sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Vitória de Pirro: quando vencer sai caro demais


Vitória de Pirro - quando o preço da vitória sai caro demais

Vitória de Pirro é uma expressão que se refere a um tipo de vitória que teve um custo muito alto. Essa expressão tem origem na Grécia Antiga e foi popularizada no século II a.C. pelo rei Pirro de Epiro, considerado um dos grandes estrategistas militares da antiguidade, figurando ao lado de Alexandre, o Grande e Aníbal.

Pirro liderou uma série de batalhas contra os romanos, nas quais obteve vitórias importantes, mas sempre com muitas baixas e prejuízos. Após uma dessas difíceis vitórias, Pirro propôs um tratado de paz que foi negado por Roma. Seguiu-se então mais uma batalha vitoriosa, porém, segundo o relato do historiador Dioniso de Halicarnasso, Pirro havia perdido quase todos os seus comandantes e amigos pessoais. Então, diante de alguém que comemorava a vitória, o rei declarou: “Outra vitória como esta, e estarei completamente arruinado!”.

Essa frase se tornou famosa e passou a ser usada para se referir a uma vitória que, apesar de ter sido alcançada, acaba se tornando mais prejudicial do que benéfica. Isso porque, embora o vencedor tenha alcançado seu objetivo, se enfraqueceu a ponto de ficar incapaz de enfrentar novas batalhas.

A expressão Vitória de Pirro ou Vítória Pírrica é frequentemente utilizada em contextos políticos e militares, mas também pode ser aplicada nos negócios e nas relações pessoais. Em geral, representa a ideia de que nem sempre vale a pena alcançar uma vitória a qualquer custo, e que é preciso considerar cuidadosamente os possíveis prejuízos que uma vitória pode acarretar.

Confira abaixo o relato de Dioniso de Halicarnasso:

“Pirro teria respondido a um indivíduo que lhe demonstrou alegria pela vitória que “uma outra vitória como esta o arruinaria completamente”. Pois ele havia perdido uma parte enorme das forças que trouxera consigo, e quase todos os seus amigos íntimos e principais comandantes; não havia outros homens para formar novos recrutas, e encontrou seus aliados na Itália recuando. Por outro lado, o acampamento romano era preenchido rápida e abundantemente por novos recrutas, todos sem deixar sua coragem ser abatida pela perda que sofreram, mas sim extraindo de sua própria ira nova força e resolução para seguir adiante com a guerra.”

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.


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A Navalha de Ockham


A Navalha de Ockhan e a ciência moderna

A navalha de Ockham é um raciocínio lógico que se baseia na premissa de que, dentre várias possibilidades para explicar um fenômeno, a mais simples é a mais provável. Em outras palavras: quando há muitas hipóteses, deve-se escolher aquela que requer o menor número de pressupostos. Por isso é conhecido também como princípio da economia.

O princípio foi proposto pelo filósofo e teólogo inglês Guilherme de Ockham (1288–1347), da Escolástica, no século XIV. É, portanto, um conceito oriundo da Filosofia Medieval de influência aristotélica. Ockham argumentou que, na ausência de evidências em contrário, a explicação mais simples é a mais provável. Por isso o simbolismo da “navalha” que corta o excesso de variáveis e premissas.

A Navalha de Ockham na ciência moderna

A Navalha de Ockham é frequentemente aplicada na ciência, especialmente nas ciências naturais. Por exemplo, quando se trata de explicar um fenômeno biológico, é mais provável que a causa seja algo simples, como uma única mutação, do que uma série complexa de eventos. De maneira semelhante, em astronomia, é mais provável que a trajetória de um planeta seja explicada pela atração gravitacional do que por forças desconhecidas.

A navalha de Ockham é também considerado um princípio importante na tomada de decisão e na busca de explicações teóricas; é aplicado em diversas áreas do conhecimento científico e acadêmico. O objetivo é evitar teorias sofisticadas de difícil verificação quando existem descrições mais simples e plausíveis, fazendo com que as teorias sejam mais confiáveis e fáceis de testar.

