sábado, 26 de novembro de 2022

Conceitos de espaço, lugar e território na Geografia Mariany Alves Bittencourt

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Conceitos de espaço, lugar e território na Geografia

Mariany Alves Bittencourt

Espaço, lugar e território são conceitos geográficos utilizados como uma espécie de ferramenta para a análise de determinados fenômenos e a Geografia. Entenda!

Antes de estudarmos sobre espaço, lugar e território, aí vai uma pergunta: você já ouviu falar em conceitos? E em objetos de estudo? Toda ciência, como é o caso da Geografia, possui certas palavrinhas muito importantes, que requerem certo nível de abstração e de consenso entre os cientistas dessa área de conhecimento.

Essas palavras importantes adquirem certos significados a partir de estudos de especialistas, passando a se chamar conceitos. Os conceitos são utilizados como uma espécie de ferramenta para a análise de determinados fenômenos e a Geografia tem alguns que, para ela, são fundamentais. São eles: território, lugar, paisagem, região, entre outros.

Por outro lado, os objetos de estudo são um tipo de lente, pela qual determinado campo da ciência observa a realidade para estudá-la. Por exemplo: a História estuda os processos e sujeitos históricos. Já a Geografia, como veremos nessa aula, estuda o espaço geográfico.

O objeto de estudo da geografia

O longo processo de organização e reorganização da sociedade ocorreu ao mesmo tempo em que a natureza primitiva foi sendo transformada em todas as formas que conhecemos: campos, cidades, estradas, parques, pontes, shopping centers, entre outros. Tal foi a explicação dada pelo geógrafo Roberto Lobato Corrêa sobre como a Geografia objetiva estudar sociedade.

Sendo assim, essas obras são as marcas do ser humano, apresentando um determinado padrão de localização que é próprio de cada sociedade. Organizadas espacialmente, todas essas marcas constituem, juntas, conectadas em maior ou menor medida (e interagindo com a natureza), o espaço dos homens e das mulheres. Portanto, formam a organização da sociedade no espaço ou, simplesmente, o espaço geográfico.

Assim, enquanto outras ciências objetivam estudar as sociedades através de diferentes motivações, a Geografia estuda a sociedade através de sua organização espacial. Essa é sua objetivação e, o espaço geográfico (espaço dos seres humanos; espaço da sociedade), o objeto de estudo da Geografia. Voltaremos a falar dele adiante. Antes, iniciaremos nosso estudo compreendendo o que é lugar para a Geografia.

O conceito de lugar

O conceito de lugar pode ser considerado um ponto de partida para compreender o espaço geográfico nas suas diversas escalas (regional, nacional, mundial). Isso ocorre porque o lugar é onde as pessoas vivem, se relacionam, estabelecem seus vínculos afetivos. Sem contar a afeição que se cria com as paisagens cotidianas.

Além disso, no lugar também há muita cooperação entre as pessoas, embora também haja conflito. É ali, no lugar de cada um (a), que se desenvolvem as identidades culturais e socioespaciais dos indivíduos e grupos sociais.

Para chegarmos a uma boa compreensão do espaço geográfico e os conceitos que dele se desdobram, devemos entender um pouco mais sobre as relações sociais. Além disso, precisamos compreender as marcas que as sociedades, através dos mais variados grupos humanos, deixam nas paisagens dos lugares.

Ou seja, devemos compreender as dinâmicas da natureza, bem como as dinâmicas da sociedade. E, de modo integrado, perceber as relações que se dão entre sociedade e natureza. A Geografia, como ciência que é, se dedica a isso.

O lugar nos dá uma identidade própria e nos permite estabelecer relações com diferentes lugares ao redor do mundo. Eis aí uma das dificuldades pela qual passam, em muitos casos, os imigrantes ou refugiados. Isso porque se afastam das referências de seu lugar de origem e precisam se adaptar a um novo lugar, com outros valores.

Por outro lado, com o processo de globalização, há diversos fluxos (como de informações e produtos, por exemplo), que chegam aos mais variados lugares do mundo. Isso os torna um pouquinho mais parecidos entre si.

Ao conjunto de lugares, que se transformaram de modos particulares e passaram por distintos processos históricos, unidos por uma complexa rede de relações que se realizam nas mais variadas escalas, podemos denominar espaço geográfico.

O conceito de espaço geográfico

O espaço geográfico está sempre em transformação. A própria natureza, com seus fenômenos (terremotos, vulcões, marés, etc.), é responsável por certas modificações no espaço. Todavia, o ser humano, desde os tempos mais remotos, é o principal responsável pelas alterações do espaço.

Portanto, o espaço reflete os diferentes períodos nos quais sofreu intervenções humanas diversas. Cada povo imprime em seu território a sua forma própria de se relacionar com o meio ambiente. Dessa forma, o espaço geográfico traz em si a história das sociedades.

O espaço geográfico é formado pela dinâmica da população, pelas atividades econômicas (indústria, agricultura, comércio e serviços). É formado, também, pelas redes de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário. Além das rotas marítimas e aéreas, das mais diversas infraestruturas, das cidades e do meio ambiente. Ele é o legado que a humanidade tem para deixar às próximas gerações. O que não inclui apenas a natureza, mas também todo o patrimônio histórico e cultural materializado.

Como alcançar uma relação mais sustentável com o meio?

Apenas com o conhecimento do espaço geográfico é possível desenvolver uma relação menos predatória com o nosso meio. Isso atenuaria os avanços da destruição ambiental e possibilitaria formas de sustentabilidade realmente possíveis. O que é preciso fazer para alcançá-las? Nosso modelo de sociedade possibilita um verdadeiro “desenvolvimento sustentável”? São perguntas que os geógrafos e geógrafas vêm buscando responder através do uso dos conceitos da Geografia e da análise de seu objeto de estudo, o espaço geográfico.

Milton Santos, renomado geógrafo brasileiro, definiu o espaço geográfico como um fato e um fator social. Ou seja, o espaço geográfico não seria somente um reflexo, um meio para a ação da sociedade. Em vez disso, o espaço geográfico é um condicionado e um condicionador. Ele é influenciado pela sociedade (sendo moldado por ela), ao passo que também influencia a sociedade (direciona ações e relações).

Para esse autor, o espaço geográfico seria então uma união de “fixos” e “fluxos”, isto é, um conjunto de configurações espaciais e dinâmicas sociais. A natureza do espaço geográfico seria, portanto, um conjunto indissociável, complementar e contraditório de “sistemas de objetos” e “sistemas de ações” – dialética entre a inércia e a dinâmica, entre o espaço material e o espaço social.

David Harvey, importante geógrafo britânico, vai ao encontro das ideias de Milton Santos ao definir o espaço geográfico como um conjunto de processos sociais e formas espaciais – isto é, ele é formado pela imaterialidade da dinâmica social e pela materialidade das infraestruturas do espaço.

O conceito de território

De acordo com o geógrafo Marcelo José Lopes de Souza, o território é um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. Nesse caso, não se trata de um espaço caracterizado pelas características naturais, pelo tipo de produção humana, ou por laços afetivos, como pode ser o caso de outros conceitos.

O território é caracterizado pelas relações de poder. E ao considerarmos que o território pertence a quem possui o poder sobre esse determinado fragmento de espaço, percebemos que território e poder são conceitos indissociáveis.

Na literatura em geral (inclusive científica), é muito comum observarmos o conceito de território sempre atrelado à ideia de “território nacional”. Deste modo, ele é muitíssimo usado para fazer referência ao poder do Estado de gerir e dominar grandes espaços, através de determinadas regras socialmente convencionadas ou mesmo impostas.

Nesse sentido, o controle do território brasileiro seria exercido, por exemplo, pelo Governo Federal. Consequentemente, seria delimitado pelas fronteiras nacionais. Sendo assim, o território terminaria onde termina o poder estatal. Todavia, a realidade é muito mais complexa e existem diversos outros sujeitos envolvidos no controle territorial.

Outros exemplos de território

A marquise de um banco ou loja, no centro de uma cidade, utilizada como abrigo por um grupo de pessoas em situação de rua, torna-se território. Isso ocorre partir do momento em que essas pessoas se apropriaram desse pedacinho de espaço para a sua sobrevivência.

Enquanto ali estão, aquela marquise está sob seu domínio. Se outras pessoas tentarem ocupar aquele espaço, possivelmente o grupo que ali estava as expulsará. Ou quem sabe negociará seu compartilhamento, não sabemos. O que importa é que essa relação envolve o poder de gerir o espaço (que se torna, portanto, território).

Os territórios são construídos (e desconstruídos) em diferentes escalas geográficas – que podem ir de uma rua, um bairro, ou até mesmo a um bloco de países, como é o caso da União Europeia – e temporais – séculos, décadas, meses, dias. Podem também ter um caráter permanente, ou uma existência periódica, cíclica (como veremos na Figura 1).

