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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
domingo, 7 de fevereiro de 2021
Hoje é dia de Sagrado jejum de Sri Ekadasi Sat tila dia 07/02/2021
A História do Sath-tila Ekadashi
Dalbhya Rishi disse para Pulastya Muni: “Quando a alma espiritual entra em contato com a energia material, imediatamente começa a realizar atividades pecaminosas, tais como roubar, matar, e sexo ilícito. Poderá até realizar muitos outros atos terríveis, tais como matar brahmana, ó mais pura das personalidades, por favor, conte-me como estas almas desafortunadas podem escapar da punição de ser mandado ás regiões infernais da criação. Por bondade informe como dando mesmo um pouquinho de caridade, se pode facilmente ficar livre de seus pecados”.
Pulastya Muni respondeu: Ó ser afortunado, perguntastes uma pergunta boa e confidencial, que nem mesmo Brahma, Visnu, Shiva ou Indra, jamais perguntaram. Por favor, ouça minha resposta muito cuidadosamente.
Com a chegada do mês de Magha, (jan/fev), deve-se tomar banho, controlar cuidadosamente os sentidos abandonando a luxúria, ira, orgulho, inveja, buscar erros e cobiça, e meditar na Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishna. Deve-se então juntar algum excremento de vaca antes que este toque o solo e, após misturá-lo com sementes de gergelim e algodão, formar 108 bolas. Isto deve ser feito no dia quando a constelação de Purvashadha-nakshatra chegar. Então se deve seguir as regras e regulações do Ekadashi que agora te explicarei.
Após tomar banho, a pessoa que tenciona observar o Ekadashi deve adorar o Senhor Supremo. Enquanto ora ao Senhor Sri Krishna cantando Seu nome, deve prometer observar o Jejum de Ekadashi. Deve permanecer acordada durante a noite toda e realizar um homa. Então o devoto deve realizar um arati para o Senhor – que segura uma concha, disco, massa e assim por diante em suas mãos – oferecendo-Lhe pasta de sândalo, incenso, cânfora, uma luminosa lamparina de ghee e deliciosas preparações de alimento. Em seguida o devoto deve oferecer as 108 bolas de excremento de vacas, gergelim e algodão no fogo sagrado enquanto canta os nomes do Senhor Supremo, Sri Krishna. Durante todo o dia e a noite ele deve também observar jejum padronizado de Ekadashi, que neste caso é um jejum de todos os grãos e feijões. Nesta ocasião se deve oferecer ao Senhor abóbora, coco e goiaba. Se estes artigos não estiverem disponíveis podem ser substituídos por noz de betel.
O devoto deve orar ao Senhor Janardana, o benfeitor de todos os seres, destas maneiras: “Ó Sri Krishna, és a mais misericordiosa Personalidade de Deus, e o liberador de todas as almas caídas, ó Senhor nós caímos no oceano da existência material”.
“Por favor, seja bondoso para conosco, ó divindade dos olhos de lótus, por favor, aceite as nossas mais humildes e afetuosas reverências. Ó protetor do mundo, oferecemos-Lhe nossos respeitos de novo e de novo, ó Espírito Supremo, ó Ser Supremo, ó fonte de todos nossos antepassados, que Tu e Tua consorte Srimati Lakshmi-devi possam aceitar essas humildes oferendas”.
O devoto deve então tentar agradar um Brahmana qualificado com uma saudação calorosa, um pote cheio de água, uma sombrinha, um par de sapatos, e roupas pedindo-lhe ao mesmo tempo em que conceda suas bênçãos, pelas quais se pode desenvolver amor puro sem misturas por Krishna. Conforme a capacidade da pessoa, se pode doar uma vaca preta a tal brahmana, especialmente a um que seja bem versado em todas as injunções das Escrituras Védicas. Deve-se oferecer a ele também um pote cheio de sementes de gergelim.