Ainda que o conceito seja uma homenagem a Guilherme de Ockham, o filósofo nunca o descreveu explicitamente, todavia, muitos concordam que seus escritos seguiram esse princípio. O desenvolvimento posterior do conceito deve-se à contribuição de pensadores como Johannes Clauberg (1622–1655) que, baseado em Ockham, afirmou: “Entidades não devem ser multiplicadas além do necessário.” O termo “Navalha de Ockham” surgiu apenas no século XIX.

Apesar das críticas que o conceito recebeu ao longo da história, afirmando que a complexidade e a multiplicidade não podem ser evitadas, mesmo seus críticos acreditam que a explicação mais simples é a melhor.

Por isso o físico Albert Einsten (1879 – 1955), autor da Teoria da Relatividade, criou sua própria máxima inspirada na Navalha de Ockham: “Tudo deve ser feito da forma mais simples possível, mas não se restringido ao mais simples”.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.


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Hoje é Dia Do Jejum Sagrado De Sri Mokshada Ekadasi dia 22/12/2023 Hoje é Dia Do Jejum Sagrado De Sri Mokshada Ekadasi dia 22/12/2023




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A História do Mokshada Ekadashi

A História do Mokshada Ekadashi

A História do Moksada Ekadashi

Yudhishthira Maharaja disse:  “Ó Vishnu, controlador de todos, ó deleite dos três mundos, ó Senhor do universo, ó criador do mundo, ó personalidade mais antiga, ó melhor de todos seres, ofereço minhas respeitosas reverências a Ti. ó Senhor dos senhores, para benefício de todas entidades vivas, tenha a bondade de responder algumas perguntas que tenho.  Qual o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena clara do mês de Margashirsha e que remove todos pecados?  Como é observado corretamente, e qual Deidade é adorada nesse dia sagrado?  Ó Senhor, por favor explique isto plenamente para mim.”

O Senhor Krishna respondeu: “Ó Yudhishthira, tua indagação é muito auspiciosa e te trará fama.  Assim como anteriormente expliquei-te o mui querido Utpanna Maha-dvadashi (1) – que ocorre durante a parte obscura do mês de Margashirsha, que é o dia quando Ekadashi-devi apareceu de Meu corpo para matar o demônio Mura, e que beneficia tudo que é animado e inanimado nos três mundos – assim te explicarei agora o Ekadashi que ocorre durante a parte clara de Margashirsha. Este Ekadashi é famoso como Mokshada porque purifica o devoto fiel de todas reaçöes pecaminosas e lhe confere a liberação. A Deidade adorável deste dia é o Senhor Damodara.  Com plena atenção se deve adorá-Lo com incenso, uma lamparina de ghee, flores, e tulasi manjaris (florescências).

Ó melhor dos reis, por favor ouça enquanto narro para ti a velha e auspiciosa história deste Ekadashi.  Simplesmente por ouvir esta história se pode obter o mérito acumulado por realizar um sacrifício de cavalo.  Por influência deste mérito, nossos antepassados, mães, filhos e outros parentes que foram para o inferno podem ir para o céu. Apenas por esta razão, ó rei, deves ouvir cuidadosamente esta narrativa.

Uma vez havia uma linda cidade chamada Champaka-nagara, decorada  com devotados Vaisnavas. Ali o melhor dos reis santos, Maharaja Vaikhanasa, governava seus súditos como se fossem seus filhos e filhas. Os brahmanas naquela capital eram todos peritos em quatro tipos de conhecimento védico.  O rei, enquanto governava corretamente, teve um sonho em certa noite no qual seu pai estava sofrendo os golpes da tortura num planeta infernal. O rei foi tomado de compaixão e derramou lágrimas. Na manhã seguinte, Maharaja Vaikhanasa descreveu seu sonho para seu conselho de brahmanas duas-vezes nascidos.