Videoaula

Para entender melhor os conceitos vistos até aqui, confira a videoaula do prof. Carrieri no nosso canal do YouTube:

Territorialidade

A noção de poder, domínio ou influência de agentes (políticos, econômicos ou sociais) no espaço geográfico expressa o que chamamos de territorialidade. O território é o espaço que sofre o domínio desses agentes. Portanto, a territorialidade é a forma como os agentes moldam a organização desse território, suas relações com ele.

Outro geógrafo brasileiro, Rogério Haesbaert, menciona que, além de incorporar uma dimensão estritamente política, a territorialidade diz respeito também às relações econômicas e culturais referentes ao território. Está intimamente ligada ao modo como as pessoas utilizam a terra, como elas próprias se organizam no espaço e criam significados para ele. Sendo assim, a territorialidade é a forma com que os grupos se articulam dentro do território.

Quando falamos em territorialidade, a análise territorial torna-se ainda mais complexa. Afinal, as territorialidades podem ser temporárias ou cíclicas. Elas podem existir somente em uma parte do tempo, de forma intermitente ou não.

Marcelo Lopes de Souza traz um bom exemplo da territorialidade cíclica através da ocupação de ruas urbanas. Essas ruas podem ser ocupadas por consumidores e comerciantes durante o dia e, durante a noite, por prostitutas ou outros indivíduos e grupos exercendo atividades noturnas. A Figura 1, abaixo, representa muito bem essa exemplificação.

território - territorialidade imagem

Figura 1: Representação cartográfica de territorialidade cíclica em uma cidade fictícia: no sábado às 11h, determinada área do centro dessa cidade estaria sendo apropriada pelas pessoas fazendo compras ou trabalhando em comércios. Às 23h, parte dessa mesma área estaria sob domínio de prostitutas trabalhando [modelo adaptado do livro Geografia: Conceitos e Temas].

Os processos de territorialização podem ser entendidos como expressões espaciais dos conflitos presentes em nossa sociedade. As formas como as múltiplas relações de poder se estabelecem no espaço, podem ser percebidas através das diferentes formas em que o poder se manifesta no território: a apropriação e a dominação.

Territórios apropriados e territórios dominados

Os territórios apropriados são utilizados à serviço das necessidades e possibilidades de uma coletividade, indo além da concepção e uso funcionalista do espaço, possibilitando uma relação simbólica e identitária.

Já os territórios dominados, são espaços caracterizados por uma concepção e uso utilitarista e funcionalista, onde a principal finalidade é o controle dos processos naturais e sociais, por meio das técnicas, submetendo-os à lógica da produção e do consumo.

Os conflitos, de certo modo, materializam-se no espaço geográfico, dando origens aos territórios controlados por diferentes e conflitantes formas de poder, que não necessariamente correspondem ao Estado nacional.

Um bairro, por exemplo, se insere num território municipal, num território estadual e num território federal. Ao mesmo tempo, nele podem estar inseridos territórios paralelos que podem, inclusive, ultrapassar seus limites para outros bairros.

Por exemplo: o território do tráfico de drogas, o território de um grupo de moradores em situação de rua, o território de atuação de determinada ONG ou grupo religioso, entre outros. Além disso, esse bairro possivelmente estará inserido no território de blocos econômicos, como o NAFTA ou Mercosul, ou em territórios dominados por empresas transnacionais de determinado setor.

Exercícios

1- (IFMT-2015)

Os conceitos balizadores da análise geográfica, na ótica de Milton Santos, são:

I – O cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições-cooperação e conflito são a base da vida em comum. (SANTOS, 1997.)

II – É o conjunto de formas, que, num dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza. (SANTOS, 1997.)

III – É formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, […] considerados […] como um quadro único no qual a história se dá. (SANTOS, 1997.)

IV – É determinado pelas diferentes funções espaciais ou pelos diferentes usos espaciais, não é possível entendê-lo ignorando as relações políticas e econômicas […]. (SANTOS, 1998.)

Marque a sequência com a correta identificação dos referidos conceitos.

a) Lugar, espaço, território e paisagem.

b) Paisagem, território, espaço e lugar.

c) Espaço, lugar, paisagem e território.

d) Lugar, paisagem, espaço e território.

2- (UNEMAT MT)

Um dos grandes debates da Geografia, desde que esta alcançou o status de ciência, entre o final do séc. XVIII e início do séc. XIX, tem sido alusivo ao seu objeto de estudo. Na atualidade, tomando como referência argumentos de geógrafos como Milton Santos e Roberto Lobato Corrêa, entende-se que a Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico. Dessa forma, definimo-la como “ciência da organização espacial”.

Sobre o conceito de espaço geográfico e sua abrangência no estudo da Geografia, assinale a alternativa incorreta.

a) O espaço geográfico não constitui uma totalidade homogênea, uma vez que reflete as diferentes singularidades da natureza e das dimensões do trabalho humano.

b) O espaço geográfico abrange, além dos elementos naturais e artefatos humanos, a rede de relações criada por fluxo de pessoas, mercadorias, capitais e informações.

c) O espaço geográfico constitui uma totalidade homogênea, uma vez que reflete o resultado das interações do trabalho humano e suas interações com a natureza.

d) O espaço geográfico é o produto material da interação, mediada pelas técnicas, entre as sociedades e a superfície terrestre em que estão inseridas.

e) O espaço geográfico é dinâmico e está, ao mesmo tempo, organizando-se e reorganizando-se. Nesse sentido é que se pode dizer que a Geografia analisa a organização espacial.

3- (UEPB)

De acordo com a composição “Triste Partida” de Patativa do Assaré, nas estrofes que dizem

No topo da serra

Oiando pra terra

Seu berço, seu lar

[…]

Aquele nortista

Partido de pena

De longe acena

Adeus meu lugar…

– A categoria geográfica “lugar” que aparece no fragmento do texto está empregada:

a) corretamente porque está impregnada de emoções e de afetividade. Há uma identidade de pertencimento para com esta parcela de espaço.

b) com o sentido de paisagem, pois é do topo da serra que o retirante delimita visualmente o que ele denomina como o seu lugar.

c) com conotação de região natural, pois trata-se do Sertão nordestino de abrangência do clima semiárido de chuvas escassas e irregulares e da presença da vegetação de caatinga.

d) erroneamente porque ninguém pode ter o sentimento de identidade e de pertencimento a uma terra inóspita que só lhe causa sofrimento. O lugar é para cada pessoa o espaço onde consegue se reproduzir economicamente.

e) com o sentido de território, pois trata-se de um espaço apropriado pelo fazendeiro, o qual exerce sobre o mesmo uma relação de poder.

Gabarito:

  1. D
  2. C
  3. A
Referências:

ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. São Paulo: Ática, 2003.

FERREIRA, Denison da Silva. Território, territorialidade e seus múltiplos enfoques na ciência Geográfica.; CAMPO-TERRITÓRIO: revista de geografia agrária, v. 9, n. 17, p. 111-135, abr., 2014

LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado, Geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Saraiva, 2014.

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral do Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2016.

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia, volume 1: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2005.

QUEIROZ, Thiago Augusto Nogueira de. Espaço geográfico, território usado e lugar: ensaio sobre o pensamento de Milton Santos. In: Para Onde!?, 8 (2): 154-161, ago./dez. 2014. ISSN 1982- 0003. Universidade Federal do rio Grande do Sul, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Porto Alegre/RS, Brasil.

PEDON, Nelson Rodrigo. Geografia e movimentos sociais: dos primeiros estudos à abordagem socioterritorial. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Ina Elias de; CORREA, Roberto Lobato; GOMES, Paulo Cesar da Costa. Geografia: conceitos e temas. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

VELA, João Marcelo. O caráter educativo dos/nos movimentos sociais urbanos: o caso da ocupação Palmares em Florianópolis/SC. 2015. 297 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Florianópolis, 2015. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/teses/PGCN0591-D.pdf>. Acesso em: 30/05/2020.

TAMDJIAN, James Onnig; MENDES, Ivan Lazzari. Geografia geral e do Brasil: estudos para a compreensão do espaço. São Paulo: FTD, 2013.

Sobre o(a) autor(a):

O texto acima foi preparado pelo professor João Marcelo Vela para o Curso Enem Gratuito. João é licenciado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dá aulas de Geografia e Filosofia em escolas da Grande Florianópolis desde 2015, além de atuar como articulador de Ciências Humanas. E-mail para contato: jotamaverick@gmail.com

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Falta de concentração na infância: quais as causas e como vencê-la?

 


O volume de lições de casa, as atividades extracurriculares, a “pressão” por bons resultados — cada vez mais, as crianças têm sido expostas a fatores estressores. Além disso, há o excesso de estímulos externos em meio aos quais os pequenos já nasceram, com o fácil e prematuro acesso a tablets, smartphones e afins. Nesse contexto, em grande parte dos casos, a falta de concentração é o resultado, a ponto de, inclusive, tornar o processo de ensino-aprendizagem infantil mais lento.

