sábado, 10 de dezembro de 2022

Neurociência Molecular


 

Descrição

1. Anatomia geral e funcionamento do sistema nervoso.

2. Sistemas de neurotransmissão.

3. Identidade celular no sistema nervoso.

4. Plasticidade sináptica e neuroplasticidade.

5. Bases moleculares da neuromodulação, cognição e emoção. Integração molecular cérebro-periferia.

6. Metabolismo energético cerebral.

7. Técnicas para estudo do sistema nervoso.

Bibliografia

1. Dienel G. A. Brain glucose metabolism: integration of energetics with function. Physiological Reviews 99, 949-1045, 2019.

2. Frankland P. et al. The neurobiological foundation of memory retrieval. Nature Neuroscience 22, 1576-1585, 2019.

3. Kandel E.R. et al. Principles of Neural Sciences, 5th Ed. McGraw Hill, New York, 2013.

4. Kronschläger M. T. et al. Gliogenic LTP spreads widely in nociceptive pathways. Science 354, 1144-1148, 2016.

5. Lepeta K. et al. Synaptopathies: synaptic dysfunction in neurological disorders. Journal of Neurochemistry 138, 785-805, 2016.

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8. Nabavi S. et al. Engineering a memory with LTD and LTP. Nature 511, 348-352, 2014.

9. Pluvinage J. V. & Wyss-Coray T. Systemic factors as mediators of brain homeostasis, ageing and neurodegeneration. Nature Reviews Neuroscience 21, 93-102, 2020.

10. Purves D. et al. Neuroscience, 6th Ed. Oxford University Press, Oxford, 2018.

11. Schäfer N. et al. The malleable brain: plasticity of neural circuits and behavior. Journal of Neurochemistry 142, 790-811, 2017.

12. Shabel S. J. et al. GABA/glutamate co-release controls habenula output and is modified by antidepressant treatment. Science 345, 1494-1498, 2014.

13. Tritsch N. X. et al. Mechanisms and functions of GABA co-release. Nature Reviews Neuroscience 17, 139-145, 2016.

14. Zimmer E. R. et al. [18F]FDG-PET signal is driven by astroglial gluta

 fonte; http://www.bioqmed.ufrj.br/quimica-biologica/disciplina/neurociencia-molecular/

 

kenhub.com

Sistema nervoso


Autor: Rafael Lourenço do Carmo MD Revisor: Catarina Chaves MD
Última revisão: 08 de Setembro de 2022
Tempo de leitura: 28 minutos

O sistema nervoso é uma parte vital e incrivelmente complexa para o correto funcionamento do corpo humano.  Com todas as suas diferentes partes e conexões este sistema neurológico é cuidadosamente finamente coordenado. A natureza levou milhares de anos para aperfeiçoar o sistema nervoso humano através da evolução, até que chegasse ao que conhecemos hoje, e isto explica a sua complexidade.

Existem doenças debilitantes condicionadas pelo funcionamento incorreto do sistema nervoso. Compreendê-lo exige conhecimento sobre suas várias partes.

Fatos Importantes sobre o sistema nervoso

Teste da tabela

Partes Sistemas nervosos central, periférico, somático, autônomo, entérico
Embriologia Placa neural -> tubo neural -> prosencéfalo -> telencéfalo (->cérebro, núcleos da base, amigdala, hipocampo); diencéfalo (->tálamo, subtálamo, glândula pineal, terceiro ventrículo)
-> mesencéfalo -> aqueduto cerebral, tecto, pedúnculo cerebral
-> rombencéfalo -> metencéfalo (->cerebelo, ponte); mielencéfalo (->bulbo)
Histologia Células nervosas (neurônios) - constituídas em corpo celular, processos curtos (dendritos), processos longos (dendritos), processos longos (axônios); a principal função é a de gerar e conduzir impulsos nervosos para enviar informações para outras estruturas
Células da glia - circundam os neurônios e fornecem suporte mecânico e nutricional
Sistema nervoso central (SNC) Cérebro - lobos frontal, temporal, parietal, occipital; regula o funcionamento de todos os sistemas ao enviar impulsos (ordens) para várias estruturas neurais e do corpo
Tronco encefálico - mesencéfalo, ponte, bulbo; contém estruturas evolutivamente antigas que controlam mecanismos básicos da sobrevivência (respiração, batimentos cardíacos, etc).
Cerebelo - mantém o equilíbrio, coordenação, suaviza os movimentos
Medula espinhal - no canal espinhal; recebe impulsos do cérebro e gera alguns impulsos próprios; origina 31 pares de nervos espinhais que deixam a medula e cursam pelo corpo
Sistema nervoso periférico (SNP) Nervos espinhais - componente sensitivo (dos cornos dorsais da medula espinhal), componente motor (cornos ventrais); ramos anteriores inervam membros e tronco, ramos posteriores inervam a musculatura dorsal
Sistema nervoso somático Função: parte do SNP que leva inervação sensitiva e motora para o corpo
Partes:
- plexo cervical (ramos ventrais C1-C4) - inerva a pele e os músculos do pescoço e tórax
- plexo braquial (ramos ventrais C5-T1) - inerva a pele e os músculos dos membros superiores
- plexo lombar (ramos ventrais L1-L4) e plexo sacral (S1-S4) - inervam a pelve e membros inferiores
Sistema nervoso autônomo (SNA) Sistema simpático - “luta ou fuga”
- saída e campo de inervação toracolombar
- plexos - celíaco, mesentérico superior, mesentérico inferior
Sistema parassimpático “digerir e descansar”
- saída e campo de inervação - crânio-sacral
- nervos - grupo cranial: oculomotor, facial, glossofaringeo, nervos vagos; grupo sacral: nervos esplâncnicos
Sistema nervoso entérico Função - regula o funcionamento do intestino (“cérebro para intestino”)
Plexos - Meissner (submucosa intestinal), Auerbach (tunica muscular)
Relações clínicas Vagotomia, paralisia de nervo craniano, doença de Hirschsprung, espinha bífida, doença de Parkinson

Este artigo vai descrever os detalhes do sistema nervoso central, seus subtipos e também o impacto clínico de suas lesões.

Embriologia

O desenvolvimento do sistema nervoso é um dos primeiros a se iniciar no feto. Uma placa neural simples se dobra para formar a prega neural (semanas 3-4), que depois forma um tubo. Este tubo é aberto em ambos os lados, que são denominados neuroporos cranial e caudal. O neuroporo cranial se fecha no 25º dia, enquanto o fechamento do neuroporo caudal ocorre três dias depois. A falha no fechamento de qualquer um dos neuroporos resulta em anomalias do desenvolvimento.

A formação de flexuras no encéfalo é uma etapa crucial no desenvolvimento do sistema nervoso. Estas são a flexura pontina (entre o metencéfalo e o mielencéfalo), a flexura cervical (entre o tronco encefálico e a medula espinhal) e a flexura mesencefálica (que eleva o mesencéfalo superiormente).

O tubo neural eventualmente se desenvolve formando o encéfalo, e dá origem às três vesículas primárias - prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. O prosencéfalo continua para formar duas vesículas secundárias - telencéfalo e diencéfalo. O telencéfalo forma os hemisférios cerebrais, os núcleos da base (o núcleo caudado para cognição e os globos pálidos medial e lateral para controle motor), a amigdala (o detector de perigo e principal entrada de informações do olfato) e o hipocampo (nosso principal local de armazenagem de memória episódica e espacial).

O diencéfalo forma o tálamo (o portão de saída para o córtex cerebral), o subtálamo, o terceiro ventrículo (os dois tálamos "se beijam" cruzando o terceiro ventrículo) e a glândula pineal (liberação de melotonina e ciclo sono-vigília).

O mesencéfalo forma o aqueduto cerebral (conecta o terceiro e o quarto ventrículos), o tecto (teto do mesencéfalo) e o pedúnculo cerebral (conecta o tronco encefálico ao cérebro). Finalmente, o rombencéfalo forma as vesículas secundárias chamadas metencéfalo e mielencéfalo.

O metencéfalo forma o cerebelo (o "pequeno cérebro" para coordenação e fluidez de movimentos) e a ponte (dá origem à ponte e outros núcleos de nervos cranianos). O mielencéfalo forma o bulbo (controle de centros respiratórios vitais e nervos cranianos).

Os dois tipos básicos de células que se desenvolvem no sistema nervoso são as células da glia e os neurônios.

O sistema nervoso é um tema complexo e difícil de aprender, mas responder a testes e questionários é uma ótima forma de facilitar o seu aprendizado e reter mais conhecimento. Veja você mesmo com o teste abaixo:

Básico

Células nervosas

Existe uma variedade de células nervosas. O corpo celular é onde os neurotransmissores são gerados, e eles são transportados para a parte terminal do nervo com proteínas carreadoras. Os neurônios consistem em um axônio central e mielina para isolamento. A mielina nos neurônios do sistema nervoso central é formada por oligodendrogliócitos, enquanto no sistema nervoso periférico ela é formada por células de Schwann. Nem todas as fibras nervosas são mielinizadas, por exemplo, as fibras do grupo C da dor não são.

