu ódio de si mesmo e dos outros. Esse discurso trata o ser humano como um alienígena que, em algum ponto da história do planeta, se impôs sobre as outras espécies num plano maldoso de dominação do planeta. Se esquecem de que nós, macaquinhos humanos, também somos frutos da seleção natural e que nosso cérebro foi fundamental para nossa sobrevivência. É fato que encontramos meios bem cruéis de garantir isso, porém bondade e maldade são conceitos humanos – respeitar a natureza não é nenhuma garantia de ser “respeitado” por ela. É aí onde entram suas opções. Mas ser vegetariano não necessariamente é uma “boa” opção…
4. Novas comidas, velhos hábitos
Ser vegetariano não é nenhum salvo-conduto de pureza pessoal – até que se prove o contrário a única diferença de você para os outros é que você não come carne. Aliás, as vezes você nem deixa de ter essa vontade – razão pelo sucesso de produtos como carne de soja, hamburguer de soja, presunto de soja, leite de soja… A soja é um ótimo exemplo de como a farsa vegetariana opera, em vários níveis, e não tem a pretensa nobreza que se quer transmitir:
- você ainda quer algo que se pareça carne, que tenha os mesmos supostos benefícios da carne (o desespero pelas proteínas tão facilmente alcançada de outros meios);
- você ainda está disposto a comer produtos transgênicos, processados industrialmente, desfigurados e moldados de maneira a assumirem diversas formas;
- você ainda está contribuindo para um sistema agroindustrial escroto, o esquemão da soja.
Outra coisa. Doces, bebidas alcoólicas e todo tipo de traquitanas alimentares podem continuar sendo consumidos sem culpa nenhuma. Eu acho muito engraçado – existe o caso mais específico ainda dos veganos. Conheço gente que não come nada de origem animal mas comemora quando descobre um salgadinho ou guloseima que não tenha traços animais. Consumir leite ou carne é terrível, mas glutamato de sódio e outras substâncias com nomes terríveis estão ideologicamente livres para serem absorvidos.
5. Você não está salvando o mundo
Sinto lhe informar, pessoa de bem, que você apenas escolheu outra indústria pra servir – no máximo deixou de alimentar uma. Você está, possivelmente, fazendo um bem enorme a si mesmo – qualquer vegetariano de médio-longo prazo sabe de todos os benefícios e do bem estar que acomete o organismo. Mas as coisas param por aí. Talvez, na minha opinião provavelmente, a relação entre vegetarianos/onívoros continuará estável com o passar dos anos. Se esse assunto está em voga hoje é meramente porque estão sendo criados mercados em torno disso e a fase ainda é boa para inovar. Existe também o momento de inserção de diversos elementos de culturas orientais na nossa sociedade ocidental. Práticas e filosofias como o Budismo, Yoga e Meditação tem encontrado muito mais espaço em nosso meio. E é claro que a mensagem oriental de auto-aceitação e auto-realização foi distorcida a nosso bel prazer, permitindo todo o tipo de comportamentos indolentes e preguiçosos – o que gera essa bizarrice enfadonha que são as pessoas extremamente chatas, recalcadas e mal-humoradas usando roupas indianas e frequentando cursos, aulas de meditação e SPAs de autoconhecimento.
Concluindo
Eu entendo perfeitamente as pessoas que escarnecem dos vegetarianos e afins, tirando sarro de seus hábitos, perguntando se vão comer alface no jantar. Eu até me junto a eles em alguns momentos. Em minha humilde concepção do mundo, nós humanos também somos animais e merecemos tanto amor e cuidado quanto os gatinhos e cãezinhos abandonados que infestam o Facebook. A farsa do vegetarianismo como discurso político é uma postura confortável para expressar um suposto descontentamento com os fatos e mascarar o desprezo de muitos pelos seres humanos – uma forma de manifestar exteriormente a falta de intimidade consigo mesmo, o que gera falta de empatia e sensibilidade para com o outro. No fim das contas, sob a frieza dos fatos, você está esperneando enquanto enche a pança, um privilégio para muito poucos. Parabéns.
Texto escrito por Rafael (dedos) – http://dedos.info
http://diariofnord.wordpress.com/2012/10/02/a-farsa-do-vegetarianismo-como-discurso-politico/
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