22 outubro 2009
De acordo com Roberto Grassi, tradutor da obra "O Príncipe", de Maquiavel, o termo "maquiavélico", foi cunhado a partir do capítulo XVIII — De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra dada —, do referido livro.
Maquiavel começa este capítulo afirmando que todos, em princípio, devem manter a fé na palavra dada. As suas observações, contudo, mostraram que aqueles que não mantiveram as suas palavras (os "astuciosos") tiveram mais êxito.
Ele diz que há dois modos de combater: um com as leis; o outro, com a força. As leis são próprias do ser humano; a força, dos animais. Acha que é sempre preferível usar a lei, mas quando esta não é suficiente, deve fazer uso da força; por isso, deve o príncipe nortear suas ações entre o homem e o animal. Para corroborar tal afirmação, cita Aquiles e Quiron, que eram personagens da mitologia grega. Quiron, por exemplo, era meio homem e meio cavalo.
Para tornar prática a sua ideia, faz comparações entre o leão e a raposa. O leão não se defende dos laços e a raposa não tem defesa contra os lobos. É preciso, portanto, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Ou seja, em certas ocasiões, deve-se usar a força e, em outras, o jeito.
Critica o papa Alexandre VI, aludindo que fala muito mas não cumpre o que fala. Diz, também, que todo o ser humano devia ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso. Se não puderem sê-lo, que se mostrassem sê-lo, pois as pessoas julgam mais pelos olhos do que pelo sentimento. Parecer "bom" dará mais votos numa eleição do que sê-lo verdadeiramente.
Este capítulo, até hoje, é o mais lembrado de toda a obra de Maquiavel e precisamente aquele que tanto tem causado escândalo através dos tempos.
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