sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Por que a religião japonesa é tão semelhante ao hinduísmo?



Por que a religião japonesa é tão semelhante ao hinduísmo?

Tradução e adaptação de

Swami Krsnapriyananda Saraswati – Olavo DeSimon
Gita Ashrama – Maio de 2017




Saraswati Devi, numa escultura japonesa chamada
Benzaiten


A Índia é conhecida como Tenjiku, “a terra do céu”, em japonês clássico. Este é um testemunho de quão grande é a chamada civilização védica. Aquele termo, foi derivado do palavra chinesa, Tianzhu.

A pessoa responsável pela propagação da maioria das ideias indianas foi Shakyamuni Tathagata Buddha. Seus ensinamentos foram espalhados para a China e, em seguida, fez o seu caminho mais para o leste. Assim, você poderia dizer que a China foi o canal para a propagação da filosofia indiana mais a leste.

Inicialmente, a religião japonesa era mais semelhante às filosofias chinesas. A cultura japonesa não é nada sem a influência chinesa, uma verdade percebida mesmo hoje em seu sistema de escrita, o Kanji. A religião japonesa é semelhante ao hinduísmo. Isto é devido à grandeza da civilização védica que, entre tantas coisas, produziu o budismo. Dados históricos demonstram que as ideias indianas entraram no Japão por volta do século VI na Era comum.

Como o próprio budismo é descendente do hinduísmo, era natural que certas ideias hindus penetrassem na Ásia Oriental. Um almirante chinês disse uma vez, que a Índia conquistou a China sem exércitos.

O Japão, como a Índia, também tem uma antiga mitologia com deuses e demônios. Muitos deuses hindus foram incorporados a essas mitologias.

Saraswati com a Vina
Por exemplo, Saraswati Devi, a deusa da sabedoria, arte e música, é retratada como Benzaiten. Kubera, conhecido domo “tesoureiro celeste”, é chamado Bishamonten, em japonês. Ganesha, também chamado Ganapati pelos hindus, é adorado como Kangiten. Yama Raja, o senhor da morte, é chamado Enma. Garuda, o transportador do Senhor Vishnu, recebe o nome de Karura. Por fim, as Apsaras, ou deusas celestes, são chamadas de Tennin.  

Há muitas outras referências naquele sentido, especialmente na região de Kansai do Japão. Cerca de vinte (20) formas de deuses indianos são adoradas no Japão até hoje. Kyoto, a cidade de mil santuários, apresenta muitos santuários dedicados a esses deuses.

Sujatha é um produto lácteo  vendido por Meiraku, uma companhia de laticínios. Isso foi baseado em uma história em que um Buda faminto foi salvo por uma menina, que o alimentou com farinha de leite.


No entanto, mais importante ainda, foi o conceito de karma que entrou em ideias japonesas. Isso é central para a identidade das religiões Dhármicas. Em japonês, eles dizem "bachi ga ataru", significando que algo ruim vai acontecer com você se suas ações causarem danos.

Culto a Saraswati no Japão
Frontispício do tempo Enoshima
O conceito original de Saraswati, sua associação com a ordem natural e a boa fortuna, estão bem preservados no Japão.

A maioria das pessoas não está ciente de que pelo menos uma dezena de “deuses” hindus são adorados ativamente no Japão. Na verdade, apenas para Saraswati, existem centenas de santuários no país do sol nascente. Um dos maiores exemplos é o que encontramos no tempo de Enoshima, em Kanagwa. Existem inúmeras representações de Lakshmi, bem como Indra, Brahma, Ganesha, Garuda e outras divindades. Na verdade, deidades que foram praticamente esquecidas na Índia, como Vayu e Varuna, ainda são adoradas no Japão.

Yasukuni Enoki, ex-embaixador do Japão na Índia, diz: "Como eu venho da cidade japonesa de Lakshmi , não é uma grande surpresa descobrir que a vida japonesa está cheia de tantas divindades hindus. Desde que estas divindades hindus foram introduzidas no Japão através da China, com nomes chineses, os japoneses desconhecem suas origens".

Saraswati - Benzaiten no Japão
Uma das divindades mais reverenciadas do Japão é, sem dúvida, Saraswati. Há dezenas de santuários construídos para ela espalhados pelo país. Existem dois tipos de Saraswati, ou Benzaiten, no Japão. Uma delas é a Saraswati de oito braços, e o outra, de dois braços. Em sua forma de dois braços, ela tem um instrumento musical na mão, que é chamado vina, ou biwa em japonês.

Em muitos aspectos, o conceito original de Saraswati, e sua associação com a ordem natural e a boa sorte, estão bem preservados no Japão. Ela é muitas vezes visualizada como um corpo sagrado da água. No Japão, encontra-se a continuidade de muitas das primeiras ideias da filosofia indiana.


FontesDhiraj Eadara
FrontlineEnoshima Shrine 
WikipediaEnoshima Shrine


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Barbarik, o mais poderoso guerreiro conhecido Histórias do Mahabharata tradução e adaptação de Swami Krsnapriyananda Saraswati – Olavo DeSimon Gita Ashrama – outono de 2017


Barbarika dá sua cabeça para Krishna


Exórdio

“Está escrito”.

Nenhuma sentença é tão verdadeira como essa: “Está escrito!”. Na Filosofia da Linguagem, há uma ocupação com o sentido de uma expressão, mas na visão étimo-filológica, há uma ocupação com o sentido e origem de uma palavra, a qual nos revela o quanto uma palavra é importante. Algo diferente do que conhecemos como “etimologia”. Alguém pode achar que essa colocação é poética, mas o leitor saberá perfeitamente compreender que uma palavra pode causar mais danos que um soco. Por que será? Ora, se há uma perfeita definição de ser humano essa é, sem dúvida, a sua capacidade de fala, e a capacidade de expor a consciência através dela. Fala é “exteligência”, ou seja, ao contrário da “inteligência”, que significa “colocar para dentro”; a fala é o ato “exteligente” de manifestar o pensamento e a consciência de alguém. A escrita por fim, o seu corolário humano.

Seguindo com os textos épicos indianos, o texto a seguir nos apresenta a verdadeira origem étimo-filológica da palavra “bárbaro”, e suas palavras derivadas. Não causa espanto naquele filólogo e linguista que estuda as raízes das línguas “hindu-europeias”, mas nos deslumbra a importância da limitação ideológica, que no mais das vezes, tenta levar as palavras para os conceitos limitados de uma visão comprometida com juízos de valor egoicista. Felizmente, o estudo e despojamento ideológico de uma investigação limpa, e despojada de segunda intenções, nos mostra que temos muito, mas muito mesmo, para aprendermos com as antigas culturas que deram início à nossa. Mitos, crenças, palavras, hábitos e costumes que possuímos e temos, provavelmente, têm uma origem num passado distante que sequer sabemos de onde vêm. Mas as palavras nos dão as pistas.