Os neurônios sensitivos são especializados em sinalizar estímulos sensitivos. Eles são conectados a um receptor periférico de algum tipo - por exemplo, os corpúsculos de Paccini enviam um sinal quando estão sob pressão física. Estes são transmitidos para interneurônios que se localizam na medula espinhal. Estes por sua vez sinalizam neurônios motores, que se conectam a músculos e deixam o corno ventral da medula espinhal.

Condução saltatória

O estímulo é gerado a partir de receptores (pressão, temperatura, etc). Isto causa um influxo de sódio que causa uma despolarização local. Uma vez que o potencial de membrana atinge -45 mV, os canais de sódio se abrem, e ocorre um rápido influxo de sódio. Este processo é interrompido quando o potencial de membrana atinge +40 mV. O sinal se espalha e pula ao longo do nervo. Há mais influxo de sódio nos nódulos de Ranvier, e a palavra saltatório se relaciona ao 'pulo' dos íons sódio ao longo dos segmentos mielinizados de uma célula nervosa. Isso acelera a transmissão.

Sinapses

A chegada dos íons Na à parte terminal do nervo causa despolarização. Isso ativa um influxo de cálcio, que por sua vez causa a fusão de vesículas pré-armazenadas contendo acetilcolina (nos nervos somáticos, interneurônios, neurônios motores e placas) ou noradrenalina (nos nervos simpáticos pós-sinápticos) com a membrana pré-sináptica, o que determina a liberação do material para a fenda sináptica. O neurotransmissor então se liga aos receptores pós-sinápticos, causando despolarização, e o sinal é transmitido.

Junções neuromusculares

É a junção entre o neurônio motor e o músculo esquelético. Estas possuem a mesma estrutura básica das sinapses, mas não enviam o sinal para outro nervo, e sim para a placa terminal motora e para outras fibras musculares. Isto é realizado através de uma estrutura complexa de túbulos T e receptores especialmente adaptados, e o resultado final é a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático, que promove contração.

Sistema nervoso central

Cérebro

O cérebro é o órgão chefe do sistema nervoso central. Ele coordena o funcionamento dos nossos músculos e membros, bem como os hormônios que nós liberamos para nos adaptar, crescer e modificar o nosso ambiente. Ele é composto por várias divisões, chamadas de lobos cerebrais, conforme a seguir:

  • Lobo frontal: este lobo contém o córtex orbitofrontal, que é a principal área de inibição de comportamentos impulsivos. Ele contém ainda o giro pré-central, o córtex motor primário e a área de Broca (do lado esquerdo), que nos permite formar palavras. A área homóloga à área de Broca do lado direito nos permite a interpretação da linguagem corporal.
  • Lobo temporal: se localiza logo inferiormente à fissura lateral, em cada hemisfério cerebral. Ele contém o giro temporal transverso, que interpreta a informação auditiva. O lobo temporal esquerdo nos permite compreender as palavras e entender informações.
  • Lobos parietais: se encontram na superfície posterosuperior do cérebro, e são o principal local de interpretação visual. Eles possuem ainda um papel crucial nos movimentos dos olhos - perseguição de objetos, por exemplo, seguir um objeto no horizonte - bem como o direcionamento de nosso olhar para diferentes partes de um objeto. Contêm ainda o giro pós-central, que é o córtex sensitivo primário. A área de Wernicke se encontra na fronteira entre os lobos parietal e temporal.
  • Finalmente, no aspecto posterior do cérebro nós temos o lobo occipital, que contém o córtex visual primário e áreas de associação visuais.

Tronco encefálico

O tronco encefálico continua com o aspecto inferior do cérebro. Ele consiste no mesencéfalo, superiormente, na ponte, no meio e no bulbo, inferiormente. O tronco encefálico se encontra no interior da cavidade craniana, e repousa sobre o clivus no aspecto inferior do crânio, sendo contínuo inferiormente com a medula espinhal.

Cerebelo

O cerebelo, ou “pequeno cérebro” é responsável pelo equilíbrio e pela coordenação. Ele dá fluidez aos nossos movimentos, e se reprograma através de um sistema que gera novas respostas na dependência dos estímulos que ele recebe.

Medula espinhal

A medula espinhal se aloja no interior do canal vertebral. Ela se encontra profundamente às três camadas de meninges, e origina os 31 pares de nervos espinhais. Estes nervos deixam o canal vertebral através dos forames intervertebrais, e se fundem para formar plexos e inervar diferentes músculos.

Sistema nervoso periférico

Nervos espinhais

Existem 31 pares de nervos espinhais. Eles consistem em um componente sensitivo aferente que entra no corno dorsal e um componente motor eferente que deixa a medula através do corno ventral. Tanto o componente sensitivo quanto o motor são contidos pelo nervo espinhal, juntamente com os sinais autonômicos.

Uma vez que os nervos espinhais deixam os forames intervertebrais eles formam ramos anterior e posterior. O ramo anterior inerva os membros e o tronco, enquanto o ramo posterior inerva algumas estruturas, como os músculos dorsais.

Nervos cranianos

Eles se originam do tronco encefálico e do cérebro, mas na verdade são parte do sistema nervoso periférico. Existem doze pares de nervos cranianos, conforme abaixo: 

  1. Olfatório (sentido do olfato)
  2. Óptico (sentido da visão)
  3. Oculomotor (movimentos do olho e pálpebra. Contrái a pupila)
  4. Troclear (movimenta o olho para cima e para fora, inerva o oblíquo superior)
  5. Trigêmeo (V1 oftálmico, V2 maxilar, V3 mandibular, sensação da face e músculos mastigatórios)
  6. Abducente (movimenta o olho lateralmente. Inerva o reto lateral)
  7. Facial (move a face, sensação do paladar nos 2/3 anteriores da língua, entre outras funções)
  8. Vestibulococlear (audição e equilíbrio)
  9. Glossofaríngeo (sentido do paladar no 1/3 posterior da língua, sensibilidade da faringe)
  10. Vago (inervação parassimpática para todo o corpo inferiormente à flexura esplênica; parte motora do reflexo da tosse)
  11. Acessório (inerva os músculos esternocleidomastóideo e trapézio)
  12. Hipoglosso (inerva todos os músculos da língua, exceto o palatoglosso)

Sistema nervoso somático

A palavra somático significa "relacionado ao corpo", e ela explica também a função deste sistema. Os nervos que inervam os nossos braços e pernas, bem como os nossos músculos do pescoço e do tronco se originam todos deste sistema. Ele é considerado parte do sistema nervoso periférico e é responsável por levar informação sensitiva e motora. Tanto os nervos cranianos quanto os nervos espinhais contribuem para o sistema nervoso somático. O ramo ventral dos nervos espinhais (exceto T2-T12) se fundem e formam plexos, resultando em nervos finais que vão inervar músculos e fornecer a sensibilidade.

Plexo cervical

O plexo cervical inerva a região do pescoço, e é formado pelo ramo ventral dos primeiros quatro nervos cervicais. Ele fornece principalmente ramos cutâneos para a área da cabeça, pescoço e tronco. Seus ramos musculares são para os músculos retos lateral e anterior da cabeça, longo da cabeça e longo do pescoço. Ele possui uma alça de nervos chamada alça cervical, que origina ramos para vários músculos (ventre superior do omo-hióideo, ventre inferior do omo-hióideo, esterno-hióideo e esternotireóideo). Talvez ainda mais importante seja a origem do nervo frênico, que inerva o diafragma; Assim, C3, C4 e C5 mantêm o diafragma vivo.

Plexo braquial

O plexo braquial é formado pelos ramos ventrais de C5-T1 e inerva os músculos e fornece a sensibilidade do membro superior. Ele possui numerosos ramos, mas os mais importantes para se lembrar são:

  • Nervo radial (C5-T1): Tem origem a partir do cordão posterior. Ele inerva todos os músculos posteriores do braço e antebraço, e é responsável pela maior parte da sensibilidade posterior. 
  • Nervo mediano (C5-T1): É formado pela união dos cordões medial e lateral. Inerva quase todos os músculos do antebraço (exceto o flexor ulnar do carpo e a cabeça ulnar do flexor profundo dos dedos), a eminência tenar e os dois lumbricais laterais. 
  • Nervo ulnar (C8-T1): Se origina do cordão medial. Ele inerva todos os músculos intrínsecos da mão (todos os interósseos e os dois lumbricais mediais), bem como o flexor ulnar do carpo e a cabeça ulnar do flexor profundo dos dedos no antebraço. 
  • Nervo axilar (C5-C6): Tem origem no cordão posterior. Ele inerva os músculos deltoide e redondo menor e fornece a sensibilidade da região sobrejacente ao deltoide. 
  • Nervo musculocutâneo (C5-C7): Vem do cordão lateral. Fornece inervação para o compartimento flexor do braço, bem como a sensibilidade da região lateral do antebraço. 
  • Nervo toracodorsal (C6-C8): Se origina no cordão posterior e inerva o músculo latíssimo do dorso.
  • Nervo supraescapular (C4-C5): Se origina do tronco superior do plexo e inerva o supraespinhal e o infraespinhal.

