terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Princípio de Peter na política à portuguesa. Má-fé na política. Evocação de Kant



- Toda a Política, como na Publicidade, a mentira e a simulação são artes sempre constantes com vista à manutenção da opacidade, por vezes em demasia. Quem está a enganar quem? Qual é a diferença... entre Gigante e Jumbo? Quarto e Quarto Completo? Duas onças e duas grandes onças? O que quer dizer Extra Longo?

- E quando se apura o nível da responsabilidade, sacrifica-se primeiro quem? O topo, o intermédio ou o nível inferior? Por regra, é o mexilhão o primeiro a estourar, e é assim para se poupar o nível superior numa contínua rotação de iresponsabilidade política, ou de que esta "morre sempre solteira". E assim chegamos ao Príncipio de Peter - associado ao prémio da incompetência, especialmente quanto mais elevado for o nível da responsabilidade na organização, na sociedade ou, pasme-se, dentro do próprio aparelho de Estado.

- Portugal continua decadente e decrépito, finge não ver os problemas e quem os pratica, e, perversamente, acaba por premiar - ainda que por omissão - aquele(s) que nem para o lugar de motorista serviriam.

- Portugal tem, acima de tudo, um problema de miopia política, o resto são "bodes respiratórios" que em breve irão morrer à praia...
 
- Contudo, se quisermos elaborar um pouco mais o nível da análise, notamos que em Portugal a classe política tem uma mente selectiva, só vendo o que lhe interessa, ocultando o que não interessa. Tem sido assim desde 1974. Significa isto que o escol dirigente nacional, quiça resultado de quase 40 anos de ditadura em que todos desconfiavam de todos, e em que o delator era premiado quando denunciava o vizinho, padece do mal designado má-fé. Não a que se contenta com insultos, mas a que remete os comportamentos e as acções para a denegação da realidade, por vezes elevando os actores políticos em dificuldades ao patamar dop lirismo.
 
- É, pois esta má-fé, sem desculpar a classe jornalística que é, não raro, descuidada, pouco ilustrada e até iresponsável (porque politicamente inimputável), que se alimenta da negação da realidade que não interessa ao poder em funções e tende a gestionar uma verdade alternativa - que sirva os intentos desse poder - e que opere, ao nível da opinião pública, como uma espécie de evidência paralela ou realidade alternativa.
 
- No fundo, aquele que mente, ou oculta dados essenciais nos negócios do Estado, logo integrantes da vida da polis, como é (ou deveria ser!) a gestão de um assunto ultra-sensível como é a intelligence nacional, - e aquele a quem se mente, são a mesmíssima pessoa. Também é isso que distingue o homem de má-fé do cínico, que nem por um momento se preocupa em dissimular a si mesmo na sua intenção de mentir. Estas relações ganham foros de cidade quando o quadro das interacções entre as esferas política e mediática entram em modo de "sobre-aquecimento".
 
- Numa palavra, e dito doutro modo, sempre com o auxílio potente da reflexão filosófica, a mais abrangente no domínio das CSH, a má-fé distingue-se da mentira clássica, já que, contráriamente a esta, não supõe uma consciência da verdade ocultada. A esta luz, o actor político de má-fé mente - primacialmente - a si próprio, dado que o seu nível de cultura política e de consciencialização dos problemas (públicos) que tem em mãos são de tal modo relativizados (para não dizer ignorados) que ele se perfila num acto recortado pela auto-mentira, i.é, pela mentira interior de Kant.
 
- Quando assim é tudo é relativizado: o mal e o bem equivalem-se, o correcto e o incorrecto anulam-se, o politicamente aceitável e o politicamente inaceitável - passam a ser geridos por uma fina membrana que também se rompe nessa avaliação.
 
- E a este propósito até apetece citar o poeta-filósofo, Fernando Pessoa quando, vendo o cego parado no meio da estrada, se pergunta - verdade, mentira, certeza, incerteza são as mesmas. Ou será que qualquer coisa mudou numa parte da realidade que nem já a ciência tem capacidade de prever... 
 
- Afinal, o que é o real?! Será que relvas existe...


PS: Texto evocativo do imenso legado kantiano.
 