Barbarik
Shiva dá o arco de Agni e as flechas
para Barbarika
Barbarik era neto de Bhima, e filho de Ghatotkacha. Tendo aprendido a arte da guerra com sua mãe, Ahilawati ou Maurvi (lê-se mauruí) uma poderosa rakshasa. Desta forma, Barbarik tornou-se um dos guerreiros mais corajosos de seu tempo. Contente com seus talentos e austeridades, o Senhor Shiva concedeu-lhe três flechas especiais, e um arco especial de Agni, o deus do fogo.
Diz-se que Barbarik era tão poderoso que a guerra do Mahabharata poderia terminar em 1 minuto, se só ele fosse lutar contra ela.

A história é assim:
No início da grande guerra (Mahabharata), o Senhor Krishna perguntou a todos quanto tempo levaria para terminar a batalha, se eles lutassem sozinhos contra o inimigo.

Bhisma disse que levaria 20 dias; Dronacharya disse 25 dias; Karna pediu 24 dias e Arjuna afirmou que levaria 28 dias para terminar a batalha.

Ansioso por assistir à guerra, Barbarik perguntou a sua mãe se ele poderia ir ao campo de batalha. Sua mãe concordou, mas perguntou a ele de que lado ele escolheria, se ele lutasse na batalha. Barbarik prometeu a sua mãe que ele iria se juntar ao lado que era mais fraco. Dizendo isto, ele viajou para visitar o campo de batalha.

Ouvindo o interesse de Barbarik pela guerra, Krishna decidiu testar sua força, e apareceu diante dele disfarçado de brâmane. Krishna lhe fez a mesma pergunta: se Barbarik lutasse sozinho na batalha contra o inimigo, quantos dias levaria para terminar a guerra.
A resposta de Barbarik foi, de 1 minuto!

Surpreendido com a resposta, especialmente quando Barbarik tinha apenas três flechas e um arco na mão, Krishna questionou sua resposta. Barbaric explicou o poder de suas armas:

· A primeira seta indicaria todos os objetos que Barbarik queria destruir.
· A segunda seta indicaria todos os objetos que Barbarik queria salvar.
· A terceira seta irá destruir todos os objetos marcados pela primeira seta OU destruir todos os objetos não marcados pela segunda seta.

E no final disto, todas as setas retornariam a aljava. Krishna, ansioso para testar isso, pediu a Barbarik que amarrasse todas as folhas da árvore em que estava. Quando Barbarik começou a meditar para realizar a tarefa, Krishna tirou uma folha da árvore e colocou-a debaixo do pé, sem o conhecimento de Barbarik. Quando Barbarik soltou a primeira flecha, a flecha marcou todas as folhas da árvore, e começou a girar em torno dos pés do Senhor Krishna.

Krishna coloca uma folha embaixo do seu pé.
Krishna perguntou a Barbarik por que a flecha estava fazendo isso? E Barbarik respondeu-lhe que deveria ter uma folha sob seus pés, e pediu que Krishna levantasse sua perna. Assim que Krishna ergueu a perna, a flecha também marcou a folha restante.

Este incidente preocupou o Senhor Krishna sobre o poder fenomenal de Barbarik com as flechas, sendo verdadeiramente infalíveis. Krishna também percebeu que no campo de batalha real, uma vez que queria isolar alguém (por exemplo, os 5 Pandavas) do ataque de Barbarik, então percebeu que não seria capaz de fazê-lo, já que mesmo sem o conhecimento de Barbarik, a seta iria adiante e destruiria o alvo, se Barbarik assim o pretendesse.

Krishna perguntou a Barbarik, de que lado ele estava planejando lutar na guerra? Barbarik respondeu que, uma vez que o Exército Kaurava era maior do que o Exército dos  Pandavas, e por causa desta condição, ele havia concordado com sua mãe que lutaria por estes. Mas o senhor Krishna explicou o paradoxo da condição, uma vez que tinha concordado com sua mãe, uma vez que ele era o maior guerreiro no campo de batalha, assim, o lado que se juntaria faria o outro lado mais fraco. Então, eventualmente, ele iria acabar oscilando entre os dois lados e destruir todos, exceto ele mesmo.

Assim, Krishna informou Barbarik a real consequência da palavra que ele tinha dado a sua mãe. Krishna (ainda disfarçado como um brâmane) pediu a cabeça de Barbarik em caridade, para evitar seu envolvimento na guerra. Depois disso, Krishna explicou que era necessário sacrificar a cabeça do maior Kshatriya, para adorar o campo de batalha, e que ele considerava Barbarik como o maior Kshatriya daquele tempo.

Antes de dar a cabeça, Barbarik expressou seu desejo de ver a batalha de perto, a que Krishna concordou, colocando a cabeça de Barbarik sobre a montanha que dominava o campo de batalha. No final da guerra, os Pandavas discutiam entre si qual era a maior contribuição para sua vitória. Krishna sugeriu que a cabeça de Barbarik deveria ser autorizada a julgar isso, uma vez que assistira à guerra inteira.

A cabeça de Barbarik disse-lhes de que somente Krishna era o responsável pela vitória na guerra. Foi o conselho de Krishna, sua estratégia e sua presença, elementos cruciais na vitória dos Pandavas.

FontesQuora
WikipediaBarbarika


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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Lendo o Śrīmad-Bhāgavatam (Bhāgavata Purāṇa) Oitavo Canto Capítulo 3 verso 10/11

ŚB 8.3.10

nama ātma-pradīpāya
sākṣiṇe paramātmane
namo girāṁ vidūrāya
manasaś cetasām api

Sinônimos

namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências; ātma-pradīpāya — a Ele, que é autorrefulgente ou que ilumina as entidades vivas; sākṣiṇe — que, como testemunha, está situado no coração de todos; parama-ātmane — à Alma Suprema, a Superalma; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências; girām — pelas palavras; vidūrāya — que é impossível de ser alcançado; manasaḥ — pela mente; cetasām — ou pela consciência; api — mesmo.

Tradução

Ofereço minhas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus, a Superalma autorrefulgente, que é a testemunha no cora­ção de todos, que ilumina a alma individual e que não pode ser al­cançado pelos esforços da mente, das palavras ou da consciência.