Plexo lombar

Este é o plexo do membro inferior. Ele é formado pelos ramos ventrais de L1-L4, com uma contribuição do 12º torácico. Seus ramos são os seguintes:

  • Iliohipogástrico (L1): Fornece inervação para os músculos transverso do abdome e oblíquo interno. Também fornece inervação sensitiva para a pele sobre parte das regiões glútea e púbica. 
  • Ilioinguinal (L1): Fornece inervação para os músculos transverso do abdome e oblíquo interno. Inerva ainda a pele sobre a raiz do pênis e parte superior dos testículos, bem como a pele sobre o mons pubis e os grandes lábios nas mulheres. 
  • Genitofemoral (L1-L2): Possui um ramo genital que cursa com o cordão espermático e inerva o músculo cremaster. Este nervo fornece ainda a sensibilidade da genitália externa.
  • Cutâneo femoral lateral (L2-L3): Fornece a sensibilidade do aspecto lateral da coxa.
  • Obturador (divisões ventrais de L2-L4): Inerva os músculos do compartimento medial / adutor do membro inferior.
  • Femoral (Divisões dorsais de L2-L4): Inerva os músculos do compartimento anterior da coxa, bem como a sensibilidade sobre a coxa através dos nervos cutâneos medial e anterior da coxa.

Plexo sacral

O plexo sacral é bastante difícil de se memorizar. De forma geral ele inerva os músculos da região glútea (músculos glúteos, rotadores externos curtos do quadril), e ainda os esfíncteres pélvicos.

Sistema nervoso autônomo

Divisões

O sistema nervoso autônomo é composto dos nossos sistemas nervosos simpático e parassimpático. O primeiro age em simpatia, sem emoções, daí o seu nome. Ele causa reações de luta ou fuga. O sistema parassimpático possui funções de descanso e digestão - desacelera o coração, promove o peristaltismo.

Ramos comunicantes cinzentos e brancos

Existe, é claro, comunicação entre os diferentes sistemas nervosos. Os ramos comunicantes brancos (neurônios simpáticos pré-ganglionares) são curtos segmentos de nervo mielinizados que conectam os nervos espinhais aos gânglios simpáticos paravertebrais. Estes últimos parecem contas em um colar, e cursam ao longo das vértebras por uma significativa extensão da coluna torácica.

O ramo branco entra no tronco simpático, onde ele termina, se dirige superior ou inferiormente. Eles formam sinapses com os corpos celulares dos neurônios simpáticos pós-ganglionares localizados no gânglio simpático. O ramo comunicante branco irá então formar sinapse com o ramo comunicante cinzento. Em seguida ele cursa junto com o nervo espinhal para o alvo periférico. A estrutura em colar de contas (tronco simpático) descrita acima dá origem aos nervos esplâncnicos torácicos. Os nervos esplâncnicos maior (T5-T9), menor (T10-T11) e mínimo (T10-T11) cursam através do diafragma e contribuem para os plexos celíaco, mesentérico superior e renal, respectivamente.

Fluxo simpático

De maneira geral, o fluxo simpático pode ser descrito como "toracolombar", já que é o local onde o nervo se origina. Existem coleções de fibras nervosas simpáticas, e muitas delas coalescem ao redor dos grandes ramos da aorta abdominal. Estas incluem os plexos celíaco e mesentéricos superior e inferior. Estes plexos seguem o curso das artérias e fornecem inervação simpática para as mesmas áreas do intestino que as artérias vascularizam - o plexo celíaco supre o intestino proximal, o plexo mesentérico superior o intestino médio e o plexo mesentérico inferior o intestino distal.

Sistema nervoso parassimpático

O sistema nervoso parassimpático realiza as nossas funções de "repouso e digestão" - reduz a frequência cardíaca, aumenta as contrações intestinais. Seu fluxo pode ser descrito como "crânio-sacral". Isso se deve ao fato de existirem quatro nervos cranianos que fornecem inervação parassimpática (nervos cranianos III, VII, IX e X):

  • Oculomotor: Este nervo inerva o músculo constritor da pupila (que contrai a pupila), e possui um componente parassimpático. 
  • Facial: Este nervo inerva as glândulas lacrimais e salivares (submandibular e sublingual), que são ativadas sob controle parassimpático. 
  • Glossofaríngeo: Este nervo fornece inervação para a glândula salivar parótida, que se encontra na lateral da face, superficialmente ao músculo masseter. 
  • Vago: Vago significa "aquele que vagueia", e é fácil perceber por que. O nervo fornece inervação parassimpática até a flexura esplênica do intestino grosso. 

Esplâncnicos pélvicos

Estes são diferentes dos esplâncnicos torácicos - eles são parassimpáticos, e não simpáticos. Eles fornecem inervação parassimpática para o restante do intestino grosso, depois que o vago completou a sua inervação.

Sistema nervoso entérico

O sistema nervoso entérico é conhecido como "cérebro do intestino". Ele funciona de forma independente, mas algumas interações complexas existem com o sistema nervoso autônomo. Existem dois grandes grupos de plexos na parede do trato gastrointestinal. Existe o plexo de Meissner (na submucosa) e o plexo de Auerbach (na camada muscular). Estes causam contração da parede intestinal.

Nota Clínica

Vagotomia

A vagotomia para úlceras gástricas é um procedimento antigo que é utilizado para o controle cirúrgico em pacientes com úlceras gástricas recorrentes, quando não é possível controle com alterações da dieta e drogas anti-úlcera. O nervo vago estimula a secreção de ácido gástrico. Três tipos de vagotomia podem ser realizadas, que em última análise reduzem o efeito do nervo de estimular a secreção de ácido gástrico.

Paralisias de nervos cranianos

Os 12 nervos cranianos todos deixam/entram no crânio a partir de vários forames. O estreitamento destes forames ou qualquer constrição ao longo do curso dos nervos resulta em paralisa dos mesmos. Por exemplo, a paralisia de Bell afeta o nervo facial. Do lado afetado o paciente exibe:

  • hemiplegia
  • olhos secos e ausência do reflexo corneano, distúrbios auditivos e alterações do paladar nos 2/3 anteriores da língua
  • ausência do reflexo corneano
  • distúrbios auditivos
  • alterações do paladar nos 2/3 anteriores da língua

Lesões de nervos dos membros

Paralisias de nervos dos membros resultam de fraturas, constrição ou sobrecarga. Por exemplo, a síndrome do túnel do carpo afeta o nervo mediano e ocorre quando este nervo é comprimido no interior do túnel. Isso se deve ao alargamento de tendões flexores no interior do túnel, ou a inchaço relacionado a edema. Esta síndrome frequentemente ocorre durante a gravidez ou relacionada a acromegalia.

Doença de Hirschsprung

Trata-se de uma atonia cólica secundária à falência de células ganglionares (descritas na seção sobre o sistema nervoso entérico) em migrar para o sistema nervoso entérico. Isto resulta em uma criança severamente constipada e desnutrida, que apresenta necessidade de cirurgia corretiva.

Espinha bífida

A falha no desenvolvimento normal das meninges e/ou do arco neural vertebral geralmente resulta em um defeito na coluna lombar, onde parte da medula é coberta apenas por meninges, e portanto se encontra fora do corpo. Fatores ambientais e genéticos contribuem para que a patologia ocorra. Suplementação com folato atualmente é dada para todas as mães no início da gestação para sua prevenção.

Doença de Parkinson

A dopamina é essencial para o correto funcionamento dos núcleos da base, estruturas no cérebro que controlam a nossa cognição e os nossos movimentos. Pacientes com Parkinson sofrem degradação destes neurônios dopaminérgicos na substância nigra, resultando em:

  • dificuldade para iniciar movimentos
  • instabilidade de marcha
  • fáscies congelada / inexpressiva
  • rigidez de membros em roda denteada

Referências

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Bibliografia:

  • Frank H.Netter MD: Atlas of Human Anatomy, 5th Edition, Elsevier Saunders.
  • Chummy S.Sinnatamby: Last’s Anatomy Regional and Applied, 12th Edition, Churchill Livingstone Elsevier.
  • Richard L. Drake, A. Wayne Vogl, Adam. W.M. Mitchell: Gray’s Anatomy for Students, 2nd Edition, Churchill Livingstone Elsevier.