“Ó brahmanas,” disse o rei, “num sonho na noite passada vi meu pai sofrendo num planeta infernal. Ele estava gritando: “Ó filho, por favor salva-me do tormento deste inferno!”  Agora não tenho nenhuma paz, e até mesmo esse belo reino se tornou insuportável para mim. Nem mesmo meus cavalos, elefantes, e quadrigas me dão qualquer alegria, e meu vasto tesouro não me dá nenhum prazer.

Tudo, ó melhores dos brahmanas, até minha própria esposa e filhos, se tornou uma fonte de infelicidade desde que vi meu querido pai sofrendo as torturas do inferno.  Onde posso ir, e que posso fazer, ó brahmanas, para aliviar esta miséria?  Meu corpo está queimando de temor e tristeza!  Por favor digam-me que tipo de caridade, que modalidade de jejum, qual austeridade, ou que profunda meditação poderei realizar para salvar meu pai de sua agonia e conceder liberação à meus antepassados.  ó melhores dos brahmanas, qual o sentido de ser um filho poderoso se nosso pai deve sofrer num planeta infernal?  Realmente, a vida de tal filho é totalmente inútil!”

Os brahmanas duas vezes nascidos replicaram: “Ó rei, na floresta montanhosa não longe daqui fica o ashrama onde o grande santo Parvata Muni reside.  Por favor vá até ele, pois conhece o passado, presente e futuro de tudo e certamente pode ajudar-te em tua miséria.”

Ao ouvir este conselho, o pesaroso rei imediatamente partiu numa jornada rumo ao ashrama do famoso sábio Parvata Muni. O ashrama era muito grande e abrigava muitos sábios eruditos peritos em cantar os hinos sagrados dos quatro Vedas. (2) Aproximando-se do sagrado ashrama, o rei contemplou Parvata Muni sentado entre os sábios como um outro Senhor Brahma, o criador não-nascido.

Maharaja Vaikhanasa ofereceu suas humildes reverências ao muni, curvando sua cabeça e então prostrando-se de corpo inteiro. Depois que o rei se sentara, Parvata Muni perguntou-lhe sobre o bem estar das sete partes de seu extenso reino. (3) O muni também perguntou-lhe se seu reino estava livre de problemas e se todos estavam tranquilos e felizes. A estas indagaçöes o rei respondeu:  “Por sua misericórdia, ó glorioso sábio, todas sete partes de meu reino estão passando bem. Contudo existe um problema que surgiu recentemente, e para resolvê-lo vim lhe procurar, ó brahmana, para sua orientação perita.”

Então Parvata Muni, o melhor dos sábios, fechou seus olhos e meditou no passado, presente e futuro do rei. Após alguns momentos abriu seus olhos e disse: “Teu pai está sofrendo os resultados de cometer um grande pecado, e descobri o que é. Em sua vida pretérita ele brigou com a esposa quando desfrutou dela sexualmente durante seu período menstrual. Ela tentou resistir seus avanços e gritou: “Alguém por favor salve-me! Por favor, ó marido, não interrompa meu período mensal!” Ainda assim ele não a deixou em paz.  É devido a este pecado atroz que seu pai caiu em tal condição infernal.” O Rei Vaikhanasa então disse: “Ó melhor dos sábios, por qual processo de jejum ou caridade posso liberar meu querido pai de tal condição?  Por favor diga-me como posso remover o fardo de suas reações pecaminosas, que são um grande obstáculo a seu progresso para a liberação final.”

Parvata Muni replicou:  “Durante a quinzena clara do mês de Margashirsha ocorre um Ekadashi chamado Mokshada. Se observares este sagrado Ekadashi estritamente, com um jejum completo, e deres diretamente a teu pai sofredor o mérito que assim obtiveres, ele será libertado de sua dor e instantaneamente liberado.”