Comentário

SIGNIFICADO—Não é através de exercícios mentais, físicos ou intelectuais que a alma individual conseguirá entender Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus. É pela graça da Suprema Personalidade de Deus que a alma individual se ilumina. Portanto, o Senhor é aqui descrito como ātma-pradīpa. O Senhor é como o Sol, que ilumina tudo e não pode ser iluminado por ninguém. Portanto, se alguém quer compreender seriamente o Supremo, deve receber iluminação dEle, como se ensina na Bhagavad-gītā. Ninguém pode compreender a Suprema Personalidade de Deus se valendo de poderes mentais, físicos ou intelectuais.

ŚB 8.3.11

sattvena pratilabhyāya
naiṣkarmyeṇa vipaścitā
namaḥ kaivalya-nāthāya
nirvāṇa-sukha-saṁvide

Sinônimos

sattvena — pelo serviço devocional puro; prati-labhyāya — à Suprema Personalidade de Deus, que é alcançado por essas atividades devocionais; naiṣkarmyeṇa — pelas atividades transcendentais; vipaścitā — pelas pessoas que são suficientemente eruditas; namaḥ — ofereço minhas respeitosas reverências; kaivalya-nāthāya — ao senhor do mundo transcendental; nirvāṇa — para alguém completamente livre de atividades materiais; sukha — da felicidade; saṁvide — que é o outorgador.

Tradução

A Suprema Personalidade de Deus é compreendida pelos devotos puros que agem no estado transcendental de bhakti-yoga. Ele é o outorgador da felicidade pura e é o senhor do mundo transcenden­tal. Portanto, ofereço-Lhe meus respeitos.

Comentário

SIGNIFICADO—Como se afirma na Bhagavad-gītā, pode-se compreender a Suprema Personalidade de Deus apenas através do serviço devocional. Bhaktyā mām abhijānāti yāvān yaś cāsmi tattvataḥ. Se alguém quiser conhecer a Suprema Personalidade de Deus verdadeiramente, deve adotar as atividades do serviço devocional. Essas atividades são chamadas sattva ou śuddha-sattva. No mundo material, as atividades de bondade, que são manifestas no brāhmaṇa puro, são apreciadas. Mas as atividades próprias do serviço devocional são śuddha-sattva; em outras palavras, elas estão na plataforma transcendental. Somente através do serviço devocional alguém pode entender o Supremo.

O serviço devocional se chama naiṣkarmya. A mera rejeição de atividades materiais não algo que perdurará. Naiṣkarmyam apy acyuta-bhāva-varjitam. Se alguém não executa atividades relacionadas com a consciência de Kṛṣṇa, a interrupção de todas as atividades materiais em nada o ajudará. Na esperança de alcançar naiṣkar­mya, livrar-se da ação material, muitos sannyāsīs altamente elevados interromperam suas atividades; todavia, fracassaram e retornaram à plataforma material para agir como materialistas. Porém, tão logo se ocupe em atividades espirituais de bhakti-yoga, a pessoa não cai. Portanto, nosso movimento da consciência de Kṛṣṇa procura sempre ocupar todas as pessoas em atividade espiritual, mediante o que se transcendem as ações materiais. As atividades espirituais de bhakti­-mārga  śravaṇaṁ kīrtanaṁ viṣṇoḥ smaraṇaṁ pāda-sevanam – levam todos a compreender a Suprema Personalidade de Deus. Por conseguinte, como se afirma aqui, sattvena pratilabhyāya naiṣkarmyeṇa vipaścitā: “A Suprema Personalidade de Deus é compreendida pelos devotos puros que agem na posição transcendental de bhakti-yoga.”

Gopāla-tāpanī Upaniṣad (15) diz: bhaktir asya bhajanaṁ tad ihāmutropādhi-nairāsyenaivāmuṣmin manasaḥ kalpanam etad eva ca naiṣkarmyam. Essa é uma definição de naiṣkarmya. Age em naiṣkarmya quem se ocupa plenamente em atividades conscientes de Kṛṣṇa e não tem desejos materiais de desfrutar, seja aqui, seja nos sistemas planetários superiores, na vida atual ou em uma vida futura (iha-amutra). Anyābhilāṣitā-śūnyam. Quando alguém está livre de toda a contaminação e age em serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, ele atinge a plataforma de naiṣkarma. Através desse serviço devocional transcendental, o Senhor é servido. Ofereço-­Lhe minhas respeitosas reverências.

Iluminação: Brahma gayatri mantra

Postado por ISKCON Desire Tree em 21 de outubro de 2015 às 15h36



Por Urmila devi dasi

Eu observo o sol nascendo no horizonte onde o Oceano Pacífico toca o céu. Na beleza de seu brilho vermelho pintando o mar, o céu e as nuvens, eu canto o mantra Brahma gayatri, uma meditação sobre o sol. Receber e cantar este mantra é uma parte essencial de diksa, iniciação na sucessão de professores espirituais e discípulos desde o início da criação universal. Aqueles não familiarizados com o gayatri podem se perguntar por que as pessoas educadas modernas meditariam sobre o sol, tendo sido ensinadas que apenas os primitivos se envolvem na adoração ao sol. Cada vez mais, no entanto, pessoas interessadas em ioga e iluminação ouviram falar desta rainha dos mantras que permite a entrada na sabedoria e realização avançadas. A tradução de Srila Prabhupada do sânscrito do Brahma gayatri é: "Vamos meditar naquela efulgência adorável do sol divino que entusiasma nossa meditação."

No sagrado Bhagavatam, descobrimos que grandes santos como Bharata meditavam regularmente em um mantra solar. Srila Prabhupada comenta (SBp 5.7.13): “A Deidade predominante dentro do sol é Hiranmaya, o Senhor Narayana. Ele é adorado pelo mantra gayatri. Ele também é adorado por outros hinos mencionados no Rg Veda, por exemplo: dhyeyah sada savitr-mandala-madhya-varti. Dentro do sol, o Senhor Narayana está situado e Ele tem uma tonalidade dourada.” E em seu comentário sobre o próximo verso, Prabhupada escreve: “Na verdade, Narayana dentro do sol está mantendo o universo inteiro. Portanto, Narayana deve ser adorado pelo mantra gayatri ou pelo mantra Rg.”

Não apenas pessoas santas ao longo da história cantaram este mantra, mas o próprio Senhor Supremo Krishna canta o mantra gayatri. Nas cidades de Dwaraka e Mathura, é parte de Suas atividades diárias. Embora Krsna seja a fonte do mantra, nos passatempos do Senhor Garga Muni iniciou Krsna no gayatri e deu a Ele o fio sagrado. Este fio cruza a parte superior do corpo e se enrola nos dedos da pessoa enquanto canta gayatri e, portanto, indica uma pessoa que foi iniciada no gayatri. A adoração ao sol também existe em Vrndavana, onde a consorte de Krishna, Radharani, adora o sol diariamente. O sagrado Rio Yamuna em Vrndavana é a filha do deus sol. Seu irmão gêmeo é Yamaraja, o senhor da morte.

