quarta-feira, 28 de maio de 2014

EJA e o professor de matemática




EJA e o professor de matemática

Partindo da ideia de que “Freire coloca o aluno como sujeito, e não como objeto do processo educativo, afirmando sua capacidade de organizar a própria aprendizagem em situações didáticas planejadas pelo professor, num processo interativo, partindo da realidade desse aluno” o professor pode imaginar como dever ser seu fazer em sala de aula. Das diversas contribuições que Paulo deixa para o professor do EJA, a mais significativa é Saber reconhecer nos alunos do EJA “os saberes construídos pelos fazeres”. Os alunos que compõem o EJA têm muito que ensinar e tendo o professor o seu oficio pautado pela mediação pode aproveitar seus “saberes” e construir num processo reflexivo novos conhecimentos e sistematizá-los. Com esse exercício o professor do EJA possibilita um tipo de ensino onde “O aluno irá compreender que os conhecimentos que vai construir na escola têm relação com os já construídos em sua vida cotidiana e como é útil e interessante relacioná-los e ampliá-los”.
O Professor de matemática pode e dever ter um mínimo de criatividade e com ela proporcionar um acolhimento maduro, mas sem perder o lúdico e o prazer da reflexão partindo dos “saberes dos alunos”. Exemplo: Uma dinâmica com caráter reflexivo onde esses alunos possam falar de forma resumida de suas vidas, socializando suas experiências.
Para permanecer no EJA o aluno necessita ser valorizado e cativado a cada dia, por tanto a escola deveria ter uma “educação com caráter emancipatório, libertador, problematizador da realidade”. O professor do EJA deve ser bem capacitado, e isso é outro tipo de trabalho que a escola pode desenvolver, possibilitando cursos de capacitação e diálogos permanentes para os professores que atuam no EJA.
Em suma, trabalhar no EJA é mais do que um oficio é acreditar que podemos aprender em qualquer etapa de nossas vidas. 

Jânio Elpídio de Medeiros, professor de matemática. 


http://janiomedeiros.blogspot.com.br/2011/08/eja-e-o-professor-de-matematica.html

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terça-feira, 27 de maio de 2014

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA REFLEXÃO SOBRE AS PRÁTICAS INFANTILIZADORAS UTILIZADAS NA EJA




Autor 

RESUMO
O texto aborda sobre as práticas infantilizadoras utilizadas na Educação de jovens e adultos, O autor inicia fazendo uma trajetória da EJA no Brasil prossegue falando sobre a andragogia, e busca fazer uma reflexão de com estas práticas estão inseridas na Educação de jovens. Procura também mostrar a influência das praticas infantilizadoras na evasão dos alunos desta modalidade de ensino, e a necessidade de uma nova concepção de ensino aprendizagem para estes alunos.

PALAVRAS CHAVES:
EJA. Práticas infantilizadoras. Andragogia

Introdução

A linguagem utilizada na EJA tem que estar contextualizada e adequada ao jovem e ao adulto. Baseado nesta afirmação e em uma abordagem teórica sobre o assunto que o artigo fundamenta a discussão sobre como esta infantilização ocorre e quais as suas conseqüências e reflexos no ensino aprendizagem do educando da EJA.
Porque utilizar os mesmos métodos e práticas utilizadas no ensino e aprendizagem das crianças com os jovens e adultos? Esta pergunta foi a mola propulsora do presente trabalho.
A educação de jovens e adultos é de grande importância para aqueles a quem faltaram oportunidades, estimulo, tempo, e não puderam estudar no ensino regular, porém devido à forma que muitas vezes é praticada, esta modalidade de educação, faz com que educandos acabem sendo desestimulados e terminem por abandonar os estudos. O fato de eu ter sido aluna da EJA e ter vivenciado o outro lado da questão me ensejou estar fazendo uma abordagem sobre o assunto, pois sempre me causou estranheza a forma com eram ministrados os conteúdos, e o total desprezo aos conhecimentos prévios dos alunos.
Este trabalho é uma revisão bibliográfica e foi elaborado através de pesquisas em artigos científicos, livros, revistas e na Internet. Foi feita também uma pesquisa documental na legislação que regulamenta a EJA no Brasil.
É de grande importância que os profissionais que trabalham nesta modalidade de ensino se apropriem da necessária mudança nas práticas educativas direcionadas aos jovens e adultos. Espero estar dando uma contribuição com este artigo para que este objetivo seja alcançado.
São poucos os trabalhos científicos que tratam da questão das praticas infantilizadoras na EJA. A pretensão deste artigo é estimular mais investigações a respeito do assunto, e também servir de fonte de referência para futuras pesquisas.
Uma mudança nas práticas educativas da EJA fará com que os alunos se sintam mais dispostos a concluir os estudos, o que lhes dará mais chances no mercado de trabalho e mais possibilidades crescimento pessoal.
Oliveira fala sobre a adequação do trabalho a especificidade dos alunos:

Quando Paulo Freire, em Pernambuco, e Moacir de Góes, no Rio Grande do Norte, começaram a desenvolver seus trabalhos de alfabetização, fundamentados em métodos e objetivos que buscavam adequar o trabalho à especificidade dos alunos, começou a emergir a consciência de que alfabetizar adultos requeria o desenvolvimento de um trabalho diferente daquele destinado às crianças nas escolas regulares.