No entanto, somados a esses fatores, quais são as principais causas dessa dificuldade de manter o foco? Como é possível combatê-la? Neste artigo, a nossa ideia é se aprofundar no tema, ressaltando o que é importante observar no comportamento das crianças para identificar quando é o momento de buscar um suporte especial. Boa leitura!

falta de concentração

O que se pode entender por falta de concentração?

Antes de abordar o que se pode entender por “falta de concentração”, é importante pontuar que o tempo de foco infantil sofre variações de criança para criança. Afinal, há influências, inclusive, de questões externas, como a alimentação, o sono, a superexposição às telinhas, os aspectos emocionais, entre outras.

É por isso que muito se fala acerca do quanto os hábitos mantidos no dia a dia são capazes de “moldar” os pequenos e ampliar — ou diminuir — as suas capacidades.

A falta de concentração, por exemplo, ocorre quando a criança enfrenta dificuldades para manter a sua atenção voltada a uma situação ou a uma atividade determinada por um tempo esperado. No âmbito escolar, é possível percebê-la no enfrentamento de desafios como:

  • absorção dos conteúdos transmitidos pelos educadores,
  • pouca memorização das instruções repassadas para a realização de uma atividade,
  • ausência de assimilação daquilo que se lê etc.

Quais são as principais causas da falta de concentração?

Existem alguns sinais que podem indicar que os pequenos vêm enfrentando problemas para se concentrar no dia a dia. É fundamental estar atento a esses possíveis sintomas, especialmente porque alguns casos podem demandar a busca de um suporte especializado. Nesse sentido, vale observar, por exemplo:

  • se o pequeno demonstra ter dificuldades de aprendizagem na escola;
  • se a criança nem sempre parece ouvir o que falam com ela;
  • se a criança apresenta dificuldade em manter níveis contínuos de persistência e concentração nas tarefas que desenvolve;
  • se o pequeno demonstra sinais associados à ansiedade, condutas socialmente inadequadas e/ou problemas de comunicação e relacionamento;
  • se a criança tem grande facilidade em se distrair e perder o foco;
  • se a criança é pouco organizada, esquece-se frequentemente das coisas e dificilmente conclui as tarefas iniciadas;
  • se o pequeno demonstra ter pouca autoconfiança e baixa autoestima.

De forma geral, é comum que as crianças que apresentam esses sintomas sejam diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) — o que não necessariamente é um equívoco. Porém, é fundamental não negligenciar outras possíveis razões para a falta de concentração, especialmente antes de se recorrer a alternativas farmacológicas. A seguir, listaremos as principais.

Depressão

A depressão na infância é um transtorno psicológico que normalmente se caracteriza por uma tristeza persistente e, principalmente, pela ausência de interesse em realizar atividades que eram prazerosas antes, como desenhar, assistir a um desenho na TV, brincar com os amigos etc.

Além disso, outros sintomas incluem:

  • a falta de concentração nas tarefas cotidianas;
  • queixas constantes de cansaço;
  • dificuldades no processo de aprendizagem; e
  • dor de barriga e/ou de cabeça.

Em alguns casos, sintomas assim são confundidos com “birras” e até com timidez. Contudo, é importante que os pais estejam atentos e, ao perceberem que perduram por mais de duas semanas, o mais recomendável é levar os pequenos a um pediatra ou a um psiquiatra infantil.

Geralmente, o tratamento abrange sessões de psicoterapia e, a depender da gravidade do quadro, a administração de antidepressivos.

Ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem surgir de forma alternada, com períodos menos ou mais frequentes, durações variáveis e com maior ou menor intensidade. Via de regra, os sinais mais comumente observados, além da diminuição do foco, são:

  • mudanças no apetite;
  • queda no desempenho escolar;
  • falta de motivação;
  • retraimento social;
  • oscilações no humor;
  • apatia e/ou irritabilidade.

Nesse caso, tanto o diagnóstico quanto o tratamento precoces podem evitar diversas repercussões negativas na vida das crianças. Durante a infância, normalmente, o combate ao quadro é mais eficaz com a administração de medicamentos combinada à psicoterapia — especialmente a TCC (terapia cognitivo-comportamental).

Déficit de Atenção

Como dito, embora não seja a única causa, o déficit de atenção é, sim, uma das razões para a falta de concentração na infância. Trata-se de uma condição crônica que se apresenta nos anos iniciais de vida dos pequenos e pode acompanhá-los até a vida adulta.

O TDAH tem um caráter neurobiológico, podendo levar à falta de atenção e à impulsividade. Além disso, as crianças com o diagnóstico costumam ser mais agitadas e, como consequência, normalmente enfrentam problemas escolares.

É importante pontuar que o tratamento precoce é extremamente importante. Por isso, o mais indicado é que os pais mantenham um olhar cuidadoso em relação a possíveis sintomas que levem à suspeita e, se necessário, busquem profissionais especializados.

Como superar esse problema?

Independentemente da motivação, existem algumas boas práticas que auxiliam a reduzir os impactos da falta de concentração na infância e que podem ser colocadas em ação no dia a dia. Neste tópico, listamos alguns bons exemplos:

  • reorganize as atividades e a rotina a fim de não gerar sobrecargas sobre o pequeno e facilitar a manutenção do foco com a realização de uma tarefa por vez;
  • em momentos reservados a estudo, procure tirar de perto tudo que pode funcionar como uma distração, a exemplo de TVs, smartphones, tablets, brinquedos etc.;
  • estimule a manutenção de hábitos saudáveis — como a prática de atividades físicas de que a criança goste — e uma alimentação balanceada, que contenha todos os nutrientes essenciais a essa etapa da vida;
  • procure um psicólogo para receber as orientações mais acertadas e descobrir como os pais podem ajudar os pequenos a superar o problema.

Como visto, a falta de concentração pode ser associada a diversas causas. Em boa parte dos casos, os sintomas podem ser semelhantes. Mas, quando perduram por mais de duas semanas, o ideal é buscar a ajuda de um profissional para identificar quaisquer condições que demandem algum tratamento e uma ajuda especializada, a exemplo da ansiedade, da depressão e do TDAH.

Além disso, em paralelo, vale a pena adotar boas práticas no dia a dia que ajudarão reduzir os impactos da ausência de foco no dia a dia.

Este post foi útil? Então, aproveite para ler também como melhorar a capacidade cognitiva infantil!

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Ideologia O que É ? Por JoãoMaria andarilho utópico. (feito com Spreaker)

 

 

O Conde de Tracy cunhou o termo em 1801.

A origem do termo ocorreu com Destutt de Tracy,[4] que criou a palavra e lhe deu o primeiro de seus significados: ciência das ideias. Posteriormente, concluíram que esta palavra ganharia um sentido novo quando Napoleão chamou De Tracy e seus seguidores de "ideólogos" no sentido de "deformadores da realidade". No entanto, os pensadores da Antiguidade Clássica e da Idade Média já entendiam ideologia como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade.

Karl Marx desenvolveu uma teoria a respeito da ideologia na qual concebe a mesma como uma consciência falsa, proveniente da divisão entre o trabalho manual e o intelectual. Para Marx não se pode analisar uma sociedade separada de sua condição social e histórica. Nessa divisão, surgiriam os ideólogos ou intelectuais que passariam a operar em favor da dominação ocorrida entre as classes sociais, por meio de ideias capazes de deformar a compreensão sobre o modo como se processam as relações de produção. Neste sentido, a ideologia (enquanto falsa consciência) geraria a inversão ou a camuflagem da realidade, para os ideais ou interesses da classe dominante.[5]

 

A partir do materialismo histórico, Marx desenvolveu dois conceitos importantes para compreensão da organização da sociedade capitalista e sua estrutura social, apontando a sociedade como composta por dois elementos fundamentais: a) a infraestrutura, e b) a superestrutura.[7]

  • Infraestrutura - de acordo com Bodart (2016), para Marx, a infraestrutura constitui o conjunto onde está a base econômica da sociedade; portanto a economia, as formas de produção, as relações de produção e as relações de trabalho, estas marcadas pela exploração da força de trabalho no interior do processo de acumulação capitalista. A infraestrutura, assim, constitui o conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios trabalhadores (onde se dão as relações de produção: empregados-empregados, patrões-empregados).[8]
  • Superestrutura - é a projeção, a expressão cultural, das formas e relações de produção; ou seja, é a expressão cultural da infraestrutura. Assim, a superestrutura é fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio [econômico, político e social]. É composta pela estrutura jurídico-política e a estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, etc.).[8]
  •  fomnte]; https://pt.wikipedia.org/wiki/Infraestrutura_e_superestrutura#cite_note-:0-7

 

Princípio

 


Princípio. Do latim principium. 1. Primeira fase da existência de algo, de uma ação ou processo; início. 2. O que é causa primeira, a base de algo; raiz. 3. Valor de ordem moral; preceito, regra (frequentemente usado no plural). 4. Conceito, ideia fundamental que serve de base a uma ordem de conhecimentos ou sobre a qual se apoia um raciocínio. A ou no princípio loc. na fase inicial; inicialmente. Em princípio loc. antes de qualquer consideração, avaliação; de forma geral. (1)