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

2. AS NUANÇAS DE JENS PETER JACOBSEN OTTO MARIA CARPEAUX



Uma amostra dos Ensaios Reunidos de Otto Maria Carpeaux

2. AS NUANÇAS DE
JENS PETER JACOBSEN
OTTO MARIA CARPEAUX

Contribuindo à definição da nossa época, poder-se-ia dizer: é uma época sem nuanças. O espírito dominante, coletivista, não as suporta e não as tolera. Desafiando a frase brilhante e venenosa de Renan — "la vérité est une nuance entre mille erreurs"1 — a nossa época prefere as verdades simplificadas, "verdades em bloco", dogmáticas, das quais a nuança seria uma heresia. Faltam as nuanças entre as cores locais, duramente justapostas, dos pintores; faltam as nuanças na língua homofônica dos músicos. E quem procuraria nuanças no pão quotidiano dos intelectuais e dos pobres, no cinema? Estamos coletivamente felizes, isto é, profundamente infelizes, mas também sem nuanças. Morremos mesmo, todos, sem nuanças, a mesma morte.
Neste mundo, duma só cor e ruidosamente unânime, ressoa, em voz muito baixa, a reza do poeta, a reza de Rilke:
"Dá, ó Senhor, a cada um a sua própria morte."
Sei em que Rilke pensou escrevendo este verso. Foi o mesmo em que pensou ao escrever, no romance Os cadernos de Malte Laurids Brigge, as frases inesquecíveis: "Para fazer um verso, precisa-se ter visto muitas cidades, homens e coisas. Precisa-se ter experimentado os caminhos de países desconhecidos, despedidas longamente pressentidas, mistérios da infância não esclarecidos, mares e noites de viagens. Não basta mesmo ter recordações: precisa-se saber esquecê-las, precisa-se possuir a grande paciência de esperar até que elas voltem. Pois as próprias recordações não o são ainda. Antes, as recordações devem entrar em nosso sangue, nosso olhar, nosso gesto; quando, então, as recordações se tornam anônimas e não se distinguem do nosso próprio ser, então pode acontecer que, numa hora rara, nasça a primeira palavra dum verso." Pensou Rilke na mesma pessoa, quando fez do herói do seu romance um dinamarquês. Pensou no poeta dinamarquês Jens Peter Jacobsen.
Hoje, não é, quase, senão um nome. Está esquecido. Eu mesmo, para confessar a verdade, esquecera-o, durante muitos anos, ingratamente: esse poeta é para mim, e para muitos da minha geração, uma preciosa lembrança da mocidade perdida. Enfim, "on revient toujours à ses premiers amours".2 Relendo-o, sei por que Jacobsen está esquecido. Sei por que estou folheando esses pequenos volumes de papel amarelecido, como preciosidades frágeis duma civilização perfeitamente requintada, que morreu há séculos. Lembram porcelanas chinesas da época do poeta Li Tai Po, que era também um poeta de nuanças; daqueles poetas que suportam o esquecimento sem morrer.
Jens Peter Jacobsen era um poeta de nuanças. A sua influência literária foi imensa: remodelou não só a literatura mas a própria língua de todas as nações escandinavas; infiltrou-se no sentimento e na expressão de certos simbolistas alemãs e franceses; rivalizou na Inglaterra com a influência de Keats; teve discípulos na Holanda, na Rússia e entre os tchecos. E tudo isso muito delicadamente, discretamente, ao ponto de essas influências e recordações se tornarem anônimas e deixarem esquecer o seu autor. Nada ficou, senão uma lembrança agradecida da Dinamarca; uns versos de Rilke; e, para nós outros, uma grande saudade.
Quem era Jens Peter Jacobsen? Sem querer espremer a expressão, pode-se afirmar que a sua própria vida foi uma nuança, uma nuança entre vida e morte. Nasceu em 1847, na pequena cidade dinamarquesa de Thistedt, e morreu em 1885, de tuberculose. Trabalhador infinitamente meticuloso e vagaroso, escreveu pouco. Escreveu alguns versos, dois romances, Maria Grubbe e Niels Lyhne, e meia dúzia de contos, dos quais o mais belo se chama Senhora Foenss. Eis tudo. No entanto, essa pobre vida, pouco vistosa, foi bela e rica, como a paisagem pouco vistosa da Dinamarca. É uma paisagem discreta, bela pelas nuanças. Pastagens ondeantes, gramíneas tenras, florestas de faias, que refratam a luz dum sol quase meridional, transformada em jogos mágicos de claridades e sombras. Depois caem névoas azuladas sobre a paisagem outonal; sentem-se, de longe, as linhas da praia fria, ressoa um murmúrio longínquo do mar, em monotonias delicadas. Uma paisagem monótona e delicada, que encontrou os seus pintores, os Koebke, Skovgaard, Kroeyer, os pintores mais tranqüilos, mais delicados da velha Europa. Essa paisagem aguardava o seu poeta. Para isso foi preciso uma grande mágoa. Veio a guerra de 1864, quando a Prússia se atirou brutalmente sobre o minúsculo país e lhe arrancou a metade do seu território. Foi então que um menino de sete anos, o futuro poeta Herman Bang, recebeu, na noite do assalto imprevisto à casa paterna na fronteira, o choque que lhe arruinou, para sempre, os nervos e a vida. A Dinamarca defendera-se heroicamente; mas parece que todo o país sofreu tal choque de nervos. A madrugada que seguiu àquela noite encontrou outros homens. O romantismo nacional, satisfeito e vaidoso, desvaneceu-se. Tornaram-se realistas, duros realistas, com a nuança da saudade romântica nas almas.
O jovem Jacobsen estudou ciências naturais. Traduziu Darwin, que estava então em voga; em 1873, a sua tese botânica Aperçu systématique et critique sur les desmidiacées du Danemark3foi coroada pela Universidade de Copenhague. Escreveu, mais tarde: "É um estudo extraordinariamente exato. Ninguém o leu." O rapaz magro, com o germe da doença mortal no corpo, entrincheirou-se atrás duma ironia cruel, dirigida, as mais das vezes, contra si mesmo. "Nunca" — diz um dos seus amigos — "a gente podia tomar ao pé da letra as suas palavras." Falei em nuanças. E uma dessas nuanças, que não podem ser aceitas literalmente, é o ateísmo do estudante darwinista. O grande crítico dinamarquês e europeu Georg Brandes, liberal radicalíssimo e impenitente, e que fez muito pela glória européia de Jacobsen, orgulhava-se desse ateísmo do seu pretendido discípulo. Mas o agnosticismo e realismo de Jacobsen significa bem outra coisa: a sua arte, nascida de profundas agitações políticas, é a transição para uma arte simbolista, simbólica, transição do político ao humano, de que a literatura simbolista da Bélgica, muito jacobseniana, é outro testemunho. Lá e cá, o fundo do abalo político era uma angústia religiosa, e o guia misericordioso é, em Jacobsen como em Maeterlinck, a morte. Brandes não compreendeu que o ateísmo de Jacobsen era uma nuança entre mil verdades duma profunda ânsia religiosa que lembra a do seu patrício Kierkegaard. Foi aquela ânsia que influiu em Rilke, o qual pensava, ainda uma vez, em Jacobsen, ao escrever as seguintes palavras de diálogo: — "Deus está ali? — E nós, estamos aqui?"
Jacobsen estava mais lá do que aqui. A doença devorava-o lentamente e inexoravelmente. Mas não se deve imaginar um pálido poeta tísico, tipo velho romantismo. Sem conhecer muito as mulheres, era dum erotismo profundo, não cínico nem euforicamente dionisíaco, mas compreensivo. Gostava da conversação alegre e superava a todos em mordacidade. Professava as opiniões religiosas e políticas mais radicais, mas não podia dissimular um ar muito aristocrático, e as crianças, que são os mais agudos observadores, chamavam-no "Vossa Excelência". Teve aquele ar aristocrático próprio do espírito dinamarquês. Não é por acaso que a música do mais aristocrático dos músicos, a de Mozart, é quase música nacional na Dinamarca, festejada até num trecho célebre de Kierkegaard. Há, na Dinamarca, aquelas velhas famílias aristocráticas, decadentes; poder-se-ia designar a todas com um título de Herman Bang: "famílias sem esperança". Jacobsen era também sem esperança. Sabia a proximidade da morte.
Morreu em Copenhague, num pobre quarto, cuidado pela mãe desesperada. Quando, na última hora, o seu olhar silencioso a fitou, pensou na sua Senhora Foenss, também uma mãe desesperada que, morrendo, escrevera a mais bela carta de despedida: "Adeus, meus filhos, adeus, até o último adeus." Pensou no cortejo fúnebre das suas outras figuras: no fim impenitente de Niels Lyhne: "Depois morreu a morte, a difícil morte"; no fim da Maria Grubbe: "Não deploro a vida; foi boa, assim como foi." Pois a vida de Maria Grubbe, como a do seu autor, foi uma vida inteiramente rica.