Ouvindo isso, Maharaja Vaikhanasa agradeceu profusamente o grande sábio e então retornou a seu palácio. Ó Yudhishthira, quando a parte clara do mês de Margashirsha afinal chegou, Maharaja Vaikhanasa fiel e perfeitamente observou o jejum de Ekadashi com sua esposa, filhos e outros parentes.  Ele zelosamente entregou o mérito de seu jejum a seu pai, e enquanto fazia a oferenda, lindas flores choviam do céu. O pai do rei então foi louvado por mensageiros dos semideuses e escoltado até as regiões celestiais.  Enquanto passava por seu filho, o pai disse para o rei: “Meu querido filho, toda auspiciosidade para ti!”  Afinal ele alcançou o reino celestial. (4)

Ó Filho de Pandu, quem quer que observe estritamente o sagrado Mokshada Ekadashi, seguindo as regras e regulaçöes estabelecidas, alcança a liberação total e perfeita após a morte.  Não há melhor dia de jejum que este Ekadashi da quinzena clara do mês de Margashirsha, ó Yudhishthira, pois é um dia claro como o cristal e sem pecado. Quem quer que observe fielmente este jejum de Ekadashi, que é como cintamani (uma joia que realiza todos desejos), obtém mérito especial que é muito difícil de calcular, pois este dia pode elevar-nos aos planetas celestiais e mais além – à liberação perfeita.”

Assim termina a narrativa das glórias do Margashirsha Ekadashi ou Mokshada Ekadashi, do Brahmanda Purana.

Notas:

1) Quando Ekadashi cai num Dvadashi, devotos ainda assim chamam-no de Ekadashi.

2) Os quatro Vedas são o Sama, Yajur, Rg e Atharva.

3) As sete partes do domínio de um rei são o próprio rei, seus ministros, seu tesouro, suas forças armadas, seus aliados, os brahmanas, os sacrifícios realizados em seu reino, e as necessidades de seus súditos.

4) Se uma pessoa observa um jejum de Ekadashi para um antepassado falecido que está sofrendo no inferno, então o mérito assim obtido capacita o antepassado a deixar o inferno e entrar no reino celestial, onde poderá então praticar serviço devocional a Krishna ou Vishnu e retornar a Deus. Porém quem observa Ekadashi para sua própria elevação espiritual regressa ele mesmo para Deus, para nunca mais retornar a esse mundo material.


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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Hoje é o dia do sagrado jejum de Sri Mokshada Ekadasi dia 22/12/2023 (fe...

Morte E Vida Severina - João Cabral De Melo Neto




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A Arte De Argumentar Antonio Suarez Abreu



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COLEÇÃO PRIMEIROS PASSOS livros em pdf abaixo.

 Coleção Primeiros Passos, subintitulada "Uma enciclopédia crítica", é uma célebre série de livros de caráter propedêutico, de vocabulário mais acessível e formato de bolso lançada e editada pela Editora Brasiliense a partir do fim da década de 1970, notória pelo padrão dos títulos ("O que é..."). Os volumes explicam conteúdos das mais variadas áreas do conhecimento e do comportamento humano, como da tradução à homossexualidade, abarcando títulos, por exemplo, da História à Linguística.

Dos 312 títulos, apenas durante o ano de 1999, foram vendidos meio milhão de exemplares. Muitas das capas dos volumes da coleção foram feitas pelo ilustrador Guto Lacaz. O mais vendido é O que é Ideologia, de Marilena Chaui. (Wikipedia)


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🛑Soros, o "Partido das Sombras" e desafios de Trump com P.H. Araújo

Ice Cube denuncia que alguns donos de gravadoras também são donos de prisões nos EUA: 'As duas industrias trabalham juntas'


Brian Blueskye/The Desert Sun

Ice Cube acredita que indústria da música prejudica artistas para que eles sejam presos.

