Descrição
1. Anatomia geral e funcionamento do sistema nervoso.
2. Sistemas de neurotransmissão.
3. Identidade celular no sistema nervoso.
4. Plasticidade sináptica e neuroplasticidade.
5. Bases moleculares da neuromodulação, cognição e emoção. Integração molecular cérebro-periferia.
6. Metabolismo energético cerebral.
7. Técnicas para estudo do sistema nervoso.
Bibliografia
1. Dienel G. A. Brain glucose metabolism: integration of energetics with function. Physiological Reviews 99, 949-1045, 2019.
2. Frankland P. et al. The neurobiological foundation of memory retrieval. Nature Neuroscience 22, 1576-1585, 2019.
3. Kandel E.R. et al. Principles of Neural Sciences, 5th Ed. McGraw Hill, New York, 2013.
4. Kronschläger M. T. et al. Gliogenic LTP spreads widely in nociceptive pathways. Science 354, 1144-1148, 2016.
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Sistema nervoso
Autor:
Rafael Lourenço do Carmo MD
•
Revisor:
Catarina Chaves MD
Última revisão: 08 de Setembro de 2022
Tempo de leitura: 28 minutos
O sistema nervoso é uma parte vital e incrivelmente complexa para o correto funcionamento do corpo humano. Com todas as suas diferentes partes e conexões este sistema neurológico é cuidadosamente finamente coordenado. A natureza levou milhares de anos para aperfeiçoar o sistema nervoso humano através da evolução, até que chegasse ao que conhecemos hoje, e isto explica a sua complexidade.
Existem doenças debilitantes condicionadas pelo funcionamento incorreto do sistema nervoso. Compreendê-lo exige conhecimento sobre suas várias partes.
Partes | Sistemas nervosos central, periférico, somático, autônomo, entérico |
Embriologia | Placa neural -> tubo neural -> prosencéfalo ->
telencéfalo (->cérebro, núcleos da base, amigdala, hipocampo);
diencéfalo (->tálamo, subtálamo, glândula pineal, terceiro
ventrículo) -> mesencéfalo -> aqueduto cerebral, tecto, pedúnculo cerebral -> rombencéfalo -> metencéfalo (->cerebelo, ponte); mielencéfalo (->bulbo) |
Histologia |
Células nervosas (neurônios) - constituídas em corpo
celular, processos curtos (dendritos), processos longos (dendritos),
processos longos (axônios); a principal função é a de gerar e conduzir
impulsos nervosos para enviar informações para outras estruturas Células da glia - circundam os neurônios e fornecem suporte mecânico e nutricional |
Sistema nervoso central (SNC) |
Cérebro - lobos frontal, temporal, parietal, occipital;
regula o funcionamento de todos os sistemas ao enviar impulsos (ordens)
para várias estruturas neurais e do corpo Tronco encefálico - mesencéfalo, ponte, bulbo; contém estruturas evolutivamente antigas que controlam mecanismos básicos da sobrevivência (respiração, batimentos cardíacos, etc). Cerebelo - mantém o equilíbrio, coordenação, suaviza os movimentos Medula espinhal - no canal espinhal; recebe impulsos do cérebro e gera alguns impulsos próprios; origina 31 pares de nervos espinhais que deixam a medula e cursam pelo corpo |
Sistema nervoso periférico (SNP) | Nervos espinhais - componente sensitivo (dos cornos dorsais da medula espinhal), componente motor (cornos ventrais); ramos anteriores inervam membros e tronco, ramos posteriores inervam a musculatura dorsal |
Sistema nervoso somático |
Função: parte do SNP que leva inervação sensitiva e motora para o corpo Partes: - plexo cervical (ramos ventrais C1-C4) - inerva a pele e os músculos do pescoço e tórax - plexo braquial (ramos ventrais C5-T1) - inerva a pele e os músculos dos membros superiores - plexo lombar (ramos ventrais L1-L4) e plexo sacral (S1-S4) - inervam a pelve e membros inferiores |
Sistema nervoso autônomo (SNA) |
Sistema simpático - “luta ou fuga” - saída e campo de inervação toracolombar - plexos - celíaco, mesentérico superior, mesentérico inferior Sistema parassimpático “digerir e descansar” - saída e campo de inervação - crânio-sacral - nervos - grupo cranial: oculomotor, facial, glossofaringeo, nervos vagos; grupo sacral: nervos esplâncnicos |
Sistema nervoso entérico |
Função - regula o funcionamento do intestino (“cérebro para intestino”) Plexos - Meissner (submucosa intestinal), Auerbach (tunica muscular) |
Relações clínicas | Vagotomia, paralisia de nervo craniano, doença de Hirschsprung, espinha bífida, doença de Parkinson |
Este artigo vai descrever os detalhes do sistema nervoso central, seus subtipos e também o impacto clínico de suas lesões.