Autor, revisão e layout:

  • Shahab Shahid
  • Uruj Zehra
  • Catarina Chaves

Tradução para o português:

  • Rafael Lourenço do Carmo

Ilustrações:

  • Sistema nervoso simpático - vista anterior - Paul Kim
  • Sistema nervoso parassimpático - vista anterior - Paul Kim
  • Células gliais - lâmina histológica - Smart In Media
  • Neurônios - lâmina histológica - Smart In Media
  • Tecido nervoso - lâmina histológica - Smart In Media
  • Axónio do neurónio motor - Paul Kim
  • Bainha de mielina do neurónio motor - Paul Kim
  • Dendritos - Paul Kim
  • Lobo frontal - vista lateral-esquerda - Paul Kim
  • Lobo temporal - vista lateral-esquerda - Paul Kim
  • Lobo parietal - vista lateral-esquerda - Paul Kim
  • Medula espinhal - vista axial - Paul Kim
  • Medula espinhal - vista anterior - Begoña Rodriguez
  • Nervo olfatório - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo óptico - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo oculomotor - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo troclear - vista anterior - Paul Kim
  • Nervo trigêmeo - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo abducente - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo facial - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo vestibulococlear - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo glossofaríngeo - vista inferior - Paul Kim
  • Nervo vago - vista lateral-esquerda - Paul Kim
  • Nervo acessório - vista posterior - Paul Kim
  • Nervo hipoglosso - vista lateral-esquerda - Paul Kim
  • Plexo cervical - vista anterior - Begoña Rodriguez
  • Plexo braquial - vista anterior - Begoña Rodriguez
  • Plexo lombar - vista anterior - Begoña Rodriguez
  • Nervos esplâncnicos torácicos - vista anterior - Paul Kim
  • Nervos esplâncnicos torácicos - vista inferior - Stephan Winkler
  • Nervos pélvicos esplâncnicos - vista anterior - Paul Kim
  • Nervos pélvicos esplâncnicos - vista lateral-direita - Irina Münstermann

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terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Para que servem os documentos?

 

pt.wikipedia.org

Documento

 
 
Do latim documentum, um documento é uma carta, um diploma ou um escrito que reproduz um acontecimento, uma situação ou uma circunstância. Também se trata de um texto que apresenta dados susceptíveis de serem utilizados para comprovar algo.


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Um documento é qualquer registro de informações,[1] independentemente do formato ou suporte utilizado para registrá-las.[nota 1]

Instituída pela ciência arquivística, a definição supra possui caráter generalista,[4] o que significa que certas ciências ou alguns de seus ramos especializados podem adotar definições mais específicas. É o caso, por exemplo, do Direito, em que um documento é definido como qualquer que possua relevância jurídica e possa servir como prova.[5]

Os órgãos típicos de documentação são os museus, os arquivos as bibliotecas, e os centros de documentação, cada um com as suas características peculiares.

Classificação 

 Quanto à sua origem 

Quanto à sua origem os documentos podem ser divididos em públicos e privados:

  • Públicos: são emitidos e/ou recebidos por um órgão governamental na gestão de suas atividades ou mediante procuração de autoridade pública.[6] Por exemplo, escritura pública de compra e venda emitida por um notário.

Quanto ao seu valor

O valor dos documentos devem ser claramente definidos, sustentáveis e coexistentes ao período que foram gerados.[7] Desta forma tem-se os seguintes valores:

  • Administrativo - Valor que um documento possui para a administração produtora do arquivo, na medida em que informa, fundamenta ou aprova seus atos presentes ou futuros.
  • Fiscal - Valor atribuído a documentos ou arquivos para comprovação de operações financeiras ou fiscais.
  • Informativo - Valor que um documento possui pelas informações nele contidas, independente de seu valor probatório.
  • Legal - Valor processual que um documento possui perante a lei para comprovar um fato ou constituir um direito.
  • Permanente - Valor probatório ou valor informativo que justifica a guarda permanente de um documento em um arquivo. Também referido como valor histórico.
  • Primário - Valor atribuído aos documentos em função do interesse que possam ter para o gerador do arquivo, levando-se em conta a sua utilidade para fins administrativos, legais e fiscais.
  • Probatório - Valor intrínseco de um documento de arquivo que lhe permite servir de prova legal.
  • Secundário - Valor atribuído aos documentos em função do interesse que possam ter para o gerador do arquivo, e para outros usuários, tendo em vista a sua utilidade para fins diferentes daqueles para os quais foram originalmente produzidos.[8]

Quanto ao grau de sigilo

Brasil

No Brasil, um documento pode ser classificado como ostensivo ou sigiloso. Um documento é ostensivo quando a ele não foi atribuído nenhum grau de sigilo, tendo em vista que o acesso ao seu conteúdo nãopõe em risco direitos individuais ou coletivos. Documentos ostensivos devem estar plenamente acessíveis. Consequentemente, um documento é sigiloso quando a ele é atribuído algum grau de sigilo, em razão de o acesso ao seu conteúdo poder colocar em risco direitos individuais ou coletivos. São estes os graus de sigilo documental:[nota 2]

  • Reservado

É um documento com informações cuja revelação não-autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles previstos ou referidos. Um documento não poderá ser mantido com grau de sigilo "reservado" por mais do que cinco anos.

  • Secreto

É um documento com informações referentes a sistemas, instalações, programas, projetos, planos ou operações de interesse da defesa nacional, a assuntos diplomáticos e de inteligência, programas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não-autorizado pode ocasionar prejuízo grave à segurança. Este documento não poderá ser mantido com grau de sigilo "secreto" por mais do que quinze anos.[11]

  • Ultrassecreto

Um documento não poderá ser mantido com grau de sigilo "ultrassecreto" por mais do que vinte e cinco anos, salvo se o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional, à integridade do território nacional ou grave risco às relações internacionais do País, situação em que a classificação no grau de sigilo "ultrassecreto" poderá ser prorrogada, por uma única vez, ao longo de período determinado não superior a vinte e cinco anos. Portanto, em situações excepcionais o prazo total desta classificação estará limitado ao máximo de cinquenta anos.[nota 3]

Ver também

  Arquivística

Notas

  1. Vide a pág. 73 do Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística[2] e também o inciso II do art. 4º da lei federal ordinária nº 12.527/11.[3]
  2. Vide o art. 52 do Decreto 7845/12[9] e o art. 28 do Decreto 7724/12.[10]
  3. Decreto 7724/12,[10] art. 47, inciso IV.

Referências

  1. Estado virtual. Disponível em: https://www.estadovirtual.com.br/o-que-e-documento. Acesso em: 02 dez. 2018
  2. Arquivo Nacional (2005). «Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística» (PDF). Consultado em 25 de novembro de 2013
  3. BRASIL (18 de novembro de 2011). «Lei Federal Ordinária nº 12.527». Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Casa Civil. Consultado em 25 de novembro de 2013
  4. «Verbete "generalista"». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 25 de novembro de 2013
  5. «Verbete "documentos"». Dicionário Jurídico. Direito Virtual. Consultado em 25 de novembro de 2013
  6. Arquivos e Documentos - Conceitos e Características. Disponível em: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAjuAAD/arquivos-documentos-conceitos-caracteristicas. Acesso em: 02 dez 2018.
  7. Tecnolegis. Disponível em: https://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/tecnico-mpu-administrativa/arquivologia-avaliacao-documentos.html. Acesso em: 02 dez 2018.
  8. MAKHLOUF, Basma; CAVALCANTE, Lídia Eugenia. AVALIAÇÃO ARQUIVÍSTICA: Bases teóricas, estratégias de Aplicação e instrumentação. Florianópolis: Encontros bibli, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/7199/6646. Acesso em: 02 dez 2018.
  9. BRASIL (14 de novembro de 2012). «Decreto nº 7.845». Regulamenta procedimentos para credenciamento de segurança e tratamento de informação classificada em qualquer grau de sigilo, e dispõe sobre o Núcleo de Segurança e Credenciamento. Casa Civil. Consultado em 25 de novembro de 2013
  10. Ir para: a b BRASIL (16 de maio de 2012). «Decreto nº 7.724». Regulamenta a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição. Casa Civil. Consultado em 25 de novembro de 2013
  11. Para entender direito. O que são documentos ultrassecretos, secretos, confidenciais e reservados, e como o governo poderia prorrogá-los por 130 anos. Folha de S. Paulo.2011. Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/blog/o-que-so-documentos-ultrassecretos-secretos-confidenciais-e-reservados-e-como-o-governo-poderia-prorrog-los-por-130-anos. Acesso em 04 dez. 2018.

Ligações externas

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domingo, 4 de dezembro de 2022

As 10 estrategias de manipulacao midiatica

 

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As 10 estratégias de manipulação midiática

1. A estratégia da distração.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

2. Criar problemas e depois oferecer soluções.

Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

3. A estratégia da gradualidade.

Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de diferir.

Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

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5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade.

A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

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8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.

Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.

No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

Noam Chomsky é linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts

 

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Hoje É O Dia Do Sagrado Jejum De Sri Ekadasi Moksada Dia 03/12/2022 (feito com Spreaker)

A História do Moksada Ekadashi. Jejum de Sri Ekadasi dia 03/12/2022 sabádo.