Ó exaltado Dalbhya Muni, sementes de gergelim escuro são especialmente apropriadas para adoração formal e sacrifício do fogo, enquanto que as brancas ou marrons se destinam a serem comidas por um brahmana qualificado. Quem puder providenciar doação de ambos os tipos de sementes de gergelim neste sagrado Sat-tila Ekadashi será promovido aos planetas celestiais por tantos milhares de anos quanto o número de sementes que seria produzido se as sementes que doou fossem plantadas e crescessem como plantas maduras, dando sementes.
Neste Ekadashi, uma pessoa fiel deve banhar-se em água misturada com sementes de gergelim, passar pasta de gergelim em seu corpo, oferecer semente de gergelim em sacrifício, comer sementes de gergelim, dar semente de gergelim em caridade, e aceitar dádivas caridosas de sementes de gergelim. Estes são os seis (sat) meios em que sementes de gergelim (tila) são utilizadas para purificação espiritual neste Ekadashi. Portanto se chama Sat-tila Ekadashi.
Ó grande Devarishi Naradaji certa vez perguntou a Suprema Personalidade de Deus Shri Krishna: Ó Senhor de braços poderosos, ó Tu que és tão afetuoso para com Teus devotos amorosos, por favor, aceite minhas mais humildes reverências, ó Yadava, bondosamente diga-me o resultado que se obtém por observar Sat-tila Ekadashi.
O Senhor Sri Krishna retrucou: “Ó melhor dos duas vezes nascido, vou narrar para ti um relato de um incidente que testemunhei pessoalmente. Há muito tempo vivia na terra uma velha brahmani que Me adorava todo dia com os sentidos controlados. Ela mui fielmente observava bastante jejuns, especialmente em dias especiais em honra a Mim e Me servia com plena devoção, sem qualquer motivo pessoal. Seus jejuns rigorosos a tornaram bastante fraca e magra”.
“Dava caridade aos brahmanas e jovens donzelas, e até mesmo planejava dar sua casa em caridade, ó melhor dos brahmanas, embora esta mulher de mente espiritualizada, desses donativos caridosos a pessoas dignas, a estranha característica de sua austeridade era que nunca dava alimentos aos brahmanas e semideuses.”
Comecei a refletir sobre essa curiosa omissão: “Esta boa mulher se purificou por jejuar em todas as ocasiões especiais e oferecer-Me adoração devocional estrita. Portanto ela certamente se tornou qualificada para entrar em minha morada pessoal, que é inatingível por pessoas comuns”. “Portanto desci a este planeta para examiná-la disfarçando-Me como um seguidor do Senhor Shiva completo com guirlandas de crânios ao redor de Meu pescoço e um pote de mendicante em Minha mão”.
Quando Me aproximei dela disse-Me: “Ó ser respeitável, diga-me verdadeiramente porque vieste diante de mim”.
Retruquei: “Ó bela pessoa, vim para pegar alguns sagrados donativos seus.” – ao que ela zangada, jogou um denso bolo de barro em Meu pote de mendicante! Ó Narada, simplesmente virei e retornei para minha morada pessoal, espantado com a peculiar mistura de grande magnanimidade e mesquinhez desta boa brahmani.
Afinal esta austera senhora chegou ao mundo espiritual naquele mesmo corpo, tão grande foram seus esforços de jejum e caridade. E porque de fato Me oferecera um torrão de barro, transformei aquele barro numa linda casa. Contudo, ó Naradaji, esta casa em particular estava completamente destituída de qualquer grão comestível, bem como de qualquer móvel ou decoração e quando entrou nela, encontrou apenas uma estrutura vazia. Portanto ela se aproximou de Mim e disse com tanta raiva: Jejuei repetidamente em tantas ocasiões auspiciosas, tornando meu corpo fraco e magro. Adorei-te e orei a ti de tantas diferentes maneiras, pois és verdadeiramente o soberano e protetor de todos os universos. Contudo apesar de tudo isto não há alimento ou riqueza para ser vista em minha nova casa, ó Janardana. Por que isso?