Conteúdo
- Embriologia
- Básico
- Sistema nervoso central
- Sistema nervoso periférico
- Sistema nervoso somático
- Sistema nervoso autônomo
- Sistema nervoso entérico
- Nota Clínica
- Referências
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Embriologia
O desenvolvimento do sistema nervoso é um dos primeiros a se iniciar no feto. Uma placa neural simples se dobra para formar a prega neural (semanas 3-4), que depois forma um tubo. Este tubo é aberto em ambos os lados, que são denominados neuroporos cranial e caudal. O neuroporo cranial se fecha no 25º dia, enquanto o fechamento do neuroporo caudal ocorre três dias depois. A falha no fechamento de qualquer um dos neuroporos resulta em anomalias do desenvolvimento.
A formação de flexuras no encéfalo é uma etapa crucial no desenvolvimento do sistema nervoso. Estas são a flexura pontina (entre o metencéfalo e o mielencéfalo), a flexura cervical (entre o tronco encefálico e a medula espinhal) e a flexura mesencefálica (que eleva o mesencéfalo superiormente).
O tubo neural eventualmente se desenvolve formando o encéfalo, e dá origem às três vesículas primárias - prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. O prosencéfalo continua para formar duas vesículas secundárias - telencéfalo e diencéfalo. O telencéfalo forma os hemisférios cerebrais, os núcleos da base (o núcleo caudado para cognição e os globos pálidos medial e lateral para controle motor), a amigdala (o detector de perigo e principal entrada de informações do olfato) e o hipocampo (nosso principal local de armazenagem de memória episódica e espacial).
O diencéfalo forma o tálamo (o portão de saída para o córtex cerebral), o subtálamo, o terceiro ventrículo (os dois tálamos "se beijam" cruzando o terceiro ventrículo) e a glândula pineal (liberação de melotonina e ciclo sono-vigília).
O mesencéfalo forma o aqueduto cerebral (conecta o terceiro e o quarto ventrículos), o tecto (teto do mesencéfalo) e o pedúnculo cerebral (conecta o tronco encefálico ao cérebro). Finalmente, o rombencéfalo forma as vesículas secundárias chamadas metencéfalo e mielencéfalo.
O metencéfalo forma o cerebelo (o "pequeno cérebro" para coordenação e fluidez de movimentos) e a ponte (dá origem à ponte e outros núcleos de nervos cranianos). O mielencéfalo forma o bulbo (controle de centros respiratórios vitais e nervos cranianos).
Os dois tipos básicos de células que se desenvolvem no sistema nervoso são as células da glia e os neurônios.
O sistema nervoso é um tema complexo e difícil de aprender, mas responder a testes e questionários é uma ótima forma de facilitar o seu aprendizado e reter mais conhecimento. Veja você mesmo com o teste abaixo:
Básico
Células nervosas
Existe uma variedade de células nervosas. O corpo celular é onde os neurotransmissores são gerados, e eles são transportados para a parte terminal do nervo com proteínas carreadoras. Os neurônios consistem em um axônio central e mielina para isolamento. A mielina nos neurônios do sistema nervoso central é formada por oligodendrogliócitos, enquanto no sistema nervoso periférico ela é formada por células de Schwann. Nem todas as fibras nervosas são mielinizadas, por exemplo, as fibras do grupo C da dor não são.