Durante uma entrevista recente ao podcast “Club Random”, de Bill Maher, o lendário rapper Ice Cube discutiu os laços que ele vê entre o sistema prisional e a indústria do entretenimento. Na teoria dele, o setor do entretenimento e o complexo industrial prisional estão trabalhando em conluio para levar jovens negros para o sistema prisional por meio do rap.

Ele começou a conversa com uma pergunta: “Quem se beneficia e lucra com nossas brigas e nossa divisão?”. Em seguida, ele continuou: “Como seguir o dinheiro. Não sei o nome deles, mas se você subir o suficiente, começará a ver que isso é uma indústria. Vamos pegar o rap de exemplo. As mesmas pessoas que possuem as gravadoras são donas das prisões. Parece meio suspeito que as músicas lançadas são realmente voltadas para empurrar as pessoas para a indústria prisional”, apontou ele.

Ice Cube
Foto: Felipe Mascari/Hip Hop DX Brasil

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Depois, o host Maher foi rápido em refutar o rapper e dizer que ninguém está fazendo os rappers escreverem as letras que eles escrevem. Entretanto, Ice Cube não voltou atrás e continuação sobre sua teoria. Para ele, não se trata de fazer alguém escrever as letras, mas encorajar os artistas para que façam músicas que possam prejudica-los.

“Nas gravadoras, há uma proteção para que as coisas sejam aprovadas ou não. E certas coisas são expostas no disco. Isso significa que os caras da gravadora sentam e dizem aos artistas: ‘Isso é quente, diga isso. Faça isso, vamos fazer esse cara escrever as letras’.”

Para ele, a narrativa vendida pelos rappers em suas obras são estruturadas transformada no que a gravadora deseja que o álbum seja. A teoria de criada pelo artista sobre a relação do sistema carcerário e empresas musicais é comentada nos Estados Unidos desde 2012, quando blogs e redes sociais começaram a circular alegações de vínculos entre operadores de prisões privadas e a indústria da música, mas nunca foram comprovadas.

Em maio, Ice Cube foi uma das principais atrações do festival Encontro das Tribos, onde fez um histórico show para o público presente. A vinda do norteamericano promoveu um grande encontro para a história do rap, ao se encontrar com os Racionais MC’s. “Momento histórico e especial, aguardamos mais de 30 anos pra encontrar um dos grandes rappers que nos influenciou desde o começo, prestigiar esse momento aqui no Brasil foi mil grau!”, disse o perfil oficial do grupo no Twitter.

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Espada de Dâmocles: uma metáfora sobre o poder


Espada de Dâmocles - metáfora sobre o poder

A Espada de Dâmocles é uma alegoria clássica da Grécia Antiga que representa a ameaça constante que paira sobre aqueles que possuem algum tipo de poder ou responsabilidade. É uma expressão comum em discussões filosóficas, éticas e políticas. Representa também uma crítica ao senso comum que considera apenas os benefícios de determinado cargo ou profissão, sem levar em conta os riscos e as responsabilidades que acompanham essas posições.

Segundo a lenda, Dâmocles era um adulador que invejava as regalias e a riqueza do rei Dionísio de Siracusa (século IV a.C.). Costumava falar na corte que o rei tinha muita sorte por ter tanto poder e autoridade. O monarca então ofereceu a Dâmocles a oportunidade de tomar seu lugar por um dia, usufruindo de todas as riquezas e sendo servido por belas mulheres.

No entanto, como forma de ilustrar a ameaça constante que paira sobre os poderosos, Dionísio mandou pendurar uma espada afiada sobre o trono, presa apenas por um fio de crina de cavalo. Apavorado, Dâmocles não conseguiu ficar sentado no trono por muito tempo.

Por mais que Dâmocles invejasse a posição do rei, era incapaz de desfrutar dos privilégios sem a constante ameaça da espada. A mensagem é que o poder traz consigo uma série de riscos. Algo que Dâmocles ingenuamente desconsiderava.