Respondi: Por favor, retorna para tua casa. Daqui há algum tempo as esposas dos semideuses te farão uma visita devido a curiosidade de ver quem acaba de chegar, mas não abra a tua porta até que tenham descrito as glórias e a importância do Sat-tila Ekadashi.
Ouvindo isso ela retornou para sua casa. Eventualmente as mulheres dos semideuses ali chegaram e em um uníssono disseram: Ó ser belo, viemos para obter seu darshanas. Ó ser precioso, por favor, abra sua porta e nos deixe ver-te.
A senhora respondeu: “Ó seres mais queridos, se quiserem que abra esta porta devem descrever para mim o mérito obtido por observar o sagrado jejum do Sat-tila Ekadashi”. Mas nenhuma das esposas respondeu.
Mais tarde, contudo, elas retornaram a casa e uma das esposas explicou bem a natureza desse sublime Ekadashi. E quando a senhora afinal abriu sua porta, viram que ela não era uma semideusa, nem Gandharvi, nem demônia tampouco Naga-patni. Era simplesmente uma senhora comum.
A partir de então a senhora observou Sat-tila Ekadashi, que confere gozo material e liberação ao mesmo tempo, conforme fora descrito. E ela finalmente recebeu as guarnições e grãos que esperava para seu lar. Além do mais, aquele corpo material comum de antes, se transformou em uma forma espiritual linda em uma bela compleição. Assim, pela misericórdia e graça do Sat-tila Ekadashi, tanto a senhora como seu novo lar no mundo espiritual, afinal eram esplêndidos e luminosos como ouro, prata, joias e diamantes.
Ó Naradaji, uma pessoa não deve observar ostensivamente Ekadashi por cobiça, na esperança de obter fortuna desonestamente. Desinteressadamente, deve simplesmente doas sementes de gergelim, roupas e alimento segundo sua capacidade, pois assim fazendo obterá boa saúde e consciência espiritual exaltada, nascimento após nascimento (2). Afinal, a liberação e acesso á morada suprema do Senhor serão suas. “Isto é minha opinião ó melhor dos semideuses.”
“Ó Dalbhya Muni” Pulastya Rishi, concluiu: Quem observa devidamente o maravilhoso Sat-tila Ekadashi com grande fé, se torna livre de toda pobreza – espiritual, física, social e intelectual – bem como de todos os tipos de má sorte e maus presságios. De fato, seguir este jejum de Ekadashi doando, e sacrificando ou comendo sementes de gergelim, nos livra de todos os pecados passados, sem nenhuma dúvida. Não é preciso querer saber como isto acontece. “A rara alma que realiza corretamente estes atos de caridade no humor devocional certo, seguindo as injunções védicas, se tornará totalmente livre de todas as reações pecaminosas e voltará para Deus, de volta ao mundo espiritual”.
Assim termina a narrativa das glórias Magha-Krishna Ekadashi ou Sat-tila do Bhavishya-utara Purana.
Notas
- Embora no mundo espiritual, ira e desejo material estejam totalmente ausentes, Sri Krishna providenciou para que a senhora demonstrasse estas qualidades para as glórias de Sat-tila Ekadashi fossem reveladas.
- Para um Vaishnava, caridade significa dar consciência de Krishna, especialmente o cantar do Hare Krishna Mantra. Como disse Sri Caitanya Mahaprabhu: eka bar to mulhe hari bol l bhai.ei matra bhiksha cai. “Ó irmão, por favor, cante Hare Krishna apenas uma vez. Esta é a única doação que peço”. Se um devoto chefe-de-família pode arcar com a despesa, deverá dar algumas sementes de gergelim, roupas ou alimentos como caridade a uma pessoa digna, mas isso não é obrigatório.
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
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domingo, 24 de janeiro de 2021
Hoje é dia do sagrado jejum de Sri Putrada Ekadasi dia 24/01/2021 domingo Historia do jejum.