Maria Grubbe. Interiores do século XVII4 é um romance histórico, escrito, com artifício habilíssimo, na língua e no estilo da época. Isto tem significação. Jacobsen começara com os versos românticos das Canções de Gurre, que Arnold Schoenberg pôs em música moderníssima. Passou ao verso livre dos Arabescos, versos livres que são uma nuança entre a poesia e a prosa. Disciplinou a sua língua intencionalmente, pelo artifício arcaizante de Maria Grubbe, e tornou-se o maior artista da prosa das línguas escandinavas. É um colorista, isto é, um pintor sem duras cores locais, um pintor de nuanças. O olho agudo do botânico e a sensibilidade fabulosa do doente vêem coisas que ninguém viu antes. Descreve o brilho dos archotes de pez sobre o ouro e prata das jóias, sobre o aço das armaduras, sobre seda e veludo, um jogo de vermelho, amarelo, azul, preto e lilás; descreve mil nuanças do modesto sol de setembro num quarto. Vê tudo. Mas vê somente quadros. O romance dissolve-se em quadros; e a vida de Maria Grubbe, que era a mulher do cavalheiro Ulrik Gyldenloeve, irmão do rei, e que caíra, de degrau em degrau, até acabar como mulher do sujo palafreneiro Soeren, é sem sentido, como toda vida; mas foi boa. O romance é quase incoerente; as pessoas aparecem de súbito, e de súbito desaparecem, para sempre. Mas não é assim na vida real também? "C’est la vie." É também assim nas notícias policiais; mas há uma diferença entre elas e a poesia; se bem que só uma nuança.
O romance Niels Lyhne é todo poesia. Quem o leu não esquecerá nunca as palavras, tão simples, do começo: "Ela tinha os olhos pretos, brilhantes, dos Bliders." "Ela" é a mãe de Niels, natureza duma poetisa fracassada e que legou ao filho a fraqueza e o fracasso. "Ela vivia em versos; ela sonhava em versos e acreditava nos versos mais do que em qualquer outra coisa." Niels, o seu filho, "devia fazer-se poeta". Mas não se fazem poetas. É só uma vida em passividade, descrita, ainda uma vez, em quadros consecutivos. Há no Niels Lyhne muitas cenas de amor, algumas cenas de despedida, e algumas cenas de morte. Niels é um Dom João, mas um Dom João sempre fracassado; procura nas mulheres a poesia que devia ser a sua arte, e que, invisível para ele, só existia na sua vida. "Passou a vida à toa, à toa", na passividade aristocrática dinamarquesa. Pertenceu àquela "sociedade secreta dos melancólicos", à qual um cavalheiro galante se referira em Maria Grubbe; e por isso foi um poeta, como nós outros que sentimos a poesia com o coração e com todos os sentidos, e a quem não foi dado o verso. Isto também é poesia; mas com uma nuança.
Após as cenas de amor, há em Niels Lyhne cenas de despedida. São comoventes e lembram a frase de George Eliot: "Em cada despedida há a imagem da morte." Uma dessas cenas termina com as palavras: "Exit Niels Lyhne"; e a expressão quase dramática parece preparar a última despedida de Niels. Enfim, há as cenas de morte. Logo no princípio, há a morte da jovem tia Edele, que o menino Niels amara quase inconscientemente e que vê morrer, sem compreender o definitivo dessa primeira despedida de sua vida. Mais tarde, morreu o filhinho de Niels; estava cortado o último laço que o ligara à vida. Depois, "veio aquele dia de novembro, em que o rei morreu, e começou a ameaça da guerra". Estas palavras são a introdução à cena final do livro. Como sempre em Jacobsen, os acontecimentos exteriores são rapidamente narrados; só de passagem ouvimos que Niels se alistou como voluntário e recebeu no peito a ferida mortal. É depois da derrota. Niels ficou no lazareto; vai morrer. O ateísta impenitente recusa o sacerdote. O último visitante é um amigo pouco íntimo, o médico militar Hjerrild. "— Adeus, Niels, disse Hjerrild; afinal, é uma boa morte, morrer pelo nosso pobre país. — E, saindo, o médico pensou: se eu fosse Deus, perdoar-lhe-ia." A agonia leva horas. "Quando Hjerrild o viu pela última vez, Niels já não reconhecia ninguém. Estava deitado, delirando qualquer coisa duma armadura, e quis morrer de pé. Depois morreu a morte, a difícil morte."
"Depois morreu a morte, a difícil morte." O uso transitivo do verbo "morrer" é muito raro, é bem uma nuança; e Jacobsen era o poeta das nuanças. Mas o romance não é uma arte de nuanças. Afinal, nem Maria Grubbe nem Niels Lyhne são romances. Dissolvem-se em quadros maravilhosos, são obras episódicas; já se vê que Jacobsen é sobretudo um contista.
A primeira obra publicada de Jacobsen foi o conto Mogens, conto erótico, ainda muito romântico, mas já cheio de impressões desconhecidas na literatura européia de então; uma pequena sinfonia de cores e sons. A mocidade literária ficou espantada em face dessa "revelação dum belo país, que a gente não sabia onde ficava". Jacobsen escreveu poucos contos. Era um trabalhador infatigável, mas muito lento, como Flaubert: nas 317 páginas de Niels Lyhne levou sete anos. Trabalhava mais lentamente ainda nos contos, onde cada palavra era bem deliberada; e sobrava-lhe tão pouco tempo! Deste modo, os contos de Jacobsen são como experimentos, promessas de realizações futuras, que não se realizavam; mas a arte consumada do poeta conferiu-lhes alguma coisa de definitivo. Não são "experimentos" no sentido de esboços inacabados, mas no sentido de amostras do que a arte de Jacobsen "poderia ter sido e que não foi". Poderia ter sido a arte soalheira, saudável, de Mogens, ou o fantástico do Tiro na névoa. Poderia ter sido o cume de requinte estilístico, nas significações boa e má da palavra, como na pequena fantasia Aqui haveriam de ficar rosas, onde Jacobsen antecipa o neogongorismo das últimas correntes poéticas. Poderia ter sido o estilo disciplinado, castamente abreviado, do conto histórico A peste em Bérgamo. O futuro mais verossímil da arte jacobseniana era o conto psicológico. Maria Grubbe quis ser o romance duma alma, eNiels Lyhne já o é. As descrições minuciosas constituem sempre exteriorizações simbólicas de estados de alma, e a sensibilidade hiperestésica vai-se encaminhando para dentro. O perigo desse caminho era a dissecção psicológica, aquela dissolução que se tornou, depois da morte de Jacobsen, a moda do romance europeu, e que Bourget denunciou, naqueles anos, com a noção nova de "decadência". Mas Jacobsen não era decadente; é possível que o seu corpo o fosse; admito mesmo: todo o homem. Isto, porém, não implica a arte. Não se pode imaginar homem mais decadente do que o tísico Keats, morto aos 26 anos de idade; e a sua poesia é o cume da beleza vital na poesia inglesa. Em geral, a palavra "decadência" serve, muitas vezes, aos sãos e higienicamente imbecis, para difamar a arte das nuanças. Nos últimos dias da sua vida doente, Jacobsen chegou a uma arte de nuanças psicológicas, tão simples e tão saudável, que todas as objeções emudecem. Que o assunto dessa arte viva é a morte não é um milagre, em face do estado do autor; enaltece ainda o milagre de arte no último conto,Senhora Foenss.
A Senhora Foenss tem dois filhos, quase adultos: o filho Tage e a filha Ellinor. Ela é uma viúva, ainda jovem. Na Provença, cujo sol sadio Jacobsen conheceu nas suas tentativas frustradas de manter a vida fugidia, lá ela encontrou o esquecido amigo da mocidade, e já ela sabe que toda a sua vida anterior foi um engano; quer, ainda uma vez, casar. Mas os filhos se opõem: então ela não seria a mãe venerada, mas uma mulher exposta a críticas sacrílegas. A Senhora Foenss insiste; casa-se. Seguem-se muitos anos de separação entre mãe e filhos, anos de decepção também. Não era a felicidade. Não era a vida que poderia ter sido, mas só a vida que não foi. A Senhora Foenss cai doente; vai morrer. Nesses momentos escreve aos filhos a carta de despedida, em que a sombria compreensão da vida e o sereno sabor da morte confluem para as linhas finais, as últimas linhas que Jacobsen escreveu: "Adeus, meus filhos; digo-o agora, mas não é aquele adeus que deverá ser o último adeus a vocês. Quero-o dizer o mais tarde possível, e haverá nele todo o meu amor e a saudade de tantos, tantos anos, e a lembrança do tempo em que vocês eram pequenos, e mil votos, e mil agradecimentos. Adeus, Tage; adeus, Ellinor; adeus, até o último adeus."
Tudo isto é muito fino. Talvez, fino demais para nós outros; e a muitos, na tempestade destes dias, parecerá sem importância. Para confessar a verdade, eu também tive ligeira decepção, quando reli, após tantos, tantos anos, esse livrinho amarelecido. "On revient toujours à ses premiers amours"; mas é uma volta perigosa. Enfim, são lembranças de dias que se despediram de nós, definitivamente, e se não é o último adeus, só não o é porque fica ainda, em alguma parte do mundo, o quarto onde um jovem leu, pela primeira vez, o adeus da Senhora Foenss, e porque ainda bate, em alguma parte do mundo, um coração de mãe. Por isso, fica a poesia. É a língua do coração, é a língua materna. Ainda no requinte mais artístico, é a língua materna da humanidade. Entender ainda essa língua é a prova de que somos ainda homens.
Somos homens. Inclui-se neste conceito de humano tudo o que é frágil, caduco, perecível. Inclui-se também tudo o que é brutal, vital, cru. Tudo isto, em conjunto, é o que se chama o Existencial. É o que é igual em todos os homens. Por isso, aparece nesse existencialismo simplificado o perigo do nivelamento no cru, no animal, no que é humano e no que é menos que humano. Enfim, somos todos mortais. O que se perde é a nuança. Fica uma vida sem nuanças, sem nuanças até a morte, "a difícil morte". É a língua mais que humana, a língua da poesia, que nos ensina a reza:
"Dá, ó Senhor, a cada um a sua própria morte."