 

iskconbahia.com.br

A História do Mokshada Ekadashi

Gandharvika Devi Dasi

A História do Moksada Ekadashi

Yudhishthira Maharaja disse:  “Ó Vishnu, controlador de todos, ó deleite dos três mundos, ó Senhor do universo, ó criador do mundo, ó personalidade mais antiga, ó melhor de todos seres, ofereço minhas respeitosas reverências a Ti. ó Senhor dos senhores, para benefício de todas entidades vivas, tenha a bondade de responder algumas perguntas que tenho.  Qual o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena clara do mês de Margashirsha e que remove todos pecados?  Como é observado corretamente, e qual Deidade é adorada nesse dia sagrado?  Ó Senhor, por favor explique isto plenamente para mim.”

O Senhor Krishna respondeu: “Ó Yudhishthira, tua indagação é muito auspiciosa e te trará fama.  Assim como anteriormente expliquei-te o mui querido Utpanna Maha-dvadashi (1) – que ocorre durante a parte obscura do mês de Margashirsha, que é o dia quando Ekadashi-devi apareceu de Meu corpo para matar o demônio Mura, e que beneficia tudo que é animado e inanimado nos três mundos – assim te explicarei agora o Ekadashi que ocorre durante a parte clara de Margashirsha. Este Ekadashi é famoso como Mokshada porque purifica o devoto fiel de todas reaçöes pecaminosas e lhe confere a liberação. A Deidade adorável deste dia é o Senhor Damodara.  Com plena atenção se deve adorá-Lo com incenso, uma lamparina de ghee, flores, e tulasi manjaris (florescências).

Ó melhor dos reis, por favor ouça enquanto narro para ti a velha e auspiciosa história deste Ekadashi.  Simplesmente por ouvir esta história se pode obter o mérito acumulado por realizar um sacrifício de cavalo.  Por influência deste mérito, nossos antepassados, mães, filhos e outros parentes que foram para o inferno podem ir para o céu. Apenas por esta razão, ó rei, deves ouvir cuidadosamente esta narrativa.

Uma vez havia uma linda cidade chamada Champaka-nagara, decorada  com devotados Vaisnavas. Ali o melhor dos reis santos, Maharaja Vaikhanasa, governava seus súditos como se fossem seus filhos e filhas. Os brahmanas naquela capital eram todos peritos em quatro tipos de conhecimento védico.  O rei, enquanto governava corretamente, teve um sonho em certa noite no qual seu pai estava sofrendo os golpes da tortura num planeta infernal. O rei foi tomado de compaixão e derramou lágrimas. Na manhã seguinte, Maharaja Vaikhanasa descreveu seu sonho para seu conselho de brahmanas duas-vezes nascidos.

“Ó brahmanas,” disse o rei, “num sonho na noite passada vi meu pai sofrendo num planeta infernal. Ele estava gritando: “Ó filho, por favor salva-me do tormento deste inferno!”  Agora não tenho nenhuma paz, e até mesmo esse belo reino se tornou insuportável para mim. Nem mesmo meus cavalos, elefantes, e quadrigas me dão qualquer alegria, e meu vasto tesouro não me dá nenhum prazer.

Tudo, ó melhores dos brahmanas, até minha própria esposa e filhos, se tornou uma fonte de infelicidade desde que vi meu querido pai sofrendo as torturas do inferno.  Onde posso ir, e que posso fazer, ó brahmanas, para aliviar esta miséria?  Meu corpo está queimando de temor e tristeza!  Por favor digam-me que tipo de caridade, que modalidade de jejum, qual austeridade, ou que profunda meditação poderei realizar para salvar meu pai de sua agonia e conceder liberação à meus antepassados.  ó melhores dos brahmanas, qual o sentido de ser um filho poderoso se nosso pai deve sofrer num planeta infernal?  Realmente, a vida de tal filho é totalmente inútil!”

Os brahmanas duas vezes nascidos replicaram: “Ó rei, na floresta montanhosa não longe daqui fica o ashrama onde o grande santo Parvata Muni reside.  Por favor vá até ele, pois conhece o passado, presente e futuro de tudo e certamente pode ajudar-te em tua miséria.”

Ao ouvir este conselho, o pesaroso rei imediatamente partiu numa jornada rumo ao ashrama do famoso sábio Parvata Muni. O ashrama era muito grande e abrigava muitos sábios eruditos peritos em cantar os hinos sagrados dos quatro Vedas. (2) Aproximando-se do sagrado ashrama, o rei contemplou Parvata Muni sentado entre os sábios como um outro Senhor Brahma, o criador não-nascido.

Maharaja Vaikhanasa ofereceu suas humildes reverências ao muni, curvando sua cabeça e então prostrando-se de corpo inteiro. Depois que o rei se sentara, Parvata Muni perguntou-lhe sobre o bem estar das sete partes de seu extenso reino. (3) O muni também perguntou-lhe se seu reino estava livre de problemas e se todos estavam tranquilos e felizes. A estas indagaçöes o rei respondeu:  “Por sua misericórdia, ó glorioso sábio, todas sete partes de meu reino estão passando bem. Contudo existe um problema que surgiu recentemente, e para resolvê-lo vim lhe procurar, ó brahmana, para sua orientação perita.”

Então Parvata Muni, o melhor dos sábios, fechou seus olhos e meditou no passado, presente e futuro do rei. Após alguns momentos abriu seus olhos e disse: “Teu pai está sofrendo os resultados de cometer um grande pecado, e descobri o que é. Em sua vida pretérita ele brigou com a esposa quando desfrutou dela sexualmente durante seu período menstrual. Ela tentou resistir seus avanços e gritou: “Alguém por favor salve-me! Por favor, ó marido, não interrompa meu período mensal!” Ainda assim ele não a deixou em paz.  É devido a este pecado atroz que seu pai caiu em tal condição infernal.” O Rei Vaikhanasa então disse: “Ó melhor dos sábios, por qual processo de jejum ou caridade posso liberar meu querido pai de tal condição?  Por favor diga-me como posso remover o fardo de suas reações pecaminosas, que são um grande obstáculo a seu progresso para a liberação final.”

Parvata Muni replicou:  “Durante a quinzena clara do mês de Margashirsha ocorre um Ekadashi chamado Mokshada. Se observares este sagrado Ekadashi estritamente, com um jejum completo, e deres diretamente a teu pai sofredor o mérito que assim obtiveres, ele será libertado de sua dor e instantaneamente liberado.”

Ouvindo isso, Maharaja Vaikhanasa agradeceu profusamente o grande sábio e então retornou a seu palácio. Ó Yudhishthira, quando a parte clara do mês de Margashirsha afinal chegou, Maharaja Vaikhanasa fiel e perfeitamente observou o jejum de Ekadashi com sua esposa, filhos e outros parentes.  Ele zelosamente entregou o mérito de seu jejum a seu pai, e enquanto fazia a oferenda, lindas flores choviam do céu. O pai do rei então foi louvado por mensageiros dos semideuses e escoltado até as regiões celestiais.  Enquanto passava por seu filho, o pai disse para o rei: “Meu querido filho, toda auspiciosidade para ti!”  Afinal ele alcançou o reino celestial. (4)

Ó Filho de Pandu, quem quer que observe estritamente o sagrado Mokshada Ekadashi, seguindo as regras e regulaçöes estabelecidas, alcança a liberação total e perfeita após a morte.  Não há melhor dia de jejum que este Ekadashi da quinzena clara do mês de Margashirsha, ó Yudhishthira, pois é um dia claro como o cristal e sem pecado. Quem quer que observe fielmente este jejum de Ekadashi, que é como cintamani (uma joia que realiza todos desejos), obtém mérito especial que é muito difícil de calcular, pois este dia pode elevar-nos aos planetas celestiais e mais além – à liberação perfeita.”

Assim termina a narrativa das glórias do Margashirsha Ekadashi ou Mokshada Ekadashi, do Brahmanda Purana.

Notas:

1) Quando Ekadashi cai num Dvadashi, devotos ainda assim chamam-no de Ekadashi.

2) Os quatro Vedas são o Sama, Yajur, Rg e Atharva.

3) As sete partes do domínio de um rei são o próprio rei, seus ministros, seu tesouro, suas forças armadas, seus aliados, os brahmanas, os sacrifícios realizados em seu reino, e as necessidades de seus súditos.

4) Se uma pessoa observa um jejum de Ekadashi para um antepassado falecido que está sofrendo no inferno, então o mérito assim obtido capacita o antepassado a deixar o inferno e entrar no reino celestial, onde poderá então praticar serviço devocional a Krishna ou Vishnu e retornar a Deus. Porém quem observa Ekadashi para sua própria elevação espiritual regressa ele mesmo para Deus, para nunca mais retornar a esse mundo material.

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Usurpação de poder ou de função pública. E a República tupiniquim.

 Estados de exceção: a usurpação da soberania popular – Editora  Contracorrente

O capítulo II do Código Penal Brasileiro trata dos crimes praticados por particular contra a administração em geral.

O crime de Usurpação de função pública está previsto nesse Diploma Legal como: Art. 328. Usurpar o exercício de função pública. Pena Detenção, de três meses a dois anos e multa. Parágrafo Único: Se do fato o agente aufere vantagem. Pena Reclusão, de dois a cinco anos e multa.