Qual é o benefício pelo qual estamos cantando este mantra Brahma gayatri? E por que ele nos dá esse tipo de benefício? Ao responder a essas perguntas, examinaremos a natureza e a origem do mantra.

Benefício de cantar o Brahma gayatri
Em seu significado no Bhagavad Gita (10.35), Prabhupada diz que cantar este mantra gayatri é destinado à realização do Senhor Supremo. No primeiro verso do Bhagavatam, as palavras satyam param dhimahi indicam que todo o Bhagavatam é uma expansão do mantra Brahma gayatri, que também contém a palavra dhimahi. Ao comentar este verso, Srila Prabhupada diz que ao cantar o Brahma gayatri, obtém-se a realização espiritual, que é um pré-requisito para entrar nas lilas ou passatempos esportivos da Suprema Personalidade de Deus, Krsna. Às vezes, em uma faculdade ou escola, um curso tem pré-requisitos — para estudar um curso, você pode já ter estudado outra coisa. Então, para, como Prabhupada coloca, "saborear" a lila de Krsna, é necessária a purificação, que é alcançada pelo canto do mantra Brahma gayatri. Prabhupada também diz, em 4.21.22 do Bhagavatam, que ao cantar este mantra gayatri, a pessoa manterá a força espiritual. As pessoas frequentemente perguntam como podem ser estáveis ​​na prática espiritual. A principal fonte dessa força espiritual é Balarama, o guru original. A força espiritual dada por Gayatri está conectada ao fato de que a pessoa só pode receber os frutos de cantar este mantra Brahma gayatri ao recebê-lo de um guru. Se alguém apenas lê o mantra, digamos, procurando por ele na Internet, ou ouvindo alguma apresentação musical de alguém cantando, não haverá nenhum benefício. Um guru genuíno deve apenas dar o mantra gayatri para “pessoas espiritualmente avançadas” para as quais ele se destina. (Bg 10.35) A força espiritual encontrada ao cantar o mantra, portanto, vem do guru, bem como do próprio mantra.

A natureza e o poder do Brahma gayatri
Por que o mantra gayatri dá o benefício de ser capaz de realizar Deus, e a purificação que alguém pode então saborear Krsna lila? Krsna diz no décimo capítulo do Bhagavad Gita que o mantra gayatri é Ele mesmo em forma poética. Então gayatri é Deus como poesia. Também Prabhupada diz lá no significado que gayatri é a encarnação sonora de Brahman (espírito que tudo permeia) e, portanto, nos permite realizar aham bhrmasmi: Eu sou um ser espiritual separado do corpo e da mente. Curiosamente, embora no Bhagavad Gita diga que gayatri é a encarnação sonora de Krsna, no Bhagavatam (3.13.35), diz que Krsna é a encarnação do mantra gayatri. Isso porque eles não são diferentes, e podem ser vistos de qualquer perspectiva.

O Brahma gayatri é conhecimento completo. Caitanya Mahaprabhu, falando com Seu discípulo Sanatana Goswami, (CC Madhya lila 25.147), diz que gayatri contém sambanda e abedeya, ou identidade e o processo para realizá-la. Nossa identidade é que somos uma parte da Verdade Suprema e nosso processo é meditar sobre essa Verdade. O Brama gayatri também contém prayojana, ou o resultado de tal meditação, uma condição de alegria e entusiasmo.

Na descrição do Bhagavatam da encarnação de Krishna como Varaha, os sábios dizem que o mantra gayatri é o toque da pele do Senhor (3.12.45). A pele de Krsna é muito macia. É descrito no Bhakti-rasamrita Sindhu que se o Senhor apenas roçar em uma planta, Sua pele mudará de cor; é tão delicada. Há muitas descrições em escritos sagrados, especialmente em Ananda vrindavanacampu, sobre como a pele do Senhor é macia como manteiga. Pode-se sentir o toque do Senhor simplesmente cantando o mantra gayatri. O toque de Krsna é descrito da seguinte forma:

Pelo toque da mão do Senhor Krsna (em Sua forma de Nṛsiṁhadeva) na cabeça de Prahlāda Mahārāja, Prahlāda foi completamente liberto de todas as contaminações e desejos materiais, como se tivesse sido completamente purificado. Portanto, ele imediatamente se tornou transcendentalmente situado, e todos os sintomas de êxtase se manifestaram em seu corpo. Seu coração se encheu de amor, e seus olhos com lágrimas, e assim ele foi capaz de capturar completamente os pés de lótus do Senhor dentro do âmago de seu coração.
SB 7.9.6

O mantra gayatri também é o som da flauta do Senhor, que podemos ouvir se meditarmos neste mantra. No alvorecer da criação cósmica, Krsna tocou Sua flauta, cujo som entrou nos orifícios dos ouvidos de Brahma, o engenheiro universal. Após entrar em seus ouvidos, o som da flauta saiu de sua boca como o mantra gayatri. Desse mantra, todas as literaturas sagradas dos Vedas se expandiram, então o gayatri é a essência dos mantras védicos, como o doce de leite fervido (burfi) é a essência do leite. Dessa forma, o som da flauta de Krsna manifestou os ensinamentos espirituais da humanidade. Neste mundo, as pessoas às vezes ficam hipnotizadas ao ouvir uma música especialmente bonita, então o que falar de uma canção de flauta que o próprio Deus toca! Uma das muitas descrições da canção de flauta de Krsna é a seguinte:

A beleza do sorriso de Kṛṣṇa é a característica mais doce de todas. Seu sorriso é como uma lua cheia que espalha seus raios pelos três mundos — Goloka Vṛndāvana, o céu espiritual dos Vaikuṇṭhas, e Devī-dhāma, o mundo material. Assim, a beleza brilhante de Kṛṣṇa se espalha em todas as dez direções. Seu leve sorriso e iluminação perfumada são comparados à cânfora, que entra na doçura de Seus lábios. Essa doçura é transformada e entra no espaço como vibrações dos orifícios de Sua flauta. O som da flauta de Kṛṣṇa se espalha nas quatro direções. Embora Kṛṣṇa vibre Sua flauta dentro deste universo, seu som perfura a cobertura universal e vai para o céu espiritual. (CC Mad 21.139-141)

Considerando as muitas maneiras pelas quais o Brahma gayatri é descrito, não é de se surpreender que cantar este mantra nos traga a realização de Krishna e nos qualifique para saborear os passatempos de Krishna.