NOTAS
  1. "A verdade é uma nuança entre mil erros." [N.E.] Voltar
  2. "Voltamos sempre aos nossos primeiros amores." [N.E.] Voltar
  3. "Breve exposição sistemática e crítica sobre as desmidiáceas da Dinamarca." [N.E.] Voltar
  4. Na edição original da Casa do Estudante do Brasil, a palavra "interiores" do subtítulo mencionado aparece em francês: intérieurs. Não vi motivo para não traduzi-la, mesmo porque na versão alemã de Maria Grubbe (tradução de Ursula von Wiese, Alfred Scherz Verlang, Bern), a única que eu tinha à mão, não consta subtítulo nenhum. [N.E.] Voltar
fonte: http://www.olavodecarvalho.org/textos/carp2.htm#1

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domingo, 21 de dezembro de 2014

Os mestres do fracasso Olavo de Carvalho



Os mestres do fracasso
Olavo de CarvalhoDiário do Comércio, 24 de abril de 2006

George F. Kennan e Hans J. Morgenthau nasceram ambos em 1904, o primeiro em MilwaukeeWisconsin, o segundo em Coburg, Francônia, Alemanha, emigrando para a América em 1937. Kennan ultrapassou o centenário, vivendo até 2005; Morgenthau morreu em 1980. Alcançando sua maturidade intelectual nos anos 40, eles estavam destinados a criar então as duas teorias que, em essência, determinariam a política exterior americana ao longo da segunda metade do século XX: a doutrina da “contenção” e a do “realismo político” respectivamente. A primeira orientou continuamente as relações dos EUA com os países comunistas, só sendo abandonada, informal e temporariamente, durante o governo Reagan. A segunda, mais abrangente, forneceu os conceitos gerais com que o Departamento de Estado pensa o mundo. O governo Bush afastou-se dela em aspectos parciais, mas continua raciocinando dentro da moldura intelectual que ela criou.
Que aconteceria se essas duas doutrinas estivessem substancialmente erradas? Travada por uma política internacional imprópria, a América, a potência mais rica e poderosa do universo, com recursos naturais inesgotáveis e o povo mais patriota, devotado e criativo que o mundo já viu, desempenharia no espaço global um papel bem inferior àquele a que parecia destinada pelas circunstâncias da sua fundação e pelo sucesso absoluto do seu sistema econômico e político. Seus méritos mais óbvios, em vez de impor-se ao mundo com a autoridade do exemplo, seriam negados em favor do anti-exemplo de regimes tirânicos desumanos e economicamente fracassados. Seus inimigos, incapazes de vencê-la por engenho próprio, viveriam da exploração de suas fraquezas, conquistando no campo do maquiavelismo e do embuste as vantagens que lhes fossem negadas na concorrência econômica, militar, científica. Mesmo derrotados no campo político e militar, alcançariam vitórias ideológicas e publicitárias. Um fluxo contínuo de ajuda prestada a outros países -- até mesmo hostis --, a mais formidável efusão de generosidade nacional que a humanidade já conheceu, exercida não raro contra os interesses materiais do próprio povo americano, não despertaria nenhuma simpatia pela América. Ao contrário: fomentaria entre os beneficiados um sentimento de inferioridade que eles buscariam compensar mediante uma noção grotescamente hipertrofiada dos seus próprios “direitos”. Por toda parte a ingratidão se transformaria em símbolo patriótico, a inveja em virtude e o ódio anti-americano em obrigação moral. Nações inteiras que tivessem devido sua sobrevivência à ajuda americana prefeririam antes aproximar-se de vizinhos agressores e exploradores – aos quais se sentiriam iguais e irmanados pela comunidade do mal – do que do benfeitor em cuja presença se sentiriam humilhadas, não só pela diferença de bens materiais mas pela própria inferioridade moral.
Pois bem, não são precisamente essas coisas que estão acontecendo? Não são elas a descrição exata da posição que os EUA ocupam no mundo? Não está portanto na hora de submeter as idéias de Kennan e Morgenthau a uma crítica radical?
A principal fraqueza delas vem da sua origem disciplinar. Não parece haver nada de anormal em que os teóricos de Relações Internacionais sejam, é claro, estudiosos de Relações Internacionais. Mas a abordagem que Kennan e Morgenthau fazem dos problemas da área reflete a tendência dominante do mundo acadêmico europeu e americano na época da sua formação universitária, as primeiras décadas do século XX. A moda então era cada disciplina científica buscar a independência, recortando seu território de acordo com a natureza autônoma, puríssima e incontaminada do seu objeto de estudos. Foi a época da “lógica pura” de Edmund Husserl, da “teoria pura do direito” de Hans Kelsen, da “economia política pura” de Léon Walras, da “política pura” de Carl Schmitt. Essa obsessão de pureza nasceu de um impulso saudável de respeitar os limites dos vários domínios da realidade (as “ontologias regionais” como as chamava Husserl), reagindo contra a mania oitocentista de fazer da ciência de maior sucesso no momento o modelo e padrão de todas as outras, mania que foi rotulada de “imperialismo cientifico” por José Ortega y Gasset (ele próprio um batalhador pela “sociologia pura”, embora sem esse nome explícito).
A reação diferenciadora era bastante sensata, mas gerou uma espécie de patriotada científica, um orgulho autonomista: cada ciência, uma vez constituída, permitia-se ignorar solenemente aquilo que as vizinhas tivessem a dizer sobre o seu campo ciumentamente recortado e guardado. Kelsen, por exemplo, era particularmente feroz na sua recusa de permitir que considerações sociológicas, psicológicas ou morais interviessem no “direito puro” (mais tarde ele teve de ceder). O resultado foi que muitas áreas de intersecção vieram a ser ignoradas por não se enquadrarem em nenhuma disciplina em particular. Somadas, elas formam continentes inteiros da realidade. O que quer que se passasse nessa zona era tido por irrelevante ou inexistente.
Na produção desse fenômeno houve também a interferência de um outro fator. Se os leitores se lembram do que escrevi sobre Kant aqui e em outras publicações (v.http://www.olavodecarvalho.org/semana/060330jb.htm ehttp://www.olavodecarvalho.org/semana/060403dc.html), não terão dificuldade de perceber o quanto o primado kantiano do método pode ter contribuído para que voltar as costas aos fatos se tornasse então uma questão de honra para muitos cientistas.
Kennan e Morgenthau (este último, não por coincidência, discípulo de Kelsen e Schmitt) foram afetados profundamente por esse vício. Formalmente e por definição – portanto na perspectiva da pureza disciplinar –, as relações internacionais são relações entre Estados. Mas quem disse que na trama real da história do mundo os Estados são os agentes principais do processo? Estados formam-se e desfazem-se como nuvens. Guerras e acordos fazem-nos aparecer e desaparecer do mapa. Às vezes eles são meras ficções diplomáticas criadas por arranjos entre outros Estados. Ademais, Estados não agem: quem age, em nome deles, são os governos; e governos mudam de objetivos ao sabor de forças que não são de ordem estatal, freqüentemente nem nacional. Para agir, diziam os escolásticos, é preciso ser. E ser significa, entre outras coisas, ter unidade e conservá-la ao longo do tempo. Por trás dos Estados, há agentes muito mais coesos, duradouros e contínuos, como por exemplo a Igreja Católica, o Islam (por caridade, revisor, não troque para “Islã”, com til, o aportuguesamento mais errado que algum filólogo bêbado já inventou), a Maçonaria, o Partido Comunista ou certas famílias nobres e ricas. Essas entidades têm objetivos permanentes que ultrapassam a duração dos Estados e não raro o horizonte de visão dos agentes estatais. Sua ação se sobrepõe às divisões entre Estados e com freqüência as determina. Ao descrever o jogo de poder no mundo essencialmente como uma trama de relações entre Estados, tanto Kennan quanto Morgenthau acabam confundindo, kantianamente, a definição de uma disciplina científica com a ordem objetiva da realidade. Mal orientada por eles, a América cometeu erro em cima de erro, primeiro no confronto com o comunismo, e agora com o terrorismo internacional.
No célebre “longo telegrama” que enviou da Embaixada Americana em Moscou ao Departamento de Estado em 22 de fevereiro de 1946, George F. Kennan, reconhecendo a natureza imutavelmente agressiva do regime soviético, propunha uma “duradoura, paciente, firme e vigilante contenção das tendências expansivas da Rússia”. A “contenção” (containment) tornou-se a base permanente da estratégia americana na Guerra Fria.
Ora, no fim da II Guerra, a economia da URSS estava em frangalhos. Dependia inteiramente da ajuda americana, que lhe foi dada mais generosamente do que a qualquer outros país aliado. Os EUA, ao contrário, tinham saído do combate enriquecidos e estavam numa expansão industrial formidável. Tinham do seu lado o prestígio universal da democracia e ainda a vantagem da bomba atômica, um pesadelo que aterrorizava Stalin. Estavam em condições de quebrar a espinha do regime soviético, de reduzi-lo à completa impotência e docilidade, até mesmo sem pressão militar, mediante a simples recusa -- ou ameaça de recusa -- de ajuda econômica. Se há algo que está bem provado em História, é que a economia soviética sempre foi capenga, sempre dependeu do socorro americano e, depois da guerra, passou a depender mais ainda. A URSS só se tornou uma ameaça para os americanos porque eles mesmos a reergueram e a armaram contra si próprios (v. National Suicide. Military Aid to the Soviet Union, de Anthony Sutton, New Rochelle, N. Y., Arlington House, 1973 -- um clássico).Além de arranjar assim “o melhor inimigo que o dinheiro podia comprar”, como o chamou Anthony Sutton, eles ainda fomentaram suas ambições mais paranóicas mediante as concessões excessivas feitas a Stalin por Franklin Roosevelt, nos acordos de Yalta, sob a direta influência de um assessor, Harry Dexter White, que mais tarde se descobriu ser um agente soviético.