Ponto de partida e fundamento de um processo qualquer. “Ponto de partida” e “fundamento” ou “causa” estão intimamente ligados. (2)

Em filosofia, a palavra princípio é usada de forma metafórica, referindo-se a uma ordem ideal, e não a uma sucessão real. (3)


Princípio da Caridade. Princípio destacado sobretudo por Davidson como algo que rege a interpretação dos outros. Em várias das suas versões, o princípio impõe ao intérprete uma maximização da verdade ou a racionalidade daquilo que o sujeito diz. Para Davidson, segue-se que não faz sentido conceber sistemas de pensamento em que a maior parte das proposições são falsas, pelo que o princípio acaba surpreendentemente por constituir uma defesa contra o ceticismo. Ver também princípio da humanidade. (4)


Princípio da humanidade. Um princípio com a mesma função do princípio de caridade, mas que sugere que regulemos nossos processos de interpretação pela maximização do âmbito no qual vemos o sujeito como humanamente razoável, em vez do âmbito no qual o vemos como estando certo. (4)


Princípio do Efeito Duplo. Princípio que tenta definir as condições com que uma ação com bons e maus resultados é moralmente permissível. Numa das versões, uma tal ação é permissível se (I) não é em si mesma errada; (ii) a má consequência não é a que se pretende; (III) a boa consequência não é por si um resultado da má e (IV) as duas consequências têm impactos semelhantes. Assim, por exemplo, posso bombardear uma fábrica inimiga justificadamente apesar de prever a morte de civis nas suas proximidades, pois não tenho a intenção de provocá-los - ao passo que o bombardeamento intencional de civis não seria permissível. O princípio tem suas razões na filosofia moral tomista (ver Thomas de Aquino). A aceitabilidade de provocar um aborto (matando o feto, em consequência) para evitar a morte da mãe é uma das suas aplicações. Todas as cláusulas da definição são altamente controversas, mas é sobretudo a segunda que dá origem a profundos problemas no que diz respeito à relação entre ação, consequência e intenção. (4)


Princípio de Economia. É o nome como é mais conhecido o famoso princípio de William Ockam, franciscano: "entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem" (os entes não devem ser multiplicados, salvo necessariamente). Aplicado à demonstração, pode ser enunciado deste modo: entre duas explanações, ambas de igual valor, deve ser preferida a que invoca o menor número de princípios ou suposições, por ser mais verdadeira, e, em suma, por ser cientificamente preferida. (5)


Princípio de legalidade (legitimidade). A hipótese de que todos os fatos estão sob a égide de leis e, portanto, são legítimos. Esta hipótese ontológica corrobora a pesquisa científica.(6)


(1) DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO LAROUSSE. São Paulo: Larousse, 2007.

(2) ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

(3) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]

(4) BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução de Desidério Murcho ... et al. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

(5) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.

(6) BUNGE, M. Dicionário de Filosofia. Tradução de Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002. (Coleção Big Bang)

 

 







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  https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/388158/mod_resource/content/1/Texto%2014%20-%20O%20que%20%C3%A9%20ideologia%20-%20M.%20Chau%C3%AD.pdf

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sábado, 19 de novembro de 2022

Hoje é dia do Sagrado Jejum de Sri Utthana Ekadasi dia 19/11/2022. sábado

 
  Suta Goswami disse:  "ó brahmanas sábios, há muito tempo atrás o Senhor Sri Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, explicou as glórias auspiciosas de Sri Ekadashi e as regras e regulaçöes governando cada jejum obervado naquele dia santo.  ó melhor dos brahmanas, quem quer que ouça sobre as origens e glórias destes jejuns sagrados nos dias de Ekadashi vai direto para a morada do Senhor Vishnu após desfrutar de muitos diferentes tipos de felicidade neste mundo material.
 
   Arjuna, o filho de Prtha, perguntou ao Senhor:  "ó Janardana, quais são os benefícios piedosos do jejum completo, de apenas jantar, ou comer somente ao meio-dia no Ekadashi, e quais são as regulaçöes para observar os vários dias de Ekadashi?  Tenha a bondade de narrar-me tudo isso."
 
   O Senhor Supremo, Sri Krishna, respondeu:  "ó Arjuna, no início do inverno, no Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Margashirsha (Nov/Dec), um noviço deve começar sua prática de observar jejum no Ekadashi.  No Dashami, dia antes de Ekadashi, deve limpar bem seus dentes.  Depois, durante a oitava porção de Dashami, assim que o sol esteja para se por, deve comer jantar.
 
   Na manhã seguinte o devoto deve fazer um voto, segundo as regras e regulaçöes, de observar jejum. Ao meio-dia deve-se banhar devidamente num rio, lago, ou pequena lagoa.  Um banho num rio é o mais purificante, num lago algo menos, e numa pequena lagoa é o menos purificante.  Se nem um rio, lago ou lagoa forem acessíveis, então poderá banhar-se com água de poço.
 
   O devoto deve cantar sua oração contendo os nomes da Mãe Terra:  "Oh Ashvakrante!  ó Rathakrante! ó Vishnukrante!  ó Vasundhare!  ó Mrttike! ó Mãe Terra!  Bondosamente remova todos os pecados que acumulei por minhas muitas vidas pretéritas de modo que eu possa entrar na morada sagrada do Senhor Supremo."  Enquanto o devoto canta, ele deve passar barro em todo seu corpo.
 
   Durante o dia de jejum o devoto não deve falar com aqueles que caíram de seus deveres religiosos, comedores de cães, ladröes, ou hipócritas.  Também deve evitar falar com caluniadores, com aqueles que insultam os semideuses, as literaturas védicas, ou brahmanas, ou com quaisquer outras personalidades más, tais como os que tem sexo com mulheres proibidas (1), saqueadores, ou ladröes de templo.  Caso falemos ou até mesmo só vejamos uma tal pessoa durante o Ekadashi, devemos nos purificar olhando diretamente para o sol.

   Depois o devoto deve adorar respeitosamente o Senhor Govinda com alimento, flores e tudo o mais de primeira classe.  Em seu lar ele deve oferecer ao Senhor uma lamparina em consciência devocional pura.  Deve também evitar dormir durante o dia e deve abster-se completamente de sexo.  Jejuando de todo alimento e água, deve alegremente cantar as glórias do Senhor e tocar instrumentos musicais para Seu prazer noite afora.  Após permanecer acordado toda noite em consciência pura, o adorardor deve dar caridade a brahmanas qualificados e oferecer suas humildes reverências a eles, implorando pelo perdão deles para suas ofensas.
 
   Aqueles que são sérios quanto ao serviço devocional devem considerar os Ekadashis que ocorrem durante a quinzena obscura como sendo tão bons quantos os que ocorrem durante as luminosas.  ó rei, nunca devemos discriminar entre esses dois tipos de Ekadashi.
 
   Por favor ouça enquanto agora descrevo os resultados obtidos por alguém que observa Ekadashi desta maneira.  Nem o mérito que se recebe por tomar banho num local sagrado de peregrinação  conhecido como Shankhoddhara, onde o Senhor matou o demônio Shankhasura, nem o mérito que recebemos por ver o Senhor Gadadhara diretamente, é igual a um décimo-sexto do mérito obtido por jejuar no Ekadashi.  É dito que por doar caridade numa segunda-feira de lua-cheia, se obtém cem mil vezes os resultados da caridade comum.  ó ganhador de riqueza, quem dá caridade no dia de sankranti (equinócio) obtém quatrocentas mil vezes o resultado comum.  No entanto, simplesmente por jejuar no Ekadashi se obtém todos esses resultados piedosos, bem como quaisquer resultados piedosos que se consiga em Kurukshetra durante um eclipse do sol ou lua.  Além do mais, a alma fíel que observar jejum completo no Ekadashi consegue cem vezes mais mérito que uma que realize um Ashvamedha-yajna (sacrifício de cavalo).  Quem observa apenas um só jejum de Ekadashi perfeitamente ganha o mesmo mérito que quem alimenta cem mil mendigos todo dia durante sessenta mil anos.  E uma pessoa que observa corretamente Ekadashi apenas uma vez ganha mais mérito que uma pessoa que dá mil vacas em caridade a um brahmana erudito nos Vedas.
 
