terça-feira, 29 de abril de 2008

O ensino de história e sua historiografia


O Ensino de História e sua Historiografia
Rudimar Serpa de Abreu
Mestre em Educação pela PUCRS. Coordenador e
Professor do Curso de Licenciatura em História da
ULBRA São Jerônimo.
rudiabreu@terra.com.br
Abstract
This article intends to discuss the history teaching from the point of view of the
conceptions currently produced by the historiography: positivism, marxism and
annales as well as promote the reflection on the problems involving the act to
teach and to learn in History, in order to the educators can perceive and discover
in their practices which conceptions appear in the plannings of lesson and
consequently in the chosen methodology.
Key words: History, history teaching, historiography
Resumo
Este artigo pretende discutir o ensino de história sob o ponto de vista das
concepções atualmente produzidas pela a historiografia: positivismo, marxismo e
annales. E, proporcionar a reflexão sobre os problemas envolvendo o ato de
ensinar e aprender em História, para que os educadores possam perceber e
desvelar em suas práticas quais concepções aparecem nos planejamentos de aula e
conseqüentemente na metodologia escolhida.
Palavras-chave: História, ensino de história, historiografia.
Introdução
As discussões relativas à construção de aprendizagem, aos elementos envolvidos
nos processos cognitivos por parte dos alunos, ao trabalho didático-pedagógico
desenvolvido em sala de aula vêm ocupando as atenções dos educadores em geral e dos
professores de História em particular.
No entanto, diante dos avanços das reflexões e investigações a esse respeito, é
comum nos deparamos com o coro dos descontentes de ambos os lados.
CIÊNCIA E CONHECIMENTO – REVISTA ELETRÔNICA DA ULBRA SÃO JERÔNIMO – VOL. 01, 2007, HISTÓRIA, A.1 2
www.cienciaeconhecimento.com
De um lado, os professores de História queixam-se do desinteresse e apatia de
seus alunos que, distanciados de um passado orgânico e de uma consciência clara a
respeito do valor da educação e de sua práxis, perdem-se em meio a um conjunto de
ações cotidianas desprovidas de sentido e não conseguem estabelecer claras relações
entre aquilo que estudam em termos de conteúdos históricos e sua vida real.
Por outro lado, os alunos desses mesmos professores seguidamente repetem suas
queixas em outro tom: as aulas são chatas, os temas são desinteressantes e os
professores são distantes e inacessíveis. Enfim, a vida cotidiana e o presente vivido em
nada se aproximam de um passado inacessível e abstrato.
Na verdade, cabe a nós situar o cenário de reflexões sobre problemas envolvendo
o ato de ensinar e aprender História no qual sejamos capazes de olharmos para as nossas
práticas e desvelar qual concepção de História aparece nos planejamentos de aula e
conseqüentemente na metodologia escolhida.
Segundo CORSETTI, 2001, p. 68,
A existência de diferentes paradigmas epistemológicos da História é fato
que caracteriza não apenas a chamada ciência histórica, como todo o campo
das ditas ciências sociais. A coexistência de diferentes modelos explicativos
faz com que o conhecimento histórico não se apresente vinculado a um
único paradigma. Na medida em que o objeto histórico pode ser deslocado
de um para outro nível do topo social, verificamos a manutenção de diversas
matrizes interpretativas que caracterizam as escolas históricas, embora cada
uma delas apresente a pretensão de elaborar um modelo de ciência válido
para toda a historiografia.
O professor de História quando planeja suas aulas aparecem subjacentes ao seu
trabalho, teorias da historiografia. Essas teorias podem ser percebidas na ação docente
que leva o professor a produzir uma aula de história centrada na narração de fatos, na
crítica social ou na reflexão dos conflitos de classes. A partir desse reconhecimento,
identificam-se modelos diferenciados que vão do positivismo à tendência da Nova
História, que contemporaneamente acaba por combinar vários modelos de interpretação.
Mesmo percebendo a discussão polêmica que cerca esse assunto, inclusive a utilização
do próprio termo paradigma para o campo das ciências sociais, acreditamos que esses
modelos existem, coexistem e influenciam de formas diferenciadas as práticas didáticopedagógicas
no ensino de História.
1. A concepção positivista
A teoria positivista nasce no século XIX, com o francês AUGUSTO COMTE,
iniciador desta corrente que exprime a exaltação da ciência moderna, parte do
pressuposto de que a humanidade (e o próprio homem, na sua trajetória pessoal) passa

A Teoria de Maslow e o Fracasso Escolar


Pirâmide de Maslow: A hierarquia de necessidades de Maslow, é uma divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow, em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.