4 PUTRADA EKADASHI
Yudhishthira Maharaja disse: "ó Senhor, explicaste tão bem as glórias do auspicioso Saphala Ekadashi, que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Pausha (dez/jan). Agora por favor seja misericordioso para comigo e explique o Ekadashi da quinzena luminosa deste mês. Qual é seu nome, e que Deidade deve ser adorada neste dia sagrado? ó Purushottama, ó Hrshikesha, por favor também conta-me como podes ser satisfeito neste dia."
O Senhor Sri Krishna respondeu: "ó rei, para benefício de toda humanidade, relatarei para ti como observar jejum no Pausha-sukla Ekadashi.
Conforme expliquei anteriormente, todos devem observar as regras e regulaçöes de Ekadashi ao melhor de sua capacidade. Esta injunção se aplica ao Ekadashi chamado Putrada, que destrói todos pecados e nos eleva à morada espiritual. Sri Narayana, o Senhor Supremo e personalidade original, é a Deidade adorável deste Ekadashi, e para Seu devoto fiel Ele alegremente realiza todos desejos e concede plena perfeição. Assim entre todos seres animados e inanimados nos três mundos, não existe melhor personalidade que o Senhor Narayana.
ó rei, agora narrarei para ti a história de Putrada Ekadashi, que remove todos tipos de pecados e nos torna famosos e eruditos.
Uma vez havia um reino chamado Bhadravati, que era governado pelo Rei Suketuman. Sua rainha era a famosa Shaibya. Porque não tinha filho, ele passou longo tempo em ansiedade, pensando: "Se não tiver um filho, quem irá continuar minha dinastia?" Desta maneira o rei meditou numa atitude religiosa durante longo tempo, pensando: "Onde devo ir? Que devo fazer? Como posso conseguir um filho?" O Rei Suketuman não conseguia a felicidade em lugar algum em seu reino, mesmo em seu próprio palácio, e em breve estava passando mais e mais tempo dentro do palácio de sua esposa, pensando melancolicamente apenas em como conseguir um filho.
Assim ambos, o Rei Suketuman e a Rainha Shaibya, estavam em grande sofrimento. Mesmo quando ofereciam tarpana (oblaçöes de água para seus antepassados), sua miséria mútua os fazia pensar que era tão impossível de beber quanto água fervente. Pensavam que não teriam descendentes para oferecer-lhes tarpana quando morressem. O rei e rainha estavam especialmente perturbados por saberem que seus antepassados estavam preocupados que dentro em breve não haveria mais ninguém para lhes oferecer tarpana.
Após saberem da infelicidade de seus antepassados, o rei e a rainha se tornaram mais e mais miseráveis, e tampouco os ministros, amigos, nem entes amados conseguiam alegrá-los. Para o rei, seus elefantes e cavalos e infantaria não eram consolo, e afinal ele ficou praticamente inerte e desamparado.
O rei pensou: "Dizem que sem filho, o casamento é perda de tempo. De fato, para um chefe-de-família sem filho, tanto seu coração e sua esplêndida casa permanecem vazios e infelizes. Destituído de filhos, um homem não consegue liquidar a dívida que tem para com seus antepassados, os semideuses, e outros seres humanos. Portanto todo homem casado deve tentar conceber um filho; assim ele poderá se tornar famoso dentro deste mundo e afinal alcançar os auspiciosos reinos celestiais. Um filho é prova das atividades piedosas que um homem realizou em suas cem vidas pretéritas, e tal pessoa obtém longa duração de vida neste mundo, junto com boa saúde e grande fortuna. Possuir filhos e netos nesta vida prova que se adorou o Senhor Vishnu, a Suprema Personalidade de Deus, no passado. As grandes bençãos de filhos, fortuna, e inteligência aguda podem ser conseguidas apenas por adorar o Senhor Supremo, Sri Krishna. Isto é minha opinião."