   Uma pessoa que alimenta apenas um brahmachari ganha dez vezes mais mérito que alguém que alimenta dez bons brahmanas em sua própria casa.  Porém mil vezes mais mérito que o recebido por alimentar um brahmachari é obtido por doar terra a um brahmana respeitável e necessitado, e mil vezes mais que isso é obtido por dar uma moça virgem em casamento a um homem jovem, bem-educado, responsável.  Dez vezes mais benéfico que isto é educar crianças devidamente na senda espiritual, sem esperar qualquer recompensa em troca.  Dez vezes melhor que isso, no entanto, é dar grãos alimentícios aos esfomeados.  De fato, dar caridade aos necessitados é o melhor, e nunca houve ou haverá caridade melhor que esta. (2)  ó filho de Kunti, todos antepassados e semideuses no céu ficam muito satisfeitos quando se dá grãos alimentícios em caridade.  Mas o mérito que se obtém por obervar um jejum completo no Ekadashi é imensurável.  ó Arjuna, melhor de todos Kurus, o efeito poderoso deste mérito é inconcebível mesmo para os semideuses, e a metade deste mérito é obtido por quem come apenas o jantar no Ekadashi.
 
   Portanto deve-se observar jejum no dia do Senhor Hari, seja comendo apenas uma vez ao meio-dia, abstendo-se de grãos e feijöes; ou comer apenas uma vez à noitinha, abstendo-se de grãos e feijöes; ou jejuar completamente.  Os processos de permanecer em locais de peregrinação, dar caridade, e realizar sacrifícios de fogo só podem se gabar enquanto não aparece Ekadashi.  Portanto qualquer pessoa temerosa das misérias da existência material deve observar Ekadashi.  No Ekadashi não se deve beber água de uma concha, matar entidades vivas como peixes ou porcos, ou comer quaisquer grãos ou feijöes.  Assim te descrevi, ó Arjuna, o melhor de todos métodos de jejum, conforme indagaste a Mim."
 
   Arjuna então perguntou:  "ó Senhor, segundo falaste, mil sacrifícios védicos não equivalem a um só jejum de Ekadashi.  Como pode ser isso?  Como é que Ekadashi se tornou o mais meritório dos dias?"
 
   O Senhor Krishna respondeu:  "Vou te contar porque Ekadashi é o mais purificante de todos dias.  Na Satya-yuga certa vez vivia um demônio espantosamente aterrorizante chamado Mura.  Sempre muito irado, ele aterrorizava todos semideuses, derrotando até Indra, o rei do céu; Vivasvan, o deus do sol; os oito Vasus (3); o Senhor Brahma; Vayu, o deus do vento; e Agni, o deus do fogo.  Com seu terrível poder colocou todos sob seu controle.
 
   O Senhor Indra então aproximou-se do Senhor Shiva e disse:  "Todos nós caímos de nossos planetas e agora estamos vagando desprotegidos na terra.  ó Senhor, como poderemos encontrar alívio desta aflição?  Qual será o destino de nós semideuses?"
 
   O Senhor Shiva replicou:  "ó melhor dos semideuses, vá para aquele lugar onde o Senhor Vishnu, que cavalga Garuda, reside.  Ele é Jagannatha, o soberano de todos universos e refúgio deles também. Ele está devotado a proteger todas almas que se renderam a Ele."
 
   O Senhor Krishna continuou:  "ó Arjuna, ganhador da riqueza, depois que o Senhor Indra ouviu estas palavras do Senhor Shiva, foi com todos semideuses para o local onde o Senhor Jagannatha, o Senhor do universo, protetor de todas almas, estava descansando.  Vendo o Senhor dormindo sobre a água, os semideuses juntaram suas palmas e, liderados por Indra, recitaram as seguintes oraçöes:
"ó Suprema Personalidade de Deus, todas reverências a Ti. ó Senhor dos Senhores, ó Tu que és louvado pelos maiores semideuses, ó inimigo de todos demônios, ó Senhor de olhos de lótus, ó Madhusudana (matador do demônio Madhu), por favor proteja-nos.  Com medo do demônio Mura, nós semideuses viemos tomar refúgio em Ti.  ó Jagannatha, és quem fazes tudo e criador de tudo.  És o pai e a mãe de todos universos.  És o criador, o mantenedor, e destruidor de tudo.  És o supremo auxiliar de todos semideuses, e só Tu podes trazer a paz a eles.  Só Tu és a terra, o céu, e o benfeitor universal.

   És Shiva, Brahma e também Vishnu, o mantenedor dos três mundos.  És os deuses do sol, lua, e fogo.  És a manteiga clarificada, a oblação, o fogo sacrificial, os mantras, os rituais, os sacerdotes, e o silencioso cantar de japa.  És o próprio sacrifício, seu patrocinador, e o desfrutador de seus resultados, a Suprema Personalidade de Deus.  Nada dentro destes três mundos, seja móvel ou imóvel, pode existir independente de Ti.  ó Senhor Supremo, Senhor dos senhores, és o protetor daqueles que se abrigam em Ti.  ó místico supremo, ó refúgio dos temerosos, por favor salva e proteja-nos.  Nós semideuses fomos derrotados pelos demônios e assim caímos do reino celestial.  Privados de nossas posiçöes, ó Senhor do universo, estamos agora vagando sobre este planeta terreno."
  
   O Senhor Krishna continuou:  "Tendo ouvido Indra e os outros semideuses falarem estas palavras, Sri Vishnu, a Suprema Personalidade de Deus, respondeu:  "Qual demônio possui tais poderes tão grandes de ilusão que conseguiu derrotar todos os semideuses?  Qual é o nome dele, e onde mora?  De onde consegue sua força e respaldo?   Conte-Me tudo, ó Indra, e não tema."
O Senhor Indra respondeu:  "ó Supremo Deus, ó Senhor dos senhores, ó Tu que conquistaste o temor nos coraçöes de Teus devotos puros, ó Tu que és tão bondoso para com Teus servos fiéis, certa vez havia um poderoso demônio da dinastia Brahman cujo nome era Nadijangha.  Era extraordinariamente atemorizante e completamente dedicado a destruir os semideuses, e teve um filho infame chamado Mura.
 
   A grande capital de Mura é Chandravati.  Desta base o terrivelmente mau e poderoso demônio Mura conquistou o mundo inteiro e colocou todos semideuses sob seu controle, expulsando-os de seu reino celestial.  Ele assumiu o papel de Indra, rei dos céus; de Agni, deus do sol; de Yama, senhor da morte; de Vayu, deus do vento; de Isha, ou Senhor Shiva; de Soma, o deus da lua; Nairtti, deus das direçöes, e Pashi, ou Varuna, deus da água.  Também começou a emanar luz no papel de deus do sol e se transformou nas nuvens também.  É impossível para os semideuses derrotá-lo.  ó Senhor Vishnu, por favor mate este demônio e torne os semideuses vitoriosos."
 
   Ouvindo estas palavras de Indra, o Senhor Janardana ficou muito zangado e disse:  "ó poderosos semideuses, todos juntos podeis agora avançar sobre a capital de Mura, Chandravati."  Assim encorajados, os semideuses reunidos proseguiram até Chandravati com o Senhor Hari liderando o caminho. Quando Mura viu os semideuses, este maior dos demônios começou a rugir alto na companhia de incontáveis milhares de outros demônios, que estavam segurando armas que reluziam brilhantemente.  Os demônios poderosamente armados atacaram os semideuses, que começaram a abandonar o campo de batalha e fugir nas dez direçöes.  Vendo o Supremo Senhor Hrshikesha, o senhor de todos sentidos, presente no campo de batalha, os furiosos demônios correram para Ele com várias armas em suas mãos.  Enquanto se arremetiam contra o Senhor, que porta uma espada, disco e maça, Ele imediatamente perfurava todos seus membros com Suas flechas pontiagudas, venenosas.  Assim muitas centenas de demônios morreram pela mão do Senhor.
 
   Afinal o chefe dos demônios, Mura, começou a lutar com o Senhor.  Mura usou seu poder místico para tornar inúteis quaisquer armas que o Senhor Supremo Hrshikesha soltasse.  De fato, para o demônio as armas pareciam flores atingindo-o.  Quando o senhor não conseguiu derrotar o demônio nem mesmo com vários tipos de armas - sejam lançadas ou empunhadas - Ele começou a lutar com Suas mãos desprotegidas, que eram fortes como maças cravejadas de pontas de ferro.  O Senhor lutou com Mura durante mil anos celestiais e então, aparentemente fatigado, foi-se para Badarikashrama.  Ali o Senhor Yogeshvara, o maior de todos yoguis, o Senhor do universo, entrou numa caverna muito bela chamada Himavati para descansar.  ó Dhananjaya, ganhador da riqueza, esta caverna tinha noventa e seis milhas de diâmetro e só tinha uma entrada.  Fui para lá devido ao temor e também para dormir. 
(4) Não há dúvida quanto a isso, ó filho de Pandu, pois a grande luta Me cansou muito.  O demônio seguiu-Me até essa caverna e, vendo-Me dormindo, começou a pensar em seu coração:  "Hoje vou matar esse assassino de todos demônios, Hari."
 