A Teoria de Maslow e o Fracasso Escolar

Por Glória Maria Veríssimo Lopes Pisandelli

18/06/2007



Introdução
O objetivo deste artigo é estabelecer uma relação entre os conceitos relativos à Teoria da Hierarquia das Necessidades do Psicólogo norte-americano Abraham Maslow, e a educação de crianças provenientes de famílias carentes. Analisamos o questionamento dual: a família é carente como conseqüência do analfabetismo ou os analfabetos são conseqüência das carências da família?
Não pretendemos oferecer a fórmula mágica para resolver este enigma, mas demonstrar a necessidade da mudança de paradigmas na educação, que se encontram na essência do problema do analfabetismo no Brasil.
As hierarquias de Maslow e as crianças de famílias carentes.
Quando estabelecemos a relação entre a Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow, e a Educação de Adultos, expressamos:
“...o adulto a ser alfabetizado está inserido na sociedade, da qual pode ou não se sentir segregado como conseqüência do seu despreparo para enfrentar, tanto os mais simples requisitos de qualificação tais como o letramento básico, ou requisitos mais complexos de leitura, escrita e interpretação de conceitos, como acontece em organizações complexas, como industrias, comércio, serviços e outros similares.” (PISANDELLI, outubro 2003).
Obviamente aos nos referirmos ao adulto analfabeto, estamos implicitamente dizendo que houve uma criança que não foi alfabetizada no momento certo e que, com o passar do tempo, transformou-se nesse adulto analfabeto. Isso nos leva a refletir sobre o princípio de causa e efeito aplicado às famílias carentes.
O questionamento neste ponto é: a família é carente como conseqüência do analfabetismo ou os analfabetos são conseqüência das carências da família? Infelizmente ambos os questionamentos são corretos. Causas e efeitos se alternam na passagem das gerações. Um círculo vicioso difícil de quebrar, principalmente nas regiões mais pobres do país. Este círculo é continuamente alimentado por um sistema político, social e educacional pernicioso e elitista que discrimina os níveis menos favorecidos através de restrições e agravado pela má utilização e desvio de recursos humanos e materiais, dificultando sobremaneira o acesso ao conhecimento a esses grupos sociais.
A respeito disso Costa escreve:
“A causa do fracasso passa, assim, a ser situada na própria criança que de vítima se transforma em réu. Dizemos vítima porque, segundo este ponto de vista, esquecemos de considerar que esta criança sofre as conseqüências de um sistema social e educacional perverso, que não lhe oferece as condições necessárias para se apropriar do conhecimento dito formal, científico ou padronizado (ou seja, o conhecimento que a escola objetiva transmitir).” (COSTA, 2003)
Maslow postula, na sua Teoria das Hierarquias, que as necessidades sociais surgem no comportamento, quando as necessidades inferiores (fisiológicas e de segurança) encontram-se relativamente satisfeitas. Entre outras, as necessidades sociais estão relacionadas às necessidades de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor.
Uma família carente dificilmente apresenta suas necessidades inferiores satisfeitas, nem sequer em níveis relativos, pois não existe garantia de alimentação, moradia, repouso e segurança física do grupo familiar, entre outras.
Concordamos com Vigotski (2000) quando este afirma que as crianças, bem antes de ingressarem na escola, já trazem uma bagagem de conhecimentos e qualquer situação de aprendizado que nela vivam, será confrontada com uma história prévia.
Nessa situação de subsistência precária onde a inversão dos valores morais, sociais e de justiça apresentam-se subvertidos pela própria necessidade de sobreviver, dificilmente a “história previa” terá um final feliz.
Uma criança, fruto desse ambiente, somente poderá encontrar uma saída para seu futuro através da escola e do conhecimento de fatos e situações diferentes daquelas que está acostumado a viver, o que poderá lhe abrir as portas do trabalho e da ascensão social.
O que se espera dessa escola é que possa lhe fornecer as ferramentas necessárias para construir, degrau por degrau, a escada que lhe permitirá a quebra daquele círculo vicioso e a conseqüente passagem para níveis mais elevados dentro da escala social, subindo na hierarquia das necessidades, promovendo a auto-estima e o autodesenvolvimento.
No entanto, na opinião de Costa (2003) a realidade mostra um cenário totalmente diferente onde a escola, principal instrumento para veiculação de conhecimento, não permite que crianças pobres se apropriem deste conhecimento, já que não criam as condições mínimas necessárias para que isso ocorra. Respeitando algumas raras exceções a escola que atende à população pobre é de qualidade muito baixa, assim como outros serviços destinados a esta clientela, o que contribui para a produção do fracasso escolar e para agravar o problema, muitos profissionais simplificam a questão colocando sobre a criança a responsabilidade da não-aquisição de determinados conhecimentos, rotulando-a de incapaz. Rótulo esse que será levado pelo resto da vida.
Essa constatação, não é difícil. Essa criança, com sonhos e esperanças de conseguir na escola a tão almejada saída, encontra-se num beco. A reação é a pior possível. Desalento, insatisfação, desencanto e por sobre todas as coisas, um profundo sentimento de frustração.
Esta realidade, é observada, com raras exceções, não somente no ensino de alunos de séries superiores, mas principalmente nas séries iniciais, como a alfabetização onde o fracasso é mais freqüente em alunos de camadas sociais mais baixas e as escolas não conseguem, ou não querem enxergar que suas precárias condições de ensino é que são, na realidade as responsáveis pelo fracasso da criança.
Costa (2003) complementa:
“Enquanto as crianças de classes mais favorecidas têm oportunidade de acesso à escola desde cedo, condições de aquisição de brinquedos pedagógicos, material pedagógico diversificado, computador, livros privilegiados pela escola etc, grande parte das crianças pobres vislumbra na escola o lugar privilegiado para acesso a esses bens, tendo, na maioria das vezes, sua expectativa frustrada.”
[...]
“Aqui, o preconceito e a conseqüente baixa expectativa com relação à criança pobre têm um peso muito grande”
[...]
“[...] em entrevista com uma educadora esta me disse achar desperdício gastar tanto tempo e recursos com estas crianças, pois não se devia gastar sal com carne podre.”
Em artigo anterior, expressamos:
“Muitas crianças são identificadas como portadoras de problemas de aprendizagem quando não realizam o que se espera de uma programação de ensino. Se, o rendimento escolar da criança não corresponde às expectativas da família e da própria escola, essa criança passa a ser vista pela família, por professoras e colegas como um fracassado e muitas vezes é rotulada como alguém portador de um problema de aprendizagem.” (PISANDELLI, setembro 2003)
Qual será a expectativa de ascensão de uma criança, na Hierarquia de Maslow, quando é rotulada como deficiente ou considerada como “[...] carne podre”.? Qual modelo poderá escolher essa criança para tomar como referência, para construir seu futuro?
Mais que uma pergunta, isto se constitui em um desafio para todos nós, que embarcamos na luta para mudar essa situação. Não será através de críticas destemperadas ou comentários sarcásticos que o círculo da miséria, ignorância e pobreza será quebrado, mas mediante ações concretas, efetivas, diuturnamente implementadas, independentemente de local, valor ou grandeza.
É na luta do dia a dia contra as forças das correntes que se opõem às mudanças, que essas crianças carentes de hoje serão os homens de bem que construíram o Brasil de amanhã.
Somos plenamente conscientes de que entre muitos problemas que o Brasil terá que enfrentar para firmar-se entre as grandes nações, três são especialmente agudos e estão interligados: a pobreza e desemprego, a infância desamparada e a educação.
Mas indubitavelmente, sabemos que da educação de seu povo depende o ingresso ou não, do país no clube das nações desenvolvidas.
E é na escola que as famílias carentes depositam suas esperanças de um futuro, se não melhor, pelo menos diferente para seus filhos.
A missão da escola, como principal instrumento da transmissão de conhecimentos, é cumprir a função primordial da educação, isto é, tornar o sujeito capaz de agir conscientemente na transformação do conhecimento.
Essa é a escada que leva o homem a sua ascensão na Hierarquia das Necessidades, de Maslow.
Sejamos conscientes disso.


Bibliografia
CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração, v 2, São Paulo, Atlas
COSTA, Dóris Anita Freire. Fracasso escolar: Diferença ou Deficiência? Psicopedagogia On line, São Paulo. Disponível em: Outubro 2003
GUALAZZI, Abordagem Comportamental da Administração, http://www.unimep.br/
MASLOW, A. Motivation and Personality, 2nd ed., Harper & Row, 1970.
NORWOOD, G. Maslow's Hierarchy of Needs, http://www.connect.net/georgen/maslow.htm, Junho, 1996.
PISANDELLI, G. M. Dificuldades de Aprendizagem: Conseqüência do Despreparo dos Professores? Psicopedagogia On line, São Paulo. Disponível em: Setembro 2003
PISANDELLI, G. M. A Teoria de Maslow, e sua relação com a educação de adultos Psicopedagogia On line, São Paulo. Disponível em: 0utubro 2003
VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

* Glória Maria Veríssimo Lopes Pisandelli
Pedagoga. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Universidade Vale do Acaraú - UVA).
Filiada à Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp - CE).
Consultora em Psicopedagogia da CTA – Consultoria, Treinamento e Avaliações Ltda.
Membro da Diretoria do CCDS - Conselho Comunitário de Defesa Social de Tabapuá, ligado à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará.
Coordenadora do CAPAF - Centro de Apóio Psicopedagógico à Família no CCDS.
Gestora do Programa de Avaliação e Prevenção Psicopedagógica da Comunidade - PAPPC implementado no CAPAF.
spisandelli@yahoo.com.br




Fonte: http://www.portaldapsique.com.br/

Aprendizagem e algumas teorias.


Aprendizagem

Daniel Portillo Serrano

A maior parte do nosso comportamento, inclusive o de consumir, é aprendido. Com isso, volta-se à questão das necessidades primárias e secundárias, inatas e aprendidas, e como aprendemos a ter e satisfazer estas necessidades. Neste caso, há duas teorias divergentes: a Teoria Cognitiva e a Teoria Estímulo Resposta.

