O mundo contemporâneo atravessa enormes modificações
econômicas, sociais, políticas e culturais. Vivemos um momento histórico
intensamente marcado pela internacionalização da globalização e da
tecnologia. Ocorre um processo de universalização da cultura, dos
produtos, das trocas, dos custos e do capital.
O processo de internacionalização do comércio está administrado pela
direção econômica neoliberal. A educação não está imune a este processo.
Reformas curriculares ocorreram em todos os países marcados pela
valorização da formação estudantil com implementação de um espírito de
ação e liderança, da capacitação para o trabalho em grupo, e do uso das
tecnologias. O momento se caracteriza por um imenso aumento da
capacidade de se obter informação. Objetos são produzidos pela
informação com a finalidade de comercialização. As culturas do consumo e
da propaganda são fortificadas e tudo gira em função do comprar e do
vender, de modo que a propaganda se dirige para o consumidor que deve
ser aliciado emocionalmente. O capital, ao dominar as mídias, acaba por
dominar as emoções, os sentimentos, os hábitos e seduz fortemente os
desejos das pessoas. A mídia transforma o cidadão em consumidor, na
globalização neoliberal.
Como educadores não devemos identificar o termo informação com
conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas.
Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam às pessoas por
ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que acarretam .Conhecimento
é a compreensão da procedência da informação, da sua estrutura e
dinâmica própria, e das conseqüências que dela advém, exigindo para isso
um certo grau de racionalidade. A apropriação do conhecimento, é feita
através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura crítica
da informação, processo necessário para absorção da liberdade e
autonomia mental.
Hoje, exige-se do novo aluno um certo desenvolvimento de capacidades
intelectuais, de abstração, de rapidez de raciocínio e de visão crítica
mais ampla que valorize mais do que a racionalidade baseada apenas na
informação. O conhecimento não pode se reduzir apenas ao saber fazer,
aprender a usar, aprender a comunicar, com capacidade de adaptação às
mudanças técnicas continuadas do processo produtivo, do mercado e da
sociedade, imposto pela globalização neoliberal. A inclusão da educação
desenvolve as condições de realização da cidadania porque absorvem
conhecimentos, habilidades, técnicas, novas formas de solidariedade
social, porque associa tarefas pedagógicas e ações sociais pela
democratização da sociedade. A educação é um caminho de acesso ao
conhecimento significativo, que se caracteriza por propiciar um saber
que liberta. A assimilação do conhecimento, das opiniões, pode permitir
uma elevada capacidade de letramento, que nada mais é do que a leitura
crítica da informação, que é um dos caminhos para a liberdade mental e
política. Nesse processo o professor é o mediador dessa interação do
aluno com o conhecimento, visto que ele deve proporcionar ao aluno o
mundo da informação, da técnica, da tradição e da linguagem, para que o
mesmo possa construir seu pensamento, suas aptidões e suas atitudes,
possibilitando aprendizagens significativas. O papel do professor deve
ser o de ajudar o aluno a desenvolver sua aptidão do pensar, através da
técnica do diálogo, estimular a capacidade cognitiva do aluno através do
saber aprender, saber fazer, saber agir , saber conviver e se conhecer.
O educando deve aprender a ser sujeito do próprio conhecimento que
aprende a aprender, a buscar informação, como sujeitos pensantes de
maneira prática e analítica.
O professor deve aprender a gostar dos alunos, transformando a sua aula
mais agradável , motivadora e prazerosa. É necessário estimular a
solidariedade mediante os valores democráticos e éticos. Isso significa
ouvir o outro; respeitar as diferenças, aperfeiçoar as técnicas de
comunicação, indicar formas mais competentes do conhecimento expressivo.
Deve assumir uma atitude interdisciplinar passando do conhecimento
interligado para o particularizado e deste para o integrado, distinguir e
respeitar a diversidade em cada indivíduo e priorizar a igualdade dos
direitos dos cidadãos em uma sociedade capitalista que é por excelência
desigual e excludente. O saber conviver com as diferenças é saber
conviver com pessoas possuidoras de crenças, compreensão de vida e
interesses diferentes. A Educação cultivando valores de solidariedade,
está ao lado dos excluídos e combate os efeitos do capitalismo . A luta
contra a exclusão social também passa necessariamente pelo trabalho do
professor.
Os novos tempos exigem um padrão educacional que esteja voltado para o
desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades
essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e
refletir sobre a realidade, participando e agindo no contexto de uma
sociedade comprometida com o futuro. Grandes desafios se descortinam a
nossa frente. O maior deles diz respeito à descoberta de construções que
permitam desenvolver nos estudantes, a confiança nas suas capacidades
de criar, de construir e reconstruir a fim de que o aluno se plenifique a
partir de competências e habilidades e, não mais, somente, através de
conhecimentos.
Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO
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