   Enquanto o malvado Mura estava fazendo planos desta maneira, de Meu corpo se manifestou uma jovem moça que tinha uma pele muito luminosa.  ó filho de Pandu, Mura viu que ela estava equipada com varias armas brilhantes e pronta para lutar.  Desafiado por essa mulher a lutar, Mura preparou-se e então lutou com ela, porém ficou muito espantado quando viu que ela lutava sem cessar.  O rei dos demônios então disse:  "Quem criou esta moça irada, temível, que está lutando comigo tão poderosamente, assim como um raio caindo sobre mim?"  Após dizer isto, o demônio continuou a lutar com a moça.
 
   De repente aquela refulgente deusa destroçou todas armas de Mura e num momento privou-o de sua quadriga.  Ele correu para ela a fim de atacá-la com suas mãos desprotegidas, mas quando ela o viu chegando, enfurecida cortou-lhe a cabeça.  Assim o demônio imediatamente caiu ao solo e foi para a morada de Yamaraja.  O resto dos inimigos do Senhor, por medo e desamparo, entraram na região subterrânea Patala.
 
   Então o Senhor Supremo acordou e viu o corpo morto do demônio diante de Si, bem como a donzela curvando-se diante Dele com as mãos postas.  Seu rosto expressando espanto, o Senhor do universo disse:  "Quem matou este demônio depravado?  Ele facilmente derrotou todos semideuses, Gandharvas, e até mesmo o próprio Indra, junto com os companheiros de Indra, os Maruts, e também derrotou os Nagas (serpentes), governantes dos planetas inferiores.  Ele até derrotou a Mim, fazendo com que Me escondesse nesta caverna por medo.  Quem é que tão misericordiosamente protegeu-Me depois que corri do campo de batalha e vim dormir nesta caverna?"
 
   A donzela disse:  "Fui eu que matei este demônio após aparecer de Teu corpo transcendental.  De fato, ó Senhor Hari, quando Te viu dormindo e que és tu quem mataste este rei dos demônios.  Desta maneira tornaste os semideuses felizes, prósperos e cheios de bem-aventurança.  Porque deste prazer a todos semideuses em todos três mundos, estou muito satisfeito contigo.  Peça qualquer benção que desejar, ó ser auspicioso.  Concederei-a sem dúvida, embora possa ser muito rara entre os semideuses."
 
   A donzela disse:  "ó Senhor, se estás satisfeito comigo e desejas dar-me uma benção, então confira-me o poder de salvar dos maiores pecados aquelas pessoas que jejuam neste dia.  Desejo que a metade do crédito piedoso obtido por alguém que jejua, seja obtido por quem apenas come de noite (abstendo-se de grãos e feijöes), e que metade deste crédito piedoso seja recebido por quem só come ao meio-dia.  Também, que a pessoa que observar estritamente um jejum completo no dia de meu aparecimento, com sentidos controlados, vá para a morada do Senhor Vishnu por um bilhão de kalpas (5) depois que tiver desfrutado de todo tipo de prazeres neste mundo.  Esta é a benção que desejo obter por Tua misericórdia, meu Senhor.  ó Senhor Janardana, quer uma pessoa observe jejum completo, coma apenas o jantar, ou apenas o almoço, por favor conceda-lhe uma atitude religiosa, fortuna, e afinal a liberação."
 
   A Suprema Personalidade de Deus disse:  "ó mui auspiciosa senhora, o que pediste está concedido.  Todos Meus devotos neste mundo certamente jejuarão no teu dia, e assim eles se tornarão famosos pelos três mundos, e finalmente virão e ficarão Comigo em Minha morada.  Porque tu, Minha potência transcendental, apareceste neste décimo primeiro dia da lua minguante, que teu nome seja Ekadashi.  Se uma pessoa jejua no Ekadashi, queimarei todos seus pecados e conceder-lhe-ei Minha morada transcendental.
 
   Estes são os dias da lua crescente e minguante que Me são mais queridos:  Trtiya (terceiro dia); Ashtami (oitavo dia); Navami (nono dia); Caturdasi (décimo quarto dia), e especialmente Ekadashi (décimo primeiro dia). (6)
 
   O mérito obtido por jejuar no Ekadashi é maior que o obtido por observar qualquer outro tipo de jejum ou por ir a um local de peregrinação, e até mesmo maior que o obtido por dar caridade a brahmanas.  Digo-lhe mui enfaticamente que isto é verdade."
 
   Tendo assim dado Sua benção à donzela, o Senhor Supremo de repente desapareceu.  Desde então o dia de Ekadashi se tornou muito meritório e famoso em todo universo.  ó Arjuna, se uma pessoa observa estritamente Ekadashi, eu mato todos seus inimigos e concedo-lhe o destino mais elevado.  De fato, se uma pessoa observa este grande jejum Ekadashi em qualquer dos modos prescritos, (7) Eu removo todos obstáculos a seu progresso espiritual e concedo-lhe a perfeição da vida.
 
   Assim, ó filho de Prtha, descrevi para ti a origem do Ekadashi.  Só este dia remove todos pecados eternamente.  De fato, é o dia mais meritório para destruir todos tipos de pecados, e surgiu a fim de beneficiar todos no universo concedendo todas variedades de perfeição.
 
   Não se deve discriminar entre os Ekadashis da lua minguante e crescente; ambos devem ser observados, ó Partha, e não devem ser diferenciados do Maha-dvadasi. (8)  Todos que jejuam no Ekadashi devem reconhecer que não há diferença entre estes dois Ekadashis, pois consistem no mesmo tithi.
 
   Quem jejua completamente no Ekadashi, seguindo as regras e regulaçöes, alcançará a suprema morada do Senhor Vishnu, que cavalga Garuda.  São gloriosos aqueles obtido por dar caridade a brahmanas.  Digo-lhe mui enfaticamente que isto é verdade."
 
   Tendo assim dado Sua benção à donzela, o Senhor Supremo de repente desapareceu.  Desde então o dia de Ekadashi se tornou muito meritório e famoso em todo universo.  ó Arjuna, se uma pessoa observa estritamente Ekadashi, eu mato todos seus inimigos e concedo-lhe o destino mais elevado.  De fato, se uma pessoa observa este grande jejum Ekadashi em qualquer dos modos prescritos, (7) Eu removo todos obstáculos a seu progresso espiritual e concedo-lhe a perfeição da vida.
 
   Assim, ó filho de Prtha, descrevi para ti a origem do Ekadashi.  Só este dia remove todos pecados eternamente.  De fato, é o dia mais meritório para destruir todos tipos de pecados, e surgiu a fim de beneficiar todos no universo concedendo todas variedades de perfeição.
 
   Não se deve discriminar entre os Ekadashis da lua minguante e crescente; ambos devem ser observados, ó Partha, e não devem ser diferenciados do Maha-dvadasi. (8)  Todos que jejuam no Ekadashi devem reconhecer que não há diferença entre estes dois Ekadashis, pois consistem no mesmo tithi.
 
   Quem jejua completamente no Ekadashi, seguindo as regras e regulaçöes, alcançará a suprema morada do Senhor Vishnu, que cavalga Garuda.  São gloriosos aqueles que se devotam ao Senhor Vishnu e passam todo seu tempo estudando as glórias do Ekadashi.  Quem faz voto de não comer nada no Ekadashi mas de só comer no dia seguinte, obtém o mesmo merito que alguém que executa um sacrifício de cavalo.  Quanto a isso não há dúvida.
 
   No Dvadasi, o dia após Ekadashi, deve-se orar:  "ó Pundarikaksha, ó Senhor dos olhos de lótus, agora vou comer.  Por favor proteja-me."  Após dizer isso, o devoto sábio deve oferecer algumas flores e água aos pés de lótus do Senhor e convidar o Senhor para comer cantando o mantra de oito sílabas três vezes (9).  Se o devoto quer ganhar os frutos de seu jejum, deve então beber água tirada da vasilha santificada na qual ofereceu água aos pés de lótus do Senhor.
 
   No Dvadasi se deve evitar de dormir durante o dia, comer na casa de outrem, comer mais que uma vez, ter sexo, comer mel, comer de um prato feito de metal para sinos, comer urad dhal, e esfregar óleo no corpo.  O devoto deve abandonar estas oito coisas no Dvadasi.  Se deseja falar com um proscrito neste dia, deve purificar-se comendo uma folha de tulasi ou uma fruta amalaki.  ó melhor dos reis, do meio-dia de Ekadashi até a madrugada de Dvadashi, a pessoa deve se ocupar em tomar banhos, adorar o Senhor, e executar atividades devocionais, inclusive dando caridade e realizando sacrifícios de fogo.  Se acontecerem circunstâncias difíceis e não se puder quebrar o Ekadashi devidamente no Dvadashi, pode-se quebrá-lo bebendo água, e então não se incorre numa falta por comer após o horário recomendado.
 
   Um devoto do Senhor Vishnu que dia e noite ouve estes tópicos totalmente auspiciosos concernentes ao Senhor, da boca de outro devoto, será elevado ao planeta do Senhor e residirá ali por dez milhöes de kalpas. (10)  E quem ouve mesmo apenas uma frase sobre as glórias do Ekadashi é libertado das reaçöes a tais pecados como matar um brahmana. (11)  Não há dúvida quanto a isso.  Por toda eternidade não haverá melhor maneira de adorar o Senhor Vishnu que observar um jejum no Ekadashi."
 