A Teoria Estímulo Resposta (S-R)

A teoria SR utiliza-se dos paradigmas clássicos, como reforço, extinção, discriminação e generalização. O reforço pode ser primário se constituído de uma recompensa em nível de satisfação de necessidade primária, ou secundário, se constituído de elementos socialmente aprendidos, como um sorriso ou elogio, por exemplo, a gravata que estamos usando, o que fará com que compremos mais gravatas deste tipo. O reforço também poderá ser negativo, e implica, neste caso, em uma redução da recompensa. No caso de esta ocorrer sempre, dá-se a extinção, i.e., se nunca elogiarem nossa gravata, ou se a criticarem, desistiremos de comprar e usar gravatas desse tipo. A discriminação é o processo que nos permite distinguir quais são as gravatas que merecem elogios, e a generalização leva a crer que todas as gravatas daquela marca são apreciadas.

A Teoria Cognitiva

Esta teoria dá maior ênfase ao insight, a aprendizagem se deve a uma reorganização do campo cognitivo que permite a compreensão de um problema e sua solução. O aprendizado se realiza através do discernimento, e o produto do consumo é adquirido, se percebido como satisfatório para as necessidades do consumidor, de acordo com o que este compreender a respeito Este tipo de aprendizado é semelhante à Teoria de Lewin, que visualiza o comportamento como resultante da percepção que o indivíduo tem das suas possibilidades.
Psicólogos da Gestalt, tais como Wertheimer, Koffka e Köhler, negam a experiência como único fator de aprendizagem e visualizam o aprendizado como resultante de compreensão e percepção.
A teoria Gestalt baseia-se no princípio de que as coisas são percebidas formando um todo. Em termos de psicologia do consumo, os analistas de marketing entendem que a boa campanha  boa para fazer o consumidor aprender a conhecer um produto novo  é o que pode ser compreendido e percebido como adequada às necessidades do consumidor.

A Teoria Tolman

Em aprendizagem, a teoria do comportamento proposital de Tolman serve de ponte entre as teorias associacionista e cognitiva. Ele considera os conceitos das duas linhas, pois mede os estímulos e respostas, além de trabalhar com a cognição, percepção e valores do indivíduo.
Estudiosos de Marketing adaptaram o comportamento proposital de Tolman em termos de conceitos expectativas-sinais-Gestalt. As pessoas acreditam que o meio é estruturado de forma ordenada, e que determinados tipos de comportamento levam a determinados resultados. Portanto, estas expectativas resultam de sinais (estímulos) que indicam as respostas passíveis de esforço.
Em marketing, os atributos de um produto (embalagem, anúncio, etc.) são sinais para o comprador. Se estes sinais são consistentes com suas necessidades, a resposta será comprar o produto.
Estes tipos de aprendizagem podem ser classificados como sendo aprendizagem perceptual e aprendizagem afetiva, que conduzem à lealdade a marcas.

Fonte: Portal do Marketing

segunda-feira, 28 de abril de 2008

O ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL


O ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Maria Aparecida Quadros Borges

Professora do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais

Jezulino Lúcio Mendes Braga

Professor do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais

INTRODUÇÃO

Ensinar História para crianças não é tarefa das mais fáceis. Principalmente por ser esta a disciplina que encontra maior resistência entre os alunos do ensino fundamental. As questões mais freqüentes são: porque devo estudar o que já passou? para que guardar todas estas datas? o que tem a ver com minha vida estes fatos? Existe uma comunidade de sentidos no que se refere à disciplina História.

Este mal estar é fruto dos rumos tomados pelo ensino de História desde sua implantação como disciplina autônoma em 1837. Deste momento em diante, o ensino de História passou a servir a determinados objetivos políticos e seu método era baseado na memorização de datas e na repetição oral de textos escritos.

O presente texto procura refletir acerca do ensino de História. Inicia-se com um breve histórico da disciplina nos currículos escolares. Posteriormente tenta-se expor as principais mudanças sofridas nos anos 80. Na seqüência reflete-se sobre algumas questões que devem nortear o ensino de História nas séries iniciais.

O ensino de história no Brasil

Foi em 1837, durante o período regencial[1], que a História é implantada como disciplina escolar da escola secundária, na fundação do colégio Pedro II. Neste mesmo ano nascia o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), responsável por construir a genealogia nacional, buscando uma identidade para a nação recentemente formada.[2] O IHGB era o local de produção da História que seria difundido nas escolas secundárias através dos manuais didáticos. Neste momento, a nacionalidade era a grande questão posta à sociedade, e a elite se atribuía o direito de escolha do passado, visto como um caminho percorrido pela humanidade em direção ao progresso.[3]

Foi do IHGB que surge um modelo de História nacional feita através da hierarquização de alguns fatos que deveriam ser os centros explicadores, em torno dos quais todo um conjunto de acontecimentos passava a ser referido. O descobrimento do Brasil, a sua independência, entre outros fatos são vistos como os marcos fundadores da História do Brasil, contada a partir de 1500 ano da chegada dos europeus.

Segundo Kátia Abud, estas concepções nortearam os programas e currículos escolares até período bastante recente.[4] A História linear, cronológica e eurocêntrica passou a ser ensinada nas escolas secundárias como um conhecimento pronto e acabado.

Em 1930, com a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e a reforma do ministro Francisco Campos, acentuou-se o poder central do Estado e do controle sobre o ensino. Constituiu-se a partir de então um modelo para o ensino de História para todo o país, dando ênfase ao estudo de História Geral, sendo o Brasil e a América apêndices da civilização ocidental. Para o ensino elementar (séries iniciais do ensino fundamental) discutia-se, neste momento, a implantação dos chamados Estudos Sociais no currículo escolar em substituição a História e Geografia.

O processo de industrialização e urbanização no país trouxe novas questões para o debate acadêmico na História. Alguns historiadores procuravam identificar as causas de nosso atraso econômico, enquanto outros apontavam para a necessidade de se buscar conhecer a identidade nacional, integrando as três raças formadoras do país. A História ensinada incorporou estas discussões através dos programas e currículos, e manuais didáticos. Difundia-se nas salas de aula a tese da democracia racial, entendida como ausência de preconceitos raciais e étnicos.

“Nessa perspectiva, o povo brasileiro era formado por brancos descendentes de portugueses, índios e negros, e, a partir dessa tríade, por mestiços, compondo conjuntos harmônicos de convivência dentro de uma sociedade multirracial e sem conflitos, cada qual colaborando com seu trabalho para a grandeza e riqueza do País.” [5]

Ensinava-se nas escolas a idéia de um Brasil sem preconceito racial, no qual cada um colabora com aquilo que tem para a felicidade geral. A História não era o espaço para discussões dos problemas brasileiros.

Durante o regime militar, a História é definitivamente substituída pelos chamados Estudos Sociais, a partir da lei n. 5692/71. Os Estudos Sociais constituíram-se ao lado da Educação Moral e Cívica em fundamentos dos estudos históricos mesclados por temas da Geografia. Os temas da História e Geografia foram diluídos, ganhando contornos ideológicos de um ufanismo nacionalista destinado a justificar o projeto nacional organizado pelo governo militar implantado no País a partir de 1964.

A proposta metodológica tinha como pressuposto que os estudos sobre a sociedade deveriam estar vinculados aos estágios de desenvolvimento psicológico do aluno, devendo pois, partir do concreto ao abstrato em etapas sucessivas. Neste sentido, iniciava-se o estudo do mais próximo, a comunidade ou o bairro, indo sucessivamente ao mais distante, o município, o estado, o país e o mundo.