A partir disso, existem várias comparações possíveis, como o jovem que deseja ser cirurgião visando apenas o prestígio da profissão sem cogitar os riscos e sacrifícios da medicina. As possibilidades são muitas, como pensar, por exemplo, não apenas nas gratificações de ser pai, mãe, engenheiro, advogado, empresário, político ou professor, mas também no peso da responsabilidade.

A Espada de Dâmocles é também um aviso aos poderosos, que deveriam agir com prudência e sensatez sem se deixar iludir pelos privilégios do poder, pois a qualquer momento a espada pode cair sobre suas cabeças.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.


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Foucault: principais ideias e obras


Michel Foucault - Principais ideias e obras

A forma como Michel Foucault (1926-1984) analisou e interpretou a história foi de fato original e criativa, efetuando um resgate detalhado de documentos que poucos deram importância, realizando assim uma “arqueologia” em regiões abandonadas do passado. Ou, como diria o próprio Foucault, uma “exumação” de registros esquecidos. Ao realizar uma pesquisa documental sobre as prisões, os hospícios, a história da clínica e a linguagem de cada época, alguns fatos impressionantes saltaram aos olhos do filósofo. A história contada nos livros é cheia de furos e detalhes inexplorados. A verdade das relações de poder estaria nesses detalhes enterrados, mas agora devidamente exumados por Foucault.

Influência da genealogia de Nietzsche em Foucault


Foucault e Nietzsche

Foucault foi influenciado pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que lhe mostrou os “discursos válidos ou sagrados” que escondiam esquemas de poder. Em sua obra Genealogia da Moral, Nietzsche descortinou a “tragédia” da filosofia ocidental, que teria sido infectada — graças a Platão — pela ideia de um mundo espiritual do qual somos mera sombra.

Essa ideia, segundo Nietzsche, foi reformatada durante a história da filosofia medieval e do cristianismo como um discurso válido, contudo, estaria sempre a serviço da consolidação de poder da Igreja e do Estado. Nietzsche chama a atenção, por exemplo, para a transformação de significados das palavras “bom” e “mau”.

Na antiguidade, o “bom” era o habilidoso. Com a “ascensão dos fracos” (graças à valorização de mundos espirituais e do cristianismo) o “bom” passou a ser o piedoso, o temente a Deus  — mesmo que incompetente. Na mesma linha de pensamento, o “ruim”, antigamente, era o incompetente. Mas agora “ruim” é o egoísta, o perverso, aquele que não teme a Deus — mesmo que habilidoso.

Para Nietzsche, essas “verdades sagradas” nunca passaram de sistemas de poder e controle. Nietzsche acreditava, por exemplo, que o cristianismo é a história dos fracos e invejosos enfraquecendo os fortes e orgulhosos (com discursos sagrados sobre Deus, bondade, eternidade, pecado e punição). Seria uma “vingança dos incapazes”. Dirá Nietzsche: “Pecado é colocar um jovem, belo e saudável, de joelhos arrependido numa Igreja”.

Essa ideia de intenções ocultas nos discursos foi absorvida com voracidade por Foucault. Todavia, ainda que tenha inicialmente se inspirado em  Nietzsche, Foucault irá diferir dele em sua visão de poder, como veremos. O filósofo francês irá acrescentar um ingrediente: a produção de saber. E chamará seu método de “arqueologia”.

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Episteme e discurso


Com sua ideia de arqueologia, Foucault iniciou a “exumação” exaustiva de registros originais e “palavras de poder” de cada época, que ele chamou de episteme — pressupostos, preconceitos, tendências, palavras e significados que delimitavam a mentalidade e a pesquisa de um período histórico.

Foucault criou o termo episteme baseado na epistemologia, um dos mais notórios ramos da filosofia que pesquisa os pressupostos do conhecimento. Contudo, o termo episteme na filosofia de Foucault se refere aos saberes e percepções de um período, como foi dito acima.