   Assim termina a narrativa do Margashirsha-krshna Ekadashi, ou Utpanna Ekadashi, extraída do Bhavisya-uttara Purana.
 
Notas:
1) Na civilização védica é proibido se desfrutar de sexo com a própria filha, mãe, cunhada, ou qualquer parenta feminina.
 
2) O Mahabharata declara: annadau jaladas caiva aturas ca cikitsakah / trividham svargam ayati vina yajnena bharatah - "ó Bharata, quem dá grãos alimentícios, água potável, remédio ou auxílio médico aos necessitados vai para o céu sem realizar qualquer tipo de sacrifício."
3) O Amara-kosha dá os nomes dos oito Vasus conforme a seguir:  Dhara, Dhruva, Soma, Aha, Anila, Anala, Pratyusha, e Prabhava.
 
4) É claro, não há questão de temor ou fadiga para o Senhor Supremo.  Ele fingiu isso como parte de Seu passatempo no qual surgiu Ekadashi-devi.
 
5) Um kalpa, ou doze horas do Senhor Brahma, dura 4.320.000.000 anos. Como o Senhor Krishna diz no Bhagavad-gita 8.21 que "aquele que chega à Minha morada nunca retorna ao mundo material," entende-se que durante o bilhão de kalpas em que o devoto reside na morada do Senhor Vishnu, ele realizará serviço devocional e assim se qualificará para permanecer ali eternamente.
 
6) Alguns dos dias de jejum no calendário védico:
 
Trtiya:  Há um Trtiya em que se deve jejuar. Este dia ocorre durante a parte iluminada do mês de Vaisakha (abr/mai).  Neste dia se deve adorar o Brahman Supremo e tomar banho no oceano.
 
Ashtami:  Estes dias de jejum incluem Krishna-Janmastami, Radhastami, e Gopastami, quando se deve jejuar até meia-noite, meio-dia, e o por-do-sol, respectivamente.
Navami:  Estes incluem Rama Navami e Akshaya Navami.
 
Caturdasi:  Estes dias de jejum incluem Nrsimha Caturdasi, Ananta Caturdasi, e Shiva Caturdasi.
 
Ekadashi:  Dentre todos estes dias de jejum, Ekadashi é o mais querido pelo Senhor Krishna.  Quem não puder observar todos estes dias de jejum pode ter  mérito de cada um deles apenas por observar Ekadashi uma única vez.
 
7) Os três meios recomendados de observar jejum no Ekadashi são jejuar completamente, comer apenas no jantar, ou comer apenas em algum outro horário durante o dia.  Se a pessoa de fato comer, deve abster-se totalmente de grãos e feijöes.
 
8) As vezes, por diversas razöes astronômicas, Ekadashi deve ser observado no dia seguinte, Dvadashi.  Este Maha-dvadashi é considerado muito auspicioso.
 
9) O mantra de oito sílabas é om namo Narayanaya.
 
10) Vide nota 5.

11) Quem mata um brahmana e depois ouve sobre as glórias do Utpanna Ekadashi será aliviado da reação deste pecado.  Contudo, não se deve pensar de antemão que se pode matar um brahmana e depois passar sem castigo simplesmente por ouvir sobre este Ekadashi.  Cometer pecado sabendo isto é uma abominação.


quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Tipos de pesquisa: quais são e como usar as principais metodologias!

📎DIFERENÇAS entre a PESQUISA BÁSICA e APLICADA por FINALIDADE - YouTube

 

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Tipos de pesquisa: quais são e como usar as principais metodologias!

Revisão científica por Carla Muniz

Existem diferentes tipos de pesquisa são aplicados de acordo com o objetivo e abordagem que o pesquisador deseja utilizar como método científico do seu estudo.

Para saber qual o tipo mais adequado, o investigador precisa considerar a finalidade e o objetivo do seu trabalho, a abordagem que deseja usar, e os procedimentos escolhidos.

Pesquisa científica

Engloba todos os tipos de pesquisa que se baseiam em procedimentos de caráter científico para a obtenção dos resultados.

É um processo que trabalha com a lógica aplicada na ciência: envolve a descoberta de um novo conhecimento, a correção de algum conhecimento já existente ou o acréscimo de elementos a um estudo já existente.

Todas as pesquisas feitas no âmbito acadêmico podem ser consideradas científicas, e são categorizadas em diferentes metodologias, de acordo com o objetivo, finalidade e estrutura que seguem.

Classificações da pesquisa científica

No que diz respeito a sua finalidade, ou seja, ao tipo de contribuição que o estudo trará para a ciência, a pesquisa científica pode ser classificada em:

  • Pesquisa básica e pesquisa aplicada.

Do ponto de vista da abordagem usada pelo pesquisador no estudo, este pode ser categorizado em:

  • Pesquisa qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa.

A terceira forma de classificar uma pesquisa científica é através dos seus objetivos, ou seja, por meio do tipo de conhecimento que o pesquisador quer produzir:

  • Pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa.

Por fim, a pesquisa científica também pode ser classificada de acordo com os procedimentos para utilizados para a coleta de informação. Existem diversos, sendo os mais comuns:

  • pesquisa bibliográfica;
  • pesquisa bibliográfica;
  • pesquisa documental;
  • estudo de caso;
  • pesquisa ex post facto;
  • pesquisa de campo, entre outras.

Ressalta-se que uma pesquisa pode ter mais do que um tipo de procedimento, fazendo com que um sirva como complemento do outro.

Saiba mais sobre Pesquisa científica e estudo de caso.

Pesquisa básica

É um dos tipos de pesquisa mais comuns no âmbito acadêmico, principalmente em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).

É orientada para o aprofundamento de um conhecimento científico que já foi estudado. Normalmente, o pesquisador que faz um estudo com essa finalidade busca complementar algum aspecto ou alguma particularidade da pesquisa anteriormente feita.

Esse é um tipo de pesquisa teórica, que requer obrigatoriamente uma revisão bibliográfica e ideias apresentadas de modo sistematizado.

A pesquisa básica ainda pode ser subdivida em pura e estratégica, dependendo do seu foco de análise.

Pesquisa básica pura

É um tipo de pesquisa voltado exclusivamente para o meio acadêmico, sem qualquer tipo de intenção de alterar a realidade.

Consiste em um estudo totalmente teórico, onde o autor não se preocupa em como os resultados de suas pesquisas poderão ser utilizados posteriormente.

Pesquisa básica estratégica

Diferentemente da pesquisa básica pura, na estratégica o pesquisador tem em mente a possibilidade de produzir um conhecimento útil que possa ser, eventualmente, utilizado em estudos práticos.

O autor não apresenta soluções para essas questões, mas recomenda a construção de futuros estudos que possam resolver esses problemas, por exemplo.

Pesquisa aplicada

Ao contrário da pesquisa básica, a aplicada visa produzir um conhecimento que possa ser efetivamente aplicado, ajudando a alterar uma situação, um fenômeno ou um sistema.

A pesquisa aplicada pode ser um complemento ou aprofundamento sobre um assunto previamente estudado. No entanto, a proposta é apresentar alternativas que ajudem a melhorar ou transformar, por exemplo, determinado aspecto do seu objeto de estudo.

Um exemplo de pesquisa aplicada seria uma Investigação de tipos de tratamentos eficazes para a redução da depressão.

Pesquisa quantitativa

Esse tipo de metodologia é caracterizado por usar técnicas e ferramentas estatísticas como principal meio de análise dos dados obtidos em uma pesquisa.

O pesquisador se limita a coletar informações que sejam quantificáveis e aplicá-las em softwares (ou outras ferramentas técnicas) que analisam esses dados.

O investigador é um observador e não deve analisar subjetivamente os números obtidos. A sua função se limita a apresentar os resultados de modo estruturado, com ajuda de tabelas e gráficos, por exemplo.

Para obter os dados necessários em uma pesquisa quantitativa, o pesquisador utiliza questionários de múltipla escolha ou outras opções que garantam respostas objetivas e claras.

Esse tipo de pesquisa é muito utilizada em estudos de mestrado e doutorado, principalmente na área das Ciências Exatas.

Saiba mais sobre a Pesquisa quantitativa.

Pesquisa qualitativa

Nesse tipo de pesquisa, o responsável por fazer a análise das informações coletadas é o próprio pesquisador. Ela se caracteriza por coletar e interpretar as respostas subjetivas dos entrevistados.

As técnicas e os métodos estatísticos são dispensados nesse modelo, visto que o investigador se foca em características mais complexas e não-quantificáveis, como o comportamento, as expressões, os sentimentos, etc.

Nesse caso, os meios de obter os dados são menos rígidos e objetivos. Os questionários, por exemplo, podem ter espaços para respostas subjetivas, flexíveis e de múltiplas interpretações.