Neste momento assiste-se a uma divulgação da história de reis, heróis e batalhas, redutoras do homem a categoria de objeto ínfimo no universo de monstros grandiosos que decidem o caminho da humanidade e o papel de cada um de nós. Do passado só se recordava dos fatos heróicos, a versão que engrandece. Da escravidão lembra-se apenas da lei áurea, os seus quase 400 anos devem ser esquecidos. O desaparecimento da população indígena fica sem explicação, mas comemora-se o dia do índio. E assim não tendo compromisso em buscar na história as diversas vertentes explicativas, nada se discutia do presente, do vivido. Como se este fosse obra de um destino, de uma predestinação.

Este modo de ver a História predominou nos currículos escolares até bem pouco tempo. Foi somente com o processo de democratização no país acontecido em meados dos anos 80 é que verificamos algumas mudanças em relação à disciplina.

O Ensino de História nos anos 80

Acompanhando o processo de democratização acontecido em meados dos anos 80, os conhecimentos escolares foram duramente questionados e redefinidos por reformas curriculares. A clientela escolar vinha se modificando desde a década de 40, período no qual as classes populares começam a ter acesso a escola. Esta nova geração de alunos vai, ainda, ter um maior acesso as novas tecnologias de comunicação, principalmente o rádio e a televisão. A nova realidade não podia mais ser ignorada pela escola. As mudanças curriculares se tornaram urgentes.

Neste contexto inicia-se a discussão sobre o retorno da História e da Geografia como disciplinas autônomas nos currículos das séries iniciais. O que de certa maneira impulsiona esta discussão é a formação de associações como a ANPUH e AGB.[6] Ao mesmo tempo a profissionalização do Historiador se tornou crescente com a criação de cursos de pós-graduação no país. Cresceu o diálogo entre pesquisadores e profissionais do ensino, expresso nas publicações sobre ensino de História no período.

A produção historiográfica crescia a passos largos, influenciando as propostas curriculares. “Os historiadores voltaram-se para a abordagem de novas problemáticas e temáticas de estudo, sensibilizados por questões ligadas a história social, cultural e do cotidiano, sugerindo possibilidades de rever no ensino fundamental o formalismo da abordagem histórica tradicional.”[7]

Contestava-se a história tradicional, dos grandes fatos, dos heróis. A visão da história como um processo linear, evolutivo, em direção ao progresso, foi denunciada como redutora da capacidade do aluno de se sentir parte integrante e agente de uma história que desconsiderava sua vivencia e era apresentada como um produto pronto e acabado.

Ao mesmo tempo em que este modelo de História era questionado abria-se espaço dentro das ciências pedagógicas, especialmente no campo da psicologia cognitiva e social, para as discussões sobre o processo de ensino e aprendizagem nos quais os alunos eram considerados como participantes ativos do processo de construção do conhecimento. No caso da disciplina História, significava então admitir um sujeito construtor de sua história.

Os professores percebiam a impossibilidade de transmitir nas aulas o conhecimento de toda a História da humanidade. Neste momento, passam a buscar novas formas de se ensinar história rompendo com as visões reducionistas e simplificadoras da história oficial. Duas propostas para o ensino de História surgem neste momento: a História temática e a História integrada. Na primeira proposta trabalha-se com eixos temáticos, revendo a dimensão cronológica do tempo histórico, as concepções de linearidade e progressividade. Na segunda, intercala-se os conteúdos de história do Brasil com os de História geral.

Os métodos tradicionais de ensino foram questionados, buscando alternativas que levassem o aluno a construção do conhecimento histórico na sala de aula. Rompia-se com métodos de ensino baseado na leitura de livros didáticos. O cinema, a música, a literatura foram trazidos para o ensino de História como linguagens alternativas para se construir o conhecimento histórico.

Todavia, esta mudança de perspectiva não atingiu de forma generalizada o ensino de História. Nas séries iniciais a História tem permanecido distante do interesse dos alunos, presa as fórmulas prontas do discurso dos livros didáticos ou relegada a práticas esporádicas determinadas pelo calendário cívico. É necessário que se reafirme a importância da História no currículo escolar e, acima de tudo, que se entenda que esta disciplina pode desenvolver os alunos como sujeitos conscientes na pratica da cidadania.

O que se pretende no ensino de História

O ensino de história não pode reduzir-se a memorização de fatos, a informação detalhada dos eventos, ao acúmulo de dados sobre as circunstâncias nas quais ocorreram. A história não é simplesmente um relato de fatos periféricos, não é o elogio de figuras ilustres. Ela não é um campo neutro, é um lugar de debate, as vezes de conflitos. É um campo de pesquisa e produção do saber que está longe de apontar para o consenso.

No ensino de história o principal objetivo é compreender e interpretar as várias versões do fato, e não apenas memoriza-lo. Sem que se identifique, preserve, compreenda, sem que se indique onde se encontram outros fatos e qual o seu valor, não pode haver continuidade consciente no tempo, mas somente a eterna mudança do mundo e do ciclo biológico das criaturas que nele vivem. O conhecimento da história da civilização é importante porque nos fornece as bases para o nosso futuro, permite-nos o conhecimento de como aqueles que viveram antes de nós equacionaram as grandes questões humanas.

O importante não é só o acervo de conhecimentos que se deve selecionar para instruir o ensino, igualmente importante é a maneira como se deve realizar este ensino, o modo como o ensino é trabalhado. Ou seja, a metodologia de trabalho na escola. Alfabetizar, por exemplo, pode ser feito por diversos métodos: alfabetizar a partir da vivência, da realidade dos alfabetizados, fazendo com que eles ampliem o conhecimento de sua realidade e incorporem outros conhecimentos, exige um determinado método, não qualquer método.

Se vamos ensinar história do Brasil, sob qualquer método estudaremos o Descobrimento, Capitanias Hereditárias, Colonização, Império e República. O modo como vamos tratar estas questões é que pode alterar o significado do conteúdo. Podemos estar ensinando para que a criança saiba responder a uma série de perguntas, mas podemos ensiná-la a compreender a história e a importância das relações históricas deste país. As histórias individuais são parte das histórias coletivas. Os fatos históricos não se explicam por si só, eles se tornam compreensíveis, deixam de ser mudos, quando colocados em relação a outros fatos dentro de um conjunto maior. Explicando, vamos utilizar fatos da história do Brasil para entender melhor esta resposta: Chegada de Cabral ao Brasil em 1500. Se quisermos podemos narrar somente o fato, descrevendo as condições da viajem, a data de chegada, quantos homens faziam parte da tripulação de Cabral, a impressão que tiveram da nova terra e seus habitantes. Narraríamos apenas estes eventos que fizeram parte do fato histórico. Mas, quais os interesses políticos e econômicos desta viajem? O que esperavam encontrar além do Atlântico? Alguma sociedade já habitava as terras brasileiras? Desta forma passamos das simples narração para a problematização do fato histórico.

Podemos ensinar a Inconfidência Mineira focalizando-a simplesmente como produto da ação de grandes homens, sujeitos autônomos na construção da História. Nesta perspectiva, passamos ao aluno a noção de que ele precisa sempre esperar o grande homem que salvará o país, e nunca que as mudanças ocorrem pela vontade e determinação de homens comuns.

Se compreendemos que a Inconfidência Mineira é resultado de um longo período de luta durante os quais se formou a consciência nacional, retiramos do ensino a característica exaltação dos grandes homens, heróis nacionais. O aluno passará a compreender que não são as grandes personalidades que produzem a História e sim é esta que produz as grandes personalidades. É o fato histórico que produz as pessoas necessárias para conduzir o destino do país. Não foi um líder isolado que produziu o movimento das diretas, este sim foi um movimento que produziu novas lideranças, na luta do povo contra o regime militar.