Os neurônios sensitivos são especializados em sinalizar estímulos sensitivos. Eles são conectados a um receptor periférico de algum tipo - por exemplo, os corpúsculos de Paccini enviam um sinal quando estão sob pressão física. Estes são transmitidos para interneurônios que se localizam na medula espinhal. Estes por sua vez sinalizam neurônios motores, que se conectam a músculos e deixam o corno ventral da medula espinhal.
Condução saltatória
O estímulo é gerado a partir de receptores (pressão, temperatura, etc). Isto causa um influxo de sódio que causa uma despolarização local. Uma vez que o potencial de membrana atinge -45 mV, os canais de sódio se abrem, e ocorre um rápido influxo de sódio. Este processo é interrompido quando o potencial de membrana atinge +40 mV. O sinal se espalha e pula ao longo do nervo. Há mais influxo de sódio nos nódulos de Ranvier, e a palavra saltatório se relaciona ao 'pulo' dos íons sódio ao longo dos segmentos mielinizados de uma célula nervosa. Isso acelera a transmissão.
Sinapses
A chegada dos íons Na à parte terminal do nervo causa despolarização. Isso ativa um influxo de cálcio, que por sua vez causa a fusão de vesículas pré-armazenadas contendo acetilcolina (nos nervos somáticos, interneurônios, neurônios motores e placas) ou noradrenalina (nos nervos simpáticos pós-sinápticos) com a membrana pré-sináptica, o que determina a liberação do material para a fenda sináptica. O neurotransmissor então se liga aos receptores pós-sinápticos, causando despolarização, e o sinal é transmitido.
Junções neuromusculares
É a junção entre o neurônio motor e o músculo esquelético. Estas possuem a mesma estrutura básica das sinapses, mas não enviam o sinal para outro nervo, e sim para a placa terminal motora e para outras fibras musculares. Isto é realizado através de uma estrutura complexa de túbulos T e receptores especialmente adaptados, e o resultado final é a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático, que promove contração.
Sistema nervoso central
Cérebro
O cérebro é o órgão chefe do sistema nervoso central. Ele coordena o funcionamento dos nossos músculos e membros, bem como os hormônios que nós liberamos para nos adaptar, crescer e modificar o nosso ambiente. Ele é composto por várias divisões, chamadas de lobos cerebrais, conforme a seguir:
- Lobo frontal: este lobo contém o córtex orbitofrontal, que é a principal área de inibição de comportamentos impulsivos. Ele contém ainda o giro pré-central, o córtex motor primário e a área de Broca (do lado esquerdo), que nos permite formar palavras. A área homóloga à área de Broca do lado direito nos permite a interpretação da linguagem corporal.
- Lobo temporal: se localiza logo inferiormente à fissura lateral, em cada hemisfério cerebral. Ele contém o giro temporal transverso, que interpreta a informação auditiva. O lobo temporal esquerdo nos permite compreender as palavras e entender informações.
- Lobos parietais: se encontram na superfície posterosuperior do cérebro, e são o principal local de interpretação visual. Eles possuem ainda um papel crucial nos movimentos dos olhos - perseguição de objetos, por exemplo, seguir um objeto no horizonte - bem como o direcionamento de nosso olhar para diferentes partes de um objeto. Contêm ainda o giro pós-central, que é o córtex sensitivo primário. A área de Wernicke se encontra na fronteira entre os lobos parietal e temporal.
- Finalmente, no aspecto posterior do cérebro nós temos o lobo occipital, que contém o córtex visual primário e áreas de associação visuais.
Tronco encefálico
O tronco encefálico continua com o aspecto inferior do cérebro. Ele consiste no mesencéfalo, superiormente, na ponte, no meio e no bulbo, inferiormente. O tronco encefálico se encontra no interior da cavidade craniana, e repousa sobre o clivus no aspecto inferior do crânio, sendo contínuo inferiormente com a medula espinhal.