A proposta de “contenção”, a essa altura, era de uma modéstia e de uma benevolência anormais. Serviu apenas para encorajar os soviéticos, que desencadearam contra ela uma de suas campanhas de propaganda mais virulentas e mentirosas. Em setembro, um telegrama de Nikolai Novikov, embaixador soviético em Washington, encomendado e ditado pelo próprio Stalin para ser usado nessa campanha, “informava” que “a política externa dos EUA reflete as tendências imperialistas do capitalismo monopolista e caracteriza-se por um esforço para obter a supremacia mundial”. Ora, a “contenção” americana não era um slogan publicitário, era a expressão literal do princípio adotado na prática, que reconhecia a legitimidade das fronteiras alcançadas até então pela brutal expansão soviética e se propunha apenas impedir que fossem mais além. A idéia refletia não só a sugestão de Kennan, mas também a influente doutrina do “equilíbrio de poderes” que Hans J. Morgenthau estava ensinando na Universidade de Chicago e que viria a compor o seu livro de 1948, Politics among Nations: The Struggle for Power and Peace. Habilitados a conquistar a hegemonia, os americanos queriam apenas “contenção” e “equilíbrio de poderes”. A maior prova disso foi que retiraram suas tropas da Europa no prazo prometido, enquanto a União Soviética tratava de manter as suas por lá indefinidamente. A modéstia das pretensões americanas e a ambição ilimitada dos soviéticos apareciam rigososamente invertidas no telegrama de Novikov e em toda a campanha de propaganda anti-americana que se seguiu.
Concentrados no esforço de deter a expansão territorial do Estado soviético, os serviços de segurança americanos descuidaram do movimento comunista enquanto tal, que enquanto isso infiltrou algumas centenas de agentes no governo dos EUA, dominou quase que por completo oestablishment cultural e artístico, espalhou agentes de influência em toda a grande mídia ocidental e preparou a rebelião interna que, nos anos 60, levaria os EUA à derrota no Vietnã. Bem observou o general Giap, comandante das forças do Vietnã do Norte, que enquanto os americanos tratavam a guerra como assunto estritamente militar, eles, os comunistas, combatiam simultaneamente em todas as frentes: moral, cultural, jornalística etc. E foi justamente nessas frentes que venceram a última batalha, por meio da própria New Leftamericana, num momento em que o exército vietcongue já estava praticamente destruído após a famosa ofensiva do Tet.
Limitado pela obsessão estatal, o governo americano, durante muito tempo, seguiu a norma de só se preocupar com algum indivíduo ou grupo comunista quando ele tivesse ligação direta com a espionagem soviética. Fora disso, a militância comunista era considerada uma simples expressão de opiniões individuais, sem periculosidade maior. Na New Left dos anos 60 e 70, as ligações da militância com governos comunistas eram tênues demais para chamar a atenção. A explicação disso não era uma autêntica independência do esquerdismo em relação à estratégia soviética e chinesa. Era que o movimento comunista já começava então a evoluir da rígida estrutura hierárquica para a organização informal e flexível em “redes” multinacionais, que nas décadas seguintes viriam a acossar os EUA desde muitos lados simultaneamente com uma campanha de hostilidade global que o governo americano não estava e não está até agora preparado para enfrentar. Só a partir do governo Bush veio o reconhecimento tardio de que os EUA estavam agora lidando com um novo tipo de guerra, impossível de enquadrar nas doutrinas usuais.
Tudo isso poderia ter sido evitado se os EUA não tivessem concentrado sua política exterior no esforço de conter a expansão das fronteiras territoriais soviéticas, em vez de combater o movimento comunista internacional em todas as frentes. Para fazer uma idéia de quanto os EUA foram passados para trás, basta comparar a amplitude do esforço que os soviéticos fizeram para dominar o ambiente intelectual e artístico da Europa e dos EUA desde a década de 20 (v. Frederick C. Barghoorn, The Soviet Cultural Offensive, Princeton Univ. Press,. 1960, e sobretudo Stephen Koch,Double Lives. Spies and Writers in the Secret Soviet War of Ideas Against the West, New York, Free Press, 1994), com a modéstia reação americana, vinda só nos anos 50 e praticamente limitada ao Congresso pela Liberdade da Cultura realizado em Berlim Ocidental em 1956. Não deixa de ser interessante observar que, graças à hegemonia cultural comunista dentro do próprio ambiente acadêmico americano, até mesmo essa singela e módica resposta não deixou de ser condenada, dentro dos EUA, como uma ação imperialista moralmente repugnante (v. por exemplo Frances Stonor Saunders, The Cultural Cold War. The CIA and the World of Arts and Letters, New York, The New Press, 1999).
Quanto à doutrina Morgenthau, sua autodenominação de “realismo político” parece quase um lance de humorismo involuntário. Definindo as relações internacionais como um campo constituído essencialmente da concorrência entre interesses nacionais e enfatizando o nacionalismo como força ideológica predominante, o morgenthauísmo serviu para obscurecer os três principais fatores em ação no panorama histórico do último meio século: a unidade estratégica do esquerdismo internacional, sua reorganização em redes informais para o esforço de guerra cultural e sua atuação simultânea numa multiplicidade inabarcável de fronts – precisamente os três fatores que foram acumulando força desde os anos 50 para hoje colocar os EUA sob assédio multilateral permanente.
Morgenthau subestimava a unidade da estratégia comunista ao ponto de propor que os EUA tentassem fazer alianças com países comunistas contra a URSS e a China, um plano do qual, obviamente, os soviéticos e chineses tiraram proveito quase ilimitado
Estes dois parágrafos que ele publicou no New York Times Magazine em 18 de abril de 1965 dão uma idéia de até onde iam o irrealismo e a imprevidência de Morgenthau:
“Estamos sob uma compulsão psicológica de dar continuidade à nossa presença militar no Vietnam do Sul como parte da contenção militar periférica da China. Fomos estimulados nesse curso de ação pela identificação do inimigo como ‘comunista’, vendo em cada partido comunista uma extensão do poder hostil soviético ou chinês. Essa identificação era justificada quinze ou vinte anos atrás, quando o comunismo ainda tinha um caráter monolítico, Aqui, como em outros campos, nossos modos de pensamento e ação foram tornados obsoletos pelos novos desenvolvimentos. É irônico que a simples justaposição de ‘comunismo’ e ‘mundo livre’ tenha sido erigida pela cruzada moralista de John Foster Dulles em princípio guiador da política externa americana numa época em que o comunismo nacional da Iugoslávia, o neutralismo do Terceiro Mundo e incipiente ruptura entre a URSS e a China estavam tornando essa justaposição inválida.”
Ora, hoje sabemos que: Primeiro, o movimento “neutralista” do Terceiro Mundo foi todo ele articulado pela KGB, com o intuito bastante razoável de criar frentes anti-americanas que não pudessem ser facilmente identificadas como comunistas (v. Christopher Andrew and Vasili Mitrokhin, The World Was Going Our Way. The KGB and the Battle for the Third World, New York, Basic Books, 2005). Segundo, que a pretensa independência do comunismo iugoslavo fez dele um instrumento maravilhosamente eficaz que os soviéticos usaram para criar esse engodo “neutralista”. Terceiro, que o chamado conflito sino-soviético nunca foi para valer, foi apenas uma encenação montada para camuflar a unidade global da estratégia comunista e levar os americanos a pensar exatamente o que Morgenthau pensou. (Sobre esses dois últimos pontos, v. Anatoliy Golitsyn, New Lies for Old. The Communist Strategy of Deception and Disinformation, Atlanta, GA, Clarion House, 1990.)
A ineficiência do morgenthauismo tem, no entanto, raízes mais profundas e obscuras do que o mero irrealismo. Ela nasce de uma contradição interna insanável. De um lado, toda a descrição que Morgenthau oferece do mundo político é baseada nas idéias de Estado-Nação, interesse nacional e nacionalismo. Por outro lado, ele acreditava na viabilidade de um governo mundial e trabalhava por essa idéia. Foi justamente isso que o tornou tão querido nos círculos globalistas do CFR, Council on Foreign Relations. Esses círculos eram e são dominados por grupos de bilionários metacapitalistas, cujos planos, globais e de escala mais civilizacional do que político-militar, vão muito além do horizonte de qualquer Nação-Estado, para não dizer de qualquer governo. Vivendo e pensando dentro dessa atmosfera, Morgenthau tinha ali mesmo a prova inequívoca de que as Nações-Estados não são o sujeito agente principal da História, mas com freqüência o objeto inerme nas mãos de agentes mais unitários e coerentes. Escamoteando a atuação desses agentes, dos quais ele próprio era um colaborador intelectual de grande valia, o morgenthauismo é um caso extremo de “paralaxe cognitiva”, no qual as próprias condições existenciais nas quais a teoria brotou e se desenvolveu trazem o desmentido completo do conteúdo da teoria.
O velho John Foster Dulles não estava errado ao desejar que a luta dos americanos não fosse contra Estados em particular, mas contra o movimento comunista enquanto tal. Apenas, limitado pela perspectiva de Kennan, ele ainda enxergava essa luta em termos de contenção e não de guerra cultural global, numa época em que os comunistas já estavam empenhados nessa guerra fazia muito tempo. Se errou, foi por modéstia e não por pretensão excessiva da sua “cruzada moralista” – hoje mais necessária do que nunca.
O efeito conjugado das teorias de Kenan e Morgenthau sobre a política exterior americana pode ser medido pela formidável ampliação do anti-americanismo depois da queda da URSS e pelo presente estado de cerco moral em que os EUA se encontram, incapazes de defender até mesmo os direitos mais elementares da sua soberania sem suscitar imediatamente uma onda mundial de revolta contra isso.