São essas as grandes questões que devemos nos ocupar no ensino de História. Que homem se quer formar? Agente transformador na construção de um novo mundo, posicionando de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais?

Sob essa perspectiva, os estudos de história contribuiriam para formar no aluno a idéia de que a realidade como está foram produzida por uma determinada razão, e mais importante, podem ser alteradas ou conservadas. Para isso é importante que a História seja entendida como o resultado da ação de diferentes grupos, setores ou classes de toda a sociedade. É importante que o aluno conheça a história da humanidade como a história da produção de todos os homens e não como resultado da ação ou das idéias de alguns poucos.

Nessa medida a História seria entendida como um processo social em que todos os homens estariam nele engajados como seres sociais. De outra parte, é fundamental que se estabeleça a relação do passado e do presente, isto é, que os estudos não se restrinjam apenas ao passado, mas sim que este seja entendido como chave para a compreensão do presente, que por sua vez melhor esclarece e ajuda a entender o passado. Aqui duas funções se evidenciam como básicas nos estudos da história: capacitar o individuo a entender a sociedade do passado e a aumentar o seu domínio da sociedade do presente.

Sob esse enfoque, não tem sentido um ensino de História que se restrinja a fatos e acontecimentos do passado sem estabelecer sua vinculação com a situação presente; como não têm sentido analisar os acontecimentos atuais sem buscar sua gênese e sem estabelecer sua relação com outros acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais ocorridos na sociedade como um todo. Não é possível, portanto, analisar fatos isolados. Para entender seu verdadeiro sentido é imprescindível remete-los á situação socioeconômica, política e cultural da época em que foram produzidas, reconstituídas suas evoluções na totalidade mais amplas do social até a situação presente.

Somente desta forma a escola pode oferecer ao aluno um ensino que lhe possibilite o conhecimento e a compreensão das relações de tempo e espaço; ou seja, pelo conhecimento da “temporalidade das relações sociais, das relações políticas, das formas de produção econômica, das formas de produção da cultura das idéias e dos valores.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABUD, Kátia. Currículos de História e políticas públicas: os programas de História do Brasil na escola Secundaria. In: BITTENCOURT, Circe (Org). O Saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História e Geografia. Secretaria de Educação Fundamental. –Brasília: MEC, 1997.

PINSKY, Jaime. Nação e ensino de história no Brasil. In:O ensino de história e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 1988.

SILVA, Marcos Antonio da. (org). Repensando a história. Rio de Janeiro: Marco zero, 1984.



[1] O período Regencial se inicia logo após a abdicação de D Pedro I, com a impossibilidade de seu filho Pedro de Alcântara ,então com 05 anos, assumir o trono.

[2] O Brasil se torna independente em 1822.

[3] Esta concepção científica é denominada Iluminismo, que grosso modo refere se a crença no progresso através da ciência

[4] ABUD, Kátia. Currículos de História e políticas públicas: os programas de História do Brasil na Escola Secundária.

[5] BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história, geografia. Secretaria de Educação fundamental. Brasília: MEC. SEF, 1997. p.24

[6] ANPUH, Associação Nacional de História. AGB, Associação de Geógrafos.

[7] BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história, geografia. Secretaria de Educação fundamental. Brasília: MEC. SEF, 1997. p.28

Simply Red - Holding back the years

Qual a diferença entre orquestra sinfônica e orquestra filarmônica?


A origem da palavra orquestra vem do grego "orchéstra", que quer dizer espaço circular destinado às danças, aos músicos e às evoluções dos coros.

No século V a.C., os espetáculos eram encenados em anfiteatros ao ar livre e "orquestra" era o espaço situado imediatamente à frente da área principal de representação, que se destinava às evoluções do coro, que cantava e dançava. Nessa área também ficavam os músicos instrumentistas.

Séculos mais tarde, mais precisamente no início do século XVII, na Itália, as primeiras óperas começaram a ser executadas. Como eram imitações dos dramas gregos, o espaço entre o palco e o público, destinado aos músicos instrumentistas, também ficou conhecido como "orquestra". Daí começou a se chamar o grupo de músicos como orquestra.

Nos dias de hoje, usamos a palavra orquestra para designar um grupo de instrumentos que tocam juntos. O número de instrumentos pode ser bem grande, o que se dá o nome de orquestra sinfônica, ou pequeno, que se chama orquestra de câmara.

A orquestras completas dá-se o nome de orquestras sinfônicas ou filarmônicas. Embora estes prefixos não especifiquem qualquer diferença no que toca à constituição instrumental ou ao papel da mesma, podem revelar-se úteis para distinguir as orquestras de uma mesma cidade. Na verdade, esses prefixos denotam a maneira como é sustentada a orquestra.

A orquestra filarmônica é sustentada por uma instituição privada e a sinfônica é mantida por uma instituição pública. A orquestra filarmônica, na sua origem, em nada difere de uma orquestra sinfônica quanto à quantidade de instrumentistas. As duas se diferem apenas em sua natureza.

Este artigo é originário do yahoo!respostas. autora, Ieda.


Alfabetização: um processo em construção escrita


Alfabetização: um processo em construção escrita

Resenha elaborada pela Prof.Ms. Joana Maria Rodrigues Di Santo

Obra escrita por Maria de Fátima Russo e Maria Inês Aguiar Vian como o resultado de um trabalho desenvolvido com 1º ano do Ciclo Inicial do Ensino fundamental, em escola municipal da cidade de São Paulo, nos anos de 1990, 1991 e 1992, e publicada pela Editora Saraiva.

A principal motivação das autoras foi a teoria desenvolvida por Emilia Ferreiro e colaboradores, sobre a origem e a evolução das funções psíquicas da criança em relação à alfabetização, ou seja, a psicogênese da lecto-escrita. Em decorrência das conclusões obtidas por Emilia Ferreiro, as autoras sentiram a necessidade de uma reestruturação nos conceitos, nas práticas e nas posturas didáticas, repensando a função do professor alfabetizador e, principalmente, revendo o processo de avaliação da criança, considerando-a como o sujeito que está desenvolvendo um processo de construção de conhecimento referente ao sistema alfabético de escrita. Neste sentido, a criança não está sendo alfabetizada por alguém, mas, sim, está alfabetizando-se ao interagir com o meio e com as pessoas que a cercam.

As autoras participavam dos Grupos de Formação de Educadores de 1ª e 2ª séries da rede municipal de São Paulo que, de 1989 a 1991, se encontravam mensalmente para repensar o papel do professor e do aluno no processo ensino-aprendizagem e buscar alternativas para a melhoria do trabalho numa perspectiva construtivista. Ressaltam que todas as informações mereceram sua atenção e reflexão e contribuíram enormemente na realização deste trabalho, dividido em quatro partes, nas quais procuraram transmitir os resultados e as conclusões obtidos, bem como mostrar sua viabilidade.

O principal objetivo das autoras é levar o educador a rever sua postura e, particularmente a refletir sobre o aluno com o qual trabalha, da mesma forma que elas fizeram.

Na 1ª parte: Refletindo uma prática construtivista, fazem um esclarecimento da teoria na qual se basearam para desenvolver o trabalho que deu origem ao livro. Definem postura construtivista e esclarecem os principais pontos da obra de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, Psicogênese da Língua Escrita.