Cerebelo
O cerebelo, ou “pequeno cérebro” é responsável pelo equilíbrio e pela coordenação. Ele dá fluidez aos nossos movimentos, e se reprograma através de um sistema que gera novas respostas na dependência dos estímulos que ele recebe.
Medula espinhal
A medula espinhal se aloja no interior do canal vertebral. Ela se encontra profundamente às três camadas de meninges, e origina os 31 pares de nervos espinhais. Estes nervos deixam o canal vertebral através dos forames intervertebrais, e se fundem para formar plexos e inervar diferentes músculos.
Sistema nervoso periférico
Nervos espinhais
Existem 31 pares de nervos espinhais. Eles consistem em um componente sensitivo aferente que entra no corno dorsal e um componente motor eferente que deixa a medula através do corno ventral. Tanto o componente sensitivo quanto o motor são contidos pelo nervo espinhal, juntamente com os sinais autonômicos.
Uma vez que os nervos espinhais deixam os forames intervertebrais eles formam ramos anterior e posterior. O ramo anterior inerva os membros e o tronco, enquanto o ramo posterior inerva algumas estruturas, como os músculos dorsais.
Nervos cranianos
Eles se originam do tronco encefálico e do cérebro, mas na verdade são parte do sistema nervoso periférico. Existem doze pares de nervos cranianos, conforme abaixo:
- Olfatório (sentido do olfato)
- Óptico (sentido da visão)
- Oculomotor (movimentos do olho e pálpebra. Contrái a pupila)
- Troclear (movimenta o olho para cima e para fora, inerva o oblíquo superior)
- Trigêmeo (V1 oftálmico, V2 maxilar, V3 mandibular, sensação da face e músculos mastigatórios)
- Abducente (movimenta o olho lateralmente. Inerva o reto lateral)
- Facial (move a face, sensação do paladar nos 2/3 anteriores da língua, entre outras funções)
- Vestibulococlear (audição e equilíbrio)
- Glossofaríngeo (sentido do paladar no 1/3 posterior da língua, sensibilidade da faringe)
- Vago (inervação parassimpática para todo o corpo inferiormente à flexura esplênica; parte motora do reflexo da tosse)
- Acessório (inerva os músculos esternocleidomastóideo e trapézio)
- Hipoglosso (inerva todos os músculos da língua, exceto o palatoglosso)
Sistema nervoso somático
A palavra somático significa "relacionado ao corpo", e ela explica também a função deste sistema. Os nervos que inervam os nossos braços e pernas, bem como os nossos músculos do pescoço e do tronco se originam todos deste sistema. Ele é considerado parte do sistema nervoso periférico e é responsável por levar informação sensitiva e motora. Tanto os nervos cranianos quanto os nervos espinhais contribuem para o sistema nervoso somático. O ramo ventral dos nervos espinhais (exceto T2-T12) se fundem e formam plexos, resultando em nervos finais que vão inervar músculos e fornecer a sensibilidade.
Plexo cervical
O plexo cervical inerva a região do pescoço, e é formado pelo ramo ventral dos primeiros quatro nervos cervicais. Ele fornece principalmente ramos cutâneos para a área da cabeça, pescoço e tronco. Seus ramos musculares são para os músculos retos lateral e anterior da cabeça, longo da cabeça e longo do pescoço. Ele possui uma alça de nervos chamada alça cervical, que origina ramos para vários músculos (ventre superior do omo-hióideo, ventre inferior do omo-hióideo, esterno-hióideo e esternotireóideo). Talvez ainda mais importante seja a origem do nervo frênico, que inerva o diafragma; Assim, C3, C4 e C5 mantêm o diafragma vivo.