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sábado, 20 de dezembro de 2014

O Santo Nome Religião Música Política Culinária Vegetariana Vídeos Imagens Cultura e Bem Viver: O modo de agir de um esquerdista.

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O modo de agir de um esquerdista.

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A VIOLÊNCIA NA ESCOLA: ANÁLISES PSICOSSOCIOLÓGICAS Clóvis Pereira da Costa Júnior, Michael Augusto Souza de Lima e Joseli Bastos da Costa





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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O Santo Nome Religião Música Política Culinária Vegetariana Vídeos Imagens Cultura e Bem Viver: A sintomatologia histérica

O Santo Nome Religião Música Política Culinária Vegetariana Vídeos Imagens Cultura e Bem Viver: A sintomatologia histérica: A sintomatologia histérica A vida moderna convida ao eremitismo porque as pessoas parecem que andam parvas e não se consegue ter...

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A sintomatologia histérica



A sintomatologia histérica

A vida moderna convida ao eremitismo porque as pessoas parecem que andam parvas e não se consegue ter uma conversa decente a não ser mediante a repetição de lugares comuns. O problema está na dificuldade que muita gente tem em perceber as coisas mais óbvias, e não me refiro apenas aos estultos que não conseguem acompanhar um raciocínio elementar mas sobretudo àqueles, especialmente os dotados de um intelecto treinado, que não conseguem aceitar os dados brutos da realidade imediatamente acessíveis aos sentidos, incluindo as acções que eles mesmos produzem, ou seja, àqueles que “não conseguem ver um boi à sua frente”. Não se pode dizer que seja uma queda somente devida à moderna educação ou ao excesso de “informação”, porque a mutação deu-se também em pessoas que já não estavam em idade escolar, além de que os sintomas são muito menores em alguns países em que existe a mesma psicose informática.