Pensando assim, o rei não tinha paz. Permanecia em ansiedade dia e noite, desde a manhã até a noitinha, e desde o momento em que se deitava para dormir à noite até que o sol nascia pela manhã, seus sonhos eram igualmente cheios de grande ansiedade. Sofrendo tal ansiedade e apreensão, o Rei Suketuman decidiu acabar com sua miséria cometendo suicídio. Porém percebeu que suicídio lança a pessoa numa condição infernal de renascimento, e assim abandonou essa idéia. Vendo que estava gradualmente se destruindo através de sua ansiedade de ter um filho que o consumia totalmente, o rei afinal montou em seu cavalo e partiu sozinho para a densa floresta. Ninguém, nem mesmo os sacerdotes e brahmanas do palácio, sabiam onde tinha ido.
Nessa floresta, que era cheia de veados e aves e outros animais, o Rei Suketuman vagou sem destino, notando todos diferentes tipos de árvores e arbustos, tais como figueiras, fruta bel, tamareiras, palmeiras, jaqueiras, árvores bakula, saptaparna, tinduka e tilaka, bem como shala, tala, tamala, sarala, hingota, arjuna, labhera, baheda, sallaki, karonda, patala, khaira, shaka e palasha. Viu veados, tigres, javalis selvagens, leöes, macacos, cobras, grandes elefantes machos no cio, elefantas com suas crias, e elefantes com quatro presas junto de seus pares. Havia vacas, chacais, lebres, leopardos, e hipopótamos. Contemplando todos esses animais acompanhados de seus pares e rebentos, o rei lembrou de seu próprio criadouro, especialmente dos elefantes do palácio, e ficou tão triste que impensadamente vagava no meio deles.
De repente, o rei ouviu um uivo de chacal à distância. Espantado, começou a perambular, olhando em todas direçöes. Logo era meio-dia, e o rei começou a cansar. Estava atormentado pela fome e sede. Pensou: "Que ato pecaminoso possivelmente pratiquei que agora sou forçado a sofrer assim, com minha garganta ressecada e ardendo? Agradei os semideuses com numerosos sacrifícios de fogo e abundante adoração devocional. Dei muitos presentees e deliciosos doces como caridade a todos brahmanas dignos. E cuidei de meus súditos como se fossem meus próprios filhos. Porque estou sofrendo assim? Que pecados desconhecidos vieram me atormentar desta maneira horrivel?"
Absorto em tais pensamentos, o Rei Suketuman seguia adiante com esforço, e eventualmente, devido a seu crédito piedoso, chegou a uma bela lagoa que se assemelhava ao famoso Lago Manasarovara. Estava cheio de espécies aquáticas, inclusive crocodilos e muitas variedades de peixes, e adornado de açucenas. Belos lótus haviam se aberto ao sol, e cisnes, grous e patos nadavam felizes em suas águas. Perto havia muitos ashramas atraentes, onde residiam muitos santos e sábios que podia realizar os desejos de qualquer pessoa. De fato, desejavam o bem de todos. Quando o rei viu tudo isso, seu braço direito e olho começaram a tremer, um sinal de que algo auspicioso estava para acontecer.
Enquanto o rei desmontava de seu cavalo e ficava de pé diante dos sábios, que estavam sentados na beira da lagoa, viu que estavam cantando os santos nomes de Deus em suas contas de japa. O rei prestou suas reverências e, de mãos postas, glorificou-os. Estava mais do que feliz por estar na presença deles. Observando o respeito que o rei lhes oferecia, os sábios disseram: "Estamos muito contentes contigo, ó rei. Tenha a bondade de nos dizer porque vieste até aqui? Que se passa em tua mente? Por favor diga-nos o que desejas."
O rei respondeu: "ó grandes sábios, quem sois? Quais são vossos nomes, ó santos auspiciosos? Porque viestes a este lindo lugar? Por favor dizei-me tudo."
Os sábios responderam: "ó rei, somos os Vishvedevas (1); viemos até essa maravilhosa lagoa para tomar banho. O mês de Magha estará aqui dentro de cinco dias, e hoje é o famoso Putrada Ekadashi. Quem deseja um filho deve observar estritamente este Ekadashi. (2)"
O rei disse: "Tentei com tanto esforço ter um filho. Se vós grandes sabios estais satisfeitos comigo, por bondade concedei-me um bom filho."