Plexo braquial
O plexo braquial é formado pelos ramos ventrais de C5-T1 e inerva os músculos e fornece a sensibilidade do membro superior. Ele possui numerosos ramos, mas os mais importantes para se lembrar são:
- Nervo radial (C5-T1): Tem origem a partir do cordão posterior. Ele inerva todos os músculos posteriores do braço e antebraço, e é responsável pela maior parte da sensibilidade posterior.
- Nervo mediano (C5-T1): É formado pela união dos cordões medial e lateral. Inerva quase todos os músculos do antebraço (exceto o flexor ulnar do carpo e a cabeça ulnar do flexor profundo dos dedos), a eminência tenar e os dois lumbricais laterais.
- Nervo ulnar (C8-T1): Se origina do cordão medial. Ele inerva todos os músculos intrínsecos da mão (todos os interósseos e os dois lumbricais mediais), bem como o flexor ulnar do carpo e a cabeça ulnar do flexor profundo dos dedos no antebraço.
- Nervo axilar (C5-C6): Tem origem no cordão posterior. Ele inerva os músculos deltoide e redondo menor e fornece a sensibilidade da região sobrejacente ao deltoide.
- Nervo musculocutâneo (C5-C7): Vem do cordão lateral. Fornece inervação para o compartimento flexor do braço, bem como a sensibilidade da região lateral do antebraço.
- Nervo toracodorsal (C6-C8): Se origina no cordão posterior e inerva o músculo latíssimo do dorso.
- Nervo supraescapular (C4-C5): Se origina do tronco superior do plexo e inerva o supraespinhal e o infraespinhal.
Plexo lombar
Este é o plexo do membro inferior. Ele é formado pelos ramos ventrais de L1-L4, com uma contribuição do 12º torácico. Seus ramos são os seguintes:
- Iliohipogástrico (L1): Fornece inervação para os músculos transverso do abdome e oblíquo interno. Também fornece inervação sensitiva para a pele sobre parte das regiões glútea e púbica.
- Ilioinguinal (L1): Fornece inervação para os músculos transverso do abdome e oblíquo interno. Inerva ainda a pele sobre a raiz do pênis e parte superior dos testículos, bem como a pele sobre o mons pubis e os grandes lábios nas mulheres.
- Genitofemoral (L1-L2): Possui um ramo genital que cursa com o cordão espermático e inerva o músculo cremaster. Este nervo fornece ainda a sensibilidade da genitália externa.
- Cutâneo femoral lateral (L2-L3): Fornece a sensibilidade do aspecto lateral da coxa.
- Obturador (divisões ventrais de L2-L4): Inerva os músculos do compartimento medial / adutor do membro inferior.
- Femoral (Divisões dorsais de L2-L4): Inerva os músculos do compartimento anterior da coxa, bem como a sensibilidade sobre a coxa através dos nervos cutâneos medial e anterior da coxa.
Plexo sacral
O plexo sacral é bastante difícil de se memorizar. De forma geral ele inerva os músculos da região glútea (músculos glúteos, rotadores externos curtos do quadril), e ainda os esfíncteres pélvicos.
Sistema nervoso autônomo
Divisões
O sistema nervoso autônomo é composto dos nossos sistemas nervosos simpático e parassimpático. O primeiro age em simpatia, sem emoções, daí o seu nome. Ele causa reações de luta ou fuga. O sistema parassimpático possui funções de descanso e digestão - desacelera o coração, promove o peristaltismo.
Ramos comunicantes cinzentos e brancos
Existe, é claro, comunicação entre os diferentes sistemas nervosos. Os ramos comunicantes brancos (neurônios simpáticos pré-ganglionares) são curtos segmentos de nervo mielinizados que conectam os nervos espinhais aos gânglios simpáticos paravertebrais. Estes últimos parecem contas em um colar, e cursam ao longo das vértebras por uma significativa extensão da coluna torácica.