O sintoma a que me refiro é mais propriamente o da histeria disseminada. O histérico é aquele que, na fórmula compacta do filósofo Olavo de Carvalho, não sente o que ele vê mas vê o que ele sente. Andrew Lobaczewski, no livro Political Ponerology, identificou o fenómeno da disseminação da sintomatologia histérica sob domínio de lideranças psicopáticas. George Orwell já tinha descrito o fenómeno de forma hiperbólica no livro 1984, e certamente que é nos sistemas totalitários que podemos mais facilmente observar o processo decorrendo. Enquanto o psicopata no poder mente sabendo que o faz, o histérico mente para se encaixar na situação constrangedora em que se encontra e depois acaba mesmo por deformar a sua divisão das coisas. O fenómeno também ocorre de forma maciça nas democracias, embora seja mais difícil de identificar, não só porque aqui é usado um conjunto disperso de meios mas porque os psicopatas que efectivamente detém o poder não são facilmente identificáveis, não podendo ser mapeados directamente pelos cargos de governo do país. Contudo, creio que em Portugal o fenómeno é ainda mais insólito, por razões que apresentarei abaixo.

Não é difícil de identificar o fenómeno da liderança psicopática e da disseminação da sintomatologia histérica no caso do governo de José Sócrates. O antigo primeiro-ministro usava a estratégia, aparentemente pueril, de se vitimizar ante qualquer acusação que recebia, ao mesmo tempo que não tinha pudor em usar os meios do Estado para perseguir os seus adversários. A determinada altura uma sondagem (penso que já me referi a ela neste blogue) indiciava um facto assombroso: os portugueses achavam que Sócrates era corrupto mas que podia perfeitamente continuar a governar. Note-se que, neste caso, a visão deformada não se aplica tanto a Sócrates mas mais ao papel do próprio governante. Contudo, José Sócrates não tinha um poder absoluto e só conseguiu obter tanto sucesso em “histerizar” os portugueses porque herdou um processo que já vinha decorrendo há muito tempo. Nesta altura, seria de esperar que fosse culpar a hegemonia socialista mas, neste caso em particular, creio que há um elemento muito mais preponderante e que pouquíssimos considerarão de relevância política: o futebol.

O futebol português tornou-se numa palhaçada indescritível e não há um único resultado desportivo que deva ser considerado credível. Mas o que é relevante para este caso é a permanência de certas lideranças desportivas – não somente ao nível dos clubes – que usam de todo o tipo de esquemas ilegais mas que a justiça oficial nunca pune, mesmo quando a corrupção é evidente, a que se juntam os comentadores desportivos especialistas a justificar o injustificável. As discussões entre os adeptos de clubes adversários passaram das normais picardias, em que ninguém se levava muito a sério, para uma crença total naquilo em que se defendia. Sobretudo, as vitórias desportivas e a impunidade oficial santificaram a corrupção, a mentira, as putarias e a violência. Isto não seria especialmente grave se ficasse confinado aos adeptos mais fanáticos e à própria temática do futebol. Mas gradualmente espalhou-se, por todos os adeptos do futebol e mesmo entre aqueles que nem gostam deste desporto, a lógica de que “se alguém pode fazer algo impunemente então ele deve mesmo fazer aquilo”. Inevitavelmente, esta lógica deturpada acabou por aparecer como válida para outros domínios, desde que aparecesse alguém com a suficiente falta de vergonha na cara para a encarnar, como aconteceu como José Sócrates.

Podemos tentar achar justificações para o estado calamitoso em que Portugal se encontra na Inquisição, no Marquês de Pombal, nas Invasões Francesas, na Revolução Liberal, na queda da monarquia, no Estado Novo, no 25 de Abril e no PREC, na entrada para a CEE, no Euro, mas hoje estou firmemente convicto de que tudo isto se torna irrelevante em comparação com a revolução das consciências que o fenómeno do futebol operou dos últimos 30 anos. Sei que ao dizer isto pareço estar a proferir uma das maiores barbaridades que alguém já disse em língua portuguesa, mas creio que quem queira estudar o fenómeno sem preconceitos chegará, em poucos anos, à conclusão de que o futebol operou uma devastação avassaladora nos padrões éticos e na inteligência (entendida como capacidade de conhecer a realidade) dos portugueses.

fonte: http://puertas-del-infierno.blogspot.com.br/2013/10/a-sintomatologia-histerica.html

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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Sociedade justa Olavo de Carvalho Diário do Comércio, 10 de março de 2011



Sociedade justa
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 10 de março de 2011 

Outro dia perguntaram qual o meu conceito de uma sociedade justa. A palavra “conceito” entrava aí com um sentido antes americano e pragmatista do que greco-latino. Em vez de designar apenas a fórmula verbal de uma essência ou ente, significava o esquema mental de um plano a ser realizado. Nesse sentido, evidentemente, eu não tinha conceito nenhum de sociedade justa, pois, persuadido de que não cabe a mim trazer ao mundo tão maravilhosa coisa, também não me parecia ocupação proveitosa ficar inventando planos que não tencionava realizar.
O que estava ao meu alcance, em vez disso, era apenas analisar a idéia mesma de “sociedade justa” – o seu conceito no sentido greco-latino do termo – para ver se fazia sentido e se tinha alguma serventia.
Desde logo, os atributos de justiça e injustiça só se aplicam aos entes reais capazes de agir. Um ser humano pode agir, uma empresa pode agir, um grupo político pode agir, mas “a sociedade”, como um todo, não pode. Toda ação subentende a unidade da intenção que a determina, e nenhuma sociedade chega a ter jamais uma unidade de intenções que justifique apontá-la como sujeito concreto de uma ação determinada. A sociedade, como tal, não é um agente: é o terreno, a moldura onde as ações de milhares de agentes, movidos por intenções diversas, produzem resultados que não correspondem integralmente nem mesmo às intenções deles, quanto mais às de um ente genérico chamado “a sociedade”!
“Sociedade justa” não é portanto um conceito descritivo. É uma figura de linguagem, uma metonímia. Por isso mesmo, tem necessariamente uma multiplicidade de sentidos que se superpõem e se mesclam numa confusão indeslindável, que basta para explicar por que os maiores crimes e injustiças do mundo foram praticados, precisamente, em nome da “sociedade justa”. Quando você adota como meta das suas ações uma figura de linguagem imaginando que é um conceito, isto é, quando você se propõe realizar uma coisa que não consegue nem mesmo definir, é fatal que acabe realizando algo de totalmente diverso do que imaginava. Quando isso acontece há choro e ranger de dentes, mas quase sempre o autor da encrenca se esquiva de arcar com suas culpas, apegando-se com tenacidade de caranguejo a uma alegação de boas intenções que, justamente por não corresponderem a nenhuma realidade identificável, são o melhor analgésico para as consciências pouco exigentes.
Se a sociedade, em si, não pode ser justa ou injusta, toda sociedade abrange uma variedade de agentes conscientes que, estes sim, podem praticar ações justas ou injustas. Se algum significado substantivo pode ter a expressão “sociedade justa”, é o de uma sociedade onde os diversos agentes têm meios e disposição para ajudar uns aos outros a evitar atos injustos ou a repará-los quando não puderam ser evitados. Sociedade justa, no fim das contas, significa apenas uma sociedade onde a luta pela justiça é possível. “Meios” quer dizer: poder. Poder legal, decerto, mas não só isso: se você não tem meios econômicos, políticos e culturais de fazer valer a justiça, pouco adianta a lei estar do seu lado. Para haver aquele mínimo de justiça sem o qual a expressão “sociedade justa” seria apenas um belo adorno de crimes nefandos, é preciso que haja uma certa variedade e abundância de meios de poder espalhados pela população em vez de concentrados nas mãos de uma elite iluminada ou sortuda. Porém, se a população mesma não é capaz de criar esses meios e, em vez disso, confia num grupo revolucionário que promete tomá-los de seus atuais detentores e distribuí-los democraticamente, aí é que o reino da injustiça se instala de uma vez por todas. Para distribuir poderes, é preciso primeiro possuí-los: o futuro distribuidor de poderes tem de tornar-se, antes, o detentor monopolístico de todo o poder. E mesmo que depois venha a tentar cumprir sua promessa, a mera condição de distribuidor de poderes continuará fazendo dele, cada vez mais, o senhor absoluto do poder supremo.
Poderes, meios de agir, não podem ser tomados, nem dados, nem emprestados: têm de ser criados. Caso contrário, não são poderes: são símbolos de poder, usados para mascarar a falta de poder efetivo. Quem não tem o poder de criar meios de poder será sempre, na melhor das hipóteses, o escravo do doador ou distribuidor.
Na medida em que a expressão “sociedade justa” pode se transmutar de figura de linguagem em conceito descritivo viável, torna-se claro que uma realidade correspondente a esse conceito só pode existir como obra de um povo dotado de iniciativa e criatividade – um povo cujos atos e empreendimentos sejam variados, inéditos e criativos o bastante para que não possam ser controlados por nenhuma elite, seja de oligarcas acomodados, seja de revolucionários ávidos de poder.
Aquele que deseja sinceramente libertar o seu povo do jugo de uma elite mandante não promete jamais tomar o poder dessa elite para distribuí-lo ao povo: trata, em vez disso, de liberar as forças criativas latentes no espírito do povo, para que este aprenda a gerar seus próprios meios de poder – muitos, variados e imprevisíveis –, minando e diluindo os planos da elite – de qualquer elite – antes que esta possa sequer compreender o que se passou.