O objetivo maior desta 1ª parte é levar o educador a refletir sobre sua prática de ensino em relação à aprendizagem; a rever seu papel de educador e a entender o aluno como um sujeito que constrói seu conhecimento; um sujeito real e não como ser imaginário, aquele que gostaríamos de ter. Há que se atender a todos os alunos, inclusive àqueles que chegam em condições menos favoráveis.

O professor pode optar por determinado método ou por algumas práticas, mas o conhecimento adquirido é resultado da própria atividade do aluno, ou seja, o aluno é sujeito de seu conhecimento; é um ser autônomo, governado por si só e não pelos outros (heterônomo).

Numa escola, são educadores: professor, coordenador, orientador, supervisor, inspetor, diretor, auxiliar, servente, cozinheiro, guarda, médico, dentista ou todos aqueles que, ao desenvolverem sua função, se proponham a participar do processo educacional. Em decorrência, é de suma importância que todos estes profissionais tenham oportunidade de participar de reuniões visando maior e melhor interação dos elementos tanto no nível social quanto no que se refere a intercâmbio de informações, pois o comprometimento e a participação ativa dos educadores influenciam no desenvolvimento da criança e muito colaboram com o professor dos alunos envolvidos. Há que se repensar a conduta do professor na solidariedade e colaboração entre os demais educadores, vendo a criança como ser em formação que, assim como nós, está sempre se reestruturando e procurando acomodar novos conceitos. Essa linha de trabalho está longe de ser uma simples transmissão de conteúdos: vai muito além e envolve não só o aspecto intelectual, mas também o físico e o mental, pois os alunos têm necessidades que acabam transformando os professores em pai, mãe, assistente social, confidente, dentista, médico, amigo.

Para que o ambiente que cerca a criança se torne efetivamente um instrumento alfabetizador, ela precisa estar preparada para percebê-lo e seu senso de observação e sua curiosidade precisam ser despertados. A criança precisa perceber que o valor social da escrita é a comunicação. A sala de aula deve servir para despertar os sentidos do aluno, transformando-se num local propício à aprendizagem. (Evitar poluição visual, que também cansa.) o professor deve perceber a diferença entre rotina de trabalho e horário de aulas. A ROTINA DEVE ATENDER À NECESSIDADE E AO INTERESSE DA CLASSE, SENDO, PORTANTO, MUTÁVEL E PASSÍVEL DE ALTERAÇÃO, mas os alunos sempre devem tomar conhecimento das alterações e dos motivos que as determinaram. No entanto, algumas atividades precisam ser executadas em dias e horários específicos, como na Sala de Leitura.

O uso da cartilha deixou de ser fundamental e obrigatório na alfabetização. No entanto, o problema não está em qual cartilha seguir, mas em como usá-la. Há que se evitar:

  1. que os alunos simplesmente repitam as famílias silábicas ou decorem a cartilha e não interiorizem a aprendizagem. Contudo, é importante lembrar que a memorização e a repetição, quando bem orientadas e com objetivos definidos, são muito importantes na aprendizagem.

  2. A falta de significação das palavras escritas também torna difícil sua interiorização.

  3. Quando a cartilha insiste num determinado tipo de exercício, os alunos acabam executando-o mecanicamente, sem atenção, sem interesse, sem terem o mínimo de desafio à sua capacidade. Há a possibilidade de trabalhar a cartilha como um livro, de maneira criativa, dando interpretações ao conteúdo, despertando a análise crítica e a individual em forma de exercícios.

  4. Bruno Bettelheim e Karen Zelan, em psicanálise da Alfabetização, fazem um estudo psicanalítico do ato de ler e aprender. Analisam e comentam, entre outros assuntos, as cartilhas de vários países e como elas interferem no ato de ler. De modo geral, eles não são contra o uso de cartilhas e, sim, questionam seu conteúdo, advertindo quanto ao vocabulário extremamente limitado e à simplicidade das proposições, que não encorajam o investimento da energia mental na leitura. Analisam a repetição de palavras idênticas como sendo uma reversão ao tempo em que a criança estava aprendendo a falar e repetia sempre as mesmas palavras, fato que desencoraja a criança a interferir em seu próprio desenvolvimento intelectual”. O desinteresse pela leitura causado pela falta de significado motiva ausência de concentração fazendo com que a criança, ao ler, pronuncie as palavras erroneamente”. De modo diverso, os autores citam as cartilhas européias que tratam o leitor principiante com respeito pela sua inteligência e pelo seu interesse nos mais sérios aspectos da vida e com o conhecimento de que, a partir da idade mais tenra, a criança responderá positivamente aos escritos que contenham valor verdadeiramente literário.

  1. O professor deve ter consciência das mudanças que ocorrem com o passar do tempo e de suas conseqüências, tanto no nível de conhecimentos teóricos quanto no que se refere à aplicação prática de novas teorias. Não se pode desprezar o passado, pelo contrário, por intermédio dele amplia-se o presente, e a interação do professor nas diversas áreas só poderá enriquecer ainda mais suas atividades. É importante trocar experiências,, compartilhar atividades e metodologias, dúvidas ou certezas como chances de aprimorar nossa técnica. Em Educação, teorias e práticas estão sendo alteradas e reformuladas, mas nem por isso deixaram de ter importância. Todas elas servem como pontos de referência e de partida para se chegar a um objetivo comum: educar com qualidade. Os alunos querem participar, querem ser questionados e, para tanto, devem ser estimulados ao diálogo. Padrões positivos de comportamento devem ser levantados em classe, discutidos, avaliados e adotados desde o início do ano. Respeito e educação ainda estão na moda; tanto professor quanto alunos apreciam tais qualidades. O professor é o coordenador e o mediador; está longe de ser o juiz e o dono da verdade e, portanto, está sujeito a dúvidas e erros. Quando questionado sobre determinado assunto, que não conhece ou que não domina, é melhor dizer que vai pesquisar ou, melhor ainda, trazer os elementos necessários para solucionar a dúvida em classe, junto com os alunos, do que dar respostas erradas ou incompletas. Alfabetização como processo cognitivo - O resultado do trabalho de Emilia Ferreiro, doutora em Psicologia e pesquisadora, sobretudo acerca da psicogênese da alfabetização, é de fundamental importância para quem se preocupa com o progresso do indivíduo ao se deparar com a alfabetização, ou melhor, com a aprendizagem da leitura e da escrita (lecto-escrita).

  2. Alfabetização como processo cognitivo - O resultado do trabalho de Emilia Ferreiro, doutora em Psicologia e pesquisadora, sobretudo acerca da psicogênese da alfabetização, é de fundamental importância para quem se preocupa com o progresso do indivíduo ao se deparar com a alfabetização, ou melhor, com a aprendizagem da leitura e da escrita (lecto-escrita).

O projeto experimental desenvolvido por ela e Ana Teberosky, na Argentina, durante dois anos, com crianças de 4 a 6 anos, pertencentes a escolas pública e particular, visava entender como a criança lida com a leitura e a escrita e foi norteado por 3 princípios básicos:

  1. Não identificar leitura com decifrado;

  2. Não identificar escrita com cópia de um modelo;

  3. Não identificar progressos na conceitualização com avanços no decifrado ou na exatidão da cópia.

Sem descartar as influências sociais e metodológicas, E. Ferreiro certificou-se de que os caminhos para “reinventar”a escrita são os mesmos para todas as crianças, independentemente da classe social. A partir da teoria de Jean Piaget, que considera sujeito cognoscente todo aquele que busca adquirir conhecimento e que procura ativamente conhecer o mundo à sua volta, tentando resolver as interrogações que este mundo provoca, EF também considera a criança um ser cognoscente na medida em que busca a aprendizagem dos conceitos da escrita.