O ramo branco entra no tronco simpático, onde ele termina, se dirige superior ou inferiormente. Eles formam sinapses com os corpos celulares dos neurônios simpáticos pós-ganglionares localizados no gânglio simpático. O ramo comunicante branco irá então formar sinapse com o ramo comunicante cinzento. Em seguida ele cursa junto com o nervo espinhal para o alvo periférico. A estrutura em colar de contas (tronco simpático) descrita acima dá origem aos nervos esplâncnicos torácicos. Os nervos esplâncnicos maior (T5-T9), menor (T10-T11) e mínimo (T10-T11) cursam através do diafragma e contribuem para os plexos celíaco, mesentérico superior e renal, respectivamente.
Fluxo simpático
De maneira geral, o fluxo simpático pode ser descrito como "toracolombar", já que é o local onde o nervo se origina. Existem coleções de fibras nervosas simpáticas, e muitas delas coalescem ao redor dos grandes ramos da aorta abdominal. Estas incluem os plexos celíaco e mesentéricos superior e inferior. Estes plexos seguem o curso das artérias e fornecem inervação simpática para as mesmas áreas do intestino que as artérias vascularizam - o plexo celíaco supre o intestino proximal, o plexo mesentérico superior o intestino médio e o plexo mesentérico inferior o intestino distal.
Sistema nervoso parassimpático
O sistema nervoso parassimpático realiza as nossas funções de "repouso e digestão" - reduz a frequência cardíaca, aumenta as contrações intestinais. Seu fluxo pode ser descrito como "crânio-sacral". Isso se deve ao fato de existirem quatro nervos cranianos que fornecem inervação parassimpática (nervos cranianos III, VII, IX e X):
- Oculomotor: Este nervo inerva o músculo constritor da pupila (que contrai a pupila), e possui um componente parassimpático.
- Facial: Este nervo inerva as glândulas lacrimais e salivares (submandibular e sublingual), que são ativadas sob controle parassimpático.
- Glossofaríngeo: Este nervo fornece inervação para a glândula salivar parótida, que se encontra na lateral da face, superficialmente ao músculo masseter.
- Vago: Vago significa "aquele que vagueia", e é fácil perceber por que. O nervo fornece inervação parassimpática até a flexura esplênica do intestino grosso.
Esplâncnicos pélvicos
Estes são diferentes dos esplâncnicos torácicos - eles são parassimpáticos, e não simpáticos. Eles fornecem inervação parassimpática para o restante do intestino grosso, depois que o vago completou a sua inervação.
Sistema nervoso entérico
O sistema nervoso entérico é conhecido como "cérebro do intestino". Ele funciona de forma independente, mas algumas interações complexas existem com o sistema nervoso autônomo. Existem dois grandes grupos de plexos na parede do trato gastrointestinal. Existe o plexo de Meissner (na submucosa) e o plexo de Auerbach (na camada muscular). Estes causam contração da parede intestinal.
Nota Clínica
Vagotomia
A vagotomia para úlceras gástricas é um procedimento antigo que é utilizado para o controle cirúrgico em pacientes com úlceras gástricas recorrentes, quando não é possível controle com alterações da dieta e drogas anti-úlcera. O nervo vago estimula a secreção de ácido gástrico. Três tipos de vagotomia podem ser realizadas, que em última análise reduzem o efeito do nervo de estimular a secreção de ácido gástrico.
Paralisias de nervos cranianos
Os 12 nervos cranianos todos deixam/entram no crânio a partir de vários forames. O estreitamento destes forames ou qualquer constrição ao longo do curso dos nervos resulta em paralisa dos mesmos. Por exemplo, a paralisia de Bell afeta o nervo facial. Do lado afetado o paciente exibe:
- hemiplegia
- olhos secos e ausência do reflexo corneano, distúrbios auditivos e alterações do paladar nos 2/3 anteriores da língua
- ausência do reflexo corneano
- distúrbios auditivos
- alterações do paladar nos 2/3 anteriores da língua
Lesões de nervos dos membros
Paralisias de nervos dos membros resultam de fraturas, constrição ou sobrecarga. Por exemplo, a síndrome do túnel do carpo afeta o nervo mediano e ocorre quando este nervo é comprimido no interior do túnel. Isso se deve ao alargamento de tendões flexores no interior do túnel, ou a inchaço relacionado a edema. Esta síndrome frequentemente ocorre durante a gravidez ou relacionada a acromegalia.