Com base nas ponderações feitas por Oliveira e, Naiff e Naiff entendemos que o trato infantilizado é um dos motivos da evasão nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e parte da concepção de que se deve dar ao estudante, jovem ou adulto, o que ele não teve quando criança. Por causa disso, é preciso também mudar a abordagem e, muitas vezes, o conteúdo. Trabalhar com material didático infantil sem levar em conta as expectativas de aprendizagem e os conhecimentos prévios é uma prática não condizente com o adulto.
Inserida nesse contexto, a escola muitas vezes encontra dificuldades para compreender as particularidades desse público, no qual os motivos que os levam à evasão, ainda no início da juventude, e as motivações que envolvem sua volta à sala de aula são informações preciosas para quem lida com a questão. Deixá-las escapar leva à inadequação do serviço oferecido e a um processo de exclusão que, infelizmente, não será o primeiro na vida de muitos desses alunos, 
A EJA tem de ser encarada como um atendimento específico, que pede um currículo voltado para esta especificidade, contextualizado com a realidade do educando. Só assim os alunos aprendem o que estão fazendo de forma consciente.
Antes de falarmos sobre as práticas infantilizadoras na EJA é necessário falar sobre o que é a EJA e a quem ela se destina e fazermos um breve relato sobre sua historia no Brasil.
Entende-se por Educação de Jovens e Adultos a modalidade integrante da educação básica destinada ao atendimento de alunos que não tiveram, na idade própria, acesso ou continuidade de estudo no ensino fundamental e médio. A denominação "educação de jovens e adultos" substitui o termo ensino supletivo da Lei n.º 5.692/71 e atualmente, no Brasil, compreende o processo de alfabetização, cursos ou exames supletivos nas etapas fundamental e média. Nos documentos legais pertinentes, a EJA é considerada mais do que um direito: é a chave para o século XXI, por ser conseqüência do exercício da cidadania e condição para a participação plena na sociedade, incluindo aí a qualificação e a requalificação profissional.
A constituição Federal brasileira nos artigos 37 e 38 falam para quem se destina, qual são as responsabilidades dos sistemas de ensino, do poder público com relação à Educação de Jovens e Adultos :
Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. 
Art. 38 - Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. 
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: 
I. no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II. no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. 
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

No Plano Nacional de Educação, temos como um dos objetivos e prioridades da EJA : 
Garantia de ensino fundamental a todos os que não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram. A erradicação do analfabetismo faz parte dessa prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e adultos como ponto de partida e intrínseca desse nível de ensino. A alfabetização dessa população é entendida no sentido amplo de domínio dos instrumentos básico da cultura letrada, das operações matemáticas elementares, da evolução histórica da sociedade humana, da diversidade do espaço físico e político mundial da constituição brasileira. Envolve, ainda, a formação do cidadão responsável e consciente de seus direitos. 

A educação de adultos no Brasil teve início durante a colonização com a vinda dos jesuítas para o país, sendo praticada com fins religiosos, as praticas catequizadoras e instrucionais eram empregadas em adultos e jovens, tanto nos nativos como nos colonizadores, a diferença se constituía nos objetivos para cada grupo social, com a expulsão dos jesuítas houve a desorganização deste ensino.
Na época do império a educação básica e foi ofertada a todos teoricamente, pois na verdade apenas alguns podiam se beneficiar da educação.
Em 25 de agosto de 1945, a Educação de adultos se torna oficial com a aprovação do Decretonº 19.513. A partir desta data são lançados novos projetos e campanhas visando à alfabetização de jovens e adultos que no período regular não tiveram acesso a educação. Entre eles podemos citar: A Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos-CEAA (1947); o Movimento de Educação de Base ? MEB,
sistema radio educativo que teve a sua criação efetivada na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB) em 1961,sendo este movimento apoiado pelo governo Federal.Tiveram também os Centros Populares de Cultura CPC em 1963 entre outros. A maioria das campanhas e movimentos tinha como objetivo o atendimento aos moradores das regiões menos favorecidas econômica e socialmente e promover a conscientização e integração desta população por meio da alfabetização fazendo uso do sistema Paulo Freire.
Entre os anos de 1964 e 1985 com período do regime militar os movimentos de alfabetização foram reprimidos e foi movida uma perseguição aos seus integrantes pelos aparelhos govenamentais.
Em 1967 o governo autorizou a criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), sendo esta denominação mudada em 1985 para Fundação Educar. A Fundação Educar tem como objetivo principal a erradicação total do analfabetismo no Brasil.
A década de 80 foi marcada pela difusão das pesquisas sobre língua escrita com reflexos positivos na alfabetização de adultos. 
Em 1988, foi promulgada a Constituição, que ampliou o dever do Estado para com a EJA, garantindo o ensino fundamental obrigatório e gratuito para todos.
Na década de 80 os fóruns de EJA começaram a se formar em todo o país.
Em 1996, ocorreu uma intensa mobilização incentivada pelo MEC e pela UNESCO, como forma de preparação para a V CONFITEA. O MEC instituiu, então, uma Comissão Nacional de EJA, para incrementar essa mobilização.
Em 1999, ocorreu o 1º ENEJA, no Rio de Janeiro, onde participaram os Fóruns do Rio, de Minas, do Espírito Santo, do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Este primeiro encontro de EJA incentivou outros encontros cada vez com uma participação de um maior numero de fóruns. Em 2006, o VIII ENEJA, em Recife, Pernambuco, com a participação de 26 Fóruns.