Alcançando a iluminação
O Brahma gayatri é geralmente entendido, como dito anteriormente, como adoração ao sol. O mantra é um pedido para ser iluminado, entusiasmado, com a luz do conhecimento espiritual, como o sol ilumina o cosmos. Ser iluminado, em um sentido, significa ser capaz de ver. Se a eletricidade acabar à noite, não podemos ver nada ou fazer nada. Mesmo materialmente sem o sol, o que podemos fazer? A maioria das pessoas vai trabalhar quando o sol nasce. É assim que fazemos nossas atividades. Portanto, o sol não está apenas simbolicamente, mas literalmente nos dando uma visão clara. Podemos ver as coisas como elas são. A visão e a iluminação definitivas são perceber: "Quem sou eu? Qual é a natureza deste mundo? Quem é Deus? O que eu faço? Qual é o melhor curso de ação?"

Precisamos de uma visão clara para saber como definir a nós mesmos e o sucesso, bem como para ver o caminho mais eficaz para esse sucesso. Todas essas respostas vêm com luz ou iluminação, como Krsna diz, “jnana-dipena bhasvata (Bg 10.11)” Eu, habitando em seus corações, destruo com a lâmpada brilhante do conhecimento a escuridão nascida da ignorância. O mantra Brahma gayatri é uma maneira poderosa para essa luz brilhante nos levar ao conhecimento. O humor de cantar o mantra é de petição por graça. Como Prabhupada escreve:

A Suprema Personalidade de Deus, Krsna, não pode ser compreendida pela alma individual por meio de exercícios mentais, físicos ou intelectuais. É pela graça da Suprema Personalidade de Deus que a alma individual é iluminada. Portanto, o Senhor é descrito aqui como atma-pradipa [que dá iluminação às entidades vivas]. O Senhor é como o sol, que ilumina tudo e não pode ser iluminado por ninguém. Portanto, se alguém leva a sério a compreensão do Supremo, deve receber iluminação Dele. (suposto SB 8.3.10)

Além da esfera ígnea do sol e sua refulgência, o santo Jiva Gosvami explicou o Brahma gayatri como indicando Krsna e Sua energia Radha. Similarmente, Srila Prabhupada (CC Mad 8.265p) disse que o sol mencionado no Brahma gayatri é o Senhor Krishna em Sua forma de Caitanya Mahaprabhu, o sol supremo. Certamente o sol supremo, a luz suprema, é o próprio Deus. Krsna diz no Bhagavad gita, "Eu sou a luz do sol." E no 8º canto do Bhagavatam, o disco de Krsna, sudarsana, também é identificado como o sol. Tanto o sol quanto o disco sudarsana são chamados de "olho do Senhor." Sudarshana significa visão auspiciosa, e quando alguém é iluminado, obtém uma visão da realidade, que é toda auspiciosa.

Por meio do estudo dos benefícios e da natureza do Brahma gayatri, aqueles de nós que já receberam este mantra de um guru genuíno podem aprofundar nossa meditação quando cantamos diariamente ao nascer do sol, meio-dia e pôr do sol. Aqueles de nós que não receberam o mantra gayatri podem meditar três vezes ao dia na luz do sol como Krsna, o olho do Senhor que está realmente sustentando tudo. Para nos qualificarmos para a iniciação no canto do mantra gayatri, podemos ter uma vida cheia de luz, com bondade. Como dizem os Vedas: Tamaso ma jyotir gamaya, que significa "Não permaneça na escuridão, venha para a luz." (palestra Bhagavad-gita 2.16 — Cidade do México, 16 de fevereiro de 1975). Krsna no Gita descreve a bondade como sendo sintomatizada por todos os portões (sentidos) do corpo que são iluminados pelo conhecimento. Em um sentido prático, tal vida significa que permitimos apenas que coisas iluminadoras, esclarecedoras e edificantes entrem em nossos sentidos. Por exemplo, come-se apenas comida vegetariana oferecida a Krsna. Então, tem-se uma vida que é cheia de luz.

Além da bondade, aquele que quer ser qualificado para cantar gayatri deve almejar uma vida cheia de luz transcendente. A esse respeito, há uma canção de Bhaktivinoda Thakura, Mama Mana Mandire, na qual ele pede a Krsna para entrar no templo de seu coração. Bhaktivinoda escreve sobre receber Krsna com a cerimônia arti, um ritual de boas-vindas onde o elemento mais importante é uma lâmpada com uma chama. Há um hotel na América que tem seu slogan, "Nós deixamos as luzes acesas para você". Quando as luzes estão acesas, você sabe que alguém está em casa. Se você quer deter criminosos, você deixa as luzes acesas. Quando há grandes festivais, temos luzes. Cada cultura no mundo tem um festival que tem algo a ver com luzes, ou fogos de artifício, ou decorações de luz, ou lâmpadas de iluminação. Até mesmo para festas de aniversário no Ocidente, acendemos velas. Então, a luz é para receber, acolher, amar. Bhaktivinoda Thakura diz: “Que tipo de lâmpada eu vou usar para saudá-lo, meu querido Senhor, quando você entrar no templo da minha mente?” Prema pradip, a luz do amor. Quando enchemos nosso coração com a luz do amor de Deus, estamos verdadeiramente entusiasmados em nossa meditação — o objetivo do Brahma gayatri.

Observação:

As três partes do mantra gayatri são descritas no Bhagavatam 5.9.5 desta forma: vyāhṛtibhiḥ sapraṇava-śiras tripadīṁ sāvitrīṁ. Sāvitrīṁ é outro nome para o sol e se refere ao fato de que este mantra foca naquela fonte de luz e iluminação. Vyāhṛtibhiḥ significa os sistemas planetários. Os sábios dividem os planetas e estrelas no universo em grupos de 14 ou 3 ou às vezes 7. No gayatri eles são divididos em três: bhūr bhuvaḥ svaḥ: Terra, os planetas celestiais e os planetas dos sábios. Às vezes os acaryas explicam que essas três divisões são elementos de nossa própria corporificação. Como os iogues místicos sabem, o corpo universal existe em um microcosmo em nosso próprio corpo, assim como o universo é o corpo do Senhor Brahma. Temos, também, um pequeno universo em nosso próprio corpo. Às vezes, bhūr é considerado o corpo grosseiro, bhuvaḥ a mente e svaḥ a inteligência. Então a próxima palavra neste verso é Sa, significando isso, e então as palavras praṇava-siras. Siras significa cabeça ou chefe, e pranava indica Omkara. A palavra praṇava é entendida como uma junção de pra e nu. O significado mais simples de “nu” é simplesmente fazer um som. O prefixo pra- tem um sentido algo como “para frente”. Então, praṇava seria a produção de um som, especialmente um zumbido ou zumbido. Como “om” é, em um sentido, o som mais fundamental, ele é chamado praṇava. No entanto, como pode haver muitos sons essenciais, om é aqui chamado de sapraṇava-śiras, o chefe de todos os sons. Então tripadīṁ significa três passos ou três pés. Na verdade, gayatri indica o metro usado na poesia. No entanto, se você contar o programa no resto do Brahma gayatri, a primeira linha na verdade tem sete, não tem oito; então sete, oito, oito. A estrutura total do Brahma gayatri, portanto, é que depois de dizer o chefe de todos os sons, om, e então os nomes dos três sistemas planetários, o núcleo do mantra gayatri são três linhas de oito sílabas cada.