"O próprio significado de Putrada" responderam os sábios, "é "doador de filhos". Portanto por favor observa um jejum completo neste dia de Ekadashi. Se o fizeres, então por nossa benção - e pela misericórdia do Senhor Keshava - certamente obterás um filho."
Com o conselho dos Vishvedevas, o rei observou o auspicioso dia de jejum de Putrada Ekadashi conforme todas regras e regulaçöes estabelecidas, e no Dvadashi, após quebrar seu jejum, ele prestou suas reverências repetidamente a todos eles.
Logo depois que Suketuman retornou a seu palácio, a Rainha Shaibya ficou grávida, e exatamente como os sábios Vishvedevas tinham predito, nasceu-lhes um belo filho de rosto luminoso. No devido tempo ele se tornou famoso como um príncipe heróico, e o rei de bom grado satisfez seu filho tornando-o seu sucessor. O filho de Suketuman cuidou de seus súditos mui conscienciosamente, assim como se fossem seus próprios filhos.
Concluindo: ó Yudhishthira, quem deseja realizar seus desejos deve observar estritamente Putrada Ekadashi. Enquanto estiver neste planeta, quem observa estritamente este Ekadashi certamente obterá um filho, e após a morte obterá a liberação. Qualquer pessoa que até mesmo lê ou ouve as glórias de Putrada Ekadashi obtém o mérito acumulado por realizar um sacrifício de cavalo. É para beneficiar toda humanidade que expliquei tudo isso para ti."
Assim termina a narrativa das glórias do Pausha-sukla Ekadashi ou Putrada Ekadashi, do Bhavishya Purana.
Notas:
(1) Os dez Vishvedevas, os filhos de Vishva, são Vasu, Kratu, Daksha, Kala, Kama, Dhrti, Pururava, Madrava, e Kuru.
(2) A palavra sânscrita para "filho" é putra. Pu é o nome de determinado inferno, e tra significa "salvar". Assim a palavra putra significa "uma pessoa que salva alguém do inferno chamado Pu". Portanto cada homem casado deve produzir pelo menos um filho e treiná-lo devidamente; então o pai será salvo de uma condição de vida infernal. Porém esta injunção não se aplica aos devotos sérios do Senhor Vishnu ou Krishna, pois o Senhor se torna seu filho, pai, e mãe.
Além do mais Chanakya Pandita diz:
satyam mata pita jnanam
dharmo bhrata daya sakha
shantih patni kshama putrah
shadete mama vandhavah
"A verdade é minha mãe, o conhecimento é meu pai, meu dever ocupacional é meu irmão, a bondade é minha amiga, tranquilidade minha esposa, e o perdão meu filho. Estes seis são os membros de minha família." Entre as vinte e seis principais qualidades de um devoto do Senhor, o perdão é o principal. Portanto devotos devem fazer um esforço extra para desenvolver esta qualidade. Aqui Chanakya diz: "O perdão é meu filho," e portanto um devoto do Senhor, mesmo embora possa estar na senda da renúncia, poderá observar Putrada Ekadashi e orar por obter este tipo de "filho".
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
DEUSES E DEMÔNIOS
Asuras e devas batendo o Oceano de Leite para extrair o néctar da imortalidade.
Por Lokasaksi Dasa
Na tradição místico-religiosa do Sanātana-dharma, que teve sua origem nos Vedas, geralmente se fala na existência de 33 milhões de “deuses” (devas), que os vaiṣṇavas chamam de “semideuses”.
Apesar dessa terminologia “semideus” ser utilizada em outros estudos mitológicos para indicar seres metade divinos e metade humanos, o seu uso recorrente no vaiṣṇavismo se deve ao fato do vaiṣṇavismo aceitar a existência de somente um Deus Supremo (parameśvara) e Original (adīśvara). Ou seja todas as outras deidades são imperfeitas, sendo, contudo, seres muitos poderosos dotados de poder por Deus e subservientes a Ele. Ficando, portanto, bem claro a diferença entre “Deus” no singular, escrito com letra maiúscula, e “deuses” no plural, escrito com letra minúscula.