As práticas infantilizadoras na EJA

Durante a EJA eu pude observar o quanto era constrangedora a linguagem utilizada pelos professores à colocação de palavras no diminutivo, a maneira como se dirigiam aos alunos com se os mesmos fossem ainda crianças, os mesmos procedimentos utilizados na educação infantil eram utilizados com os adultos. Em Di Pierro o que eu observei na EJA este sintetizado na seguinte afirmação 
(...) o paradigma compensatório acabou por enclausurar a escola para jovens e adultos nas rígidas referências curriculares, metodológicas, de tempo e espaço da escola de crianças e adolescentes, interpondo obstáculos à flexibilização da organização escolar necessária ao atendimento das especificidades desse grupo sociocultural.
Na EJA apesar de haver uma quantidade considerável de bons materiais didáticos para um trabalho com perspectivas baseadas na andragogia ainda são utilizados materiais adequados à educação infantil, não apropriado a educação de 
Jovens e adultos.
Outra prática relacionada à educação infantil e desconsiderar a autonomia do aluno adulto dando ao mesmo um tratamento como se o aluno fosse incapaz de ter idéias próprias e não dando chances de questionar os conteúdos nem se pronunciar a respeito dos métodos adotados na sala de aula, com relação a esta prática Oliveira , fala que: 
Esse é, possivelmente, um dos principais problemas que se apresentam ao trabalho na EJA. Não importando a idade dos alunos, a organização dos conteúdos a serem trabalhados e os modos privilegiados de abordagem dos mesmos seguem as propostas desenvolvidas para as crianças do ensino regular. 
São muitos os problemas gerados pela linguagem utilizada pelos educadores e com a infantilização de pessoas que mesmo não tendo freqüentado a escola no tempo regular tiveram vivencias e experiências acumuladas ao longo da vida e uma grande riqueza de saberes que não podem e nem devem ser ignorados. O uso de palavras no diminutivo e uma das praticas inaceitáveis na EJA, que e bastante utilizada
O hábito do dever de casa que é utilizado no ensino com crianças como estratégia de fixação das matérias, na EJA não condiz com a realidade dos educandos desta modalidade, principalmente quando há uma cobrança excessiva de tais tarefas. Estas cobranças fazem com que os alunos deixem de ir à aula por não ter podido cumprir a tarefa e ficam constrangidos em ser chamada a atenção pelo professor. Com relação a esta prática concordamos com Oliveira quando ela diz:
(...) Porém, me pergunto qual é a possibilidade real que tem um adulto, sem hábitos de lidar com atividades organizadas do modo como o são as escolares e que, na maior parte das vezes, trabalha o dia inteiro, de fazer sozinho o dever de casa. Mais ainda, pergunto-me qual é a função do dever de casa nessas circunstâncias, considerando o fato de que a criação da disciplina no estudo, importante como formação geral das crianças, não se aplica a este público e que a própria idéia de fixação de conteúdos pressupõe uma concepção de aprendizagem inadequada aos objetivos da escolarização de jovens e adultos?

Para um melhor entendimento de com a EJA deve ser efetivada falaremos sobre a andragogia. A palavra andragogia vem do grego, andro=adulto e gogia =estudo.
A andragogia e um instrumento de grande importância na educação de jovens e adultos possibilitando um ensino aprendizagem contextualizado a faixa etária dos educandos desta modalidade.
A história da andragogia tem cerca de cinqüenta anos, durante este tempo foram desenvolvidos trabalhos e pesquisas com o intuito de se compreender sobre a aprendizagem dos adultos e as especificidades relacionadas a esta aprendizagem.
A partir de mil novecentos e cinqüenta algumas idéias começaram a se forma por parte de alguns educadores sobre quais eram as condições favoráveis a facilitar a aprendizagem dos adultos. 
A andragogia se contrapõe ao conceito de pedagogia no sentido que a pedagogia é a ciência que ensina a criança a aprender.
A andragogia tem como base os pressupostos seguintes: A necessidade do saber, onde os adultos têm necessidade de saber por que precisam aprender algo para disporem a aprender. Auto conceito, o aluno se sente autônomo e capaz de tomar suas próprias decisões e se ressente quando alguém o trata como se fosse incapaz. O Papel das Experiências dos Aprendizes, o acumulo de suas múltiplas experiências que têm várias influencias nos seus estudos. Orientação para Aprendizagem centrada na vida. Motivação, motivos mais internos que externos crescimento e desenvolvimento.
Porém muitos educadores a EJA ainda não se apropriaram da importância do modelo andragógico na educação de jovens e adultos e ainda seguem as praticas pedagógicas, práticas inadequadas ao educando adulto. Em relação a estas praticas de ensino 

CHOTGUIS diz que:

O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi a base da organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de seguir as instruções do professor. 
Com base nas considerações acima o que tem sido desenvolvido nas praticas da EJA tem sido o caminho inverso da andragogia, o professor insiste nas praticas infantilizadoras desrespeitando as vivencias e experiências dos alunos estas prática tais como, utilização de cartilhas, conteúdos descontextualizados da realidade do aluno, desconsideração a seus saberes e a sua maturidade.
Quando os livros didáticos são os mesmos utilizados com as crianças e quando os textos trabalhados em sala de aula não estão contextualizados ao aluno da EJA que já vem trazendo experiências e conhecimentos substanciais, o que acaba ocorrendo é que estes alunos que estão retornando a escola e já passaram por muitas decepções, ao terem os seus conhecimentos desvalorizados acabam se sentindo desestimulados. E nesta perspectiva que o material pedagógico precisa ter um conteúdo apropriado, as aulas precisam corresponder às expectativas do sujeito respeitando e valorizando as experiências que os alunos trazem para o contexto escolar. 
Com a efetivação de um trabalho diferenciado do trabalho realizado com a clientela infantil,um trabalho desenvolvido levando em consideração a bagagem dos estudantes,propondo discussões em sala de aula através de filmes,leituras de textos contextualizados a realidade dos alunos e as questões políticas,sociais e econômicas atuais ,utilizando outros recursos que colaborem para a construção do conhecimento formal,enfim fazendo uso de uma abordagem dinâmica e permitindo uma participação dos aluno e uma interação entre eles possibilitara uma maior eficiência da EJA. É com esta visão a respeito da EJA que Vichessi e Diniz afirmam que:
O processo de alfabetização das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) está ancorado em práticas indispensáveis de leitura e escrita que também são desenvolvidas com as crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental. Isso não quer dizer que o professor vá trabalhar lançando mão dos mesmos materiais e estratégias com públicos tão distintos. Não faz sentido. Esse é, inclusive, um dos motivos que levam os mais velhos a fracassar e abandonar a escola 