Aprendizagem é um processo de apropriação do conhecimento que só é possível com o pensar e o agir do sujeito sobre o objeto que ele quer conhecer. Portanto, o conhecimento da lecto-escrita pela criança se dá a partir do contato entre esta criança e os objetos escritos.

Apesar da diferenças individuais, ao tentar compreender o sistema de escrita e sua função, a criança em contato com este objeto(a escrita), formula teoria, metodologia e gramática próprias, num processo lógico e coerente que imagina ser sua língua e que executa como algo real e compreensível por todos.

Para que a aprendizagem aconteça, o domínio das habilidades percepto-motoras, anteriormente consideradas indispensáveis à alfabetização, não é um subsídio primordial, apesar de sua importância, podendo facilitar ou dificultar o processo. O mais importante é a linha de pensamento desenvolvida pela criança ao se propor ler e escrever, o que vem explicar porque existem crianças que têm grafia perfeita quando copiam, mas não escrevem por si só e não produzem escrita sozinhas e, também, crianças que, apesar de não terem a coordenação motora fina bem desenvolvida, conseguem se comunicar através da escrita.

As autoras não atribuem a EF nenhuma metodologia específica, esclarecendo que muitos mitos foram criados em torno dela e de sua proposta de trabalho, como o fato de não usar cartilha, não corrigir lições, não ensinar gramática ou deixar o aluno fazer tudo o que quiser.

Prosseguem dizendo que as ponderações de EF têm fundamentos científicos e, em termos pedagógicos, cabe aos educadores buscar a melhor maneira de ajudar os alunos a construir sua aprendizagem, adaptando a prática metodológica à teoria comprovada pela pesquisadora, criando situações nas quais a criança possa questionar suas hipóteses e progredir na escrita. EF não propõe práticas pedagógicas nem técnicas metodológicas, mas, sim, uma maneira diferente de ver a criança e entender seus erros- anteriormente considerados absurdos – como uma demonstração do seu grau de conhecimento e como um pré-requisito para chegar ao acerto.

A criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocino lógico. O processo evolutivo de aprender a ler e escrever passa por níveis de conceitualização que revelam as hipóteses a que chegou a criança.

Na Psicogênese da Língua Escrita, EF e AT definiram cinco níveis:

Nível 1: Hipótese pré-silábica;

Nível 2: Intermediário I;

Nível 3: Hipótese Silábica;

Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediária II

Nível 5: Hipótese Alfabética.

A caracterização de cada nível não é estanque, podendo a criança estar numa determinada hipótese e mesclar conceitos do nível anterior. Tal “regressão temporária demonstra que sua hipótese ainda não está adequada a seus conceitos.

Os níveis intermediários I e II são momentos do processo que se caracterizam pela evidência de contradições na conduta da criança e nos quais percebe-se a perda de estabilidade do nível anterior e a não-organização do nível seguinte, evidenciando o conflito cognitivo.

EF e AT, para detectar o nível de conceitualização da criança, sugerem um ditado individual de quatro palavras, evitando ditar o monossílabo em primeiro lugar, ( monossílaba, dissílaba, trissílaba, polissílaba) e uma frase.

Em seguida, pedirá à criança para “ler” o que escreveu, com a finalidade de entender como ela “lê”.

Nas características e desafio dos níveis no processo de alfabetização, as autoras colocam que, em cada nível, a criança elabora suposições a respeito dos processos de construção da leitura e escrita, baseando-se na compreensão que possui desses processos. Dessa forma, a mudança de um nível para outro só ocorrerá quando se deparar com questões que o nível em que se encontra não puder explicar: elaborará novas suposições e novas questões e assim sucessivamente. Em decorrência, pode-se dizer que o processo de assimilação de conceitos é gradativo, o que não exclui “idas e vindas” entre os níveis.

Nível 1- Hipótese Pré- Silábica

A criança:

- não estabelece vínculo entre a fala e a escrita;

- supõe que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar coisas e usa desenhos, garatujas e rabiscos para escrever;

- demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes;

- supõe que a escrita representa o nome dos objetos e não os objetos;coisas grandes devem ter nomes grandes, coisa pequenas devem ter nomes pequenos;

- usa letras do próprio nome ou letras e números na mesma palavra;

- pode conhecer ou não os sons de algumas letras ou de todas elas;

- faz registros diferentes entre palavras modificando a quantidade e a posição e fazendo variações nos caracteres;

- caracteriza uma palavra com uma letra inicial;

- tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever;

- supõe que para algo poder ser lido precisa ter no mínimo de duas a quatro grafias, geralmente três( hipóteses da quantidade mínima de caracteres);supõe que para algo poder ser lido precisa ter grafias variadas (hipótese da variedade de caracteres)

Desafio: Qual é o significado dos sinais escritos?

Nível 2 – Intermediário I

A criança:

- Começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronúncia e a escrita;

- Começa a desvincular a escrita das imagens e números das letras;

- Só demonstra estabilidade ao escrever seu nome ou palavras que teve oportunidade e interesse de gravar. Esta estabilidade independe da estruturação do sistema de escrita;

- Conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.

Desafio: Como resolver a hipótese de que a escrita se vincula com a pronúncia das partes da palavra?

Nível 3- Hipótese Silábica

A criança:

- Já supõe que a escrita representa a fala;

- Tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;

- Pode ter adquirido, ou não, a compreensão do valor sonoro convencional das letras;

- Já supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba;

- Supõe que deve escrever tantos sinais quantas forem as vezes que mexe a boca, ou seja, para cada sílaba oral corresponde uma letra ou um sinal;

- Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra.

Desafio: - Como compatibilizar, na escrita ou na leitura das palavras monossílabas e dissílabas, a idéia de quantidade mínima e de variedade de caracteres, se ela supõe que as palavras podem ser escritas com uma ou com duas letras?

- Ao ler as palavras que escreveu, o que fazer com as letras que sobraram no meio das palavras (almofada) ou no final (sobrantes)?

- Se coisas diferentes devem ser escritas de maneira diferente, como organizar as letras na palavra?

Nível 4- Hipótese Silábico- Alfabética

A criança:

- Inicia a superação da hipótese silábica;

- Compreende que a escrita representa o som da fala;

- Combina só vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes. Por exemplo, AO para gato ou ML para mola e mula;

- Pode combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo;

- Passa a fazer uma leitura termo a termo (não global).

Desafio: - Como conciliar a hipótese silábica com a hipótese da quantidade mínima de caracteres?

- Como adequar as formas gráficas que o meio lhe propõe à leitura dessas formas?

- Como separar palavras ao escrever, quando elas não são separadas na fala?

- Como tornar a escrita socializável, possível de ser lida por outras pessoas?

Nível 5- Hipótese Alfabética

A criança:

- Compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação;

- Compreende o modo de construção do código da escrita;

- Compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores que a sílaba;

- Conhece o valor sonoro de todas as letras ou de quase todas;

- Pode ainda não separar todas as palavras nas frases;

- Omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;

- Não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;

- Não é ortográfica nem léxica.

Desafio: - Como entender que falamos de um jeito e escrevemos de outro?

- Como aprender as convenções da língua?

- Como distinguir letras, sílabas e frases?