Essa metodologia é comum em cursos de Ciências Humanas, principalmente durante a graduação.

Saiba mais sobre a Pesquisa qualitativa.

Pesquisa mista ou Pesquisa quali-quantitativa

É uma mistura entre as características da pesquisa qualitativa e da pesquisa quantitativa.

Nesse caso, o estudo pode ser dividido em duas partes:

  1. Recolha de dados e respectiva análise estatística;
  2. Análise subjetiva de determinada problemática.

Um exemplo de pesquisa quali-quantitativa seria uma análise dos motivos das gestantes darem à luz através da cesariana e não parto normal, em alguma cidade específica.

Essa pesquisa necessita da coleta dos relatos das mulheres que passaram por essa experiência.

Pesquisa descritiva

A pesquisa descritiva é focada em descrever um estudo ou conhecimento que já existente.

Uma pesquisa é descritiva quando o objetivo é esclarecer ao máximo um assunto que já é conhecido, descrevendo tudo sobre ele. Nesse caso, o pesquisador deve fazer uma forte revisão teórica envolvendo o seu objeto de estudo, e deve analisar e comparar as informações.

Por fim, cabe ao autor da pesquisa traçar a sua conclusão sobre as diferentes variáveis analisadas.

A pesquisa descritiva costuma ser muito comum nos cursos de graduação, principalmente nos Trabalhos de Conclusão de Curso.

Saiba mais sobre a Pesquisa descritiva.

Pesquisa exploratória

A proposta da pesquisa exploratória é identificar algo, ou seja, um possível objeto de estudo ou uma problematização que poderá ser alvo de futuras pesquisas.

Por norma, esse tipo de pesquisa serve para aproximar a comunidade científica de algo (fenômeno, sistema, objeto, etc) desconhecido ou pouco explorado.

Ao contrário da pesquisa descritiva, o assunto analisado na exploratória não é sistematizado. Isso significa que representa uma pesquisa mais inovadora e pioneira.

A pesquisa exploratória é útil quando não há muita informação disponível sobre o objeto de estudo, e faz com que o investigador misture o máximo de referências bibliográficas com outros métodos, como entrevistas, pesquisa documental, etc.

Um caso de pesquisa exploratória seria, por exemplo, um pesquisador que quer abordar pelo que e como os jovens chegaram ao grande evento político brasileiro das Diretas Já.

Para isso, o pesquisador deverá entrevistar pessoas que participaram deste evento, explorar suas experiências e pensamentos sobre o assunto.

Saiba mais sobre a Pesquisa exploratória.

Pesquisa explicativa

O principal objetivo da pesquisa explicativa é explicar e racionalizar o objeto de estudo; ela busca a construção de um conhecimento totalmente novo. Para isso, é preciso a junção de muitos dados bibliográficos e resultados obtidos a partir de pesquisas experimentais, por exemplo.

Esse é um tipo de pesquisa mais complexa, normalmente é considerada o "amadurecimento" de uma prévia pesquisa descritiva ou exploratória. Por esse motivo, costuma ser mais comum em teses de doutorado ou mestrado.

Saiba mais sobre as principais diferenças entre a Pesquisa descritiva, exploratória e explicativa.

Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica consiste na coleta de informações a partir de textos, livros, artigos e demais materiais de caráter científico. Esses dados são usados no estudo sob forma de citações e referências, e servem de embasamento para o desenvolvimento do assunto pesquisado.

Partindo do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica é uma das mais comuns. E é considerada obrigatória em quase todos os moldes de trabalhos científicos.

Trata-se de um método teórico focado em analisar os ângulos distintos que um mesmo problema pode ter, e onde são consultados autores com diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.

Posteriormente, o investigador deverá comparar as informações levantadas e, a partir de então, construir as suas observações e conclusões.

Saiba mais sobre a Pesquisa bibliográfica.

Pesquisa documental

Na pesquisa documental, qualquer documento com conteúdo informacional útil para a pesquisa pode ser usado, como jornais, revistas, catálogos, fotografias, atas, etc.

Normalmente, esse tipo de pesquisa é usado juntamente com a pesquisa bibliográfica. Assim, cria-se um vínculo entre o discurso teórico e a realidade apresentada nos documentos não-científicos, por exemplo.

Similar à pesquisa bibliográfica, a documental não se restringe apenas à coleta de informações de caráter científico.

Um exemplo de pesquisa documental seria se um pesquisar quisesse relacionar o período da Ditadura Militar no Brasil, com as consequências nas histórias das famílias dos torturados e executados na época.

Saiba mais sobre Pesquisa documental.

Estudo de caso

Ao contrário da pesquisa documental e bibliográfica, no estudo de caso o procedimento é empírico, ou seja, não se restringe ao levantamento de informações teóricas, e considera observações e experiências.

Esse tipo de pesquisa aprofunda a investigação sobre algum aspecto específico de determinado tema (indivíduo, fenômeno, ambiente, etc).

Os resultados obtidos com o estudo de caso não devem ser generalizadores. Ou seja, não podem ser usados para representar todos os elementos; fazem referência àqueles que foram diretamente investigados.

O estudo sobre uma campanha de marketing específica de uma empresa pode ser um exemplo de estudo de caso. O investigador deverá coletar informações através de questionários, entrevistas, etc. Depois, deve fazer uma crítica qualitativa dos dados levantados, com o objetivo de encontrar aspectos negativos, positivos e demais repercussões sobre o assunto.

Pesquisa experimental

Também é uma pesquisa empírica. É comum em pesquisas laboratoriais, onde o investigador tem controle das variáveis e simula situações que deverão ser observadas e analisadas.

Normalmente, na pesquisa experimental o pesquisador compara diferentes variáveis com o objetivo de traçar um perfil, refutar hipóteses ou aprovar teorias.

Um dos exemplos mais comuns de pesquisa experimental são as pesquisas de laboratório.

Pesquisa de campo

Ao contrário da pesquisa laboratorial, na pesquisa de campo o pesquisador vai até o ambiente natural do seu objeto de estudo.

O investigador deixa de ter total controle sobre as variáveis, se limitando a observar, identificar e coletar informações sobre o seu objeto de estudo no seu respectivo contexto original de vivência.

Nos trabalhos acadêmicos, a pesquisa de campo deve ser uma etapa posterior à pesquisa bibliográfica. O investigador deve estar preparado com o máximo de informações teóricas sobre o assunto que envolve o seu objeto de estudo.

Um exemplo da pesquisa de campo seria a relação das lesões no corpo dos atletas de alto nível, como os jogadores de futebol.

Saiba mais sobre a Pesquisa de campo.

Pesquisa ex post facto

Esse é um tipo de pesquisa feito após a ocorrência de alguma das variáveis / fenômenos a partir de um fato ocorrido no passado.

Neste caso, a pesquisa ex post facto investiga uma causa e efeito de algo que aconteceu em um dado momento e as suas consequências.

O seu propósito é entender como tal fato foi capaz de alterar determinado fenômeno que teve lugar posteriormente. Nesse caso, o pesquisador não tem controle da variável, visto que ela já aconteceu.

Um exemplo de pesquisa ex post facto, seria a análise das trocas de governo, fenômenos da natureza, como tsunami, entre outras.

Pesquisa levantamento

Nesse tipo de pesquisa, o investigador se limita a verificar o comportamento/a interação de determinado grupo. O uso de questionários é comum para coletar dados.

Ao contrário do estudo de caso, a pesquisa de levantamento busca generalizar um resultado com base nas respostas obtidas.

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, visto que não há um detalhamento dos dados, mas sim uma apresentação de seus aspectos gerais. Um exemplo típico é a pesquisa de intenções de voto antes das eleições.

Pesquisa-ação

É um tipo de pesquisa de campo em que o investigador se envolve diretamente com o objeto de estudo. Em outras palavras, há a interferência do pesquisador para que ocorra uma mudança no meio.

Para isso, o autor da pesquisa precisa identificar um problema (prático), criar um plano de ações para solucionar essa questão e, depois, analisar as alterações que o seu projeto trouxe para o ambiente.

Um exemplo de pesquisa-ação seria observar os comportamentos que levam o mau gerenciamento financeiro nas famílias brasileiras.

Pesquisa participante

Ao contrário da pesquisa-ação, na pesquisa participante o investigador não precisa ter um plano para interferir na realidade do ambiente.

Neste tipo de pesquisa, há a interação do investigador com a comunidade ou grupo que o investigador está pesquisando.

Esse tipo de pesquisa é baseado na máxima integração do participante com o ambiente natural que envolve o seu objeto de estudo. Assim, o pesquisador consegue absorver melhor conhecimentos mais complexos e profundos sobre o assunto pesquisado.

Leia mais sobre o significado de Pesquisa e como fazer a metodologia para o TCC.

Veja também:

fonte; https://www.significados.com.br/tipos-de-pesquisa/

 

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