Uma determinada episteme, por sua vez, gera um determinado discurso, que é o conjunto de práticas sociais produzidas pela episteme de uma época. Foucault detalhou seu método na obra As Palavras e as coisas.

Até agora, isso parece muito com a genealogia de Nietzsche. Entretanto, Foucault irá além. Para ele, cada período possui “discursos válidos” que norteiam não apenas as relações sociais mas também a produção de conhecimento, que é algo fundamental para o poder.

A história da loucura e o nascimento da clínica


A História da Loucura

Na sua obra A História da Loucura, o filósofo francês demonstra que na Idade Média os loucos eram deixados livres, e alguns até considerados sagrados ou sábios.

Com a evolução do humanismo, o louco chegou a ser romantizado e a loucura seria um reflexo da insanidade social. Os loucos de Shakespeare falavam verdades de forma ambígua e Dom Quixote era o reflexo da loucura da humanidade. Percebe-se aqui como um discurso (gerado por uma episteme) influenciou a produção literária.

Com a consolidação da modernidade, a ciência torna-se “verdade absoluta” (ou a nova versão da verdade), enquanto a loucura era desrazão, portanto, algo a ser confinado, controlado e estudado pela razão. Baseado nesse novo discurso surgiam os hospícios, e o louco (agora confinado) passou a ser objeto de estudo da ciência.

Ainda que a ciência seja uma pesquisa criteriosa baseada em dados empíricos demonstráveis, as práticas sociais que surgem dela não são necessariamente racionais, principalmente nas relações entre controle social e produção de saber.

Posteriormente, nessa relação de poder/saber, a evolução da farmacologia permitiu que o louco ficasse livre, porém, devidamente controlado por medicamentos. O controle social começa a se sofisticar, e tem uma função importante nas ideias de Foucault, pois seria um dos objetivos do poder e da produção de conhecimento.

Entretanto, de acordo com cada época — e com o discurso válido vigente —  poderia ser considerado louco qualquer um que tivesse um comportamento considerado inadequado. Foucault realizou um imenso trabalho sistemático sobre esse tema, publicado na obra O Nascimento da Clínica: uma arqueologia da percepção médica.

Assim, homossexuais, mendigos, esquisitos, desocupados ou qualquer um com atitude indesejada seria confinado, subjugado e estudado (para que fosse “normalizado”),  uma vez que a “normalidade” seria também algo arbitrário e socialmente aceito pelo discurso vigente. O surgimento dos hospícios também coincide com uma aceleração no desenvolvimento da medicina.

O filósofo Diógenes, que na Grécia Antiga vivia em um barril, provavelmente teria virado “objeto de estudo”. Todos esses indivíduos indesejados não agiriam de forma “racional”. Mas o próprio sentido da palavra “razão” se modifica de forma duvidosa ao longo da história, sempre a serviço do poder.

Então, como já foi dito, não falamos apenas de poder, mas de poder que gera conhecimento que gera mais poder e controle.

Foucault percebe então que o surgimento de novos sistemas de conhecimento acompanham alterações no poder. Essa é a famosa relação de poder/saber desse filósofo francês. É importante repetir que o poder, para Foucault, reside nas relações sociais, que por sua vez estão embasadas na verdade (episteme) e no discurso de cada época —  que não é necessariamente racional.

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A história das prisões


Prisões

No seu livro Vigiar e punir: nascimento da prisão, o filósofo detalha um terrível esquartejamento público ocorrido em 1757. Os detalhes impressionantes da tortura era algo inusitado para uma obra filosófica. Quando, a partir do século XVIII, a execução pública foi substituída pelo encarceramento, mais uma vez ocorrem alterações significativas nas práticas sociais.

Em vez de simplesmente destruir o criminoso, a sociedade assume o controle sobre ele  —   vigiando e punindo.  Os condenados, que antes eram eliminados, passaram a ser confinados e “reformados”. Nasciam as prisões. Foucault irá demonstrar (com vários registros históricos) que várias mudanças culturais também ocorreram nesse período.