CONCLUSÃO

Com base no material pesquisado cheguei às seguintes conclusões a respeito das práticas infantilizadoras utilizadas na EJA. Estas práticas estão associadas à linguagem utilizada com os adultos e que não condizem com a sua condição adulta, materiais didáticos inadequados, conteúdos contextualizados ao mundo infantil e a própria atitude do educador em relação ao educando.
A EJA esta perpassada por práticas infantilizadoras que ignoram os conhecimentos as experiências e as vivencias que estes alunos trazem consigo. Faz-se necessário que uma concepção andragógica esteja presente no ensino aprendizagem dos alunos da EJA.
É preciso também uma maior ênfase a EJA nos cursos de pedagogia.
Adultos e crianças tem necessidades e anseios diferentes e também diferentes devem ser as praticas de ensino dirigido a estes dois grupos distintos.
Os métodos de ensino aprendizagem, os procedimentos é os materiais didáticos tem que estar contextualizados com a realidade dos educandos desta modalidade de ensino.
As práticas infantilizadoras são motivas de evasão dos adultos.
È preciso considerar as vivencias e experiências que os alunos da EJA trazem para o contexto escolar.
Quando o material didático e o conteúdo da aula não atende as expectativas do educando ele acaba se desinteressando,
As abordagens na EJA são feitas dentro de uma visão compensatória e direcionadas por praticas pedagógicas que se contrapõem as práticas andragógicas 



REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 21. ed. São Paulo: Saraiva,
1999.


CHOTGUIS, José, Andragogia: arte e ciência na aprendizagem de adultos. Coordenação de Integração de Políticas de Educação a distância. UFPR. S/D. p.1



DI PIERRO, M. C. Notas sobre a redefinição da identidade e das políticas públicas de Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Educação e Sociedade, São Paulo, v. 26, n. 92, p. 1115-1139, especial out. 2005. 

Ministério da Educação e Cultura. Plano Nacional de Educação: proposta do
Executivo ao Congresso Nacional. Brasília: MEC/Inep, 1998.



NAIFF, Luciene Alves Miguez and NAIFF, Denis Giovani Monteiro. Educação de jovens e adultos em uma análise psicossocial: representações e práticas sociais. Psicol. Soc. [online]. 2008, vol.20, n.3, pp. 402-407

OLIVEIRA, Inês Barbosa de .Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA.Educ.rev.,2007.n°29,p.92


VICHESSI, Beatriz e DINIZ, Melissa. Prática adequada aos adultos. Revista escola. 2009 ed. Abril






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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Avaliação do Ensino Médio? Algumas reflexões sobre o Enem e as avaliações externas



Avaliação do Ensino Médio? Algumas reflexões sobre o Enem e as avaliações externas

Alguns pontos me chamaram a atenção em relação ao Enem e vou destacá-los a seguir. Os pontos abaixo talvez tenham um aspecto mais crítico, no entanto, não se deseja aqui apontar que A ou B não está fazendo um bom trabalho. O Enem e as análises que foram feitas sobre ele têm os seus aspectos positivos, assim como alguns avanços ocorreram na Educação brasileira nos últimos anos, mas apenas nos debruçando sobre os problemas que poderemos avançar.
  • Por que tantos veículos da mídia tentam mostrar uma diferença de qualidade entre escolas particulares e públicas maior do que ela realmente é? Como seria o resultado das escolas particulares se elas atendessem um alto percentual de alunos com pais com baixa escolaridade e que possuem poucos insumos educacionais em casa?
  • Por que não reconhecemos as limitações de determinadas avaliações e não procuramos verificar de fato o que elas podem apontar? Sabe-se, por exemplo, que a evolução dos alunos brasileiros em avaliações externas foi impactada positivamente pela cultura de avaliações. Isto é, com o aluno já estando acostumado a fazer provas extensas e a ser avaliado ele rende melhor em uma avaliação desse tipo. Muitas vezes esse aspecto é comemorado por especialistas. Claro que esse é um fenômeno positivo e importante, já que para o ingresso ao Ensino Superior será exigido do aluno saber lidar com avaliações com características semelhantes, no entanto, o que realmente importa saber é se o nível de aprendizado dos alunos melhorou, onde melhorou e porque melhorou. Dizer também, por exemplo, que a média do Enem pode cair caso um maior percentual de alunos faça a prova nos próximos anos é reconhecer que os resultados desse ano superestimam o nível de aprendizado dos alunos do Brasil. Por que não dizer isso claramente?
  • Por que não há uma divulgação maior em relação às certificações que o Enem fornece a maiores de 18 anos que obtêm mais que 400 pontos em cada uma das quatro áreas do conhecimento avaliadas? Vejo que tendo essa missão de certificar o Enem talvez devesse ter algumas modificações, mas dada a barreira que é apresentada a pessoas que não possuem o Ensino Médio completo não me parece razoável não fazer com que uma informação que poderia auxiliar tantas pessoas chegue a toda a sociedade.
  • Se grande parte dos estudiosos concordam que o Enem não é capaz de avaliar o Ensino Médio por que se buscam com base em dados tão simples inferências sobre a qualidade das escolas brasileiras que não são possíveis de se fazer de forma adequada? Detalhando mais algumas informações é possível fazer algumas análises, mas apenas apontando que a média subiu 10 pontos isso não me parece possível.
  • Por que algumas análises de algumas avaliações educacionais ficam na mesmice de dizer que “os resultados apontaram que o Brasil está evoluindo, mas em um ritmo lento”? Embora muitas pessoas que eu respeito e admiro façam essa leitura, peço que me desculpem, mas nenhuma avaliação pode nem deve apontar só isso. A pequena evolução nos níveis de aprendizado dos alunos brasileiros apontada, por exemplo, nos resultados da Prova Brasil, é um diagnóstico que poderia muito bem ser feito sem uma avaliação externa. Seria de se estranhar se os resultados mostrassem algo diferente dado o que vemos acontecendo na Educação brasileira. As avaliações ao meu ver servem para esmiuçar onde estão os problemas, poder identificar quais sistemas educacionais estão funcionando, que tipo de política pública provocou um efeito positivo, etc. Com uma academia que pouco influencia políticas públicas e com a não divulgação de dados importantes como, por exemplo, os microdados da Prova Brasil 2009, estamos longe de utilizarmos adequadamente as informações que uma avaliação em larga escala permite que sejam extraídas.
  • Se os resultados do Pisa 2009 mostram que os países que mais evoluíram no Pisa conseguiram isso graças à evolução de seus piores alunos e a promoção de uma maior equidade, como queremos estimar a nossa evolução nos próximos anos com base em uma avaliação em que a maioria dos alunos mais vulneráveis e com menor nível de aprendizado não fez a prova?
Nos próximos posts vou começar a apresentar algumas análises sobre o Enem desenvolvidas para matéria da Revista Época que chegou às bancas hoje. As análises mostram que as escolas que mais precisam ser diagnosticadas não são, e como o perfil dos alunos que fazem o Enem é muito distinto do perfil dos alunos que estão no Ensino Médio. As escolas que têm menor participação são as que têm mais alunos atrasados e vulneráveis socialmente, notas mais baixas, etc. Não podemos dizer que uma prova que de certa forma ignora essas escolas e alunos avalia o Ensino Médio.