Fonte: http://urmiladasi.com/enlightenment-brahma-gayatri-mantra/


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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

A Escravidão dos Bancos / Murilo Resende

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ALUNO DE OLAVO DE CARVALHO FALANDO VERDADES PROFESSORES ESQUERDISTAS - DR. MURILO RESENDE

Carta de uma estudante Com resposta e um Post scriptum de Olavo de Carvalho 25 de junho de 1999 Sr. Olavo de Carvalho,




Meu nome é N., tenho 19 anos, curso o segundo ano de jornalismo. Acabo de ler seu artigo, “Patifarias”, no JT de hoje, 5 de agosto. Confesso que fiquei muito intrigada com algumas afirmações suas e gostaria de saber exatamente de que se trata. Que relações existem entre índios e estrangeiros? Eu realmente ignoro qualquer informação sobre o assunto e é algo que me preocupa. O que você quis dizer com: “está sendo levado ao comunismo (…)”, ao referir-se a uma aliança entre FHC e a esquerda?

Infelizmente, sou obrigada a reconhecer que a nossa imprensa está “tomada”, por assim dizer, por pensamentos antiquados e esquerdistas que a impedem de exercer sua função com a transparência que seria devida. Noto isso dentro da própria Faculdade, motivo de algum desencanto meu, em que somente os pensadores com alguma inclinação esquerdista são valorizados. Discute-se muito Karl Marx e dá-se pouca – ou nenhuma – importância a alguém que discorde dele, em qualquer aspecto que seja. Todos – professores, alunos e, se bobear, até os porteiros – dizem as mesmas coisas, têm as mesma opiniões… Chega a ser entediante. Os ricos são sempre os vilões e os pobres, coitadinhos. Não estou fazendo apologia da usura, da ganância, das desigualdes sociais gritantes. Apenas acredito que essa visão simplista é patética, beirando o absurdo.

Aproveito para parabenizá-lo pela coragem de ser uma voz dissonante no lamaçal de unanimidade estúpida. Li seu livro,O Imbecil Coletivo, e embora discordasse de alguns de seus argumentos e não tivesse exatamente as mesmas convicções, não posso deixar de congratulá-lo pelo serviço essencial de enxergar além daquilo que Karl Marx disse.

Gostaria, sinceramente, de uma resposta para as inquietações que você acaba de causar com seu artigo. Agradeço a atenção,

N.

Resposta de Olavo de Carvalho

Prezada amiga,

Muito obrigado pela sua atenção aos meus escritos e pelas palavras gentis com que se refere a eles. Quanto ao assunto dos índios, ligue para a Biblioteca do Exército (021 519-5707, 516-2366) e peça um exemplar do livro “A Farsa Yanomami”. É um depoimento escrito por um major do Exército, ex-secretário de Segurança de Roraima, quando estava para morrer de câncer, e tem o peso das palavras dos moribundos. Esse livro lhe dará uma idéia de coisas abismantes que se passam dentro do território nacional com a cumplicidade do governo e da imprensa. O único jornalista que se atraveu a tocar no assunto, Janer Cristaldo, foi posto na lista negra e não há mais lugar para ele na imprensa de São Paulo.

Só para lhe dar uma idéia, o mapa da reserva indígena de Roraima coincide exatamente com a das mais ricas reservas minerais do país. Para ocupá-la, uma ONG inglesa inventou uma tribo (nunca existiram ianomâmis), reunindo 5.000 índios dispersos e convencendo o governo de que, para morar, eles necessitavam de um território do tamanho do Estado do Pará. A reserva foi delimitada e hoje lá é proibida a entrada de brasileiros. Leia o livro.

Quanto ao comunismo, o ex-secretário de Estado norte-americano Warren Christopher foi bastante enfático ao anunciar que qualquer governo de esquerda que chegasse ao poder pelo voto seria garantido pelas Forças Armadas dos EUA. A política americana com relação ao comunismo mudou muito desde os tempos de Ronald Reagan. Sem compreender isto, nada se compreenderá do que acontece no Brasil. Clinton, que na juventude viveu em Moscou num daqueles programas para estudantes, montados pelo Partido Comunista para cooptar colaboradores e espiões, foi eleito Presidente com o apoio do Partido Comunista e logo nomeou a China “Parceiro Preferencial” para investimentos dos EUA, desobrigando-a de qualquer cláusula referente a direitos humanos(uma moleza que nunca se deu a nenhum país do mundo). O principal sócio dos investimentos americanos na China é o Exército chinês, de modo que, quanto mais dinheiro os americanos ganham lá, mais aumenta o poderio militar dos chineses. Recentemente, foi descoberto um caso de espionagem nuclear chinesa no Laboratório de Los Alamos, e a Casa Branca fez tudo para bloquear as investigações. Após alguns anos de experiência em “negócios da China”, o governo americano agora declara abertamente que é indiferente ao regime das nações com que comercia, e que qualquer país da América Latina, por exemplo, que se torne comunista, continuará sendo bem tratado pelos EUA desde que preserve os investimentos norte-americanos. O que a experiência chinesa ensinou aos americanos é que um governo comunista é o melhor parceiro dos investimentos estrangeiros, porque, numa sociedade policial, há mão de obra barata, sem greves nem arruaças, e no mercado não há concorrência. O paraíso, em suma. Para garantir as boas relações com a China, o governo norte-americano chegou a pressionar os estúdios de Hollywood que tinham feito filmes como “Sete Anos no Tibete”, “Kundun” e “Justiça Vermelha” (que denunciavam atrocidades chinesas no Tibete: um milhão de mortos), para que tirassem logo os filmes de cartaz. “Kundun” de Martin Scorsese, ficou em exibição no Brasil menos de uma semana. Paul Eisner, o novo chefão da Disney e homem de Clinton, admitiu ter boicotado “Sete Anos no Tibete” para agradar aos chineses. A coisa foi muito criticada na Câmara e Clinton disse que ia rever suas decisões, mas substancialmente a política pró-chinesa não mudou nada.