Doença de Hirschsprung
Trata-se de uma atonia cólica secundária à falência de células ganglionares (descritas na seção sobre o sistema nervoso entérico) em migrar para o sistema nervoso entérico. Isto resulta em uma criança severamente constipada e desnutrida, que apresenta necessidade de cirurgia corretiva.
Espinha bífida
A falha no desenvolvimento normal das meninges e/ou do arco neural vertebral geralmente resulta em um defeito na coluna lombar, onde parte da medula é coberta apenas por meninges, e portanto se encontra fora do corpo. Fatores ambientais e genéticos contribuem para que a patologia ocorra. Suplementação com folato atualmente é dada para todas as mães no início da gestação para sua prevenção.
Doença de Parkinson
A dopamina é essencial para o correto funcionamento dos núcleos da base, estruturas no cérebro que controlam a nossa cognição e os nossos movimentos. Pacientes com Parkinson sofrem degradação destes neurônios dopaminérgicos na substância nigra, resultando em:
- dificuldade para iniciar movimentos
- instabilidade de marcha
- fáscies congelada / inexpressiva
- rigidez de membros em roda denteada
Referências
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Bibliografia:
- Frank H.Netter MD: Atlas of Human Anatomy, 5th Edition, Elsevier Saunders.
- Chummy S.Sinnatamby: Last’s Anatomy Regional and Applied, 12th Edition, Churchill Livingstone Elsevier.
- Richard L. Drake, A. Wayne Vogl, Adam. W.M. Mitchell: Gray’s Anatomy for Students, 2nd Edition, Churchill Livingstone Elsevier.
Autor, revisão e layout:
- Shahab Shahid
- Uruj Zehra
- Catarina Chaves
Tradução para o português:
- Rafael Lourenço do Carmo
Ilustrações:
- Sistema nervoso simpático - vista anterior - Paul Kim
- Sistema nervoso parassimpático - vista anterior - Paul Kim
- Células gliais - lâmina histológica - Smart In Media
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Neurônios - lâmina histológica - Smart In Media
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Tecido nervoso - lâmina histológica - Smart In Media
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Axónio do neurónio motor - Paul Kim
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Bainha de mielina do neurónio motor - Paul Kim
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Dendritos - Paul Kim
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Lobo frontal - vista lateral-esquerda - Paul Kim
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Lobo temporal - vista lateral-esquerda - Paul Kim
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Lobo parietal - vista lateral-esquerda - Paul Kim
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Medula espinhal - vista axial - Paul Kim
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Medula espinhal - vista anterior - Begoña Rodriguez
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Nervo olfatório - vista inferior - Paul Kim
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Nervo óptico - vista inferior - Paul Kim
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Nervo oculomotor - vista inferior - Paul Kim
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Nervo troclear - vista anterior - Paul Kim
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Nervo trigêmeo - vista inferior - Paul Kim
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Nervo abducente - vista inferior - Paul Kim
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Nervo facial - vista inferior - Paul Kim
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Nervo vestibulococlear - vista inferior - Paul Kim
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Nervo glossofaríngeo - vista inferior - Paul Kim
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Nervo vago - vista lateral-esquerda - Paul Kim
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Nervo acessório - vista posterior - Paul Kim
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Nervo hipoglosso - vista lateral-esquerda - Paul Kim
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Plexo cervical - vista anterior - Begoña Rodriguez
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Plexo braquial - vista anterior - Begoña Rodriguez
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Plexo lombar - vista anterior - Begoña Rodriguez
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Nervos esplâncnicos torácicos - vista anterior - Paul Kim
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Nervos esplâncnicos torácicos - vista inferior - Stephan Winkler
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Nervos pélvicos esplâncnicos - vista anterior - Paul Kim
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Nervos pélvicos esplâncnicos - vista lateral-direita - Irina Münstermann
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