A repressividade do artigo é destinada ao particular quando este pratica tal ilícito contra a administração em geral, embora para boa parte dos juristas, o próprio funcionário público possa também ser autor ou co-autor do crime .

Usurpar que é derivado do latim USURPARE, significa apossar-se sem ter direito. Usurpar a função pública é, portanto, exercer ou praticar ato de uma função que não lhe é devida.

A punição se dá quando alguém toma para si, indevidamente, uma função pública alheia, praticando algum ato ou vontade correspondente, entretanto, a função usurpada há de ser absolutamente estranha ao usurpador para a configuração do crime.

Por função, entende-se que é a atribuição ou conjunto de atribuições atinentes à execução de serviços públicos. Todo funcionário público ou assemelhado tem a sua função definida em Lei específica ou Estatuto.

 

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O Maior Mafioso Da América Foi Preso Por Sonegação De Impostos. Al capone (feito com Spreaker)

 

segredosdomundo.r7.com

Al Capone - História do criminoso que dominou os EUA nos anos 1920 - Segredos do Mundo

P.H Mota

História

Durante o período da Lei Seca, nos Estados Unidos, Al Capone dominou o crime em Chicago e se tornou inimigo público número 1 das autoridades.

Al Capone – História do criminoso que dominou os EUA nos anos 1920
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Al Capone foi um dos principais gângsteres da história dos Estados Unidos. Durante a décadas de 1920, ele foi um dos maiores responsáveis por liderar um grupo de contrabando de bebidas, durante a Lei Seca estabelecida no país.

Líder do crime organizado de Chicago, ele chegou a acumular uma fortuna estimada de US$ 100 milhões, com apenas 28 anos. Além de controlar o contrabando de álcool, também comandava serviços de jogo e prostituição.

Apesar de diretamente ligado a uma série de crimes, Al Capone acabou sendo preso por sonegação de impostos, em 1931.

História de Al Capone

Al Capone - quem foi o criminoso que dominou os EUA nos anos 20
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Alphonse Gabriel Capone, nasceu em 17 de janeiro de 1889, no Brooklyn (Nova Iorque). Ítalo-americano, ele era filho dos imigrantes Gabriel Capone, barbeiro, e de Teresina Raiola, costureira, vindos da província de Salermo.

Além de Al, a família teve outros seis filhos: alvatore (apelidado de Frank), Rafaelle (Ralph Bottles), Vincenzo, Rosalia (Rose) e Mafalda.

Quando tinha 14 anos, Al foi expulso da escola, após agredir uma professora. Na mesma época, ele passou a integrar dois grupos de delinquentes juvenis, “Brooklin Rippers” e “Forty Thieves Juniors”. Foi assim, então, que acabou trabalhando para o gângster Frank Yale.

Foi também durante a adolescência, que Al Capone ganhou um de seus principais apelidos. Na época em que trabalhava no bar Harvard Inn, acabou sofrendo um três cortes de faca no rosto. Ainda que tenha sobrevivido, ficou com uma cicatriz marcante. Dessa maneira, passou a ser conhecido como Scarface, do inglês rosto de cicatriz.

Al Capone casou-se no dia 30 de dezembro de 1918, com Mae Joséphine Coughlin, descendente de irlandeses. No mesmo ano, pouco antes do casamento, a mulher deu à luz um menino.

Carreira criminosa

Al Capone - quem foi o criminoso que dominou os EUA nos anos 20
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Em 1919, Al foi mandado para Chicago, sob ordens de Frank Yale. A decisão foi tomada depois que ele se envolvera com a polícia, num caso de homicídio. Sendo assim, ele foi embora com toda a família e passou a trabalhar para um novo gângster: Johnny “The Brain” Torrio, mentor de Yale.

Torrio comandava um ambiente modelo entre os estabelecimentos criminosos da cidade. O local fazia parte de uma rede de empresas ilegais administradas por seu chefe, James “Bim Jim” Colosimo. Além de administrar atividades ilegais, o ambiente também contava com um porão onde ele e Al Capone costumavam torturar e executar inimigos.

Em 1920, com a morte de Big Jim, Al e Torrio herdaram o império criminoso. A partir daí, eles organizaram uma rede com uma gang atuando em cada região do estado, garantindo o domínio local.

Com o decreto da Lei Seca, no início da década de 1920, a produção e o comércio de bebidas alcoólicas nos EUA foi declarada ilegal. Foi na mesma época que Al Capone assumiu o controle dos negócios de Torrio, aos 26 anos, depois que o chefe foi baleado por rivais. Torrio resistiu, mas decidiu se aposentar com uma fortuna de US$ 30 milhões.

Por meio de uma combinação de boa administração, frieza e violência, Al garantiu o lucro da gangue. Em 1929, já era responsável por controlar grande parte dos serviços ilegais de Chicago, incluindo pontos de apostas, casas de jogo, apostas das corridas de cavalos, clubes noturnos, cervejarias e destilarias.

Massacre de São Valentim

Al Capone - quem foi o criminoso que dominou os EUA nos anos 20
History

Entre os crimes mais famosos ligados a Al Capone está o Massacre de São Valentim, em 14 de fevereiro de 1929. A fim de livra-se dos rivais da Gangue do Lado Norte, Al determinou a execução de Bugs Moran, único líder sobrevivente da organização.

Sob ordens de Al, um grupo manteve vigilância em frente ao depósito comandado por Moran. Assim, no dia 14 de fevereiro, um grupo disfarçado de policiais invadiu o local executou o líder rival, além de outros seis homens.

Apesar da brutalidade do crime, fotos dos cadáveres foram vazadas e publicadas pelos veículos de imprensa da época. Rapidamente, Al Capone foi ligado ao massacre, pondo sua reputação em cheque.

Prisão de Al Capone

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Como parte das investigações do recente massacre, Al foi convocado para depor em júri. No entanto, o gângster alegou estar doente para fugir do depoimento.

Pouco depois, ele decidiu ceder, sabendo que não poderia fugir da responsabilidade por muito tempo, e acabou preso logo após deixar a sala do tribunal. A prisão foi feita sob alegação de desacato, a partir da mentira da doença.

O grupo responsável por desmontar as organizações de Al Capone foi liderado por Eliot Ness, da Agência do Tesouro dos EUA, e chamado de Os Intocáveis. Enquanto o gângster estava preso, o grupo fortaleceu as investigações. Em 1930, Al saiu da prisão, mas foi preso novamente pouco tempo depois.

A prisão fez parte de uma manobra política de um juiz local, que usou da publicidade da manobra para concorrer às eleições municipais da Flórida, onde Al Capone foi detido.

No entanto, a investigação dos Intocáveis ainda encontrava obstáculos. Como o criminoso não possuía bens em seu nome – nem mesmo uma conta bancária própria –, o grupo focou nos gastos de Al.

Dessa maneira, o grupo apresentou despesas de itens como roupas, acessórios, carros, joias e charutos e comparou com a renda declarada, defendendo falsificação por parte de Al Capone. Primeiramente o irmão de Al, Ralph, foi preso por evasão fiscal, em 1930. Um ano mais tarde, a investigação conseguiu condenar Al Capone a onze anos de prisão.

Alcatraz e morte

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Acreditando que poderia se livrar da prisão com a regularização de sua situação fiscal, Al Capone ordenou que seu advogado focasse nesse objetivo. No entanto, a justiça manteve a condenação, além de aplicar uma multa de US$ 50.000, mais uma adição de US$ 7.692 para despesas judiciais e outros US$ 215.000, acrescido de juros de impostos atrasados.

Depois da prisão inicial em Atlanta, Al foi enviado para Alcatraz, na Baía de São Francisco. Ali, no entanto, sua saúde começou a decair rapidamente, com o desenvolvimento de sífilis influenciando sua estabilidade mental.

Após quatro anos detido, ele acabou sendo solto e enviado para a Instituição Federal de Correção em Terminal Island. No fim de 1939, então, ganhou o direito de liberdade condicional.

Ao fim da vida, os médicos declaravam que sua capacidade mental estava tão deteriorada, que era similar a de uma criança de 12 anos.

Em 21 de janeiro de 1947, sofreu um acidente vascular cerebral, mas sobreviveu. Entretanto, quatro dias depois sofreu uma parada cardíaca e acabou morrendo, em casa, cercado pela família.

Curiosidades sobre Al Capone

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  • A organização comandada por Al Capone recebeu, da imprensa, o nome de Sindicato do Crime Organizado, mais tarde chamado de Murder Inc.
  • Em média, a máfia de Al faturava cerca de US$ 60 milhões por ano, em Chicago.
  • Em 1928, o gângster comprou uma mansão na Flórida, com custo de US$ 40 mil.
  • O carro utilizado pelo mafioso era completamente customizado, com armadura de aço e tanque à prova de balas. Além disso, tinha uma sirene de polícia e uma janela traseira removível, para permitir trocas de tiros.
  • Além do apelido Scarface, Al Capone também era conhecido por Snorky, Al Brown, King Alphonse, Big Fella e para o FBI: Inimigo Público Número 1.
  • Segundo o The New York Times, Al foi um dos americanos com maior publicidade em menor espaço de tempo, na época.
  • Em 1929, o gângster chegou a ser preso por porte de facas, mas foi libertado por bom comportamento depois nove meses.
  • Por fim, o estilo de Al Capone, com ternos listrados, chapéus fedora e cigarro na boca, foi responsável por criar um estereótipo de criminosos da época.