fonte; http://estudandoeducacao.com/2011/09/17/avaliacao-do-ensino-medio-algumas-reflexoes-sobre-o-enem-e-as-avaliacoes-externas/

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VITOR VIEIRA - PT, GREVES, GUERRILHA URBANA, CAOS PLANEJADO



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domingo, 25 de maio de 2014

Relativismo "pós-moderno": amigo das ideologias, inimigo das ciências e da racionalidade.



Na Veja da semana passada, Gustavo Ioschpe publicou um artigo - que vale a pena reproduzir integralmente - analisando uma questão epistemológica fundamental: a verdade. "Afinal, a verdade existe?", pergunta o título. Para o relativismo radical, negador de verdades universais, só há verdades relativas. Ioschpe se refere particularmente ao pensamento reinante nas escolas de segundo grau, mas o fato é que esse relativismo fincou raízes nas universidades, devastando as ciências humanas em geral. Fui testemunha dessa estupidez, contra a qual lutei quase que solitariamente na universidade a que pertenci, muitas vezes sendo chamado de positivista, reacionário etc. Muitos posts foram dedicados a esse tema no blog. Escrevi também um ensaio acadêmico sobre "jornalismo e teorias da verdade", que pode ser acessado aqui. A propósito, o relativismo deixou essa área mais próxima das ideologias que das ciências.

Há muitos anos, dei uma palestra a professores de uma rede estadual de ensino. Muita gente, ginásio grande. Apresentei a saraivada de dados em que me baseio para estabelecer um diagnóstico da educação brasileira. Depois da fala, abriu-se espaço para perguntas. Lembro-me da primeira delas como se fosse hoje: “O palestrante que esteve aqui ontem nos advertiu de que números são como palavras: são criações humanas. E que por trás de toda criação humana existe a intencionalidade da pessoa que a criou. Qual é a sua?”.

É uma visão de mundo preocupante. Fruto do pensamento pós-modernista de viés marxista, postula que não existe uma verdade objetiva, depreendida do estudo de fatos através das ferramentas da ciência. O resultado dessa investigação científica seria apenas uma verdade, a versão inventada pelo homem branco ocidental para ajudá-lo a subjugar os povos subdesenvolvidos e as minorias dos países ricos. Existem, para os pós-modernistas, “verdades”, no plural, ditadas pelas características históricas, culturais e econômicas de cada pessoa ou grupo. A crença de um aborígine de que um trovão é uma manifestação do descontentamento de uma deidade qualquer tem, portanto, o mesmo grau de verdade da descoberta de que o trovão é causado pela ionização e pelo aquecimento do ar que envolve um raio, gerando sua rápida expansão e a consequente onda de som.

Para que seja possível pensar assim, é preciso ignorar que existem fatos e que números, estatísticas, são apenas descrições quantitativas desses fatos. Se eu digo que a população brasileira em julho de 2012 era de 193 milhões de pessoas, segundo o IBGE, não se pode dizer que eu (ou os coconspiradores do IBGE) estou “criando” esse dado como se criasse um soneto. Não, as pessoas existem e estão lá! O número é apenas a maneira mais simples de comunicar esse fato, sem precisar mostrar fotos de todos os cidadãos nem repetir a contagem a cada instante. Se entendemos que fatos existem, e se notamos que os fatos corriqueiros do mundo que nos cerca já apresentam uma variedade e uma complexidade inenarráveis - da estrutura atômica e subatômica das partículas ao movimento das marés ou de planetas -, então necessitamos de um método impessoal e objetivo para perceber e compreender esses fatos. Esse método precisa ser peculiar: deve ser feito por seres humanos imperfeitos - com paixões e vilezas, sem visão de raio X nem audição perfeita - para superar as próprias limitações e chegar o mais próximo possível de observar o fato real, sem distorções ou falhas de interpretação. A criatura precisa superar o criador. Como fazê-lo? Perseguindo os fatos de maneira objetiva e técnica, gerando hipóteses sobre o mundo que só podem ser confirmadas através da medição. Porque, confiando em um método objetivo e em dados oriundos de medições, os resultados podem ser reproduzidos por diferentes pessoas em diferentes épocas, e as conclusões espúrias ou os métodos defeituosos podem ser expostos, corrigidos ou descartados. Sim, esse método a que me refiro é a ciência.