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fonte\; http://www.olavodecarvalho.org/semana/110310dc.html

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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

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Mentalidade Revolucionária 3 Características básicas (Segundo Olavo de C...



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A Igreja Católica: Construtora da Civilização (Completo e Legendado)




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domingo, 14 de dezembro de 2014

CONSERVADORISMO E LIBERDADE



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Blog do João Maria Andarilho Utópico Professor Pedagogo.: É nos lugares mais felizes que acontecem mais suic...: Seção: De olho na notícia Artigo: É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios Autor: Edson Posto: Ribeirão Preto (SP) 1241/0...

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O Santo Nome Religião Música Política Culinária Vegetariana Vídeos Imagens Cultura e Bem Viver: TV a cabo deixa as pessoas infelizes Thiago Perin

O Santo Nome Religião Música Política Culinária Vegetariana Vídeos Imagens Cultura e Bem Viver: TV a cabo deixa as pessoas infelizes Thiago Perin: AH, que alegria… (not!) Não viajou no feriado? Fuja do sofá, pelo bem do seu coraçãozinho. “Ver TV é a atividade de lazer mais importan...

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TV a cabo deixa as pessoas infelizes Thiago Perin

AH, que alegria... (not!)
AH, que alegria… (not!)
Não viajou no feriado? Fuja do sofá, pelo bem do seu coraçãozinho. “Ver TV é a atividade de lazer mais importante na sociedade moderna. Isso sugere, portanto, que, para muitas pessoas, a televisão é uma fonte importante de bem-estar”, começa um estudo de pesquisadores das universidades de Zurich e de Basel, na Suíça, que foram atrás de descobrir se ter um montão de canais ao alcance do controle remoto deixa as pessoas mais felizes ou não. “Particularmente, espera-se que ter um quadro maior de opções aumente (ou ao menos não diminua) a felicidade, já que permite que o indivíduo corresponda suas preferências com o que é fornecido”, dizem os caras. Mas não é por aí. Analisando dados de pesquisas governamentais (feitas entre 1995 e 2003, com cerca de 72 mil pessoas de 37 países da Europa), eles descobriram que as pessoas “se declaram menos satisfeitas com a própria vida quando expostas a mais canais” e que, portanto, “o efeito de ter um número maior de canais disponível não é benéfico”. “Isso sugere que muitas pessoas vivem um problema de autocontrole quando o papo é assistir TV” – e deixam de viver “experiências valiosas” para ficar em frente à telinha.

fonte http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/tv-a-cabo-deixa-as-pessoas-infelizes/

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É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios


8 ou 80
Seção: De olho na notícia
Artigo: É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios
Autor: Edson
Posto: Ribeirão Preto (SP)
1241/09/12/2010
A gente sempre ouve falar por aí que países considerados de “primeiro mundo”, como Dinamarca, Suíça e Suécia, têm a melhor qualidade de vida no planeta. E que, por consequência, seushabitantes estão entre os mais satisfeitos do mundo. A parte estranha é que esses “lugares felizes” têm taxas bem altas de suicídios. “Por causa do frio”, a gente brinca. Mas será? Pesquisadores dos departamentos de economia da Universidade de Warwick, do Hamilton College e do Banco Central de São Francisco, todos nos EUA, foram checar.
Eles combinaram dados de duas grandes pesquisas (a World Values Survey e a U.S. General Social Survey) para ver qual era a relação entre a felicidade do povo e a quantidade de pessoas que se mata em diferentes estados dos EUA. E a análise mostrou que a anormalidade é verdadeira: “os estados mais felizes têm maiores taxas de suicídio do que aqueles que são menos felizes”, aponta o estudo (que está disponível, na íntegra, aqui). “Por exemplo, Utah está em 1º lugar em satisfação com a vida, mas tem a 9ª maior taxa de suicídio. Enquanto isso, Nova Iorque é o 45º estado mais feliz, mas tem o menor índice de suicídios nos EUA”.
E a culpa, óbvio, não é do frio. “Pessoas infelizes em um lugar feliz podem se sentirespecialmente maltratadas pela vida“, sugerem os pesquisadores.”Como somos sujeitos a variações de humor, as baixas podem ser mais toleráveis em um contexto – seja uma época ou um lugar – no qual outras pessoas também estejam infelizes“. Ou seja: choremos juntos.

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sábado, 13 de dezembro de 2014

Aprendendo mais sobre a Psicologia - O curso e o mercado de trabalho



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Lançamento livros A Formação da Cristandade e A Divisão da Cristandade, de Christopher Dawson



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O Quê Você Deveria Saber sobre o seu Mestrado e Doutorado





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Especialização, Mestrado e Doutorado: Dúvidas Frequentes





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Hoje é o dia da adoração a Colina de Govardhana ) 02/11/2024 Sábado.

Adoração a Colina de Govardhana Colina de Govardhanna em Vrindavana Índia.   Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus CAPÍTULO 24 Adoração à C...