EF e AT, na obra Psicogênese da Língua Escrita, dizem que se entende por alfabetizada a criança que dominou a base alfabética do sistema de escrita, que lê com compreensão e escreve textos com sentido possíveis de serem lidos, mesmo que apresentem erros de ortografia.

Mª de Fátima Russo e Mª Inês Aguiar Vian dão uma visão geral da didática do professor nos diferentes níveis, alertando quanto aos estudos que vêm sendo realizados neste sentido e incentivando a leitura e estudo da trilogia intitulada Didática da Alfabetização-Nível Pré-Silábico, Nível Silábico, Nível Alfabético, de Esther Pillar Grossi, segundo os quis o professor deve procurar atingir os alunos de todos os níveis, desafiando-os para provocar o avanço. As atividades podem motivar diferentes níveis e em cada criança implicarão uma mudança ou adequação, da hipótese própria do nível em que o aluno se encontra. Há que se desenvolver trabalhos desafiantes e não desestimulantes que possam ser compreendidos e acompanhados por todas as crianças, em classes com alunos de todos os níveis.

O professor precisa levar a criança a raciocinar sobre a escrita e, para isso, ele deve criar um ambiente rico em materiais e em atos de leitura e escrita, incentivando-as. Também, deve provocar interações entre os diferentes níveis, principalmente os mais próximos. Dessa forma, o professor não precisa trabalhar necessariamente com cada aluno, mas sim lhes permitir a comunicação, que é o principal instrumento da didática da aprendizagem da alfabetização. Isto demonstra o valor do trabalho numa classe heterogênea e o quanto ele é viável, uma vez que a homogeneidade é característica apenas dos 1ºs momentos de uma classe remanejada, pois a evolução de cada criança é pessoal.

Em todos os níveis deve-se trabalhar o som das letras do alfabeto, o reconhecimento das formas das letras e a associação grafema-fonema.

“Uma mesma atividade pode servir para aluno em qualquer nível do processo, contanto que ela englobe um espaço amplo de problemas e que o professor provoque diferentemente, questões e desafios adaptados a alunos em situações desiguais dentro da psicogênese”.

O professor deve ter o cuidado de não avaliar a criança como se estivesse em outra hipótese:

- na escrita de pré-silábicos deve procurar avaliar tudo o que se referir a letras: o número e a ordem, seu tamanho e sua posição nas palavras e as iniciais e as finais;

- na hipótese silábica- avaliar usando critérios alfabéticos , mas fazer análise da características da palavras no texto, dando mais ênfase à letra da 1ª sílaba e as 1ªs sílabas das palavras: “pode confrontar produções individuais e ditar palavras como mala, mole, mula que podem resultar ML ou palavras como pato, sapo, calo que podem resultar AO. Ao requerer a leitura dessas palavras, o professor coloca o aluno em conflito, uma vez que ele irá perceber que fez a mesma grafia para palavras diferentes”.

- na hipótese alfabética, correções ortográficas não devem ser feitas e deve-se trabalhar produções individuais e coletivas dos alunos, nas letras de músicas conhecidas pelas crianças ou em qualquer texto que garanta efetivo envolvimento do aluno.

As autoras enfatizam que:

- O professor deve considerar que não é a repetição que produz o conhecimento e, sim, o estabelecimento de múltiplas relações, o raciocínio lógico e o pensar sobre o que se faz;

- A criança precisa entender a função social da escrita e a importância da linguagem oral e se sentir livre para se comunicar pela escrita e pela fala: seu texto não existe para ser corrigido, mas para ser lido e entendido.

- “O papel do professor é importantíssimo.( Emilia Ferreiro disse, no Programa Roda Viva, TV Cultura, 1989, que) Se queremos alunos ativos na construção do conhecimento, o professor também tem que ser ativo. Fale menos e escute mais e trabalhe cognitivamente também com o que escuta e vê em seus alunos”.

A seguir, são colocados diversos exemplos do resultado de uma atividade de ditado de palavras do mesmo campo semântico que as crianças de uma 1ª série fizeram no 2º dia de aula, com as respectivas explicações.

Ao expressar-se por escrito, tudo tem sentido para a criança: um sinal, uma letra, um desenho. Para os educadores, a análise dessa maneira de escrever pode demonstrar muito. Assim, há que se fornecer à criança a oportunidade de manter um diálogo simples e de se colocar perante o mundo.

Atualmente, está claro que o mais importante para a criança é, primeiramente, EXPRESSAR-SE. Ela constrói um texto sem muito significado para nós, mas é capaz de “ler” a mensagem que quis passar, e mesmo palavras mal escritas, rabiscos e desenhos iniciais deixam de ser tentativas de escrita para se tornarem escritas reais.

As autoras colocam duas produções de um aluno, em 1991 e em 1992; comparando-as, percebe-se o seu progresso a partir de um trabalho desenvolvido dentro da linha construtivista: ele não “repetiu” de ano, não houve bloqueio em seu desenvolvimento, suas “fases” foram respeitadas e incentivadas.

A pontuação e a ortografia serão trabalhadas gradativamente, respeitando-se as fases do processo pelo qual o aluno passa.

A introdução à norma culta ocorre paralelamente à capacidade de criação e se desenvolve de modo gradativo. O professor deve ter claros os conteúdos a serem desenvolvidos ao longo do ano e trabalhá-los com flexibilidade e coerência. O “fácil” e o “difícil” devem ser definidos tomando-se por base a perspectiva de quem aprende e não a do educador, que precisa se conscientizar de que o aluno aprende melhor e assimila com maior facilidade o que lhe interessa mais diretamente. Repetir regras que não podem ser compreendidas não ajuda o aluno e não diz nada, nem a ele nem ao professor, que apenas orienta aqueles que sistematizam a aprendizagem.

Para que o aluno se aproxime do padrão convencional da língua, ele precisa ter modelos que possibilitem uma comparação. Por exemplo, em alguns momentos ele escreverá livremente, de acordo com suas próprias regras, seguindo seus pensamentos; em outros, o professor trabalhará modelos preparados cuidadosamente, “sem erros ortográficos”, que permitirão o confronto interior da criança. A presença e o esclarecimento do professor neste momento de dúvida e de conflito são de fundamental importância.

Não há por que dispensar exercícios e atividades que sistematizem conteúdos.No entanto, o aproveitamento será maior se os exercícios contiverem um vocabulário expressivo sugerido pelos alunos, composto por palavras que fazem parte da realidade das crianças e de seu cotidiano, que tenham relação com fatos acontecidos ou vivenciados em classe, na escola ou na comunidade.

Cabe ao professor saber direcionar a aula para chegar às palavras mais apropriadas, que possam servir melhor ao objetivo que se quer atingir.

Na 2ª parte: Sugerindo práticas construtivistas, há sugestões de algumas atividades que podem ser realizadas pelos alunos e com eles, tomando-se por base a proposta de trabalho constante na 1ª parte da obra.

Na 3ª parte: Sugerindo posturas construtivistas, são tratados assuntos que, mesmo não estando diretamente ligados às atividades e aos trabalhos em sala de aula, têm grande importância nas relações professor-aluno e professor-pais.

Na 4ª parte: Revisando e concluindo práticas construtivistas, há um resumo dos pontos principais que podem ajudar o professor a dar um direcionamento mais prático ao seu trabalho.

Este artigo é originário, http://www.centrorefeducacional.com.br

Sobre a Reencarnação Segundo a Tradição Milenar Indiana Dos Vedas de Sua Divina Graça AC Bhaktivedanta Swami Prabhupāda, Fundador-Ācārya da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna.

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