Os pós-modernistas empenham-se em destruir o edifício da ciência. Não mostrando os erros metodológicos ou quantitativos dos estudos científicos, porque a maioria dos adeptos da causa não tem competência técnica para isso (“Errar é humanas”), mas simplesmente atacando a credibilidade dos “especialistas”. E isso se faz necessário não apenas porque, sem os guardiães do conhecimento embasado em fatos, qualquer Quixote pode descrever moinhos inexistentes que devem ser derrubados, mas também porque as investigações mais recentes de várias ciências, especialmente a biologia, desconstroem muitas ideias que são caras aos pós-modernistas e marxistas em geral. Entre elas, especialmente aquela de que o ser humano é um bicho fraterno e igualitário por natureza, e não o ser competitivo e movido pela busca de status e hierarquia em seu grupo social que a psicologia evolutiva não se cansa de demonstrar em estudos e experimentos (sugestões de leitura em twitter.com/gioschpe). Claro, se o fato não existe, o cientista ou especialista só pode ser um impostor, que inventa dados para justificar algum viés inconfessável. Para os ideólogos, toda neutralidade é uma farsa. Quem aponta um erro de um pós-modernista não pode estar certo: necessariamente, deve ser um tarado neoliberal. O marxismo e seus derivativos formam um sistema fechado. Para os crentes, quem aponta seus erros o faz por algum interesse de classe, etnia ou nação e, portanto, pode ser imediatamente descartado. Só poderá apontar os erros quem for confrade. Mas, obviamente, quem é confrade não percebe os erros.

As pessoas dessa inclinação acreditam que a ciência é uma religião, uma fé cega. Que os racionalistas apenas trocaram um deus crucificado por outro abstrato: o método científico. Mas esse é um engano fundamental e dantesco. Porque a marca da religião (e da ideologia) é justamente o dogma, a ideia inquestionável e infalsificável, porque revelada por uma entidade superior. A ciência se move por dúvidas, não por certezas: tudo é questionável e precisa ser demonstrado e reproduzido. Não há crença em entidades superiores. Pelo contrário: a ciência moderna se faz pela sobreposição de vários e pequenos esforços. Até que uma teoria ganhe respeitabilidade e passe a ser aceita como uma boa descrição dos fatos, precisa ser replicada por muitos pesquisadores, que podem estar espalhados por todo o planeta. É sempre assim que funciona? Claro que não. Quem conhece a história das ideias sabe que cientistas e pesquisadores sofrem dos mesmos vícios da humanidade em geral. São seduzidos pelo poder político e econômico, sucumbem a ideologias, aferram-se a teorias patentemente equivocadas por questões pessoais ou até mesmo estéticas. Mas, por mais que ideias tortas tenham vida longa, algum dia elas não resistem ao acúmulo de evidências contrárias e morrem, vão para o lixo da história, substituídas por formulações mais corretas.

Algumas pessoas acham que não se pode confiar na ciência porque “uma hora eles dizem uma coisa, outra hora dizem outra”. Mas isso é causado mais por um viés da publicação dos resultados do que pelos resultados em si. É mais culpa da imprensa (leiga e acadêmica) do que de pesquisadores: é a velha história de que quando um homem morde um cachorro é notícia, mas não vice-versa. Os resultados mais divulgados são frequentemente os mais destoantes do senso comum e da pesquisa anterior. É bom que sejam publicados, porque arejam o debate, mas na maioria dos casos acabam sendo a exceção que comprova a regra. Não é verdade que o processo científico é um eterno pingue-pongue de versões antagônicas. O conhecimento avança, chegamos a consensos. Dificilmente se verá algum estudo sério sugerindo que fumar faz bem à saúde. É verdade que os consensos não são perenes e que talvez vamos propor ações equivocadas por baseá-las em pesquisas que depois se descobrirão equivocadas. Mas no mundo real sabemos que a perfeição é inatingível. A questão, portanto, não é acabar com o erro, pois isso é impossível, mas minimizá-lo. E certamente uma ação baseada em evidências sólidas vai errar menos do que aquela inspirada em intuições e inclinações pessoais.

Que pessoas ignorantes repitam essa linha do “cada um com a sua verdade” é até compreensível, saturados que estamos, aqui nos tristes trópicos, de gente que compartilha essa cosmovisão. Na terra da cordialidade, pega mal defender a existência de uma verdade e o consequente erro daqueles que defendem seu oposto. Parece até arrogância. Que professores pensem assim já é mais triste e preocupante, pois uma tarefa fundamental do sistema escolar é transmitir ao alunado o conhecimento acumulado ao longo de séculos de trabalho árduo de pesquisadores e pensadores, que muitas vezes perderam a vida defendendo suas ideias “hereges”. Também são os professores que deveriam propagar o método científico, para que seus alunos possam empreender o mesmo caminho da busca da verdade trilhado pelos gigantes intelectuais que nos precederam.

Mas que líderes públicos pensem assim, e ajam ao arrepio daquilo que a pesquisa já estabeleceu, aí não é apenas triste ou lamentável: é criminoso. Na área da educação posso dizer com tranquilidade: a maioria dos nossos gestores públicos despreza totalmente os milhares de estudos objetivos sobre o que funciona em educação. Insistem em gastar fortunas com ideias que a experiência, documentada em estudos rigorosos, já se encarregou de demonstrar serem inócuas. O Ministério da Educação agora cria um “Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa” que quer alfabetizar na idade errada (8 anos, em vez de 6) e defende um aumento radical do financiamento em educação que não terá nenhum impacto na melhora da qualidade do ensino (em breve escreverei artigo a respeito). Prefeituras insistem em alfabetizar com o método construtivista, quando o fônico tem se mostrado mais eficaz. Em diminuir o número de alunos em sala de aula ou colocar dois mestres por turma, o que não dá resultado. Em carregar nas ferramentas tecnológicas que não têm comprovação alguma, sem nem ao menos fazer uma escolha criteriosa do livro didático ou prescrever o bom e velho dever de casa, ambos com custo perto de zero e eficácia comprovada.