Com o que aprenderam na experiência chinesa, os americanos mudaram sua política para a América Latina e passaram a dar dinheiro e apoio a movimentos esquerdistas – todos, é claro, devidamente compromissados a, uma vez no poder, ser bonzinhos para com os investimentos estrangeiros. Um acordo nesse sentido foi sacramentado pelo secretário de Estado Christopher numa reunião com FHC e Lula (lembra-se de que Lula voltou dos EUA falando bem dos investimentos americanos, rompendo uma tradição de cinqüenta anos da esquerda brasileira sem que ninguém na esquerda protestasse?). A ascensão das esquerdas nos últimos anos é inteiramente devida à ajuda norte-americana. A Inglaterra dá uma ajudinha também.

A nova política neoliberal imposta aos países do Leste Europeu exige que cada país que entre na comunidade econômica mundial implante imediatamente em seu território um conjunto de novas leis (veja o depoimento do ministro Andrei Pleshu na minha homepage). No campo social, as principais leis são: desarmanento dos civis, legalização do aborto, casamentos gays, quotas raciais – quase todo o programa da nossa esquerda. O governo e a oposição esquerdista obedecem igualmente as imposições da nova ordem neoliberal e divergem somente no que diz respeito às privatizações, um item que é absolutamente irrelevante do ponto de vista do capital estrangeiro, pois nesse campo nenhuma decisão é jamais definitiva, pois, por definição, o que é estatizado hoje pode ser privatizado amanhã e vice-versa.

Quanto ao MST, com uma das mãos recebe dinheiro do Exterior e com a outra vai atacando e desmantelando a estrutura agrária brasileira até o ponto em que as fazendas se tornam inviáveis e têm de ser vendidas a firmas estrangeiras. Você já notou que nenhuma propriedade americana foi invadida até hoje pelo MST?

Vou parar por aqui, porque estou cansado e tenho de ir dormir. Mas acho que já dá para você fazer uma idéia de quanto o nosso país está cercado e amarrado, e de quanto a esquerda, junto com o governo, é responsável por isso.

Com meus melhores votos,

Olavo de Carvalho

Post scriptum

7 de agosto de 1999

Nossa esquerda procura dar ao povo a impressão falsa de que neoliberalismo consiste em privatizações, de que combatendo privatizações ela está combatendo a Nova Ordem Mundial e sendo muito nacionalista. Conversa mole. As privatizações são um item secundário dentro da Nova Ordem Mundial, cujas diretrizes, no essencial, os esquerdistas obedecem fielmente, uns por safadeza, a maioria sem saber a quem serve.

Quanto aos nossos nacionalistas, quase todos estão no caminho errado. Uns procuram se aliar com a esquerda, que se aproveita deles para atrair sobre si o prestígio histórico do discurso nacionalista. Outros estão com tanta raiva de FHC que chegam a imaginar que, derrubado o presidente, a Nova Ordem Mundial estará vencida e o Brasil erguerá a cabeça. Outros, ainda, recebem o seu discurso nacionalista pronto de organizações estrangeiras que se fingem de inimigas da Nova Ordem Mundial. Santa Mãe de Deus! Só mesmo um brasileiro pode ser tonto o bastante para acreditar num nacionalismo importado.

Toda a política brasileira, no momento, é farsa e engano. Não pode haver uma política sã quando a vida intelectual de um país está podre. Os intelectuais têm a obrigação de tentar enxergar claro e de informar ao país o que realmente está acontecendo. Em vez disso, deixam-se tomar por paixões políticas estereotipadas. Ninguém pode se instalar na realidade de hoje ao mesmo tempo que, na imaginação, ainda está vivendo uma história de trinta anos atrás. Quando ouço os discursos da esquerda, sinto que estou assistindo a um filme sobre 1968, um ano que de fato, para essa gente, não terminou. Um trauma, dizia o meu amigo Juan Alfredo César Müller, paralisa o tempo e faz você viver no passado. Nossa esquerda ainda está lutando contra os militares, enquanto a Nova Ordem Mundial já a engoliu e já a subjugou a seus interesses sem que ela o perceba. Nacionalistas, liberais, esquerdistas estão todos dormindo, hipnotizados, com a cabeça no mundo da Lua. Só quem não está dormindo são os representantes locais da Nova Ordem Mundial, que estão muito bem distribuídos, sem dar na vista, entre os partidários dessas três correntes.

A tragédia brasileira é que o nosso país ainda tem um sonho a realizar e está lutando para se afirmar como nação numa época em que tudo vai contra isso. Nossa chance é pequena e temos de usar a cabeça, senão seremos esmagados entre as tenazes da Nova Ordem Mundial. O maior perigo é a divisão do nosso país entre forças políticas — estatizantes versus privatizantes, MST versus FHC, negros versus brancos — cujo confronto foi planejado pelos senhores da Nova Ordem para produzir, pela técnica do “gerenciamento de conflitos”, os mesmos resultados independentemente de quem seja o vencedor nominal da parada. Esse resultado chama-se: dissolução do poder nacional.

Nossa única esperança é um revigoramento da vida intelectual, pelo qual possamos enfrentar os tremendos think tanksmontados pela Nova Ordem Mundial para nos dirigir. A luta, hoje, é pelo domínio do conhecimento. Quem não entender o que se passa será submergido pela complexidade dos tempos que se aproximam.


 

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Previsões de Sañjaya após ouvir À Canção Suprema de Sri Kṛṣṇa contidas no/a Bagavad Gita Como Ele É de A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupāda

Previsões de Sañjaya após ouvir À Canção Suprema de Sri Kṛṣṇa contidas no/a Bagavad Gita Como Ele É.


Bhagavad-gītā 18.78

yatra yogeśvaraḥ kṛṣṇo
yatra pārtho dhanur-dharaḥ
tatra śrīr vijayo bhūtir
dhruvā nītir matir mama

Sinônimos

yatra — onde; yoga-īśvaraḥ — o senhor do misticismo; kṛṣṇaḥ — o Senhor Kṛṣṇa; yatra — onde; pārthaḥ — o filho de Pṛthā; dhanuḥ-dharaḥ — o portador do arco e flecha; tatra — ali; śrīḥ — opulência; vijayaḥ — vitória; bhūtiḥ — poder excepcional; dhruvā — certo; nītiḥ — moralidade; matiḥ mama — minha opinião.