Fontes: Aventuras na História, História do Mundo, eBiografia, InfoEscola, Opera Mundi, Estilo Gângster, Guia dos Curiosos

Imagens: All that is Interesting, Museu de Imagens, History

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sábado, 26 de novembro de 2022

Conceitos de espaço, lugar e território na Geografia Mariany Alves Bittencourt

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Conceitos de espaço, lugar e território na Geografia

Mariany Alves Bittencourt

Espaço, lugar e território são conceitos geográficos utilizados como uma espécie de ferramenta para a análise de determinados fenômenos e a Geografia. Entenda!

Antes de estudarmos sobre espaço, lugar e território, aí vai uma pergunta: você já ouviu falar em conceitos? E em objetos de estudo? Toda ciência, como é o caso da Geografia, possui certas palavrinhas muito importantes, que requerem certo nível de abstração e de consenso entre os cientistas dessa área de conhecimento.

Essas palavras importantes adquirem certos significados a partir de estudos de especialistas, passando a se chamar conceitos. Os conceitos são utilizados como uma espécie de ferramenta para a análise de determinados fenômenos e a Geografia tem alguns que, para ela, são fundamentais. São eles: território, lugar, paisagem, região, entre outros.

Por outro lado, os objetos de estudo são um tipo de lente, pela qual determinado campo da ciência observa a realidade para estudá-la. Por exemplo: a História estuda os processos e sujeitos históricos. Já a Geografia, como veremos nessa aula, estuda o espaço geográfico.

O objeto de estudo da geografia

O longo processo de organização e reorganização da sociedade ocorreu ao mesmo tempo em que a natureza primitiva foi sendo transformada em todas as formas que conhecemos: campos, cidades, estradas, parques, pontes, shopping centers, entre outros. Tal foi a explicação dada pelo geógrafo Roberto Lobato Corrêa sobre como a Geografia objetiva estudar sociedade.

Sendo assim, essas obras são as marcas do ser humano, apresentando um determinado padrão de localização que é próprio de cada sociedade. Organizadas espacialmente, todas essas marcas constituem, juntas, conectadas em maior ou menor medida (e interagindo com a natureza), o espaço dos homens e das mulheres. Portanto, formam a organização da sociedade no espaço ou, simplesmente, o espaço geográfico.

Assim, enquanto outras ciências objetivam estudar as sociedades através de diferentes motivações, a Geografia estuda a sociedade através de sua organização espacial. Essa é sua objetivação e, o espaço geográfico (espaço dos seres humanos; espaço da sociedade), o objeto de estudo da Geografia. Voltaremos a falar dele adiante. Antes, iniciaremos nosso estudo compreendendo o que é lugar para a Geografia.

O conceito de lugar

O conceito de lugar pode ser considerado um ponto de partida para compreender o espaço geográfico nas suas diversas escalas (regional, nacional, mundial). Isso ocorre porque o lugar é onde as pessoas vivem, se relacionam, estabelecem seus vínculos afetivos. Sem contar a afeição que se cria com as paisagens cotidianas.

Além disso, no lugar também há muita cooperação entre as pessoas, embora também haja conflito. É ali, no lugar de cada um (a), que se desenvolvem as identidades culturais e socioespaciais dos indivíduos e grupos sociais.

Para chegarmos a uma boa compreensão do espaço geográfico e os conceitos que dele se desdobram, devemos entender um pouco mais sobre as relações sociais. Além disso, precisamos compreender as marcas que as sociedades, através dos mais variados grupos humanos, deixam nas paisagens dos lugares.

Ou seja, devemos compreender as dinâmicas da natureza, bem como as dinâmicas da sociedade. E, de modo integrado, perceber as relações que se dão entre sociedade e natureza. A Geografia, como ciência que é, se dedica a isso.

O lugar nos dá uma identidade própria e nos permite estabelecer relações com diferentes lugares ao redor do mundo. Eis aí uma das dificuldades pela qual passam, em muitos casos, os imigrantes ou refugiados. Isso porque se afastam das referências de seu lugar de origem e precisam se adaptar a um novo lugar, com outros valores.

Por outro lado, com o processo de globalização, há diversos fluxos (como de informações e produtos, por exemplo), que chegam aos mais variados lugares do mundo. Isso os torna um pouquinho mais parecidos entre si.

Ao conjunto de lugares, que se transformaram de modos particulares e passaram por distintos processos históricos, unidos por uma complexa rede de relações que se realizam nas mais variadas escalas, podemos denominar espaço geográfico.

O conceito de espaço geográfico

O espaço geográfico está sempre em transformação. A própria natureza, com seus fenômenos (terremotos, vulcões, marés, etc.), é responsável por certas modificações no espaço. Todavia, o ser humano, desde os tempos mais remotos, é o principal responsável pelas alterações do espaço.

Portanto, o espaço reflete os diferentes períodos nos quais sofreu intervenções humanas diversas. Cada povo imprime em seu território a sua forma própria de se relacionar com o meio ambiente. Dessa forma, o espaço geográfico traz em si a história das sociedades.

O espaço geográfico é formado pela dinâmica da população, pelas atividades econômicas (indústria, agricultura, comércio e serviços). É formado, também, pelas redes de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário. Além das rotas marítimas e aéreas, das mais diversas infraestruturas, das cidades e do meio ambiente. Ele é o legado que a humanidade tem para deixar às próximas gerações. O que não inclui apenas a natureza, mas também todo o patrimônio histórico e cultural materializado.

Como alcançar uma relação mais sustentável com o meio?

Apenas com o conhecimento do espaço geográfico é possível desenvolver uma relação menos predatória com o nosso meio. Isso atenuaria os avanços da destruição ambiental e possibilitaria formas de sustentabilidade realmente possíveis. O que é preciso fazer para alcançá-las? Nosso modelo de sociedade possibilita um verdadeiro “desenvolvimento sustentável”? São perguntas que os geógrafos e geógrafas vêm buscando responder através do uso dos conceitos da Geografia e da análise de seu objeto de estudo, o espaço geográfico.

Milton Santos, renomado geógrafo brasileiro, definiu o espaço geográfico como um fato e um fator social. Ou seja, o espaço geográfico não seria somente um reflexo, um meio para a ação da sociedade. Em vez disso, o espaço geográfico é um condicionado e um condicionador. Ele é influenciado pela sociedade (sendo moldado por ela), ao passo que também influencia a sociedade (direciona ações e relações).

Para esse autor, o espaço geográfico seria então uma união de “fixos” e “fluxos”, isto é, um conjunto de configurações espaciais e dinâmicas sociais. A natureza do espaço geográfico seria, portanto, um conjunto indissociável, complementar e contraditório de “sistemas de objetos” e “sistemas de ações” – dialética entre a inércia e a dinâmica, entre o espaço material e o espaço social.

David Harvey, importante geógrafo britânico, vai ao encontro das ideias de Milton Santos ao definir o espaço geográfico como um conjunto de processos sociais e formas espaciais – isto é, ele é formado pela imaterialidade da dinâmica social e pela materialidade das infraestruturas do espaço.

O conceito de território

De acordo com o geógrafo Marcelo José Lopes de Souza, o território é um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. Nesse caso, não se trata de um espaço caracterizado pelas características naturais, pelo tipo de produção humana, ou por laços afetivos, como pode ser o caso de outros conceitos.

O território é caracterizado pelas relações de poder. E ao considerarmos que o território pertence a quem possui o poder sobre esse determinado fragmento de espaço, percebemos que território e poder são conceitos indissociáveis.

Na literatura em geral (inclusive científica), é muito comum observarmos o conceito de território sempre atrelado à ideia de “território nacional”. Deste modo, ele é muitíssimo usado para fazer referência ao poder do Estado de gerir e dominar grandes espaços, através de determinadas regras socialmente convencionadas ou mesmo impostas.

Nesse sentido, o controle do território brasileiro seria exercido, por exemplo, pelo Governo Federal. Consequentemente, seria delimitado pelas fronteiras nacionais. Sendo assim, o território terminaria onde termina o poder estatal. Todavia, a realidade é muito mais complexa e existem diversos outros sujeitos envolvidos no controle territorial.

Outros exemplos de território

A marquise de um banco ou loja, no centro de uma cidade, utilizada como abrigo por um grupo de pessoas em situação de rua, torna-se território. Isso ocorre partir do momento em que essas pessoas se apropriaram desse pedacinho de espaço para a sua sobrevivência.