Muitos o fazem por desconhecimento e preguiça, outros por conveniências políticas, outros ainda por motivos inconfessáveis (não há fornecedor de dever de casa para dar uma mãozinha no financiamento da próxima campanha...). Mas, no frigir dos ovos, eles só podem se safar de sua irresponsabilidade porque sabem que grande parte dos eleitores está convencida de que fatos são criados de acordo com a intencionalidade de cada um e que, portanto, vontades são mais importantes do que resultados e que as boas intenções dos inventores de factoides compensam o divórcio entre seus objetivos e suas realizações. Mas os dados existem. A verdade existe. E até os pós-modernistas mostram saber disso. Cada vez que tomam um remédio ou visitam um médico para tratar de uma doença, em vez de consumir uma beberagem prescrita por um pajé, estão dando às próprias ideias a credibilidade que merecem. Ignoramos esses dados, e os muitos recados que nos mandam, por nossa conta e risco. Países não morrem nem vão à falência por teimar em ignorar a realidade. Mas podem estagnar ou retroceder, como mostra a história recente de alguns de nossos vizinhos. Se não acordarmos para a realidade, em breve haveremos de fazer-lhes companhia.


P.S.: Thomas Jefferson, um dos founding fathers dos EUA, escreveu que “onde a imprensa é livre, e todo homem capaz de ler, tudo está seguro”. Roberto Civita lutou para que cumpríssemos essas duas missões por toda a sua vida adulta. O Brasil perdeu um grande homem, mas o legado fica. Em boas mãos: a existência desta coluna, que irrita a tantos há anos, só é possível em uma organização que preza a verdade antes de agradar a leitores ou poderosos     

http://otambosi.blogspot.com.br/2013/06/relativismo-pos-moderno-amigo-das.html

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sábado, 24 de maio de 2014

Hoje é dia de jejum de Ekadasi 13 APARA EKADASHI 24 de maio de 2014



13    APARA EKADASHI


Yudhishthira Maharaja disse:  "ó Janardana, qual é o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Jyeshtha (mai/jun)?  Desejo ouvir as glórias deste dia sagrado.  Por favor narra-me tudo."

O Senhor Sri Krishna disse:  "ó rei, tua indagação é maravilhosa porque a resposta irá beneficiar toda sociedade humana.  Este Ekadashi é tão sublime e meritório que até mesmo os maiores pecados podem ser apagados por sua potência.  ó grande rei, o nome deste ilimitadamente meritório Ekadashi é Apara Ekadashi.  Quem quer que jejue neste dia sagrado se torna famoso em todo universo.  Mesmo tais pecados como matar um brahmana, uma vaca, ou um embrião; blasfêmia; ou ter sexo com a esposa de outro homem são completamente erradicados por observar Apara Ekadashi.

ó rei, pessoas que dão falso testemunho são muito pecaminosas.  Uma pessoa que glorifica falsa ou sarcasticamente outra; quem engana enquanto pesa algo numa balança; quem deixa de executar os deveres de seu varnaou ashrama (um homem desqualificado que posa como brahmana, por exemplo, ou uma pessoa que recita os Vedaserroneamente); quem inventa suas próprias escrituras; quem enganaos outros; quem é astrólogo charlatão, contador trapaceiro, ou falso médico ayurvédico - todos estes certamente são tão maus quanto uma pessoa que dá falso testemunho, e estão destinados ao inferno.  Mas simplesmente por obervar Apara Ekadashi, todos estes pecadores se tornam completamente livres de suas reaçöes pecaminosas.

Guerreiros que caem de seu kshatriya-dharma e fogem do campo de batalha vão para um inferno bárbaro.  Porém, ó Yudhishthira, mesmo tal kshatriya caído, se observar jejum no Apara Ekadashi, se liberta desse grande pecado e vai para o céu.

É o maior pecado o discípulo que, após receber uma devida educação espiritual de seu mestre espiritual, vira-se e o blasfema.  Esse assim-chamado discípulo sofre ilimitadamente.  Mas até ele, se simplesmente observar Apara Ekadashi, pode alcançar o mundo espiritual.  Ouça, ó rei, enquanto descrevo mais as glórias deste Ekadashi.

O mérito obtido por quem realiza todos seguintes atos de piedade é igual ao mérito obtido por quem observa Apara Ekadashi:  tomar banho três vezes ao dia em Pushkara-kshetra (1) durante Kartika (out/nov); tomar banho em Prayag no mês de Magha (jan/fev) quando o sol está no zodíaco; prestar serviço ao Senhor Shiva em Varanasi durante Shiva-ratri; oferecer oblaçöes aos antepassados da pessoa em Gaya; tomar banho no sagrado Rio Gautami quando Júpiter transita em Leão; obter darshanado Senhor Shiva em Kedaranatha; ver o Senhor Badrinatha quando o sol transita no signo de Aquário; e tomar banho na época do eclipse solar em Kurukshetra e dar vacas, elefantes, e ouro em caridade ali.  Todo mérito que se recebe por realizar estes atos piedosos é obtido por uma pessoa que observa este jejum de Apara Ekadashi.  Também, o mérito obtido por quem doa uma vaca prenha, junto com ouro e terra fértil, é obtido por quem jejua neste dia.

Em outras palavras, Apara Ekadashi é um machado que corta a árvore plenamente madura dos atos pecaminosos; é um incêndio florestal que queima pecados como se fossem lenha; é o sol que arde diante de nossos obscuros maus atos, e é o leão espreitando a mansa corça da impiedade.  Portanto, ó Yudhishthira, quem quer que verdadeiramente tenha medo de seus pecados do passado e presente deve observar Apara Ekadashi mui estritamente.  Quem não observa este jejum deve nascer novamente no mundo material, assim como uma bolha entre milhöes numa enorme expansão d'água, ou como uma pequena formiga entre todas outras espécies. (2)

Portanto devemos observar fielmente o sagrado  Apara Ekadashi e adorar a Suprema Personalidade de Deus, Sri Trivikrama.  Quem faz isto é libertado de todos seus pecados e promovido à morada do Senhor Vishnu.

ó Bharata, para benefício de toda humanidade, descrevi assim para ti a importância do sagrado Apara Ekadashi.  Qualquer um que ouça ou leia esta descrição certamente se livra de todostipos de pecados, ó rei."

Assim termina a narrativa das glórias de Jyeshtha-krsna Ekadasi, ou Apara Ekadasi, do Brahmanda Purana.