Tradução

Onde quer que esteja Kṛṣṇa, o senhor de todos os místicos, e onde quer que esteja Arjuna, o arqueiro supremo, com certeza também haverá opulência, vitória, poder extraordinário e moralidade. Esta é a minha opinião.

Comentário

Bhagavad-gītā começa com uma pergunta formulada por Dhṛtarāṣṭra. Ele confiava na vitória de seus filhos, auxiliados por grandes guerreiros como Bhīṣma, Droṇa e Karṇa. Estava esperançoso de que a vitória estaria a seu lado. Porém, depois de descrever a cena no campo de batalha, Sañjaya disse ao rei: “Estás pensando em vitória, mas na minha opinião, onde Kṛṣṇa e Arjuna estiverem presentes, haverá toda a boa fortuna”. Ele confirmou diretamente que Dhṛtarāṣṭra não podia esperar que a vitória estivesse do seu lado. A vitória na certa ficaria do lado de Arjuna porque Kṛṣṇa estava ali presente. O fato de Kṛṣṇa aceitar o cargo de quadrigário de Arjuna foi a manifestação de uma outra opulência. Kṛṣṇa é pleno de todas as opulências, e a renúncia é uma delas. Há muitos exemplos dessa renúncia, pois Kṛṣṇa também é o senhor da renúncia.

Na verdade, a luta foi travada entre Duryodhana e Yudhiṣṭhira. Arjuna estava lutando em prol de seu irmão mais velho, Yudhiṣṭhira. Porque Kṛṣṇa e Arjuna estavam do lado de Yudhiṣṭhira, a vitória de Yudhiṣṭhira era certa. A batalha definiria quem governaria o mundo, e Sañjaya predisse que o poder seria transferido para Yudhiṣṭhira. Também se prediz aqui que Yudhiṣṭhira, após obter a vitória nesta batalha, prosperaria cada vez mais, não só porque ele era justo e piedoso, mas também porque era um moralista estrito. Durante sua vida, ele nunca disse uma mentira.

Há muitas pessoas menos inteligentes que aceitam o Bhagavad-gītā como uma simples conversa entre dois amigos num campo de batalha. Mas uma espécie de livro assim não pode ser uma escritura. Alguns podem alegar que Kṛṣṇa incitou Arjuna a lutar, e isso é imoral, mas a realidade da situação está claramente afirmada: o Bhagavad-gītā é a suprema instrução sobre o que é moralidade. O Nono Capítulo, verso trinta e quatro, declara a suprema instrução sobre moralidade: man-manā bhava mad-bhaktaḥ. É necessário tornar-se um devoto de Kṛṣṇa, e a essência de toda a religião é render-se a Kṛṣṇa (sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja). As instruções do Bhagavad-gītā constituem o supremo processo de religião e de moralidade. Todos os outros processos podem ser purificantes e podem levar a este processo, mas a última instrução do Gītā é a palavra máxima em toda a moralidade e religião: render-se a Kṛṣṇa. Este é o veredicto do Décimo Oitavo Capítulo.

Através do Bhagavad-gītā, podemos compreender que perceber o eu através da especulação filosófica e através da meditação é apenas um processo, mas render-se completamente a Kṛṣṇa é a perfeição mais elevada. Esta é a essência dos ensinamentos do Bhagavad-gītā. O caminho dos princípios reguladores segundo as ordens da vida social e os diferentes métodos de religião talvez seja um caminho confidencial de conhecimento. Mas embora os rituais religiosos sejam confidenciais, a meditação e o cultivo de conhecimento são ainda mais confidenciais. E render-se a Kṛṣṇa em serviço devocional em plena consciência de Kṛṣṇa é a instrução mais confidencial. Esta é a essência do Décimo Oitavo Capítulo.

Outro aspecto do Bhagavad-gītā é que a verdade efetiva é a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. A Verdade Absoluta é compreendida sob três aspectos — o Brahman impessoal, o Paramātmā localizado e, enfim, a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. Conhecimento perfeito acerca da Verdade Absoluta quer dizer conhecimento perfeito acerca de Kṛṣṇa. Se alguém compreende Kṛṣṇa, então todos os departamentos do conhecimento estão incluídos nesta compreensão. Kṛṣṇa é transcendental, pois Ele sempre está situado em Sua eterna potência interna. As entidades vivas manifestam-se de Sua energia e dividem-se em duas classes, eternamente condicionadas e eternamente liberadas. Essas entidades vivas são inumeráveis, e são consideradas partes fundamentais de Kṛṣṇa. A energia material manifesta-se em vinte e quatro divisões. A criação é efetuada pelo tempo eterno, e é produzida e dissolvida pela energia externa. Esta manifestação do mundo cósmico se torna visível e invisível repetidas vezes.

No Bhagavad-gītā, comentam-se cinco assuntos principais: a Suprema Personalidade de Deus, a natureza material, as entidades vivas, o tempo eterno e todas as espécies de atividades. Tudo depende da Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa. Todas as concepções sobre a Verdade Absoluta — Brahman impessoal, Paramātmā localizado e qualquer outra concepção transcendental — estão incluídas na compreensão acerca da Suprema Personalidade de Deus. Embora superficialmente a Suprema Personalidade de Deus, a entidade viva, a natureza material e o tempo pareçam ser diferentes, nada é diferente do Supremo. Mas o Supremo é sempre diferente de tudo. A filosofia do Senhor Caitanya menciona inconcebivelmente “igualdade e diferença simultâneas”. Este sistema de filosofia constitui conhecimento perfeito acerca da Verdade Absoluta.

Em sua posição original, a entidade viva é espírito puro. Ela é exatamente como uma partícula atômica do Espírito Supremo. Assim, o Senhor Kṛṣṇa pode ser comparado ao Sol, e as entidades vivas, ao brilho solar. Porque são energia marginal de Kṛṣṇa, as entidades vivas têm a tendência de estar em contato com a energia material ou com a energia espiritual. Em outras palavras, a entidade viva está situada entre as duas energias do Senhor, e como ela pertence à energia superior do Senhor, ela tem uma partícula de independência. Pelo uso correto dessa independência, ela aceita ficar sob a ordem direta de Kṛṣṇa. Assim, ela atinge sua posição normal na potência de onde todo o prazer deriva.

Neste ponto encerram-se os significados Bhaktivedanta do Décimo Oitavo Capítulo do Śrīmad Bhagavad-gītā que trata da Conclusão — a Perfeição da Renúncia.


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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Feliz natal e um prospero ano novo. Isto é o que desejo para meus visitantes e colegas e amigos e seguidores. Do Blog do Telegram do Youtube etc.

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