Enquanto ali estão, aquela marquise está sob seu domínio. Se outras pessoas tentarem ocupar aquele espaço, possivelmente o grupo que ali estava as expulsará. Ou quem sabe negociará seu compartilhamento, não sabemos. O que importa é que essa relação envolve o poder de gerir o espaço (que se torna, portanto, território).

Os territórios são construídos (e desconstruídos) em diferentes escalas geográficas – que podem ir de uma rua, um bairro, ou até mesmo a um bloco de países, como é o caso da União Europeia – e temporais – séculos, décadas, meses, dias. Podem também ter um caráter permanente, ou uma existência periódica, cíclica (como veremos na Figura 1).

Videoaula

Para entender melhor os conceitos vistos até aqui, confira a videoaula do prof. Carrieri no nosso canal do YouTube:

Territorialidade

A noção de poder, domínio ou influência de agentes (políticos, econômicos ou sociais) no espaço geográfico expressa o que chamamos de territorialidade. O território é o espaço que sofre o domínio desses agentes. Portanto, a territorialidade é a forma como os agentes moldam a organização desse território, suas relações com ele.

Outro geógrafo brasileiro, Rogério Haesbaert, menciona que, além de incorporar uma dimensão estritamente política, a territorialidade diz respeito também às relações econômicas e culturais referentes ao território. Está intimamente ligada ao modo como as pessoas utilizam a terra, como elas próprias se organizam no espaço e criam significados para ele. Sendo assim, a territorialidade é a forma com que os grupos se articulam dentro do território.

Quando falamos em territorialidade, a análise territorial torna-se ainda mais complexa. Afinal, as territorialidades podem ser temporárias ou cíclicas. Elas podem existir somente em uma parte do tempo, de forma intermitente ou não.

Marcelo Lopes de Souza traz um bom exemplo da territorialidade cíclica através da ocupação de ruas urbanas. Essas ruas podem ser ocupadas por consumidores e comerciantes durante o dia e, durante a noite, por prostitutas ou outros indivíduos e grupos exercendo atividades noturnas. A Figura 1, abaixo, representa muito bem essa exemplificação.

território - territorialidade imagem

Figura 1: Representação cartográfica de territorialidade cíclica em uma cidade fictícia: no sábado às 11h, determinada área do centro dessa cidade estaria sendo apropriada pelas pessoas fazendo compras ou trabalhando em comércios. Às 23h, parte dessa mesma área estaria sob domínio de prostitutas trabalhando [modelo adaptado do livro Geografia: Conceitos e Temas].

Os processos de territorialização podem ser entendidos como expressões espaciais dos conflitos presentes em nossa sociedade. As formas como as múltiplas relações de poder se estabelecem no espaço, podem ser percebidas através das diferentes formas em que o poder se manifesta no território: a apropriação e a dominação.

Territórios apropriados e territórios dominados

Os territórios apropriados são utilizados à serviço das necessidades e possibilidades de uma coletividade, indo além da concepção e uso funcionalista do espaço, possibilitando uma relação simbólica e identitária.

Já os territórios dominados, são espaços caracterizados por uma concepção e uso utilitarista e funcionalista, onde a principal finalidade é o controle dos processos naturais e sociais, por meio das técnicas, submetendo-os à lógica da produção e do consumo.

Os conflitos, de certo modo, materializam-se no espaço geográfico, dando origens aos territórios controlados por diferentes e conflitantes formas de poder, que não necessariamente correspondem ao Estado nacional.

Um bairro, por exemplo, se insere num território municipal, num território estadual e num território federal. Ao mesmo tempo, nele podem estar inseridos territórios paralelos que podem, inclusive, ultrapassar seus limites para outros bairros.

Por exemplo: o território do tráfico de drogas, o território de um grupo de moradores em situação de rua, o território de atuação de determinada ONG ou grupo religioso, entre outros. Além disso, esse bairro possivelmente estará inserido no território de blocos econômicos, como o NAFTA ou Mercosul, ou em territórios dominados por empresas transnacionais de determinado setor.

Exercícios

1- (IFMT-2015)

Os conceitos balizadores da análise geográfica, na ótica de Milton Santos, são:

I – O cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições-cooperação e conflito são a base da vida em comum. (SANTOS, 1997.)

II – É o conjunto de formas, que, num dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza. (SANTOS, 1997.)

III – É formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, […] considerados […] como um quadro único no qual a história se dá. (SANTOS, 1997.)

IV – É determinado pelas diferentes funções espaciais ou pelos diferentes usos espaciais, não é possível entendê-lo ignorando as relações políticas e econômicas […]. (SANTOS, 1998.)

Marque a sequência com a correta identificação dos referidos conceitos.

a) Lugar, espaço, território e paisagem.

b) Paisagem, território, espaço e lugar.

c) Espaço, lugar, paisagem e território.

d) Lugar, paisagem, espaço e território.

2- (UNEMAT MT)

Um dos grandes debates da Geografia, desde que esta alcançou o status de ciência, entre o final do séc. XVIII e início do séc. XIX, tem sido alusivo ao seu objeto de estudo. Na atualidade, tomando como referência argumentos de geógrafos como Milton Santos e Roberto Lobato Corrêa, entende-se que a Geografia tem como objeto de estudo o espaço geográfico. Dessa forma, definimo-la como “ciência da organização espacial”.

Sobre o conceito de espaço geográfico e sua abrangência no estudo da Geografia, assinale a alternativa incorreta.

a) O espaço geográfico não constitui uma totalidade homogênea, uma vez que reflete as diferentes singularidades da natureza e das dimensões do trabalho humano.

b) O espaço geográfico abrange, além dos elementos naturais e artefatos humanos, a rede de relações criada por fluxo de pessoas, mercadorias, capitais e informações.

c) O espaço geográfico constitui uma totalidade homogênea, uma vez que reflete o resultado das interações do trabalho humano e suas interações com a natureza.

d) O espaço geográfico é o produto material da interação, mediada pelas técnicas, entre as sociedades e a superfície terrestre em que estão inseridas.

e) O espaço geográfico é dinâmico e está, ao mesmo tempo, organizando-se e reorganizando-se. Nesse sentido é que se pode dizer que a Geografia analisa a organização espacial.

3- (UEPB)

De acordo com a composição “Triste Partida” de Patativa do Assaré, nas estrofes que dizem

No topo da serra

Oiando pra terra

Seu berço, seu lar

[…]

Aquele nortista

Partido de pena

De longe acena

Adeus meu lugar…

– A categoria geográfica “lugar” que aparece no fragmento do texto está empregada:

a) corretamente porque está impregnada de emoções e de afetividade. Há uma identidade de pertencimento para com esta parcela de espaço.

b) com o sentido de paisagem, pois é do topo da serra que o retirante delimita visualmente o que ele denomina como o seu lugar.

c) com conotação de região natural, pois trata-se do Sertão nordestino de abrangência do clima semiárido de chuvas escassas e irregulares e da presença da vegetação de caatinga.

d) erroneamente porque ninguém pode ter o sentimento de identidade e de pertencimento a uma terra inóspita que só lhe causa sofrimento. O lugar é para cada pessoa o espaço onde consegue se reproduzir economicamente.

e) com o sentido de território, pois trata-se de um espaço apropriado pelo fazendeiro, o qual exerce sobre o mesmo uma relação de poder.

Gabarito:

  1. D
  2. C
  3. A
Referências:

ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa. Geografia. São Paulo: Ática, 2003.

FERREIRA, Denison da Silva. Território, territorialidade e seus múltiplos enfoques na ciência Geográfica.; CAMPO-TERRITÓRIO: revista de geografia agrária, v. 9, n. 17, p. 111-135, abr., 2014

LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado, Geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Saraiva, 2014.

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral do Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2016.

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia, volume 1: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2005.

QUEIROZ, Thiago Augusto Nogueira de. Espaço geográfico, território usado e lugar: ensaio sobre o pensamento de Milton Santos. In: Para Onde!?, 8 (2): 154-161, ago./dez. 2014. ISSN 1982- 0003. Universidade Federal do rio Grande do Sul, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Porto Alegre/RS, Brasil.

PEDON, Nelson Rodrigo. Geografia e movimentos sociais: dos primeiros estudos à abordagem socioterritorial. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Ina Elias de; CORREA, Roberto Lobato; GOMES, Paulo Cesar da Costa. Geografia: conceitos e temas. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

VELA, João Marcelo. O caráter educativo dos/nos movimentos sociais urbanos: o caso da ocupação Palmares em Florianópolis/SC. 2015. 297 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Florianópolis, 2015. Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/teses/PGCN0591-D.pdf>. Acesso em: 30/05/2020.

TAMDJIAN, James Onnig; MENDES, Ivan Lazzari. Geografia geral e do Brasil: estudos para a compreensão do espaço. São Paulo: FTD, 2013.

Sobre o(a) autor(a):

O texto acima foi preparado pelo professor João Marcelo Vela para o Curso Enem Gratuito. João é licenciado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dá aulas de Geografia e Filosofia em escolas da Grande Florianópolis desde 2015, além de atuar como articulador de Ciências Humanas. E-mail para contato: jotamaverick@gmail.com

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