Notas:

(1) Pushkara-kshetra, na India ocidental, é realmente o único local na terra onde se encontra um templo fidedigno do Senhor Brahma.

(2) Os Vedasdeclaram narah budhuda samah:  "A forma humana de vida é tal como uma bolha na água."  Na água, muitas bolhas se formam e então repentinamente estouram alguns segundos depois.  Assim se uma pessoa não utiliza seu raro corpo humano para servir a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna, sua vida não tem mais valor ou permanência que uma bolha na água.  Portanto, como o Senhor recomenda aqui, devemos serví-Lo por jejuar no Hari-vasara ou Ekadashi.

Neste sentido, Srila Prabhupada escreve no Srimad-Bhagavatam 2.1.4, significado:  "O grande oceano da natureza material está se agitando com as ondas do tempo, e as assim-chamadas condiçöes de vida são algo como as bolhas espumantes, que aparecem diante de nós como o eu corpóreo, esposa, filhos, sociedade, conterrâneos, etc.  Devido a uma falta de conhecimento do eu, nos tornamos vitimados pela força da ignorância e assim estragamos a valiosa energia da vida humana numa busca vã atrás de condiçöes de vida permanentes, que é impossível neste mundo material."

Jejum Campinas e região de Jundiaí.
 Dia 25

Quebrar entre 06:39 - 10:16
(Hora real, nao de verão)


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quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Professor e o Mundo Contemporâneo



O mundo contemporâneo atravessa enormes modificações econômicas, sociais, políticas e culturais. Vivemos um momento histórico intensamente marcado pela internacionalização da globalização e da tecnologia. Ocorre um processo de universalização da cultura, dos produtos, das trocas, dos custos e do capital. 

O processo de internacionalização do comércio está administrado pela direção econômica neoliberal. A educação não está imune a este processo. Reformas curriculares ocorreram em todos os países marcados pela valorização da formação estudantil com implementação de um espírito de ação e liderança, da capacitação para o trabalho em grupo, e do uso das tecnologias. O momento se caracteriza por um imenso aumento da capacidade de se obter informação. Objetos são produzidos pela informação com a finalidade de comercialização. As culturas do consumo e da propaganda são fortificadas e tudo gira em função do comprar e do vender, de modo que a propaganda se dirige para o consumidor que deve ser aliciado emocionalmente. O capital, ao dominar as mídias, acaba por dominar as emoções, os sentimentos, os hábitos e seduz fortemente os desejos das pessoas. A mídia transforma o cidadão em consumidor, na globalização neoliberal.

Como educadores não devemos identificar o termo informação com conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam às pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que acarretam .Conhecimento é a compreensão da procedência da informação, da sua estrutura e dinâmica própria, e das conseqüências que dela advém, exigindo para isso um certo grau de racionalidade. A apropriação do conhecimento, é feita através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura crítica da informação, processo necessário para absorção da liberdade e autonomia mental.

Hoje, exige-se do novo aluno um certo desenvolvimento de capacidades intelectuais, de abstração, de rapidez de raciocínio e de visão crítica mais ampla que valorize mais do que a racionalidade baseada apenas na informação. O conhecimento não pode se reduzir apenas ao saber fazer, aprender a usar, aprender a comunicar, com capacidade de adaptação às mudanças técnicas continuadas do processo produtivo, do mercado e da sociedade, imposto pela globalização neoliberal. A inclusão da educação desenvolve as condições de realização da cidadania porque absorvem conhecimentos, habilidades, técnicas, novas formas de solidariedade social, porque associa tarefas pedagógicas e ações sociais pela democratização da sociedade. A educação é um caminho de acesso ao conhecimento significativo, que se caracteriza por propiciar um saber que liberta. A assimilação do conhecimento, das opiniões, pode permitir uma elevada capacidade de letramento, que nada mais é do que a leitura crítica da informação, que é um dos caminhos para a liberdade mental e política. Nesse processo o professor é o mediador dessa interação do aluno com o conhecimento, visto que ele deve proporcionar ao aluno o mundo da informação, da técnica, da tradição e da linguagem, para que o mesmo possa construir seu pensamento, suas aptidões e suas atitudes, possibilitando aprendizagens significativas. O papel do professor deve ser o de ajudar o aluno a desenvolver sua aptidão do pensar, através da técnica do diálogo, estimular a capacidade cognitiva do aluno através do saber aprender, saber fazer, saber agir , saber conviver e se conhecer. O educando deve aprender a ser sujeito do próprio conhecimento que aprende a aprender, a buscar informação, como sujeitos pensantes de maneira prática e analítica.

O professor deve aprender a gostar dos alunos, transformando a sua aula mais agradável , motivadora e prazerosa. É necessário estimular a solidariedade mediante os valores democráticos e éticos. Isso significa ouvir o outro; respeitar as diferenças, aperfeiçoar as técnicas de comunicação, indicar formas mais competentes do conhecimento expressivo. Deve assumir uma atitude interdisciplinar passando do conhecimento interligado para o particularizado e deste para o integrado, distinguir e respeitar a diversidade em cada indivíduo e priorizar a igualdade dos direitos dos cidadãos em uma sociedade capitalista que é por excelência desigual e excludente. O saber conviver com as diferenças é saber conviver com pessoas possuidoras de crenças, compreensão de vida e interesses diferentes. A Educação cultivando valores de solidariedade, está ao lado dos excluídos e combate os efeitos do capitalismo . A luta contra a exclusão social também passa necessariamente pelo trabalho do professor.

Os novos tempos exigem um padrão educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. Grandes desafios se descortinam a nossa frente. O maior deles diz respeito à descoberta de construções que permitam desenvolver nos estudantes, a confiança nas suas capacidades de criar, de construir e reconstruir a fim de que o aluno se plenifique a partir de competências e habilidades e, não mais, somente, através de conhecimentos.

Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO

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A questão da desigualdade



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Aula 19 seminário - teoria da aprendizagem significativa de ausubel


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