A navalha de Ockham é um raciocínio lógico que se baseia na premissa de que, dentre várias possibilidades para explicar um fenômeno, a mais simples é a mais provável. Em outras palavras: quando há muitas hipóteses, deve-se escolher aquela que requer o menor número de pressupostos. Por isso é conhecido também como princípio da economia.
O princípio foi proposto pelo filósofo e teólogo inglês Guilherme de Ockham (1288–1347), da Escolástica, no século XIV. É, portanto, um conceito oriundo da Filosofia Medieval de influência aristotélica. Ockham argumentou que, na ausência de evidências em contrário, a explicação mais simples é a mais provável. Por isso o simbolismo da “navalha” que corta o excesso de variáveis e premissas.
A Navalha de Ockham na ciência moderna
A Navalha de Ockham é frequentemente aplicada na ciência, especialmente nas ciências naturais. Por exemplo, quando se trata de explicar um fenômeno biológico, é mais provável que a causa seja algo simples, como uma única mutação, do que uma série complexa de eventos. De maneira semelhante, em astronomia, é mais provável que a trajetória de um planeta seja explicada pela atração gravitacional do que por forças desconhecidas.
A navalha de Ockham é também considerado um princípio importante na tomada de decisão e na busca de explicações teóricas; é aplicado em diversas áreas do conhecimento científico e acadêmico. O objetivo é evitar teorias sofisticadas de difícil verificação quando existem descrições mais simples e plausíveis, fazendo com que as teorias sejam mais confiáveis e fáceis de testar.
Ainda que o conceito seja uma homenagem a Guilherme de Ockham, o filósofo nunca o descreveu explicitamente, todavia, muitos concordam que seus escritos seguiram esse princípio. O desenvolvimento posterior do conceito deve-se à contribuição de pensadores como Johannes Clauberg (1622–1655) que, baseado em Ockham, afirmou: “Entidades não devem ser multiplicadas além do necessário.” O termo “Navalha de Ockham” surgiu apenas no século XIX.
Apesar das críticas que o conceito recebeu ao longo da história, afirmando que a complexidade e a multiplicidade não podem ser evitadas, mesmo seus críticos acreditam que a explicação mais simples é a melhor.
Por isso o físico Albert Einsten (1879 – 1955), autor da Teoria da Relatividade, criou sua própria máxima inspirada na Navalha de Ockham: “Tudo deve ser feito da forma mais simples possível, mas não se restringido ao mais simples”.
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.
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