Dakṣa, um dos filhos mentais de Brahmā teve duas filhas, Aditi e Diti, que se casaram ambas com o sábio Kaśyapa. Aditi “a ilimitada” tornou-se a mãe dos líderes dos devas, que receberem por isso o nome de Ādityas. Diti “a dividida”, por sua vez, tornou-se a mãe dos principais Asuras ou demônios, que ficaram conhecidos como os Daityas ou Danavas. A palavra asura “demônio” é formada do prefixo a “não” mais a palavra sura “seres da luz” (da raiz verbal sur “governar, brilhar”.) e indica a personificação das forças antagônicas da natureza.
Deve ficar bem claro, que a palavra “demônio”, como tradução para as palavras “asura” ou “daitya“, não equivale literalmente ao conceito semita-cristão de “demônio”. Apesar de haver muitos pontos de semelhança no que se refere a eles serem invejosos de Deus (Bhagavad-gītā, capítulo 16), ainda assim, eles não são os castigadores dos pecadores no inferno, função essa reservada aos “yamadhutas”, servos de Yama, o deus da morte”. Inclusive eles não residem nos infernos (naraka-lokas), mas sim nos mundos subterrâneos (patala-lokas); bem semelhante ao conceito greco-romano de “titãs”.
Encontramos uma narrativa interessante no Śatapatha Brāhmaṇa, sobre como os devas “deuses” obtiveram a imortalidade e portanto superioridade sobre os asuras “demônios”. Todos eles, deuses e demônios indistintamente, eram mortais e iguais em poder, pois todos eram descendentes de Prajāpati (Brahmā), o criador. Desejando a imortalidade, os deuses executaram sacrifícios (yajñas) liberalmente e praticaram penitências (tapas) muito severas. Mas enquanto Brahmā não lhes ensinasse um sacrifício em particular, eles não puderam se tornar imortais. Os deuses seguiram o conselho do criador e foram bem sucedidos. Desejando tornarem-se superior aos asuras, os devas tornaram-se verazes e seguidores da verdade.
Anteriormente eles e os asuras, indistintamente, falavam a verdade e a mentira, segundo a conveniência. Mas porque os devas pararam de mentir, e servir a verdade, os asuras tornaram-se notadamente falsos por agirem caprichosamente seguindo seu próprios interesses. Consequentemente os deuses ficaram mais poderosos e puderam conquistá-los (Śatapatha Brāhmaṇa, 9.5.1.12).
Também há uma descrição no Aitareya Brāhmaṇa que afirma que os devas e os asuras eram igualmente poderosos, mas seus poderes foram divididos, portanto, os deuses exercem-no durante o dia, na luz, e os demônios durante a noite, nas trevas (Aitareya Brāhmaṇa, 4.5).
Apesar de originalmente os deuses serem iguais em poder, três deles se destacaram por terem continuado com suas austeridades e sacrifícios. Agni recebeu a benção da chama intensa (fogo na terra), Indra recebeu a benção da energia intensa (fogo na atmosfera), e Sūrya recebeu a benção do brilho intenso (fogo no céu), o que se lhes possibilitou que recebessem o poder de serem responsáveis pelos três mundos ou planos – bhūr (a terra), bhuvaḥ (a atmosfera) e svar (as regiões celestiais).
Segundo o Ṛg Veda (1.139.11; 1.45.2). Esses três deuses presidem sobre trinta-e-três outros deuses (devas), que se dividem igualmente pelos três mundos. Dessa forma, Agni e os 11 Rudras regem o plano terrestre (Bhūr); Vayu e os 8 Vasus regem a atmosfera (Bhuvaḥ); e Indra e os 12 Ādityas regem as regiões celestiais, ou Paraíso (Svaḥ). Todas esses planos se situam entre o céu, conhecido como a região de Dyaus (o pai cósmico) e a terra, conhecida como a região de Pṛthivī (a mãe terrestre).
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