Na Revolução Industrial, as fábricas passam a assumir características prisionais. No sistema judiciário nasce a preocupação de controlar e organizar não apenas o detento, mas também a vida pública com mais rigor e, finalmente, as escolas passaram a se parecer com os sistemas prisionais e com as fábricas.

Com o surgimento das prisões, simultaneamente surge a sociedade disciplinadora. E o Estado se torna prioritariamente vigilante e punitivo. Não se trata de minimizar as punições contra criminosos, muito menos desconsiderar os problemas mentais —  no caso da História da Loucura —  mas de apontar as estruturas de poder que surgem juntamente com as prisões e os hospícios.

O Estado punitivo não apenas aprisiona, controla e reforma o detento, mas também controla e regula os indivíduos livres. Assim, o poder se une à produção de conhecimento e posteriormente ao capitalismo e à tecnologia de forma visceral.

O surgimento das prisões também coincide com o surgimento da criminologia, da psicologia e da sociologia. Assim como nos hospícios, os detentos agora poderiam ser estudados. O desenvolvimento de ciências como a economia, a  geografia e a história passam a ter caráter científico, aumentando o poder social sobre os detentos —  e agora também sobre quem poderia ser preso e a sociedade de forma geral.

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O Panóptico de Foucault


Panótico de Foucault

A história da loucura levaria à poderosa indústria farmacêutica, que muito além de controlar o louco, domina nossas vidas. Tudo isso também estaria intimamente relacionado com a verdade oculta na história das prisões, que reflete a ascensão de novos “discursos válidos” e sistemas sofisticados de controle social.

Foucault, já no seu tempo, percebeu que a vigilância — com a evolução tecnológica — assumiu um caráter impessoal. Os indivíduos não se sentem mais vigiados por pessoas, mas por tecnologias. Isso transmite mais ainda a agoniante sensação de vigilância dia e noite.

Como símbolo desse complexo sistema, Foucault utilizou o Panóptico, uma prisão projetada pelo filósofo utilitarista Jeremy Bentham, que permite que todos os detentos sejam vigiados a partir de um único ponto sem saber se estão sendo observados. Isso faz, com o tempo, com que os detentos passem a se comportar de acordo com desejado pela vigilância.

Nos moldes do Panóptico, o filósofo aponta que vários dispositivos de vigilância e controle social se disseminaram nas sociedades, surtindo o mesmo efeito disciplinar sobre os “cidadãos livres” — que também nunca sabem se estão sendo observados e passam a se comportar de acordo com o discurso de poder vigente.

Foucault não viveu para presenciar o avanço impressionante da internet, das redes sociais, celulares, câmeras de trânsito e milhares de outros dispositivos de controle que atualmente dominam nossas vidas. Porém, o mundo de vigilância e controle — aliado à alta tecnologia — apenas parece confirmar suas teses sobre a produção de conhecimento e controle social.

A filosofia de Foucault  é compatível com as ideias dos atuais filósofos da informação, que agora estudam os efeitos das tecnologias digitais nas sociedades, ramo denominado cibercultura.

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  1. O que é Cibercultura?
  2. Cibercultura e o universal sem totalidade
  3. A Revolução dos Bichos: uma fábula política
  4. O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley

Autor:Alfredo Carneiro
Editor do netmundi.org

Referência Bibliográfica


  • FOUCAULT. Vigiar e Punir. Portugal: Edições 70, 2013.
  • FOUCAULT. O Nascimento da Clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.
  • FOUCAULT. O poder psiquiátrico. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
  • FOUCAULT. Segurança, Territorio, População. São Paulo: Martins Fontes
  • NIETZSCHE. Genealogia da Moral, São Paulo: Companhia das Letras, 2005

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Conversas sobre Didática,